Trabalho constitucional sobre racismo
Trabalho constitucional sobre racismo
Trabalho constitucional sobre racismo
trabalho prisional - Distinção entre trabalho forçado e trabalho obrigatório: este último
faz parte da laborterapia inerente à execução da pena do condenado que necessita de
reeducação, e nada melhor do que fazê-lo por intermédio do trabalho; por outro lado, a
Constituição Federal veda a pena de trabalhos forçados (art. 5.º, XLVII, c), o que
significa não poder se exigir do preso o trabalho sob pena de castigos corporais e sem
qualquer benefício ou remuneração. Diz LUIZ VICENTE CERNICCHIARO: “Extinta a
escravatura, não faz sentido o trabalho gratuito, ainda que imposto pelo Estado,
mesmo na execução da sentença criminal. A remuneração do trabalho está
definitivamente assentada. O Direito Penal virou também a página da história. O
Código Criminal do Império estatuía no art. 46: ‘A pena de prisão com trabalho obrigará
os réus a ocuparem-se diariamente no trabalho que lhes for designado dentro do
recinto das prisões, na conformidade das sentenças e dos regulamentos policiais das
mesmas prisões’. A superação do trabalho gratuito caminha paralelamente à rejeição
do confisco de bens”
Banco de horas: há quem sustente a inexistência legal do banco de horas, mas ele é
justo e indispensável. A Lei de Execução Penal prevê o trabalho diário do condenado de
seis a oito horas (errou nessa disposição, justamente por deixar o tema em aberto). O
preso que trabalhar seis horas terá um dia computado para fins de remição. Ora, o
preso que trabalhar oito horas não poderá ter simplesmente um dia computado para
fins de remição, pois terá trabalhado duas horas a mais que o outro. Assim sendo,
quanto ao segundo preso, computa-se seis horas do seu trabalho de oito; reserva-se
duas horas, lançando-as no seu banco de horas; computa-se mais um dia de trabalho
(oito horas) do mesmo jeito que o anterior; acresce-se o terceiro dia de trabalho (oito
horas) da mesma maneira. Com isso, esse sentenciado terá trabalhado três dias (seis
horas cada) e mais um dia (soma das duas horas remanescentes de cada um desses
três dias).
Momento para a decretação da perda dos dias remidos: deve ocorrer após sindicância
no presídio, garantindo-se ao preso a ampla defesa. Atualmente, não perde o
sentenciado todos os dias remidos, em caso de falta grave, mas somente o montante
de até um terço, devendo o juiz motivar o quantum escolhido.
Fuga e tentativa de fuga para efeito de remição: enquanto a fuga é considerada falta
grave e acarreta a perda dos dias remidos, a tentativa de fuga não faz perder a remição
conseguida, pela inaplicação do disposto no art. 49, parágrafo único, da LEP (“pune-se
a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada”), pois não é falta grave –
para fins penais.
Inexistência de oportunidade de trabalho ou estudo no presídio: tem-se apontado não
caber a remição, pois a lei é clara, exigindo o efetivo trabalho ou frequência escolar
para a redenção da pena. Essa seria a solução técnica correta, vedando-se a
denominada reincidência ficta. Porém, no Brasil, acompanhando-se o imenso descaso
dos governantes no tocante aos presídios, preferindo retirar o trabalho do preso,
terceirizando tudo o que é possível, como sustentar tal posição? A política criminal há
de determinar um caminho para o preso que deseja trabalhar ou estudar e não pode
porque o Estado não permite. Aliás, por que o Executivo prefere terceirizar os serviços
de cozinha, lavanderia, limpeza e consertos no presídio, dentre outros? Diz-se ser
medida de economia, mas o cumprimento de pena não deve ser valorado em termos
de gastos reduzidos, pois isso acarreta a frustração da ressocialização dos
condenados, gerando, no futuro, o incremento da criminalidade. Há quem aponte
como erro a decisão judicial que permite a remição do preso pela leitura de um livro
(em alguns casos, sem a conferência de ter sido eficiente o resultado da referida
leitura), mas é uma alternativa para a omissão do Estado, que deveria proporcionar
mecanismos eficientes de trabalho e estudo. Em suma, somos obrigados a alterar
nossa posição para defender a possibilidade de remição, caso a administração
penitenciária não proporcione trabalho ou estudo
Preso provisório e direito à remição: havia, basicamente, duas correntes opostas nesse
tema: a) admitia-se a remição porque o art. 2.º, parágrafo único, da Lei de Execução
Penal determina que o disposto nessa lei seja também aplicado aos presos
provisórios, incluindo, pois, o direito à remição. Por outro lado, aplicava-se o disposto
no art. 31, parágrafo único, da LEP: “Para o preso provisório, o trabalho não é
obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento”; b) não se
admitia a remição porque seria um autêntico bis in idem diante da detração, que já é o
benefício para quem está preso provisoriamente, além do que o art. 126 da LEP diz que
a remição só cabe a condenado. Atualmente, a questão está superada pela edição da
Lei 12.433/2011, deixando claro o direito do preso provisório à remição (art. 126, § 7.º,
LEP). E o fez com justiça, pois já se consagrou o direito à execução provisória da pena,
não tendo cabimento algum se impedir o trabalho do segregado; se ele pode progredir
de regime, por óbvio, pode (e deve) trabalhar para mostrar merecimento.
In verbis, dispõe o art. 126 da LEP: “o condenado que cumpre a pena em regime
fechado ou semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de
execução da pena. § 1.º A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: I
– 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar – atividade de ensino
fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou superior, ou ainda de
requalificação profissional – divididas, no mínimo, em 3 (três) dias; II – 1 (um) dia de
pena a cada 3 (três) dias de trabalho. § 2.º As atividades de estudo a que se refere o §
1.º deste artigo poderão ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de
ensino a distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais
competentes dos cursos frequentados. § 3.º Para fins de cumulação dos casos de
remição, as horas diárias de trabalho e de estudo serão definidas de forma a se
compatibilizarem. § 4.º O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no
trabalho ou nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. § 5.º O tempo a
remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3 (um terço) no caso de
conclusão do ensino fundamental, médio ou superior durante o cumprimento da pena,
desde que certificada pelo órgão competente do sistema de educação. § 6.º O
condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que usufrui
liberdade condicional poderão remir, pela frequência a curso de ensino regular ou de
educação profissional, parte do tempo de execução da pena ou do período de prova,
observado o disposto no inciso I do § 1.º deste artigo. § 7.º O disposto neste artigo
aplica-se às hipóteses de prisão cautelar. § 8.º A remição será declarada pelo juiz da
execução, ouvidos o Ministério Público e a defesa”.
Lembre-se, com base no § 8.º suprarreferido, que o juiz declara remidos os dias de
pena, conforme o trabalho ou estudo desenvolvido. Antes, porém, deve ouvir o
Ministério Público e a defesa. Na anterior redação da lei, somente o órgão ministerial
era ouvido previamente; com razão, estendeu-se tal direito ao defensor, constituído,
dativo ou público. Privilegia-se, cada vez mais, a atuação da defesa técnica no curso
da execução penal.
Acidente do trabalho
Sob outro aspecto, pensamos que, no mínimo, deve-se anotar em seu prontuário a
continuidade das mesmas atividades anteriormente desenvolvidas, antes do acidente,
nos termos e horários efetivados. Se o preso não trabalhava ou estudava, uma vez
acidentado, nada terá a computar em favor da remição.