Ets Chayim - 3
Ets Chayim - 3
Ets Chayim - 3
OS ATRIBUTOS DIVINOS
Cada um de nós recebe uma quantidade destes atributos de cada uma das sefirot em função da capacidade de
nossos recipientes. Isto quer dizer que só podemos receber aquilo que podemos ou que cabe em nós. Mais uma
vez a responsabilidade é nossa e não pode ser colocada sobre nada nem ninguém.
Se desejo receber da sefirá Netsach que é puro amor, quanto deste amor posso realmente receber? Tudo o que
puder caber no recipiente que possuo e que só pode ser preparado por mim mesmo. Isso vale para todas as
demais sefirot e seus atributos. Sendo assim, não é verdadeira a afirmação de que D’us nos deu mais ou menos,
na verdade nos foi dado o que podemos receber. Neste caso não depende de quem doa, mas de quem quer
receber. Infelizmente existem pessoas com um recipientes muito pequenos e só conseguem receber muito
pouca destas energias da Árvore da Vida. Da mesma forma existem pessoas com grandes recipientes. Assim
temos um conceito muito importante sobre como a Ets Chayim está construída dentro de cada um de nós.
OS MUNDOS
Diante disso podemos perguntar: então o que é o Ein Sof? O Ein sof é o
único que pode usar legitimamente a expressão “EU”. A palavra EIN - אין, é
a permutação das letras da palavra ANI - אני- EU, então o EU Infinito é
Hakadosh Baruch Hu, mas esta é apenas uma forma de referência aquele
que está além de nossa capacidade de entender. EIN é aquele que dá
alimento a todas as sefirot.
Embora Malchut seja a brasa final, ainda assim depende que do Ein Sof
sopre a força que o faz existir. É por isso que o Zohar diz que dependendo de nosso comportamento Hakadosh
Baruch Hu se debilita ou se fortalece. Esse é um conceito muito difícil de entender. Como um ser humano pode
fortalecer ou enfraquecer Hakadosh Baruch Hu? Aí temos a metáfora da brasa e do fogo. Quanto mais brasa,
mais fogo, desde o Ein Sof até Malchut.
Na Árvore da Vida figuram todos os signos do zodíaco e todos os planetas que lhes correspondem, sendo deles
que emanam energias que geram circunstâncias em nosso mundo. É sabido que a radiação proveniente de
estrelas e planetas podem gerar circunstâncias diretamente em nossas vidas.
Todos estes planetas e estrelas hospedados dentro das sefirot são chamados de ELOHIM - אלהים. Este Nome
sagrado está relacionado a todas as forças naturais. É interessante observar que a Torah nos diz que fomos
construídos com as mesmas forças ou seja, com o mesmo material, já que diz: Elohim criou o homem a sua
imagem, a sua imagem o criou.
מּותנּו וְי ְִרּדּו֩ בִדְ ַ֨גת הַ ָּ֜ים ּוב ְ֣עֹוף הַ ּׁשָ מַ֗ י ִם
֑ ֵ ְָאדם ְּב ַצל ֵ ְ֖מנּו ּכִד
֛ ָ וַּיֹ֣אמֶ ר אֱ ֹלהִ֔ ים נַ ֽעֲ ֶ ׂ֥שה
:ּו ַבּבְהֵ מָ ה֙ ּו ְבכָל־הָ אָ֔ ֶרץ ּו ְבכָל־הָ ֶ ֖רמֶ ׂש ָהֽר ֵ ֹ֥מׂש עַ ל־הָ ָא ֶֽרץ
Observe que não foi o Shem Havaiá, o Tetragrama, mas Elohim é o que está citado aqui. Isso quer dizer que
fomos criados com todas as forças da natureza, tudo isso está em nossa constituição, dentro de nós, do que
somos. Fomos criados à imagem (de forma semelhante, com as mesmas características) de todas as energias
ב"ה2
existentes na Árvore da Vida, com a força de todos os signos, de todas as estrelas e planetas. Observe ainda que
o texto fala de forma repetida, o texto diz que “fomos criados à sua imagem” e depois novamente “a sua imagem
fomos criados”.
Criados a sua imagem é uma referência do influxo de energia que vem de cima, do Ein Sof para Malchut abaixo.
A sua imagem o criou fala do sentido contrário, de Malchut até o Ein Sof. Se as forças naturais podem nos
influenciar, já que estamos construídos com estas mesmas forças naturais, também podemos influenciar o
universo. Nosso ser é uma máquina tremendamente sofisticada. Estamos criados com a mesma natureza e de
maneira interativa, tanto vindo de Ein Sof a Malchut, quanto de Malchut ao Ein Sof.
Podemos ser então, como uma espécie de “teclado do universo”, atuando a partir do nosso corpo e o universo
responderá de uma maneira ou de outra. É por isso que devemos cuidar da nossa alimentação, de nossos
alunos, de nossa relação conjugal e de tudo o que representa uma mitsvah (mandamento sagrado) com nosso
corpo, já que o usamos para cumprir os ritos e mandamentos. É por isso que existem ritos, leis e costumes em
relação ao corpo, pois de maneira consciente ou não, todos agimos de forma interativa com estas energias
através do corpo. É muito diferente interagir com essas forças de forma consciente, sabendo o que estamos
fazendo. É importante saber que o fluxo de energia da Árvore da Vida não apenas sobe, mas também desce, é
uma via de duas mãos.
VONTADE
A sefirá Kether é a mais exterior e a mais unida ao Ein Sof. É deste lugar que emana a força de vontade chamada
RATSON - רצון. Kether é a própria vontade. Ninguém ainda conseguiu definir o que é a vontade, nem mesmo os
cabalistas conseguiram decifrar este tema; de onde vem a vontade e por que temos muita ou pouca vontade.
Uma grande vontade demonstra grande capacidade espiritual. Através dela se busca a união com o Criador, a
força de vontade para romper os Segredos da Torah e se unir ao Criador é o que chamamos de Kether.
Se este atributo em uma pessoa for muito fraca ou inexistente, transforma-se de Kether - כתרem caret - כרת-
divórcio! O segredo de estar em união ou separado de Hakadosh Baruch Hu é estar com este atributo em ordem
natural - Kether; ou no sentido inverso - caret, perceba que são as mesmas letras em ordem invertida.
כתר כרת
divórcio coroa
É por isso que estar conectado com o Sagrado, mesmo em questões que
nos parecem contraditórias, é uma prova de grande força de vontade.
Assim entendemos porque a vida nos coloca à prova. As provas estão
direcionadas em treinar nossa força de vontade para superar nossas
limitações e entrar em união com o Sagrado. Uma pessoa constroi uma
grande vontade a partir da quantidade de provas que pode superar, logo
as provas treinam nosso Kether! Somos almas descidas a este mundo e
treinadas para nos superar e exercer nossa vontade.
Se queremos realmente estar em união com o Criador, precisamos desenvolver uma vontade tão grande que
nos faça superar as limitações e nos sirva de trampolim desde Malchut até o Ein Sof.
ב"ה3
Como Kether está acima de Chochmah que é a meditação, vemos que a vontade é um aspecto superior até
mesmo à meditação. O problema com isso é que sabemos o que é meditação e como praticar, mas vontade é
algo que ainda nos escapa porque vem diretamente de Ein Sof.
Nós humanos possuímos uma estrutura paralela à Árvore da Vida como já vimos. Definitivamente nossos órgãos
estão dispostos e organizados em níveis sobre níveis, todos estes órgãos estão vinculados e formam um
conjunto coerente, da mesma forma devemos entender a organização da Árvore da Vida.
Esse corpo coerente é chamado de ADAM KADMON - o Homem Primordial. Somos como uma máquina
operando com um potencial muito reduzido, escondendo o que realmente pode fazer. Quando se chega a esta
compreensão e entendemos todo este potencial, já não enxergamos mais caos e mesmo o mal. Tudo passa a
fazer sentido, tudo alcança perfeita coerência. Isto é “operar no nível Adam Kadmon”, ou agir com o potencial
primordial, ser o que realmente somos.
A alma da ABA v’Ima - Chochmah e Biná, é chamada de Arich Anpin. A alma de Arich Anpin é chamada Atik
Yomin e tudo funciona como um osso e a medula dentro dele. Como uma consciência superior coberta por uma
casca. O osso cobre a medula. O osso é duro, mas a medula é tenra e macia. Da mesma forma, o Mundo de
Assiah (Mundo da Ação) é o mais baixo e o mais duro, mas ele esconde um outro mundo mais “macio” que ele, o
Mundo de Yetzirah (Mundo da Formação). Este por sua vez é a casca que esconde outro mundo ainda mais
elevado, o Mundo de Beriá (Mundo da Criação) que esconde o Mundo de Atsilut (Mundo da Emanação).
Dentro do Mundo de Atsilut (Chochmah e Biná) ainda temos Arich Anpin e mais acima Atick Yomin em contato
direto com o Ein Sof. Atick Yomin é o Ancião de Dias. O mais alto e elevado que existe, portanto, é estar em
contato direto com Hakadosh Baruch Hu, essa é a medula de nossa existência aqui.
É por isso que na celebração da Seuda Shelish, que se comemora no Shabat à tarde, existe uma canção que fala
sobre Atick Yomin. Neste momento está a medula da elevação do Shabat. Temos os seis dias da semana, o
Shabat a noite (sexta depois do pôr-do-sol), temos o Shabat pela manhã e então a tarde do Shabat, onde já
estamos no ponto mais alto.
Isso nos fala de conhecimentos cada vez mais profundos, de conceitos cada vez mais sutis, de formas de pensar
cada vez mais doces. O mais doce do mais doce e o mais profundo do mais profundo é Atick Yomin.
Shalom!