Conhecimentos Bancarios BNB 2018

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Conhecimentos Bancários

Professor Edgar Abreu

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Aula 1

APRESENTAÇÃO DO CURSO

Querido aluno e futuro servidor do Banco do Nordeste... abaixo preparei um matéria conforme
nossas aulas. Será D+. Curso 100% atualizado, novidades, focado no edital anterior, mas que
será atualizado assim que o novo edital for publicado, muito em breve por sinal.
Conteúdos que serão abordados por mim:
AULA 1: Apresentação do curso.
AULA 2: instituições do Sistema Financeiro Nacional – tipos, finalidades e atuação. Banco Cen-
tral do Brasil e Conselho Monetário Nacional – funções e atividades.
AULA 3: Instituições Financeiras Oficiais Federais – papel e atuação.
AULA 4: Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB).
AULA 5: conta corrente: abertura, manutenção, encerramento, pagamento. Convênios de ar-
recadação/pagamentos (concessionárias de serviços públicos, tributos, INSS e folha de paga-
mento de clientes). Depósitos à vista. Depósitos a prazo (CDB e RDB). Fundos de Investimentos.
Caderneta de poupança.
AULA 6: Títulos de capitalização. Planos de aposentadoria e de previdência privados. Seguros.
AULA 7: Cheques – devolução de cheques e cadastro de emitentes de cheques sem fundos
(CCF), Serviço de Compensação de Cheque e Outros Papéis.
Depois de tudo isso teremos uma aula extra com somente exercícios. Sim, eu sei que você
como aluno da Casa do Concurseiro tem acesso as questões comentadas em vídeo, que são
milhares.. mas resolver questões nunca é demais né?
AULA 8: Resolução de questões.
Se você leu bem o edital, viu que alguns assuntos que constam em conhecimentos específicos
não foram abordados nas aulas. Sim, existem alguns tópicos que serão abordados por outros
amigos: Lucas, Tati e Giuliano. Tenho certeza que você vai adorar as aulas e o material deles.
No último concurso essa parte do conteúdo que irei te ajudar, foi responsável por 17 questões!
Além disso o nosso conteúdo tem peso 2, não se esqueça disso!
Nosso foco de estudos será com o objetivo de responder questões da CESPE. Sim, eu sei que
não definimos ainda qual a banca organizadora, mas quem estiver preparado para enfrentar
as assertivas da cespe, está pronto para detonar qualquer banca. Após a publicação do edital
ajustaremos o nosso foco ok?

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Também é importante salientar que iremos resolver questões em todas as aulas, além do mais,
alunos da Casa do Concurseiro contam com a Casa das Questões, uma plataforma com mais de
50mil questões comentadas em vídeo.
Agora chega de papo e vamos detonar conhecimentos bancários. Lembre-se que quem estudou
com a Casa do Concurseiro para o BNB em 2014, conquistou as primeiras colocações. Nesse
segmento não temos nem concorrentes! Tenho certeza que esse concurso será o seu! :D

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Aula 2

INSTITUIÇÕES DO SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Em algum momento de sua vida você já solicitou ou tomou dinheiro emprestado a um amigo
ou parente? Caso tenha participado de uma operação financeira bilateral, espero que tenha
tido sucesso quanto aos compromissos assumidos. Em geral, não é o que acontece.
Se operações financeiras com pessoas conhecidas já são complexas, imagine fazer um negócio
financeiro com quem você nunca viu. Quais são as garantias? E os riscos assumidos? Em um
cenário no qual as transações no mercado financeiro ocorressem de forma direta entre agentes
1
superavitários e deficitários , quantos negócios teríamos? Como as pessoas e as empresas se
capitalizariam? Certamente a liquidez seria mínima.
Por esse motivo se faz necessária a criação de um Sistema Financeiro, ou seja, um conjunto de
órgãos que regulamenta, fiscaliza e executa as operações necessárias à circulação da moeda e
do crédito na economia. O Sistema Financeiro tem o importante papel de fazer a intermediação
de recursos entre os agentes econômicos superavitários e os deficitários de recursos, tendo
como resultado um crescimento da atividade produtiva. Sua estabilidade é fundamental para a
própria segurança das relações entre os agentes econômicos.

1 Superavitário: quem possui dinheiro sobrando e está disposto a poupar. Deficitário: quem tem déficit financeiro e
busca recursos junto ao mercado.

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2.1. Estrutura do Sistema Financeiro

Uma primeira divisão do Sistema Financeiro Nacional é feita de acordo com o ramo de
atividades, as quais podemos classificar em três mercados distintos e complementares:

Entenda melhor cada um dos mercados:

MERCADO FINANCEIRO
Divisão Objetivos / Características
Garantir a liquidez da economia. O Banco Central
é o principal executor desse mercado, no qual
Mercado De Moeda
atua através da Política Monetária para realizar o
(Monetário)
controle de oferta de moeda e das taxas de juros de
empréstimos de curto prazo.
No qual ocorre a intermediação de recursos de
médio e longo prazo entre os agentes superavitários
Mercado de Crédito
(ofertantes de recursos) e os deficitários (tomadores
de recursos).

Troca de moeda estrangeira por moeda nacional


Mercado de Câmbio (real) ou o inverso. Todas as transações de comércio
exterior do país passam por esse mercado.
Meio de captação de recursos para agentes deficitá-
rios através da oferta de valores mobiliários (ações,
Mercado de Capitais debêntures e notas promissórias, entre outros). É
uma forma de o investidor acessar diretamente os
emissores desses valores mobiliários.

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Transferência de risco de um agente (segurado) para


uma instituição (seguradora) através do pagamento
Mercado de Seguros e
de prêmio (custo do seguro). Mercado essencial
Resseguro
para o gerenciamento de riscos de indivíduos e
empresas.
Acumulação de recursos para garantir uma
Mercado de Previdência aposentadoria complementar ao Instituto Nacional
Aberta do Seguro Social (INSS). Disponível para qualquer
participante que possua interesse.
Garantir ao participante a oportunidade de
Mercado de Capitalização acumular recursos e também de concorrer a
sorteios periódicos de valores em dinheiro.
Acumulação de recursos para garantir uma
Mercado de Previdência aposentadoria complementar ao Instituto Nacional
Complementar Fechada do Seguro Social (INSS). Porém, disponível apenas
(Fundos de Pensão) para um grupo restrito de participantes (funcionários
de uma mesma empresa, por exemplo).
O Mercado Financeiro possui três órgãos normativos (Conselhos), que são os responsáveis por
fixar as diretrizes de cada mercado. A seguir, o Conselho responsável por cada divisão:

Ainda dentro do mercado de normatização, encontram-se os órgãos supervisores, que, além


da supervisão, também executam a função normativa – sempre de acordo com as diretrizes
traçadas por cada conselho.

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Note que o mercado de capitais possui dois supervisores (supervisão compartilhada): o Banco
Central e também a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Essa supervisão compartilhada
justifica-se pelo fato de que a primeira lei que regulamentou o mercado de capitais, a lei federal
no 4.728, de 1965, em seu artigo primeiro, atribuiu ao Banco Central do Brasil a tarefa de
fiscalização desse mercado.
Mesmo com a criação da CVM, a fiscalização do mercado de capitais não foi transferida em
sua totalidade, ficando ainda partes relacionadas ao mercado de títulos públicos sob a
responsabilidade do Banco Central do Brasil, como deixa claro o § 1º do artigo 3º da Lei nº
6.385/76:
“Ressalvado o disposto nesta Lei, a fiscalização do mercado financeiro e de capitais continuará
a ser exercida, nos termos da legislação em vigor, pelo Banco Central do Brasil.”
Por esse motivo é correto afirmar que a fiscalização desse mercado é compartilhada entre o
BCB e a CVM.
As regulamentações dos órgãos supervisores são dadas através de circulares e cartas circulares
(Banco Central e Susep) ou Instruções Normativas (CVM e Superintendência Nacional de
Previdência Complementar – Previc). A legislação ditada por essas entidades deve sempre
seguir orientações de seus respectivos conselhos.
Quando exercem suas funções de fiscalização, os supervisores possuem autonomia para punir
as instituições que não agirem em conformidade com a lei. Como em qualquer julgamento, cabe
à instituição punida a faculdade de recorrer à penalidade aplicada. Para isso, faz-se necessária a
existência de um órgão recursal, que são eles:

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Esses três órgãos recursais são responsáveis por julgar os recursos interpostos, oriundos de
penalidades administrativas aplicadas pelos supervisores do Sistema Financeiro Nacional (SFN).
Essas são as segmentações de mercado, porém, podemos classificar as instituições que fazem
parte do Sistema Financeiro Nacional em três subsistemas: Normativo, Recursal e Operacional:
Alguns autores dividem o SFN em apenas dois subsistemas (normativo e operacional), porém,
os órgãos recursais que fazem parte do Sistema Financeiro, não se classificam nem como
instituições normativas nem como operacionais, por isso, faz-se necessária a criação de um
terceiro subsistema, o qual vamos chamar de subsistema recursal.
Assim, o Sistema Financeiro Nacional passa a ser dividido em três subsistemas, que juntos se
assemelham aos três poderes de um governo.

O subsistema normativo é composto por órgãos normativos e também supervisores. Cada


órgão normativo possui uma ou duas, no caso do CMN, entidades supervisoras, conforme
disposto a seguir.

O subsistema operacional é constituído pelas instituições dedicadas à execução das atividades


finalísticas do SFN, notadamente as instituições financeiras e os demais intermediários
financeiros, a elas equiparadas.
A definição de instituição financeira é dada pela Lei Federal nº 4.595/64, em seu artigo 17.

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“Consideram-se instituições financeiras, para os efeitos da legislação em vigor, as pessoas
jurídicas públicas ou privadas, que tenham como atividade principal ou acessória a coleta,
intermediação ou aplicação de recursos financeiros próprios ou de terceiros, em moeda nacional
ou estrangeira, e a custódia de valor de propriedade de terceiros.”
No mesmo artigo, em seu parágrafo único, é possível termos a identificação de “equiparação à
instituição financeira”:
“Para os efeitos desta lei e da legislação em vigor, equiparam-se às instituições financeiras
as pessoas físicas que exerçam qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma
permanente ou eventual.”
Além disso, a lei federal nº 492, de junho de 1986, que trata de crimes contra o sistema
financeiro, altera e atualiza a equiparação de instituição financeira em seu artigo primeiro,
parágrafo único, contemplando também a pessoa jurídica:
“Equipara-se à instituição financeira:
I – a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio, consórcio, capitalização ou
qualquer tipo de poupança, ou recursos de terceiros;
II – a pessoa natural que exerça quaisquer das atividades referidas neste artigo, ainda que de
forma eventual.”
Algumas instituições financeiras, além de pertencerem ao subsistema operacional, também
executam atividades normativas. Por esse motivo, são conhecidos como agentes especiais. Os
agentes especiais são: o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social.
São eles (BB, CEF e BNDES) os três pilares que auxiliam o governo na implementação das
políticas econômicas voltadas para o agronegócio (BB), habitação e financiamento de longo
prazo (CEF) e investimento (BNDES).
Alguns autores classificam também o Banco da Amazonas e o Banco do Nordeste (BNB) como
agentes especiais, porém, apesar de serem responsáveis pela execução das políticas públicas do
governo, não podemos equipará-los aos agentes especiais, aqui definidos, devido à restrição
geográfica imposta pela área de atuação, uma vez que os dois são responsáveis por executar
políticas públicas regionais e não de âmbito nacional, como os demais.
As Instituições Monetárias são as que possuem a capacidade de criar moeda escritural através
da captação de depósito à vista. Somente essas instituições podem manter contas correntes
movimentáveis por cheques. Não é correto chamá-las de Instituições Bancárias, considerando
que a captação de depósito à vista também é permitida às cooperativas de crédito e à Caixa
Econômica Federal (CEF), que não são bancos. Além do mais, os Bancos de Investimento,
Desenvolvimento, Múltiplo (sem a carteira comercial) e de Câmbio, apesar de serem bancos,
não podem captar através de depósito à vista, portanto não criam moeda, sendo caracterizados
como instituições não monetárias.
Outro erro de divisão do sistema financeiro é a criação de subconjuntos do tipo “bancário”,
“não bancário”, “auxiliares do sistema financeiro nacional” etc.
Ora, se definirmos um conjunto com o nome de “instituições bancárias”, logo, todas as
instituições que não fizerem parte desse conjunto devem ser intituladas como “não bancárias”.

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Esse é o princípio lógico da negação de uma proposição simples em lógica matemática.


Portanto, não monetárias são todas as instituições financeiras que não são bancárias.
No modelo proposto vamos criar apenas o conjunto com as instituições monetárias, aquelas
que possuem capacidade de criar moeda escritural, ficando subentendido que todas as
demais instituições são classificadas como não monetárias (sem a capacidade de criar moeda
escritural).
O Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) é composto pelas instituições
financeiras que captam, entre outros meios, através de cadernetas de poupança e possuem
destinação básica desses recursos para financiamentos habitacionais, bem como as operações
de financiamento efetuadas no âmbito do Sistema Financeiro da Habitação (SFH). O SBPE
é composto por: Banco Múltiplo com carteira de Crédito Imobiliário, Sociedades de Crédito
Imobiliário, Associações de Poupança e Empréstimo e Caixa Econômica Federal. Notem que as
Companhias Hipotecárias, apesar de concederem crédito para habitação, não fazem parte do
SBPE, sendo assim, não têm autorização para captação por meio de caderneta de poupança.
O Sistema de Distribuição de Títulos e Valores Mobiliários é composto por instituições que
sofrem fiscalização compartilhada (BCB e CVM). De forma resumida, a autorização para o seu
funcionamento e também atuação no mercado de câmbio é fornecida pelo BCB, enquanto a
autorização das suas atividades, valores mobiliários, é concedida pela CVM.
Em geral, todos os órgãos e instituições citados no organograma do SFN estão vinculados ao
Ministério da Fazenda, sendo as exceções:

Ministério
Desenvolvimento 1. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
1. Sociedades de Fomento Mercantil (Factoring)
Sem vínculo a ministério
2. Sociedades Securitizadoras de Recebíveis

Com a alteração de status do Ministério da Previdência Social para Secretaria da Previdência


Social em 2016, essa pasta ficou vinculada ao Ministério da Fazenda. Sendo assim, os órgãos a
seguir ficaram, de forma indireta, vinculados também ao Ministério da Fazenda:
1. Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
2. Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)
3. Câmara de Recursos da Previdência Complementar (CRPC)
4. Entidade Fechada de Previdência Complementar

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2.2 Conselho Monetário Nacional (CMN)

Os órgãos normativos são responsáveis por determinar regras e diretrizes gerais para o bom
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Os três órgãos normativos que compõem o
Sistema Financeiro Nacional são:
1. Conselho Monetário Nacional (CMN)
2. Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP)
3. Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC)
O Conselho Monetário Nacional (CMN), é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional,
criado em 1964 pela lei federal nº 4.595 – mas a sua instituição se deu apenas em 31 de março
de 1965, já que a lei que o cria só entrava em vigor 60 dias após a publicação –, substituindo a
autoridade monetária da época, que era a Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc)
com a finalidade de formular a política da moeda e do crédito.
Em sua primeira formação, o CMN era composto pelo Ministro da Fazenda (presidente
do Conselho), pelo Presidente do Banco do Brasil, o Presidente do Banco Nacional do
Desenvolvimento Econômico (BNDE2) e mais seis membros nomeados pelo Presidente da
República. Desde sua criação, sofreu por algumas mudanças em sua composição, ficando como
a atual, ditada pela lei nº 9.069/95 (Plano Real), que limita a quantidade de membros a apenas
três, sendo eles o Ministro de Estado da Fazenda, na qualidade de Presidente, Ministro de
Estado do Planejamento e Orçamento e Gestão e o Presidente do Banco Central do Brasil.
Sua atual composição é:

Composição CMN
1 Ministro da Fazenda (Presidente)

2 Ministério do Planejamento

3 Presidente do Banco Central

Seus membros se reúnem, ordinariamente, uma vez por mês para deliberar sobre assuntos
relacionados com as competências do CMN. Em casos extraordinários pode acontecer mais
de um encontro por mês. Para as suas reuniões, o CMN conta com auxílio das comissões
consultivas, que têm como finalidade auxiliar o Conselho em suas decisões, criadas a partir do
artigo 7º da lei federal nº 4.595/64. A sua atual e correta composição foi definida no artigo 11º
da lei federal nº 9.069:

2 Na época (1945) o BNDE não tinha em seu nome nem em suas atividades o cunho “social”, passando a se chamar
BNDES somente em 1982.

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O CMN é obrigado a realizar audiência das Comissões Consultivas no trato das matérias
atinentes às finalidades específicas das referidas Comissões, ressalvados os casos em que se
impuser sigilo.
Junto ao CMN também funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc), que
foi criada pelo art. 9º da Lei nº 9.069, de 29 de junho de 1995, e tem como coordenador o
Presidente do Banco Central do Brasil.
A Comoc funciona como órgão de assessoramento técnico para o CMN na formulação da política
da moeda e do crédito do país. Apesar de prestar assessoria técnica, a Comoc não pode ser
considerada uma comissão consultiva, já que suas competências são bem mais abrangentes,
destacando-se pelo fato de ser a responsável em propor regulamentação e também em se
manifestar previamente sobre as matérias tratadas de competência do Conselho Monetário
Nacional.
O CMN reúne-se, ordinariamente, uma vez por mês e, extraordinariamente, por convocação
do seu presidente. Participam das suas reuniões, além dos conselheiros, membros da Comoc,
diretores de Administração e Fiscalização do Banco Central do Brasil e representantes das
Comissões Consultivas quando convocados pelo Presidente do CMN (Ministro da Fazenda),
porém somente os três conselheiros possuem direito a voto.
Em todas as reuniões são lavradas atas, cujo extrato é publicado no Diário Oficial da União
(DOU), no qual também devem ser publicadas as matérias aprovadas que são regulamentadas
por meio de Resoluções, normativos de caráter público, que também podem ser consultados
na página de normativos do Banco Central do Brasil3.
Os objetivos do CMN estão definidos no artigo 3º da lei nº 4.595. São eles:

3 Ver Link 1 na seção Links interessantes e QR codes.

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“I – Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e
seu processo de desenvolvimento.”
Os meios de pagamento são uma espécie de termômetro da economia, que serve de auxílio
para o Banco Central do Brasil (BCB) executar sua política monetária. O objetivo do CMN em
adaptar esses meios de pagamento justifica-se também pelo fato de ele ser responsável pela
coordenação da política monetária, definida pelo 7º objetivo (ver mais adiante).
“II – Regular o valor interno da moeda para tanto, prevenindo ou corrigindo os surtos
inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e
outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais.”
O valor interno da moeda é importante, pois está relacionado diretamente ao preço dos
produtos e serviços, ao poder de compra da moeda e, consequentemente, à inflação. Para
atingir esse objetivo, uma das competências do CMN é a de determinar a meta de inflação a
ser considerada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na decisão da taxa de juros Selic
Meta. (artigo 1º do Decreto 3.088 de 1999).
“III – Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento do País, tendo
em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira.”
O comércio internacional é altamente influenciado pelo valor da moeda local. Nada adianta um
país ter controle da inflação e não ser competitivo no comércio exterior. Para manter-se com
uma balança de pagamento equilibrada, é necessário controle e intervenções das autoridades
monetárias. Para cumprir tal objetivo, o CMN pode, entre outras medidas, outorgar ao Banco
Central do Brasil o monopólio das operações de câmbio quando ocorrer grave desequilíbrio no
balanço de pagamentos ou houver sérias razões para prever a iminência de tal situação. (Inciso
XVIII do artigo 4º da lei nº 4.595/64).
“IV – Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer
privadas; tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao
desenvolvimento harmônico da economia nacional.”
Como maior autoridade monetária do país, cabe ao CMN a responsabilidade de orientar as
instituições financeiras quanto a suas aplicações de recursos. As Sociedades Seguradoras, por
exemplo, que são regulamentadas e fiscalizadas pelo Conselho Nacional de Seguros Privados
(CNSP) e pela Superintendência Nacional de Seguros Privados (Susep), devem seguir orientações
do CMN quanto à aplicação de recursos. Vale ressaltar que as Sociedades Seguradoras, mesmo
não sendo Instituições Financeiras, são equiparadas como tal, de acordo com o artigo 1º da lei
federal nº 7.492, de 1986.
“V – Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à
maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos.”
Um dos exemplos da atuação do CMN para atingimento desse objetivo foi a criação do
DPGE (Depósito a Prazo com Garantia Especial), em 2009, pela resolução nº 3.692 (revogada
posteriormente após a estabilidade da economia). Esse novo instrumento de captação foi uma
alternativa para bancos de menor porte em meio à crise internacional de liquidez, que, no Brasil,
atingiu principalmente as instituições financeiras de pequeno e médio porte. O DPGE conta
com garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até o limite de 20 milhões atualmente. A
criação dessa nova ferramenta de captação também atendeu a mais um objetivo do conselho,
que é o de:

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“VI – Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras.”


A liquidez e solvência das instituições financeiras estão diretamente ligadas com a liquidez da
economia, porém, a responsabilidade de zelar pela liquidez da economia é do Banco Central
do Brasil, e não do CMN.
“VII – Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública,
interna e externa.”
O Conselho deve coordenar as políticas, sendo o Banco Central do Brasil o responsável pela
execução das mesmas.
Já as competências do CMN estão redigidas no artigo 4º da lei que o cria (nº 4.595/64). Entre
elas, as principais são:
1. Autorizar as emissões de papel-moeda
2. Fixar as diretrizes e normas da política cambial
3. Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as
suas formas
4. Regular a constituição, funcionamento e fiscalização das Instituições Financeiras
5. Limitar, sempre que necessário, as taxas de juros, descontos e comissões, e qualquer outra
forma de remuneração de operações e serviços bancários ou financeiros, inclusive os
prestados pelo Banco Central
6. Determinar a percentagem máxima dos recursos que as instituições financeiras poderão
emprestar a um mesmo cliente ou grupo de empresas
7. Expedir normas gerais de contabilidade e estatística a serem observadas pelas instituições
financeiras
É importante salientar que, apesar de o Inciso XIV desse mesmo artigo afirmar que compete
ao CMN a tarefa de determinar recolhimento de até 60% (sessenta por cento) do total dos
depósitos e/ou outros títulos contábeis das instituições financeiras, é responsabilidade do BCB
determinar tais percentuais, como fica claro no artigo 10, Inciso III:
“Compete privativamente ao Banco Central do Brasil determinar o recolhimento de até cem
por cento do total dos depósitos à vista e de até sessenta por cento de outros títulos contábeis
das instituições financeiras.”
O depósito compulsório é um dos instrumentos de política monetária, e a sua execução, que é
atribuição do BCB, depende essencialmente da alteração da alíquota de recolhimento.

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2.3 Banco Central do Brasil (BCB ou Bacen)

As entidades supervisoras trabalham para que os cidadãos e os integrantes do sistema


financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos. Suas competências são as de
regulamentar o mercado de acordo com as diretrizes traçadas pelos respectivos órgãos
normativos, supervisionar, fiscalizar e punir os agentes que agirem às margens da legislação.
Os quatro órgãos supervisores que compõem o Sistema Financeiro Nacional são:
1. Banco Central do Brasil (BCB ou BACEN)
2. Comissão de Valores Mobiliários (CVM)
3. Superintendência de Seguros Privados (Susep)
4. Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc)
Abaixo, novamente ilustramos o mercado de atuação de cada órgão supervisor:

O Banco Central do Brasil, criado pela lei nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964, é uma autarquia4
federal vinculada ao Ministério da Fazenda, com sede e foro em Brasília-DF e atuação em todo
o território nacional, embora suas representações estejam restritas às capitais dos Estados do
Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Ceará
e Pará.
O BCB é o principal executor das orientações do Conselho Monetário Nacional e, segundo
o artigo 2º do seu regimento interno (Portaria nº 84.287, de 27 de fevereiro 2015), as suas
finalidades são:
•• Formulação, execução, acompanhamento e controle das políticas monetária, cambial, de
crédito e de relações financeiras com o exterior.
•• Fazer a gestão do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) e dos serviços do meio circulante.
•• Organizar, disciplinar e fiscalizar o Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de
Consórcio.

4 Autarquia: serviço autônomo, criado por lei, com personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar
atividades típicas da Administração Pública, que requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão administrativa
e financeira descentralizada.

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Políticas econômicas:
•• Conselho Monetário Nacional (CMN): responsável por coordenar.
•• Banco Central do Brasil (BCB): responsável por formular, executar, acompanhar e controlar.

O que é: Possui Meta


Conjunto de medidas adotadas pelo Bacen, vi- Sim.
sando adequar os meios de pagamento disponí-
Política veis às necessidades da economia do país, bem A Meta de inflação é definida
Monetária como controlar a quantidade de dinheiro em pelo CMN. Atualmente é de
circulação no mercado e que permite definir as 4,5% ao ano com 2% de inter-
taxas de juros. valo de tolerância

Tem como objetivo ampliar a oferta e o acesso


Política Creditícia Não
da população ao crédito.
É o conjunto de ações governamentais dire-
tamente relacionadas ao comportamento do
mercado de câmbio, inclusive no que se refere
Política Cambial à estabilidade relativa das taxas de câmbio e ao Não
equilíbrio no balanço de pagamentos. Tem como
objetivo o aperfeiçoamento permanente do re-
gime de câmbio flutuante.
Política Conjunto de ações governamentais com o
Financeira com o objetivo de buscar maior equilíbrio nas relações Não
exterior de comércio com os parceiros do exterior.

Além de fiscalizar o SFN, o BCB é responsável também por fiscalizar o mercado de capitais
junto com a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Mesmo com a instituição da CVM por
meio da lei federal nº 6.385/76, parte do mercado de capitais, que envolve basicamente os
títulos públicos federais, estaduais e municipais, continuam sob a supervisão do BCB, conforme
já constava na lei federal nº 4.728/65. (lei nº 6.385, artigo 3º, parágrafo 1º).
Seus objetivos são os de:
•• Manter as reservas internacionais em nível adequado;
•• Estimular a formação de poupança;
•• Zelar pela estabilidade e promover o permanente aperfeiçoamento do sistema financeiro;
•• Zelar pela adequada liquidez da economia.
OBS: cuidado para não confundir com o objetivo do Conselho Monetário Nacional, que é de
“zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras”)

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Para cumprir com as suas responsabilidades e atingir seus objetivos, o BCB conta com uma
diretoria colegiada5, que é composta por até nove membros – um dos quais o presidente –,
todos nomeados pelo Presidente da República, entre brasileiros de ilibada reputação e notória
capacidade em assuntos econômico-financeiros. Após a nomeação, os nomes devem ser
aprovados também pelo Senado Federal. Desde o final de 2004, o presidente do Bacen ganhou
status de Ministro de Estado, dado pela lei federal nº 11.036.
As atuais diretorias do Banco Central estão representadas no quadro a seguir:

DIRETORIA / DIRETOR
1 Presidência
2 Diretor de Administração (Dirad)
3 Diretor de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos (Direx)
4 Diretor de Fiscalização (Difis)
Diretor de Organização do Sistema Financeiro e Controle de Operações do Crédito Rural
5
(Diorf)
6 Diretor de Política Econômica (Dipec)
7 Diretor de Política Monetária (Dipom)
8 Diretor de Regulação (Dinor)
9 Diretor de Relacionamento Institucional e Cidadania (Direc)

As decisões da Diretoria Colegiada serão tomadas por maioria de votos, cabendo ao presidente,
ou a seu substituto, o voto de qualidade. A diretoria reúne-se, ordinariamente, uma vez por
semana. Nesse encontro devem estar presentes, no mínimo, o presidente, ou seu substituto, e
metade do número de diretores.
Além das reuniões periódicas, os diretores do BCB reúnem-se também para estabelecer
as diretrizes da política monetária e para definir a taxa de juros. Essas atividades são de
responsabilidades do Comitê de Política Monetária (Copom), que foi instituído em 20 de junho
de 1996 e é formado pelos diretores do Banco Central.
O BCB, na implementação das resoluções aprovadas pelo CMN, edita os seguintes documentos:

DOCUMENTO O QUE É
Ato normativo que tem por finalidade divulgar deliberação da Diretoria
CIRCULAR
Colegiada do Banco Central
Ato normativo que tem a finalidade de divulgar instrução, procedimento
CARTA CIRCULAR
ou esclarecimento a respeito do conteúdo de documentos normativos
Documento administrativo de âmbito externo, que tem por finalidade
COMUNICADO divulgar deliberação ou informação relacionada à área de atuação do
Banco Central do Brasil

5 Órgãos colegiados são aqueles em que há representações diversas e as decisões são tomadas em grupo, com o
aproveitamento de experiências diferenciadas.

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Dentre suas atribuições do BCB estão:


1. Emitir papel-moeda e moeda metálica;
2. Executar os serviços do meio circulante;
3. Realizar operações de redesconto e empréstimo às instituições financeiras;
4. Efetuar operações de compra e venda de títulos públicos federais;
5. Exercer o controle de crédito;
6. Estabelecer as condições para o exercício de quaisquer cargos de direção nas instituições
financeiras;
7. Vigiar a interferência de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais e controlar
o fluxo de capitais estrangeiros no país;
8. Receber recolhimentos compulsórios e voluntários das instituições financeiras e bancárias.
Também compete ao BCB determinar o recolhimento de até 100% do total dos depósitos
à vista e de até 60% de outros títulos contábeis das instituições financeiras, seja na forma
de subscrição de Letras ou Obrigações do Tesouro Nacional ou compra de títulos da Dívida
Pública Federal, seja através de recolhimento em espécie, conforme Inciso III do artigo 10
da lei nº 4.595/64;
9. Autorizar o funcionamento das instituições financeiras, exceto quando essa for uma
instituição estrangeira. Nesse caso, a autorização é dada através de decreto do Poder
Executivo, conforme artigo 18 da lei nº 4.595/64;
10. Exercer a fiscalização das instituições financeiras. São Instituições Fiscalizadas pelo BCB:

Base Legal Instituições Fiscalizáveis


Bancos: Comerciais, de Investimento, de Câmbio, Múltiplos e de
Desenvolvimento
1. Caixa Econômica Federal
2. Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
3. Sociedades: corretora de câmbio e de crédito, financiamento e
investimento
Lei federal nº 4.595/64 4. Companhias hipotecárias
5. Agências de turismo e meios de hospedagem autorizados pelo BCB a
operar no mercado de câmbio
6. Empresas brasileiras que administram cartões de crédito de uso
internacional
7. Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) – nas transferências
internacionais de recursos vinculadas a vales postais internacionais
Lei nº 4.380/64 8. Sociedades de crédito imobiliário
Lei nº 4.728/65 9. Sociedades Corretoras e Distribuidoras de títulos e valores mobiliários1
Decreto-lei nº 70/66 10. Associações de Poupança e Empréstimo

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Lei nº 5.764/71 e
11. Cooperativas de crédito
LC nº 130/09
Lei nº 6.099/74 12. Sociedades de Arrendamento Mercantil
Lei nº 11.795/08 13. Administradoras de Consórcios
14. Escritórios de representação de instituições financeiras sediadas no
Lei nº 9.613/98
exterior (acerca da prevenção e combate à lavagem de dinheiro)
Lei nº 10.194/01 15. Sociedades de crédito ao microempreendedor
Medida provisória nº
16. Agências de fomento
2.192-70
Lei nº 6.385/76 17. Empresas de auditoria contábil e auditores contábeis independentes
Lei 12.865/13 18. Instituições de pagamento e de arranjos de pagamentos

As sociedades de fomento comercial (factoring) não são fiscalizadas pelo BCB, sendo suas
atividades meramente comerciais.
Note que as atribuições do BCB, em geral, têm caráter de supervisão, o que fica claro pelos
verbos destacados em negrito. Porém, como exceção, algumas atividades do BCB têm caráter
normativo no sentido mais amplo, como os de:
•• Regular a execução dos serviços de compensação de cheques e outros papéis e de
transferência de recursos. Nesse caso, fica o Banco do Brasil como responsável pela
execução do serviço de compensação.
•• Regulamentar e fiscalizar o mercado de câmbio – mercado esse que compreende as
operações de compra e de venda de moeda estrangeira, as operações em moeda nacional
entre residentes, domiciliados ou com sede no país e residentes, domiciliados ou com sede
no exterior e as operações com ouro-instrumento cambial, realizadas por intermédio das
instituições autorizadas a operar no mercado de câmbio pelo Banco Central, diretamente
ou por meio de seus correspondentes.
Segundo a Constituição Federal, artigo 164 em seu parágrafo primeiro, “é vedado ao banco
central conceder, direta ou indiretamente, empréstimos ao Tesouro Nacional e a qualquer
órgão ou entidade que não seja instituição financeira”.
Desde a publicação da Lei Federal de Responsabilidade Fiscal (LC nº 101, de 04/05/2000), o BCB
não emite mais títulos da dívida pública (vedado pelo artigo 34), ficando o Tesouro Nacional o
único órgão autorizado a emitir títulos para atender a política fiscal. O Banco Central utiliza os
títulos do Tesouro Nacional para realizar política monetária por meio de operações de compra
e venda no mercado secundário.
A atuação do BCB no mercado primário de títulos públicos se dá somente quando a emissão
dos títulos tiver com objetivo o refinanciamento da dívida pública. Nesse caso, a compra de
títulos se caracteriza como um alongamento do prazo das dívidas e não como um financiamento
ao tesouro.

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Importante ressaltar que, no mercado primário , o valor de venda dos títulos públicos será
repassado para o cofre do governo, motivo pelo qual o BCB não pode atuar nesse segmento,
exceto no caso citado anteriormente. Já no mercado secundário, no qual o BCB atua livremente,
a negociação é de um título já existente e anteriormente adquirido por um investidor, ou seja, o
valor de venda irá para esse investidor e não para o governo.

2.4 Comitê De Política Monetária (Copom)

O Comitê de Política Monetária (Copom) foi instituído em 20 de junho de 1996 com o objetivo
de estabelecer as diretrizes da política monetária e de definir a meta da taxa básica de juros,
que no Brasil é a Taxa Over-Selic, ou Taxa Selic e seu eventual viés6.
O Copom é composto pelos membros da Diretoria Colegiada do BCB: o presidente e os
diretores. Após a publicação do decreto federal nº 3.088, em 21 de junho de 1999, o Copom
passou a ter a sistemática de metas para a inflação como diretriz de política monetária. Desde
então, as decisões do Copom passaram a ter como objetivo cumprir as metas para a inflação
definidas pelo Conselho Monetário Nacional.
Se, em determinado ano, a inflação (medida pelo Índice de Preço ao Consumidor Amplo – IPCA)
ultrapassar a meta estabelecida pelo CMN, o Presidente do BCB deve encaminhar carta aberta
ao Ministro da Fazenda explicando as razões do não cumprimento da meta, bem como as
medidas necessárias para trazer a inflação de volta à trajetória predefinida e o tempo esperado
para que essas medidas surtam efeito.
Abaixo, o quadro demonstra como foi em cada ano o comportamento da inflação com relação
à meta da taxa de juros:

META BANDA INFLAÇÃO


ANO LIMITES Carta Aberta
(%) (%) (IPCA)
1999 8% 2% 6% a 10% 8,94% NÃO
2000 6% 2% 4% a 8% 5,97% NÃO
SIM
2001 4% 2% 2% a 6% 7,67% http://www.bcb.gov.br/htms/
relinf/carta.pdf
SIM
2002 3,5% 2% 1,5% a 5,5% 12,53% http://www.bcb.gov.br/htms/
relinf/carta2003.pdf
SIM
2003 4% 2,5% 1,5% a 6,5% 9,30% http://www.bcb.gov.br/htms/
relinf/carta2004.pdf
2004 5,5% 2,5% 3% a 8% 7,60% NÃO
2005 4,5% 2,5% 2% a 7% 5,69% NÃO

6 Viés: o viés é utilizado, normalmente, quando alguma mudança significativa na conjuntura econômica for esperada.
A última vez em que esse expediente foi utilizado ocorreu na 82ª reunião do Comitê, em 19-20/3/2003.

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2006 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 3,14% NÃO
2007 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 4,46% NÃO
2008 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 5,90 NÃO
2009 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 4,31 NÃO
2010 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 5,91 NÃO
2011 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 6,50 NÃO
2012 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 5,84 NÃO
2013 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 5,91 NÃO
2014 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 6,41 NÃO
SIM
2015 4,5% 2% 2,5% a 6,5% 10,67 http://www.bcb.gov.br/htms/
relinf/carta2016.pdf
2016 4,5% 2% 2,5% a 6,5%
2017 4,5% 1,5% 3% a 6%

As reuniões ordinárias7 acontecem oito vezes ao ano, aproximadamente a cada seis semanas,
e são realizadas em dois dias. A primeira sessão começa na tarde de terça-feira, quando os
chefes de departamento fazem suas apresentações técnicas sobre a conjuntura econômica
e financeira. A reunião é concluída, normalmente, ao fim da tarde do dia seguinte (quarta-
feira), no qual participam apenas os membros do Comitê e os diretores de Política Monetária
e Política Econômica, além do chefe do Depep, sem direito a voto. Após análise das projeções
atualizadas para a inflação, os diretores de Política Monetária e de Política Econômica
apresentam alternativas para a taxa de juros de curto prazo e fazem recomendações acerca da
política monetária.
Em seguida, os demais membros do Copom fazem suas ponderações e apresentam eventuais
propostas. Ao final, procede-se a votação das propostas, buscando, sempre que possível,
o consenso. A decisão – a meta para a Taxa Selic e o viés, se houver – é imediatamente
divulgada à imprensa, ao mesmo tempo em que é expedido comunicado através do Sistema de
Informações do Banco Central (SisBacen). O Presidente tem direito ao voto decisório em caso
de empate na decisão da política monetária.
As atas em português das reuniões do Copom devem ser divulgadas no prazo de até seis dias
úteis após a data de sua realização, o que normalmente acontece às 8h30 da quinta-feira da
semana posterior a cada reunião.
Ao final de cada trimestre civil (março, junho, setembro e dezembro), o Copom publica o
documento “Relatório de Inflação”, que analisa detalhadamente a conjuntura econômica e
financeira do país, bem como apresenta suas projeções para a taxa de inflação.

7 Desde sua criação, o Copom reuniu-se apenas três vezes de forma extraordinária.

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Aula 3

INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS OFICIAIS FEDERAIS –


PAPEL E ATUAÇÃO

Nessa aula vamos falar sobre os agentes especiais e também sobre o Banco do Nordeste do
Brasil – BNB. Vale lembrar mais uma vez que o assunto BNB poderá ser cobrado tanto nas
questões de conhecimentos gerais quanto nas de conhecimentos específico.
Recebem o nome de agentes especiais as instituições que, mesmo fazendo parte do subsistema
operacional (intermediação), também cumprem funções normativas. Normalmente estas
atividades são relacionadas a implementação das políticas econômicas do governo federal.
O governo possui três grandes pilares (instituições financeiras), que auxiliam na execução das
suas principais políticas. São elas:

Existem outras instituições financeiras federais que também auxiliam o governo na execução
de políticas públicas, como o Banco do Amazonas e o Banco do Nordeste, porém, essas
instituições têm área de atuação restrita, não atuando em todo o território nacional – por esse
motivo, não vamos equipará-las às instituições acima citadas.

3.1 Banco Do Brasil (BB)

Criado pelo príncipe Dom João em sua chegada ao Brasil, há mais de 200 anos, após ele ser
obrigado a deixar repentinamente Portugal, invadido pelas tropas de Napoleão, o Banco do
Brasil é a Instituição Financeira mais antiga do país.

www.acasadoconcurseiro.com.br 765
O Banco do Brasil tem presença marcante em todo o Brasil. São mais de 109 mil funcionários,
18 mil pontos de atendimento e mais de 57 mil caixas eletrônicos.
Seu controle é da União, sendo uma economia mista de capital aberto, com a posição acionária
conforme a imagem 1. Segundo o Banco Central do Brasil, o BB é responsável por administrar
20% dos ativos do mercado financeiro,– posição consolidada de setembro de 2015.

Apresentou, em 2015, o terceiro maior lucro líquido do setor financeiro – R$ 14,4 bilhões –,
28% maior em relação a 2014, ficando atrás somente dos bancos Itaú e Bradesco.
O ingresso no Banco do Brasil, como funcionário, se dá através de concursos públicos. Em seu
último certame, organizado pela banca Cesgranrio, foram cobradas questões das disciplinas:
Língua Portuguesa, Raciocínio Lógico e Matemático, Atualidades do Mercado Financeiro,
Cultura Organizacional, Técnica de Vendas e Atendimento, Informática, Conhecimentos
Bancários, Inglês e Redação.
A exigência de domínio de Inglês em sua seleção mostra o quanto a instituição vem
continuamente ampliando sua presença internacional, contando hoje com mais de 50 pontos
de atendimento no exterior, divididos em agências, subagências, unidades de negócios/
escritórios e subsidiárias em 23 países, estando presente nos principais centros financeiros das
Américas, Europa e Ásia.
O que faz do Banco do Brasil uma instituição financeira diferenciada das demais é o fato de ser
o responsável por executar algumas políticas do governo federal, conforme constam no artigo
19 da lei federal nº 4.595/64, sendo os principais:
I. Executar a política de preços mínimos dos produtos agropastoris.
II. Ser agente pagador e recebedor fora do País.
III. Executar os serviços de compensação de cheques e outros papéis.

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IV. Realizar, por conta própria, operações de compra e venda de moeda estrangeira e, por
conta do Banco Central da República do Brasil, nas condições estabelecidas pelo Conselho
Monetário Nacional.
Em marco de 2009, através da lei federal nº 11.908, o governo autoriza o Banco do Brasil
S.A. e a Caixa Econômica Federal a constituírem subsidiárias e a adquirirem participação em
instituições financeiras sediadas no Brasil.
As instituições financeiras incorporadas ou adquiridas pelo BB ao longo dos últimos anos foram:

Ano Instituição Financeira Comentário


2008 Banco do Estado do Piauí BEP) Incorporado
2009 Nossa Caixa – SP Incorporado
Compra de 49,9% das ações ordinárias por
2009 Banco Votorantim
aproximados 4,95 bilhões de reais.
Compra de 51% do capital social por
2010 Banco Patagônia
aproximadamente 480 milhões de dólares.
Ganho de licitação com lance de 2,3 bilhões
2011 Banco Postal de reais, que permite a concessão entre os
anos de 2012 a 2022.
Compra de 100% das ações do Eurobank,
na Flórida/EUA, por 6 milhões de dólares.
2012 Eurobank
A instituição passou a se chamar Banco do
Brasil Americas.

Além dessas aquisições, o BB possui Joint Venture1 com as empresas de seguros Mapfre e de
cartões Cielo.

3.2 Caixa Econômica Federal (CEF)

No dia 12 de janeiro de 1861, Dom Pedro II


assinou o Decreto nº 2.723, que fundou a Caixa
Econômica da Corte.
Junto com a criação da Caixa também veio a
modalidade de investimento mais conhecida e
antiga do mercado financeiro, as cadernetas de
poupança, que foram instituídas pelo artigo 1º
do decreto assinado por Dom Pedro II, que dizia
em sua redação original:

1 Joint venture: é uma expressão de origem inglesa, que significa a união de duas ou mais empresas já existentes,
com o objetivo de iniciar ou realizar uma atividade econômica comum, por um determinado período de tempo e,
visando, dentre outras motivações, o lucro.

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“A Caixa Econômica estabelecida na Cidade do Rio de Janeiro, em virtude do art. 2º, §§ 1º e 14
a 16 da Lei nº 1.083 de 22 de Agosto de 1860, tem por fim receber a juro de 6%, as pequenas
economias das classes menos abastadas, e de assegurar, sob garantia do Governo Imperial, a
fiel restituição do que pertencer a cada contribuinte, quando este o reclamar na fórma do art.
7º deste Regulamento.”
Note que, desde sua criação, a caderneta de poupança já contava com juros de 6% ao ano e
com garantia do governo federal.
Nessa época, a finalidade da caderneta de poupança e da Caixa Econômica era captar os
recursos e economias da população mais necessitada. Inclusive era permitido aos escravos
que tinham algum provento, chamados na época de “escravos de ganho”, guardar as suas
economias na Caixa Econômica, na poupança, e essas economias, muitas vezes, serviam para
comprar a própria carta de alforria.

Ano Evolução
1861 Criação da Caixa Econômica, monte de socorro (penhor) e da caderneta de
poupança.
1931 Primeiro empréstimo consignado do país é realizado pela Caixa.
1934 Passou a ser exclusiva na concessão de empréstimo sob garantia de penhor civil.
1961 Passou a ser responsável pelas operações dos jogos lotéricos no Brasil através da
divisão de loterias.
1969 Passou a ser uma empresa 100% pública federal, vinculada ao Ministério da
Fazenda.
1986 Incorporou o Banco Nacional de Habitação (BNH) e se tornou o maior agente
nacional de financiamento da casa própria.
1990 Iniciou a centralização de todas as contas vinculadas do FGTS, que, à época, eram
administradas por mais de 70 instituições bancárias.
2012 Começou a investir em patrocínios no meio futebolístico.

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Com esse propósito, a Caixa foi crescendo e ganhando novas atividades, tornando-se, hoje, uma
das maiores empresas do governo federal. Importante destacar que, embora a Caixa exerças
atividades similares às oferecidas pelos bancos, legalmente ela não pode ser enquadrada como
tal, sendo que é uma empresa pública federal. A própria Caixa se intitula ser mais do que um
banco, haja vista que a mesma exerce diversas funções de cunho social que são de interesse do
governo federal.
O fato de ser responsável pela implementação das políticas sociais do governo federal faz da
Caixa um agente especial. Entre os programas sociais administrados por ela, destacam-se:

PROGRAMA O QUE É?
É um programa de transferência direta de renda, direcionado às famílias em
situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país, que tem como
objetivos: combater a fome e promover a segurança alimentar e nutricional,
Bolsa Família
combater a pobreza e outras formas de privação das famílias, promover o
acesso à rede de serviços públicos, em especial, saúde, educação, segurança
alimentar e assistência social.
Minha Casa É uma iniciativa do governo federal que oferece condições atrativas para o
Minha Vida financiamento de moradias para famílias de baixa renda.
Um dos mais importantes direitos dos trabalhadores brasileiros, o benefício
Seguro-desemprego oferece auxílio em dinheiro por um período determinado. Ele é pago em três
a cinco parcelas de forma contínua ou alternada.
O Fundo de Financiamento Estudantil (FIES) é um programa do Ministério da
FIES Educação (MEC) que financia a graduação, em instituições particulares, de
estudantes que não possuem condições de arcar com os custos.
É um programa que procura ampliar o acesso da população aos medicamentos
considerados essenciais ao tratamento de doenças com maior ocorrência no
Farmácia Popular
Brasil, e é realizado por meio de transferência de recursos do Ministério da
Saúde aos estabelecimentos farmacêuticos credenciados.
O programa do Governo Federal, em parceria com o Ministério dos Esportes,
tem o objetivo de formar uma geração de atletas com potencial de representar
Bolsa Atleta o Brasil. A estratégia é simples: garantir a manutenção pessoal mínima dos
atletas para que eles tenham as condições necessárias para se dedicar ao
esporte.

Para ser um empregado Caixa, é necessário prestar um concurso público, conforme determina a
Constituição Federal e o Estatuto da Caixa. No último concurso em 2014, o certame contou com
uma prova objetiva teve 120 itens, sendo 50 de conhecimentos básicos e 70 de conhecimentos
específicos. Em conhecimentos básicos foram 14 de língua portuguesa, com peso dois, e 36
sobre matemática, raciocínio lógico, atualidades, ética e legislação específica, com peso um.
Conhecimentos específicos (conhecimentos bancários) contou com peso dois. Os candidatos
também foram submetidos a uma prova discursiva de conhecimentos específicos, com peso
um.

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3.3 Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

Criado em 20 de junho de 1952 pela lei federal nº 1.628, o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico (BNDE) foi criado como uma autarquia federal que tinha como objetivo ser o órgão
formulador e executor da política nacional de desenvolvimento econômico.
Uma importante transformação no BNDE ocorreu em 1971, quando ele se tornou uma empresa
pública federal. A mudança possibilitou maior flexibilidade na contratação de pessoal, maior
liberdade nas operações de captação e aplicação de recursos e menor interferência política.
Somente no início dos anos 1980, que foi marcado pela integração das preocupações sociais
à política de desenvolvimento, ocorreu a mudança que se refletiu na atuação e no nome do
banco, que, em 1982, passou a se chamar Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES).
Por ser uma empresa de controle do governo federal, o BNDES não pode ser considerado como
banco de desenvolvimento.
Sua estrutura está dividida em:

Sendo:
•• BNDES: O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social é uma empresa pública
federal (100% das ações pertencem à União) dedicada ao financiamento com longo prazo
de pagamento. É o acionista único das demais empresas do Sistema BNDES.
•• BNDESPAR: Subsidiária do BNDES dedicada ao fomento por meio de investimentos em
valores mobiliários. O capital social subscrito da BNDESPAR está representado por uma
única ação, nominativa, sem valor nominal, de propriedade do BNDES.
•• Finame: Subsidiária do BNDES dedicada ao financiamento da produção e comercialização
de máquinas e equipamentos. O capital social subscrito da Finame está representado por
589.580.236 ações ordinárias, nominativas, sem valor nominal, de propriedade integral do
BNDES.
Seu estatuto atual foi aprovado pelo decreto federal nº 4.418, de 11 de outubro de 2002, no
qual o vincula junto ao Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e não
ao Ministério da Fazenda como as demais instituições pertencentes ao sistema financeiro
nacional.

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Sua sede e foro fica em Brasília, Distrito Federal, e atuação em todo o território nacional,
podendo instalar e manter, no país e no exterior, escritórios, representações ou agências.
Por meio de sua subsidiária BNDESPAR, o BNDES pode captar através de emissões públicas de
debêntures e contribuir para o desenvolvimento do mercado local de capitais.

Fonte: Site do BNDES

Somente em 2014, o BNDES emprestou mais de 187 bilhões de reais. Esses recursos, quando
são reembolsáveis, são remunerados pela Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que geralmente
é bem mais baixa do que qualquer outra taxa oferecida pelas demais instituições financeiras.
Mas para quem todo esse dinheiro foi emprestado? Quais foram as empresas beneficiadas?
O fato de o BNDES ser uma Instituição Financeira o obriga a observar a disciplina do sigilo
bancário, disposta pela lei complementar 105/2001. O respeito à disciplina do sigilo bancário
impõe ao BNDES uma obrigação legal, que é, inclusive, supervisionada por outras instituições
do Estado brasileiro, tal como o Banco Central do Brasil (Bacen). Além disso, a não observância
estrita da lei, no que toca ao dever de sigilo, sujeita o BNDES e seus agentes a sanções de
natureza civil, administrativa e penal.
Segundo seu presidente, Luciano Coutinho (publicado no jornal folha de são Paulo em
07/06/2015):
“BNDES Sigilo é imposição de lei complementar válida para todo sistema financeiro. Não cabe à
instituição decidir se fornece ou não informações sensíveis de seus clientes privados, tais como,
avaliação de risco de crédito, situação financeira, estratégia comercial e de negócios.”
Porém é sabido que os recursos captados pelo BNDES são de origem pública (como pode
ser observado na figura a seguir), ou seja, dos contribuintes. Muito tem-se discutido sobre a
quebra do sigilo dessas operações, haja vista que existe uma lei de acesso à informação (nº
12.527/2011). Além disso, o poder legislativo tentou exigir essa quebra de sigilo mediante a
aprovação da medida provisória nº 661, de 2014, que em sua redação original, no artigo 3º,
dizia:

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“Não poderá ser alegado sigilo ou definidas como secretas as operações de apoio financeiro
do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ou de suas subsidiárias,
qualquer que seja o beneficiário ou interessado, direta ou indiretamente, incluindo nações
estrangeiras.”
Porém, ao aprovar a medida provisória, convertendo-a na lei federal nº 13.126/15, a presidenta
da república, Dilma Roussef, vetou esse trecho, permanecendo, então, a obrigatoriedade de
sigilo e ferindo o artigo 37 da Constituição federal, que estabelece o princípio da publicidade.
As fontes de recursos para financiamentos concedidos pelo BNDES têm como origem:

Gráfico elaborado com base em informações relativas a junho de 2015 (site do BNDES)

3.4 Banco do Nordeste do Brasil – BNB

O Banco do Nordeste do Brasil S. A. é o maior banco de desenvolvimento regional da América


Latina e diferencia-se das demais instituições financeiras pela missão que tem a cumprir: Atuar
na promoção do desenvolvimento sustentável, como Banco Público competitivo e rentável.
Sua visão é a de ser o Banco preferido na Região Nordeste, reconhecido pela excelência no
atendimento e efetividade na promoção do desenvolvimento sustentável.
Sua preocupação básica é executar uma política de desenvolvimento ágil e seletiva, capaz de
contribuir de forma decisiva para a superação dos desafios e para a construção de um padrão
de vida compatível com os recursos, potencialidades e oportunidades da Região.
•• O que é: Banco Múltiplo.
•• Forma: Sociedade Anônima de Capital aberto (Governo Federal com mais de 90% das
ações).
•• Sede: Fortaleza-CE.

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•• Composição: no mínimo, por cinco e, no máximo, por sete membros, incluindo o


Presidente. (os membros do Conselho de Administração, serão eleitos pela Assembleia
Geral, e os Diretores pelo Conselho de Administração). Um Diretor será escolhido dentre os
funcionários de carreira do Banco, ativos ou aposentados.
•• Mandato da Diretoria: Os Diretores terão mandatos coincidentes de 3 (três) anos, admitida
a reeleição.
•• Área de atuação: nove Estados da Região Nordeste (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do
Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia), o norte de Minas Gerais (incluindo
os Vales do Mucuri e do Jequitinhonha) e o norte do Espírito Santo.
Executor de políticas públicas, cabendo-lhe a operacionalização de programas como o
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e a administração
do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), principal fonte de recursos
operacionalizada pela Empresa. Além dos recursos federais, o Banco tem acesso a outras
fontes de financiamento nos mercados interno e externo, por meio de parcerias e alianças
com instituições nacionais e internacionais, incluindo instituições multilaterais, como o Banco
Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O BNB é responsável pelo maior programa de microcrédito da América do Sul e o segundo da
América Latina, o CrediAmigo, por meio do qual o Banco já emprestou mais de R$ 3,5 bilhões a
microempreendedores. O BNB também opera o Programa de Desenvolvimento do Turismo no
Nordeste (Prodetur/NE), criado para estruturar o turismo da Região com recursos da ordem de
US$ 800 milhões.
São clientes do Banco os agentes econômicos e institucionais e as pessoas físicas. Os agentes
econômicos compreendem as empresas (micro, pequena, média e grande empresa), as
associações e cooperativas. Os agentes institucionais englobam as entidades governamentais
(federal, estadual e municipal) e não-governamentais. As pessoas físicas compreendem
os produtores rurais (agricultor familiar, mini, pequeno, médio e grande produtor) e o
empreendedor informal.
O direcionamento estratégico do Banco está expresso nas seguintes estratégias:
1. Atuar na promoção do desenvolvimento regional sustentável, como Banco Público compe-
titivo e rentável. Integrar os programas de crédito às ações dos programas Brasil Sem Misé-
ria, Crescer, Brasil Maior, Bolsa Família e Programa de Fomento às Atividades Produtivas
Rurais.
2. Atender mínimo de 50% dos recursos do FNE para o semiárido e de 4,5% para cada Estado.
3. Diversificar as fontes de financiamento (BNDES, Fundo de Amparo ao Trabalhador e BID).
4. Promover inovação e difusão tecnológicas atreladas ao crédito, especialmente para os
segmentos de pequeno porte.
5. Incrementar o crédito às exportações nordestinas.
6. Ampliar a participação de mercado na captação de recursos.
7. Elevar negócios com produtos de seguridade.

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8. Elevar nível de competitividade dos produtos e serviços da área comercial ao padrão de
mercado, inclusive com novas tecnologias bancárias.
9. Inserir o BNB como depositário das transferências da União para o Nordeste.
10. Aumentar a produtividade do Programa Crediamigo.
11. Desenvolver novos produtos para o cliente do Crediamigo.
12. Promover inclusão financeira, por meio da bancarização e da educação financeira.
13. Promover novos negócios nos diversos segmentos de clientes por meio de alianças
estratégicas.
14. Associar crédito para empreendimentos de pequeno porte aos projetos estruturantes.
15. Oferecer ao cliente produtos e serviços com tecnologias móveis.
16. Revisar os processos de crédito e de renegociação de dívidas, reduzindo o tempo de
atendimento.
17. Elaborar programas de capacitação do corpo gerencial em estratégias de negociação,
gestão de resultados e gestão de equipes.
18. Utilizar tecnologias de ponta e uso intensivo de terminais de atendimento para produtos
massificados.
19. Aperfeiçoar o programa de sucessão.
20. Expandir negócios com franquias e redes de negócios.

3.5 Subsistema operativo – instituições monetárias

As instituições que captam através de depósito à vista (conta corrente), são consideradas
instituições monetárias, pois possuem a capacidade de criar moedas escriturais por meio do
efeito multiplicado de crédito ou devido ao fornecimento de talão de cheque a seus clientes.
A moeda bancária ou moeda escritural consiste nos depósitos à vista existentes nos bancos
ou em outras instituições creditícios, normalmente movimentados por intermédio de cheques,
que representam um instrumento de circulação da moeda bancária.
Entenda melhor como os bancos que captam depósito à vista possuem a capacidade de criar
moeda:

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As instituições financeiras que estão autorizadas a captar através de depósito à vista, portanto,
têm capacidade de criar moeda escritural. São elas:
•• Bancos Comerciais
•• Bancos Múltiplos com carteira comercial
•• Caixa Econômica Federal
•• Cooperativas de Crédito
•• Bancos Cooperativos

Todas as demais instituições financeiras diferentes das listadas como monetárias,


independente de qual a sua área de atuação, devem ser classificadas como não
monetárias, haja vista que não captam depósito à vista e, logo, não possuem a
capacidade de criar moeda escritural.

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Aula 4

SISTEMA DE PAGAMENTOS BRASILEIRO (SPB)

Sistema de Pagamentos é o conjunto de regras, sistemas e mecanismos utilizados para


transferir recursos e liquidar operações financeiras entre empresas, governos e pessoas físicas.
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende as entidades, os sistemas e os
procedimentos relacionados com o processamento e a liquidação de operações de transferência
de fundos, de operações com moeda estrangeira ou com ativos financeiros e valores mobiliários.
A estabilidade financeira é entendida como um bem público e sua manutenção é uma das
missões desempenhadas por diversos bancos centrais. Os sistemas de pagamentos representam
um pilar central de sustentação da estabilidade financeira, sendo essencial que funcionem de
forma segura e eficiente.

Uma eventual falha na cadeia de pagamentos, mesmo que rara, pode gerar importantes
rupturas na confiança dos agentes e, portanto, prejudicar o funcionamento adequado das
transações econômicas. No sentido de reduzir os riscos sistêmicos, os bancos centrais procuram
atuar para assegurar nível adequado de robustez e segurança aos sistemas de pagamentos.
Os principais tipos de sistemas de liquidação utilizados por um Banco Central são:

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Liquidação Diferida pelo Valor Líquido (LDL): é um sistema cuja compensação é feita pelo saldo
líquido e cuja liquidação ocorre em momento futuro, em um ou mais intervalos predefinidos.
A maioria dos países que utiliza esse sistema processa a liquidação na data de recebimento da
instrução de pagamento, ao final do dia (sameday/end-of-day settlement systems).
Liquidação pelo Valor Bruto em Tempo Real (LBTR): sistema adotado pelos países do G-10 – à
exceção do Canadá –, considerado a ferramenta mais eficiente para mitigar os riscos existentes
em sistemas de pagamentos, uma vez que, por liquidarem os pagamentos em tempo real,
tendem a reduzir a zero o intervalo entre o envio da instrução de pagamento e sua liquidação
final (settlement lag). Assim, a exposição dos participantes ao risco de crédito e liquidez é
potencialmente eliminada. Tendo em vista que o LBTR permite a liquidação em tempo real a
qualquer momento do dia, a transferência final dos fundos (payment lag) pode ser coordenada
com a transferência final dos fundos correspondentes (delivery lag), de tal forma que uma
transferência ocorra se, e somente se, a outra ocorrer.
A base legal relacionada com os sistemas de liquidação foi fortalecida por intermédio da lei nº
10.214, de março de 2001, que, entre outras disposições, reconhece a compensação multilateral
e possibilita a efetiva realização de garantias no âmbito desses sistemas, mesmo no caso de
insolvência civil de participante. Caso uma entidade opere algum sistema sistemicamente
importante1, é necessário que atue como contraparte central2 e, ressalvado o risco de emissor,
assegure a liquidação dessas operações em seu sistema.
A criação do Sistema de Transferência de Reservas (STR), no mês de abril de 2002, marcou
o início de uma nova fase do SPB. Com esse sistema, operado pelo Banco Central, o Brasil
ingressou no seleto grupo de países em que transferências interbancárias de fundos podem ser
liquidadas em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional (LBTR). Esse fato, por si só,
possibilita a redução dos riscos de liquidação nas operações interbancárias, com consequente
redução também do risco sistêmico, isto é, do risco de que a quebra de um banco provoque a
quebra em cadeia de outros bancos, o chamado “efeito dominó”.
O Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) compreende o Tesouro Nacional, as Infraestruturas
do Mercado Financeiro (IMF) e, a partir da edição da lei nº 12.865/2013, os arranjos e as
instituições de pagamento.
O Sistema de Pagamentos Brasileiro pode ser dividido em dois outros dois sistemas:

1 Sistemicamente importante: são sistemas de compensação e de liquidação nos quais a falha de um participante
pode colocar em risco a solidez e o normal funcionamento do sistema financeiro, seja pelo volume, seja pela
natureza dos negócios nele cursados.
2 Contraparte central: instituição se interpõe entre operações e contratos, tornando-se a compradora para todos os
vendedores e a vendedora para todos os compradores.

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Conforme estabelecido na seção V do regulamento anexo à circular nº 3.057, de 31 de agosto


de 2001, todos os sistemas de compensação e de liquidação de ativos são considerados
sistemicamente importantes, independentemente do valor individual de cada transação e do
giro financeiro diário. Já em relação aos sistemas de transferência de fundos, apenas o Sistema
de Transferência de Reservas (STR) é sistemicamente importante.
Além desses, também deverão ser considerados sistemicamente importantes os sistemas
de liquidação de transferências de fundos e de outras obrigações interbancárias que se
enquadrarem em pelo menos uma das duas situações indicadas a seguir:
•• Existência de giro financeiro diário médio superior a 4% (quatro por cento) do giro
financeiro diário médio do Sistema de Transferência de Reserva (STR).
•• Possibilidade de que os efeitos da inadimplência de um participante sobre outros
participantes (efeito-contágio), em sistemas de liquidação diferida que utilizem
compensação multilateral, a critério do BCB, coloquem em risco a fluidez dos pagamentos
no âmbito do SPB.

4.1. Sistemas de transferências de fundos

No Brasil, existem seis sistemas que liquidam transferências interbancárias de fundos:

Sistema Operador responsável


1. Sistema de Transferência de Reservas (STR) Banco Central do Brasil (BCB)
2. Centralizadora da Compensação de Cheques (Compe) Banco do Brasil

3. Sistema de Liquidação Financeira Multibandeiras Cielo

4. Sistema de Liquidação Doméstica Redecard


5. Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias Câmera Interbancária de
de Ordens de Crédito (Siloc) Pagamentos (CIP)
Câmera Interbancária de
6. Sistema de Transferência de Fundos (Sitraf)
Pagamentos (CIP)

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A seguir, temos uma visão do Sistema de Transferência de Fundos:

Os meios de transferência de fundos ou instrumentos são:3

Meio de
O que é
transferência
Documento (normalmente fórmula impressa) por meio do qual o titular de uma
conta-corrente emite ordem para o banco ou entidade congênere pagar ou
Cheque creditar certa quantia a seu favor ou a favor de outra pessoa (o beneficiário).
O cheque é uma ordem de pagamento à vista e um título de crédito. Sua principal
legislação é ditada pela lei federal nº 7.357/85.
O Documento de Crédito é uma ordem de transferência de fundos interbancária
por conta ou a favor de pessoas físicas ou jurídicas, clientes de instituições
financeiras ou de instituições de pagamento.
DOC
O DOC somente pode ser emitido no valor de até R$ 4.999,993 e sua liquidação
ocorre no dia útil seguinte à data de emissão.
Sua liquidação é realizada em D+1.
A TED é uma Transferência Eletrônica Disponível, instituída em abril de 2002, com
a criação do STR, e é uma ordem de transferência de fundos interbancária.
TED Desde janeiro de 2016, as transferências realizadas por intermédio de TED não
possuem mais valor mínimo, podendo ser realizadas em qualquer valor.
Sua liquidação é realizada em tempo real (D+0).

3 Limite DOC: Mesmo com a redução dos limites para transferência através de TED, nada alterou o limite inicial para
transferências através de DOC, que continuam sendo até R$ 4.999,99.

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O Bloqueto de Cobrança deve ser utilizado para fins de registro de dívidas em


cobrança nas instituições financeiras relacionadas com operações de compra
Boleto ou
e venda ou de prestação de serviços, inclusive daquelas atinentes a efeitos de
Bloqueto de
cobrança, tais como duplicatas, notas promissórias, bilhetes ou notas de seguros,
cobrança
de forma a permitir o pagamento da dívida objeto em instituição financeira
distinta da cobradora.
São considerados cartões de pagamento os cartões de crédito, débito e pré-pagos.
Cartões de
Os emitidos por instituições financeiras são fiscalizados pelo Bacen, assim como
Pagamento
os emitidos pelos Instituidores de Arranjos de Pagamento4.

Você sabe qual a diferença entre DOC-D e DOC-E?4


O DOC-D se destina à transferência de recursos sem a incidência da Contribuição Provisória
sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira
(CPMF).
O DOC-E se destina à transferência de recursos com a incidência da Contribuição Provisória
sobre Movimentação ou Transmissão de Valores e de Créditos e Direitos de Natureza Financeira
(CPMF).
Já foi cobrada, em concursos públicos, a teoria de que a diferenciação dos dois tipos de DOC
dava-se ao fato de um ser destinado à transferência de mesma titularidade (DOC-D) e o outro
para titularidades diferentes (DOC-E).
Ora, a definição dada pelo Bacen em sua carta circular nº 3.173, de 2005, define como critério
de decisão o fato de gerar ou não gerar incidência de CPMF. Como a cobrança de CPMF está
suspensa desde 2007, logo, não faz sentido a segregação dessas transferências.

4.2. Sistema de Transferência de Reservas (STR)

O STR é um sistema de liquidação bruta em tempo real (LBTR) de transferência de fundos entre
seus participantes, gerido e operado pelo Banco Central do Brasil. O STR foi instituído pela
circular nº 3.100, de 28 de março de 2002, que disciplina o seu funcionamento em regulamento
anexo.
As transferências de fundos, no âmbito do STR, são processadas por meio de lançamentos
nas contas mantidas pelos participantes no Banco Central. O sistema constitui-se no coração
do Sistema Financeiro Nacional, pois é por seu intermédio que ocorrem as liquidações das
operações realizadas nos mercados monetário, cambial e de capitais, entre as instituições
financeiras titulares de contas no BCB, com destaque para as operações de política monetária
e cambial do Banco Central, a arrecadação de tributos e as colocações primárias, resgates e
pagamentos de juros dos títulos da dívida pública federal pelo Tesouro Nacional, conforme
figura a seguir:

4 Instituidor de Arranjo de Pagamento é a pessoa jurídica responsável pelo arranjo de pagamento como, por exemplo,
as bandeiras de cartão de crédito. A ele cabe o papel de estabelecer as regras para o funcionamento do arranjo.

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Legenda:
Sistemas de liquidação de operações com títulos, valores mobiliários, derivativos e câmbio
Sistemas de transferências de fundos

Somente o STR tem acesso às contas de liquidação. A liquidação de operações no STR é realizada
por meio de lançamentos na conta do participante mantida no BCB. A conta pode ser de dois
tipos: conta Reservas Bancárias ou Conta de Liquidação.

Conta de Reserva Bancária Conta de Liquidação


1. Banco Comercial Câmara/prestador de serviços de
Obrigatório 2. Banco Múltiplo com carteira comercial compensação e de liquidação siste-
3. Caixa Econômica micamente importante.

1. Câmara/prestador de serviços de
4. Banco de Desenvolvimento compensação e de liquidação não
5. Banco de Investimento sistemicamente importante
Facultativo
6. Banco de Câmbio 2. Instituição de Pagamento
7. Banco Múltiplo sem carteira comercial 3. Demais Instituições autorizadas a
funcionar pelo BCB.

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Vamos analisar mais uma vez a imagem que representa o fluxo do Sistema de Transferência de
Fundos:

Perceba, na figura anterior, que Cheques ou são compensados na Compe ou são compensados
diretamente no STR. Já as TEDs são liquidadas no Sitraf ou também direto no STF. O mesmo
acontece com os boletos. Por que isso acontece?
Por uma questão de segurança, sempre que a transação for igual ou superior a um determinado
limite (Valor de Referência para Liquidação Bilateral – VLB), a compensação será realizada
diretamente pelo STR, deixando de ser uma compensação do tipo LDL ou híbrida, no caso da
TED, para ser uma compensação LBTR, que irá oferecer menor risco. Veja quais são os limites
operacionais vigentes atualmente:5

Valores inferiores ao VLB, são


Compensação no STR
compensados
Cheque Igual ou superior a R$ 250.000,00 Compe
5
Boletos Igual ou superior a R$ 250.000,00 Siloc – CIP
TED Igual ou superior a R$ 1.000.000,00 Sitraf – CIP

O STR é colocado à disposição dos participantes para registro e liquidação de ordens de


transferência de fundos, todos os dias úteis, para fins de operações praticadas no mercado
financeiro. O horário regular de funcionamento é das 6h30min às 18h30min (horário de
Brasília), sendo que a grade horária para ordens de transferências de fundos a favor de cliente
encerra às 17h30min.

5 Anteriormente, o VLB para boleto era de apenas R$ 5.000,00, porém, foi alterado pela circular BCB nº 3.598 para os
atuais R$ 250.000,00.

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4.3. Sistema de Liquidação Financeira Multibandeiras – Cielo

Sistema operado pela credenciadora Cielo, no qual ocorre a compensação e a liquidação


das transações de cartões de pagamento (débito, crédito, pré-pago). Trata-se de um sistema
“multibandeira”, ou seja, várias bandeiras de cartão são processadas (Visa, Master, Elo,
American Express, Diners, entre outras).
Todas as transações capturadas pela Cielo transacionam através do Sistema de Liquidação
Financeira Multibandeiras.
O comunicado do Banco Central de nº 29.078, de 04/02/2016, formaliza esse sistema como
parte integrante do Sistema de Pagamentos Brasileiro, conforme trecho a seguir:

Comunicado Bacen nº 29.078


“Comunico que integram o Sistema de Pagamentos Brasileiro os seguintes sistemas:
XI – Sistema de Liquidação Financeira Multibandeiras, da Cielo, monitorado e avaliado com
base nos princípios aplicáveis a sistemas de pagamentos; ... ”

CIP – câmara interbancária de pagamentos


A CIP é uma associação civil sem fins lucrativos, integrante do Sistema de Pagamentos
Brasileiro. Está sob regulamentação do Banco Central.
A seguir, uma linha do tempo com os principais acontecimentos da CIP:6

Ano Fato
2001 Nasce a ClearingBan para criar o Sitraf

2001 A ClearingBan passa a ser denominada Câmara Interbancária de Pagamentos – CIP

2002 Sitraf passa a processar TEDs


2004 Início das operações do Siloc para processar DOCs

2005 Início das operações do Siloc para processar Boletos de Pagamento

2007 Início das operações no Siloc para processamento de TECs


Início das operações do DDA6 para processamento da apresentação eletrônica dos
2009
Boletos de Pagamento
2011 Início das operações da Câmara de Cessões de Crédito – C3
2012 Início do funcionamento do sistema Cheque Legal
Início do Sistema de Transporte de Dados com operações de Cadastro Histórico de
2013
Crédito
Fonte: site CIP
6 O DDA (Débito Direto Autorizado) é um sistema que permite que todos os compromissos de pagamentos emitidos
por meio de boletos de cobrança para os clientes, pessoas físicas e jurídicas, sejam recebidos eletronicamente por
intermédio de um banco.

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Somente em 2015, a CIP processou mais de 3,2 bilhões de transações no país, totalizando um
volume financeiro de mais de R$ 7,7 trilhões.
A seguir, serão detalhados os principais sistemas operados pela CIP.
O sistema também oferece para a sociedade uma ferramenta para consulta de informações de
cheques emitidos, chamada “Cheque Legal”, aumentando o grau de segurança na aceitação do
cheque como forma de pagamento.
A quem se destina o Cheque Legal: às instituições financeiras que possuam contas de depósito
à vista, já que são obrigadas a disponibilizar gratuitamente informações de cheques, conforme
o art. 9º da resolução nº 3.972, de 2011, do Banco Central do Brasil.
Outro serviço que pode ser acessado através da CIP é o Sistema de Transporte de Dados –
cadastro histórico de crédito, que é destinado ao registro e processamento de dados históricos
de concessão de crédito.
Funciona como uma consulta de “cadastro positivo” para as instituições financeiras avaliarem o
tomador de crédito no ato de uma concessão de recursos.

CIP – Sitraf
O Sitraf (Sistema de Transferência de Fundos) foi o primeiro sistema desenvolvido pela CIP e
começou a operar em dezembro de 2002.
Esse sistema processa, em tempo real e on-line, as transferências eletrônicas realizadas entre
bancos diferentes (TEDs). Desde janeiro de 2016 não existe mais um valor mínimo para se
realizar TED, o que leva a um crescimento de utilização dessa solução, já que seu crédito ocorre
de forma on-line no banco creditado, diminuindo, assim, o risco de não liquidação.
Importante ressaltar que as TEDs com valor a partir de R$ 1 milhão são processadas diretamente
no STR.
O Sitraf é destinado às instituições financeiras autorizadas pelo Bacen a realizar transferências
através de TED.
Como funciona o processamento de uma TED:

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CIP – Siloc
O Siloc (Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias de Ordens de Crédito)
é um sistema que compensa e liquida vários produtos conforme descrito abaixo:
•• Documento de Ordem de Crédito – DOC
•• Boleto de Pagamento*
•• Transferência Especial de Crédito – TEC
•• Liquidação Interbancária de Cartão de Crédito – Crédito e Débito
•• Caixa Eletrônico Compartilhado
•• Liquidação Interbancária de Títulos em Cartório Pagos na Rede Bancária
*Importante ressaltar que os boletos de pagamento com valor
a partir de R$ 250 mil são liquidados diretamente no STR.

4.4. Sistemas de liquidação de operações com títulos, valores mobiliários,


derivativos e câmbio

CIP – C3
A C3 (Câmara de Cessões de Crédito) tem como função registrar operações de cessões e
bloqueios de contratos de crédito. Essa câmara é vital para que um mesmo contrato não seja
cedido mais de uma vez pela mesma instituição financeira ou oferecido como garantia em mais
de uma operação.
Atualmente, todas as cessões de crédito entre bancos devem ocorrer no C3, ou seja, as
instituições que desejarem ceder contratos ou parcelas de crédito devem, primeiramente,
registrá-los no C3. Além disso, a CIP firmou parceria com o INSS para permitir que os contratos
consignados dos beneficiários sejam confrontados com a base de dados da previdência.
A câmara é considerada sistematicamente importante conforme definição do Banco Central
do Brasil
A quem se destina o C3: instituições financeiras, Fundos de Investimentos em Direitos
Creditórios (FIDC) e demais instituições que possuam autorização do Bacen para operar com
cessão de crédito ou utilizar contratos de crédito como garantia em operações estruturadas.

4.5. Compe

Regulamentada pela circular Bacen nº 3.532, a Centralizadora da Compensação de Cheques


(Compe) é responsável por liquidar as obrigações interbancárias relacionadas a cheques
de valor inferior ao VLB-Cheque (R$ 250 mil). Cheques no valor de R$ 250 mil ou mais são
processados direto no STR.

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O processo de compensação compreende a captura, a transmissão, a recepção, o tratamento


e a aceitação da imagem e das informações dos cheques, bem como a apuração, em cada uma
das sessões diárias, dos atinentes resultados bilaterais e multilaterais.
É regulamentado pelo Banco Central do Brasil e operado e administrado pelo Banco do Brasil.
A regulamentação atual determina que a compensação de cheques seja efetuada unicamente
por intermédio de imagem digital e outros registros eletrônicos do cheque (truncagem de
cheques), o que torna desnecessário o transporte físico dos documentos.
A compensação de cheques é considerada “serviço essencial” e não pode ser cobrada tarifa
pela instituição financeira
Ficam obrigadas a participar da Compe as instituições titulares de conta Reservas Bancárias
ou de Conta de Liquidação, nas quais sejam mantidas contas de depósito movimentáveis por
cheque ou que emitirem cheque administrativo.
É utilizado o sistema de Liquidação Diferida Líquida (LDL), com compensação multilateral. A
cada dia útil são realizadas duas sessões de liquidação – uma noturna e outra diurna.

Prazos de Compensação
O prazo de bloqueio do valor do cheque não pode ser superior a um dia útil, contado a partir
do dia seguinte ao do depósito. Cabe ressaltar que os depósitos efetuados em cheque que
sofrerem bloqueio por prazos superiores aos regulamentares devem ser remunerados, por dia
de excesso, pela Taxa Selic.
As exceções são quando:
I. feriado local na praça sacada: acréscimo de um dia útil;
II. inoperância da Compe: prorrogação até o dia útil seguinte ao do restabelecimento do
sistema.
Para saque, os valores ficam liberados no dia útil seguinte ao último dia do prazo de bloqueio.
Para compensar débitos na respectiva conta corrente do depositante, os valores depositados
ficam disponíveis na noite do último dia do prazo de bloqueio.

4.6. Sistema Especial de Liquidação e Custódia – Selic

É um sistema informatizado, no qual estão centralizados os títulos emitidos pelo Tesouro


Nacional que compõem a dívida pública federal interna. Nesse sentido, o Selic processa a
emissão, o resgate e o pagamento de juros periódicos desses títulos, assim como a sua custódia.
A administração desse sistema é realizada pelo Bacen em parceria com a Anbima (Associação
Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).
Os títulos – 100% escriturais (emitidos somente de forma eletrônica) – são registrados e
liquidados em tempo real através da Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR). A liquidação
financeira ocorre através do STR, ao qual o Selic é interligado.

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Também por seu intermédio é efetuada a liquidação das operações de mercado aberto e de
redesconto com títulos públicos, decorrentes da condução da política monetária realizada
pelo Bacen.
Esse sistema é gerido pelo Banco Central do Brasil (Bacen) e também operado por essa
autarquia em parceria com a Anbima. Seu horário de funcionamento é das 6h30min às
18h30min – mesmo horário de funcionamento do STR –, somente em dias úteis.
Participantes do Selic: Bacen, Tesouro Nacional, Bancos, Caixas Econômicas, Distribuidoras e
Corretoras de Valores Mobiliários e outras instituições que o Bacen autorizar.
Os participantes do sistema são divididos em “liquidantes” ou “não liquidantes”, conforme
descrição a seguir:

Como o sistema liquida as suas operações de forma on-line (LBTR), faz-se necessário que o
título esteja disponível na conta de custódia do vendedor e que o recurso esteja também
disponível por parte do comprador. Caso o título não esteja disponível na conta de custódia do
vendedor, a operação é mantida em pendência pelo prazo máximo de 60 minutos – limitado
até as 18h30min.
Quando existir o título, esse é bloqueado e, então, a operação é encaminhada para o STR
para que ocorra a liquidação da ponta financeira. Se não houver saldo disponível na conta do
comprador, a operação é rejeitada pelo STR e posteriormente pelo Selic.
Além dos títulos públicos federais, são de responsabilidade do Selic custodiar títulos públicos
municipais e estaduais, desde que a emissão desses tenha se dado antes de janeiro de 1992.
Após essa data, a responsabilidade da custódia é da Cetip S.A.

4.7. Cetip S.A. – Mercados Organizados

A Cetip, companhia organizada sob a forma de sociedade anônima e com ações negociadas
na Bolsa de Valores sob o código CTIP3, atua como depositária de títulos, principalmente os de
renda fixa privados, mas também títulos públicos estaduais e municipais e os representativos
de dívida do Tesouro Nacional. É a Cetip que processa a emissão, o resgate, a custódia, o
pagamento de juros e demais eventos relacionados a esses títulos. A grande maioria dos títulos
custodiados são do tipo escritural.

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A liquidação da operação ocorre em D ou em D+1, dependendo do horário em que ocorrer a


transação. A liquidação financeira é realizada através do STR – exceto as posições bilaterais
quando os participantes têm conta no mesmo banco liquidante.
Quando a operação for realizada no mercado primário (primeira emissão de um título),
geralmente é liquidada com compensação multilateral. Importante ressaltar que a Cetip
não atua como contraparte central. Quando a operação envolver derivativos, é utilizada a
compensação bilateral, e quando for no mercado secundário (títulos anteriormente já emitidos
no mercado primário), é utilizada a Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR).
Podem participar da Cetip: bancos comerciais, bancos múltiplos, caixas econômicas, bancos
de investimento, bancos de desenvolvimento, sociedades corretoras de valores, sociedades
distribuidoras de valores, sociedades corretoras de mercadorias e de contratos futuros,
empresas de leasing, companhias de seguro, bolsas de valores, bolsas de mercadorias e futuros,
investidores institucionais, pessoas jurídicas não financeiras, incluindo fundos de investimento
e sociedades de previdência privada, investidores estrangeiros, além de outras instituições
também autorizadas a operar nos mercados financeiros e de capitais.
Os participantes citados acima, que não possuírem “Conta Reservas Bancárias” ou “Conta de
Liquidação” junto ao STR, podem liquidar as suas operações por intermédio de instituições que
são titulares de “Conta Reservas Bancárias”.

Principais títulos liquidados e custodiados no Cetip:


Captação Bancária
o CDB
o RDB
o DI
o DPGE
o LF
Títulos Agrícolas
o CPR
o CRA
o LCA
Títulos de Crédito
o CCB
o Export Note
Títulos Imobiliários
o CRI
o LCI
o LH

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Valores Mobiliários
o Debêntures
o Nota Comercial
Derivativos
o Box de Duas Pontas (Tipo de Opções)
o Contrato de Swap
o Contrato a Termo de Moeda
o Opções Flexíveis de Ações
o Opções Flexíveis de Mercadorias
o Opções sobre Taxas de Câmbio
o Swap Fluxo de Caixa
o Termo de Índice DI
o Termo de Mercadoria
o Termo de Moedas com Fluxo de Pagamentos
Dívida do Tesouro Nacional e Títulos Públicos
o Fundo de Compensação de Variação Salarial – FCVS
o Programa de Garantia da Atividade Agropecuária – Proagro
o Títulos da Dívida Agrária – Toda
o Públicos e Estaduais emitidos posteriormente a janeiro de 1992
Outros
o Cédula de Debêntures
o Cotas de Fundos
o LC
A Cetip também administra o Sistema Nacional de Gravames (SNG), no qual as instituições
financeiras registram as garantias dos financiamentos concedidos com o objetivo de ter
custódia de bens – carro, moto ou caminhão. Uma vez registrado o gravame de um bem que é
dado como garantia, ele não pode ser objeto de garantia de um outro financiamento antes da
liberação do gravame por parte da instituição financeira onde inicialmente foi feito o registro.

4.8. B3

A B3 surgiu sob o formato atual após a fusão da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros de
São Paulo (BM&FBOVESPA) com a Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos
(CETIP), aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Conselho Administrativo
de Defesa Econômica (CADE) em 22 de março de 2017.
B3 é uma das principais empresas de infraestrutura de mercado financeiro no mundo, com
atuação em ambiente de bolsa e de balcão. Sociedade de capital aberto – cujas ações (B3SA3)
são negociadas no Novo Mercado –, a Companhia integra os índices Ibovespa, IBrX-50, IBrX e

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Itag, entre outros. Reúne ainda tradição de inovação em produtos e tecnologia e é uma das
maiores em valor de mercado, com posição global de destaque no setor de bolsas.
As atividades incluem criação e administração de sistemas de negociação, compensação,
liquidação, depósito e registro para todas as principais classes de ativos, desde ações e títulos
de renda fixa corporativa até derivativos de moedas, operações estruturadas e taxas de juro e
de commodities. A B3 também opera como contraparte central garantidora para a maior parte
das operações realizadas em seus mercados e oferta serviços de central depositária e de central
de registro
Por meio de sua unidade de financiamento de veículos e imóveis, a Companhia oferece
produtos e serviços que suportam o processo de análise e aprovação de crédito em todo o
território nacional, tornando o processo de financiamento mais ágil e seguro.

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Aula 5

MEIOS DE CAPTAÇÃO

Existem dois tipo de contas: salário e conta de depósito. Já a conta depósito pode ser de três
tipos diferente, conforme ilustração a seguir:

1. Conta Salário: é uma conta aberta por iniciativa e solicitação do empregador para
efetuar o pagamento de salários aos seus empregados. Essa conta não admite outro tipo
de depósito além daqueles realizados pela fonte pagadora e não é movimentável por
cheques. Pode ser utilizada também para o pagamento de proventos, soldos, vencimentos,
aposentadorias, pensões e similares.
2. Conta de depósito à vista: é o tipo mais usual de conta bancária. Nela, o dinheiro do
depositante fica à sua disposição para ser sacado a qualquer momento. Popularmente
conhecida como conta corrente.
3. Conta de depósito a prazo: é o tipo de conta onde o seu dinheiro só pode ser sacado depois
de um prazo fixado por ocasião do depósito. Exemplo são os CDB’s e RDB’s.
4. Conta de poupança: criada para estimular a economia popular e permite a aplicação de
pequenos valores que passam a gerar rendimentos mensalmente. Investidor pode sacar
recurso a qualquer momento, porém com risco de perda de rentabilidade, caso não observe
as datas de aniversário.
É proibido a cobrança de tarifas em conta-salário. Claro que essa isenção só se aplica se o
cliente não descaracterizar o tipo de cota, movimentando uma conta-salário como uma conta
de depósito. A instituição financeira é obrigada a ofertar aos clientes de conta-salário sem
custo:

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I. fornecimento de cartão magnético, a não ser nos casos de pedidos de reposição
decorrentes de perda, roubo, danificação e outros motivos não imputáveis à instituição
financeira;
II. realização de até cinco saques, por evento de crédito;
III. acesso a pelo menos duas consultas mensais ao saldo nos terminais de autoatendimento
ou diretamente no guichê de caixa;
IV. fornecimento, por meio dos terminais de autoatendimento ou diretamente no guichê de
caixa, de pelo menos dois extratos contendo toda a movimentação da conta nos últimos
trinta dias;
V. manutenção da conta, inclusive no caso de não haver movimentação.

ATENÇÃO:

5.1. Abertura de contas

A abertura e a manutenção de conta de depósito pressupõem contrato firmado entre as partes


– instituição financeira e cliente. O banco não é obrigado a abrir ou manter conta de depósito
para o cidadão. A instituição pode estabelecer critérios próprios para abertura de conta de
depósito, desde que seguidos os procedimentos previstos na regulamentação.
O que é necessário para abertura de uma conta de depósito? Preencher a ficha-proposta de
abertura de conta (contrato) e apresentar os seguintes documentos:

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Pessoa física:
1. documento de identificação (Carteira de Identidade, Carteira Nacional de Habilitação,
Passaporte, Cédula de Identidade de Estrangeiro, dentre outros);
2. inscrição no Cadastro de Pessoa Física (CPF);
3. comprovante de residência.

Pessoa jurídica:
1. documento de constituição da empresa (contrato social e registro na junta comercial);
2. documentos que qualifiquem e autorizem os representantes, mandatários ou prepostos a
movimentar a conta;
3. inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ).

Além disso, a instituição financeira pode solicitar outros documentos e informações, como
dados sobre renda e patrimônio, para pessoas físicas, e faturamento médio mensal referente
aos doze meses anteriores, para pessoas jurídicas. Ainda, a instituição pode exigir um depósito
mínimo para a abertura da conta.
As fichas-proposta, bem como as cópias da documentação referida no artigo anterior, poderão
ser microfilmadas, decorrido o prazo mínimo de 5 (cinco) anos.
IMPORTANTE: É vedado o fornecimento de talonário de cheques ao depositante enquanto não
verificadas as informações constantes da ficha-proposta ou quando, a qualquer tempo, forem
constatadas irregularidades nos dados de identificação do depositante ou de seu procurador.
Desde abril de 2016 é possível abrir e encerrar contas de depósitos por meio eletrônico. O
procedimento é facultativo e aplicável para contas de pessoas físicas e de microempreendedores
individuais (Resolução nº 4.630, de 25/1/2018). Não se trata de um novo tipo de conta, apenas
da possibilidade de uma conta ser aberta sem a necessidade de o cliente ir a uma agência
bancária.

Não confunda conta aberta por meio eletrônico e conta eletrônica:


O contrato firmado entre cidadão e banco pode prever que a conta de depósitos será utilizada
exclusivamente por meios eletrônicos. Essa conta é chamada, comumente, de conta eletrônica.
A abertura desse tipo de conta pode ser feita presencialmente ou por meio eletrônico.
A conta de depósitos tradicional (aquela que possui opção de movimentação por meio de
atendimento presencial) também pode ser aberta presencialmente ou por meio eletrônico.
Não pode haver cobrança na prestação de qualquer serviço por meios eletrônicos, no caso
de contas cujos contratos prevejam utilizar exclusivamente meios eletrônicos (contas
eletrônicas).

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E a idade para abrir uma conta corrente. Qual a restrição?

Após abrir uma conta corrente o banco deverá prestar ao cliente no ato de abertura as seguintes
informações sobre direitos e deveres do correntista e do banco, constantes de contrato, como:
I. condições para fornecimento de cheques;
II. necessidade de comunicação pelo depositante de qualquer mudança dos dados cadastrais
e dos documentos usados na abertura da conta;
III. condições para inclusão do nome do depositante no Cadastro de Emitentes de Cheque
sem Fundos (CCF);
IV. informações de que os cheques liquidados, uma vez microfilmados, poderão ser destruídos;
V. tarifas de serviços, incluindo a informação sobre serviços que não podem ser cobrados;
VI. saldo exigido para manutenção da conta, se houver essa exigência.
Os deveres e direitos do correntista devem estar previstos em cláusulas explicativas na ficha-
proposta.

5.2. Encerramento de contas

Por ser um contrato voluntário e por tempo indeterminado, uma conta bancária pode ser
encerrada por qualquer uma das partes envolvidas. Lembramos que, se a conta tiver sido
aberta por meio eletrônico, a instituição financeira deve oferecer ao correntista a opção de
encerrá-la também por esse meio.
Quando a iniciativa do encerramento for do banco, ele deve:
I. comunicar o fato ao cliente, previamente e por escrito, dando-lhe um prazo para adoção
das providências necessárias. Essa comunicação deve conter a situação que motivou a
rescisão;
II. solicitar a devolução dos cheques por acaso em seu poder, ou entrega de declaração de
inutilização dos cheques.

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III. informar a você sobre a necessidade de manutenção de fundos suficientes na conta para o
pagamento de compromissos assumidos ou decorrentes de disposições legais.
O banco deverá encerrar a conta se forem verificadas irregularidades nas informações
prestadas, julgadas de natureza grave, comunicando o fato imediatamente ao Banco Central.
No caso da inclusão no Cadastro de Emitentes de Cheque sem Fundos (CCF), o encerramento
da conta depende de decisão do banco. Contudo, é proibido o fornecimento de talonário de
cheques ao depositante enquanto seu nome figurar no CCF.

5.3. Depósito à vista (conta corrente)

É a principal atividade dos bancos comerciais. Também conhecida como captação a custo ZERO.
É o produto básico da relação cliente x banco. Em função dos custos envolvidos na manutenção
das contas, os bancos podem exigir dos clientes saldo médio ou cobrar tarifa de manutenção.
Exemplo de Formas de Movimentação: Depósitos (dinheiro ou cheque); Cheques;
Transferências Bancárias; Cartões magnéticos; Ordens de Pagamento; DOC’s e TED’s; Débitos
Programados.
IMPORTANTE: Podem captar depósito à vista somente as INSTITUIÇÕES MONETÁRIAS: Bancos
Comerciais, Bancos Cooperativos, Cooperativas de Crédito, Bancos Múltiplo com Carteira
Comercial e a Caixa Econômica Federal.

5.4. Depósito a prazo (CDB e RDB)

O CDB É um título privado de renda fixa para a captação de recursos de investidores pessoas
físicas ou jurídicas, por parte dos bancos.
O CDB pode ser emitido por bancos comerciais, bancos de investimento e bancos múltiplos,
com pelo menos uma destas carteiras descritas.
Já o RDB além de ser emitido por bancos, também pode ser utilizado como meio de captação
das cooperativas de crédito e as financeiras (SCFI).
Rentabilidade
•• Pré-Fixada
•• Pós-Fixada (Flutuante)
Prazos mínimos e indexadores:
•• 1 dia: CDB's pré-fixados ou com taxa flutuante (taxa DI e taxa Selic)
•• 1 mês: indexados a TR ou TJLP
•• 2 meses: indexado a TBF.
•• 1 ano: indexado a índice de preços (IGPM e IPCA).

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Liquidez:
O CDB pode ser negociado no mercado secundário. O CDB também pode ser resgatado antes
do prazo final caso o banco emissor concorde em resgatá-lo. No caso de resgate antes do prazo
final, devem ser respeitados os prazos mínimos.
Garantia: Coberto pelo FGC até o limite de R$ 250.000,00
Os CDB’s não podem ser indexados à variação cambial. Para atrelar à rentabilidade de um CDB
a variação cambial é necessário fazer um swap.

DIFERENÇA ENTRE CDB E RDB

5.5. Poupança

Possui total liquidez, porém com perda de rentabilidade. Remunera sobre o menor saldo do
período.
Rentabilidade: Em maio de 2012 a caderneta de poupança teve uma alteração na rentabilidade
paga aos investidores. Com objetivo de evitar a migração de recursos investidos em títulos
públicos para poupança (efeito observado com queda da taxa de juros) o governo limitou o
ganho das cadernetas de poupança a 70% da taxa de juros, ficando assim:

Periodicidade de pagamento dos juros:


•• Pessoa Física e PJ Imunes: Mensal (0,5% ao mês)
•• Pessoa Jurídica: Trimestral (1,5% ao trimestre)

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Dadas de depósito: Aplicações realizadas nos dias 29, 30 e 31 de cada mês, terão como data de
aniversário o dia 01 do mês subsequente.
Podem captar através de poupança somente as Instituições Financeiras que fazem parte do
Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE)
1. Caixa Econômica Federal – CEF
2. Sociedade de Crédito Imobiliário – SCI
3. Associações de Poupança e Empréstimos – APE
4. Bancos Múltiplos com carteira de SCI.
OBS: As Companhias Hipotecárias não podem captar através de Poupança.
Garantias: Aplicações em cadernetas de poupança estão cobertas pelo Fundo Garantidor de
Crédito – FGC até o limite vigente que atualmente é de R$ 250.000,00. Poupanças da CEF são
100% cobertas pelo governo federal.
De maneira geral as cadernetas de poupança não permitem a cobrança de tarifas, porém
algumas operações realizadas em uma conta poupança PODEM gerar cobrança de tarifa, tais
como: Mais de 2 saques mensais, fornecimento de cartão magnético adicional, entre outras.
A manutenção da conta é SEMPRE ISENTA.

5.6. Fundos de Investimentos

Fundo de Investimento é a comunhão de recursos sob a forma de condomínio onde os cotistas


têm o mesmo interesse e objetivos ao investir no mercado financeiro e de capitais
A base legal dos fundos de investimento é o condomínio, e é desta base que emerge o seu
sucesso, pois, o capital investido por cada um dos investidores cotistas, é somado aos recursos
de outros cotistas para, em conjunto e coletivamente, ser investido no mercado, com todos os
benefícios dos ganhos de escala, da diversificação de risco e da liquidez das aplicações.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS
As grandes vantagens para o investidor de fundos de investimento em relação aos investimentos
feitos de forma individual são:
•• Possibilidade de diversificação da carteira, mesmo dispondo de pouco recurso financeiro
•• Acesso a papeis disponíveis no mercado financeiro, mas que exigem maior volume para
aplicação
•• Alta liquidez

COTA
As cotas do fundo correspondem a frações ideais de seu patrimônio, e sempre são escriturais e
nominativas. A cota, portanto, é menor fração do Patrimônio Líquido do fundo.

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Como é calculado o valor da cota?

Valor da cota = Patrimônio Liquido/Número de cotas

SEGREGAÇÃO ENTRE GESTÃO DE RECURSOS PRÓPRIOS E DE TERCEIROS


(CHINESE WALL)
As instituições financeiras devem ter suas atividades de administração de recursos próprios
e recursos de terceiros (Fundos), totalmente separadas e independentes de forma a prevenir
potenciais conflitos de interesses.

ASSEMBLÉIA GERAL DE COTISTAS (COMPETÊNCIAS E DELIBERAÇÕES)


É a reunião dos cotistas para deliberarem sobre certos assuntos referentes ao Fundo.
Compete privativamente à Assembleia Geral de cotistas deliberar sobre:
•• as demonstrações contábeis apresentadas pelo administrador;
•• a substituição do administrador, do gestor ou do custodiante do Fundo;
•• a fusão, a incorporação, a cisão, a transformação ou a liquidação do Fundo;
•• o aumento da taxa de administração; (a redução de taxa de administração não necessita
de assembleia)
•• a alteração da política de investimento do Fundo;
•• a emissão de novas cotas, no Fundo fechado;
•• a amortização de cotas, caso não esteja prevista no regulamento; e
•• a alteração do regulamento.

Convocação
A convocação da Assembleia Geral deve ser feita por correspondência encaminhada a cada
cotista, com pelo menos 10 dias de antecedência em relação à data de realização.

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A presença da totalidade dos cotistas supre a falta de convocação.


Podem convocar a Assembleia Geral administrador do fundo, cotista ou grupo de cotista que
detenham no mínimo 5% das cotas emitidas do fundo.
A Assembleia Geral é instalada com a presença de qualquer número de cotistas.

Assembleia geral ordinária (ago) e assembleia geral extraordinária (age)


AGO é a Assembleia convocada anualmente para deliberar sobre as demonstrações contábeis
do Fundo. Deve ocorrer em até 120 dias após o término do exercício social. Esta Assembleia
Geral somente pode ser realizada no mínimo 30 dias após estarem disponíveis aos cotistas as
demonstrações contábeis auditadas relativas ao exercício encerrado.
Quaisquer outras Assembleias são chamadas de AGE.
Em casos excepcionais de iliquidez dos ativos componentes da carteira do fundo, inclusive em
decorrência de pedidos de resgates incompatíveis com a liquidez existente, ou que possam
implicar alteração do tratamento tributário do fundo ou do conjunto dos cotistas, em prejuízo
destes últimos, o administrador poderá declarar o fechamento do fundo para a realização
de resgates, sendo obrigatória a convocação de Assembléia Geral Extraordinária, no prazo
máximo de 1 (um) dia, para deliberar, no prazo de 15 (quinze) dias, a contar da data do
fechamento para resgate, sobre as seguintes possibilidades:
I. substituição do administrador, do gestor ou de ambos;
II. reabertura ou manutenção do fechamento do fundo para resgate;
III. possibilidade do pagamento de resgate em títulos e valores mobiliários;
IV. cisão do fundo; e
V. liquidação do fundo.

SEGREGAÇÃO DE FUNÇÕES E RESPONSABILIDADES:


•• ADMINISTRADOR: Responsável legal pelo funcionamento do fundo. Controla todos os
prestadores de serviço, e defende os interesses dos cotistas. Responsável por comunicação
com o cotista.
•• CUSTODIANTE: Responsável pela “guarda” dos ativos do fundo. Responde pelos dados e
envio de informações dos fundos para os gestores e administradores.
•• DISTRIBUIDOR: Responsável pela venda das cotas do fundo. Pode ser o próprio
administrador ou terceiros contratados por ele.
•• GESTOR: Responsável pela compra e venda dos ativos do fundo (gestão) segundo política
de investimento estabelecida em regulamento. Quando há aplicação no fundo, cabe ao
gestor comprar ativos para a carteira. Quando houver resgate o gestor terá que vender
ativos da carteira.
•• AUDITOR INDEPENDENTE: Todo Fundo deve contratar um auditor independente que
audite as contas do Fundo pelo menos uma vez por ano.

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TIPOS DE FUNDOS: Aplicação e Resgate

OS FUNDOS ABERTOS
Nestes, os cotistas podem solicitar o resgate de suas cotas a qualquer tempo. O número de
cotas do Fundo é variável, ou seja: quando um cotista aplica, novas cotas são geradas e o
administrador compra ativos para o Fundo; quando um cotista resgata, suas cotas desaparecem,
e o administrador é obrigado a vender ativos para pagar o resgate. Por este motivo, os Fundos
abertos são recomendados para abrigar ativos com liquidez mais alta.

FUNDOS FECHADOS
O cotista só pode resgatar suas cotas ao término do prazo de duração do Fundo ou em virtude de
sua eventual liquidação. Ainda há a possibilidade de resgate destas cotas caso haja deliberação
neste sentido por parte da assembleia geral dos cotistas ou haja esta previsão no regulamento
do Fundo.
Estes Fundos têm um prazo de vida pré-definido e o cotista, somente, recebe sua aplicação de
volta após haver decorrido este prazo, quando então o Fundo é liquidado. Se o cotista quiser
seus recursos antes, ele deverá vender suas cotas para algum outro investidor interessado em
ingressar no Fundo

FUNDOS RESTRITOS
Já os Fundos classificados como “Restritos” são aqueles constituídos para receber investimentos
de um grupo restrito de cotistas, normalmente os membros de uma única família, ou empresas
de um mesmo grupo econômico.

FUNDOS EXCLUSIVOS
Os Fundos classificados como "Exclusivos" são aqueles constituídos para receber aplicações
exclusivamente de um único cotista. Somente investidores profissionais podem ser cotistas
de Fundos exclusivos. Prospecto e marcação a mercado é facultativa.

Investidores Qualificados
Investidores Qualificados são aqueles que, segundo o órgão regulador, tem mais condições
do que o investidor comum de entender o mercado financeiro. A vantagem de se tornar um
Investidor Qualificado é a possibilidade de ingressar em fundos restritos, como por exemplo,
Fundos de Direitos Creditórios – FIDC (Exclusivo para Investidores Qualificados)

802 www.acasadoconcurseiro.com.br
BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Edgar Abreu

São considerados INVESTIDOR QUALIFICADO:


1 Investidores Profissionais.
2 Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a
R$ 1.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor
qualificado mediante termo próprio;
3 As pessoas naturais que tenham sido aprovadas em exames de qualificação técnica ou
possuam certificações aprovadas pela CVM como requisitos para o registro de agentes
autônomos de investimento, administradores de carteira, analistas e consultores de valores
mobiliários, em relação a seus recursos próprios.

Investidores Profissionais
Investidores Profissionais são os únicos que podem constituírem Fundos Exclusivos, um tipo
de fundo que possui um único cotista, que necessariamente deve ser um tipo de Investidor
Profissional.
São considerados INVESTIDORES PROFISSIONAIS:
1 Pessoas físicas ou jurídicas que possuam investimentos financeiros em valor superior a
R$ 10.000.000,00 e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor
qualificado mediante termo próprio;
2 Instituições financeiras, companhias seguradoras e sociedades de capitalização.
3 Fundos de Investimento;
4 Entidades abertas e fechadas de previdência complementar;
5 Administradores de carteira e consultores de valores mobiliários autorizados pela CVM em
relação a seus recursos próprios.
#FICADICA: Todo Investidor Profissional é Qualificado, porém nem todo Investidor Qualificado
é também Profissional.

MARCAÇÃO A MERCADO
este conceito diz que o Fundo deve reconhecer todos os dias, o valor de mercado de seus ativos.
A marcação a mercado faz com que o valor das cotas de cada Fundo reflita, de forma atualizada,
a que preço o administrador dos recursos venderia cada ativo a cada momento (mesmo que ele
o mantenha na carteira). Ainda de acordo com a legislação (instrução CVM 409), devem ser
observados os preços do fim do dia, após o fechamento dos mercados. Já para a renda variável,
a legislação determina que observe o preço médio dos ativos durante o dia.
O Objetivo de marcar a mercado é evitar transferência de riqueza entre cotistas
Os ativos que fazem parte da carteira de responsabilidade do administrador devem ter um
preço único.
O administrador deve divulgar no mínimo uma versão simplificada da marcação a mercado

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Tipos de fundos: comportamento e gestão
FUNDOS PASSIVOS (FUNDO INDEXADO): Os fundos passivos são aqueles que buscam
acompanhar um determinado “benchmark” e por essa razão seus gestores têm menos
liberdade na seleção de Ativos
FUNDOS ATIVOS: São considerados ativos aqueles em que o gestor atua buscando obter me-
lhor desempenho, assumindo posições que julgue propícias para superar o seu “benchmark”
FUNDO ALAVANCADO: Um fundo é considerado alavancado sempre que existir possibilidade
(diferente de zero) de perda superior ao patrimônio do fundo, desconsiderando-se casos de
default nos ativos do fundo.
POLÍTICA DE CONCETRAÇÃO: Os fundos de investimento podem concentrar até no máximo
20% em ativos de um mesmo administrador, quando este for uma Instituição Financeira e até
10%, no máximo, quando o emissor do título não for uma Instituição Financeira.
Diferença entre Fundos de Investimentos (FI) e Fundos de Investimentos em Cotas (FIC)
A principal diferença entre fundos de investimento e fundos de investimento em cotas está na
política de investimento.
Fundos de Investimento: compram ativos como títulos públicos, CDB’s, ações, debêntures e
etc.
Fundos de Investimento em cotas: compram cotas de fundos. São uma espécie de investidor
(cotista) de fundos de investimento.

Tipos de fundos: Política de Investimento


I. Fundos de Renda Fixa
a. Referenciados
b. De Curto Prazo
c. Dívida Externa
d. Simples
II. Fundos Cambiais
III. Fundos de Ações
IV. Fundos Multimercados

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Aula 6

CAPITALIZAÇÃO, SEGUROS E PREVIDÊNCIA

6.1. Seguros

Para fazer um seguro, cliente deverá procurar um corretor de seguros e não uma seguradora.
Isso mesmo, primeira lição é a de que é proibido comercialização de seguros sem a presença
o de um corretor, que nada mais é do que um intermediador da operação, como um corretor
de imóveis. Já que comecei a comprar com o corretor de imóveis, mais uma semelhança. Para
ser corretor de imóveis o profissional precisa ter um certificado chamado “CRECI”. O corretor
de seguros também precisa ser certificado, nesse caso o seu registro deve ser feito junto a
FUNSEG.
Nos grandes bancos, como o Banco do Nordeste onde você irá trabalhar, o analista bancário
exerce a função de corretor de seguros, oferecendo os produtos da seguradora do banco ou
parceira, para os seus clientes.
Antes de fazer o seguro é necessário o cliente preencher a proposta de seguro. Documento
esse que é encaminhado para seguradora no qual irá decidir se quer ou não fazer o seguro.
Isso mesmo, seguradora pode recusar-se de segurar sua vida ou seu bem. Se ela aceitar, ai
sim é emitida a apólice, documento que constam as informações do seguro, toda apólice é
registrada na susep.
Quando fazemos um seguro, o valor que pagamos para seguradora, seja mensalmente ou em
parcela única, chama-se prêmio! Não confunda com o valor que se recebe em caso de sinistro
que se chama indenização.
Por falar em sinistro, é importante você saber que só recebe esse definição quando o risco está
coberto na apólice. Assim podemos afirmar que sempre que houver sinistro em um seguro, a
seguradora é obrigada a indenizar o segurado.
Em um seguro de vida, podemos ou não eleger os beneficiários. Quando não elegemos são os
herdeiros legais quem tem direito a indenização. Se você eleger um familiar como beneficiário
poderá alterar no futuro, sim, essa mudança na apólice se chama endosso. Em alguns casos
pode gerar custos, como exemplo, imagine que você tenha feito um seguro de um veículo no
valor de R$ 20.000,00, com vigência de 1 ano e depois de 3 meses vcê troca de carro, para um
no valor de R$ 50.000,00. Provavelmente nesse caso a seguradora irá pedir um prêmio extra
para cobrir a diferença de risco provocada por esse endosso.

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Por falar em seguro de veículos, já ouviu falar de franquia? Então, nos seguros de carros
geralmente as seguradoras exigem franquias, que nada mais é que a parte do prejuízo que fica
de responsabilidade do segurado em caso de sinistro.
Tem uma coisa que é bem óbvia mas nem todo mundo sabe. Sabia que é proibido a realização
de mais de um seguro cobrindo o mesmo objeto ou interesse, salvo nos casos de seguros
de pessoas? Isso mesmo, mas é fácil de entender. Imagina que você tenha um carro e faça
5 seguros do mesmo em seguradoras diferente. Se alguém furtar seu bem você receberia 5
carros novos, seria demais né? Isso mesmo, demais! Por esse motivo é proibido, você poderá
contratar somente um seguro por bem!
Infelizmente as operações de seguro são tributadas. IOF incide sobre quase todas as operações
de seguro, a grande exceção fica por conta das operações de Seguro Rural, que gozam de
isenção tributária irrestrita, de quaisquer impostos ou tributos federais.

Resseguradores
Resseguradores – Entidades, constituídas sob a forma de sociedades anônimas, que têm
por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão. O Instituto de
Resseguros do Brasil (IRB) é empresa resseguradora vinculada ao Ministério da Fazenda
Resseguro: operação de transferência de riscos de uma cedente para um ressegurador.
Retrocessão: operação de transferência de riscos de resseguro de resseguradores para
resseguradores ou de resseguradores para sociedades seguradoras locais.

Classificação dos Resseguradores:


•• Ressegurador local: ressegurador sediado no País constituído sob a forma de sociedade
anônima, tendo por objeto exclusivo a realização de operações de resseguro e retrocessão.
•• Ressegurador admitido: ressegurador sediado no exterior, com escritório de representação
no País, que, atendendo às exigências previstas na legislação das atividade de resseguro
e retrocessão, tenha sido cadastrado como tal junto a SUSEP para realizar operações de
resseguro e retrocessão.
•• Ressegurador eventual: empresa resseguradora estrangeira sediada no exterior sem
escritório de representação no País que, atendendo às exigências previstas na legislação
das atividade de resseguro e retrocessão, tenha sido cadastrado como tal junto a SUSEP
para realizar operações de resseguro e retrocessão.

CORRETORAS DE SEGUROS
•• Corretagem: intermediação entre o adquirente do seguro e o tomador do capital.
•• Comissão: remuneração pela corretagem.

806 www.acasadoconcurseiro.com.br
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•• Características do(a) Corretor(a):


1. pode ser pessoa física ou jurídica;
2. só pode operar se tiver autorização da SUSEP;
3. não pode ter vínculo, nem dependência econômica com o segurado (pessoa física ou
jurídica), ou com a sociedade seguradora, seus sócios e diretores.
O corretor de seguros responderá civilmente perante os segurados e as Sociedades Seguradoras
pelos prejuízos que causar, por omissão, imperícia ou negligência no exercício da profissão.
O corretor de seguros estará sujeito às penalidades seguintes:
a) multa;
b) suspensão temporária do exercício da profissão;
c) cancelamento do registro.
Comentário: Não é possível fazer um seguro sem a intermediação de um corretor ou uma
corretora de seguros.

6.2. Títulos de Capitalização

As capitalizações é uma misto de investimento (tipo poupança) atrelada a um jogo. Lembra da


tele-sena? Então... Sim era u investimento, pois a mesma possibilitava o resgate após um ano.
Resgatava-se a metade do valor “investido” com correções!
Silvio Santos não esperava um ano atoa. Esse é o prazo mínimo para resgate de um título de
capitalização. Nos títulos com vigência igual a 12 meses, os pagamentos são obrigatoriamente
fixos. Já nos títulos com vigência superior, é facultada a atualização dos pagamentos, a cada
período de 12 meses, por aplicação de um índice oficial estabelecido no próprio título.
Infelizmente muitos profissionais ao oferecer capitalização para os seus clientes, afirmam que
a mesma é igual poupança, o que não é verdade, nem de perto, os rendimentos mínimos
estabelecidos por lei, são de 0,35% ao mês (Circular SUSEP 459), em geral as cadernetas de
poupança rede mais do que isso, além do mais as capitalizações possuem carência (de um a
dois anos, varia conforme a modalidade do plano) para resgate e em geral um deságio sobre o
valor aplicado quando não respeitado prazos mínimos estipulados no plano planos contratados
nas modalidades Popular e Incentivo não possuem exigência mínima de rentabilidade.
Os títulos são estruturados, quanto a sua forma de pagamento, em PM, PP e PU.
•• PM = É um título que prevê um pagamento a cada mês de vigência do título.
•• PP = É um título em que não há correspondência entre o número de pagamentos e o
número de meses de vigência do título.
•• PU = É um título em que o pagamento é único (realizado uma única vez), tendo sua vigência
estipulada na proposta.
Assim como no seguro, o valor que o cliente “paga” (investe) é chamado de prêmio. O Prêmio
é dividido em:

www.acasadoconcurseiro.com.br 807
o Provisão para sorteio
o Taxa de Carregamento
o Provisão matemática
Em caso de resgate antecipado o investidor irá receber um percentual de sua provisão
matemática.

6.3. Previdência Privada

Previdência Social é aquela referente ao benefício pago pelo INSS aos trabalhadores. Ela
funciona como um seguro controlado pelo governo, garantindo que o trabalhador continue a
receber uma renda quando se aposentar, mas que também não fique desamparado em caso
de gravidez, acidente ou doença.
Previdência Privada, como o próprio nome sugere, é uma opção do indivíduo. Também
chamada de Previdência Complementar, ela estabelece a formação de uma reserva a ser usada
tanto para complementar a renda recebida pelo INSS, quanto para realizar um projeto de vida,
como o pagamento da faculdade dos filhos ou investir em um negócio próprio.

Taxas de Administração
Refere-se às despesas com a gestão financeira do fundo, contratada a uma empresa
especializada. A cobrança ocorre durante toda a fase de contribuição e incide sobre o capital
total, incluindo o rendimento. Esse custo é regulamentado pelo Banco Central e pela Comissão
de Valores Mobiliários (quando o fundo tiver aplicações em renda variável).
O percentual da taxa tem que ser aprovado pela Susep e constar do contrato. Nos planos VGBL
e PGBL, o custo varia de 0,5% a 4% ao ano, em geral sendo cobrada diariamente.
É cobrada pela tarefa de administrar o dinheiro do fundo de investimento exclusivo, criado para
o seu plano, e pode variar de acordo com as condições comerciais do plano contratado. Os que
têm fundos com investimentos em ações, por serem mais complexos, normalmente têm taxas
um pouco maiores do que aqueles que investem apenas em renda fixa.

Taxas de Carregamento
Corresponde às despesas administrativas das instituições financeiras com pessoal, emissão de
documentos e lucro. É cobrada logo na entrada do plano e a cada depósito ou contribuição que
você faz. Isso quer dizer que, se esse custo for de 5%, a cada R$ 100,00 investidos só R$ 95,00
vão ser creditados efetivamente no seu plano. Em outras palavras, quanto maior o percentual,
menor a fatia da contribuição ou depósito feita por você que vai “engordar” o seu capital.
As instituições financeiras têm liberdade de cobrar taxas de até 10% nos planos VGBL e PGBL,
com aprovação da Susep, mas a concorrência forte impede a imposição desse limite.

808 www.acasadoconcurseiro.com.br
BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Edgar Abreu

Ela serve para cobrir despesas de corretagem e administração. Na maioria dos casos, a cobrança
dessa taxa não ultrapassa 5% sobre o valor de cada contribuição que você fizer. No mercado há
três formas de taxa de carregamento, dependendo do plano contratado. São elas:
1. Antecipada: incide no momento do aporte. Esta taxa é decrescente em função do valor
do aporte e do montante acumulado. Ou seja, quanto maior o valor do aporte ou quanto
maior o montante acumulado, menor será a taxa de carregamento antecipada.
2. Postecipada: incide somente em caso de portabilidade ou resgates. É decrescente em
função do tempo de permanência no plano, podendo chegar a zero. Ou seja, quanto maior
o tempo de permanência, menor será a taxa.
3. Híbrida: a cobrança ocorre tanto na entrada (no ingresso de aportes ao plano), quanto na
saída (na ocorrência de resgates ou portabilidades). Como você pode ver, existem produtos
que extinguem a cobrança dessa taxa após certo tempo de aplicação. Outros atrelam esse
percentual ao saldo investido: quanto maior o volume aplicado, menor a taxa. Nos dois
casos, não deixe de pesquisar antes de escolher seu plano de previdência.

Portabilidade
É a transferência, parcial ou total, do saldo acumulado entre fundos do plano contrato, ou
para outros planos, outra seguradora ou Entidade Aberta de Previdência Complementar –
EAPC, durante o período de acumulação, por vontade do titular.

Transferências entre planos


Não é permitido mudar de modalidade, ou seja, de um VGBL para um PGBL e vice-versa. Se
quiser fazê-lo, o investidor deverá resgatar seus recursos e aplicar tudo de novo no outro plano,
o que implicará cobrança de IR sobre o dinheiro retirado, conforme regime tributário escolhido
e vigente à época do resgate.

Resgates
Uma das formas de sair do plano, ou seja, de utilizar a reserva acumulada, pode ser o resgate
total, caso o cliente não queira passar a receber uma renda mensal. Para essa opção, há duas
formas disponíveis de resgate:
•• Resgate programado: são definidas datas certas para a retirada do dinheiro. Os recursos
que continuarem no plano permanecerão rendendo.
•• Resgate total: é a alternativa mais barata para o usuário, mas não é indicada para quem
não tem experiência em gerir seu patrimônio. Afinal, se o dinheiro ficar parado, deixará de
render.
IMPORTANTE: No caso de resgate total ou de parte dos recursos antes da data de saída
estipulada, é preciso ficar atento às regras de carência para resgate.

www.acasadoconcurseiro.com.br 809
Regimes de tributação
REGIME DE TRIBUTAÇÃO REGRESSIVO
É facultada aos participantes que ingressarem a partir de 1º de janeiro de 2005 em planos de
benefícios de caráter previdenciário, estruturados nas modalidades de contribuição definida
ou contribuição variável, das entidades de previdência complementar e das sociedades
seguradoras, a opção por regime de tributação no qual os valores pagos aos próprios
participantes ou aos assistidos, a título de benefícios ou resgates de valores acumulados,
sujeitam-se à incidência de imposto de renda na fonte às seguintes alíquotas:

Período de aportes Alíquota de IR


Até 2 anos 35%
de 2 a 4 anos 30%
de 4 a 6 anos 25%
de 6 a 8 anos 20%
de 8 a 10 anos 15%
Mais de 10 anos 10%

REGIME DE TRIBUTAÇÃO PROGRESSIVO


Do mesmo modo que o anterior: é sobre os lucros, no caso do VGBL, e sobre o valor total
acumulado, no caso do PGBL
Porém, segue a tabela progressiva do Imposto de Renda:

Base de cálculo anual em r$ Base de Cálculo Mensal (R$) Alíquota (%)


Até 22.847,76 Até 1.903,98 0

De 22.847,88 até 33.919,80 De 1.903,99 a 2.826,65 7,5

De 33.919,92 até 45.012,60 De 2.826,66 a 3.751,05 15

De 45.012,72 até 55.976,16 De 3.751,06 a 4.664,68 22,5

Acima de 55.976,16 Acima de 4.664,68 27,5

Ao escolher entre a tributação regressiva você não pode alterar mais o tipo de tributação.
Pode-se dizer que o regime de tributação regressiva é indicado para quem planeja poupar em
plano de previdência por mais tempo, ou seja, cultivando a visão do longo prazo. Afinal, quanto
maior o período em que o dinheiro ficar aplicado no plano, menor a alíquota do Imposto de
Renda.
Já a opção pela tabela progressiva é mais indicada em duas situações:

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Edgar Abreu

1. Se o investidor tem a intenção de sair do fundo em um prazo mais curto;


2. Se o investidor estiver poupando com o objetivo de receber uma renda mensal que fique
na faixa de isenção do IR ou próxima a essa, cuja alíquota não ultrapasse os 7,5%.

Plano Gerador De Benefícios Livres (PGBL)


O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é mais vantajoso para aqueles que fazem a
declaração do imposto de rend’a pelo formulário completo. É uma aplicação em que incide
risco, já que não há garantia de rentabilidade, que inclusive pode ser negativa. Ainda assim,
em caso de ganho, ele é repassado integralmente ao participante.
O resgate pode ser feito no prazo de 60 dias de duas formas: de uma única vez, ou transformado
em parcelas mensais. Também pode ser abatido até 12% da renda bruta anual do Imposto
de Renda e tem taxa de carregamento. É comercializado por seguradoras. Com o PGBL, o
dinheiro é colocado em um fundo de investimento exclusivo, administrado por uma empresa
especializada na gestão de recursos de terceiros e é fiscalizado pelo Banco Central.

Vida Gerador De Benefícios Livres (VGBL)


O VGBL, ou Vida Gerador de Benefício Livre, é aconselhável para aqueles que não têm renda
tributável, já que não é dedutível do Imposto de Renda, ainda que seja necessário o pagamento
de IR sobre o ganho de capital.
Nesse tipo de produto, também não existe uma garantia de rentabilidade mínima, ainda que
todo o rendimento seja repassado ao integrante. O primeiro resgate pode ser feito em prazo
que varia de dois meses a dois anos. A partir do segundo ano, também pode ser feita a cada
dois meses. Possui taxa de carregamento.

PGBL X VGBL

PGBL VGBL
Permite abater da base de cálculo do IR os
aportes realizados anualmente ao plano Não permite abater do IR os
Dedução de IR
até um limite máximo de 12%(*) da renda aportes ao plano.
bruta tributável do investidor.
Essa dedução não significa que os aportes
feitos na Previdência são isentos de IR. O IR incidirá apenas sobre os
Incidência de IR Haverá incidência do IR sobre o valor total rendimentos do plano e não
do resgate ou da renda recebida quando sobre o total acumulado.
eles ocorrerem.
Indicado para quem usa a
declaração simplificada ou é
Indicado para as pessoas que optam pela isento ou para quem já investe
Perfil Investidor
declaração completa do Imposto de Renda. em um PGBL, mas quer investir
mais de 12% de sua renda bruta
em previdência privada.

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Aula 7

CHEQUES

7.1. O que é um cheque?

O cheque é uma ordem de pagamento à vista e um título de crédito. O cheque é uma ordem de
pagamento à vista, porque deve ser pago no momento de sua apresentação ao banco sacado.
Ah professor, mas e os cheques pre-datados? Bom querido futuro analista do BNB, sinto muito
informar, mas legalmente não existe cheque pré-datado, isso é apenas um acordo comercial
entre as partes.
Dizer que o cheque é um título de crédito, nos permite concluir que o mesmo poderá ser
protestado ou executado em juízo.
Mas para entender melhor como isso funciona, devemos separar as duas relações que existem
em uma emissão de cheque:
1. Entre o emitente do cheque e o banco.
2. Entre o emitente e beneficiário.
Vamos começar explicando qual a definição de emitente, banco e beneficiário:
•• Emitente (emissor ou sacador): como nome já diz é aquele que emite o cheque, cliente do
banco, pessoa física ou jurídica.
•• Beneficiário: que é a pessoa a favor de quem o cheque é emitido, para quem passamos o
cheque.
•• Sacado: que é o banco onde está depositado o dinheiro do emitente. Banco esse que
concedeu as folhas de cheque para o cliente e o autorizou a emitir.

Relação Jurídica 2

Relação Jurídica 1

www.acasadoconcurseiro.com.br 813
7.2. Quais são as formas de emissão de cheques?

O cheque pode ser emitido de três formas:


•• nominal (ou nominativo) à ordem: só pode ser apresentado ao banco pelo beneficiário
indicado no cheque, podendo ser transferido por endosso do beneficiário;
•• nominal não à ordem: só pode ser apresentado ao banco pelo beneficiário indicado no
cheque e não pode ser transferido pelo beneficiário; e
•• ao portador: não nomeia um beneficiário e é pagável a quem o apresente ao banco sacado.
Não pode ter valor superior a R$ 100,00.
Para tornar um cheque não à ordem, basta o emitente escrever, após o nome do beneficiário, a
expressão “não à ordem”, ou “não-transferível”, ou “proibido o endosso”, ou outra equivalente.
Quando não proibido o endosso, o cheque pode ser transferido, porém o endosso de um
cheque deve ser EXCLUSIVAMENTE em preto. (Lei 8.088 art. 19)
Cheque de valor superior a R$100,00 tem que ser nominal, ou seja, trazer a identificação do
beneficiário. O cheque de valor superior a R$100,00 emitido sem identificação do beneficiário
deve ser devolvido.
Os cheques podem ser cruzados. Cruzamento proibi o saque, obrigando o mesmo ser creditado
em conta-corrente do beneficiário. É uma forma de dar mais garantias ao emitente do cheque.
Existem dois tipos de cruzamento:
•• Em branco: atravessado no anverso por dois traços paralelos;
•• Em preto, ou especial: dentro das linhas paralelas está escrito o nome do banco. Só a ele o
cheque poderá ser apresentado;

7.3. Requisitos essenciais de um cheque

Segundo a lei do cheque, para que uma folha seja considerada um cheque, as mesma deve
conter no mínimo:
I. denominação ‘’cheque’’ inscrita no contexto do título e expressa na língua em que este é
redigido;
II. a ordem incondicional de pagar quantia determinada;
III. o nome do banco ou da instituição financeira que deve pagar (sacado);
IV. a indicação do lugar de pagamento;
V. a indicação da data e do lugar de emissão;
VI. a assinatura do emitente (sacador), ou de seu mandatário com poderes especiais.
IMPORTANTE: não indicado o lugar de emissão, considera-se emitido o cheque no lugar
indicado junto ao nome do emitente.

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7.4. Divergência de valor

Feita a indicação da quantia em algarismos e por extenso, prevalece o valor escrito por
extenso no caso de divergência. Indicada a quantia mais de uma vez, quer por extenso, quer
por algarismos, prevalece a indicação da menor quantia no caso de divergência.
Com relação à indicação do valor correspondente aos centavos, não é obrigatória a grafia por
extenso, desde que: o valor integral seja especificado em algarismos no campo próprio da folha
de cheque; a expressão “e centavos acima” conste da folha de cheque, grafada pelo emitente
ou impressa no final do espaço destinado à grafia por extenso de seu valor.

7.5. Insuficiência de Fundos

Caso o emitente do cheque não tenha saldo suficiente para honrar com o pagamento, mesmo
considerando limites de cheque especial (crédito rotativo oferecido pelo banco), o banco
poderá devolver o cheque para o beneficiário. Se for a primeira vez que o cheque é devolvido, o
motivo é o 11 e não gera obrigação do banco nem mesmo de comunicar o emitente.
Caso a mesma folha volte a ser depositada e mais uma vez não existe fundos para sua
compensação, o sacado (banco) irá devolver o cheque pela segunda e última vez (não pode
mais ser reapresentado) e agora sim o banco é obrigado a informar o emitente da devolução,
pois o motivo não é mais 11 e sim 12, no qual gera uma inclusão do cliente no CCF (Cadastro de
Emitentes de Cheques sem Fundos). Somente nos casos que gerar inclusão do cliente no CCF
que o banco será obrigado a comunica-lo.

7.6. CCF: Cadastro de Emitentes de Cheques sem Fundos

A emissão de cheque sem fundo acarretará a inclusão do nome do emitente no Cadastro


de Emitentes de Cheques sem Fundos (que é operacionalizado pelo Banco do Brasil) e nos
cadastros de devedores mantidos pelas instituições financeiras e entidades comerciais, na
segunda apresentação do cheque para pagamento. Além disso também são motivos para
inclusão no CCF os cheques emitidos de contas já encerrada e quando for identificado pelo
sacado que o emitente está praticando espúria.
O correntista cujo nome estiver incluído no CCF não poderá receber novo talonário de cheque.
Além disso, o beneficiário do cheque poderá protestá-lo e executá-lo.
A emissão deliberada de cheque sem provisão de fundos é considerada crime de estelionato.
Em caso de conta conjunta do tipo solidária (permite assinatura separado) onde apenas um
dos titulares assinou o cheque, somente deverá ser incluído no CCF o emitente que de fato
emitiu o cheque, ou seja, quem assinou.

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7.7. Oposição ao pagamento

O correntista pode impedir o pagamento de um cheque já emitido de duas formas:


•• oposição ao pagamento ou sustação: que pode ser determinada pelo emitente ou pelo
portador legitimado, durante o prazo de apresentação;
•• contra-ordem ou revogação: que é determinada pelo emitente após o término do prazo
de apresentação.
Quanto à sustação indevida, embora o banco não possa julgar o motivo alegado pelo emitente
para a sustação de cheque, o beneficiário pode recorrer à justiça para pagamento da dívida,
bem como pode protestar o cheque, que é um título de crédito.

7.8. Prazos para pagamento de um cheque.

Existem dois prazos que devem ser observados:


•• prazo de apresentação, que é de 30 dias, a contar da data de emissão, para os cheques
emitidos na mesma praça do banco sacado; e de 60 dias para os cheques emitidos em
outra praça; e
•• prazo de prescrição, que é de 6 meses decorridos a partir do término do prazo de
apresentação.
Mesmo após o prazo de apresentação, o cheque é pago se houver fundos na conta. Se não
houver, o cheque é devolvido pelo motivo 11 (primeira apresentação) ou 12 (segunda
apresentação), sendo, neste caso, o seu nome incluído no CCF.

7.9. Informações Legais

A instituição financeira sacada é obrigada a fornecer, mediante solicitação formal do interessado,


nome completo e endereços residencial e comercial do emitente, no caso de cheque devolvido
por:
I. insuficiência de fundos;
II. motivos que ensejam registro de ocorrência no CCF;
III. sustação ou revogação devidamente confirmada, não motivada por furto, roubo ou extravio;
IV. divergência, insuficiência ou ausência de assinatura; ou
V. erro formal de preenchimento.
As informações referidas acima devem ser prestadas em documento timbrado da instituição
financeira e somente podem ser fornecidas:

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Edgar Abreu

•• ao beneficiário, caso esteja indicado no cheque, ou a mandatário legalmente constituído;


ou
•• ao portador, em se tratando de cheque em relação ao qual a legislação em vigor não exija a
identificação do beneficiário e que não contenha a referida identificação.

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Aula 8

EXERCÍCIOS

Bom, preparei vários exercícios no formato CERTO | ERRADO. Indiferente se a banca será CESPE
ou outra, sempre temos que analisar as assertivas ou alternativas e decidir se está ou não
correta, logo acredito que esse é o melhor jeito de descobrir se você realmente aprendeu.
Todas as questões são inéditas e criadas por mim (Banca CESPED). Tem muitos “professores”
que copiam minha apostila, meu conteúdo, minhas questões. A esses “amigos” eu diria que
copiar é mais fácil mesmo e é um dom dos fracos! :D
Para os meus alunos, não alunos, todos futuros analistas do BNB, eu sugiro que leia com
atenção cada uma das assertivas abaixo e assista a nossa aula 8 onde eu vou corrigir todas elas
e tirar as suas dúvidas ok? Bons estudos!

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Questões

1. A troca de moeda estrangeira por moeda lo- 8. Em todas as reuniões do CMN são lavradas
cal ou o inverso, dar-se no mercado de capi- atas, cujo extrato é publicado no Diário Ofi-
tais. cial da União (DOU), no qual também de-
vem ser publicadas as matérias aprovadas
( ) Certo ( ) Errado que são regulamentadas por meio de Reso-
luções, normativos de caráter público, que
2. Adaptar o volume dos meios de pagamento também podem ser consultados na página
às reais necessidades da economia nacional de normativos do Banco Central do Brasil.
e seu processo de desenvolvimento é uma ( ) Certo ( ) Errado
das competências do CMN.
( ) Certo ( ) Errado 9. O BCB é o principal executor das orienta-
ções do Conselho Monetário Nacional
3. A responsabilidade de zelar pela liquidez da ( ) Certo ( ) Errado
economia é do Banco Central do Brasil.
( ) Certo ( ) Errado 10. Uma das finalidades do BACEN é a de Orga-
nizar, disciplinar e fiscalizar o Sistema Finan-
4. Zelar pela liquidez e solvência das insti- ceiro Nacional (SFN) e do Sistema de Con-
tuições financeiras é um dos objetivos do sórcio
CMN. ( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
11. Para cumprir com as suas responsabilidades
5. Expedir normas gerais de contabilidade e e atingir seus objetivos, o BCB conta com
estatística a serem observadas pelas insti- uma diretoria colegiada, que é composta
tuições financeiras é uma competência do por até nove membros
BACEN. ( ) Certo ( ) Errado
( ) Certo ( ) Errado
12. As decisões da Diretoria Colegiada do BA-
6. Junto ao CMN também funciona a Comissão CEN são tomadas por unanimidade, caben-
Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc) que do ao presidente, ou a seu substituto, o
é um exemplo de comissões consultivas. voto de qualidade.

( ) Certo ( ) Errado ( ) Certo ( ) Errado

7. O CMN reúne-se, ordinariamente, uma vez 13. O objetivo do COPOM é o de estabelecer as


por mês e, extraordinariamente, por convo- diretrizes da política inflacionária e de defi-
cação do seu presidente nir a meta da taxa básica de juros.

( ) Certo ( ) Errado ( ) Certo ( ) Errado

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14. O índice oficial de inflação do Brasil, adota- 20. A compensação de cheques é considerada
do no sistema de metas do COPOM é o IGP- “serviço essencial” e não pode ser cobrada
-M. tarifa pela instituição financeira.
( ) Certo ( ) Errado ( ) Certo ( ) Errado

15. Ao final de cada quadrimestre civil, o Co- 21. O prazo de compensação de cheques com
pom publica o documento “Relatório de valores inferiores a 300,00 é dois dias uteis.
Inflação”, que analisa detalhadamente a
conjuntura econômica e financeira do país, ( ) Certo ( ) Errado
bem como apresenta suas projeções para a
taxa de inflação. 22. A CETIP atua como depositária de títulos,
( ) Certo ( ) Errado principalmente os de renda fixa privados,
mas também títulos públicos estaduais e
municipais e os representativos de dívida
16. O Banco Nacional de Desenvolvimento So- do Tesouro Nacional
cial e Econômico – BNDES é o maior banco
de desenvolvimento do país. ( ) Certo ( ) Errado

( ) Certo ( ) Errado
23. Embora não seja obrigado, os bancos po-
dem exigir depósito inicial para abertura de
17. O BNDES está vinculado junto ao Ministério qualquer tipo de conta.
de Desenvolvimento, Indústria e Comér-
cio Exterior e não ao Ministério da Fazenda ( ) Certo ( ) Errado
como as demais instituições pertencentes
ao sistema financeiro nacional. 24. RDB além de ser emitido por bancos, tam-
( ) Certo ( ) Errado bém pode ser utilizado como meio de cap-
tação das cooperativas de crédito e as fi-
nanceiras (SCFI).
18. Todos os sistemas de compensação e de
liquidação de ativos são considerados sis- ( ) Certo ( ) Errado
temicamente importantes, independente-
mente do valor individual de cada transação 25. Sacado de um cheque é sempre o banco
e do giro financeiro diário onde está depositado o dinheiro do emi-
( ) Certo ( ) Errado tente. Banco esse que concede as folhas de
cheque para o cliente e o autoriza a emiti-
-las.
19. O STR é um sistema de liquidação bruta em
tempo real (LBTR) de transferência de fun- ( ) Certo ( ) Errado
dos entre seus participantes, gerido e ope-
rado pelo Banco Central do Brasil
( ) Certo ( ) Errado

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Edgar Abreu

26. O Administrador de um Fundo de Investi-


mento é o responsável legal pelo funciona-
mento do fundo. Controla todos os presta-
dores de serviço, e defende os interesses
dos cotistas. Responsável por comunicação
com o cotista.
( ) Certo ( ) Errado

27. A CIP é uma associação civil sem fins lucra-


tivos, integrante do Sistema de Pagamentos
Brasileiro. Está sob regulamentação do Con-
selho Monetário Nacional.
( ) Certo ( ) Errado

28. O Banco do Nordeste do Brasil S. A. é o


maior banco de desenvolvimento regional
da América Latina.
( ) Certo ( ) Errado

Poucas questões né? Eu sei... mas não fique triste, estou preparando um material com mais
de 100 questões inéditas, vou disponibiliza-las em breve na Casa do Concurseiro e também na
casa das questões. Você que é nosso aluno, estará em seu EAD logo logo!
Bons estudos!

Gabarito: 1. E 2. E 3. C 4. C 5. E 6. E 7. C 8. C 9. C 10. C 11. C 12. E 13. E 14. E 15. E 16. E 17.


C 18. C 19. C 20. C 21. E 22. C 23. E 24. C 25. C 26. C 27. E 28. E

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Conhecimentos Bancários

Professor Lucas Silva

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Edital

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS: 2. OPERAÇÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO: Fundamentos do crédi-


to: a) conceito de crédito; b) elementos do crédito; c) requisitos do crédito. Riscos da atividade
bancária: a) de crédito; b) de mercado; c) operacional; d) sistêmico; e) de liquidez. Principais
variáveis relacionadas ao risco de crédito: a) clientes; b) operação. Tipos de operações de cré-
dito bancário (empréstimos, descontos, financiamentos e adiantamentos). Operações de Cré-
dito Geral: a) crédito pessoal e crédito direto ao consumidor; b) desconto de duplicatas, notas
promissórias e cheques pré-datados; c) contas garantidas; d) capital de giro; e) cartão de cré-
dito; f) microcrédito urbano. Operações de Crédito Especializado: a) Crédito Rural: i) conceito,
beneficiários, preceitos e funções básicas; ii) finalidades: operações de investimento, custeio e
comercialização; iii) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF):
base legal, finalidades, beneficiários, destinação, condições. B) Crédito industrial, agroindus-
trial, para o comércio e para a prestação de serviços: conceito, finalidades (investimento fixo e
capital de giro associado), beneficiários. Recursos utilizados na contratação de financiamentos:
i) Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE): base legal, finalidades, regras, ad-
ministração; ii) BNDES/FINAME: base legal, finalidade, regras, forma de atuação; iii) Fundo de
Amparo ao Trabalhador (FAT): base legal, finalidades, regras, forma de atuação. Microfinanças:
base legal, finalidade, forma de atuação.

BANCA: FGV
CARGO: Analista Bancário

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Introdução

Olá futuro (a) servidor (a) do BNB!!! Essa apostila foi produzida baseada no edital do concurso
anterior. Assim que sair o edital novo, se houver novos temas, eu irei atualizar esse material
novamente, fique tranquilo.
Nesse material está uma parte de Conhecimentos Bancários (A outra parte será estudada com
o Prof. Edgar Abreu).
Abaixo estão os itens que serão abordados comigo:

OPERAÇÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO:


•• Fundamentos do crédito: a) conceito de crédito; b) elementos do crédito; c) requisitos
do crédito. Riscos da atividade bancária: a) de crédito; b) de mercado; c) operacional; d)
sistêmico; e) de liquidez. Principais variáveis relacionadas ao risco de crédito: a) clientes; b)
operação.
•• Tipos de operações de crédito bancário (empréstimos, descontos, financiamentos e
adiantamentos). Operações de Crédito Geral: a) crédito pessoal e crédito direto ao
consumidor; b) desconto de duplicatas, notas promissórias e cheques pré-datados; c)
contas garantidas; d) capital de giro; e) cartão de crédito; f) microcrédito urbano.
•• Operações de Crédito Especializado: a) Crédito Rural: i) conceito, beneficiários, preceitos
e funções básicas; ii) finalidades: operações de investimento, custeio e comercialização;
iii) Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF): base legal,
finalidades, beneficiários, destinação, condições. B) Crédito industrial, agroindustrial, para
o comércio e para a prestação de serviços: conceito, finalidades (investimento fixo e capital
de giro associado), beneficiários. Recursos utilizados na contratação de financiamentos: i)
Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE): base legal, finalidades, regras,
administração; ii) BNDES/FINAME: base legal, finalidade, regras, forma de atuação; iii)
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT): base legal, finalidades, regras, forma de atuação.
Microfinanças: base legal, finalidade, forma de atuação.
Bons estudos galera!!!

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Conhecimentos Bancários

FUNDAMENTOS DO CRÉDITO

CONCESSÃO DE CRÉDITO NO BNB

O Banco do Nordeste adota dois modelos de avaliação de risco-cliente: um Modelo Especialista


(credit rating) e um Modelo Fundamentalista, os quais consideram aspectos subjetivos e
fatores objetivos. Ambos utilizam os fatores de risco conhecidos mundialmente como “C´s do
crédito” – caráter, capacidade, condições, capital e colateral (garantias), sendo diferenciados
quanto ao processo de pontuação, o especialista de modo automático e o fundamentalista com
interferência direta do analista responsável pelo estudo.
1. Caráter: referente ao histórico do solicitante quanto ao cumprimento de suas obrigações
financeiras e contratuais.
2. Capacidade: referente ao potencial do solicitante para quitar o crédito solicitado.
3. Capital: referente à solidez financeira do solicitante.
4. Colateral: referente ao montante de bens colocados à disposição pelo solicitante para
garantir o crédito.
5. Condições: referente às condições econômicas e setoriais vigentes, assim como elementos
especiais que possam vir a afetar tanto o solicitante como o credor.
Após definido, por critérios objetivos, qual o modelo aplicável ao cliente ou projeto, se
especialista ou fundamentalista, a sistemática de avaliação de risco segue a mesma lógica.
Inicialmente são subdivididos os fatores de risco em subfatores e estes podem assumir diversas
situações, de acordo com as características estruturais e conjunturais do cliente, de modo que
são atribuídos pesos a esses subfatores, em função das diversas situações que vão desde a
melhor à pior configuração possível

PROBLEMAS NA CONCESSÃO DE CRÉDITO

Sociedade de consumo em massa possuem necessidades concretas e necessidades criadas


(status) e a necessidades são finitas; desejos, infinitos.
Consumir deveria significar preencher necessidades e não satisfazer desejos.

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Compra-se a ideia de que consumir é sinônimo de felicidade. As instituições financeiras
alimentam esse conceito.

Consumidor superendividado, incapaz, agora, de satisfazer, minimamente, suas necessidades


reais, necessitando de mais crédito ainda.
Problema: a sociedade vira as costas ao consumidor superendividado, que ela própria criou.
Uso consciente do crédito – consciência pressupõe conhecimento e reflexão. Informações e
prazo.

SOLUÇÕES

Crédito fácil = crédito caro


Educação para o consumo, transparência– dever de aconselhamento

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Lucas Silva

RISCOS DA ATIVIDADE BANCÁRIA

RISCO

Risco pode ser definido como a probabilidade de perda ou ganho numa decisão de investimento.
Grau de incerteza do retorno de um investimento. Normalmente, o risco tem relação direta
com o nível de renda do investimento: quanto maior o risco, maior o potencial de renda do
investimento

RISCO VERSUS RETORNO

Considerando que os investidores são racionais, concluímos que os mesmos só estarão


dispostos a correrem maior risco em uma aplicação financeira para ir em busca de maiores
retorno.
Segundo o princípio da dominância, entre dois investimento de mesmo retorno, o investidor
prefere o de menor risco e entre dois investimento de mesmo risco, o investidor prefere o de
maior rentabilidade.

RISCO DE LIQUIDEZ

Trata-se da dificuldade de vender um determinado ativo pelo preço e no momento desejado.


A realização da operação, se ela for possível, implica numa alteração substancial nos preços do
mercado.
Caracteriza-se quando o ativo possui muitos vendedores e poucos compradores.
Investimento em imóveis é um exemplo de uma aplicação com alto risco de liquidez.

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RISCO OPERACIONAL

Risco operacional é a possibilidade de ocorrência de perdas resultantes de falhas ou ações


inadequadas de pessoas, falhas ou inadequação de sistemas e processos ou de eventos
externos, incluindo riscos relacionados a questões legais.

RISCO DE CRÉDITO

Risco de crédito está associado a possíveis


perdas que um credor possa ter pelo não
pagamento por parte do devedor dos
compromissos assumidos em uma data
acertada, seja este compromisso os juros
(cupons) ou o principal. Há vários tipos de
risco de crédito: um investidor, ao comprar um
título, sempre estará incorrendo em um ou
mais destes tipos de risco de crédito.

As empresas contratam as agências especializadas como Standard & Poor’s e Moody’s para
que elas classifiquem o risco de crédito referente às obrigações que vão lançar no mercado
(e que serão adquiridas por investidores), como debêntures (bonds), commercial papers,
securitizações,etc
O rating depende da probabilidade de inadimplência da empresa devedora, assim como das
características da dívida emitida.
Quando uma empresa emite debêntures e não consegue honrar seus pagamentos, seus
investidores estão sujeitos a terem perdas financeiras devidas o risco de crédito existente.
IMPORTANTE: Aplicação em ações NÃO possuem RISCO DE CRÉDITO.

RISCO PAÍS

O risco país tem sua origem na possibilidade de um país não honrar seus compromissos, ou
seja, não ter capacidade de gerar recursos para o pagamento de suas obrigações com credores
externos.
O risco país também pode ser gerado pelo risco político ou soberano quando se criam restrições
ao livre fluxo de capitais, impondo controles cambiais que Impossibilitam a remuneração dos
investidores externos.
Golpes militares, políticas econômicas, resultado de novas eleições entre outros podem trazer
este tipo de restrição.

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RISCO DE MERCADO

Risco de mercado é a potencial oscilação dos valores de um ativo durante um período de


tempo. O preço dos ativos oscila por natureza. Uns mais, outros menos. A isso chamamos de
volatilidade, que é uma medida dessa oscilação. Assim, os preços das ações são mais voláteis
(oscilam mais) que os preços dos títulos de renda fixa. O Risco de Mercado é representado
pelos desvios (ou volatilidade) em relação ao resultado esperado.
Risco de mercado, Volatilidade e Desvio-Padrão, na prática, podem ser utilizados como
sinônimos.
Exemplo: se esperarmos que um determinado fundo de investimento apresente um retorno de
25% ao ano, temos a expectativa de que ao aplicarmos R$ 100, obteremos um retorno de R$
25. Quaisquer rentabilidades observadas acima ou abaixo são consideradas risco de mercado.

DIVERSIFICAÇÃO: VANTAGENS E LIMITES DE REDUÇÃO DO RISCO INCORRIDO

•• Risco sistemático: é a parte da volatilidade do ativo que tem sua origem em fatores comuns
a todos os ativos do mercado.
•• Por exemplo, determinado resultado das eleições presidenciais afeta, em maior ou
menor grau, todos os ativos do mercado.
•• Risco não sistemático ou específico: é a parte da volatilidade do ativo que tem sua origem
em características específicas do ativo.
•• Por exemplo, se uma plataforma da Petrobrás sofre um acidente, a princípio somente
as ações desta empresa recebem um impacto negativo

A diversificação, no mundo dos investimentos, é como o investidor divide sua poupança nos
diversos ativos financeiros e reais, como: colocar 10% de seu dinheiro na poupança, 50% em
fundos de renda fixa, 20% em fundo imobiliário e 20% em ações.

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A diversificação ajuda a reduzir os riscos de perdas. É o velho ditado: “não coloque todos os
ovos numa única cesta”. Desta forma, quando um investimento não estiver indo muito bem, os
outros podem compensar, de forma que na média não tenha perdas mais expressivas.
A diversificação consegue reduzir APENAS o risco NÃO SISTEMÁTICO (específico). O risco
sistemático não pode ser reduzido, nem mesmo com uma excelente diversificação.

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Questões

1. Quando uma agencia de Rating decide re- 3. O BNB ao final do dia, necessita de R$ 300
baixar a nota de crédito de um banco, isso milhões para a sua tesouraria. Vai ao Mer-
significa que: cado e não encontra nenhum banco com
disponibilidade para emprestar esse recur-
a) Esse banco está apresentando melho- so. Nesse caso, qual é o risco predominante
res resultados financeiros e por isso na situação:
esta mais seguro investir nessa institui-
ção a) Crédito
b) Esse banco esta apresentando piores b) Mercado
resultados financeiros e por isso esta c) Liquidez
mais seguro investir nessa instituição d) Operacional
c) Esse banco esta apresentando uma pio- e) Não Sistemático
ra na situação econômica, resultando
em maiores riscos nas aplicações reali-
zadas nessa instituição
d) Esse banco está apresentando uma me-
lhora na situação econômica, resultan-
do em menores riscos nas aplicações
realizadas nessa instituição
e) Esse banco esta investindo mais em
inovação e isso acaba levando em uma
menor disponibilidade de caixa para a
instituição

2. Com relação ao risco de credito, assinale a


alternativa correta:
a) É quando não há compradores interes-
sados em um determinado ativo
b) É quando o emissor de um titulo não
honra com o seu compromisso de paga-
mento
c) É quando um ativo oscila por motivos
operacionais da companhia emissora
d) Está presente nas aplicações em acoes
e) Ao investir em acoes, se aumenta o ris-
co de credito da carteira

Gabarito: 1. C 2. B 3. C

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OPERAÇÕES DE CRÉDITO

CRÉDITO ROTATIVO

•• Os contratos de abertura de crédito rotativo são linhas de crédito abertas com um


determinado limite e que o tomador utiliza à medida de suas necessidades, ou mediante
apresentação de garantias (em alguns casos). Os encargos (juros e IOF) são cobrados de
acordo com a utilização dos recursos, da mesma forma que nas contas garantidas.
•• O principal da dívida pode ser “rolado” e até mesmo os juros poderão ser pagos com o
próprio limite disponibilizado
Exemplos: Cheque especial, cartão de crédito e conta garantida.

CONTAS GARANTIDAS

•• É um exemplo de crédito rotativo.


•• Podem ser feitas por PF ou PJ;
•• São limites disponibilizados para o cliente, com base em algum tipo de garantia (cheques,
duplicatas, recebíveis) e que são utilizados automaticamente quando ele não tem saldo
suficiente em sua conta corrente.
•• Algumas contas garantidas têm apenas o caráter devedor, ou seja, não permitem que seus
clientes usem os recursos de forma automática. Para utilizar os recursos, o cliente precisa
informar previamente ao banco.
•• Os juros são calculados diariamente sobre o saldo devedor, e são debitados num
determinado dia do mês, previamente acordado.

DINHEIRO DE PLÁSTICO

Representam uma série de alternativas ao papel-moeda, cujos objetivos são facilitar o dia-a-
dia e incentivar o consumo.

Cartões Magnéticos:
•• Utilizados para saques em terminais de auto-atendimento;
•• Possuem a vantagem de eliminar a necessidade de ida do cliente a uma agência bancária;

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Lucas Silva

•• Não representam estímulo ao consumo;


•• Podem ser utilizados como moeda em estabelecimentos que possuem POS;
•• São utilizados para outros serviços, como obtenção de extratos, saldos, aplicações e resgate
sem fundos de investimento ou poupança.
Comentário: Apesar dos cartões estarem substituindo os cheques, ele continua não tendo o
seu curso forçado pelo banco central, ficando assim opcional a sua aceitação pelo mercado.

CARTÕES DE CRÉDITO

As atividades de emissão de cartão de crédito exercidas por instituições financeiras estão


sujeitas à regulamentação baixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e pelo Banco
Central do Brasil, nos termos dos artigos 4º e 10 da Lei nº 4.595, de 1964. Todavia, nos casos
em que a emissão do cartão de crédito não tem a participação de instituição financeira, não se
aplica a regulamentação do CMN e do Banco Central

Vendedor:
•• forte indutor do consumo;
•• Rebate no preço das vendas (tarifas e prazo).

Comprador:
•• Enquadramento das necessidades de consumo às disponibilidades de caixa;
•• Ganhos sobre a inflação;
•• Forte indutor do consumo.

Tipos:
•• Quanto ao usuário: pessoa física ou empresarial
•• Quanto à utilização: nacional ou internacional.

IMPORTANTE:
Desde Junho/18 o CMN alterou o percentual de pagamento mínimo das faturas de cartão de
crédito. NÃO há mais um limite mínimo (antes era 15%).
Porém o cliente pode pagar o mínimo da fatura apenas 1 vez, após isso o banco deve ofertar
um alinha de crédito com taxa de juros mais baixas.

www.acasadoconcurseiro.com.br 839
Os bancos só podem cobrar cinco tarifas referentes à prestação de serviços de cartão de
crédito:
1. Anuidade
2. emissão de segunda via do cartão
3. tarifa para uso na função saque
4. tarifa para uso do cartão no pagamento de contas
5. tarifa no pedido de avaliação emergencial do limite de crédito.
O contrato de cartão de crédito pode ser cancelado a qualquer momento. No entanto, é
importante salientar que o cancelamento do contrato de cartão de crédito não quita ou
extingue dívidas pendentes. Assim, deve ser buscado entendimento com o emissor do cartão
sobre a melhor forma de liquidação da dívida.

CARTÃO DE CRÉDITO BÁSICO (CMN Nº 3.919 DE 25.11.2010)

É o cartão de crédito exclusivo para o pagamento de compras, contas ou serviços. O preço da


anuidade para sua utilização deve ser o menor preço cobrado pela emissora entre todos os
cartões por ela oferecidos.
Modalidades: Nacional e Internacional
Não pode ser associado a programas de benefícios e/ou recompensas.

CARTÃO DE CRÉDITO BNDES

Qual é a finalidade do Cartão BNDES?


Financiar os investimentos das micro, pequenas e médias empresas.
Quais as principais vantagens do Cartão BNDES ?
•• Crédito rotativo pré-aprovado
•• Financiamento automático em até 48 meses
•• Prestações fixas e iguais
•• Taxa de juros atrativa (informada na página inicial do site www.cartaobndes.gov.br)
Quem pode obter o Cartão BNDES ?
As micro, pequenas e médias empresas (com faturamento bruto anual de até R$ 90 milhões),
sediadas no País, que exerçam atividade econômica compatíveis com as Políticas Operacionais
e de Crédito do BNDES e que estejam em dia com o FGTS, RAIS e tributos federais.
Quais são os bancos emissores do Cartão BNDES ?
O Banco do Brasil, o Bradesco e o Banrisul, que emitem o Cartão BNDES com a bandeira Visa, e
a Caixa Econômica Federal, que emite o Cartão BNDES com a bandeira Mastercard.

840 www.acasadoconcurseiro.com.br
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Como solicitar o Cartão BNDES?


Pela internet:
Digite o endereço do site www.cartaobndes.gov.br
Clique em “Solicite seu Cartão BNDES”
Selecione o banco emissor
Preencha a proposta de solicitação do Cartão e envie-a ao banco emissor, conforme  
instruções constantes no site
O que pode ser comprado com o Cartão BNDES ?
Os mais de 140 mil itens de variados setores expostos no site www.cartaobndes.gov.br, que
vão desde computadores até caminhões.
Onde comprar utilizando o Cartão BNDES ?
Exclusivamente no site www.cartaobndes.gov.br, nas seguintes modalidades:
Compra direta - Compra realizada diretamente pelo cliente (on-line) no site com o Cartão
BNDES. Esta modalidade está disponível apenas para os produtos cujo fornecedor tenha optado
por vender desta forma.
Compra Indireta - Depois de finalizada a negociação tradicional entre o fornecedor e o cliente,
o fornecedor registra a venda no site.  
Quais as condições financeiras em vigor ?
•• Limite de crédito de até R$ 1 milhão por cartão, por banco emissor*
•• Prazo de parcelamento de 3 a 48 meses
•• Taxa de juros pré-fixada (informada na página inicial do site)
*Obs 1: o limite de crédito de cada cliente será atribuído pelo banco emissor do cartão, após a
respectiva análise de crédito.
Quem pode se credenciar como Fornecedor no site do Cartão BNDES?
Empresas fabricantes* de bens e insumos utilizados por setores autorizados pelo BNDES
necessários às atividades das micro, pequenas e médias empresas e distribuidores/
revendedores indicados por estes fabricantes.
*Com índice de nacionalização mínimo de 60%
Quais as principais vantagens para o Fornecedor ?
•• Financiamento automático para o cliente em até 48 meses
•• Garantia de recebimento da venda, em 30 dias, com a segurança típica dos cartões de
crédito
•• Redução do comprometimento do capital de giro próprio
•• Exposição gratuita do seu catálogo de produtos no site www.cartaobndes.gov.br

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CRÉDITO DIRETO A CONSUMIDOR (CDC)

•• Financiamento concedido por uma financeira a seus clientes, para a aquisição de bens ou
serviços, ou ainda, sem propósitos específicos.
•• Muito utilizado na compra de veículos, móveis e eletrodomésticos. Sempre que possível, o
bem adquirido como financiamento fica vinculado em garantia à operação
Definição: CDC ou Crédito Direto ao Consumidor – São operações de crédito concedidas pelos
Bancos,ou pelas chamadas Financeiras, a pessoas físicas ou jurídicas, destinadas a empréstimos
sem direcionamento ou financiamentos de bens ou serviços.
Condições: É necessário ter uma conta corrente no Banco do Brasil, com cadastro atualizado,
sem restrições e limite de crédito aprovado.
Contratação: Depois de definido o limite, você pode acessar qualquer um dos Terminais de
Autoatendimento, internet, CABB (Central de Atendimento Banco do Brasil), agências do BB ou
diretamente nos terminais POS das lojas, dependendo da linha a ser utilizada
Imposto: Gera cobrança de IOF.

EMPRÉSTIMOS CONSIGNADOS

É uma modalidade de empréstimo em que o desconto da prestação é feito diretamente na


folha de pagamento ou de benefício previdenciário do contratante. A consignação em folha
de pagamento ou de benefício depende de autorização prévia e expressa do cliente para a
instituição financeira.
É proibido às instituições financeiras a celebração de convênios, contratos ou acordos que
impeçam o acesso de clientes a operações de crédito ofertadas por outras instituições.
Geralmente o percentual máximo de comprometimento do salário bruto é de 30%, mas o que
vale é o que foi acordado em contrato entre empresa e Instituição Financeira

DESCONTO DE TÍTULOS

•• Os títulos envolvidos nesse tipo de operação são, geralmente, duplicatas e notas


promissórias;
•• É um adiantamento de recursos, feito pelo banco a pedido dos seus clientes, sobre suas
duplicatas e notas promissórias.
•• O banco assume o risco do recebimento das vendas a prazo do cliente, porém detém o
direito de regresso sobre as vendas a prazo que não conseguiu receber.
Comentário: Lembre-se que factorings não fazem desconto de títulos, elas apenas compram
direito creditórios.

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Lucas Silva

VENDOR FINANCE

É uma operação que se caracteriza pela venda com recebimento à vista (pela empresa
vendedora), e pagamento a prazo, com juros (pela empresa compradora).

•• Quem contrata o crédito é o vendedor, negociando o preço e o prazo de pagamento, e


quem paga o comprador.
•• O vendor supõe que a empresa compradora seja cliente tradicional vendedora, pois ela
assumira (como fiadora) o compromisso, junto ao banco, caso seu cliente não honre o
compromisso.
•• Como para o vendedor a venda é À VISTA (mais barata), ele pagará menos impostos e
comissões de vendas menores.

Formalização do Contrato:
•• Convênio entre o banco e a empresa vendedora;
•• Contrato de abertura de crédito entre as três partes.
Comentário: Apesar de quem paga o empréstimo de vendor finance é o comprador. Esta
modalidade só pode ser contratada pelo Vendedor, que também fica responsável pelo
empréstimo como fiador da operação.

HOT MONEY

•• Empréstimo de curtíssimo prazo, normalmente liquidado em até 10 dias, mas pode ser
contratada de 1 até 29 dias no MÁXIMO.
•• Sua principal garantia é uma Nota Promissória.
•• As taxas do hotmoney, em geral, são mais elevadas que as das outras operações. (incidência
de IOF, PIS e COFINS)
Comentário: Empréstimos de hot Money não se destina a compra de máquinas, investimento
na empresas e etc... os valores concedidos nesta linha de crédito são para “tirar a empresa do
sufoco”, haja vista que as taxas de juros são mais elevadas.

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Questões

1. (9442) CESGRANRIO – 2008 – CONHECI- Atualmente os bancos oferecem diversas


MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços modalidades de crédito. A operação de
Bancários, Cartões de Crédito e de Débito crédito concedida para a aquisição de bens
e serviços, com a opção de antecipação de
Atualmente, existem diversas alternativas pagamento das parcelas com deságio, é o:
para uso do chamado “dinheiro de plástico”,
que facilita o dia-a-dia das pessoas e repre- a) leasing
senta um enorme incentivo ao consumo. O b) certificado de depósito interbancário
cartão de crédito é um tipo de “dinheiro de c) cartão decrédito
plástico” que é utilizado d) crédito direto ao consumidor
e) hotmoney
a) para aquisição de bens ou serviços nos
estabelecimentos credenciados. 4. (18308) CESGRANRIO – 2013 – CONHECI-
b) para aquisição de moeda estrangeira MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços
em agências de câmbio e de viagens Bancários
com débito em moeda corrente do país
de emissão do cartão. Os bancos oferecem diversas modalidades
c) para realização de transferências inter- de crédito para as empresas ajustarem seu
bancárias, desde que ambos os Bancos fluxodecaixa. Uma dessas modalidades é o
sejam credenciados. desconto de títulos, que consiste na:
d) na compra de mercadorias em diversos
países com débito na conta corrente em a) antecipação de um direito (recebível),
tempo real. seja um boleto ou um cheque, feito
e) como instrumento de identificação, pelo banco ao cliente, mediante a co-
substituindo,nos casos aceitos por lei,a brança de uma taxa de juros.
cédula de identidade. b) prorrogação do vencimento de títulos
(deveres) dos seus clientes para uma
2. (9182) FCC – 2011 – CONHECIMENTOS BAN- data futura, mediante a cobrança de
CÁRIOS – Produtos e Serviços Bancários uma taxa de juros.
c) liquidação antecipada de títulos dos
A operação de empréstimo bancário deno- clientes com um desconto nos juros
minada hot money é caracterizada como: proporcional ao prazo de antecipação.
d) geração de descontos em tarifas e taxas
a) de médio prazo. bancárias para os clientes que realiza-
b) isenta de IOF. rem os pagamentos de títulos pela in-
c) crédito direto ao consumidor. ternet.
d) de prazo mínimo de 1 dia útil. e) alienação de recebíveis atrelados a
e) destinada à aquisição de bens. bens móveis e imóveis com desconto na
taxa de juros.
3. (18306) CESGRANRIO – 2013 – CONHECI-
MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços
Bancários, Crédito Direto ao Consumidor –
CDC

www.acasadoconcurseiro.com.br 845
5. (9410) FCC – 2006 – CONHECIMENTOS BAN- I – Permitem compatibilizar as necessidades
CÁRIOS – Produtos e Serviços Bancários de consumo dos titulares às suas disponibi-
lidades de caixa, à medida em que a data de
No que diz respeito ao Hot Money e ao Che- vencimento da fatura coincida com o crédi-
que Especial, é correto afirmar: to dos seus salários.
a) Ambos são tipos de empréstimo, desti- II – Oferecem aos titulares a possibilidade
nados tanto a pessoas físicas quanto a de parcelar o pagamento de suas compras,
pessoas jurídicas. concedendo-lhes um limite de crédito rota-
b) Ambos são tipos de empréstimo, sendo tivo.
o primeiro destinado a pessoas jurídi-
cas e o segundo a pessoas físicas. III – Podem proporcionar benefícios adicio-
c) O primeiro é um tipo de investimento nais aos titulares, à medida em que reali-
destinado a pessoas jurídicas, e o se- zem parcerias com empresas reconhecidas
gundo é um tipo de empréstimo desti- no mercado (cartões cobranded).
nado a pessoas físicas e jurídicas.
d) Ambos são tipos de empréstimo, sendo É correto o que consta
o primeiro destinado a pessoas jurídicas a) I, apenas.
e o segundo destinado tanto a pessoas b) II, apenas.
físicas quanto jurídicas. c) III, apenas.
e) O primeiro é um tipo de investimento d) II e III, apenas.
destinado tanto a pessoas físicas quan- e) I, II e III.
to jurídicas, e o segundo um tipo de
empréstimo destinado somente a pes- 8. (9347) CESGRANRIO – 2012 – CONHECI-
soas físicas. MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços
Bancários
6. (9362) – CESGRANRIO – 2010 – CONHECI-
MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços Atualmente, os bancos possuem diversos ti-
Bancários pos de produtos para financiar as relações
comerciais, desde as realizadas por micro-
Para financiar suas necessidades de curto empresas até as realizadas por grandes em-
prazo, algumas empresas utilizam linhas presas.
de crédito abertas com determinado limi-
te cujos encargos são cobrados de acordo Qual é o nome da operação realizada quan-
com sua utilização, sendo o crédito liberado do pequenas indústrias vendem para gran-
após a entrega de duplicatas, o que garanti- des lojas comerciais e estas procuram os
rá a operação. bancos para dilatar o prazo de pagamento
mediante a retenção de juros?
Esse produto bancário é o
a) Compror Finance
a) Crédito Direto ao Consumidor (CDC). b) Vendor Finance
b) crédito rotativo. c) Capital de Giro
c) empréstimo compulsório. d) Contrato de Mútuo
d) capital alavancado e) Crédito Rotativo
e) cheque especial.

7. (9332) FCC – 2006 – CONHECIMENTOS BAN-


CÁRIOS – Produtos e Serviços Bancários,
Cartões de Crédito e de Débito
Sobre cartões de crédito, analise:

846 www.acasadoconcurseiro.com.br
BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários – Prof. Lucas Silva

9. (9348) CESGRANRIO – 2012 – CONHECI- a) financiar a aquisição de bens e serviços


MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços por pessoas físicas.
Bancários, Cartões de Crédito e de Débito b) atender às necessidades imediatas de
caixa das empresas.
Nos dias de hoje, o uso do “dinheiro de plás- c) financiar a aquisição de bens de capital
tico” está superando cada vez mais outras por parte das empresas.
modalidades de pagamento, que, com o d) financiar as vendas a prazo das empre-
passar dos anos, estão ficando obsoletas. sas.
Um tipo de “dinheiro de plástico” muito uti- e) refinanciar dívidas já existentes de pes-
lizado no comércio de rua é o soas físicas.

a) cartão cidadão 12. (2018 – FGV)


b) cartão de crédito
c) cartão de senhas O cartão de crédito é um meio de pagamen-
d) talão de cheques to que permite ao cliente pagar compras
e) internet banking ou serviços até um limite de crédito previa-
mente definido no contrato de uso do car-
10. (9361) CESGRANRIO – 2010 – CONHECI- tão. O ideal é que o cliente sempre pague
MENTOS BANCÁRIOS – Produtos e Serviços suas faturas nas datas acordadas – o valor
Bancários inteiro ou pelo menos um percentual do va-
lor devido.
A operação bancária de vendor finance é
a prática de financiamento de vendas com Esse procedimento evita:
base no princípio da a) o cancelamento do cartão de crédito;
a) obtenção de receitas, que viabiliza van- b) o cancelamento da conta-corrente do
tagens para o cliente em uma transação cliente;
comercial. c) a entrada no crédito rotativo;
b) troca ou negociação de títulos de cur- d) a entrada no Sistema de Proteção ao
to prazo por recebíveis de longo prazo, Crédito (SPC);
sem custos para ambas as partes. e) um processo junto ao Banco Central.
c) concentração do risco de crédito, que
fica por conta da empresa compradora 13. (2015 – CESGRANRIO)
em troca de uma redução da taxa de ju- Uma das medidas adotadas para mitigar os
ros na operação do financiamento das efeitos da crise financeira de 2008 foi a am-
vendas. pliação do acesso ao crédito, aumentando,
d) cessão de crédito, que permite a uma com isso, ainda mais, o papel dos bancos no
empresa vender seu produto a prazo e desenvolvimento do país.
receber à vista o pagamento do Banco,
mediante o pagamento de juros. O Crédito Direto ao Consumidor (CDC)
e) retenção de crédito lastreado por títu-
los públicos e vinculado a transações a) é um empréstimo pessoal de operação
comerciais, garantindo ao vendedor o não vinculada à aquisição de bens ou
recebimento total de sua duplicata. serviços.
b) exclui as compras no cartão de crédito.
11. (9331) – FCC – 2006 – CONHECIMENTOS c) é um crédito concedido através de ban-
BANCÁRIOS – Produtos e Serviços Bancários cos e instituições financeiras para aqui-
sição de bens.
O hot-money é uma modalidade de emprés- d) é um empréstimo descontado direta-
timo que tem a finalidade de mente na folha de pagamento.

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e) possui um prazo mínimo de 2 anos para
o vencimento.

14. (2014 – FGV)


Os parâmetros básicos utilizados para orien-
tar a concessão de crédito norteiam-se nos
chamados “C’s do crédito”. São eles:
a) caráter, carreira, capacidade, condições
e colateral;
b) cadastro, comunicação, caráter, coação
e capital;
c) caráter, cadastro, capital, condições e
composição;
d) caráter, capacidade, capital, condições
e colateral;
e) caráter, cadastro, capacidade, condi-
ções e comunicação.

Gabarito: 1. (9442) A 2. (9182) D 3. (18306) D 4. (18308) A 5.(9410) D 6. (9362) B 7. (9332) E 8. (9347) A


9. (9348) B 10. (9361) D 11. (9331) B 12. C 13. C 14. D

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OPERAÇÕES DE CRÉDITOS ESPECIALIZADOS

CRÉDITO RURAL

Quem pode se utilizar do crédito rural?


I – produtor rural (pessoa física ou jurídica);
II – cooperativa de produtores rurais; e
III – pessoa física ou jurídica que, mesmo não sendo produtor rural, se dedique a uma das
seguintes atividades:
a) pesquisa ou produção de mudas ou sementes fiscalizadas ou certificadas;
b) pesquisa ou produção de sêmen para inseminação artificial e embriões;
c) prestação de serviços mecanizados de natureza agropecuária, em imóveis rurais, inclusive
para a proteção do solo;
d) prestação de serviços de inseminação artificial, em imóveis rurais;
e) medição de lavouras;
f) atividades florestais.
ATENÇÃO: profissionais que se dedicam a exploração de pesca e aquicultura, com fins
comerciais não são mais beneficiados pelas linhas empréstimos de crédito rural, mas essa
atividade pode ser financiada com recursos do crédito rural de forma especial
Atividades financiadas pelo crédito rural:
I – custeio das despesas normais de cada ciclo produtivo;
II – investimento em bens ou serviços cujo aproveitamento se estenda por vários ciclos
produtivos;
III – comercialização da produção.

Recursos Controlados:
a) os recursos obrigatórios (decorrentes da exigibilidade de depósito à vista);
b) os das Operações Oficiais de Crédito sob supervisão do Ministério da Fazenda;
c) os de qualquer fonte destinados ao crédito rural na forma da regulação aplicável, quando
sujeitos à subvenção da União, sob a forma de equalização de encargos financeiros,
inclusive os recursos administrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES);

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d) os oriundos da poupança rural, quando aplicados segundo as condições definidas para os
recursos obrigatórios;
e) os dos fundos constitucionais de financiamento regional;
f) os do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé).
Não controlados: todos os demais.
Para concessão do crédito rural, é necessário que o tomador apresente orçamento, plano ou
projeto, exceto em operações de desconto de Nota Promissória Rural ou de Duplicata Rural

Garantias aceitas:
a) penhor agrícola, pecuário, mercantil, florestal ou cédula;
b) alienação fiduciária;
c) hipoteca comum ou cédula;
d) aval ou fiança;
e) seguro rural ou ao amparo do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro);
(OBRIGATÓRIO a contratação para empréstimos contratados com recursos controlados e a
partir de Julho de 2014 após publicação da CMN 4.235)
f) proteção de preço futuro da commodity agropecuária, inclusive por meio de penhor de
direitos, contratual ou cedular;
g) outras que o Conselho Monetário Nacional admitir.
IMPORTANTE: Alíquota de IOF para operações de crédito rural é de zero. O IOF cobrado em
algumas operações é o IOF adicional.
No caso de operação de comercialização, na modalidade de desconto de nota promissória
rural ou duplicata rural, a alíquota zero é aplicável somente quando o título for emitido em
decorrência de venda de produção própria.

MICROCRÉDITO

O QUE É:
É a operação de crédito realizada com empreendedor urbano ou rural, pessoa natural ou
jurídica, independentemente da fonte dos recursos, observadas as seguintes condições:
I – Renda bruta anual de até R$ 200mil
II – Limite de empréstimo por tomado: R$ 15 mil

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ORIGEM DOS RECURSOS:


I – Fundo de Amparo ao Trabalhador –FAT
II – Os bancos múltiplos com carteira comercial, os bancos comerciais e a Caixa Econômica
Federal devem manter aplicados, em operações de crédito destinadas à população de baixa
renda e a microempreendedores, valor correspondente a, no mínimo, 2% dos saldos dos
depósitos à vista captados pela instituição.

ONDE CONTRATAR:

Com recursos do FAT:


I – Banco do Brasil
II – Caixa Econômica Federal
III – Banco do Nordeste
IV – Banco da Amazônia
V – Banco Nacional de Desenvolvimento Social – BNDES.
VI – Outras Instituições oficiais.

Com recursos de Depósito à vista:


I – bancos múltiplos, com carteira comercial
II – bancos comerciais,
III – Caixa Econômica Federal

Pode atuar como agente de intermediação:


I – bancos de desenvolvimento
II – cooperativas de crédito
III – bancos cooperativos
IV – sociedades de crédito, financiamento e investimento
V – agências de fomento
VI – Fintechs

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CONDIÇÕES:

Microempreendedor
Baixa Renda Microempreendedor
Orientado
Objetivo Financiamento de Capital fixo ou de giro
TAC Máxima 2% 3%
Taxa de Juros
2% ao mês 4% ao mês
Máxima
Mínimo: 120 dias
Prazos
Máximo: 24 meses
Valor Mínimo a
Depende de cada banco
emprestar
Valor Máximo R$ 2.000,00 R$ 5.000,00 R$ 15.000,00
IOF ISENTO
Limite de
3 por ano
Operações

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Questões

1. (38142) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 – 4. (38110) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito Ru- CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré-
ral, Produtos e Serviços Bancários dito, Produtos e Serviços Bancários
As cooperativas de produtores rurais e os Os empréstimos concedidos como Micro-
sindicato rural são beneficiários de crédito crédito, podem ser liquidados em um paga-
rural. mento único ou então parcelados e o prazo
máximo para liquidação total do emprésti-
( ) Certo ( ) Errado mo será de no máximo 24 meses.
( ) Certo ( ) Errado
2. (38112) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré- 5. (38143) A CASA DAS QUESTÕES – 2014
dito, Produtos e Serviços Bancários – CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito
Rural, Produtos e Serviços Bancários
As operações de Microcrédito possuem
isenção de IOF. Pode se beneficiar do crédito rural pessoa
física ou jurídica que, embora sem concei-
( ) Certo ( ) Errado tuar-se como produtor rural, se dedique às
atividades vinculadas ao setor de medição
3. (2018 – CESGRANRIO) de lavouras.

O crédito rural abrange diversas modalida- ( ) Certo ( ) Errado


des de financiamento aos empresários do 6. (38144) A CASA DAS QUESTÕES – 2014
setor, desde a fase de produção até o abas- – CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito
tecimento dos mercados consumidores. A Rural, Produtos e Serviços Bancários
modalidade que assegura aos produtores
e cooperativas rurais recursos destinados a Nas operações de crédito rural, são consi-
financiar o abastecimento doméstico e o ar- derados recursos controlados os de origem
mazenamento dos estoques excedentes em do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira
períodos de queda dos preços é denomina- (Funcafé).
da crédito
( ) Certo ( ) Errado
a) geral
b) especial
c) de investimento 7. (38148) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
d) de custeio CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito Ru-
e) de comercialização ral, Produtos e Serviços Bancários
Para concessão do crédito rural, sempre é
necessário que o tomador apresente orça-
mento, plano ou projeto.
( ) Certo ( ) Errado

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8. (38147) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 – 12. (38108) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito Ru- CONHECIMENTOS BANCÁRIOS Microcrédi-
ral, Produtos e Serviços Bancários to, Produtos e Serviços Bancários
Os recursos destinados para crédito rural Todas as Instituições Financeiras monetá-
classificam-se em controlados, não contro- rias, que captam depósito à vista, devem
lados e obrigatórios. emprestar um percentual mínimo dos re-
cursos captados nessa modalidade para
( ) Certo ( ) Errado empréstimos de Microcrédito.
( ) Certo ( ) Errado
9. (38146) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito Ru- 13. (34814) CESPE – 2007 – CONHECIMENTOS
ral, Produtos e Serviços Bancários BANCÁRIOS – Crédito Rural, Produtos e Ser-
viços Bancários
As operações de crédito rural estão sujeitas
a despesas como, prêmio de seguro rural, No crédito rural existem vários tipos de re-
observadas as normas divulgadas pelo Con- cursos, em geral, classificados pela origem:
selho Nacional de Seguros Privados e Im- controlados(recursos oficiais);não- contro-
posto sobre Operações de Crédito, Câmbio lados (livremente pactuados entre as par-
e Seguro, e sobre Operações relativas a Tí- tes); e recursos das operações oficiais de
tulos e Valores Mobiliários (IOF). crédito destinados a investimentos. Consi-
derando que cada tipo de recurso do crédi-
( ) Certo ( ) Errado to rural tem características específicas, jul-
gue o item seguinte.
10. (38145) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 – Os investimentos em bens ou serviços cujo
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Crédito Ru- aproveitamento se estenda por vários ciclos
ral, Produtos e Serviços Bancários produtivos não podem ser objeto de finan-
ciamento pelo crédito rural.
Nas operações de crédito rural a escolha
das garantias é de livre convenção entre o ( ) Certo ( ) Errado
financiado e o financiador, que devem ajus-
tá-las de acordo com a natureza e o prazo 14. (34813) CESPE – 2007 – CONHECIMENTOS
do crédito, observada a legislação própria BANCÁRIOS – Crédito Rural, Produtos e Ser-
de cada tipo. viços Bancários
( ) Certo ( ) Errado No crédito rural existem vários tipos de re-
cursos, em geral, classificados pela origem:
controlados (recursosoficiais); não- contro
11. (38109) A CASA DAS QUESTÕES – lados (livremente pactuados entre as par-
2014 – CONHECIMENTOS BANCÁRIOS tes); e recursos das operações oficiais de
Microcrédito,Produtos e Serviços Bancários crédito destinados a investimentos. Consi-
derando que cada tipo de recurso do crédi-
Os recursos emprestados como Microcrédi-
to rural tem características específicas, jul-
to, tem como objetivo financiar tanto capi-
gue o item seguinte.
tal fixo como também de giro.
Pessoa física ou jurídica que, mesmo não
( ) Certo ( ) Errado sendo produtor rural, se dedique à pesquisa
de mudas ou sementes certificadas pode se
utilizar do crédito rural.
( ) Certo ( ) Errado

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15. (34812) CESPE – 2007 – CONHECIMENTOS 18. (38104) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
BANCÁRIOS – Crédito Rural, Produtos e Ser- CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré-
viços Bancários dito, Produtos e Serviços Bancários
No crédito rural existem vários tipos de re- Para concessão do microcrédito, além de
cursos, em geral, classificados pela origem: outras exigências, é necessário que o soma-
controlados (recursosoficiais); não- contro- tório do valor da operação de microcrédi-
lados (livremente pactuados entre as par- to com o saldo devedor de todas as outras
tes); e recursos das operações oficiais de operações de crédito com o mesmo toma-
crédito destinados a investimentos. Consi- dor deve ser no máximo de R$ 40.000,00.
derando que cada tipo de recurso do crédi-
to rural tem características específicas, jul- ( ) Certo ( ) Errado
gue o item seguinte.
A comercialização da produção é uma das 19. (38107) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
atividades que podem ser financiadas pelo CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré-
crédito rural. dito, Produtos e Serviços Bancários

( ) Certo ( ) Errado O Banco do Brasil, Caixa Econômica Fede-


ral e o Banco do Nordeste, são exemplos de
16. (34811) CESPE – 2007 – CONHECIMENTOS instituições financeiras que podem empres-
BANCÁRIOS – Crédito Rural, Produtos e Ser- tar recursos do Fundo de Amparo ao Traba-
viços Bancários lhador – FAT para operações de microcrédi-
to.
No crédito rural existem vários tipos de re-
cursos, em geral, classificados pela origem: ( ) Certo ( ) Errado
controlados (recursosoficiais); não- contro-
lados (livremente pactuados entreas par- 20. (38106) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 –
tes); e recursos das operações oficiais de CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré-
crédito destinados a investimentos. Consi- dito, Produtos e Serviços Bancários
derando que cada tipo de recurso do crédi-
to rural tem características específicas, jul- A Caixa Econômica Federal é o agente fi-
gue o item seguinte. nanceiro exclusivo a utilizar os recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT nas
O adicional do Programa de Garantia da Ati- operações de microcrédito.
vidade Agropecuária (PROAGRO) é uma das
despesas a que está sujeito o crédito rural. ( ) Certo ( ) Errado

( ) Certo ( ) Errado
21. (38105) A CASA DAS QUESTÕES – 2014
– CONHECIMENTOS BANCÁRIOS –
17. (38103) A CASA DAS QUESTÕES – 2014 – Microcrédito,Produtos e Serviços Bancários
CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – Microcré-
dito, Produtos e Serviços Bancários O Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT
e a captação de depósito à vista realizada
O Microcrédito é a operação de crédito des- pelos bancos são consideradas como “fun-
tinada exclusivamente a empreendedor ur- ding” para as operações de Microcrédito.
bano, que poderá ser pessoa natural ou ju-
rídica e possuem renda bruta anual de até ( ) Certo ( ) Errado
R$ 120 mil.
( ) Certo ( ) Errado

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22. (9248) FCC – 2011 – CONHECIMENTOS BAN-
CÁRIOS – Produtos e Serviços Bancários,
Crédito Rural
Sobre operações de crédito rural é correto
afirmar:
a) Podem ser utilizadas por produtor rural,
desde que pessoa física.
b) Não podem financiar atividades de co-
mercialização da produção.
c) É necessária a apresentação de garan-
tias para obtenção de financiamento.
d) Não estão sujeitas a Imposto sobre
Operações de Crédito, Câmbio e Segu-
ro, e sobre Operações relativas a Títulos
e Valores Mobiliários – IOF.
e) Devem ser apresentados orçamento,
plano ou projeto nas operações de des-
conto de Nota Promissória Rural.

Gabarito: 1. (38142) Errado 2. (38112) Certo 3. E 4. (38110) Certo 5. (38143) Certo 6. (38144) Certo 7. (38148) Errado
8. (38147) Errado 9. (38146) Certo 10. (38145) Certo 11. (38109) Certo 12. (38108) Errado 13. (34814) Errado
14. (34813) Certo 15. (34812) Certo 16. (34811) Certo 17. (38103) Errado 18. (38104) Errado 19. (38107) Certo
20. (38106) Errado 21. (38105) Certo 22. (9248) C

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PRONAF, FNE, FINAME E CRÉDIAMIGO DO BNB

PROGRAMA NACIONAL DE FORTALECIMENTO DA AGRICULTURA FAMILIAR


PRONAF

O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos


individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma
agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das
menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País.
Objetivo: O Banco do Nordeste, através do Programa Nacional de Agricultura Familiar – PRONAF,
atende os agricultores familiares com financiamento de custeio e investimento. Os negócios
são realizados em parceria com instituições públicas e privadas, que são responsáveis pela
elaboração de projeto e pela prestação de orientação empresarial e técnica aos agricultores
familiares.
Público alvo: Agricultores familiares detentores de Declaração de Aptidão ao PRONAF –
DAP, que é emitida pelo Órgão Oficial de Assistência Técnica do Estado ou pelo Sindicato dos
Trabalhadores Rurais nos Municípios, bem ainda, no caso do PRONAF Grupo“A” pelo INCRA ou
pelas Unidades Técnicas Estaduais – UTEs.
Condições para concessão crédito:
I – Ser maior de idade;
II – Apresentar documentos de identificação e CPF;
III – Estar quite com a Justiça Eleitoral (declaração do(a) próprio(a) produtor(a) na proposta de
crédito);
IV – Não apresentar restrições cadastrais;
V – Apresentar documento comprobatório de sua relação com a terra (escritura, declaração de
confinantes), exceto para os agricultores do Grupo B;
VI – Apresentar a DAP – Declaração de Aptidão que é expedida pelos sindicatos ou órgãos de
assistência técnica Estaduais;
VII – Apresentar plano ou projeto elaborado pelo órgão oficial assistência técnica do Estado ou
empresa privada.
O Banco do Nordeste é o agente financeiro que mais aplica recursos no PRONAF no Nordeste
do Brasil, Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo, atendendo agricultores familiares que
desenvolvem atividades agropecuárias e não agropecuárias utilizando-se, basicamente, de
mão de obra familiar.

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O programa é composto dos seguintes grupos: “A” e “ A/C” de acordo com a condição de
assentado, e “B” e PRONAF Renda Variável, de acordo com a renda bruta anual obtida pelo
produtor, que pode variar de até R$10.000,00 para o Grupo B e acima de R$10.000,00 até R$
360.000,00 para o PRONAF Renda Variável.
O PRONAF também disponibiliza linhas de crédito especiais para públicos e atividades
específicas: PRONAF Mulher, Jovem, Agroindústria, Floresta, Mais Alimentos, Agroecologia,
Agrinf (Custeio do Beneficiamento e Industrialização de Agroindústria Familiar) e ECO – além
de investimentos em projetos de convivência como semiárido – PRONAF Semiárido.

COMO FUNCIONA

PRONAF “B”

O Pronaf Grupo “B” é uma linha de microcrédito rural voltada para produção e geração de
renda das famílias agricultoras de mais baixa renda do meio rural. São atendidas famílias
agricultoras, pescadoras, extrativistas, ribeirinhas, quilombolas e indígenas que desenvolvam
atividades produtivas no meio rural. Elas devem ter renda bruta anual familiar de até R$20mil.

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PROGRAMA DE FINANCIAMENTO À PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE


MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS(FINAME)

O QUE É:
Financiamento, por intermédio de instituições financeiras credenciadas, para produção e
aquisição de máquinas e equipamentos novos, de fabricação nacional, credenciados no
BNDES.

PÚBLICO ALVO (BNDES)


I – Sociedades nacionais e estrangeiras e fundações, com sede e administração no Brasil;
II – Empresários individuais inscritos no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas – CNPJ e no
Registro Público de Empresas Mercantis;
III – Pessoas jurídicas de direito público;
IV – Transportadores autônomos de carga residentes e domiciliados no País, para aquisição
de caminhões e afins, e equipamentos especiais adaptáveis a chassis, tais como plataformas,
guindastes e tanques, nacionais e novos;e
V – Associações, sindicatos, cooperativas, condomínios e assemelhados, e clubes.

FINAME NO BNB
Objetivo: Financiar a produção e a comercialização de máquinas e equipamentos novos de
fabricação nacional, cadastrados na FINAME, nas modalidades:
a) financiamento à compradora;
b) financiamento à fabricante;
Público-alvo: Empresas de controle nacional (pessoas jurídicas e empresários registrados na
junta comercial) e pessoas jurídicas brasileiras de controle estrangeiro. Não são passíveis de
atendimento pela FINAME os seguintes setores: empreendimentos imobiliários, tais como
edificações residenciais, time-sharing, hotel-residência e loteamento; comércio de armas;
atividades bancárias e/ou financeiras; motéis, saunas, termas e boates; mineração que incorpore
processo de lavra rudimentar ou garimpo; jogos de prognósticos e assemelhados; edição de
jornais e outros periódicos; produção, beneficiamento, industrialização ou comercialização de
fumo; beneficiamento de madeiras nativas não-contempladas em licenciamento e planos de
manejo sustentável; ações e projetos sociais contemplados com incentivos fiscais.
Fonte dos Recursos: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) por
intermédio de sua subsidiária, a Agência Especial de Financiamento Industrial (FINAME).
Prazos: Até 60 meses, inclusive carência de até 24 meses, podendo o prazo total ser elevado
no caso de aquisição de locomotivas, vagões ferroviários de carga e ônibus de passageiros. O
prazo é determinado conforme a capacidade de pagamento do proponente.

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Encargos: Tarifas de contratação e IOF cobrados conforme a regulamentação + TJLP + juros
Garantias: As garantias serão, cumulativa, ou alternativamente, compostas por garantias reais
e fidejussórias, em função do prazo, valor e pontuação obtida na avaliação de risco do cliente e
do projeto. Será obrigatória a alienação fiduciária do bem financiado

FUNDO DE AMPARO AO TRABALHADOR – FAT

O QUE É:
O Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT é um fundo especial, de natureza contábil-financeira,
vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, destinado ao custeio do Programa do
Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento
Econômico.

FONTE DE RECURSOS:
A principal fonte de recursos do FAT é composta pelas contribuições para o Programa de
Integração Social – PIS, criado por meio da Lei Complementar nº 07, de 07 de setembro de
1970, e para o Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP, instituído
pela Lei Complementar nº08, de 03 dedezembro de 1970. (estes Programas foram unificados,
hoje sob denominação Fundo PIS-PASEP)

GESTÃO:
O FAT é gerido pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador – CODEFAT,
órgão colegiado, de caráter tripartite e paritário, composto por representantes dos
trabalhadores, dos empregadores e do governo, que atua como gestor do FAT.

LINHAS DE CRÉDITO BNB COM RECURSO DO FAT


Objetivo: Apoiar projetos de implantação, ampliação, recuperação e modernização da
infraestrutura econômica nos setores de energia, telecomunicações, saneamento, transporte
e logística.

Público-alvo
•• Empresas privadas e empresários registrados na junta comercial.
•• Estados e municípios e entidades da administração pública indireta estadual e municipal.
Fonte dos recursos: Fundo de Amparo ao Trabalhador – FAT

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O que o Programa financia:


I – Investimentos para a implantação, ampliação, recuperação e modernização de ativos fixos.
II – Investimentos em máquinas e equipamentos novos produzidos no Brasil, inclusive conjuntos
e sistemas industriais.
III – Gastos com estudo de projetos de engenharia relacionados ao financiamento.
IV – Gastos com a implantação de qualidade e produtividade; pesquisa e desenvolvimento;
capacitação técnica e gerencial; atualização tecnológica; e tecnologia da informação.
V – Despesas pré-operacionais do investimento financiado, exceto despesas financeiras.
VI – Capital de giro associado ao investimento fixo projetado financiado.
VII – Adaptações (customização e/ou tropicalização) realizadas no País de software produzido
no exterior.
VIII – Pagamento de comissão de agente comercial.
IX – Gastos com frete e/ou com a montagem de máquinas e equipamentos financiados de
forma isolada.
Prazos: O prazo máximo das operações será determinado de acordo com o fluxo de caixa do
projeto e a capacidade de pagamento do proponente, sendo limitado a 15anos, aí já incluídos
até 3 anos de carência.

Encargos
•• Juros Básicos: TJLP.
•• Del-credere (taxa efetiva): 4%a.a.
•• IOF e Tarifas: conforme a regulamentação vigente.

Limites de financiamento

Mutuário Mximo FAT Recursos Próprios


Médias, pequenas e
microempresas sob controle de 100% -
capital nacional
Grandes empresas sob controle
80% 20%
de capital nacional
Empresas sob controle de
80% 20%
capital estrangeiro
Administração pública direta 90% 10%

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Garantias:
As garantias serão, cumulativa ou alternativamente:
•• Hipoteca, exceto no caso do setor público.
•• Alienação fiduciária, exceto no caso do setor público.
•• Penhor, exceto no caso do setor público.
•• Fiança.

FUNDO CONSTITUCIONAL DE FINANCIAMENTO DO NORDESTE (FNE)

A redução das desigualdades sociais e regionais é preconizada pela Constituição Federal


brasileira, suscitando a existência de políticas públicas que promovam a diminuição das
diferenças inter e intrarregionais, mediante a democratização de investimentos produtivos
que impulsionem o desenvolvimento econômico com a correspondente geração de emprego
e renda.
Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) é um instrumento de política
pública federal operado pelo Banco do Nordeste que objetiva contribuir para o desenvolvimento
econômico e social do Nordeste, através da execução de programas de financiamento aos
setores produtivos,em consonância como plano regional de desenvolvimento, possibilitando,
assim, a redução da pobreza e das desigualdades.
Provido de recursos federais, o FNE financia investimentos de longo prazo e, complementarmente,
capital de giro ou custeio. Além dos setores agropecuário, industrial e agroindustrial, também
são contemplados com financiamentos os setores de turismo, comércio, serviços, cultural e
infraestrutura.

PROGRAMAS COM RECURSOS DO FNE

PRODUTO OU SERVIÇO OBJETIVO


Programa de Apoio ao
Promover o desenvolvimento do segmento agroindustrial por meio
Desenvolvimento da
da expansão, diversificação e aumento de competitividade das
Agroindústria do Nordeste –
empresas, contribuindo para agregar valor às matérias-primas locais
FNEAGRIN
Fomentar o desenvolvimento dos Empreendedores Individuais (EIs),
Programa FNE Empreendedor
contribuindo para o fortalecimento e aumento da competitividade
Individual – FNE EI
do segmento
Programa de Financiamento Fomentar o desenvolvimento das Micro e Pequenas Empresas(MPEs),
às Microempresas e Empresas contribuindo para o fortalecimento e aumento da competitividade
de Pequeno Porte (FNE-MPE) do segmento.

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Promover o desenvolvimento de empreendimentos e atividades


econômicas que propiciem ou estimulem a preservação, conserva-
Programa de Financiamento
ção, controle e/ou recuperação do meio ambiente, com foco na sus-
à Conservação e Controle do
tentabilidade e competitividade das empresas e cadeias produtivas;
Meio Ambiente – FNEVERDE
e, promover a regularização e recuperação de áreas de reserva legal
e de preservação permanente degradadas
Programa de Financiamento à
Infraestrutura Complementar Promover a ampliação de serviços de infraestrutura econômica,
da Região Nordeste – FNE dando sustentação às atividades produtivas da Região
PROINFRA
Programa de Apoio Integrar e fortalecer a cadeia produtiva do turismo, ensejando
ao Turismo Regional – o aumento da oferta de empregos e o aproveitamento das
FNEPROATUR potencialidades turísticas da Região, em bases sustentáveis
Promover a recuperação ou preservação das atividades de produto-
res rurais e das atividades de empreendedores afetados pela seca ou
Programa Emergencial para estiagem na área de atuação da SUDENE, em municípios com decre-
Seca – FNE SECA tação de situação de emergência ou de estado de calamidade públi-
ca, pelos citados eventos climáticos, reconhecida pelo Ministério da
Integração Nacional a partir de 1º de dezembro de 2011.
Programa de Apoio ao Setor Fomentar o desenvolvimento do setor industrial, promovendo a mo-
Industrial do Nordeste – FNE dernização, o aumento da competitividade, ampliação da capacida-
INDUSTRIAL de produtiva e inserção internacional.
Promover o desenvolvimento da agropecuária e do setor florestal
da área de atuação da SUDENE, com a observância da legislação am-
Programa de Apoio ao biental e o consequente incremento da oferta de matérias-primas
Desenvolvimento Rural do agroindustriais através de: fortalecimento, ampliação, modernização
Nordeste – FNE RURAL da infraestrutura produtiva dos estabelecimentos agropecuários e
florestais; diversificação das atividades; e, melhoramento genético
dos rebanhos e culturas agrícolas em áreas selecionadas
Assegurar ao produtor, com as renovações automáticas da operação
contratada, a liberação dos recursos nas épocas adequadas e opor-
Crédito Rotativo para tunas e simplificar e racionalizar a concessão de créditos de custeio,
Custeio com a redução do fluxo de documentos e eliminação do procedi-
– PLANTA NORDESTE mento próprio do crédito tradicional, resultando em menos tempo e
em menor custo operacional, além de reduzir significativament e os
processos e as tarefas a cargo da agência.

Programa de Apoio ao Promover o desenvolvimento da aquicultura e pesca através do


Desenvolvimento da fortalecimento e modernização da infraestrutura produtiva,
Aquicultura e Pesca – FNE uso sustentável dos recursos pesqueiros e preservação do meio
AQUIPESCA ambiente.

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CREDIAMIGO

Hoje com 15 anos, o Crediamigo é o maior Programa de Microcrédito Produtivo Orientado da


América do Sul, que facilita o acesso ao crédito a milhares de empreendedores pertencentes
aos setores informal ou formal da economia (microempresas, enquadradas como Micro
empreendedor Individual, Empresário Individual, Autônomo ou Sociedade Empresária).
Segundo pesquisa, Programa ocupa mais de 60% do mercado de microcrédito
O Crediamigo faz parte do Crescer – Programa Nacional de Microcrédito do Governo Federal
– uma das estratégias do Plano Brasil Sem Miséria para estimular a inclusão produtiva da
população extremamente pobre.
O Programa atua de maneira rápida e sem burocracia na concessão de créditos em grupo
solidário ou individual. Grupo solidário consiste na união voluntária e espontânea de pessoas
interessadas em obter o crédito, assumindo a responsabilidade conjunta no pagamento das
prestações. A metodologia do aval solidário consolidou o Crediamigo como o maior programa
de micro crédito do país, possibilitando o acesso ao crédito a empreendedores que não tinham
acesso ao sistema financeiro.
Associado ao crédito, o Crediamigo oferece aos empreendedores acompanhamento e
orientação para melhor aplicação do recurso, a fim de integrá-los de maneira competitiva ao
mercado. Além disso, o Programa de Microcrédito do Banco do Nordeste abre conta corrente
para seus clientes, sem cobrar taxa de abertura e manutenção de conta, com o objetivo de
facilitar o recebimento e movimentação do crédito.
Documentos necessários: CPF, Documento de Identificação com foto e Comprovante de
Residência atual.
Atendimento: Personalizado, feito no próprio local do empreendimento;
Liberação do empréstimo: no máximo sete dias úteis após a solicitação;
Valores: Inicialmente variam de R$ 100,00 a 6.000,00, de acordo com a necessidade e o porte
do negócio;
Os empréstimos podem ser renovados e evoluir até R$ 15.000,00, dependendo da capacidade
de pagamento e estrutura do negócio, permanecendo esse valor como endividamento máximo
do cliente.

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Questões

1. (2014 – FGV)
O Fundo Constitucional do Nordeste (FNE)
tem seus recursos administrados pelo Ban-
co do Nordeste do Brasil (BNB). Quanto a
esse Fundo, analise as afirmativas a seguir:
I. Na formulação dos programas de financia-
mento do FNE, será observada a proibição
de aplicação de recursos a fundo perdido.
II. Os planos regionais de desenvolvimento
poderão estabelecer prioridades para fins
de distribuição dos recursos entre os bene-
ficiários do FNE.
II. Os recursos do FNE devem ser aplicados
no Nordeste, assim compreendido como a
região abrangida pelos Estados do Mara-
nhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte,
Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e
Bahia.
Está(ão) correta(s) somente a(s)
afirmativa(s):
a) I e II;
b) I e III;
c) II e III;
d) II;
e) I, II e III.

Gabarito: 1. A

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Conhecimentos Bancários – Aspectos Jurídicos

Professora Tatiana Marcello

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Edital

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS - ASPECTOS JURÍDICOS: 4. ASPECTOS JURÍDICOS: noções de di-


reito aplicadas às operações de crédito: a) Sujeito e Objeto do Direito; b) Fato e ato jurídico;

BANCA: FGV
CARGO: Analista Bancário

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Aspectos Jurídicos

LEI Nº 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002 –


CÓDIGO CIVIL (artigos pertinentes)

Institui o Código Civil. II – os ébrios habituais e os viciados em tó-


xico;
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que
o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a III – aqueles que, por causa transitória ou
seguinte Lei: permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
PARTE GERAL
IV – os pródigos.

LIVRO I Parágrafo único. A capacidade dos indíge-


nas será regulada por legislação especial.
Das Pessoas Art. 5º A menoridade cessa aos dezoito anos
completos, quando a pessoa fica habilitada à
TÍTULO I prática de todos os atos da vida civil.
Parágrafo único. Cessará, para os menores,
Das Pessoas Naturais a incapacidade:
I – pela concessão dos pais, ou de um de-
CAPÍTULO I les na falta do outro, mediante instrumento
DA PERSONALIDADE E público, independentemente de homologa-
ção judicial, ou por sentença do juiz, ouvi-
DA CAPACIDADE do o tutor, se o menor tiver dezesseis anos
completos;
Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deve-
res na ordem civil. II – pelo casamento;
Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa III – pelo exercício de emprego público efe-
do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, tivo;
desde a concepção, os direitos do nascituro.
IV – pela colação de grau em curso de ensi-
Art. 3º São absolutamente incapazes de exercer no superior;
pessoalmente os atos da vida civil os menores
de 16 (dezesseis) anos. V – pelo estabelecimento civil ou comercial,
ou pela existência de relação de emprego,
Art. 4º São incapazes, relativamente a certos desde que, em função deles, o menor com
atos ou à maneira de os exercer: dezesseis anos completos tenha economia
própria.
I – os maiores de dezesseis e menores de
dezoito anos;

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Art. 6º A existência da pessoa natural termina CAPÍTULO II
com a morte; presume-se esta, quanto aos au- DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE
sentes, nos casos em que a lei autoriza a abertu-
ra de sucessão definitiva. Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei,
Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, os direitos da personalidade são intransmissí-
sem decretação de ausência: veis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercí-
cio sofrer limitação voluntária.
I – se for extremamente provável a morte
de quem estava em perigo de vida; Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou
a lesão, a direito da personalidade, e reclamar
II – se alguém, desaparecido em campanha perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções
ou feito prisioneiro, não for encontrado até previstas em lei.
dois anos após o término da guerra.
Parágrafo único. Em se tratando de morto,
Parágrafo único. A declaração da morte terá legitimação para requerer a medida
presumida, nesses casos, somente poderá prevista neste artigo o cônjuge sobreviven-
ser requerida depois de esgotadas as bus- te, ou qualquer parente em linha reta, ou
cas e averiguações, devendo a sentença fi- colateral até o quarto grau.
xar a data provável do falecimento.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o
Art. 8º Se dois ou mais indivíduos falecerem na ato de disposição do próprio corpo, quando im-
mesma ocasião, não se podendo averiguar se portar diminuição permanente da integridade
algum dos comorientes precedeu aos outros, física, ou contrariar os bons costumes.
presumir-se-ão simultaneamente mortos.
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo
Art. 9º Serão registrados em registro público: será admitido para fins de transplante, na
forma estabelecida em lei especial.
I – os nascimentos, casamentos e óbitos;
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou al-
II – a emancipação por outorga dos pais ou truístico, a disposição gratuita do próprio corpo,
por sentença do juiz; no todo ou em parte, para depois da morte.
III – a interdição por incapacidade absoluta Parágrafo único. O ato de disposição pode
ou relativa; ser livremente revogado a qualquer tempo.
IV – a sentença declaratória de ausência e Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a sub-
de morte presumida. meter-se, com risco de vida, a tratamento médi-
Art. 10. Far-se-á averbação em registro público: co ou a intervenção cirúrgica.

I – das sentenças que decretarem a nulida- Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele
de ou anulação do casamento, o divórcio, a compreendidos o prenome e o sobrenome.
separação judicial e o restabelecimento da Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empre-
sociedade conjugal; gado por outrem em publicações ou represen-
II – dos atos judiciais ou extrajudiciais que tações que a exponham ao desprezo público,
declararem ou reconhecerem a filiação; ainda quando não haja intenção difamatória.
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o
nome alheio em propaganda comercial.
Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades
lícitas goza da proteção que se dá ao nome.

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Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias privado, regem-se, no que couber, quanto
à administração da justiça ou à manutenção da ao seu funcionamento, pelas normas deste
ordem pública, a divulgação de escritos, a trans- Código.
missão da palavra, ou a publicação, a exposição
ou a utilização da imagem de uma pessoa po- Art. 42. São pessoas jurídicas de direito público
derão ser proibidas, a seu requerimento e sem externo os Estados estrangeiros e todas as pes-
prejuízo da indenização que couber, se lhe atin- soas que forem regidas pelo direito internacio-
girem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, nal público.
ou se se destinarem a fins comerciais. Art. 43. As pessoas jurídicas de direito público
Parágrafo único. Em se tratando de morto interno são civilmente responsáveis por atos
ou de ausente, são partes legítimas para re- dos seus agentes que nessa qualidade causem
querer essa proteção o cônjuge, os ascen- danos a terceiros, ressalvado direito regressivo
dentes ou os descendentes. contra os causadores do dano, se houver, por
parte destes, culpa ou dolo.
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é invio-
lável, e o juiz, a requerimento do interessado, Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
adotará as providências necessárias para impe- I – as associações;
dir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
II – as sociedades;
(...) III – as fundações.
IV – as organizações religiosas;
TÍTULO II
V – os partidos políticos.
Das Pessoas Jurídicas VI – as empresas individuais de responsabi-
lidade limitada.

CAPÍTULO I § 1º São livres a criação, a organização, a es-


DISPOSIÇÕES GERAIS truturação interna e o funcionamento das
organizações religiosas, sendo vedado ao
Art. 40. As pessoas jurídicas são de direito pú- poder público negar-lhes reconhecimento
blico, interno ou externo, e de direito privado. ou registro dos atos constitutivos e necessá-
rios ao seu funcionamento.
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público
interno: § 2º As disposições concernentes às asso-
ciações aplicam-se subsidiariamente às so-
I – a União; ciedades que são objeto do Livro II da Parte
II – os Estados, o Distrito Federal e os Terri- Especial deste Código.
tórios; § 3º Os partidos políticos serão organizados
III – os Municípios; e funcionarão conforme o disposto em lei
específica.
IV – as autarquias, inclusive as associações
públicas; Art. 45. Começa a existência legal das pessoas
jurídicas de direito privado com a inscrição do
V – as demais entidades de caráter público ato constitutivo no respectivo registro, precedi-
criadas por lei. da, quando necessário, de autorização ou apro-
vação do Poder Executivo, averbando-se no re-
Parágrafo único. Salvo disposição em con- gistro todas as alterações por que passar o ato
trário, as pessoas jurídicas de direito públi- constitutivo.
co, a que se tenha dado estrutura de direito

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Parágrafo único. Decai em três anos o direi- co quando lhe couber intervir no processo, que
to de anular a constituição das pessoas jurí- os efeitos de certas e determinadas relações de
dicas de direito privado, por defeito do ato obrigações sejam estendidos aos bens particu-
respectivo, contado o prazo da publicação lares dos administradores ou sócios da pessoa
de sua inscrição no registro. jurídica.
Art. 46. O registro declarará: Art. 51. Nos casos de dissolução da pessoa jurí-
dica ou cassada a autorização para seu funcio-
I – a denominação, os fins, a sede, o tempo namento, ela subsistirá para os fins de liquida-
de duração e o fundo social, quando hou- ção, até que esta se conclua.
ver;
§ 1º Far-se-á, no registro onde a pessoa ju-
II – o nome e a individualização dos funda- rídica estiver inscrita, a averbação de sua
dores ou instituidores, e dos diretores; dissolução.
III – o modo por que se administra e repre- § 2º As disposições para a liquidação das
senta, ativa e passivamente, judicial e extra- sociedades aplicam-se, no que couber, às
judicialmente; demais pessoas jurídicas de direito privado.
IV – se o ato constitutivo é reformável no § 3º Encerrada a liquidação, promover-se-á
tocante à administração, e de que modo; o cancelamento da inscrição da pessoa jurí-
V – se os membros respondem, ou não, dica.
subsidiariamente, pelas obrigações sociais; Art. 52. Aplica-se às pessoas jurídicas, no que
VI – as condições de extinção da pessoa ju- couber, a proteção dos direitos da personalida-
rídica e o destino do seu patrimônio, nesse de.
caso. (...)
Art. 47. Obrigam a pessoa jurídica os atos dos
administradores, exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo. TÍTULO III
Art. 48. Se a pessoa jurídica tiver administração Do Domicílio
coletiva, as decisões se tomarão pela maioria de
votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar
dispuser de modo diverso. onde ela estabelece a sua residência com ânimo
Parágrafo único. Decai em três anos o direi- definitivo.
to de anular as decisões a que se refere este Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diver-
artigo, quando violarem a lei ou estatuto, sas residências, onde, alternadamente, viva,
ou forem eivadas de erro, dolo, simulação considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
ou fraude.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural,
Art. 49. Se a administração da pessoa jurídica quanto às relações concernentes à profissão, o
vier a faltar, o juiz, a requerimento de qualquer lugar onde esta é exercida.
interessado, nomear-lhe-á administrador provi-
sório. Parágrafo único. Se a pessoa exercitar pro-
fissão em lugares diversos, cada um deles
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurí- constituirá domicílio para as relações que
dica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou lhe corresponderem.
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a
requerimento da parte, ou do Ministério Públi-

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Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natu- do marítimo, onde o navio estiver matricu-
ral, que não tenha residência habitual, o lugar lado; e o do preso, o lugar em que cumprir
onde for encontrada. a sentença.
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a re- Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que, ci-
sidência, com a intenção manifesta de o mudar. tado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade
sem designar onde tem, no país, o seu domicí-
Parágrafo único. A prova da intenção resul- lio, poderá ser demandado no Distrito Federal
tará do que declarar a pessoa às municipa- ou no último ponto do território brasileiro onde
lidades dos lugares, que deixa, e para onde o teve.
vai, ou, se tais declarações não fizer, da pró-
pria mudança, com as circunstâncias que a Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os con-
acompanharem. tratantes especificar domicílio onde se exerci-
tem e cumpram os direitos e obrigações deles
Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio resultantes.
é:
I – da União, o Distrito Federal;
LIVRO III
II – dos Estados e Territórios, as respectivas
capitais; Dos Fatos Jurídicos
III – do Município, o lugar onde funcione a
administração municipal; TÍTULO I
IV – das demais pessoas jurídicas, o lugar
onde funcionarem as respectivas diretorias Do Negócio Jurídico
e administrações, ou onde elegerem domi-
cílio especial no seu estatuto ou atos cons-
titutivos. CAPÍTULO I
§ 1º Tendo a pessoa jurídica diversos esta- DISPOSIÇÕES GERAIS
belecimentos em lugares diferentes, cada Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
um deles será considerado domicílio para
os atos nele praticados. I – agente capaz;
§ 2º Se a administração, ou diretoria, tiver II – objeto lícito, possível, determinado ou
a sede no estrangeiro, haver-se-á por domi- determinável;
cílio da pessoa jurídica, no tocante às obri-
gações contraídas por cada uma das suas III – forma prescrita ou não defesa em lei.
agências, o lugar do estabelecimento, sito Art. 105. A incapacidade relativa de uma das
no Brasil, a que ela corresponder. partes não pode ser invocada pela outra em be-
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o nefício próprio, nem aproveita aos co-interessa-
servidor público, o militar, o marítimo e o preso. dos capazes, salvo se, neste caso, for indivisível
o objeto do direito ou da obrigação comum.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é
o do seu representante ou assistente; o do Art. 106. A impossibilidade inicial do objeto não
servidor público, o lugar em que exercer invalida o negócio jurídico se for relativa, ou se
permanentemente suas funções; o do mili- cessar antes de realizada a condição a que ele
tar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da estiver subordinado.
Aeronáutica, a sede do comando a que se
encontrar imediatamente subordinado; o

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Art. 107. A validade da declaração de vontade Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se
não dependerá de forma especial, senão quan- como celebrado pelo representante o negó-
do a lei expressamente a exigir. cio realizado por aquele em quem os pode-
res houverem sido subestabelecidos.
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a
escritura pública é essencial à validade dos ne- Art. 118. O representante é obrigado a provar às
gócios jurídicos que visem à constituição, trans- pessoas, com quem tratar em nome do repre-
ferência, modificação ou renúncia de direitos sentado, a sua qualidade e a extensão de seus
reais sobre imóveis de valor superior a trinta ve- poderes, sob pena de, não o fazendo, responder
zes o maior salário mínimo vigente no País. pelos atos que a estes excederem.
Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a Art. 119. É anulável o negócio concluído pelo
cláusula de não valer sem instrumento público, representante em conflito de interesses com o
este é da substância do ato. representado, se tal fato era ou devia ser do co-
nhecimento de quem com aquele tratou.
Art. 110. A manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva men- Parágrafo único. É de cento e oitenta dias,
tal de não querer o que manifestou, salvo se a contar da conclusão do negócio ou da
dela o destinatário tinha conhecimento. cessação da incapacidade, o prazo de deca-
dência para pleitear-se a anulação prevista
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando neste artigo.
as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e
não for necessária a declaração de vontade ex- Art. 120. Os requisitos e os efeitos da represen-
pressa. tação legal são os estabelecidos nas normas res-
pectivas; os da representação voluntária são os
Art. 112. Nas declarações de vontade se aten- da Parte Especial deste Código.
derá mais à intenção nelas consubstanciada do
que ao sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser inter-
pretados conforme a boa-fé e os usos do lugar CAPÍTULO III
de sua celebração. DA CONDIÇÃO, DO TERMO
E DO ENCARGO
Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos e a re-
núncia interpretam-se estritamente. Art. 121. Considera-se condição a cláusula que,
derivando exclusivamente da vontade das par-
tes, subordina o efeito do negócio jurídico a
evento futuro e incerto.
CAPÍTULO II
Da Representação Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condi-
ções não contrárias à lei, à ordem pública ou aos
Art. 115. Os poderes de representação confe- bons costumes; entre as condições defesas se
rem-se por lei ou pelo interessado. incluem as que privarem de todo efeito o negó-
cio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de
Art. 116. A manifestação de vontade pelo repre- uma das partes.
sentante, nos limites de seus poderes, produz
efeitos em relação ao representado. Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que
lhes são subordinados:
Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o represen-
tado, é anulável o negócio jurídico que o repre- I – as condições física ou juridicamente im-
sentante, no seu interesse ou por conta de ou- possíveis, quando suspensivas;
trem, celebrar consigo mesmo.

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários - Aspectos Jurídicos – Profª Tatiana Marcello

II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilí- Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional
cita; em contrário, computam-se os prazos, excluído
o dia do começo, e incluído o do vencimento.
III – as condições incompreensíveis ou con-
traditórias. § 1º Se o dia do vencimento cair em feria-
do, considerar-se-á prorrogado o prazo até
Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições o seguinte dia útil.
impossíveis, quando resolutivas, e as de não fa-
zer coisa impossível. § 2º Meado considera-se, em qualquer mês,
o seu décimo quinto dia.
Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio
jurídico à condição suspensiva, enquanto esta § 3º Os prazos de meses e anos expiram no
se não verificar, não se terá adquirido o direito, dia de igual número do de início, ou no ime-
a que ele visa. diato, se faltar exata correspondência.
Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob § 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão
condição suspensiva, e, pendente esta, fizer de minuto a minuto.
quanto àquela novas disposições, estas não te-
rão valor, realizada a condição, se com ela forem Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo
incompatíveis. em favor do herdeiro, e, nos contratos, em pro-
veito do devedor, salvo, quanto a esses, se do
Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto teor do instrumento, ou das circunstâncias, re-
esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, sultar que se estabeleceu a benefício do credor,
podendo exercer-se desde a conclusão deste o ou de ambos os contratantes.
direito por ele estabelecido.
Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem
Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, ex- prazo, são exeqüíveis desde logo, salvo se a exe-
tingue-se, para todos os efeitos, o direito a que cução tiver de ser feita em lugar diverso ou de-
ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de pender de tempo.
execução continuada ou periódica, a sua realiza-
ção, salvo disposição em contrário, não tem efi- Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no
cácia quanto aos atos já praticados, desde que que couber, as disposições relativas à condição
compatíveis com a natureza da condição pen- suspensiva e resolutiva.
dente e conforme aos ditames de boa-fé. Art. 136. O encargo não suspende a aquisição
Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efei- nem o exercício do direito, salvo quando expres-
tos jurídicos, a condição cujo implemento for samente imposto no negócio jurídico, pelo dis-
maliciosamente obstado pela parte a quem des- ponente, como condição suspensiva.
favorecer, considerando-se, ao contrário, não Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilí-
verificada a condição maliciosamente levada a cito ou impossível, salvo se constituir o motivo
efeito por aquele a quem aproveita o seu imple- determinante da liberalidade, caso em que se
mento. invalida o negócio jurídico.
Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos ca-
sos de condição suspensiva ou resolutiva, é per-
mitido praticar os atos destinados a conservá-lo.
Art. 131. O termo inicial suspende o exercício,
mas não a aquisição do direito.

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CAPÍTULO IV Seção II
DOS DEFEITOS DO DO DOLO
NEGÓCIO JURÍDICO
Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por
dolo, quando este for a sua causa.
Seção I
DO ERRO OU IGNORÂNCIA Art. 146. O dolo acidental só obriga à satisfação
das perdas e danos, e é acidental quando, a seu
Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, despeito, o negócio seria realizado, embora por
quando as declarações de vontade emanarem outro modo.
de erro substancial que poderia ser percebido
por pessoa de diligência normal, em face das Art. 147. Nos negócios jurídicos bilaterais, o si-
circunstâncias do negócio. lêncio intencional de uma das partes a respeito
de fato ou qualidade que a outra parte haja ig-
Art. 139. O erro é substancial quando: norado, constitui omissão dolosa, provando-se
que sem ela o negócio não se teria celebrado.
I – interessa à natureza do negócio, ao obje-
to principal da declaração, ou a alguma das Art. 148. Pode também ser anulado o negócio
qualidades a ele essenciais; jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem
aproveite dele tivesse ou devesse ter conheci-
II – concerne à identidade ou à qualidade
mento; em caso contrário, ainda que subsista
essencial da pessoa a quem se refira a de-
o negócio jurídico, o terceiro responderá por
claração de vontade, desde que tenha influ-
todas as perdas e danos da parte a quem ludi-
ído nesta de modo relevante;
briou.
III – sendo de direito e não implicando recu-
Art. 149. O dolo do representante legal de uma
sa à aplicação da lei, for o motivo único ou
das partes só obriga o representado a respon-
principal do negócio jurídico.
der civilmente até a importância do proveito
Art. 140. O falso motivo só vicia a declaração de que teve; se, porém, o dolo for do representan-
vontade quando expresso como razão determi- te convencional, o representado responderá so-
nante. lidariamente com ele por perdas e danos.
Art. 141. A transmissão errônea da vontade por Art. 150. Se ambas as partes procederem com
meios interpostos é anulável nos mesmos casos dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o ne-
em que o é a declaração direta. gócio, ou reclamar indenização.
Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da Seção III
coisa, a que se referir a declaração de vontade, DA COAÇÃO
não viciará o negócio quando, por seu contexto
e pelas circunstâncias, se puder identificar a coi- Art. 151. A coação, para viciar a declaração da
sa ou pessoa cogitada. vontade, há de ser tal que incuta ao paciente
fundado temor de dano iminente e considerável
Art. 143. O erro de cálculo apenas autoriza a re-
à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens.
tificação da declaração de vontade.
Parágrafo único. Se disser respeito a pes-
Art. 144. O erro não prejudica a validade do ne-
soa não pertencente à família do paciente,
gócio jurídico quando a pessoa, a quem a mani-
o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá
festação de vontade se dirige, se oferecer para
se houve coação.
executá-la na conformidade da vontade real do
manifestante.

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários - Aspectos Jurídicos – Profª Tatiana Marcello

Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em Seção VI


conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o DA FRAUDE CONTRA CREDORES
temperamento do paciente e todas as demais
circunstâncias que possam influir na gravidade Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita
dela. de bens ou remissão de dívida, se os praticar o
Art. 153. Não se considera coação a ameaça do devedor já insolvente, ou por eles reduzido à in-
exercício normal de um direito, nem o simples solvência, ainda quando o ignore, poderão ser
temor reverencial. anulados pelos credores quirografários, como
lesivos dos seus direitos.
Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exer- § 1º Igual direito assiste aos credores cuja
cida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter garantia se tornar insuficiente.
conhecimento a parte a que aproveite, e esta
responderá solidariamente com aquele por per- § 2º Só os credores que já o eram ao tempo
das e danos. daqueles atos podem pleitear a anulação
deles.
Art. 155. Subsistirá o negócio jurídico, se a coa-
ção decorrer de terceiro, sem que a parte a que Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contra-
aproveite dela tivesse ou devesse ter conheci- tos onerosos do devedor insolvente, quando a
mento; mas o autor da coação responderá por insolvência for notória, ou houver motivo para
todas as perdas e danos que houver causado ao ser conhecida do outro contratante.
coacto. Art. 160. Se o adquirente dos bens do devedor
insolvente ainda não tiver pago o preço e este
Seção IV for, aproximadamente, o corrente, desobrigar-
DO ESTADO DE PERIGO -se-á depositando-o em juízo, com a citação de
todos os interessados.
Art. 156. Configura-se o estado de perigo quan-
do alguém, premido da necessidade de salvar- Parágrafo único. Se inferior, o adquirente,
-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano para conservar os bens, poderá depositar o
conhecido pela outra parte, assume obrigação preço que lhes corresponda ao valor real.
excessivamente onerosa. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159,
poderá ser intentada contra o devedor insolven-
Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não
te, a pessoa que com ele celebrou a estipulação
pertencente à família do declarante, o juiz
considerada fraudulenta, ou terceiros adquiren-
decidirá segundo as circunstâncias.
tes que hajam procedido de má-fé.
Seção V Art. 162. O credor quirografário, que receber do
DA LESÃO devedor insolvente o pagamento da dívida ain-
da não vencida, ficará obrigado a repor, em pro-
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, veito do acervo sobre que se tenha de efetuar o
sob premente necessidade, ou por inexperiên- concurso de credores, aquilo que recebeu.
cia, se obriga a prestação manifestamente des-
proporcional ao valor da prestação oposta. Art. 163. Presumem-se fraudatórias dos direitos
dos outros credores as garantias de dívidas que
§ 1º Aprecia-se a desproporção das presta-
o devedor insolvente tiver dado a algum credor.
ções segundo os valores vigentes ao tempo
em que foi celebrado o negócio jurídico. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e va-
lem os negócios ordinários indispensáveis à ma-
§ 2º Não se decretará a anulação do negó-
nutenção de estabelecimento mercantil, rural,
cio, se for oferecido suplemento suficiente,
ou industrial, ou à subsistência do devedor e de
ou se a parte favorecida concordar com a
sua família.
redução do proveito.

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Art. 165. Anulados os negócios fraudulentos, a III – os instrumentos particulares forem an-
vantagem resultante reverterá em proveito do tedatados, ou pós-datados.
acervo sobre que se tenha de efetuar o concur-
so de credores. § 2º Ressalvam-se os direitos de terceiros
de boa-fé em face dos contraentes do negó-
Parágrafo único. Se esses negócios tinham cio jurídico simulado.
por único objeto atribuir direitos preferen-
ciais, mediante hipoteca, penhor ou anti- Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes
crese, sua invalidade importará somente na podem ser alegadas por qualquer interessado,
anulação da preferência ajustada. ou pelo Ministério Público, quando lhe couber
intervir.
Parágrafo único. As nulidades devem ser
pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do
CAPÍTULO V negócio jurídico ou dos seus efeitos e as en-
DA INVALIDADE DO contrar provadas, não lhe sendo permitido su-
NEGÓCIO JURÍDICO pri-las, ainda que a requerimento das partes.

Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: Art. 169. O negócio jurídico nulo não é suscetí-
vel de confirmação, nem convalesce pelo decur-
I – celebrado por pessoa absolutamente in- so do tempo.
capaz;
Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo
II – for ilícito, impossível ou indeterminável contiver os requisitos de outro, subsistirá este
o seu objeto; quando o fim a que visavam as partes permitir
supor que o teriam querido, se houvessem pre-
III – o motivo determinante, comum a am-
visto a nulidade.
bas as partes, for ilícito;
Art. 171. Além dos casos expressamente decla-
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
rados na lei, é anulável o negócio jurídico:
V – for preterida alguma solenidade que a
I – por incapacidade relativa do agente;
lei considere essencial para a sua validade;
II – por vício resultante de erro, dolo, coa-
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperati-
ção, estado de perigo, lesão ou fraude con-
va;
tra credores.
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou
Art. 172. O negócio anulável pode ser confirma-
proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
do pelas partes, salvo direito de terceiro.
Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado,
Art. 173. O ato de confirmação deve conter a
mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for
substância do negócio celebrado e a vontade
na substância e na forma.
expressa de mantê-lo.
§ 1º Haverá simulação nos negócios jurídi-
Art. 174. É escusada a confirmação expressa,
cos quando:
quando o negócio já foi cumprido em parte pelo
I – aparentarem conferir ou transmitir direi- devedor, ciente do vício que o inquinava.
tos a pessoas diversas daquelas às quais re-
Art. 175. A confirmação expressa, ou a execu-
almente se conferem, ou transmitem;
ção voluntária de negócio anulável, nos termos
II – contiverem declaração, confissão, con- dos arts. 172 a 174, importa a extinção de todas
dição ou cláusula não verdadeira; as ações, ou exceções, de que contra ele dispu-
sesse o devedor.

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Art. 176. Quando a anulabilidade do ato resul- Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a
tar da falta de autorização de terceiro, será vali- invalidade parcial de um negócio jurídico não o
dado se este a der posteriormente. prejudicará na parte válida, se esta for separá-
vel; a invalidade da obrigação principal implica
Art. 177. A anulabilidade não tem efeito an- a das obrigações acessórias, mas a destas não
tes de julgada por sentença, nem se pronuncia induz a da obrigação principal.
de ofício; só os interessados a podem alegar, e
aproveita exclusivamente aos que a alegarem,
salvo o caso de solidariedade ou indivisibilida-
de.
TÍTULO II
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadên- Dos Atos Jurídicos Lícitos
cia para pleitear-se a anulação do negócio jurí-
dico, contado: Art. 185. Aos atos jurídicos lícitos, que não se-
jam negócios jurídicos, aplicam-se, no que cou-
I – no caso de coação, do dia em que ela ber, as disposições do Título anterior.
cessar;
II – no de erro, dolo, fraude contra credores,
estado de perigo ou lesão, do dia em que se TÍTULO III
realizou o negócio jurídico;
Dos Atos Ilícitos
III – no de atos de incapazes, do dia em que
cessar a incapacidade. Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão vo-
luntária, negligência ou imprudência, violar di-
Art. 179. Quando a lei dispuser que determina- reito e causar dano a outrem, ainda que exclusi-
do ato é anulável, sem estabelecer prazo para vamente moral, comete ato ilícito.
pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato. Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de
um direito que, ao exercê-lo, excede manifesta-
Art. 180. O menor, entre dezesseis e dezoito mente os limites impostos pelo seu fim econô-
anos, não pode, para eximir-se de uma obriga- mico ou social, pela boa-fé ou pelos bons cos-
ção, invocar a sua idade se dolosamente a ocul- tumes.
tou quando inquirido pela outra parte, ou se, no
ato de obrigar-se, declarou-se maior. Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
Art. 181. Ninguém pode reclamar o que, por I – os praticados em legítima defesa ou no
uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se exercício regular de um direito reconhecido;
não provar que reverteu em proveito dele a im-
portância paga. II – a deterioração ou destruição da coisa
alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remo-
Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir- ver perigo iminente.
-se-ão as partes ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, se- Parágrafo único. No caso do inciso II, o ato
rão indenizadas com o equivalente. será legítimo somente quando as circuns-
tâncias o tornarem absolutamente necessá-
Art. 183. A invalidade do instrumento não induz rio, não excedendo os limites do indispensá-
a do negócio jurídico sempre que este puder vel para a remoção do perigo.
provar-se por outro meio.

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TÍTULO IV II – entre ascendentes e descendentes, du-
rante o poder familiar;
Da Prescrição e da Decadência III – entre tutelados ou curatelados e seus
tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.
CAPÍTULO I
DA PRESCRIÇÃO Art. 198. Também não corre a prescrição:
I – contra os incapazes de que trata o art.
Seção I 3º;
DISPOSIÇÕES GERAIS
II – contra os ausentes do País em serviço
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular público da União, dos Estados ou dos Mu-
a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, nicípios;
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. III – contra os que se acharem servindo nas
Art. 190. A exceção prescreve no mesmo prazo Forças Armadas, em tempo de guerra.
em que a pretensão. Art. 199. Não corre igualmente a prescrição:
Art. 191. A renúncia da prescrição pode ser ex- I – pendendo condição suspensiva;
pressa ou tácita, e só valerá, sendo feita, sem
prejuízo de terceiro, depois que a prescrição se II – não estando vencido o prazo;
consumar; tácita é a renúncia quando se presu-
III – pendendo ação de evicção.
me de fatos do interessado, incompatíveis com
a prescrição. Art. 200. Quando a ação se originar de fato que
deva ser apurado no juízo criminal, não correrá
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem
a prescrição antes da respectiva sentença defi-
ser alterados por acordo das partes.
nitiva.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em
Art. 201. Suspensa a prescrição em favor de um
qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
dos credores solidários, só aproveitam os outros
aproveita.
se a obrigação for indivisível.
Art. 194. (Revogado)
Seção III
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pes- DAS CAUSAS QUE
soas jurídicas têm ação contra os seus assisten-
tes ou representantes legais, que derem causa à INTERROMPEM A PRESCRIÇÃO
prescrição, ou não a alegarem oportunamente. Art. 202. A interrupção da prescrição, que so-
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pes- mente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
soa continua a correr contra o seu sucessor. I – por despacho do juiz, mesmo incompe-
Seção II tente, que ordenar a citação, se o interes-
sado a promover no prazo e na forma da lei
DAS CAUSAS QUE IMPEDEM processual;
OU SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO
II – por protesto, nas condições do inciso
Art. 197. Não corre a prescrição: antecedente;
I – entre os cônjuges, na constância da so- III – por protesto cambial;
ciedade conjugal;

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IV – pela apresentação do título de crédito II – a pretensão do segurado contra o segu-


em juízo de inventário ou em concurso de rador, ou a deste contra aquele, contado o
credores; prazo:
V – por qualquer ato judicial que constitua a) para o segurado, no caso de seguro de
em mora o devedor; responsabilidade civil, da data em que é ci-
tado para responder à ação de indenização
VI – por qualquer ato inequívoco, ainda que proposta pelo terceiro prejudicado, ou da
extrajudicial, que importe reconhecimento data que a este indeniza, com a anuência do
do direito pelo devedor. segurador;
Parágrafo único. A prescrição interrompi- b) quanto aos demais seguros, da ciência do
da recomeça a correr da data do ato que a fato gerador da pretensão;
interrompeu, ou do último ato do processo
para a interromper. III – a pretensão dos tabeliães, auxiliares da
justiça, serventuários judiciais, árbitros e
Art. 203. A prescrição pode ser interrompida peritos, pela percepção de emolumentos,
por qualquer interessado. custas e honorários;
Art. 204. A interrupção da prescrição por um IV – a pretensão contra os peritos, pela ava-
credor não aproveita aos outros; semelhante- liação dos bens que entraram para a for-
mente, a interrupção operada contra o co-deve- mação do capital de sociedade anônima,
dor, ou seu herdeiro, não prejudica aos demais contado da publicação da ata da assembléia
coobrigados. que aprovar o laudo;
§ 1º A interrupção por um dos credores so- V – a pretensão dos credores não pagos
lidários aproveita aos outros; assim como a contra os sócios ou acionistas e os liquidan-
interrupção efetuada contra o devedor so- tes, contado o prazo da publicação da ata de
lidário envolve os demais e seus herdeiros. encerramento da liquidação da sociedade.
§ 2º A interrupção operada contra um dos § 2º Em dois anos, a pretensão para haver
herdeiros do devedor solidário não prejudi- prestações alimentares, a partir da data em
ca os outros herdeiros ou devedores, senão que se vencerem.
quando se trate de obrigações e direitos in-
divisíveis. § 3º Em três anos:
§ 3º A interrupção produzida contra o prin- I – a pretensão relativa a aluguéis de pré-
cipal devedor prejudica o fiador. dios urbanos ou rústicos;

Seção IV II – a pretensão para receber prestações


vencidas de rendas temporárias ou vitalí-
DOS PRAZOS DA PRESCRIÇÃO
cias;
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, III – a pretensão para haver juros, dividen-
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. dos ou quaisquer prestações acessórias,
Art. 206. Prescreve: pagáveis, em períodos não maiores de um
ano, com capitalização ou sem ela;
§ 1º Em um ano:
IV – a pretensão de ressarcimento de enri-
I – a pretensão dos hospedeiros ou fornece- quecimento sem causa;
dores de víveres destinados a consumo no
próprio estabelecimento, para o pagamento V – a pretensão de reparação civil;
da hospedagem ou dos alimentos;

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VI – a pretensão de restituição dos lucros ou CAPÍTULO II
dividendos recebidos de má-fé, correndo o DA DECADÊNCIA
prazo da data em que foi deliberada a dis-
tribuição; Art. 207. Salvo disposição legal em contrário,
VII – a pretensão contra as pessoas em se- não se aplicam à decadência as normas que im-
guida indicadas por violação da lei ou do es- pedem, suspendem ou interrompem a prescri-
tatuto, contado o prazo: ção.

a) para os fundadores, da publicação dos Art. 208. Aplica-se à decadência o disposto nos
atos constitutivos da sociedade anônima; arts. 195 e 198, inciso I.

b) para os administradores, ou fiscais, da Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada


apresentação, aos sócios, do balanço refe- em lei.
rente ao exercício em que a violação tenha Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da de-
sido praticada, ou da reunião ou assembléia cadência, quando estabelecida por lei.
geral que dela deva tomar conhecimento;
Art. 211. Se a decadência for convencional, a
c) para os liquidantes, da primeira assem- parte a quem aproveita pode alegá-la em qual-
bléia semestral posterior à violação; quer grau de jurisdição, mas o juiz não pode su-
VIII – a pretensão para haver o pagamento prir a alegação.
de título de crédito, a contar do vencimen-
to, ressalvadas as disposições de lei espe-
cial; TÍTULO V
IX – a pretensão do beneficiário contra o Da Prova
segurador, e a do terceiro prejudicado, no
caso de seguro de responsabilidade civil Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma
obrigatório. especial, o fato jurídico pode ser provado me-
diante:
§ 4º Em quatro anos, a pretensão relativa
à tutela, a contar da data da aprovação das I – confissão;
contas.
II – documento;
§ 5º Em cinco anos:
III – testemunha;
I – a pretensão de cobrança de dívidas líqui-
das constantes de instrumento público ou IV – presunção;
particular; V – perícia.
II – a pretensão dos profissionais liberais em Art. 213. Não tem eficácia a confissão se pro-
geral, procuradores judiciais, curadores e vém de quem não é capaz de dispor do direito a
professores pelos seus honorários, contado que se referem os fatos confessados.
o prazo da conclusão dos serviços, da cessa-
ção dos respectivos contratos ou mandato; Parágrafo único. Se feita a confissão por um
representante, somente é eficaz nos limites
III – a pretensão do vencedor para haver do em que este pode vincular o representado.
vencido o que despendeu em juízo.
Art. 214. A confissão é irrevogável, mas pode
ser anulada se decorreu de erro de fato ou de
coação.

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Art. 215. A escritura pública, lavrada em notas § 5º Se algum dos comparecentes não for
de tabelião, é documento dotado de fé pública, conhecido do tabelião, nem puder identifi-
fazendo prova plena. car-se por documento, deverão participar
do ato pelo menos duas testemunhas que o
§ 1º Salvo quando exigidos por lei outros re- conheçam e atestem sua identidade.
quisitos, a escritura pública deve conter:
Art. 216. Farão a mesma prova que os originais
I – data e local de sua realização; as certidões textuais de qualquer peça judicial,
II – reconhecimento da identidade e capa- do protocolo das audiências, ou de outro qual-
cidade das partes e de quantos hajam com- quer livro a cargo do escrivão, sendo extraídas
parecido ao ato, por si, como representan- por ele, ou sob a sua vigilância, e por ele subs-
tes, intervenientes ou testemunhas; critas, assim como os traslados de autos, quan-
do por outro escrivão consertados.
III – nome, nacionalidade, estado civil, pro-
fissão, domicílio e residência das partes e Art. 217. Terão a mesma força probante os tras-
demais comparecentes, com a indicação, lados e as certidões, extraídos por tabelião ou
quando necessário, do regime de bens do oficial de registro, de instrumentos ou docu-
casamento, nome do outro cônjuge e filia- mentos lançados em suas notas.
ção; Art. 218. Os traslados e as certidões considerar-
IV – manifestação clara da vontade das par- -se-ão instrumentos públicos, se os originais se
tes e dos intervenientes; houverem produzido em juízo como prova de
algum ato.
V – referência ao cumprimento das exigên-
cias legais e fiscais inerentes à legitimidade Art. 219. As declarações constantes de docu-
do ato; mentos assinados presumem-se verdadeiras em
relação aos signatários.
VI – declaração de ter sido lida na presença
das partes e demais comparecentes, ou de Parágrafo único. Não tendo relação direta,
que todos a leram; porém, com as disposições principais ou
com a legitimidade das partes, as declara-
VII – assinatura das partes e dos demais ções enunciativas não eximem os interes-
comparecentes, bem como a do tabelião ou sados em sua veracidade do ônus de prová-
seu substituto legal, encerrando o ato. -las.
§ 2º Se algum comparecente não puder ou Art. 220. A anuência ou a autorização de ou-
não souber escrever, outra pessoa capaz as- trem, necessária à validade de um ato, provar-
sinará por ele, a seu rogo. -se-á do mesmo modo que este, e constará,
sempre que se possa, do próprio instrumento.
§ 3º A escritura será redigida na língua na-
cional. Art. 221. O instrumento particular, feito e assi-
nado, ou somente assinado por quem esteja na
§ 4º Se qualquer dos comparecentes não
livre disposição e administração de seus bens,
souber a língua nacional e o tabelião não
prova as obrigações convencionais de qualquer
entender o idioma em que se expressa, de-
valor; mas os seus efeitos, bem como os da ces-
verá comparecer tradutor público para ser-
são, não se operam, a respeito de terceiros, an-
vir de intérprete, ou, não o havendo na lo-
tes de registrado no registro público.
calidade, outra pessoa capaz que, a juízo do
tabelião, tenha idoneidade e conhecimento Parágrafo único. A prova do instrumento
bastantes. particular pode suprir-se pelas outras de ca-
ráter legal.

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Art. 222. O telegrama, quando lhe for contesta- III – (Revogado)
da a autenticidade, faz prova mediante confe-
rência com o original assinado. IV – o interessado no litígio, o amigo íntimo
ou o inimigo capital das partes;
Art. 223. A cópia fotográfica de documento,
conferida por tabelião de notas, valerá como V – os cônjuges, os ascendentes, os descen-
prova de declaração da vontade, mas, impugna- dentes e os colaterais, até o terceiro grau de
da sua autenticidade, deverá ser exibido o ori- alguma das partes, por consangüinidade,
ginal. ou afinidade.

Parágrafo único. A prova não supre a au- § 1º Para a prova de fatos que só elas co-
sência do título de crédito, ou do original, nheçam, pode o juiz admitir o depoimento
nos casos em que a lei ou as circunstâncias das pessoas a que se refere este artigo.
condicionarem o exercício do direito à sua § 2º A pessoa com deficiência poderá tes-
exibição. temunhar em igualdade de condições com
Art. 224. Os documentos redigidos em língua as demais pessoas, sendo-lhe assegurados
estrangeira serão traduzidos para o português todos os recursos de tecnologia assistiva.
para ter efeitos legais no País. Art. 229. (Revogado)
Art. 225. As reproduções fotográficas, cinema- Art. 230. (Revogado)
tográficas, os registros fonográficos e, em geral,
quaisquer outras reproduções mecânicas ou Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a
eletrônicas de fatos ou de coisas fazem prova exame médico necessário não poderá aprovei-
plena destes, se a parte, contra quem forem exi- tar-se de sua recusa.
bidos, não lhes impugnar a exatidão.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada
Art. 226. Os livros e fichas dos empresários e so- pelo juiz poderá suprir a prova que se pretendia
ciedades provam contra as pessoas a que per- obter com o exame.
tencem, e, em seu favor, quando, escriturados
sem vício extrínseco ou intrínseco, forem confir-
mados por outros subsídios.
Parágrafo único. A prova resultante dos li-
vros e fichas não é bastante nos casos em
que a lei exige escritura pública, ou escrito
particular revestido de requisitos especiais,
e pode ser ilidida pela comprovação da fal-
sidade ou inexatidão dos lançamentos.
Art. 227. (Revogado)
Parágrafo único. Qualquer que seja o valor
do negócio jurídico, a prova testemunhal
é admissível como subsidiária ou comple-
mentar da prova por escrito.
Art. 228. Não podem ser admitidos como teste-
munhas:
I – os menores de dezesseis anos;
II – (Revogado)

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RESUMO

O conteúdo destas aulas estão dispostos no Edital da seguinte forma:


“CONHECIMENTOS BANCÁRIOS: ASPECTOS JURÍDICOS: noções de direito aplicadas às
operações de crédito: a) Sujeito e Objeto do Direito; b) Fato e ato jurídico”.
Todos esses assuntos estão dentro de “Fato e Ato Jurídico”, mas para fins didáticos, estudaremos
primeiramente os “sujeitos de direito” para posteriormente entender em que contexto esses
elementos se inserem dentro dos “Fatos e Atos Jurídicos”.

1 – SUJEITO DE DIREITO: PESSOA FÍSICA E PESSOA JURÍDICA

As “pessoas” podem ser de duas espécies:


•• Pessoas Naturais (também chamadas de Pessoas Físicas) – são todos os seres humanos;
•• Pessoas Jurídicas – entes formados por uma coletividade de pessoas ou de bens, que, por
força de lei, adquirem personalidade jurídica.
Sujeito de direito é a pessoa, física ou jurídica, a quem a lei atribui direitos e obrigações.
Assim, o art. 1º do Código Civil prevê:
“Art. 1º Toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil.”

1.1 – Das Pessoas Naturais (Pessoas Físicas)


Personalidade Civil – O art. 2º do CC prevê que “A personalidade civil da pessoa começa do
nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”.
Portanto, mesmo que o nascituro (feto) tenha direitos assegurados desde a sua concepção
(início da gravidez), a personalidade civil somente começa ao nascimento com vida.
Capacidade – há dois tipos que não podem ser confundidos:
•• Capacidade de Direito = de Gozo = Jurídica – própria do ser humano e começa do
nascimento com vida e só termina com a morte (art. 2º, CC);
•• Capacidade de Fato = de Exercício = de Ação – é a capacidade de exercer pessoalmente os
atos da vida civil, que em regra, é adquirida com a maioridade (18 anos).
Assim, é possível afirmar que todas as pessoas possuem capacidade de direito, mas nem todas
possuem capacidade de fato.
A pessoa que possui capacidade de direito + capacidade de fato, tem a chamada capacidade
plena.
Incapacidade – Como toda pessoa física possui capacidade de direito, quando se fala em
incapacidade, refere-se à incapacidade de fato, ou seja, a incapacidade de exercer pessoalmente
os atos da vida civil. O instituto da incapacidade existe para proteger pessoas que não possuem
o completo discernimento. No CC, a incapacidade é separada por graus:

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Art. 3º São absolutamente incapazes de Art. 4º São relativamente incapazes a
exercer pessoalmente os atos da vida civil: certos atos, ou à maneira de os exercer:
– os menores de 16 anos (menor impúbere); I – os maiores de 16 e menores de 18 anos (menor
púbere);
II – os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
III – aqueles que, por causa transitória ou perma-
nente, não puderem exprimir sua vontade;
IV – os pródigos.

Os absolutamente incapazes devem ser representados (pelos pais, tutores ou curadores)


para que o negócio jurídico seja considerado válido, já que a validade do negócio jurídico
requer “agente capaz” (art. 104, CC), sendo nulo o negócio quando celebrado por pessoa
absolutamente incapaz (art. 166, I, CC).
Os relativamente incapazes devem ser assistidos (pelos pais, tutores ou curadores), já que é
anulável o negócio jurídico por incapacidade relativa do agente (art. 171, I, CC).

Absolutamente incapaz Relativamente incapaz


Deve ser representado Deve ser assistido
Se não for representado, o negócio é nulo Se não for assistido, o negócio é anulável

Portanto:
•• O menor de idade (incapaz) pode ser titular de conta bancária? SIM
→ Menores de 16 anos = representados
→ Maiores de 16 e menores de 18 (não emancipados) = assistidos
Cessação da Incapacidade – Geralmente, a incapacidade cessa pela extinção da sua causa:
atingir a maioridade (18 anos); a reabilitação do dependente de álcool ou drogas; ou pela
emancipação.
Prevê o art. 5º do CC que A menoridade cessa aos dezoito anos completos, quando a pessoa
fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
Emancipação – Entretanto, através da emancipação é possível antecipar a capacidade de um
menor de idade praticar todos os atos da vida civil (capacidade de fato). A emancipação se
dará:
I – pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público
(emancipação voluntária), independentemente de homologação judicial, ou por sentença do
juiz, ouvido o tutor (emancipação judicial), se o menor tiver dezesseis anos completos;
II – pelo casamento;
III – pelo exercício de emprego público efetivo;
IV – pela colação de grau em curso de ensino superior;

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V – pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego, desde


que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia própria.
(Demais hipóteses: Emancipação legal – automática)
Extinção da Pessoa Natural – A morte é o que determina o fim da pessoa natural. A morte pode
ser real (quando o corpo é examinado e a morte confirmada por atestado de óbito) ou pode
ser presumida (quando a pessoa está ausente, desaparecida, mas o corpo não é encontrado,
presumindo-se, então, que está morta).

CPF – Cadastro de Pessoa Física


O Código Civil não faz qualquer referência à CPF. Esse cadastro é uma exigência da vida em
sociedade, para que a pessoa física consiga realizar os atos da vida civil, como, por exemplo, a
abertura de uma conta bancária.
Porém, há Instrução Normativa da RFB nº 1.042/2010 (art. 3º), bem como o Decreto 3000/1999
(art. 33), que prevêem casos em que a pessoa física é obrigada a inscrever-se no CPF. Dentre
elas, importa ao nosso estudo, "as pessoas físicas titulares de contas bancárias, de contas de
poupança ou de aplicações financeiras". O referido Decreto prevê, ainda, que a comprovação
da inscrição no CPF deve ser feita através da apresentação do Cartão de Identificação do
Contribuinte (CIC) e "será exigida pelas instituições financeiras, nas aberturas de contas
bancárias, contas de poupança" (art. 35).
Mesmo quem não esteja obrigado a se inscrever no CPF, poderá fazê-lo. É o caso, por exemplo,
de um recém nascido.

1.2 – Das Pessoa Jurídicas


As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de direito privado.

Pessoas Jurídicas de Direito Público


Pessoas Jurídicas de Direito Privado
(Interno)
União, Estados, Distrito Federal, Territórios e Associações (sem fins lucrativos – fins culturais,
Municípios educacionais, esportivos...)
Autarquias (ex.: INSS, BACEN), inclusive as Sociedades (exercício de atividade econômica –
associações públicas (ex.: consórcios públicos); S.A, Ltda...)
Demais entidades de caráter público criadas
Fundações (universalidade de bens para fins de
por lei (ex.: Fundações Públicas, Agências
beneficiar terceiros – Fundação Ayrton Senna)
Reguladoras)

Pessoas Jurídicas de Direito Público Organizações religiosas (Professam uma religião


(Externo) – Igrejas, Dioceses, Congregações...)

Estados estrangeiros Partidos políticos (leis específicas)


Todas as pessoas que forem regidas pelo direito Empresas individuais de responsabilidade
internacional público (União Européia, Mercosul, limitada (EIRELI – art. 980-A, CC – empresa
ONU, Unesco, Unicef...) constituída por uma única pessoa natural)

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E o BNB? PJ de direito Privado!
Decreto-Lei nº 200/1967 – Dispõe sôbre a organização da Administração Federal:
Art. 4º A Administração Federal compreende: II – A Administração Indireta, que compreende as
seguintes categorias de entidades, dotadas de personalidade jurídica própria: c) Sociedades de
Economia Mista.
III – Sociedade de Economia Mista – a entidade dotada de personalidade jurídica de direito
privado, criada por lei para a exploração de atividade econômica, sob a forma de sociedade
anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
Administração Indireta.
Representação da Pessoa Jurídica – Em regra, a Pessoa Jurídica é representada pelos seus
administradores nomeados, nos limites dos poderes definidos no ato constitutivo (art. 47, CC).
Já se a Pessoa Jurídica tiver administração coletiva, as decisões serão tomadas por maioria
de votos dos presentes, salvo se houver disposição diversa no ato constitutivo. Essas decisões
tomadas pela maioria dos votos presentes podem ser anuladas no prazo decadencial de 3 anos
em caso de violação do estatuto ou lei, erro, dolo, simulação ou fraude.
Personalidade da Pessoa Jurídica – Assim como ocorre com as pessoas físicas, as pessoas
jurídicas também são dotadas de personalidade jurídica, sendo sujeitos de direitos e deveres.
Início da Personalidade – Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito
privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas
as alterações por que passar o ato constitutivo. Parágrafo único. Decai em três anos o direito
de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo,
contado o prazo da publicação de sua inscrição no registro.
Fim da Personalidade (Extinção da Pessoa Jurídica) – Art. 51. Nos casos de dissolução da
pessoa jurídica ou cassada a autorização para seu funcionamento, ela subsistirá para os fins de
liquidação, até que esta se conclua.
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – O CNPJ está para as pessoas jurídicas assim
como o CPF está para as pessoas físicas. Segundo a Receita Federal, estão obrigados a terem
CNPJ, dentre outros, “As entidades domiciliadas no Brasil, inclusive as pessoas jurídicas por
equiparação, estão obrigadas a inscrever no CNPJ todos os seus estabelecimentos localizados
no Brasil ou no exterior, antes do início de suas atividades.”

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2 – DOMICÍLIO

Domicílio é o lugar em que as pessoas podem ser encontradas para os efeitos jurídicos. O CC
trata do domicílio das pessoas físicas e jurídicas do art. 70 ao art. 78.
Domicílio da Pessoa Natural – Segundo o art. 70 do CC O domicílio da pessoa natural é o lugar
onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Entretanto, se ela tiver diversas
residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
A pessoa natural pode ainda ter como domicilio o lugar onde exerça sua função profissional,
quanto às relações que dizem respeito à sua profissão. Se exercer sua função em lugares
diversos, cada um deles será considerado domicílio para fins profissionais.
A pessoa que não tem residência habitual (ex.: ciganos, circenses, mendigos), terá como
domicílio o lugar onde for encontrada.
Domicílio Necessário – Algumas pessoas, em razão da situação ou condição que se encontram,
têm seu domicílio definidos pela lei:

Pessoa Domicílio
o incapaz → o do seu representante ou assistente
o servidor público → o lugar em que exercer permanentemente suas funções
onde servir e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a
o militar →
que se encontrar imediatamente subordinado
o marítimo → onde o navio estiver matriculado
o preso → o lugar em que cumprir a sentença

Domicílio da Pessoa Jurídica – Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio será:

Pessoa Jurídica Domicílio


União → O Distrito Federal
Estados e Territórios → As respectivas capitais
Município → O lugar onde funcione a administração municipal
O lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações,
Demais pessoas jurídicas → ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos
constitutivos

Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes (ex.: filiais), cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da
pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, situado no Brasil, a que ela corresponder.

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Por fim, nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. É o chamado domicílio de
eleição, decorrente do exercício da autonomia da vontade das partes.

3 – FATOS JURÍDICOS

Os fatos que interessam ao direito são aqueles que apresentam uma repercussão jurídica, que
sejam capazes de criar, modificar, conservar ou extinguir a relação jurídica.
Como o edital traz essa matéria de direto “aplicada às operações de crédito”, dentro dos Fatos
Jurídicos, o que mais interessa ao estudo desse concurso são os Negócios Jurídicos, onde se
inserem os contratos, oriundos de acordo de vontades entre as partes.

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3.1. Validade do negócio jurídico – REQUISITOS:


Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I – agente capaz;
II – objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III – forma prescrita ou não defesa em lei.

AGENTE capaz – conforme já estudado, para que um negócio


jurídico seja válido, os agentes precisam ter capacidade plena
(capacidade de direito + capacidade de fato). Se o agente for
incapaz, também poderá praticar o negócio jurídico, desde
que suprida a incapacidade, através da representação (para
os absolutamente incapazes) ou da assistência (para os
relativamente incapazes).
•• Se o agente for absolutamente incapaz: o negócio será
NULO.
•• Se o agente for relativamente incapaz: o negócio é
ANULÁVEL.
OBJETO lícito, possível, determinado ou determinável –
Todo negócio jurídico tem um objeto. Para a validade do
negócio, esse objeto precisa ser lícito (aquele que está de
acordo com o ordenamento jurídico, que não ofende a lei),
possível (aquele que pode ser realizado do ponto de vista
físico e jurídico), determinado ou determinável (aquele que
está individualizado, ou que contenha elementos para sua
individualização).
•• Se o objeto não for lícito, possível, determinado ou
determinável: o negócio é NULO.
FORMA prescrita ou não defesa em lei – Em regra, no direito
civil, a for é livre; exceto nos casos em que a lei exige forma
ou solenidade específica, como, por exemplo, forma escrita
e mediante instrumento público. Portanto, em regra, a forma
é livre, mas quando a lei estabelecer que determinado
negócio jurídico deve ser realizado obedecendo determinada
formalidade ou solenidade, isso deve ser obedecido (ex.:
Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública
é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à
constituição, transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o
maior salário mínimo vigente no País).
•• Se não observadas as formas ou solenidades quando
previstas: o negócio é NULO.

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Quadro com artigos importantes:

Art. 109. No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é
da substância do ato.
Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for
necessária a declaração de vontade expressa.
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao
sentido literal da linguagem.
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua
celebração.

3.2. Eficácia do negócio jurídico:


Havendo os requisitos acima, o negócio jurídico é válido. Entretanto, o lei trata de alguns
elementos que podem alterar o momento em que esse negócio jurídico terá eficácia. São eles:
Condição, Termo e o Modo ou Encargo.
Condição (art. 121, CC): Cláusula que subordina a eficácia do negócio a um evento futuro e
incerto. A Condição pode ser Suspensiva, que suspende os efeitos do negócio até o momento
que ocorrer o evento (ex.: se passar no concurso BNB, te dou um carro), ou pode ser Resolutiva,
que põe fim aos efeitos do negócio no momento em que ocorrer o evento (ex.: lhe pagarei uma
mesada até passar no concurso do BNB).
Termo (art. 131, CC): Cláusula que subordina a eficácia do negócio a um evento futuro e certo.
Ou seja, o negócio possui um momento exato (termo) para iniciar e/ou finalizar sua eficácia
(ex.: no dia 11.05.2014 lhe darei um carro).
Modo ou Encargo (art. 136, CC): Cláusula que impõe uma obrigação ao beneficiário, oriunda
de uma liberalidade do agente (ex.: pai doa um terreno ao filho, com o encargo de nele ser
construída uma escola; ou a nomeação de uma pessoa como herdeira em um testamento, com
a obrigação de ela cuidar de um ente da família).

3.3. Defeitos do negócio jurídico:

DEFLECS
Dolo
Erro ou Ignorância
Fraude contra Credores
Lesão
Estado de Perigo
Coação
Simulação

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Erro ou Ignorância: Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de
vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência
normal, em face das circunstâncias do negócio.
•• O erro consiste na falta de concordância entre a vontade real e a vontade declarada, ou
seja, o celebrante tem uma falsa percepção de um elemento essencial do negócio.
•• O erro pode ser: a) substancial – quando a falta de realidade ocorre sobre questão
relevante do negócio jurídico, de modo que se a pessoa tivesse conhecimento da realidade,
não realizaria o negócio (ex.: a pessoa compra um relógio pensando que é de ouro e é de
latão; ou o colecionador que compra um veículo pensando que é ano 1987, e na verdade
é ano 1990); nesse caso, o negócio é anulável; b) acidental – aquele que recai sobre
algo secundário do negócio, que não é determinante para a sua realização; nesse caso o
negócio não será anulável; será válido; c) erro de cálculo – mero erro aritmético, que não
anula o negócio, apenas autoriza o recálculo, retificando-se a declaração de vontade e
conservando-se o contrato.
Dolo: Art. 145. São os negócios jurídicos anuláveis por dolo, quando este for a sua causa.
•• O dolo consiste em um erro induzido por uma das partes; ou seja, um artifício intencional
de uma das partes, com o fim de enganar a outra, para que celebre o negócio.
•• O dolo pode ser: a) essencial – quando o negócio foi realizado justamente porque a pessoa
foi enganada (ex.: o vendedor sabe que o relógio é de latão, mas afirma que é de ouro, e
por isso o comprador o adquire), nesse caso, o negócio é anulável; b) acidental – quando
a parte realizaria o negócio mesmo sem a informação enganosa, embora de outro modo
(ex.: mesmo que o relógio não fosse de ouro, o comprador o adquiriria, mas por um preço
mais barato); esse dolo não enseja a anulação do negócio, gerando apenas a obrigação de
satisfazer as perdas e danos ou de redução proporcional do preço.
•• O dolo pode ser positivo (quando o agente dolosamente afirma ou age de forma a enganar
– ex.: afirma que o relógio é de ouro) ou negativo (quando o agente dolosamente omite
informação de que tinha conhecimento – sabia que o relógio era de latão, mas disse que
não sabia qual o material a fim de que o comprador acreditasse ser de ouro).
•• Por fim, (art. 150, CC) Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo
para anular o negócio, ou reclamar indenização.
Coação: Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao
paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos
seus bens.
•• Coação é a ameaça injusta (física ou moral) com o intuito de obrigar o coagido a realizar o
negócio jurídico (ex.: alguém aponta uma arma ao agente obrigando-o a assinar o contrato).
Para tanto, a coação há de ser tal que incuta ao coagido fundado temor de dano iminente
e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens; se o temor disser respeito a
pessoa que não seja a família, o juiz analisará as circunstâncias para decidir se houve u não
coação.
•• Ao apreciar a coação, o juiz considerará o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento
do coagido e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela; já que,
por exemplo, uma conduta praticada contra uma idosa pode caracterizar coação, enquanto
para um homem adulto, não.

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•• Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito (ex.: credor mandar
o devedor assinar uma confissão de dívida, senão entrará com ação cobrando), nem o
simples temor reverencial (ex.: o pai manda o filho realizar tal negócio, e este obedece para
não desapontar seu pai).
Estado de Perigo: Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da
necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte,
assume obrigação excessivamente onerosa.
•• Importante não confundir Estado de Perigo com Coação: na “coação”, o agente obriga
o coagido a celebrar o contrato através de ameaça; já no ‘estado de perigo”, o próprio
contratante se vê obrigado a realizar o negócio jurídico em razão das circunstâncias que
ele ou alguém de sua família se encontra, e a outra parte se aproveita dessa situação para
auferir vantagem (ex.: a pessoa vende sua casa por um décimo do valor, para pagar o
resgate do filho sequestrado; ex.: a pessoa da um cheque caução em valores absurdos a um
hospital para poderem internar sua esposa doente)
•• E se tratando de pessoa não pertencente à família, o juiz analisará as circunstâncias para
decidir se houve ou não caracterização de estado de perigo.
Lesão: Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por
inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação
oposta.
•• É a celebração de um negócio com onerosidade excessiva, seja por premente necessidade
(ex.: pega empréstimo com juros abusivos para salvar sua empresa da falência) ou por
inexperiência de quem o celebra (ex.: a pessoa contrata um empréstimo com juros abusivos
por desconhecer as taxas de mercado). É uma desproporção entre as prestações assumidas
no contrato, trazendo um desequilíbrio contratual a ponto de uma das partes sair lesada
•• Para a configuração da lesão, necessário a presença de dois requisitos: onerosidade
excessiva + premente necessidade ou inexperiência.
•• Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a
parte favorecida concordar com a redução do proveito.
•• Não confundir “lesão” com “estado de perigo”: na lesão, o dano é patrimonial ($$$),
enquanto no estado de perigo o dano é pessoal (salvar a si ou pessoa da família).
Fraude contra Credores: Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de
dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando
o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
•• Trata-se de alienação ou oneração de bens, ou remissão de dívida feita por quem está
insolvente ou próximo da insolvência, a fim de prejudicar credores que não possuem
garantia certa (quirografários). (ex.: a pessoa tem uma dívida de R$ 200 mil com o banco e
aliena o único bem que dispunha para o cumprimento da obrigação).
•• Para a caracterização da fraude, necessários dois elementos: insolvência do devedor + má-
fé dos contratantes, intenção de prejudicar.
•• O negócio será anulável. Para anular o negócio, o credor prejudicado deverá provar que já
era credor na época da alienação.

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•• Para a caracterização da fraude contra credores não é preciso que haja ação cobrando a
dívida; basta que haja uma dívida, nem precisando estar vencida.
Simulação: Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou,
se válido for na substância e na forma. § 1º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente
se conferem, ou transmitem; II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não
verdadeira; III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
•• Simular é fingir. Ocorre a simulação quando há uma declaração inexata da vontade, por
conluio das partes, com o objetivo de aparentar perante a coletividade um negócio jurídico
diferente do que era a intenção, ou até mesmo aparentar um negócio que não existe de fato
(ex.: compra e venda feita para a amante, sem o pagamento do valor descrito no contrato,
para encobrir uma doação; ex.: compra e venda de um imóvel com previsão de um valor
menor, a fim de incidirem menos impostos).
•• A intenção da simulação é iludir terceiros ou violar a lei.
•• Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico
simulado.
•• Diversamente de todos os demais defeitos do negócio jurídicos, que são ANULÁVEIS, a
simulação torna o negócio NULO.

3.4. Invalidade do negócio jurídico:


Após estudar o negócio jurídico e seus vícios/defeitos, trataremos da invalidade do negócio.
Invalidade, em sentido amplo, significa que o negócio não surtirá as consequencias desejada
pelas partes; será invalidado.
Há dois tipos de invalidade:

→ NULIDADE (negócio NULO)


Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I – celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
II – for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
III – o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;
IV – não revestir a forma prescrita em lei;
V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua
validade;
VI – tiver por objetivo fraudar lei imperativa;
VII – a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção.
Também será nulo quando houver simulação.

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•• O negócio é NULO quando há ofensa a princípios básicos do direito, que acaba lesando a
coletividade.
•• O negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do
tempo.
•• A nulidade pode ser alegada por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, ou pode
ser declarada pelo próprio juiz, mesmo sem pedido das partes (de ofício).
•• Não há prazo prescricional ou decadencial para reclamar; podendo ser alegada a qualquer
tempo.

→ ANULABILIDADE (negócio ANULÁVEL)


Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o
negócio jurídico:
I – por incapacidade relativa do agente;
II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou
fraude contra credores.

•• O negócio é ANULÁVEL quando os interesses são particulares, envolvendo apenas as partes


interessadas.
•• O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direito de terceiro.
•• A anulabilidade pode ser alegada apenas pelo interessados (não pode ser pronunciada de
ofício pelo juiz nem pelo MP).
•• Se não alegada dentro dos prazos legais, o negócio torna-se válido.
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação
do negócio jurídico, contado:
I – no caso de coação, do dia em que ela cessar;
II – no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia
em que se realizou o negócio jurídico;
III – no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a
contar da data da conclusão do ato.

•• O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para eximir-se de uma obrigação, invocar a sua
idade se dolosamente a ocultou quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de
obrigar-se, declarou-se maior.
•• Anulado o negócio jurídico, as partes serão restituídas ao estado em que antes dele se
achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.

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Quadro comparativo:

NULO ANULÁVEL
Atinge interesse público Atinge interesse particular
Legitimados: qualquer interessado, MP, ou de
Legitimados: somente os interessados (lesados)
ofício pelo juiz
Não admite cofirmação pelas partes, nem pode Admite confirmação expressa ou tácita pelas
ser sanada pelo juiz. partes.
Regra:
Não se sujeita aos prazos prescricionais e Prazo decadencial de 4 anos nos casos do art. 178
decadenciais, pois a nulidade absoluta é do CC/02.
imprescritível. Prazo decadencial de 2 anos nos casos do art. 179
do CC,02.

3.5. Atos Ilícitos:


Comete ato ilícito “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral” (art. 186, CC), bem
como aquele que pratica o chamado abuso de direito, ou seja, “o titular de um direito que, ao
exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela
boa-fé ou pelos bons costumes” ( art. 187, CC).
Art. 188. Não constituem atos ilícitos:
I – os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito
reconhecido;
II – a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de
remover perigo iminente.

No caso do inciso II, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem
absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do
perigo.

3.6. Representação:
As pessoas nem sempre estarão aptas a realizar os negócios jurídicos pessoalmente, seja por
impedimento legal (incapazes) ou pessoal (está viajando, está com alguma doença, está sem
disponibilidade de tempo...), sendo que a lei permite que um representante o faça em seu
nome.
Art. 115. Os poderes de representação conferem-se por lei ou pelo
interessado.

A representação pode ser legal (como é o caso do poder familiar, da tutela, da curatela,
do inventariante) ou voluntária (é o chamado mandato conferido pelo representado ao
representante, através de procuração).

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Art. 116. A manifestação de vontade pelo representante, nos limites de seus
poderes, produz efeitos em relação ao representado.

Os atos praticados pelo representante, nos limites dos poderes, surtem efeitos para o
representado; ou seja, se o representante realiza um negócio em nome do representado,
este terá o dever de cumprir com as obrigações assumidas, bem como gozar dos direitos
decorrentes.
Art. 118. O representante é obrigado a provar às pessoas, com quem tratar
em nome do representado, a sua qualidade e a extensão de seus poderes,
sob pena de, não o fazendo, responder pelos atos que a estes excederem.

É dever do representante provar sua condição ou habilitação para a representação, sob pena
de responder civilmente ou penalmente pelos atos que excederem os poderes que lhe foram
conferidos.

3.7. Prescrição e Decadência:


Quadro com artigos importantes:

Prescrição Decadência
Art. 189. Violado o direito, nasce para o titular Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não
a pretensão, a qual se extingue, pela prescrição, se aplicam à decadência as normas que impedem,
nos prazos a que aludem os arts. 205 e 206. suspendem ou interrompem a prescrição.
Art. 192. Os prazos de prescrição não podem ser Art. 209. É nula a renúncia à decadência fixada
alterados por acordo das partes. em lei.
Art. 193. A prescrição pode ser alegada em
Art. 210. Deve o juiz, de ofício, conhecer da
qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem
decadência, quando estabelecida por lei.
aproveita.
Art. 211. Se a decadência for convencional,
Art. 196. A prescrição iniciada contra uma pessoa a parte a quem aproveita pode alegá-la em
continua a correr contra o seu sucessor. qualquer grau de jurisdição, mas o juiz não pode
suprir a alegação.
Há causas que impedem, suspendem (art. 197 a Art. 207. Salvo disposição legal em contrário, não
201, CC) e que interrompem (art. 202 a 204, CC) se aplicam à decadência as normas que impedem,
a prescrição. suspendem ou interrompem a prescrição.
Aplica-se à decadência os seguintes artigos:
Art. 195. Os relativamente incapazes e as pessoas
jurídicas têm ação contra os seus assistentes
ou representantes legais, que derem causa à
Art. 205. A prescrição ocorre em dez anos, prescrição, ou não a alegarem oportunamente
quando a lei não lhe haja fixado prazo menor. (causa que impede ou suspende a prescrição)
Art. 198. Também não corre a prescrição:
I – contra os incapazes de que trata o art. 3º
(absolutamente incapazes).

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3.8. Prova:
Art. 212. Salvo o negócio a que se impõe forma especial, o fato jurídico pode
ser provado mediante:
I – confissão;
II – documento;
III – testemunha;
IV – presunção;
V – perícia.

Há contratos que devem obedecer à forma especial prevista em lei para que o negócio jurídico
seja válido (ex.: Art. 108. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou
renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta vezes o maior salário mínimo
vigente no País); nesse caso, a prova do negócio se faz através da respectiva escritura pública.
Entretanto, nos negócio cuja fora é livre, a prova do negócio se faz através dos meios trazidos
pelo art. 212 do CC.

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Questões

1. (BNB – FGV – 2014) c) É anulável o negócio jurídico que tiver


por objetivo fraudar lei imperativa.
Zabelê tem 17 (dezessete) anos de idade d) O negócio jurídico anulável pode ser
e pediu a seu pai a abertura de uma conta confirmado pelas partes, sem ressalva
corrente bancária para depositar recursos. de direitos de terceiros.
O pai concordou com o pedido do filho e e) É anulável o negócio jurídico por vício
procurou a instituição financeira. Na aber- resultante de erro, dolo, coação, estado
tura de conta, o empregado responsável irá de perigo, lesão ou fraude contra credo-
orientar o futuro correntista que: res.
a) o pai de Zabelê é considerado represen-
tante legal do absolutamente incapaz e 3. (BNB – 2010)
deverá movimentar a conta corrente si- Sobre vícios que anulam o negócio jurídico,
multaneamente com ele; relacione as colunas a seguir.
b) o pai de Zabelê deverá obter autoriza-
ção judicial prévia à abertura de conta
corrente em favor do relativamente in- ( ) Pressão física ou mo-
capaz e deverá movimentá-la com ele; ral exercida sobre a pessoa
c) Zabelê poderá abrir a conta corrente e 1. Erro para obrigá-la a praticar
movimentá-la independentemente de ato jurídico que não quei-
autorização de seu pai porque é plena- ra.
mente capaz para os atos civis; ( ) Noção inexata sobre
d) o pai de Zabelê deverá ser identificado um objeto, que leva a uma
2. Dolo
na abertura da conta corrente como distorção da formação da
responsável assistente do relativamen- vontade do declarante.
te incapaz, que poderá movimentá-la; ( ) Expediente astucioso
e) por ser relativamente incapaz, Zabelê para induzir alguém a pra-
3. Coação
deverá estar autorizado pelos seus pais ticar ato danoso a si pró-
e tutor, que os assistirão na abertura prio.
da conta e responderão solidariamente ( ) Declaração enganosa
com ele. da vontade, visando pro-
4 Simulação
duzir efeito diverso do os-
2. (BNB – 2010) tensivamente indicado.
Quanto à nulidade dos negócios jurídicos,
assinale a alternativa CORRETA. Assinale a alternativa com a sequencia COR-
RETA.
a) É nulo o negócio jurídico, quando cele-
brado por pessoa relativamente inca- a) 1-2-3-4
paz. b) 2-1-3-4
b) É anulável o negócio jurídico, quando c) 3-1-2-4
houver ilicitude, impossibilidade ou in- d) 3-4-2-1
determinação do objeto. e) 2-1-4-3

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4. (BNB – 2007) e) apenas a maioridade faz cessar a in-
capacidade e habilita o agente para os
Julgue corretamente as afirmativas abaixo atos da vida civil.
em V (verdadeira) ou F (falsa) e assinale a
opção correspondente. 7. (2018)
( ) A validade do negócio jurídico requer a [...] a capacidade de fato é a aptidão da pes-
existência de três requisitos: agente capaz, soa para exercer por si mesma os atos da
objeto prescrito em lei e testemunha. vida civil. Essa aptidão requer certas quali-
( ) É válido o negócio jurídico quando seu dades, sem as quais a pessoa não terá plena
objeto é lícito e os agentes capazes, ainda capacidade de fato. Essa incapacidade po-
que, por erro, não se revista de forma obri- derá ser absoluta ou relativa. A incapacida-
gada em lei. de absoluta tolhe completamente a pessoa
que exerce por si os atos da vida civil [...].
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral.
5. (BNB – 2003)
13. ed. v. 1. São Paulo: Atlas, 2013.
Um gerente de Banco, em 04 de janeiro de
Com base no exposto, é correto afirmar
2003, firmou contrato de empréstimo fi-
que, nos atuais termos do Código Civil, são
nanceiro com um jovem, que possuía à épo-
absolutamente incapazes de exercer pesso-
ca dezessete anos, tendo este dolosamente
almente os atos da vida civil
ocultado a idade, declarando-se expressa-
mente de maior. O que ocorre com o pre- a) os menores de 16 anos de idade; os
sente negócio jurídico? Marque a alternati- que, por enfermidade ou deficiência
va CORRETA: mental, não tiverem o necessário dis-
cernimento para a prática desses atos;
a) o contrato é nulo;
e os que, mesmo por causa transitória,
b) o contrato é anulável;
não puderem exprimir a própria vonta-
c) o contrato é inexistente;
de.
d) o negócio jurídico é inválido;
b) os menores de 16 anos de idade.
e) o negócio jurídico é valido.
c) aqueles que, por enfermidade ou defi-
ciência mental, não tiverem o necessá-
6. (FGV – 2015)
rio discernimento para a prática desses
Carla, de quatorze anos, acaba de colar grau atos; e os que, mesmo por causa tran-
no curso de ensino superior em Ciência da sitória, não puderem exprimir a própria
Computação. Sobre a situação narrada, é vontade.
correto afirmar que: d) os menores de 16 anos de idade; e os
que, por enfermidade ou deficiência
a) embora não se tenha extinguido a me- mental, não tiverem o necessário dis-
noridade, Carla é considerada capaz ci- cernimento para a prática desses atos.
vilmente; e) os ébrios habituais e os viciados em tó-
b) embora absolutamente incapaz, Carla é xico.
considerada maior;
c) embora relativamente incapaz, Carla é
considerada maior;
d) a colação de grau em curso de nível su-
perior não altera a situação de incapaci-
dade civil do menor;

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8. (FGV) 10. (FGV)


Com relação à validade dos negócios jurídi- Em relação a negócios jurídicos realizados
cos, analise as afirmativas a seguir. na vigência do Código Civil de 2002, assinale
a afirmativa correta.
I. Quando a lei dispõe que determinado ne-
gócio jurídico é anulável,sem estabelecer a) É anulável o negócio jurídico simulado.
prazo para pleitear-se a anulação, este prazo b) É nulo o negócio jurídico realizado por
será de 2 anos, a contar da data da conclu- menor relativamente incapaz.
são do ato. c) É anulável a venda de ascendente a des-
cendente, salvo se os outros descen-
II. Quando a lei proíbe a prática de um ne- dente e o cônjuge do alienante expres-
gócio jurídico sem, no entanto, cominar san- samente houverem consentido. (art.
ção, o negócio jurídico será nulo. 496, CC)
III. O prazo para pleitear-se a anulação de d) É nulo o negócio jurídico realizado em
negócio jurídico no caso de erro, dolo, coa- estado de perigo.
ção, fraude contra credores, estado de peri- e) É inadmissível, no direito brasileiro, a
go ou lesão é contado do dia em que se rea- conversão de negócios jurídicos nulos.
lizou o negócio jurídico.
11. (FGV)
Assinale:
João, premido pela necessidade de conse-
a) se todas as afirmativas estiverem corre- guir dinheiro para purgar a mora referente
tas. a alugueis e encargos da casa em que reside
b) se somente as afirmativas I e II estive- e evitar o despejo, vendeu uma joia de famí-
rem corretas. lia a Ricardo, por R$5.000,00, embora o seu
c) se somente as afirmativas I e III estive- preço de mercado seja de aproximadamen-
rem corretas. te R$50.000,00. Posteriormente, não conse-
d) se somente as afirmativas II e III estive- guindo desfazer amigavelmente o negócio
rem corretas. realizado, propõe ação para anular a venda
e) se somente a afirmativa III estiver corre- da joia. De acordo com as informações apre-
ta. sentadas, assinale a alternativa que indica,
em tese, o defeito do negócio jurídico.
9. (FGV)
a) Lesão.
Pedro, insolvente notório, sabendo que não b) Dolo.
terá condições de arcar com o pagamento c) Coação.
de todas as suas dívidas, resolve vender to- d) Estado de perigo.
dos os seus bens com o objetivo de causar e) Erro.
prejuízos aos seus credores, impossibilitan-
do-os de receber os respectivos créditos. 12. (FGV)
Considerando o contexto fático apresenta-
do, assinale o instituto jurídico que se amol- A respeito do plano de validade dos negó-
da à hipótese. cios jurídicos, assinale a afirmativa correta.

a) Lesão. a) A nulidade de um negócio jurídico de-


b) Dolo. corrente de fraude de lei imperativa
c) Estado de perigo. pode ser alegada pelo Ministério Públi-
d) Fraude contra credores. co quando lhe couber intervir.
e) Simulação. b) As hipóteses de anulabilidade devem
ser pronunciadas pelo juiz, quando co-

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nhecer do negócio jurídico ou dos seus b) Nulo.
efeitos e as encontrar provadas, sendo- c) Válido, porém ineficaz.
-lhe permitido supri-las. d) Perfeitamente válido e eficaz.
c) O negócio jurídico nulo convalesce pelo e) Nulo, mas passível de convalidação,
decurso do tempo por razões de segu- desde que a nulidade seja suprida por
rança jurídica. decisão judicial.
d) O erro, o dolo e a coação são as únicas
hipóteses de anulabilidade do negócio 15. (FGV)
jurídico previstas pelo Código Civil.
e) É anulável um negócio jurídico que não Quando a lei dispuser que determinado ato
revestir a forma prescrita em lei. é anulável, sem estabelecer prazo para plei-
tear-se a anulação, será este de:
13. (FGV) a) 1 ano.
Solange de Paula move ação anulatória em b) 5 anos.
face do Hospital das Clínicas. Ocorre que, c) 3 anos.
necessitando internar seu marido, não en- d) 2 anos.
controu vaga no SUS, logrando êxito em e) 4 anos.
conseguir a internação em hospital da rede
privada, não integrante da rede SUS. O hos- 16. (CESPE – 2018 – JUIZ DE DIREITO)
pital exigiu o depósito de R$ 3,5 mil para a Maria decidiu alugar um imóvel de sua pro-
internação e mais R$ 360,00 para exames. priedade para Ana, que, no momento da as-
Entregues os cheques, após o atendimento, sinatura do contrato, tinha dezessete anos
Carmem ingressou em juízo para anular o de idade. Nessa situação hipotética, o con-
negócio jurídico. Assinale o melhor funda- trato celebrado pelas partes é
mento para sua pretensão.
a) nulo, uma vez que foi firmado por pes-
a) onerosidade excessiva soa absolutamente incapaz, condição
b) lesão que pode servir de argumento para Ana
c) estado de perigo extinguir o contrato.
d) enriquecimento sem causa b) anulável, portanto passível de convali-
e) venire contra factum proprium dação, ressalvado direito de terceiros.
c) válido, desde que tenha sido formaliza-
14. (FGV) do por escritura pública, visto que tem
O art. 9º, § 7º, da Lei 9.434/1997 determi- por objeto um imóvel.
na: É vedado à gestante dispor de tecidos, d) nulo, porque Ana deveria ter sido repre-
órgãos ou partes de seu corpo vivo, exceto sentada por um de seus genitores.
quando se tratar de doação de tecido para e) válido, ainda que Ana não possua capa-
ser utilizado em transplante de medula ós- cidade de direito para celebrar o contra-
sea e o ato não oferecer risco à sua saúde to de aluguel.
ou ao feto. A norma em questão não prevê
nenhuma sanção para o caso de seu des- 17. (CESPE – 2018 – DELEGADO)
cumprimento. Diante disso, é correto afir- O início da personalidade civil das pessoas
mar que o negócio jurídico para doação físicas e das pessoas jurídicas de direito pri-
de órgãos celebrado por gestante em des- vado ocorre, respectivamente, com
conformidade com o art. 9º, § 7º, da Lei
9.434/1997 será: a) o nascimento com vida e com a inscri-
ção do ato constitutivo no respectivo
a) Anulável. registro, precedida de autorização ou

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aprovação do Poder Executivo, quando Nos atos da vida civil, as pessoas absoluta-
necessária. mente incapazes serão representadas.
b) o registro civil do nascido com vida e
com a inscrição do ato constitutivo no ( ) Certo ( ) Errado
respectivo registro, precedida de autori-
zação ou aprovação do Poder Executivo, 21. (CESPE)
quando necessária.
c) a concepção do nascituro e com a auto- São incapazes, relativamente a certos atos,
rização ou aprovação do Poder Executi- ou à maneira de os exercer:
vo, quando necessária.
a) os menores de dezesseis anos.
d) o registro civil do nascido com vida e
b) os pródigos, ainda que casados.
com a autorização ou aprovação do Po-
c) os maiores de dezesseis anos e menores
der Executivo.
de dezoito anos, ainda que casados.
e) a concepção do nascituro e com a ins-
d) os maiores de dezesseis e menores de
crição do ato constitutivo no respectivo
vinte e um anos.
registro, precedida de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, quando
22. (CESPE)
necessária.
Maria, com 15 (quinze) anos de idade, pro-
cura a Defensoria Pública e ajuíza ação de
18. (CESPE – 2017 – DELEGADO)
revisão de alimentos, a fim de majorar o
No que concerne à pessoa natural, à pessoa valor da pensão que recebe de seu pai, ale-
jurídica e ao domicílio, assinale a opção cor- gando que iniciou a fase de preparação para
reta. o vestibular e, por isso, suas despesas au-
mentaram. Submetido o seu pedido ao juiz,
De acordo com o Código Civil, deve ser con- foi determinado que providenciasse a regu-
siderado absolutamente incapaz aquele larização de sua representação processual,
que, por enfermidade ou deficiência men- porque era necessária a presença de seu
tal, não possuir discernimento para a prática responsável legal. O motivo da ordem judi-
de seus atos. cial é:
( ) Certo ( ) Errado a) Maria, menor púbere, deve ser assistida
por seu representante legal na prática
19. (Cespe) dos atos da vida civil;
b) a personalidade civil começa aos 18 (de-
De acordo com o Código Civil, julgue os pró- zoito) anos e, por isso,os menores preci-
ximos itens, relativos à personalidade e à ca- sam da assistência de seus representan-
pacidade jurídica. tes legais para praticar atos da vida civil;
c) os direitos da personalidade só contem-
Os ébrios habituais e os viciados em tóxicos plam os absolutamente capazes;
são absolutamente incapazes de exercer d) os menores impúberes só podem exer-
pessoalmente os atos da vida civil. cer os atos da vida civil representados
( ) Certo ( ) Errado por seus representantes legais;
e) os menores impúberes só podem exer-
cer pessoalmente os atos da vida civil
20. (Cespe) quando comprovarem possuir o neces-
sário discernimento para a prática des-
A respeito da pessoa natural, julgue os itens
ses atos.
a seguir.

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23. (CESPE) 24. (CESPE)
Maria está grávida de João, que sofreu um Acerca da capacidade da pessoa natural,
acidente de moto e encontra-se internado pode-se afirmar que todas as pessoas pos-
no hospital X em estado grave. Sem saber suem capacidade de direito, mas nem todas
sobre os direitos do filho que está no seu possuem capacidade de fato.
ventre, Maria procura sua vizinha Sueli que
é advogada. Sueli expõe a Maria que a per- ( ) Certo ( ) Errado
sonalidade civil da pessoa começa.
a) da décima segunda semana após a con- 25. (CESPE)
cepção, que comprovada cientificamen- De acordo com o Código Civil, julgue os pró-
te, resguarda o direito do nascituro. ximos itens, relativos à personalidade e à ca-
b) da concepção, que comprovada cienti- pacidade jurídica.
ficamente, resguarda o direito do nasci-
turo. São absolutamente incapazes os excepcio-
c) do nascimento com vida, sendo que a lei nais, sem desenvolvimento mental comple-
resguarda os direitos do recém-nascido to e os que, por enfermidade ou deficiência
somente após a constatação de vida fei- mental, não tiverem o necessário discerni-
ta pelo obstetra, momento em que este mento para a prática desses atos.
passa a existir no mundo jurídico.
( ) Certo ( ) Errado
d) do nascimento com vida, mas que a lei
põe a salvo, desde a concepção, os di-
reitos do nascituro. 26. (FGV)
e) do nascimento com vida, sendo que a lei
resguarda os direitos do recém-nascido As pessoas jurídicas podem ser classificadas
somente após o registro civil de nasci- como pessoas jurídicas de direito público e
mento deste no cartório competente. pessoas jurídicas de direito privado. A esse
respeito, assinale a opção que o Código Civil
indica como pessoa jurídica de direito públi-
co.
a) Autarquia
b) Partido político
c) Sociedade
d) Associação
e) Entidade religiosa

Gabarito: 1. D 2. E 3. C 4. F, F 5. E 6. A 7. B 8. B 9. D 10. C 11. A 12. A 13. C 14. B 15. D 16. B 17. A


18. E 19. E 20. C 21. B 22. D 23. D 24. C 25. E 26. A

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Conhecimentos Bancários – Aspectos Jurídicos

Professor Giuliano Tamagno

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Edital

CONHECIMENTOS BANCÁRIOS – ASPECTOS JURÍDICOS: 4. ASPECTOS JURÍDICOS:c) Contratos:


conceito de contrato, requisitos dos contratos, classificação dos contratos; contratos nomina-
dos, contratos de compra e venda, empréstimo, sociedade, fiança, contratos formais e infor-
mais. Instrumentos de formalização das operações de crédito: a) contratos por instrumento
público e particular; b) cédulas e notas de crédito. Garantias: a) Fidejussórias: fiança e aval;
b) Reais: hipoteca e penhor; c) Alienação fiduciária de bens móveis. Títulos de Crédito – nota
promissória, duplicata. 2. OPERAÇÕES DE CRÉDITO BANCÁRIO: cadastro de pessoas físicas. Ca-
dastro de pessoas jurídicas: a) tipos e constituição das pessoas; b) composição societária/acio-
nária; c) forma de tributação; d) mandatos e procurações.

BANCA: FGV
CARGO: Analista Bancário 1

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Aspectos Jurídicos

INTRODUÇÃO

Queridos alunos, sejam muito bem vindos a matéria de conhecimentos bancários – aspectos
jurídicos.
Trabalharemos conforme previsão do último edital, com os seguintes tópicos:

Operações de Crédito Bancário:

Cadastro de pessoas físicas.


Cadastro de pessoas jurídicas:
a) tipos e constituição das pessoas;
b) composição societária/acionária;
c) forma de tributação;
d) mandatos e procurações.

Contratos:

Conceito de contrato, requisitos dos contratos, classificação dos contratos; contratos nomina-
dos, contratos de compra e venda, empréstimo, sociedade, fiança, contratos formais e infor-
mais.
Instrumentos de formalização das operações de crédito:
a) contratos por instrumento público e particular;
b) cédulas e notas de crédito.
Garantias:
a) Fidejussórias: fiança e aval;
b) Reais: hipoteca e penhor;
c) Alienação fiduciária de bens móveis.

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Títulos de Crédito – nota promissória, duplicata, cheque
O objetivo da nossa apostila é trazer de forma simples, mas detalhada, cada um dos tópicos
acima mencionados, relacionando os assuntos com possíveis questões da prova.
Por falar em questão de prova, esse pequeno trecho do edital que trabalharemos em 3 aulas,
foi responsável por 6 questões da parte de conhecimentos bancários da prova de 2014, que
representa 20% da dessa prova, é muita coisa!
Vamos entender isso juntos?

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários - Aspectos Jurídicos – Prof. Giuliano Tamagno

COMPOSIÇÃO SOCIETÁRIA/ACIONÁRIA

O nosso objetivo nesse ponto da matéria é compreender quais as principais diferenças dos ti-
pos societários. Você já ouviu falar em ME, MEI, EPP, S.A, Ltda? Pois bem, vamos entender um
pouco desses institutos.
Desde a publicação do Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte,
que criou o Simples Nacional(forma de tributação, que veremos no próximo capítulo), tem-se
os Enquadramentos de Porte, ou seja, eles classificam as micros e pequenas empresas para que
haja beneficiamento dos empreendedores.
Os Tipos Societários ou Natureza Jurídica determinam como será organizada a Empresa em
relação aos seus sócios, bem como a responsabilidades deles perante o negócio. Neste ponto
tem-se o EI, EIRELI, LTDA e S.A.
As empresas podem ser classificadas quanto ao seu porte:

Microempreendedor Individual (MEI)

Trata-se de uma empresa individual, voltada para a formalização das pessoas que trabalham
por conta própria. O tipo foi criado pela Lei Complementar nº 123/2006, devendo ter fatura-
mento anual de até R$ 81 mil (esse limite foi aumentado agora, em 2018).
O empresário que adotar o MEI não pode ter participação em outra empresa como sócio ou
titular. Em contrapartida, pode ter um empregado que receba salário-mínimo ou o piso da ca-
tegoria.
Tributação do MEI:
Como medida de redução da burocracia, o MEI paga uma Guia de Valor Fixo Mensal, sendo:
•• MEI de Comércio: R$ 48,70
•• MEI de Serviço: R$ 52,70
•• MEI de Comércio e Serviço na mesma empresa paga o valor de: R$ 53,70.

É importante mencionar que o MEI é um Empresário Individual (EI), portanto, quando ele de-
senquadra desta classificação e passa a ser um ME ele continua com o Tipo Jurídico EI.

ME – Microempresa
ME é a sigla para Microempresa, ou seja, empreendimentos que visam ao lucro e que apresen-
tam um faturamento anual de até R$ 360 mil. Desta forma, sua formalização deve ser realizada
junto à Junta Comercial.
A legislação brasileira assinala como requisito ao enquadramento como ME (e também como
EPP) simplesmente o faturamento da empresa.

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Nesse sentido, apesar de em geral, ter menos funcionários do que uma corporação de grande
porte, não é a quantidade de empregados ou o capital social, por exemplo, que vai ditar se o
tipo empresarial será ME ou EPP.
Além disso, os únicos tipos de empresas que podem se enquadrar no Simples Nacional (forma
de tributação) são as MEs e EPPs.

EPP – Empresa de Pequeno Porte


As empresas que possuam faturamento anual no limite de R$ 4,8 milhões podem ser registradas
como Empresas de Pequeno Porte, cuja sigla comum é EPP.
Assim, a formalização e o enquadramento tributário seguem as mesmas indicações da
Microempresa, ou seja, sua legislação é a Lei Complementar nº 139/2011, a mesma do ME.
Desta forma, cada uma destas siglas confere a sua empresa um tratamento perante o fisco e a
legislação. Para se ter um exemplo as empresas ME e EPP são dispensadas da contratação de
Jovem Aprendiz e podem ser beneficiadas em licitações públicas.

Tipos Societários

EI – Empresário Individual
O Empresário Individual, se diferencia pelo fato de não existir sócios. Assim, antes de surgir o
EIRELI era a única forma de empreender sem estar em uma sociedade empresarial.
Esse é um Tipo Societário em que a pessoa física se coloca como titular da empresa e responde
de forma ilimitada pelos débitos do negócio, de maneira que os patrimônios de empresa e em-
presário se misturam.
Se a empresa contrai dívidas impagáveis, o patrimônio do sócio será atacado.
O empresário individual é o tipo societário que mais enquadramentos de porte pode ter, ele
poderá se MEI, ME, EPP.

EIRELI – Empresa Individual de Responsabilidade Limitada


Criada pela lei 12.441, de 11/07/2011, a Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EI-
RELI é aquela constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social.
Assim como o EI, o EIRELI (Empresa Individual de Responsabilidade Limitada) é um tipo Societá-
rio, contudo, ao contrário do Empresário Individual, a Eireli responde somente sobre o valor do
capital social da Empresa. Ou seja, de forma limitada o que confere uma autonomia patrimo-
nial da Pessoa Física e da Pessoa Jurídica.
Desta feita, embora tenha vantagens comparado ao EI, o principal entrave é ser necessário um
capital social mínimo de 100 vezes o salário mínimo vigente. Sendo possível o EIRELI se enqua-
drar como ME e EPP e solicitar o enquadramento no Simples Nacional. Isso além de poder esco-
lher os outros enquadramentos tributários.

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BNB (Analista Bancário) – Conhecimentos Bancários - Aspectos Jurídicos – Prof. Giuliano Tamagno

O EIRELI, embora seja individual, possui um Contrato Social para a Empresa assim como é a
LTDA, e pode definir uma Razão Social que não seja igual ao nome do proprietário.
Cuidado! Se você opta por esse tipo societário e não faz a integralização do capital, no caso de
débitos, poderá ter descaracterizada o tipo Societário e assim responder com seus pessoais e
deixar de fazer sentido a escolha pelo EIREL – é a chamada desconsideração da personalidade
jurídica.

Sociedades

Mais antiga que as formas de empreender sem sócios estão as Sociedades Limitada (LTDA) e a
Sociedade Anônima.

Sociedade Limitada – LTDA (art. 1.052 a 1.087 CC)


A Sociedade Limitada é a empresa formada por 02 ou mais sócios que atuam de forma limitada
ao Capital Social da empresa. Seja para isso no seu bônus, ou seja, a distribuição dos lucros,
seja no ônus, no pagamento de dívidas e débitos.
O Capital Social da empresa deve ser totalmente integralizado, por isso, todos os sócios são res-
ponsáveis. A empresa é dividida em quotas de acordo com o volume de recursos que os sócios
colocaram na empresa e essa participação que define o “tamanho” da responsabilidade. Os
acordos desta relação societária estão dispostos no Contrato Social que é registrado na Junta
Comercial.
Atenção – os sócios respondem ILIMITADAMENTE relativamente a atos infringentes à Lei ou
contra o Contrato Social (art. 1.080, § 1º).
Art. 1.080. As deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade
dos que expressamente as aprovaram.

Pessoas ou Capital
A “Ltda.” pode ser DE PESSOAS, caso assumam perfil mais personalista, dependendo a realiza-
ção do objeto diretamente dos atributos pessoais dos sócios
Por outro lado, pode ser DE CAPITAL se a realização do objeto dependa mais da integralização
do capital do que propriamente das características subjetivas dos sócios.

Sociedade Anônima – SA
A Lei das Sociedades das Ações, Lei n. 6.404/76, ou LSA, rege o funcionamento dessas socieda-
des. O Código Civil só é aplicado quando a lei especial é omissa.
O Código Civil regula a aplicação do Código Civil em casos omissos da lei especial, respectiva-
mente:

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Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, aplicando-se lhe, nos casos omissos,
as disposições deste Código.
Em uma Sociedade Anônima (S.A), a empresa é dividida em ações ao invés de quotas, e, o
documento que estabelece ela é um Estatuto. Assim, este tipo societário é muito escolhido
quando se quer facilitar a troca dos sócios de forma mais ágil, como em startups, quando
conseguem investimento de Capital de Risco.
A Denominação deve conter a expressão “Companhia”, sua abreviação “Cia”, “Sociedade
Anônima” ou a sigilo “S/A”.

A companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão este-


jam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. É o que determi-
na a LSA:
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliá-
rios de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários.
§ 1º Somente os valores mobiliários de emissão de companhia registrada na Comissão de
Valores Mobiliários podem ser negociados no mercado de valores mobiliários.
§ 2º Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários será efetivada no mercado sem prévio
registro na Comissão de Valores Mobiliários.
§ 3º A Comissão de Valores Mobiliários poderá classificar as companhias abertas em categorias,
segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado,
e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria. […]

Companhia de Capital Aberto


São empresas de capital aberto são aquelas que seus valores mobiliários (ações) são ad-
mitidos à negociação no mercado de valores mobiliários (bolsa de valores).

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A constituição de companhia por subscrição pública depende do prévio registro da


emissão na Comissão de Valores Mobiliários, e a subscrição somente poderá ser efetua-
da com a intermediação de instituição financeira.
O pedido de registro será instruído com estudo de viabilidade econômica, projeto de
estatuto e um prospecto.
A CVM poderá condicionar o registro a modificações no estatuto ou no prospecto, ou
até negá-lo por inviabilidade ou temeridade do empreendimento, ou por inidoneidade.
O projeto de estatuto deverá satisfazer a todos os requisitos exigidos para os contratos
das sociedades mercantis em geral e aos peculiares às companhias, e conterá as normas
pelas quais se regerá a companhia.

Sociedade Anônima Fechada


Companhias Fechadas são aquelas em que seus valores mobiliários NÃO são admitidos
à negociação do mercado de valores mobiliários, ou seja, não tem autorização para
negociar valores mobiliários no mercado de capitais.
Não se quer dizer que as ações não são negociáveis. Somente não o são em mercado
de valores mobiliários. Suas ações não são oferecidas ao grande público, apenas por
negócios entre particulares

SOCIEDADE LIMITADA –
SOCIEDADE ANÔNIMA – S.A
LTDA
REGULAMENTO Lei 6.404/76 Toda no C.C.
TIPO Sempre empresária Simples ou empresária
De capital, sempre contendo
De pessoas ou de capital,
ESPÉCIE regras que protejam o
segundo regras contratuais
investimento de cada acionista
ATO CONSTITUTIVO ESTATUTO SOCIAL CONTRATO SOCIAL
Pelo menos 02 acionistas
fundadores, realização de
assembleia de constituição, com
integralização de pelo menos
10% do capital em depósito no
Pelo menos 02 sócios civilmente
Banco do Brasil (ou outro banco
capazes, objeto lícito, possível,
autorizado pela CVM). No caso
REQUISITO determinado ou determinável
de companhias abertas ainda é
e forma prescrita ou não defesa
necessária autorização prévia
em lei.
da CVM e subscrição total
do capital social, podendo as
ações serem negociadas após a
integralização de 30% do capital
social.

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Restrita ao valor das quotas,
mas todos os sócios respondem
RESPONSABILIDADE DOS Restrita ao valor pago pela
solidariamente pelo total do
SÓCIOS compra da ação.
capital social (art. 1.052, do
Código Civil)
Se a sociedade é por prazo
determinado, somente é
possível se houver justa causa,
senão somente por decisão
DIREITO DE RETIRADA LIVRE judicial. Se a sociedade é por
prazo indeterminado será
possível, desde que exista
notificação com 60 dias de
antecedência.
Na omissão do contrato, o
sócio pode ceder sua quota,
total ou Parcialmente, a quem
seja sócio, independentemente
CESSÃO LIVRE de audiência dos outros, ou
a estranho, se não houver
oposição de titulares de mais de
um quarto do capital social.

1. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


Com relação à sociedade limitada, analise as afirmativas a seguir:
I – Os sócios, após a integralização do capital social, respondem até o valor de suas quotas pelas
obrigações sociais.
II – Os sócios não têm responsabilidade solidária pela integralização do capital social.
III – É disciplinada em capítulo próprio do Código Civil em vigor, podendo o contrato prever a
regência supletiva pelas normas das companhias.
IV – As quotas sociais poderão ser transferidas a terceiros, não sócios, caso o contrato seja
omisso, com o consentimento de todos os sócios.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e II;
b) I e III;
c) II e III;
d) II e IV;
e) III e IV.

Resposta: Letra B.

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CONTRATOS

Conceitos iniciais e princípios

Os contratos são instrumentos por excelência de circulação de riquezas, sendo que essas trocas
demandam utilidade e justiça, censurando-se assim, o abuso do poder de contratar.
É importante no primeiro momento que saibamos que existe um limite à liberdade de contra-
tar, que é a função social.
Diga-se de passagem que a função social é um instituto tão caro ao código que acaba sendo
inclusive um limite ao direito de propriedade (você pode perder um imóvel se não der a ele a
sua devida função social).
A teoria contratual moderna, contempla quatro grandes princípios contratuais, autonomia pri-
vada, boa-fé, justiça contratual e função social, explico cada um.
Autonomia privada: O Princípio da Autonomia da Vontade consiste na prerrogativa conferida
aos indivíduos de criarem relações na órbita do direito, desde que se submetam as regras im-
postas pela lei e que seus fins coincidam como o interesse geral, ou não o contradigam.
Se no passado o princípio da Autonomia de Vontade prevalecia, sem qualquer abrandamento,
hoje encontra-se subordinado ao interesse coletivo, como delimita a norma do artigo 421 do
Código Civil: “a liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do
contrato”.
Boa-fé: O art. 422 especifica que é necessária a observação da boa-fé objetiva pelos contratan-
tes.
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, como em
sua execução, os princípios de probidade e boa-fé.
A boa-fé deve ser observada antes, durante a execução e após o contrato. Quanto à observação
da boa-fé após o contrato, a doutrina aponta a possibilidade de haver responsabilidade civil
pós-contratual, também chamada de responsabilidade “post factum finitum”.
Em nome da boa-fé, uma pessoa pode ser responsável antes mesmo de celebrar um contrato.
Isso é possível quando há ofensa à boa-fé.
Princípio da boa-fé também está prevista no artigo 113 do Código Civil: “Os negócios jurídicos
devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração”
Princípio do equilíbrio econômico ou justiça contratual: O princípio do equilíbrio econômico se
opõe à obrigatoriedade dos contratos. Permite aos contraentes recorrerem ao poder judiciário
para alterar o contrato acordado anteriormente em situações específicas geradas por fatores
externos que levem uma das partes a ter onerosidade excessiva ou enriquecimento sem causa.

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Princípio da função social do contrato: O princípio da função social do contrato afasta as con-
cepções individualistas do Código Civil de 1916 e segue orientação compatível com a socializa-
ção do direito contemporâneo, refletindo assim, a prevalência dos valores coletivos sobre os
individuais.
Previsto no artigo 421 do Código Civil de 2002 a função social do contrato tem o objetivo de
promover a realização de uma justiça comutativa, diminuindo as desigualdades substanciais
entre os contratantes. Assim, tal princípio subordina a liberdade contratual para priorizar os
princípios condizentes com a ordem pública.
A função social do contrato serve para limitar o princípio clássico da autonomia da vontade
quando confrontar o interesse social e este deva prevalecer. É uma condicionante ao princípio
da liberdade contratual.
O contrato cumpre sua função social quando respeitar a função econômica de promover a cir-
culação de riquezas ou manutenção de trocas econômicas. E descumpre tal função quando
inibe o movimento natural do comércio jurídico e prejudica a coletividade.

Requisitos dos contratos

Requisitos subjetivos: existência de duas ou mais pessoas; capacidade genérica das partes
contratantes para pratica atos da vida civil; aptidão específica para contratar; consentimento
das partes contratantes.
Requisitos objetivos: dizem respeito ao objeto do contrato; a validade e eficácia do contrato,
como um direito creditório, dependem da:
a) licitude de seu objeto;
b) possibilidade física ou jurídica do objeto;
c) determinação de seu objeto, pois este deve ser certo ou, pelo menos, determinável;
d) economicidade de seu objeto, que deverá versar sobre interesse economicamente
apreciável, capaz de se converter, direta ou indiretamente, em dinheiro.
Requisitos formais: são atinentes à forma do contrato; a regra é a liberdade de forma, cele-
brando-se o contrato pelo livre consentimento das partes contratantes (lembra da exceção da
função social).

Classificação dos contratos

Os contratos podem ser classificados a partir de vários prismas, iniciamos a classificação quanto
à obrigação das partes, podendo ser unilateral, bilateral, e plurilateral.
a) Unilateral: obrigação só para uma parte (ex. contrato de doação)
b) Bilateral: obrigação para duas partes (ex. contrato de compra e venda)
c) Plurilateral: existência de três ou mais polos (ex. contrato social)

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Muita atenção pois os contratos bilaterais admitem a “ exceptio non adimpleti contractus” (art.
476 CC) que nada mais é do que uma parte se recusa a a cumprir a sua parte tendo em vista a
falta do outro. Vai autorizar a resolução do contrato.
Ex: Contrato de compra e venda de um automóvel, eu posso me recusar a entregar o veículo se
não recebi o valor do pagamento.
Já ouviu falar em exceção de insegurança? Está previsto no art. 477 CC, é quando um fato su-
perveniente faz o adimplemento se tornar duvidoso. O credor tem o direito de reter a presta-
ção até o cumprimento da obrigação duvidosa OU exigir uma garantia.
Ex. imagina que você contrata um serviço de Buffet de casamento, está pagando parcelado e
antes de terminar de pagar o contrato, vê a seguinte notícia:

Você concorda que existe um receio de que o seu contrato não seja adimplido de forma satisfatória?
Sim! Assim, você pode exigir um reforço ou parar de pagar o valor até a satisfação.
ENTENDIDO que na exceção de inseguridade você tem uma dúvida, sobre o adimplemento? Ok.
Existe ainda o instituto da QUEBRA ANTECIPADA DO CONTRATO que é quando você tem certeza
do inadimplemento – ou seja, há uma impossibilidade da obrigação ser cumprida no vencimento.
Ex. compra um imóvel na planta que a previsão de entrega é em 5 anos, tendo em vista a magni-
tude da obra. Passados 4 anos e meio a obra não começou. É impossível uma obra dessa magnitu-
de ser feita em 6 meses, assim o contrato é rescindido antes do marco final.
Seguindo na classificação dos contratos, ainda podemos classificar conforme o sacrifício patri-
monial, sendo eles gratuitos, onerosos, ou bifrontes.

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a) Gratuito: apenas uma parte faz sacrifício patrimonial sem busca de proveito econômico –
(ex. doação)
b) Onerosos: uma parte faz sacrifício patrimonial com busca de proveito econômico – (ex.
compra e venda de um imóvel).
c) Bifrontes: pode ser gratuito ou oneroso (Ex. contrato de mutuo)
CUIDADO com o empréstimo de coisa infungível, pois o mesmo pode ser gratuito (comodato –
art. 579) ou oneroso (locação – 565).
Atenção, nos contratos gratuitos, o generoso só responde por dolo (392 CC) – Exemplo: Lucas
convida Edgar para jantar e prepara uma ala minuta, e na comida tem um cabelo! Gera um
abalo moral em Lucas, mas esse não pode ingressar com uma ação contra Edgar, pois o cabelo
não foi colocado intencionalmente (não houve dolo) – lembra do dito popular “a cavalo dado
não se olha os dentes?” é isso!
Nos contratos onerosos se aplica o PRINCÍPIO DA GARANTIA, onde o transferente é obrigado a
garantir a higidez da coisa e do direito sobre a coisa.

No vício redibitório a parte lesada tem direito a resolução do contrato ou abatimento do preço.
(Ex. Eu compro um carro e depois de um tempo descubro que ele foi recuperado de uma perda
total – comprado de leilão – e não foi informado. Posso exigir o desfazimento do negócio ou um
abatimento no valor).
Na Evicção os direitos estão previstos no art. 1.450 do CC, tendo a parte lesada direito de
restituição do preço bem como outros valores (ITBI, honorários.)

Classificação quanto ao momento da execução

Instantâneo: pagamento se dá no ato da celebração do contrato


De execução diferida: Pagamento ocorre em UMA vez, no futuro. (Ex. compra de móveis sob
medida)
De execução continuada (trato sucessivo): pagamento em várias prestações futuras.
Nos contratos de execução diferida e continuada, conforme art. 478 e 317 CC e pode-se invocar
a teoria da imprevisão – que é a revisão por onerosidade excessiva. Essa é a principal exceção
ao princípio do pacta sunt servanda.

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CONTRATOS EM ESPÉCIE

Contrato de compra e venda (481 a 582)

O vendedor se obriga a transferir uma coisa, em troca de uma remuneração que NECESSARIA-
MENTE tem que ser pecuniária.
A transferência efetiva da coisa é o pagamento do contrato. (assinar o contrato não te faz dono).
O contrato nasce com a vontade das partes e não com a transferência da coisa, que pode ocor-
rer no futuro.

Elementos do Contrato de Compra e Venda


a) Consentimento (art. 496 CC) é anulável a CV de ascendente a descendente se não houve o
consentimento dos demais descentes ou do cônjuge – visa impedir fraude ou prejuízo aos
demais herdeiros. STJ diz que deve haver prejuízo para anular o negócio.
Na doação não tem essa exigência tendo em vista o dever de colação.
b) Coisa: Pode ser corpórea e também incorpórea. Há controvérsias em relação a venda de
coisa incorpórea, pois alguns doutrinadores entendem que coisas como precatórios e
ações podem ser vendidas, mas outros alegam que o contrato da coisa incorpórea seria
apenas de cessão de direito, e não de compra e venda. Pode ser uma coisa atual ou futura.
(ex. compra de apto na planta)
c) Preço: conforme a doutrina tradicional, sem preço é nulo o contrato. No latim, essa regra é
conhecida como “sine prettio nulla venditio”, ou seja, “sem preço, não há venda”.
Essa regra é flexibilizada pelo Código Civil (art. 488): se não houver a pactuação do preço o
contrato será válido, porém o preço da coisa será considerado de acordo com o preço habitual
da coisa. Todavia, é nulo o contrato de compra e venda, quando se deixa ao arbítrio exclusivo
de uma das partes a fixação do preço.

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Espécie de Compra e Venda de imóveis (art. 500 e 501)
a) Venda por corpo definido: referencia a medida é enunciativa, a coisa é mais importante
que a medida.
Se existir uma diferença de até 5% do tamanho for provada, não existe dever de indenização.
b) Venda por medida: referencia a medida é essencial. Havendo diferença de medida, o
comprador pode 1) propor ação de complementação de área; (se isso for impossível) 2)
ação redibitória (para desfazer o contrato) OU 3) ação estimatória (abatimento do preço).

Cláusulas especiais do CCV


•• pacto comissório: condição resolutiva consistente no inadimplemento do preço. (ex. Zam-
beli vende um imóvel para Dudan em 10 parcelas. Zambeli pode colocar no contrato que se
houver inadimplemento, o Dudan perde a propriedade).
•• Retrovenda (direito de retrato) art. 505: É permitida apenas para bens imóveis e consiste
em uma condição resolutiva que corresponde a vontade do vendedor de recomprar o imó-
vel em até 3 anos.
•• Venda a contento – Art. 509 – condição suspensiva sujeita ao agrado do comprador. Não
precisa fundamentar.
(Ex. Compra um carro e fica 1 semana para experimentar)
•• Venda sujeita à prova – Art. 510 – condição suspensiva sujeita ao agrado do comprador,
mas que precisa motivar em caso de desistência – a motivação tem q ser pela coisa não
reunir as coisas que foram ofertadas.
•• Prelação ou Preferencia – Art. 513 – o direito de o vendedor ter preferência na aquisição
da coisa, caso o comprador decida vendê-la para terceiro.
Ex. Giuliano vende seu cavalo porque precisa do dinheiro, mas por gostar muito do cavalo,
coloca cláusula de prelação, para no futuro poder comprar o cavalo de volta.

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Olha como isso apareceu na última prova:

2. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


O contrato de compra e venda é uma espécie de negócio jurídico pela qual um dos contratantes
se obriga a transferir o domínio de certa coisa, e o outro, a pagar-lhe certo preço em dinheiro.
Com relação a esse contrato, considere as afirmativas abaixo:
I – O contrato de compra e venda é nulo, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de uma das
partes a fixação do preço.
II – A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou futura.
III – A lei civil autoriza expressamente a compra e venda entre cônjuges, com relação a bens
excluídos da comunhão.
IV – A fixação do preço não pode, de maneira nenhuma, ser deixada ao arbítrio de terceiro.
Assinale se:
a) II e IV estiverem corretas;
b) I, II e IV estiverem corretas;
c) I, II e III estiverem corretas;
d) IV estiver correta;
e) I, II, III e IV estiverem corretas.

Resposta: Letra C.

I – CORRETA. (CC/02) Art. 489. Nulo é o contrato de compra e venda, quando se deixa
ao arbítrio exclusivo de uma das partes a fixação do preço.
II – CORRETA. (CC/02) Art. 483. A compra e venda pode ter por objeto coisa atual ou
futura. Neste caso, ficará sem efeito o contrato se esta não vier a existir, salvo se a in-
tenção das partes era de concluir contrato aleatório.
III – CORRETA. (CC/02) Art. 499. É lícita a compra e venda entre cônjuges, com relação
a bens excluídos da comunhão.
IV – ERRADA. (CC/02) Art. 485. A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de
terceiro, que os contratantes logo designarem ou prometerem designar. Se o terceiro
não aceitar a incumbência, ficará sem efeito o contrato, salvo quando acordarem os
contratantes designar outra pessoa.

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CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO

Os contratos de empréstimo, previstos nos artigos 579 a 592 do CC se dividem em duas


categorias, mutuo e comodato.
Quais as principais diferenças entre eles:

MUTUO COMODATO
Empréstimo para consumo Empréstimo para uso
Restituição é da própria coisa
Restituição de coisa equivalente (dinheiro)
(modem de internet)
Pode ser gratuito ou onesoro Sempre gratuito

Podemos conceituar comodato como um negócio jurídico unilateral e gratuito, por meio do
qual uma das partes (comodante) transfere à outra (comodatário) a posse de um determinado
bem, móvel ou imóvel, com a obrigação de o restituir.
O contrato de comodato tem como característica a gratuidade, porque decorre de sua própria
natureza, pois se assim não fosse, confundiria com a locação.

Mutuo

O mútuo consiste em um “empréstimo de consumo”, ou seja, trata-se de um negócio jurídico


unilateral, por meio do qual o mutuante transfere a propriedade de um objeto móvel fungível
ao mutuário, que se obriga à devolução, em coisa do mesmo gênero, qualidade e quantidade.
Importante destacar que o contrato de mútuo acarreta a transferência do domínio, o que não
ocorre no comodato, permitindo a alienação da coisa emprestada, ao passo que o comodatário
é proibido de transferir a coisa a terceiro.
Trata-se de um contrato temporário, pois se perpétuo fosse, estaria a se falar de doação e não
de mútuo.

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Ex:

3. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


O Código Civil disciplina o empréstimo de coisas nos contratos de comodato e mútuo. Quanto
às distinções entre esses contratos, analise as afirmativas a seguir:
I – O comodato é um contrato consensual, unilateral e comutativo; o mútuo é um contrato real,
bilateral e aleatório.
II – O comodato é o empréstimo de coisas infungíveis; o mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis.
III – O comodato deve ser ajustado por escrito; o mútuo pode ser ajustado verbalmente ou por
instrumento público.
IV – O comodatário deverá conservar a coisa para aliená-la a terceiros; o mutuário não poderá
aliená-la a terceiros.
V – O comodato não transfere o domínio da coisa emprestada; o mutuário adquire o domínio
da coisa do mutuante.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e III;
b) I e IV;
c) II e IV;
d) II e V;
e) III e V.

ASSERTIVA “D”: II e V corretas.

I – INCORRETA. O COMODATO, bem como o MÚTUO, têm características de ser: REAL (só se
perfaz com a entrega efetiva da coisa), UNILATERAL (pois, uma vez dado o objeto, o como-
dante nada precisa fazer a não ser esperar. O comodatário é quem deverá devolver, ou seja,
só uma pessoa tem obrigações) e COMUTATIVO (as partes conhecem suas obrigações);
III – INCORRETA. O COMODATO pode ser feito verbalmente. Ex.: quando alguém em-
presta seu apartamento para um amigo morar. Não é necessário que se faça um con-
trato escrito, basta o acordo verbal entre as partes.
IV – INCORRETA. O MÚTUO é um contrato de consumo (diferentemente do comodato,
que é contrato de Uso) e, assim sendo, pode o mutuário (aquele que recebe a coisa
empretada) alienar, doar, abandonar, destruira, enfim, fazer o que quiser com a coisa.
Já o Comodatário não pode alienar a coisa.

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GARANTIAS FIDEIJUSSÓRIAS

Fiança

A fiança é uma espécie de contrato através do qual uma pessoa, o fiador, garante com seu
patrimônio a satisfação de um credor, caso o devedor principal, aquele que contraiu a dívida,
não a solva em seu vencimento.
Estamos diante de uma garantia fidejussória, ou seja, de natureza pessoal lastreada pela
confiança existente entre as partes, nesse sentido, embora seja o patrimônio do terceiro que
garanta o pagamento do débito, ela se difere da garantia real, que vincula determinado bem de
propriedade do devedor ao cumprimento da obrigação.
Explico, não é determinado bem do fiador que fica responsável pela dívida, mas sim TODO seu
patrimônio, presente e futuro.
A fiança tem natureza jurídica de contrato acessório e subsidiário, pois ela assegura o
cumprimento de um contrato principal ou de uma carta.
Em regra, considera-se contrato gratuito, pois a ajuda prestada pelo fiador ao afiançado não
visa nenhuma contraprestação pecuniária, no entanto pode ser oneroso, quando o afiançado
remunera o fiador pela fiança prestada, como no caso dos bancos, por exemplo.
Um dos principais efeitos decorrentes do contrato de fiança é o benefício de ordem ou benefício
de excussão. Este benefício configura a possibilidade de o fiador, quando demandado, indicar
os bens livres e desembaraçados do devedor – isso é feito por um fenômeno processual
denominado chamamento ao processo.
O Código Civil, em seu artigo 823, permite ao fiador único limitar a garantia a somente uma
parte da dívida, contudo, também é admitido, pelo artigo 830, do CC, que havendo mais de um
fiador cada um fixe no contrato a parte da dívida que toma sob sua responsabilidade, caso em
que ficará desobrigado do restante.
Um ponto importante é o que prevê o artigo 836, do CC “a obrigação do fiador passa aos
herdeiros; mas a responsabilidade da fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador,
e não pode ultrapassar as forças da herança”.
Explico, se João é fiador de José em um contrato de aluguel com prazo de 2 anos. Ao final do
primeiro ano, estando com as prestações em dia, João vem a falecer e José se torna devedor.
Nesse caso os herdeiros de João não vão responder pela dívida, pois a responsabilidade da
fiança se limita ao tempo decorrido até a morte do fiador (e na morte estava em dia).

Aval

Aval quer dizer confiança, quer dizer apoio. Quem avaliza um título de crédito está dizendo que
irá pagar o título, caso o devedor não o faça.

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Conforme vimos no capitulo acima, em um contrato de locação é perfeitamente cabível a


fiança, mas em um título de crédito, só é admitido o AVAL.
O prestador do aval pode ser acionado para pagar antes do avalizado, o que não ocorre na
fiança, em que se estabelece, em princípio, o benefício de ordem.
O aval não exige modelo expresso. Pode se prestar o aval apenas lançando sua assinatura no
título, ou escrever expressões tais como: Por aval a Fulano de Tal.
Se o avalista não indicar o nome do avalizado, entende-se que foi ao sacador.
Art. 898. O aval deve ser dado no verso ou no anverso do próprio título.
§ 1º Para a validade do aval, dado no anverso do título, é suficiente a simples assinatura do
avalista.
§ 2º Considera-se não escrito o aval cancelado.

Aval simultâneo e aval sucessivo


O aval é simultâneo quando todos os avalistas garantem o mesmo avalizado.
Explico, em uma nota promissória ‘EDGAR’ é emitente e ‘LUCAS’ o beneficiário. No verso há
assinaturas de ‘ZAMBELI’ e ‘DUDAN’, e ‘TATI’. Não há restrição alguma, apenas assinaturas. por-
tanto, avais em branco. Presume-se que todos avalizaram ‘EDGAR’.
Em se tratando de aval simultâneo, pode o avalista que pagar o total da obrigação, cobrar dos
avalistas anteriores a quota-parte que cada um teria obrigação, podendo se valer, para tanto,
da via executiva.
No exemplo citado, se DUDAN pagar o título no lugar do EDGAR, poderá exercer direito de re-
gresso contra EDGAR pelo total da dívida ou cobrar dos outros avalistas a quota- parte devida.
O aval é dito sucessivo quando o avalista posterior avaliza o anterior. Por exemplo: EDGAR é o
emitente e DUDAN, ZAMBELI e TATI assinam no verso, MAS antes da assinatura de ZAMBELI
está escrito: “por aval de DUDAN’”, e antes da assinatura de TATI, está escrito: “por aval de
ZAMBELI’”.
Nesse caso, o avalista que assina, e avaliza o avalista, garante apenas e tão somente este avalis-
ta (aval em preto), não havendo nenhuma responsabilidade quanto aos demais avalistas.
Importante observar a Súmula 189 do STF editada com a seguinte redação:
“Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não sucessivos”.

Quando casados, tanto o aval quanto a fiança depende de autorização


do cônjuge! É a chamada OUTORGA UXÓRIA

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Olha como apareceu na última prova:

4. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


Com relação à diferença entre aval e fiança, é correto afirmar que:
a) o aval é uma garantia pessoal, enquanto a fiança é uma garantia real;
b) o aval é uma garantia real, enquanto a fiança é uma garantia pessoal;
c) o aval é uma garantia constituída em um título de crédito, enquanto a fiança é uma garantia
estabelecida em contrato ou carta;
d) no aval, o credor pode acionar diretamente o avalista, enquanto na fiança se aciona o fiel
depositário;
e) o aval precisa da assinatura do cônjuge, enquanto a fiança não tem essa exigência.

Resposta: Letra C.

Garantias Reais

Quando alguém faz um negócio, pode exigir do outro contratante que outorgue algum tipo de
garantia para o cumprimento de sua respectiva obrigação.
Dependendo do tipo de garantias solicitadas, podemos ter um penhor ou uma hipoteca.
A hipoteca é quando se grava um bem imóvel (ou outro bem que lei considere como hipotecável,
como navios e aeronaves) pertencente ao devedor ou a um terceiro, sem transmissão da posse
ao credor (na hipoteca não há tradição). Se o devedor não paga a dívida no seu vencimento, fica o
credor habilitado para exercer o direito de excussão (solicitar a venda judicial do bem).
Isso ocorre para que, com o produto da venda, seu crédito seja preferencialmente pago.
O instituto está regulamentado nos artigos 1.476 a 1.505 do CC.
Explico, imagine que você compra uma casa e financia o valor dela junto ao banco. O banco te
empresta o valor mas coloca a própria casa como uma garantia do pagamento daquele valor, se
você não pagar, ele pode (judicialmente) vender a casa e quitar a dívida.
Já no penhor o devedor (ou ainda um terceiro) transfere ao credor a posse direta de bem móvel
suscetível de alienação, como forma de garantir o pagamento de seu débito.
Até o pagamento da obrigação, o bem fica em mãos do credor, ou seja, há a transferência do
bem móvel ao credor.
O instituto está regulamentado nos artigos 1.431 a 1.472 do CC

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Questão da prova passada:

5. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


Os seguintes bens podem ser oferecidos como garantia na modalidade penhor:
I – joias e relógios;
II – imóveis;
III – aeronaves;
IV – navios.
Assinale se:
a) somente I e III estiverem corretas;
b) somente II e IV estiverem corretas;
c) somente I estiver correta;
d) somente II estiver correta;
e) somente II, III e IV estiverem corretas.

Resposta: Letra C.

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DA ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA DE BENS MÓVEIS

A propriedade fiduciária, nos termos do Código Civil, tem o seguinte conceito:


Art. 1.361. Considera-se fiduciária a propriedade resolúvel de coisa móvel infungível que o
devedor, com escopo de garantia, transfere ao credor.
Na alienação fiduciária o banco fornece o dinheiro para que o financiado adquira o veículo,
sendo que este (veículo) permanece como garantia do contrato.
Em caso de inadimplência, surge à instituição bancária credora a possibilidade de mover a Ação
de Busca e Apreensão do bem colocado em garantia, cujo procedimento especial será, regrado
pelo Decreto Lei nº 911/69.
O referido Decreto dispõe tanto de direito material quanto processual.
A Constitucionalidade do Decreto Lei 911/69, muitas vezes já foi alvo de ataque frente ao STF,
sob alegações de que não teria sido recepcionado pela Constituição de 1988, isso por que,
alguns de seus artigos se revelavam agressivos e aparentemente prejudicavam o exercício do
direito de ampla defesa e contraditório. Um dos mais discutidos é o art. 3º, que com as altera-
ções dadas pela Lei nº 13.043, de 2014, passou a ter a seguinte redação:
Art. 3º O proprietário fiduciário ou credor poderá, desde que comprovada a mora, na forma
estabelecida pelo § 2º do art. 2º, ou o inadimplemento, requerer contra o devedor ou terceiro
a busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente, a qual será concedida liminarmente,
podendo ser apreciada em plantão judiciário.
§ 1º Cinco dias após executada a liminar mencionada no caput, consolidar-se-ão a propriedade
e a posse plena e exclusiva do bem no patrimônio do credor fiduciário, cabendo às repartições
competentes, quando for o caso, expedir novo certificado de registro de propriedade em nome
do credor, ou de terceiro por ele indicado, livre do ônus da propriedade fiduciária.

E no CC a previsão é:
Art. 1.368-B. A alienação fiduciária em garantia de bem móvel ou imóvel confere direito real de
aquisição ao fiduciante, seu cessionário ou sucessor.
Uma vez inadimplido o contrato de alienação fiduciária, o credor fiduciário pode requerer a
Busca e Apreensão do bem das mãos do devedor. Não obstante, decorridos 5 (cinco) dias da
execução da liminar sem que o devedor pague a integralidade do débito, fica consolidada a
posse e propriedade do bem ao credor fiduciário, podendo o mesmo vendê-lo em Leilão inde-
pendente de autorização judicial, tal norma já foi declarada constitucional pelo STF.

Cédulas e notas de crédito

Primeiramente precisamos esclarecer que Cédula de Crédito Bancário e Nota de Crédito, são
expressões muito parecidas todavia com sentidos distintos.

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As cédula de crédito tem garantia (que podem variar conforme quadro abaixo) e as notas de
crédito não tem garantias.
Como dito, as cédulas de créditos podem variar o nome conforme varia a garantia, será chama-
da de:
•• CÉDULA DE CRÉDITO HIPOTECARIA – garantia por hipoteca (imóvel, navio ou aeronave)
art. 1486 CC
•• CÉDULA DE CRÉDITO PIGNORATÍCIA – garantia por penhor (Art. 1.438 §ú, art. 1.448 §ú,
Art. 1.462, §ú) – bem móvel.
•• CÉDULA DE CRÉDITO FIDUCIÁRIA – alienação fiduciária (lei 10.931/04)

A mais comum é a cédula de Cédula de crédito fiduciária.


A constituição da garantia pode ser feita na própria Cédula de Crédito ou em documento
separado, desde que seja mencionada tal circunstância na cédula.
As garantias pode ser pessoais (ou fidejussórias), como a fiança e o aval, ou real (através de
um bem específico dado em garantia) conforme vimos no capítulo da apostila sobre garantias
reais e pessoais.
A Cédula de Crédito Bancário é um título de crédito emitido pelo tomador, que pode ser uma
pessoa física ou jurídica, de uma operação de crédito em favor de um banco, e representa
promessa de pagamento em dinheiro.
A sua criação deu-se em razão da necessidade de se remover algumas barreiras à concessão
de financiamentos decorrentes da insegurança e instabilidade das decisões dos tribunais
brasileiros, notadamente sobre a força executiva dos contratos de concessão de crédito e sobre
a capitalização de juros.
Assim, a Cédula de Crédito Bancário é emitida e assinada pelo tomador do crédito e pela
instituição financeira quando é contratada uma operação de crédito, como abertura de crédito
rotativo e empréstimos.
A Cédula de Crédito Bancário, de acordo com a lei 10.931/04, representa dívida em dinheiro,
líquida, certa e exigível, ou seja, é um TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL.
Mas e qual a importância disso na prática? Quando o credor possui um título executivo extra-
judicial, a cobrança é MUITO mais simples, pois no processo judicial não se discute se a divide
existe ou não, a ação ataca imediatamente o patrimônio do devedor, que é citado para pagar
em 3 dias. É a chamada ação de execução.
Na Cédula de Crédito Bancário, podem ser pactuados juros capitalizados e devem constar em
seu texto, no caso de pagamento parcelado, as datas e os valores de cada prestação, ou os
critérios para tal determinação.
De acordo com a lei, a Cédula de Crédito Bancário pode ser transferível mediante endosso em
preto, ou seja, determinando-se, por escrito, o endossatário.
Em caso de inadimplemento, a Cédula de Crédito Bancário pode ser objeto de protesto por in-
dicação, ou seja, sem a apresentação da via original, desde que o credor apresente declaração
de posse de sua única via negociável.

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6. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)
As operações de empréstimo concedidas por instituições financeiras à pessoa física ou jurídica
que se dedique à atividade comercial ou de prestação de serviços poderão ser representadas
por Cédula de Crédito Comercial ou por Nota de Crédito Comercial. Sobre esses títulos de
crédito e suas garantias, é correto afirmar que:
a) nas cédulas e notas de crédito comercial, não poderão ser pactuados juros capitalizados,
sob pena de nulidade dos títulos e dos contratos a eles vinculados;
b) a não inscrição da cédula de crédito comercial no Cartório de Registro de Imóveis retira sua
validade tanto entre as partes quanto em relação a terceiros;
c) o beneficiário da cédula de crédito comercial é a instituição financeira concedente do
empréstimo; na nota de crédito comercial, a instituição financeira é a emitente do título;
d) a não identificação dos bens objeto da alienação fiduciária cedular não retira a eficácia da
garantia, que incidirá sobre outros de mesmo gênero, quantidade e qualidade;
e) é obrigatória a descrição dos bens objeto de penhor e do local de seu depósito quando a
garantia se constituir através de penhor de títulos de crédito.

Resposta: Letra D.

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TÍTULOS DE CRÉDITO

Os títulos de crédito são documentos necessários para o exercício de um direito autônomo e


literal nele contido, conforme dispõe o artigo 887, do Código Civil:
Art. 887. O título de crédito, DOCUMENTO necessário ao exercício do direito LITERAL e AUTÔ-
NOMO nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.
Atualmente, algumas das modalidades de títulos de crédito estão previstas no art. 784 do Códi-
go de Processo Civil, dentre eles estão a nota promissória e o cheque.
Além da previsão no CC e no CPC, é preciso que conheça a legislação especial que regula cada
um dos títulos que iremos trabalhar, nota promissória, duplicata e cheque.
Artigos 887 a 926 do Código Civil, devendo ser observada a Legislação Especial para cada título
de crédito.
a) Nota promissória: Decreto nº 57.663/66 e Decreto nº 2.044/1908.
b) Cheque: Lei nº 7.357/85.
c) Duplicata: Lei nº 5474/68.

Antes de entrar em cada um dos títulos, vejamos alguns princípios que regem todos eles.
a) CARTULARIDADE: necessidade de apresentar o documento, os títulos de crédito materiali-
zam o próprio direito – eles precisam ter uma forma física.
EXCEÇÃO: POSSÍVEL PROTESTAR UM TÍTULO DE CRÉDITO MESMO NÃO ESTANDO NA SUA POS-
SE, PELAS SIMPLES INDICAÇÕES. Ex: art. 13, Lei 5474:
Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento.
§ 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de
devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento.
b) LITERALIDADE: tudo o que estiver escrito no título de crédito representa o direito. Da mes-
ma sorte, tudo que não estiver escrito, o não poderá ser cobrado/exigido.
c) AUTONOMIA: cada transferência simboliza um negócio jurídico autônomo, independente.
Quando posto em circulação, o título de crédito desvincula-se do negócio que lhe deu origem,
abstraindo-se do mesmo. Ex. Se alguém compra droga e paga com cheque, o traficante poderá
executar judicialmente o cheque, pois não tem relação com o negócio que originou (sendo dis-
pensável inclusive mencionar o negócio)

Características:
a) Força executiva: presunção de liquidez, certeza e exigibilidade; Satisfação de um direito
inquestionável.
b) Formalismo: requisitos formais devem ser atendidos para gozar de eficácia.
c) Circulabilidade: fazer circular riqueza.

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Endosso

O endosso: É o meio através do qual os títulos cumprem a sua função de circulação, não
existindo uma limitação de quantidade de endossos.
É uma declaração, escrita no dorso de um título de crédito ou papel comercial, que transmite a
outrem a sua propriedade.
Importante destacar que o endosso parcial é nulo.
Nesta modalidade foram duas posições jurídicas: Endossante (quem transfere) x Endossatário
(quem recebe).

Efeitos do endosso
I – Circulação do título; e
II – Investe endossante como codevedor solidário. Podendo o último endossatário cobrar tanto
do emitente, quanto dos avalistas e endossantes.
Endosso pode ser em preto: onde indica o nome da pessoa para a qual o título está sendo
transferido.

Endosso em branco: não indica a pessoa que receberá o título. Equipara-se ao título ao porta-
dor. Assim, a circulação é feita mediante simples entrega, não sendo necessário novo endosso.
NOTA PROMISSÓRIA: Trata-se de uma promessa de pagamento, que pode ser transferida por
endosso e garantida por aval, porém não comporta aceite.
Atenção para o artigo 77 da LUG:
Art. 77. São aplicáveis às notas promissórias, na parte em que não sejam contrárias à natureza
deste título, as disposições relativas às letras e concernentes: endosso (artigos 11 a 20); venci-
mento (artigos 33 a 37); pagamento (artigos 38 a 42); direito de ação por falta de pagamento
(artigos 43 a 50 e 52 a 54); pagamento por intervenção (artigos 55 e 59 a 63); cópias (artigos 67
e 68); alterações (artigo 69); prescrição (artigos 70 e 71); dias feriados, contagem de prazos e
interdição de dias de perdão (artigos 72 a 74).
CHEQUE: (Lei nº 7.357/85) Trata-se de uma ordem de pagamento em dinheiro e a vista. Trans-
fere-se por endosso e pode ser garantido por aval, porém não comporta aceite.
Em que pese se trate de pagamento a vista, é usual a utilização de cheques pré datados, com
vencimentos em datas futuras. Dada a aplicação disso no sistema social, o STJ editou a sumula
370 “Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado”.

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No cheque existem três posições jurídicas, a do sacador (Emitente) a do sacado (Banco) e do


Tomador/Beneficiário.
O cheque admite o aval parcial, conforme estabelece o artigo. 29 da Lei do cheque.
Art. 29. O pagamento do cheque pode ser garantido, no todo ou em parte, por aval prestado
por terceiro, exceto o sacado, ou mesmo por signatário do título.
Cruzar um cheque significa que quem estiver de posse do cheque não pode retirar o dinheiro no
caixa, apenas depositá-lo em sua conta. Caso seja um cheque nominal (direcionado a alguém
específico), a pessoa deverá depositar na conta de mesmo nome do beneficiário que consta no
cheque.
Essa medida serve para aumentar a segurança de quem emite a ordem de pagamento. Por
obrigar quem recebeu a depositar, o emissor tem mais tempo para sustar o cheque se for
necessário (por exemplo, em caso de furto ou roubo)
O cheque tem um prazo de apresentação de 30 dias para cheques apresentados na mesma
praça da agência em que o cheque foi emitido e de 60 dias para cheques apresentados em
praça DIFERENTE da agência em que o cheque foi emitido.

DUPLICATA: Trata-se de uma ORDEM DE PAGAMENTO. Transfere-se por endosso e pode ser
garantida por aval. O aceite na duplicata é OBRIGATÓRIO, pois é requisito formal, porém, nas
situações expressas nos Art. 8º e 21, não será necessário o aceite.
Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a duplicata por motivo de:
I – avaria ou não recebimento das mercadorias, quando não expedidas ou não entregues por
sua conta e risco;
II – vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade das mercadorias, devidamente
comprovados;
III – divergência nos prazos ou nos preços ajustados.
Art. 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata de prestação de serviços por motivo de:
I – não correspondência com os serviços efetivamente contratados;
II – vícios ou defeitos na qualidade dos serviços prestados, devidamente comprovados;
III – divergência nos prazos ou nos preços ajustados.

Na duplicada se formam duas posições jurídicas, a de sacador (Credor/emitente) que é aquele


que vendeu um determinado produto ou prestou um serviço, e a de sacado (Devedor) que é
aquele que comprou um determinado produto ou tomou um serviço.
A duplicata é um título causal, ou seja, só pode ser estabelecida nas duas causas permitidas
na lei: compra e venda mercantil ou serviço. Diferente do cheque, não se trata de um título
abstrato quanto a sua emissão.
Prescrição: Artigo 18 da Lei nº 5474/68.
Art. 18. A ação de execução prescreve:

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I – contra o sacado e respectivos avalistas, em 3 (três) anos, contados da data do vencimento
do título;
II – contra endossante e seus avalistas, em 1 (um) ano, contado da data do protesto;
III – de qualquer dos coobrigados contra os demais, em 1 (um) ano, contado da data em que
haja sido efetuado o pagamento do título.

7. (2014 – FGV – BNB – Analista Bancário)


Simão Dias depositou em sua conta corrente um cheque emitido por Tobias Barreto no valor de
R$ 2.590,00 (dois mil quinhentos e noventa reais). No verso do cheque, o tomador realizou um
endosso em favor do sacado. Em conformidade com as normas legais referentes ao cheque, é
correto afirmar que:
a) o sacado não poderá efetuar a compensação desse cheque porque o endosso ao sacado é
nulo;
b) o sacado torna-se coobrigado pelo pagamento do cheque, respondendo solidariamente
com o emitente;
c) com o endosso ao sacado, o emitente está se exonerando da garantia em caso de não
pagamento do cheque;
d) o sacado não poderá efetuar a compensação deste cheque porque ele não pode figurar
como endossatário;
e) o endosso ao sacado vale apenas como quitação, não podendo o cheque ser transferido
por novo endosso.

Resposta: Letra B.

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