Caderno de Estudos-Trilhas para Ler e Escrever Textos
Caderno de Estudos-Trilhas para Ler e Escrever Textos
Caderno de Estudos-Trilhas para Ler e Escrever Textos
T R I L H A S PA R A L E R E E S C R E V E R T E X T O S
ste Caderno tem a finalidade de aprofundar os contedos das atividades propostas nos Cadernos de orientaes do conjunto TRILHAS para ler e escrever textos, enfocando-os tanto do ponto de vista da aprendizagem da criana quanto do objeto de ensino. Damos especial ateno aos processos de aprendizagem da criana. Para isto, as questes da linguagem so abordadas em razo da perspectiva da criana e sua aprendizagem. A inteno a de fundamentar a prtica, deixando claros os contedos e as aprendizagens nas situaes sugeridas, analisando-as com a finalidade de dar destaque maneira de realizar a atividade. Partimos do pressuposto de que, conforme o planejamento que se faz e a maneira como a atividade se desenrola, se favorecem determinados tipos de aprendizagem. O planejamento a principal ferramenta do professor, na medida em que se tenha clareza da intencionalidade da atividade e que se seja capaz de antecipar os desafios lanados s crianas. Justamente por esta razo, damos especial ateno anlise de como, para que e por que propor as atividades aqui recomendadas. Este Caderno est organizado em trs partes: Na primeira, h uma apresentao dos contedos dos Cadernos de orientaes desse conjunto e dos materiais especficos que o compem, com detalhes sobre como foram pensadas as propostas de atividades a serem realizadas com as crianas. nesta parte que tambm se define o trabalho com livros de narrativas e os benefcios desse tipo de texto para a aprendizagem da leitura e da escrita das crianas. A segunda parte est organizada em torno de como se trabalha com os textos narrativos no conjunto dos cinco Cadernos de orientaes que acompanham este conjunto. Nela, voc poder compreender melhor os contedos tratados nas atividades sugeridas e a melhor maneira de apresent-los s crianas, de forma a favorecer as aprendizagens esperadas. Na terceira parte, h um glossrio no qual voc vai encontrar as definies de termos que esto destacados com uma cor diferenciada nos Cadernos de orientaes. A razo disso a crena de que o conhecimento da lngua, como objeto de ensino, tambm determinante para a formulao e conduo de atividades produtivas para as crianas. Por fim, uma lista dos livros e materiais que foram consultados para a concepo e escrita do material que compe o conjunto Trilhas para ler e escrever textos. Desejamos a voc um bom estudo!
10/12/2011 11:03:12
10/12/2011 11:03:13
10/12/2011 11:03:13
10/12/2011 11:03:13
Sumrio
PARTE I APRESENTAO DO CONJUNTO 7 7
As narrativas e as crianas.
Conhecer o livro. Apresentao de livros s crianas. Pergunta-guia: O que e como formul-la. Escutar e ler a histria. Situaes de leitura: Leitura em voz alta, compartilhada e teatralizada. Falar sobre a histria.
18 20
O que falar sobre a histria: relao entre compreenso e apresentao do texto, estrutura da narrativa. Falar sobre a ilustrao.
As ilustraes nos livros: como observ-las. Falar sobre os personagens. Os personagens nas narrativas: aes e intenes. Participar de atividades de leitura e escrita. Relao entre a aprendizagem da leitura e da escrita. Informaes que as crianas usam na aprendizagem da leitura. Como as crianas aprendem sobre o sistema de escrita. PARTE III GLOSSRIO E BIBLIOGRAFIA 31 22 21
10/12/2011 11:03:13
10/12/2011 11:03:13
7|
Caderno de estudos
10/12/2011 11:03:13
20
TR R II LL H HA AS S || T
Atividade 7
professor prope que as crianas ensaiem a melhor forma de falar os dilogos. Para isso, grava as crianas falando cada um dos dilogos e depois coloca para todos escutarem e conversarem sobre como podem melhorar suas falas. Roteiro de trabalho
Preparao Preparar um gravador (pode ser o gravador de um celular). Caso no seja possvel utilizar um gravador, voc pode propor que enquanto uma das crianas do grupo diz um dilogo, as demais escutam. Organizao do espao e das crianas Essa uma atividade em pequenos grupos. Voc pode seguir as orientaes da atividade 2 para organizar o grupo. Lembre-se de que, ao longo de alguns dias, voc far essa mesma proposta de forma a atender cada grupo separadamente. Orientaes para o professor Relembrar a ideia de que faro um teatro do conto Chapeuzinho Vermelho. Contar que iro ensaiar os dilogos treinando a entonao. Voc pode dizer: J est chegando perto do dia de nossa apresentao do teatro e precisamos ensaiar as falas dos personagens para que aqueles que forem nos assistir consigam entender e ouvir o que estamos falando.
Dividir as crianas em quatro grupos e dizer que cada um ficar responsvel pela fala de um personagem. Explicar a atividade: Para essa atividade cada grupo vai fazer uma proposta diferente. Alguns tero jogos para brincar e um nico grupo sentar comigo para gravar a fala dos personagens. Explicar s crianas, j no pequeno grupo, que hoje elas iro gravar as falas de seu personagem. Explicar que cada criana do grupo ir gravar, pelo menos, uma fala (ou, no caso de no usar gravador, cada criana ir falar para os colegas pelos menos uma fala). Combinar que voc ir ajud-las, fazendo a parte dos outros personagens. Retomar as falas daquele personagem da histria, mostrando as ilustraes do livro e pedindo que recuperem de memria. Dividir qual fala cada uma das crianas do grupo ir gravar. Conversar com as crianas, antes de iniciar a gravao, sobre qual seria a melhor maneira de falar essas partes em razo das intenes dos personagens.
O que as crianas podem pensar, dizer e fazer. Dizer a fala do personagem com entonao, considerando as informaes sobre as intenes e pensamentos dos personagens na histria.
10/12/2011 11:03:14
21 21 | |
9|
Caderno de estudos
Gravar as falas das crianas do grupo e, em seguida, retomar a gravao para que elas possam se ouvir e pensar sobre como foi dita a fala do personagem e o que devem melhorar. Voltar a gravar at que todos aprovem o resultado.
Possveis adaptaes Caso o desafio proposto nessa atividade se mostre muito difcil, voc pode ler o texto antes de ser gravado pelas crianas, conversando sobre a melhor forma de represent-lo.
Se o desafio proposto nessa atividade parecer muito fcil, voc pode sugerir que os grupos pensem sobre as melhores formas de falar seus dilogos e, quando estiverem prontos, voc grava a fala deles.
O que as crianas podem aprender Ao propor que as crianas pensem em como devem dizer as falas de seus personagens, favorece-se que elas relacionem informaes sobre as caractersticas dos personagens, suas aes e intenes na narrativa.
Ao propor que as crianas gravem suas falas para depois ouvi-las, possibilita-se que aprimorem alguns procedimentos de representao, como a entonao da voz. Ao propor que gravem sua voz e escutem em seguida, favorece-se que desenvolvam ateno sobre a linguagem e que pensem sobre sua prpria ao.
O que mais possvel fazer Voc pode propor que os grupos se escutem, aumentando assim as sugestes para que as crianas melhorem suas representaes das falas. O que possvel fazer em casa Voc pode retomar com as crianas que elas iro representar esse conto e, por isso, devem treinar em casa a fala dos personagens que gravaram.
Relacionados a algumas orientaes, voc vai encontrar um link que apresenta o que as crianas podem pensar, dizer e fazer a partir das intervenes e aes do professor, de modo a evidenciar o papel ativo da criana na sua aprendizagem. O importante criar condies para que as crianas produzam respostas ao que lhes foi proposto, processem e se apropriem das informaes dadas. Possveis adaptaes: Orientaes para adaptar a atividade proposta, considerando o grau de desafio que ela representa. O que as crianas podem aprender: Lista de possveis aprendizagens das crianas, sempre relacionadas com as aes do professor na atividade. O que mais possvel fazer: Sugestes de novas atividades que podem dar continuidade atividade apresentada ou ao contedo tratado. O que possvel fazer em casa: Propostas que favorecem a troca entre as experincias que a criana vive em casa e na escola.
10/12/2011 11:03:15
10 | TR I L H AS
As atividades esto organizadas de forma a garantir uma sequncia de propostas s crianas, considerando o grau de desafio em relao s aprendizagens esperadas. As situaes propostas s tm sentido se criarem condies para promover aprendizagens concretas. Portanto, a ao do professor deve estar sempre conectada com essa preocupao. importante ressaltar que o roteiro apresentado poder ser ajustado s condies e necessidades de aprendizagem especficas das crianas. Apesar de estar em um grupo, cada criana nica e assim dificilmente uma atividade ser igualmente realizada e compreendida por todas, o que no um problema. Nesse sentido, o desafio apresentado ao professor estar constantemente adaptando a proposta resposta de cada criana na mesma atividade. A leitura deve fazer parte da rotina de sala, independentemente das outras atividades que acontecerem. extremamente recomendvel criar o hbito cotidiano do momento da leitura, para que as crianas ouam, conversem e recontem livremente as histrias. importante que elas tenham oportunidade tanto de ler por prazer quanto para aprender. Nestes Cadernos, as atividades sempre partem da histria, mas isso no quer dizer que a cada atividade seja necessrio ler o livro antes. A proposta que a leitura do livro se d em diferentes momentos da rotina da sala e que as atividades do Caderno possam considerar que as crianas j tm uma familiaridade com o contedo e com o texto da histria. Sabemos que, quando as crianas gostam de uma histria, muito frequente que peam que ela seja relida diversas vezes. A repetio favorece que as crianas se apropriem do enredo e criem intimidade com a histria. Considerar essa forma de as crianas se relacionarem com as narrativas um ponto de partida para a proposta deste conjunto de Cadernos, j que os livros propostos foram cuidadosamente selecionados, considerando-se todos os aspectos relativos sua qualidade textual e grfica e tambm ao seu contedo e adequao faixa etria.
O que narrativa
Um texto narrativo uma forma de discurso que pode ser apresentada oralmente, por escrito ou por meio da relao entre o discurso e as ilustraes (o que mais frequente nos livros de literatura infantil). A narrativa organiza-se em torno de uma situao inicial, que transformada a partir das aes de um ou mais personagens, chegando a um clmax com conflito e finalizando com um desfecho. A trama de uma narrativa se desenvolve por meio de episdios que, por sua vez, so compostos de acontecimentos encadeados de forma causal. Os acontecimentos da trama se desenvolvem em um espao e tempo, que juntos constituem o cenrio da narrativa. Os personagens so fundamentais em uma narrativa, de modo que, sem eles, pode-se dizer que no h narrao.
10/12/2011 11:03:15
11 |
Caderno de estudos
Ao trabalhar os textos narrativos, as crianas podem aprender: A funo, ou para que serve o texto; O contedo, ou seja, as informaes que esto no texto; O formato, a composio de texto e imagem em forma de livro, as pontuaes usadas etc.; A us-los como modelo de comunicao (oral e escrita); A estrutura narrativa e os procedimentos de leitura ao ser lido em voz alta, como o uso da entonao para destacar os personagens e as situaes.
10/12/2011 11:03:16
10/12/2011 11:03:16
13 |
Caderno de estudos
Os textos esto nos livros, e estes funcionam como seu suporte. A apresentao de obras impressas para as crianas ajuda que aprendam conceitos, tais como autor, ilustrador, capa e ttulo, entre outros. Trata-se dos chamados conceitos letrados, que so aprendidos em contato com o mundo da escrita. Para ajudar na introduo a esse universo, importante conversar, desvendar a lgica dos livros, nomear seus elementos (capa, ttulo, ilustrao...), falar de estrutura de narrativa (personagem, ao, comeo, final) e de atitudes comuns ao leitor habitual, mas ainda desconhecidas pelas crianas (onde olhar e como manusear os livros, por exemplo).
10/12/2011 11:03:16
14 | TR I L H AS
Pergunta-guia
aquela que se faz antes de iniciar a leitura e serve para manter a ateno. o objetivo da leitura. Pode criar suspense, despertar o interesse e a curiosidade das crianas, favorecer a escuta do texto e deix-las atentas e alertas para a busca de uma resposta.
10/12/2011 11:03:16
15 |
Caderno de estudos
antes de iniciar a leitura, criando um suspense para orientar a escuta do texto (como, por exemplo, no Caderno de orientaes Histrias com engano: Ser que o Lobo vai conseguir enganar os cabritinhos?). No segundo caso, o professor pode lanar uma pergunta, por exemplo, voltada para o que est escrito no texto: Ser que aqui est escrita a palavra BRUXA? A escolha do tipo de pergunta que o professor far depende da histria e dos objetivos de leitura.
Leitura compartilhada
As situaes de leitura compartilhada propostas nos Cadernos deste conjunto se configuram como momentos em que as crianas participam da leitura juntamente com o professor, ora lendo partes do texto, ora lendo o texto todo. importante que a leitura compartilhada faa parte da rotina das crianas e seja sistemtica. recomendvel garantir um tempo dirio para que possam ler e reler suas histrias favoritas e encontrem prazer e significado nessa atividade. Ao ter a oportunidade de acompanhar a leitura e ler com o professor, a criana observa as relaes existentes entre o discurso oral e o escrito (por exemplo, ao perceber que o ritmo da fala corresponde a uma parte do texto escrito, ou quando nota que o que est escrito sempre falado por todos
10/12/2011 11:03:16
16 | TR I L H AS
do mesmo jeito). O professor tambm constri modelos de conceitos sobre a escrita por meio dos movimentos de leitura na pgina da esquerda para a direita e de cima para baixo. Alm disso, ao compartilhar a leitura com o professor, possvel para a criana no s ter acesso ao que est escrito como tambm observar como o autor escreveu, ou seja, quais recursos ele utilizou (pontuao, letras diferentes, efeitos de diagramao etc.). Ao dar a oportunidade de as crianas lerem junto, elas experimentam diferentes usos e ritmos da voz adotados pelo professor e observam quando ele antecipa os eventos no texto abaixando ou levantando a voz, ou pela velocidade na qual ele l a histria. Por fim, vale destacar que a oportunidade de participar desse tipo de leitura possibilita criana, eventualmente, poder ler o livro autonomamente, com base na experincia de leitura compartilhada.
A familiaridade da criana com o texto que vai ler fundamental para que possa interagir na leitura. Conhecer melhor o que vai ler favorece a autonomia leitora, a fluncia, a compreenso, o desenvolvimento do vocabulrio e o gosto por aprender. Os livros de fcil memorizao ajudam as crianas a entender como a escrita funciona, a aprender sobre estrutura de histrias e a reconhecer palavras, alm de representar uma fonte de prazer e informao. Podemos considerar livros de fcil memorizao aqueles que possuem histrias: Com textos rtmicos, pois permitem s crianas realizar antecipaes de algumas das palavras. Por exemplo, os livros No confunda (Eva Funari, Editora Moderna) e Duas dzias de coisinhas toa que deixam a gente feliz (Otavio Roth, Editora tica). Com repetio no texto, pois nesses h repetio de situaes e de palavras, tornando o texto mais previsvel. Os tipos de repeties presentes nas histrias podem se classificar em: Repetio por justaposio: um ou mais personagens realizam aes sucessivas e que se repetem. Por exemplo, Cabritos, Cabrites, (presente no acervo de livros);
10/12/2011 11:03:17
17 |
Caderno de estudos
Repetio por acumulao: a cada parte da histria repete-se continuamente o texto da pgina anterior, somando uma nova linha. Por exemplo, O grande rabanete, A casa sonolenta e Uma girafa e tanto (tambm presentes no acervo); Repetio por subtrao: vo-se eliminando personagens ao longo da histria. Por exemplo, Eram cinco (Ernst Jandl, Editora Cosac Naify) e Dez sacizinhos (Tatiana Belinky, Editora Paulinas). As partes do texto que se repetem facilitam a memorizao da criana e favorecem uma leitura autnoma de partes da histria. Com textos com padro bsico de orao, que por sua estrutura do um apoio ao leitor. Esse padro bsico poderia ser representado por Esta __________ que est repetido em todos os versos com variaes na primeira parte da orao (a casa, a farinha, o gato etc.). A histria A casa que Pedro construiu, presente no livro Histrias de contar (Editora Companhia das Letrinhas), um exemplo desse tipo de histria. Com textos de duas partes, como, por exemplo, Bruxa, Bruxa, venha minha festa. Esse tipo de texto promove uma leitura prxima a uma conversao, na qual uma pergunta feita em uma pgina do livro e se determina a resposta na pgina seguinte.
10/12/2011 11:03:17
18 | TR I L H AS
A repetio, por sua vez, ajuda a fixar a memria. Em todos os nveis da linguagem ocorre repetio: de fonemas, slabas, estruturas gramaticais, lexicais etc. A repetio ajuda as crianas a aprender as histrias de forma que seja possvel recuper-las de memria (mais ou menos literalmente).
Leitura teatralizada
A situao de leitura teatralizada envolve a proposta de as crianas lerem em voz alta ou recitarem os dilogos de uma histria usando suas vozes e expresses corporais. Esse tipo de leitura favorece que as crianas desenvolvam fluncia ao ler, pois participam de situaes em que ensaiam o texto usando expressividade, entonao e inflexo. uma oportunidade de as crianas participarem de leituras repetidas em um contexto intencional e com significado. Para potencializar as situaes de leitura teatralizada, importante que o professor realize atividades que chamem a ateno para elementos da histria, enquanto as crianas desenvolvem uma compreenso dos personagens, cenrios, problemas, eventos e solues. O Caderno de orientaes Histrias clssicas apresenta um conjunto de atividades para esse tipo de leitura, tendo como referncia o conto Chapeuzinho Vermelho.
10/12/2011 11:03:18
19 |
Caderno de estudos
do itinerrio narrativo (o Ogro encontra-se com Cabrito na ponte), em um caminho linear. Ao favorecer que as crianas pensem sobre essas representaes, ampliam-se as possibilidades de compreenso de textos narrativos. Essas situaes ajudam as crianas na compreenso da histria e do discurso.
A estrutura da narrativa
Estrutura da narrativa, ou gramtica da histria, so as regras formais que descrevem as sequncias temporais e a relao causal dos acontecimentos de uma histria. o esquema do relato da narrativa. Para que o leitor ou ouvinte possa interpretar a sucesso de aes, e para que o texto tenha coerncia, no basta uma relao cronolgica. necessria tambm uma relao de causalidade lgica para explicar as transformaes que ocorrem a partir da ao de algum personagem. Isso formar um todo, ou seja, comeo, meio e fim da histria. Por exemplo, nos contos populares, a estrutura possui uma situao inicial, um final em que h uma resoluo e um meio em que uma transformao justifica a passagem do incio para o fim. A estrutura da narrao consiste em: Situao inicial para propor a histria; Apresentao do momento, do lugar, das personagens e da situao inicial; Complicao e transformao que introduzem uma quebra no desenvolvimento dos eventos; Avaliao dos fatos; Soluo que indica que a histria terminou (s vezes, com uma inverso da situao inicial: pobre-rico, infeliz-feliz etc.). Ajudar as crianas a entrar nessa dimenso de um texto pode ser bastante promissor, no sentido de transform-las em futuros leitores autnomos. Estaremos favorecendo a que compreendam o texto medida que conversamos sobre a estrutura da histria e propomos atividades que as ajudem a entender esse esquema que d sustentao s histrias.
10/12/2011 11:03:18
20 | TR I L H AS
histria (sequncia cronolgica) e ao seu contedo. O somatrio de diferentes oportunidades para fazer esse exerccio para as diferentes histrias que so lidas que criar condies para que compreendam como se d o desenvolvimento temporal da narrao. Mas tambm importante entender o encadeamento causal que explica o PORQU do conflito central da histria e o desenvolvimento dos eventos at o desenlace.
10/12/2011 11:03:19
21 |
Caderno de estudos
Qual o tamanho, o formato, o tipo de letra? So apropriados para o tema, o tom e o entendimento do livro? Por exemplo: um fundo preto com letras tremidas ajusta-se a uma divertida histria de terror. Quais os elementos componentes? Linha, espao, uso da cor, perspectiva: como esses detalhes colaboram com a histria? Por exemplo, no livro Bruxa, Bruxa, venha minha festa, parece que h uma lente de aumento nas ilustraes; no livro O rei Bigodeira e sua banheira, cada cena ocupa duas pginas inteiras. Que reao a ilustrao provoca? Por exemplo, em livros nos quais as imagens de animais so humanizadas, elas em geral causam simpatia e afetividade nas crianas. Essas informaes so teis para organizar as atividades. Nos Cadernos de orientaes deste conjunto, so diversas as atividades que usam as ilustraes do livro ou os desenhos produzidos pelas crianas. Vamos ver algumas delas: Ordenar ilustraes e corresponder com o texto Ordenar as ilustraes de uma histria favorece que as crianas se apropriem de alguns conhecimentos bsicos sobre o texto, como a ordem temporal ou cronolgica que explica a sucesso de fatos relatados. Ilustrar e ordenar partes da histria Ao propor s crianas que ilustrem aes da histria e as ordenem, favorece-se que retomem a histria de memria e compreendam melhor o encadeamento das aes na narrativa, apropriando-se de sua estrutura. Ilustrar os personagens da histria Ao pedir que as crianas recuperem de memria quem so os personagens da histria e os desenhem, possibilita-se que elas atentem para detalhes do texto e da ilustrao do livro. E ao propor que organizem suas ilustraes na sequncia em que aparecem no texto, se favorece que recuperem a ordem da histria e compreendam a funo dos personagens na narrativa.
10/12/2011 11:03:19
22 | TR I L H AS
Uma srie de aes e intenes que explicam o desenvolvimento da histria. Em uma atividade em que se pensa sobre os personagens e suas caractersticas, as crianas tm mais uma oportunidade de melhorar a sua compreenso da histria contada na narrativa.
10/12/2011 11:03:19
23 |
Caderno de estudos
em prtica suas ideias e test-las, procedimentos fundamentais no processo de aprendizagem. Por exemplo, para escrever necessrio utilizar letras, no basta desenhar; precisa-se de uma quantidade mnima de letras para que uma palavra seja lida; o conjunto de letras de uma palavra deve ser variado para que possa ser lido, e assim por diante. Essas concluses e aprendizados influenciam suas ideias quando esto diante do desafio de ler textos de outros. Estes so apenas alguns exemplos que ilustram a relao entre o aprendizado da leitura e da escrita pela criana.
10/12/2011 11:03:19
24 | TR I L H AS
Pesquisas relativas ao pensamento infantil sobre a leitura e a escrita revelaram que as crianas so ativas no processo de construo do conhecimento sobre a leitura e a escrita, e o mesmo apresenta uma srie de regularidades. Essas regularidades podem ser resumidas em quatro itens: 1- A criana constri hipteses, resolve problemas e elabora conceituaes sobre o escrito; 2- Essas hipteses avanam conforme o contato das crianas com o material escrito e com leitores e escritores que do informao e o interpretam; 3- As hipteses construdas pelas crianas so respostas a verdadeiros problemas conceituais, como, por exemplo, a hiptese de que preciso um nmero mnimo de caracteres para que uma srie de letras possa ser lida; 4- O desenvolvimento de suas hipteses acontece por reconstrues de conhecimentos anteriores que do lugar a novas construes. Por exemplo, quando a criana tem a oportunidade de confrontar sua hiptese de que para escrever a palavra CAVALO basta usar trs letras (AAO). Se, em uma atividade de escrita com letras mveis, a professora lhe d, de antemo, as letras necessrias para a escrita dessa palavra, e ao terminar de escrever lhe sobram letras, grande a chance de que se desestabilize a hiptese inicial. Ao ser convidada a buscar entender por que lhe sobraram letras, a criana tem a oportunidade de reconstruir sua hiptese de que para cada letra h a representao de um som. Nos Cadernos de orientaes deste conjunto so diversas as atividades de leitura e escrita. Vamos ver algumas delas: Apropriao dos dilogos ou de partes da histria Dilogos, oraes bsicas e canes que aparecem vrias vezes em uma narrativa so textos adequados para ser repetidos literalmente (ou verbatim), pois possuem uma estrutura que se mantm fixa. Os dilogos em uma narrativa podem ser considerados uma das unidades do texto possvel de ser diferenciada da narrao dos eventos que apresentada pelo narrador. Os dilogos so apresentados pelos prprios personagens, em discurso direto ou indireto. Alm disso, eles representam nas histrias uma forma de linguagem estvel, e as crianas conseguem reproduzir com maior fidelidade o texto. Quando se chama a ateno das crianas para os dilogos presentes no texto, e pede-se para que faam um reconto alternando entre narrador e personagens, facilita-se a rpida apropriao mais ou menos literal desses trechos, tornando-os mais fceis de ser reproduzidos tal qual aparecem na histria. A partir de um trabalho com os dilogos, possvel pedir s crianas que ditem alguns deles presentes na histria, ou mesmo que os localizem no texto. Os textos memorizados contribuem, ainda, para a aprendizagem da linguagem escrita, pois permitem que as crianas correspondam as partes escritas do texto com a frase que est sendo enunciada oralmente. Leitura em voz alta acompanhada com o dedo Quando a professora aponta com o dedo aquilo que l em voz alta, permite que as crianas acompanhem as
10/12/2011 11:03:19
25 |
Caderno de estudos
relaes entre o oral e o escrito, favorecendo a aprendizagem de tais relaes. Alm de algumas convenes da escrita (sentido, uso das letras, uso de espaos para separar palavras), enquanto a professora aponta o que l, as crianas observam que a organizao do texto em versos corresponde s linhas, a unidade que orienta a leitura. Identificao de nomes no texto Solicitar s crianas que encontrem no texto escrito, por exemplo, os nomes dos personagens da histria favorece que coloquem em jogo uma srie de conhecimentos. Quando procuram encontrar uma palavra entre todas as de uma frase, fazem uso de indicadores textuais para discriminar as diferentes palavras. Por exemplo, buscam as letras que conhecem, fazem associaes entre palavras nas quais identificam o incio ou o fim e relacionam as suas sonoridades. Ao tentar localizar a palavra em um texto conhecido, tambm colocam em uso os conhecimentos prvios que possuem sobre o texto. Ordenar ilustraes e corresponder com o texto Ordenar as ilustraes de uma histria favorece a compreenso da histria e a recuperao da cronologia dos eventos para que as crianas possam se apropriar de alguns conhecimentos bsicos sobre o texto, como a ordem temporal que explica a sucesso de fatos relatados. Ao solicitar que as crianas relacionem partes do texto com as ilustraes sequenciadas, se favorece que relacionem os conhecimentos que possuem sobre a estrutura da histria com os conhecimentos de alguns ndices grficos. Para resolver o desafio colocado por esta proposta, as crianas colocam algumas estratgias em ao. Por exemplo, precisam interpretar e descrever a ilustrao (prestando ateno em seus detalhes), recuperar da memria o texto da histria (estabelecendo uma relao entre as partes do texto que retomam
10/12/2011 11:03:19
26 | TR I L H AS
oralmente e as partes do texto escrito), fazendo uso de seus conhecimentos sobre ndices grficos e palavras impressas para localizar e ordenar os textos. Situaes de ditado ao professor A atividade de ditado ao adulto consiste na ao de a criana ditar ao adulto um texto memorizado em uma situao contextualizada. O ditado cria uma nova oportunidade de observar a relao entre aquilo que dito e o que est escrito, pois a criana tem a oportunidade de acompanhar ao mesmo tempo o que est sendo falado oralmente e a escrita do professor. Dizer cada uma das partes que est sendo escrita um recurso utilizado para indicar tais correspondncias. Ao ditar, alm do desenvolvimento da capacidade de recuperar um texto de memria, as crianas desenvolvem a ateno sobre a linguagem, o controle sobre a velocidade da fala, a conscincia sobre a estabilidade do texto, a coerncia entre o que foi dito e o que falta ditar e a conscientizao da diferena entre retomar o texto tal como foi escrito (enunciao) e falar sobre o texto (enunciados). So diferentes as ajudas que o professor pode dar s crianas ao longo da atividade: ler o que j escreveu para ajudar as crianas na continuidade do ditado; escrever os comentrios que as crianas fazem que no so do texto e logo ler para que elas percebam a diferena entre dizer e ditar; escrever em forma de lista e com letras de imprensa maisculas, ajudando a visualizao do escrito por parte da criana e a sua participao no ato de escrever. Conforme as crianas ditam o texto a ser escrito, o professor pode usar diferentes procedimentos para favorecer que elas relacionem aquilo que ditam com o texto escrito: Escrever tudo o que foi ditado sem interromper e depois ler para as crianas; Escrever de forma lenta, incentivando que todas as crianas participem da atividade (conforme o professora escreve, oraliza a sua escrita); Escrever e ler partes do escrito, por exemplo, dizendo: At aqui escrevi AS, o que falta escrever? Os melhores textos para estas situaes so contos, poesias e listas de vocabulrio (dos personagens, dos objetos da histria etc.). importante observar que, para ajudar as crianas, melhor comear com contos memorizados. Escrita de listas As listas cumprem a funo de colocar em disposio enumerativa os nomes dos objetos, seres, eventos ou expresses do mundo ou do texto. As listas so textos privilegiados para que as crianas escrevam de prprio punho e coloquem em jogo o que j sabem sobre a representao da escrita. A lista deve ter uma disposio grfica que potencializa isso: cada palavra colocada em uma linha e a prxima encontra-se logo abaixo, facilitando tanto a escrita quanto a localizao (leitura) pela criana do que j escreveu.
10/12/2011 11:03:20
27 |
Caderno de estudos
A proposta de escrita individual pelas crianas requer o apoio do professor com a inteno de que coloquem em jogo tudo que j sabem sobre a escrita. O objetivo no acertar a escrita correta, mas perder o medo de escrever. Mesmo que no escrevam conforme o esperado (o que muito comum), preciso considerar que h reflexo por parte das crianas. Nessas situaes, importante valoriz-las em suas iniciativas e pensar em intervenes que possam ajudlas a continuar suas reflexes, avanando em sua compreenso. Por isso, essencial observar a produo das crianas, analisar os conhecimentos que j foram apropriados, incentiv-las a pensar sobre o que produziram, discutir individual ou coletivamente como se escreve determinada palavra e promover momentos de cooperao e troca de informaes. Ao propor que comparem suas escritas com a lista convencional, o professor permite que as crianas pensem sobre a forma escrita das palavras e tentem aproxim-las do texto. Quando pede para que as crianas confrontem suas ideias, se favorece a argumentao para que defendam suas hipteses sobre o que, onde e como est escrito. Lista de nomes dos personagens Os nomes dos personagens dos contos funcionam como os nomes prprios. So palavras estveis que ajudam a aumentar o repertrio a partir do qual as crianas se aventuram a escrever palavras cuja grafia ainda desconhecem. A partir da escrita de palavras j memorizadas, a criana tem a possibilidade de refletir sobre a lgica da escrita alfabtica. Isso porque so capazes de relacionar pedaos (slabas ou letras) dentro dessas palavras com o que enunciado oralmente. No caso da lista de personagens do conto lido, os nomes tornam-se referncia para pesquisa e identificao de slabas e letras. Isso cria um acervo de palavras estveis ao qual as crianas podem recorrer sempre que surgirem dvidas na escrita de novas palavras. Por isso, importante deixar os nomes e as palavras estveis visveis e de fcil acesso, em cartazes e murais, para que possam ser consultados. Atividades com textos lacunados As atividades com texto que possuem lacunas a serem preenchidas pelas crianas envolvem que elas leiam o texto, identifiquem a palavra que falta e a escrevam. Para que consigam realizar essa atividade, importante cuidar da seleo dos textos propostos. Quanto mais familiaridade elas tiverem com o texto, mais fcil ser sua recuperao e menor a quantidade de desafios para a leitura. Quando se trabalha com textos mais ou menos memorizados, as crianas, diante da proposta de preencher lacunas, so capazes de antecipar o que deve ser escrito e, por isso, no precisam se preocupar com o que escrever, mas sim como escrever, j que diante dessa tarefa elas refletem sobre quais e quantas letras, e como us-las.
10/12/2011 11:03:20
28 | TR I L H AS
Ainda considerando as ajudas que o professor pode dar s crianas, com a inteno de diminuir a quantidade de informaes necessrias para realizar a tarefa, uma possibilidade entregar juntamente com o texto lacunado um banco de palavras o conjunto das palavras que devem ser preenchidas nas lacunas, porm organizadas fora de ordem. No caso de as crianas usarem o banco de palavras para encontrar a parte do texto que deve ser preenchida, o desafio colocado o da leitura. Para conseguir encontrar a parte do texto procurado, as crianas podem colocar em jogo os diferentes indicadores textuais, quantitativos e qualitativos. Por exemplo, podem achar PSSARO porque a palavra maior; podem diferenciar PORCO de CABRA porque a primeira comea com PO. Escrita com letras mveis Ao escrever com letras mveis, as crianas colocam em jogo tanto seus conhecimentos sobre o sistema de escrita quanto conhecimentos de referncia (por exemplo, seu prprio nome ou de seus colegas de sala). As letras mveis permitem criana centrar-se na composio da escrita. J est eliminado o desafio de escrever de prprio punho, e tambm esto facilitadas as decises que as crianas precisam tomar, pois elas tm sua frente um conjunto de letras possveis de ser utilizadas. Alm disso, quando o professor seleciona as letras que compem a palavra a ser escrita, as questes referentes a quantas e quais letras usar j esto resolvidas. Neste caso, o desafio centra-se em saber em que ordem as letras devem ser colocadas. Ao comparar a forma como ordenou as letras mveis com o modelo convencional de escrita, as crianas podero aprender vrias coisas. Para aquelas que j compreenderam que a escrita tem alguma relao com a pauta sonora, essa atividade auxiliar na ampliao da reflexo sobre as relaes existentes entre o escrito e o oral. J para aqueles que ainda tm ideias anteriores sobre a escrita (como, por exemplo, que para cada vez que se escreve determinada palavra podem-se usar letras diferentes em ordem tambm diferenciada), essa atividade pode ajudar no entendimento de que a escrita fixa. Ou seja, vo perceber que h necessidade de manter as letras, sua quantidade e ordem, para produzir a mesma escrita. Ao pedir que as crianas leiam apontando com o dedo o que est escrito (ou seja, que leiam de forma analtica), o professor permite que faam uma reflexo sobre a quantidade de letras necessrias para escrever os nomes dos personagens. Consequentemente, vo notar uma futura relao entre essas letras e sua correspondncia sonora. Isso porque, para muitos, o processo de escrita no coincide com o da leitura, que ainda pode ser silabada, ou seja, correspondendo cada letra da palavra a uma emisso sonora (por exemplo, para a personagem CABRA, uma criana nesse estgio leria C como CA e A como BRA e sobrariam as letras B-R-A).
10/12/2011 11:03:22
29 |
Caderno de estudos
Caso voc no tenha conjuntos de alfabeto mveis em sala, voc pode confeccion-los utilizando-se de letras de imprensa maisculas (escrever aproximadamente 20 letras de cada), com tamanho em torno de 2 x 2,5 cm. importante confeccion-los de forma a garantir que haja maior quantidade de vogais do que de consoantes, porm, entre as vogais, produzir mais A, E e O. E entre as consoantes, produzir mais daquelas usadas com maior frequncia em nossa lngua, como, por exemplo, as letras D, L, M, N, R e S. As demais letras do alfabeto podem ter 2 ou 3 exemplares de cada. A quantidade de conjunto de letras mveis que vai produzir depende da quantidade de crianas em sua sala. Uma sugesto garantir que haja um conjunto para cada pequeno agrupamento de crianas. Para armazenar as letras mveis, voc pode organiz-las em uma caixa com divisrias, para que fique mais fcil encontrar as letras desejadas. Produo de texto pelas crianas Mesmo antes de saber ler e escrever convencionalmente, as crianas entram em contato com a linguagem escrita a partir dos diversos textos que so lidos a elas. A produo de um texto envolve, alm de seu formato e contedo (as caractersticas textuais), detalhes como, por exemplo, apresentao, decorao e tipo de letra (escrita, reviso e edio de texto). As crianas podem produzir diferentes tipos de textos ditando ao professor o que deve ser escrito (contedo da mensagem) e como (o tipo de linguagem utilizada, a disposio grfica etc.). O professor pode ajudar pedindo para repetirem o que acabaram de ditar, escrevendo em voz alta o que foi ditado e est sendo registrado, e relendo o que j foi escrito para recuperar o texto e ajudar no planejamento do que falta escrever. Quando solicitamos com regularidade que as crianas reconstruam oralmente as histrias que conhecem, favorecemos que atentem no s para o contedo da narrativa, mas tambm os aspectos formais do prprio texto (frmulas de incio e final, os adjetivos mais usados e que do beleza ao texto, as rimas utilizadas etc.). Se proposto s crianas que reconstruam o texto ditando ao professor, o produto dessa ao resulta em um texto escrito, uma produo partilhada entre todos. Nas situaes de reconstruo oral de narrativas com destino escrito, importante garantir que as crianas mantenham uma fidelidade linguagem usada pelo autor. Em atividades como essas, as crianas se apropriam da linguagem escrita e fazem uso dela, mesmo no sabendo ler e escrever convencionalmente.
10/12/2011 11:03:22
30 | TR I L H AS
10/12/2011 11:03:22
31 |
Caderno de estudos
Glossrio
A seguir, voc encontrar uma lista, organizada em ordem alfabtica, dos conceitos lingusticos destacados nos Cadernos de orientaes. Os conceitos esto organizados na forma de um glossrio, pois a inteno tornar mais clara a definio das terminologias usadas na escrita dos textos, contribuindo para uma melhor compreenso das propostas.
Contracapa a parte de trs do livro e que se ope capa, onde geralmente se veem informaes sobre a obra, a coleo ou at mesmo uma pequena biografia do autor. Cultura escrita caracteriza-se pela valorizao do registro escrito como forma de documentar a informao e se comunicar. Desfecho indica o final da histria. Na maioria das vezes, h a recuperao do equilbrio perdido no conflito. Dilogo uma parte do discurso que indica uma fala entre duas ou mais pessoas. Nos textos escritos, o travesso o sinal grfico que indica o seu incio. Discurso direto a citao direta de uma fala, sem modificaes ou interrupes do narrador. Enredo o que acontece em uma narrativa do ponto de vista do seu contedo. Episdio a cena organizada em torno de uma ao principal da histria. Estrutura narrativa corresponde organizao da narrao, a disposio e ordem dos elementos essenciais que a compem. Pode ser organizada de diferentes formas, sendo a mais comum: situao espao-temporal, momento de incio, desenvolvimento do conflito, clmax, desfecho e concluso. Estrutura repetitiva a repetio de uma srie de acontecimentos de uma narrativa. Tambm possvel repetir palavras e expresses. Fbula um gnero textual do tipo narrativo em que normalmente h indeterminao de tempo e lugar. Na fbula, os personagens geralmente so animais com caractersticas humanas, e seu desfecho reflete uma lio moral. Gneros so as diferentes formas de expresso que podem ser caracterizadas pelo contedo temtico e pela composio e estilo; est diretamente ligado ao contexto de produo.
10/12/2011 11:03:22
32 | TR I L H AS
Histria clssica aquela que tem sua origem na tradio oral, foi transformada em conto e persiste no tempo. Alguns exemplos de histrias clssicas mais conhecidas no Brasil: Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Branca de Neve e A Bela e a Fera. Histria com repetio a narrativa que possui uma estrutura repetitiva. Linguagem o uso da lngua como forma de comunicao e expresso. Marcadores temporais e atemporais so expresses que servem para demarcar o tempo das narrativas, geralmente, no pargrafo inicial. Marcas da oralidade so expresses e palavras utilizadas em situaes de conversa. Por exemplo, quando contamos um fato dizemos: Da, ele chegou e disse. Na linguagem escrita evita-se essa expresso, trocando-a para termos como: Ento, ele chegou e me disse. Moral o conjunto de regras de condutas humanas estabelecidas e aceitas em uma sociedade. As fbulas, muitas vezes, so finalizadas com uma lio de moral, que pode aparecer em forma de provrbio ou ditado popular. Outras vezes, a moral est implcita. Mundo letrado uma expresso que se refere ao conjunto de conhecimentos acumulados atravs da leitura e conversas sobre os livros. Narraes lineares referem-se ao desenvolvimento sequencial dos acontecimentos de uma narrativa desde o princpio at o fim. Narrativa um discurso que relata uma srie de acontecimentos (eventos), frequentemente no passado, que utiliza verbos declarativos e verbos de ao e movimento para descrever os acontecimentos, que se relacionam uns com os outros e que so realizados por um ou mais protagonistas. Narrativa potica um texto em prosa que contm elementos da linguagem potica. Onomatopeia uma expresso que representa sons, como a voz e os rudos de humanos, animais e objetos. Muito utilizada nas histrias em quadrinhos. Esses recursos sonoros servem para trazer musicalidade e ritmo ao texto. Alguns exemplos: Glub! glub! glub! (beber gua), Fom! fom! (buzina), Muuuuuu! (mugido de vaca). Personagem o responsvel pelos acontecimentos relatados em uma narrativa, podendo ser pessoa, animal ou objeto personificado. Personagem alegrico aquele geralmente inverossmil, porque sua forma ou natureza apresenta ou substitui algo abstrato ou ausente.
10/12/2011 11:03:22
33 |
Caderno de estudos
Personificao uma estratgia literria utilizada para atribuir qualidades humanas a animais, seres inanimados, abstraes e elementos da natureza. Por exemplo, na histria Dona Baratinha, os animais esto vestidos e vo a uma festa de casamento, atitudes tpicas de seres humanos. Poema uma obra literria, do gnero de poesia, que frequentemente se estrutura com rima, em verso e estrofe. Protagonista o personagem principal de uma narrativa ou qualquer obra de fico. Recursos discursivos so os componentes do discurso que permitem identificar uma ou mais classes e categorizar tipos de textos. Referem-se ao mesmo tempo a aspectos do contedo e da expresso que indicam se o texto que est sendo lido ou escutado uma narrativa, uma reportagem, uma bula de remdio ou uma parlenda. Recursos tipogrficos e grficos dos livros envolvem a padronizao visual de uma publicao, ou seja, o conjunto de recursos no textuais que garantem sua unidade. Por exemplo, as letras, os tamanhos das letras, como se encaixam as ilustraes ou qualquer outro elemento visual. Refro so os versos que se repetem em intervalos regulares em determinadas canes ou poemas. Repetio um recurso expressivo de linguagem que pode aparecer na prosa ou na poesia, que consiste na repetio de palavra ou expresses com a finalidade de reforar uma ideia. Rima caracteriza-se pela repetio de sons no final dos versos, em geral, da ltima vogal tnica e dos fonemas que eventualmente a seguem. Ritmo, nos poemas, refere-se distribuio dos sons, palavras ou expresses, de modo que eles se repitam em intervalos regulares. Sequncia da narrativa o encadeamento dos acontecimentos de uma histria: incio, meio e fim. Sequncia linear quando os elementos da narrativa so apresentados cronologicamente. Assim observa-se o comeo, o meio e o fim da narrativa. Tipo de texto a estrutura que organiza um texto a partir da classificao de sua forma e da maneira como ele apresenta seu contedo. Tipografia refere-se aos recursos tipolgicos e grficos presentes em um texto impresso. O uso de recursos que permitem trabalhar visualmente com o texto. Por exemplo, escrever a palavra GIRAFA com letras compridas ou a palavra ELEFANTE com letras gordas. Trama a linha organizada de acontecimentos que estruturam uma narrativa. Pode ter diferentes formas, sendo a mais comum: situao inicial, conflito, clmax e desfecho. O mesmo que enredo.
10/12/2011 11:03:23
34 | TR I L H AS
Universo da escrita refere-se a todas as prticas de escrita de uma sociedade que valoriza o registro escrito como forma de documentar a informao e se comunicar. Verso refere-se a cada uma das linhas de um poema, de uma cano ou de uma prosa potica. Os versos podem ter uma sucesso de slabas ou fonemas com unidade rtmica ou meldica.
10/12/2011 11:03:23
35 |
Caderno de estudos
Bibliografia
A seguir, listamos alguns dos livros e demais materiais consultados para a concepo e escrita dos diferentes materiais que compem o conjunto Trilhas para ler e escrever textos. Esta lista oferece apenas uma referncia de consulta para mais informaes sobre os temas dos cadernos, mas no est completa do ponto de vista acadmico. AZEVEDO, Fernando. Literatura infantil e leitores Da teoria s prticas. Instituto de Estudos da Criana, Universidade do Minho, 2006. CHARTIER, Anne-Marie; CLESSE, Christiane; HBRARD, Jean. Ler e escrever entrando no mundo da escrita. Porto Alegre: Artmed, 1996. COLOMER, Teresa. Andar entre livros. Porto Alegre: Artmed, 2007. CURTO, Lus M.; MORILLO, Maribel M.; TEIXID, Manuel. Escrever e ler como as crianas aprendem e como o professor pode ensin-las a escrever e ler. Porto Alegre: Artmed, 2000. Volume 1 e 2. FERREIRO, Emilia. & TEBEROSKY, Ana. Psicognese da lngua escrita. Porto Alegre: Artes Mdicas. 1985. KAUFMAN, Ana Maria; RODRIGUEZ, Maria. Helena. Escola, leitura e produo de textos. Porto Alegre: Artmed, 1995. LINS, Guto. Livro infantil? Projeto grfico, metodologia, subjetividade. So Paulo: Edies Rosari. 2003. (Coleo Textos Design) MACHADO, Ana Maria. Como e por que ler os clssicos universais desde cedo. Rio de Janeiro: Objetiva. 2002. SILVA-DIAZ, Mara Cecilia. Libros que ensean a leer. lbumes metaficcionales y conocimiento literario. Tesis doctoral. Universidad Autnoma de Barcelona. 2005. TEBEROSKY, Ana. & COLOMER, Teresa. Aprender a ler e a escrever uma proposta construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.
10/12/2011 11:03:23
Crditos institucionais TRILHAS Iniciativa: Instituto Natura Ministrio da Educao/ Secretaria da Educao Bsica Realizao: Programa Crer para Ver, Instituto Natura Desenvolvimento: Comunidade Educativa Cedac Ficha Tcnica Programa Crer para Ver, Instituto Natura Coordenao: Maria Lucia Guardia Comunidade Educativa Cedac Coordenao: Beatriz Cardoso e Tereza Perez Concepo do contedo e superviso: Ana Teberosky Direo editorial: Beatriz Cardoso e Beatriz Ferraz Consultoria literria: Maria Jos Nbrega Equipe de redao: ngela Carvalho, Beatriz Cardoso, Beatriz Ferraz, Debora Samori, Maria Grembecki, Milou Sequerra, Patrcia Diaz Equipe da Gerncia de Educao e Sociedade, Instituto Natura: Maria Lucia Guardia, Lilia Asuca Sumiya, Maria Eugnia Franco, Fabiana Shiroma, Eliane Santos, Isabel Ferreira, Luara Maranho, Marcio Picolo Edio de texto: Marco Antonio Araujo Coordenao de produo: Ftima Assumpo Projeto grfico: SM&A Design/ Samuel Ribeiro Jr. Ilustraes: Vicente Mendona Reviso: Ali Onaissi
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP) C122 Caderno de estudos : trilhas para ler e escrever textos. So Paulo, SP : Ministrio da Educao, 2011. 36 p. : il. ; 28 cm. (Trilhas ; v. 1) Inclui bibliografia e glossrio. ISBN 978-85-7783-063-3 1. Leitura - Estudo e ensino (Educao pr-escolar). 2 Escrita - Estudo e ensino (Pr-escolar). 3. Crianas - Linguagem - Aprendizagem. 4. Livros. 5. Leitores - Formao. 6. Literatura infantil - Estudo e ensino (Pr-escolar). I. Srie. CDU 372.41 CDD 372.4 ndice para catlogo sistemtico: 1. Rudimentos de leitura : Educao elementar 372.41 2. Literatura infantil : Estudo e ensino 087.5 (Bibliotecria responsvel: Sabrina Leal Araujo CRB 10/1507)
ESTE CADERNO TEM OS DIREITOS RESERVADOS E NO PODE SER COPIADO OU REPRODUZIDO, PARCIAL OU TOTALMENTE, SEM AUTORIZAO PRVIA E EXPRESSA DO PROGRAMA CRER PARA VER, DO INSTITUTO NATURA, COMUNIDADE EDUCATIVA CEDAC E DO MINISTRIO DA EDUCAO.
10/12/2011 11:03:23
esde 1995, a NATURA desenvolve o Programa Crer para Ver, que tem o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade da educao pblica do Brasil. No contexto desse programa, o Instituto Natura desenvolveu, em parceria com a Comunidade Educativa CEDAC, Organizao da Sociedade Civil de Interesse Pblico, o projeto TRILHAS, que visa orientar e instrumentalizar os professores e diretores de escolas para o trabalho com os alunos de 6 anos, com foco no desenvolvimento de competncias e habilidades de leitura e escrita. O Ministrio da Educao (MEC), desejando implementar uma poltica pblica, concluiu que a metodologia e a estratgia desenvolvidas pelo projeto TRILHAS, assim como os materiais e publicaes concebidos e produzidos por esse projeto, so particularmente especiais e compatveis com as diretrizes do MEC. Este material contribui para ampliar o universo cultural de alunos e professores, por meio do acesso leitura de obras da literatura infantil. A escolha da leitura como o principal tema do projeto justica-se por ser uma estratgia mundialmente reconhecida como determinante para a aprendizagem e melhoria do desempenho escolar ao longo de toda a vida do estudante. Com o objetivo de promover a qualidade da educao nas escolas pblicas do pas, o MEC apoia e distribui o conjunto de materiais do TRILHAS, que visa contribuir para o desenvolvimento da leitura, escrita e oralidade dos alunos de 6 anos de idade. Esperamos que voc possa utiliz-lo da melhor forma para que a melhoria da educao pblica seja concretizada em nosso pas.