atividade de fundamentos filosoficos, Natalia

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE - AC

CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTE - CELA


CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

JULIA OLIVEIRA
NATÁLIA SANTOS

RESENHA DESCRITIVA DO LIVRO “A VIDA NÃO É ÚTIL”

RIO BRANCO - AC
2024
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE EDUCAÇÃO, LETRAS E ARTE - CELA
CURSO DE LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

JULIA OLIVEIRA
NATÁLIA SANTOS

RESENHA DESCRITIVA DO LIVRO “A VIDA NÃO É ÚTIL”

Trabalho apresentado como subsídio para


avaliação da disciplina Fundamentos
Filosóficos N2.P1, do curso de Pedagogia, da
Universidade Federal do Acre.

Profª.Dr Elizabeth Miranda de Lima

RIO BRANCO - AC
2024
SOBRE A OBRA

“A Vida Não É Útil” do líder indígena e ambientalista brasileiro Ailton Krenak


foi publicado em 2020, durante a pandemia de covid-19, e é dividido em cinco
capítulos. O primeiro capítulo tem como título “Não Se Come Dinheiro”. Nele, Krenak
critica a maneira como a humanidade vem explorando a natureza, referindo se aos
humanos como uma “praga” para o planeta, cuja existência consiste em destruir
todas as outras formas de vida. Segundo ele, o custo do nosso modo de vida
moderno é pago pela natureza, resultando na exploração ambiental e na extinção de
diversas espécies. Krenak também questiona a ideia de progresso, essa noção de
que estamos destruindo a natureza em prol de um futuro melhor, promovendo um
desenvolvimento que cobra um preço alto da natureza.
Ailton discute o conceito de “sociedade padrão”, fundamentado no princípio
capitalista de que a sociedade precisa ser padronizada para vender produtos e
ideias padronizadas, ignorando aqueles que não se encaixam nesse padrão. Ele
afirma que essa visão capitalista exige que nos comportemos de certa forma no
mundo, e que a ideia de governo é, em muitos aspectos, ilusória: “Quando o último
peixe estiver nas águas e a última árvore for removida da terra, só então o homem
perceberá que não é capaz de comer seu dinheiro” (2020, p.13, apud Foster).
Assim, Ailton critica o vício da sociedade na modernidade, o modo de vida que
prioriza a produção e o consumo excessivo, esgotando os recursos naturais e
transformando o planeta em uma fábrica e as pessoas em meros consumidores.
No capítulo “Sonhos para Adiar o Mundo”, Ailton usa os sonhos como uma
metáfora. Ele argumenta que os sonhos são uma forma de conexão íntima, algo que
só compartilhamos com pessoas próximas. Segundo ele, o sonho cria um vínculo
afetivo entre as pessoas e se torna uma ferramenta para combater a visão utilitarista
que o capitalismo nos impõe. Krenak segue esse raciocínio ao explicar que os povos
indígenas enxergam o planeta como um ser vivo, diferentemente da visão
capitalista, que vê a natureza como um recurso a ser explorado para gerar lucro.
“Isso que as ciências políticas e metástase ocupou o planeta inteiro e se infiltrou na
vida de maneira incontrolável. Se quisermos, após essa pandemia, reconfigurar o
mundo com essa mesma matriz, é claro que estamos vivendo uma crise no sentido
de erro. Mas, se enxergarmos, estamos passando por uma transformação.
Precisamos admitir que nosso sonho coletivo de mundo é a inserção da humanidade
na biosfera de outra maneira” (A Vida Não É Útil, Krenak, p.44). Para ele, a
pandemia é uma oportunidade de refletir sobre o modo de vida que levamos.
No capítulo “A Máquina de Fazer Coisas”, Krenak critica o capitalismo, que
vende a falsa ilusão de um futuro melhor como justificativa para explorar a natureza.
Ele cita, como exemplo, o agronegócio e suas campanhas publicitárias, como “o
agro é tech, o agro é pop, o agro é tudo”, que promovem a ideia de que é possível
explorar ao máximo a natureza para alcançar um “novo” futuro. Krenak também faz
uma crítica ao consumismo extremo: “O sistema capitalista tem um poder tão grande
de cooptação que qualquer porcaria que anuncia vira imediatamente uma mania.
Estamos, todos nós, viciados no novo: um carro novo, uma roupa nova, alguma
coisa nova” (A Vida Não É Útil, Krenak, 2020, p.61). Ele argumenta que sempre
existe um novo “brinquedo” essencial, transformando a sociedade em uma massa de
consumidores.
No capítulo “O Amanhã Não Está à Venda”, Krenak critica a pandemia, que
ele vê como um alerta da natureza, lembrando que, sem ela, não somos nada. Ele
observa que a doença não faz distinção entre ricos e pobres, não respeita fronteiras
e atinge apenas os humanos, não afetando outras espécies. “Esse vírus está
discriminando a humanidade. Basta olhar em volta. O melão-de-são-caetano
continua a crescer aqui do lado de casa. A natureza segue. O vírus não mata
pássaros, ursos, nenhum outro ser, apenas humanos. Quem está em pânico são os
povos humanos e seu mundo artificial, seu modo de funcionamento, que entrou em
crise” (Krenak, 2020, p.81). Ele enfatiza a necessidade de desacelerar e refletir
sobre o modo de vida que levamos e sobre nossa fragilidade. Outro ponto abordado
é a forma como o governo tratou a doença no Brasil, com uma negligência que
revela o quão descartáveis nos tornamos quando deixamos de ser produtivos.
Durante a pandemia, parecia vantajoso que pessoas idosas ou à margem do
sistema morressem, pois deixariam de ser um “gasto” para o governo. Krenak
argumenta que a vida vai além da produtividade e que o amanhã não está à venda,
questionando como podemos construir um futuro enquanto o presente está em
erosão.
No último capítulo, “A Vida Não É Útil”, Krenak aborda o antropocentrismo –
a ideia de que o ser humano está no centro de tudo – e a marca que estamos
deixando no planeta. Ele descreve esse rastro como cada vez mais profundo e
irreversível para o planeta. Propõe, assim, que desaceleram o uso de recursos
naturais, não para evitar o fim do mundo, mas para adiar esse fim. Ele finaliza o
capítulo explicando por que a vida não é útil: porque ela vai além da utilidade para o
ser humano; a vida é para ser vivida, é fruição. Na minha percepção, o autor no faz
refletir sobre várias questões atuais que vemos todos os dias em nossas vidas mas,
com a “correria” do dia a dia, não paramos para pensar. A mensagem do livro é
buscarmos uma vida que valorize a natureza e a coletividade para termos a chance
de um futuro.

REFERENCIA

Krenak . A. R. C. A Vida Não é Útil. 1ª. ed. São Paulo: Companhia das Letras 2020.

Você também pode gostar