Juliana Fujiyama Id861356
Juliana Fujiyama Id861356
Juliana Fujiyama Id861356
BAURU
2021
JULIANA ZULATO FUJIYAMA
BAURU
2021
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com
ISBD
Banca examinadora:
___________________________________________________
Prof.ª M.ª Gloria Lucia Rodríguez Correia de Arruda (Orientadora)
Centro Universitário Sagrado Coração
___________________________________________________
Prof.ª M.ª Tatiana Ribeiro de Carvalho (Avaliadora)
Centro Universitário Sagrado Coração
___________________________________________________
M.ª Thaís Regina Silva Cardoso e Oliveira (Avaliadora)
Arquiteta e Urbanista
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, ao meu esposo e aos meus pais,
com carinho.
"A nossa mais elevada tarefa deve ser a de
formar seres humanos livres que sejam
capazes de, por si mesmos, encontrar
propósito e direção para suas vidas."
Rudolf Steiner
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo propor a implantação de uma escola pública
de educação infantil, na cidade de Bauru, São Paulo, baseada nos preceitos da
pedagogia Waldorf, tendo em vista que a cidade não conta com instituições de ensino
públicas com metodologias não tradicionais. Este trabalho se embasa na
compreensão da história e o processo de formação da educação brasileira, bem como
a evolução das edificações escolares, enfatizando a importância desses dois aspectos
no processo de aprendizagem infantil. Faz parte do repertório a introdução de diversos
métodos de ensino e suas premissas, principalmente a pedagogia Waldorf, sua
fundamentação e seus parâmetros projetuais. A fim de apoiar o repertório sobre o
tema, centra-se na revisão da bibliografia, análise de obras correlatas, registro e
levantamento de dados a partir de mapas e fotos. Este trabalho visa desenvolver um
ambiente de alta qualidade arquitetônica que contribua para a sociedade
proporcionando acesso a população carente a métodos de ensinos alternativos.
This work aims to propose the implementation of a public school for early
childhood education, in the city of Bauru, São Paulo, based on the precepts of Waldorf
pedagogy, considering that the city does not have public education institutions with
non-traditional methodologies. This work is based on the understanding of the history
and formation process of Brazilian education, as well as the evolution of school
buildings, emphasizing the importance of two aspects in the process of childhood
learning. The introduction of different teaching methods and their premises is part of
the repertoire, especially the Waldorf pedagogy, its foundations and design
parameters. In order to support the repertoire on the subject, it focuses on reviewing
the bibliography, analyzing related works, recording and collecting data from maps and
photos. This work aims to develop an environment of high architectural quality that
contributes to a society providing access to an underprivileged population to alternative
teaching methods.
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................... 17
1.1 JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 18
1.2 OBJETIVOS ............................................................................................... 19
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................ 19
1.2.2 Objetivos específicos ............................................................................... 19
1.3 MÉTODOS DE PESQUISA ........................................................................ 20
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................. 21
2.1 EVOLUÇÃO DA EDUCAÇÃO E DOS MÉTODOS EDUCATIVOS ............. 21
2.2 DOS JESUÍTAS AO CONTEMPORÂNEO: A EDUCAÇÃO NO BRASIL.... 26
2.3 A ARQUITETURA E A EDUCAÇÃO NA PRIMEIRA INFÂNCIA ................. 33
2.4 METODOLOGIAS PEDAGÓGICAS ........................................................... 34
2.4.1 Metodologias usuais ................................................................................ 35
2.4.1.1 Metodologia tradicional ..................................................................................... 35
2.4.1.2 Metodologia Construtivista ............................................................................... 35
2.4.2 Metodologias não usuais ......................................................................... 36
2.4.2.1 Metodologia Pikler ............................................................................................. 36
2.4.2.2 Metodologia Montessori.................................................................................... 37
2.4.2.3 Metodologia Waldorf ......................................................................................... 37
2.5 O SISTEMA DE ENSINO WALFORF ......................................................... 37
2.5.1 Rudolf Steiner: um breve histórico ......................................................... 38
2.5.2 Antroposofia: conceitos básicos para compreender a pedagogia
Waldorf ................................................................................................................... 40
2.5.3 A pedagogia Waldorf ................................................................................ 43
2.5.4 Arquitetura escolar Waldorf .................................................................... 46
3. REFERENCIAL PROJETUAL ................................................................... 54
3.1 ANÁLISE DE OBRAS CORRELATAS ........................................................ 55
3.1.1 Casa das Crianças | MU Architecture ..................................................... 55
3.1.2 Escola Waldorf Ecoara | Shieh Arquitetos Associados ........................ 59
3.1.3 Ratchut School | Design in Motion.......................................................... 62
3.2 VISITAS TÉCNICAS ................................................................................... 66
4. CONTEXTO LOCAL .................................................................................. 68
4.1 A CIDADE DE BAURU/SP ......................................................................... 68
4.1.1 História e formação administrativa da cidade ....................................... 69
4.1.2 Panorama sócio econômico .................................................................... 69
4.1.3 A educação em Bauru .............................................................................. 70
4.2 A ÁREA ESCOLHIDA ................................................................................. 72
4.2.1 A escala da cidade.................................................................................... 72
4.2.1.1 Localização e equipamentos urbanos ............................................................. 72
4.2.1.2 Legislação e zoneamento................................................................................. 74
4.2.2 A escala do bairro..................................................................................... 76
4.2.2.1 Uso e ocupação do solo ................................................................................... 76
4.2.2.2 Cheios e vazios ................................................................................................. 78
4.2.2.3 Gabarito das edificações .................................................................................. 79
4.2.2.4 Mapa de bairros................................................................................................. 81
4.2.2.5 Sistema viário e fluxos ...................................................................................... 82
4.2.3 Escala do terreno ..................................................................................... 83
4.2.3.1 Mapa topográfico, mobiliário urbano, plantas e cortes .................................. 83
4.2.3.2 Mapa de visadas, insolação e ventos predominantes ................................... 79
5. PROPOSTA PROJETUAL ......................................................................... 81
5.1 CONCEITO E PARTIDO ............................................................................ 81
5.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES ............................................................ 82
5.3 ANTEPROJETO ......................................................................................... 85
5.3.1 Implantação ............................................................................................... 86
5.3.2 Plantas ....................................................................................................... 88
5.3.2.1 Edifício administrativo ....................................................................................... 88
5.3.2.2 Edifício hexagonal ............................................................................................. 91
5.3.2.3 Edifício do ensino fundamental ........................................................................ 96
5.3.3 Cortes ...................................................................................................... 101
5.3.4 Volumetria ............................................................................................... 102
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................... 107
7. REFERÊNCIAS ........................................................................................ 108
17
1. INTRODUÇÃO
1.1 JUSTIFICATIVA
Esta proposta almeja unir arquitetura, educação e inclusão, como uma forma
de contribuir para a evolução saudável e humanizada das crianças da rede municipal
e consequentemente, formar a médio e longo prazo, cidadãos melhores e mais
empáticos para o mundo.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho possui como objetivo geral propor a implantação de uma escola
pública de educação infantil, na cidade de Bauru, São Paulo, baseada nos preceitos
da pedagogia Waldorf, criando ambientes físicos escolares humanizados baseados
em quatro fatores, conforme Kowaltowski (2011): atmosfera caseira, presença da
natureza, adequação à escala humana e estética agradável.
Além disso, é proposta a aplicação de arquitetura sustentável, destacando-se
o emprego de materiais naturais nas edificações, mobiliários e objetos, além da
criação de ambientes funcionais e polivalentes que deem suporte às variadas
experiências de aprendizado, visando uma concepção arquitetônica que otimize a
iluminação e ventilação natural.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nas culturas primitivas, a educação acontece sem uma estrutura formal, sendo
impulsionada pela necessidade de transmitir o conhecimento e integrar o indivíduo à
sociedade. Desse modo, o ambiente onde se vive pode ser chamado de escola e
todos os membros da sociedade exercem o papel de educador, com influência maior
da família. (KOWALTOWSKI, 2011)
De geração em geração, o conhecimento era transmitido aos jovens,
geralmente, através do trabalho. Para isso, um adulto adotava uma criança como
aprendiz e a medida que a mesma trabalhava, aprendia a técnica que o mestre
dominava. Dessa forma, a questão educativa ultrapassava o ambiente familiar e
surgia o embrião da instituição do saber: a escola.
A crescente complexidade da sociedade, o aumento da divisão de trabalho e a
categorização da comunidade em classes sociais, culminam com a necessidade de
se ter uma instituição intelectual centralizada. Ao decorrer das gerações esta entidade
se consolida e define a divisão interna da sociedade, tendo o papel de doutrinar o
jovem, ditando como irá crescer e qual será seu futuro.
22
Para Cambi (1999), a instituição escolar consagrou-se como o meio mais eficaz
de perpetuar os interesses das classes dominantes, de maneira que apenas uma
minoria de iniciados, se perpetuavam no poder.
Jaeger (1986) descreve que da Grécia, surge a base da educação formal para
as culturas ocidentais. Surge também a figura do pedagogo, que em uma tradução
literal - paidós (criança) e agogôs (condutor) - é um “condutor de crianças”, ou seja,
tem o trabalho de conduzir as crianças no processo de aprendizado.
Durante a história nota-se, em várias épocas, que o desenvolvimento da
educação se confunde com o desenvolvimento das religiões dominantes. Após a
reforma religiosa, iniciada em 1517, os jesuítas, seguidos por outras congregações e
ordens religiosas criaram um modelo de instituição educacional destinado aos filhos
das classes privilegiadas: os colégios. (KOWALTOWSKI, 2011)
O desenvolvimento de técnicas e a especialização dos saberes obrigavam cada
vez mais pessoas a se educarem. Por exemplo:
Conforme narra Melo (2012), em 1808 a família real foi obrigada a sair de
Portugal e vir para o Brasil. Esse evento propiciou na educação a criação de
academias militares e dos primeiros cursos superiores, que deveriam suprir as novas
necessidades técnicas e atender as exigências do mercado europeu.
Entretanto, a educação escolar continuou sendo exercida de forma
fragmentada e sem uma estrutura organizacional. O ensino primário exercia apenas
o papel de ensinar a ler e escrever e o ensino secundário permaneceu com a estrutura
das aulas régias.
Com o crescente descontentamento por parte da aristocracia rural com o
sistema colônia-metrópole, ligado com o retorno da família real a Portugal, foi notada
a oportunidade de efetivar a emancipação do país. Como consequência, em 1822, o
príncipe regente Dom Pedro I proclamou a independência do Brasil (Figura 5),
iniciando assim o período imperial brasileiro.
nacional (Figura 6) e implantou-se o método de ensino mútuo, aplicado até 1854 sem
muito sucesso. (ARANHA, 2012)
De modo geral, podemos dizer que ainda não havia uma política de educação
sistemática e planejada. As mudanças feitas tendiam a resolver apenas problemas
imediatos com o menor gasto possível e o ensino destinava-se, na realidade, aos
privilegiados da sociedade. O autor Melo (2012, p.34) corrobora com o enunciado,
“basta relatar que o Brasil tinha nesta época uma população de 10 milhões de
habitantes e apenas 150.000 alunos matriculados em escolas primárias”.
Durante a primeira república (1891 – 1929), a constituição de 1891 determinou
que a responsabilidade da educação ficasse a cargo dos estados. Neste período
ocorreram diversas reformas educacionais, mas que efetivamente só aplicavam
modelos importados, distantes das necessidades da sociedade brasileira. Esta prática
pedagógica, dependente cultural, política e economicamente da Europa, fez com que
o índice de analfabetismo, em 1920, atingisse 75% da população. (MELO, 2012)
A partir de 1930 a educação como instituição ganha contornos mais definidos,
através da criação do Ministério de Educação e Saúde proposto pelo governo
provisório de Getúlio Vargas. A constituição de 1934 estabelece pela primeira vez que
a educação é um direito de todos e deve ser promovida pelos poderes públicos e pela
família.
Nota-se na Figura 7, o modelo educacional proposto pelo governo de Getúlio,
que tinha a intenção de intermediar a relação conflitante entre as classes empresariais
e operárias, através da criação de dois tipos de ensino: um para quem pretendia cursar
31
A primeira infância, idade que vai do zero aos seis anos, é um momento
fundamental no desenvolvimento cerebral da criança, já que terá suas primeiras
experiências com o mundo em que a cerca. É nesse momento que ela estabelecerá
os primeiros vínculos afetivos e haverá seus primeiros aprendizados, que afetarão
profundamente seu posterior desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social.
Sendo assim, quando analisamos especificamente a tipologia educacional,
notamos que o contato da criança com o mundo externo, na primeira infância, se dá
no âmbito escolar. Vemos que o projeto arquitetônico deve ir muito além das questões
físicas da ergonomia, mas a arquitetura deve ser vista como uma ferramenta
educacional.
Segundo Horn (2004), o espaço não é algo estático, mas é visto como um
ambiente vivo, que passa por várias transformações. Dessa forma, o espaço pode
potencializar as práticas pedagógicas, fazendo com que a aprendizagem ocorra de
modo mais eficiente. Para o autor, “é no espaço físico que a criança consegue
34
O método de ensino Waldorf foi desenvolvido pelo filósofo Rudolf Steiner. Ele
acredita que a educação deve promover o desenvolvimento harmonioso dos alunos,
estimular clareza de raciocínio, equilíbrio emocional e pró-atividade.
O ensino deve incluir os aspectos físicos, emocionais e intelectuais dos alunos.
Por estes motivos, a pedagogia Waldorf atribui grande importância ao contato com a
natureza, às atividades esportivas, aos trabalhos manuais (como o tricô) e ao
desenvolvimento das habilidades artísticas dos estudantes.
As escolas Waldorf são instituições educacionais que não fazem uso do método
pedagógico tradicional. Elas seguem uma linha pedagógica própria, dedicando-se ao
ensino infantil, fundamental e médio para crianças e jovens.
38
Dos dezoito aos vinte e um anos, Steiner conhece vários artistas, poetas e
intelectuais em um café de Viena que frequentava. Nessa época, desenvolveu a
Ciência Antroposófica e começou a editar obras cientificas de Goethe, escritor que
influenciou muito sua perspectiva e pesquisa. Em 1882 Rudolf publica seu primeiro
volume de uma coleção sobre os escritos de Goethe, atingindo assim o
reconhecimento público. (WILSON, 1988)
Entre 1884 e 1890, um acontecimento que marcou a sua biografia foi a sua
ocupação como professor particular de quatro irmãos. Um dos alunos sofria de
hidrocefalia e mal falava, porém, com o acompanhamento de Steiner o menino
progrediu muito e depois se formou em medicina.
Após concluir seu doutorado em filosofia, em 1897, Steiner vai para Berlim
trabalhar como editor de uma revista literária, na qual passou a dedicar-se a uma
intensa atividade de conferencista e escritor no intuito de expor e divulgar os
resultados de suas pesquisas científico-espirituais, de início no âmbito da Sociedade
Teosófica e mais tarde da Sociedade Antroposófica, por ele fundada.
Em 1913 Steiner constrói a primeira sede mundial do movimento antroposófico,
o Goetheanum, em Dornach, na Suíça. Em 1914 Rudolf se casa com Marie Von Sivers
e nos dez anos seguintes, passa a desenvolver diversas áreas do conhecimento
humano a partir da sua perspectiva Antroposófica. Fernandes (2017) narra que:
Desse modo, a antroposofia finda uma nova imagem do ser humano, um ser
quadrimembrado (Figura 11), único e singular capaz de pensar, induzir sentimentos,
criar conceitos e ideias complexas, além de viver experiências sensoriais de forma
abstrata.
42
Para a pedagogia Waldorf a criança deve ter confiança no mundo e, por outro
lado, o mundo deve ser real aos seus olhos e tudo deve ser o que parece ser. Portanto,
são utilizados apenas materiais naturais como madeira, pedra, tecido de fibra natural.
(LANZ, 1998)
O segundo setênio é o período entre os sete e quatorze anos. Nesse estágio,
fantasia, sentimento e imaginação são as forças que atuam no corpo da criança. No
aspecto físico, esta etapa está ligada ao sistema rítmico do coração e da respiração,
que são associados ao sentimento.
Portanto, no segundo setênio, a chave de ouro da educação é trabalhar com
os sentimentos da criança, apelar para sua fantasia criativa e potencializar esses
poderes por meio de imagens (LANZ, 1998).
Portanto, nesse período, as atividades artísticas ocupam lugar de destaque nas
Escolas Waldorf, tanto como meio de divulgação material como ferramenta auxiliar de
difusão do conhecimento. Dessa forma, o ponto de partida é o elemento artístico. A
prática de música, desenho e pintura busca, gradativamente, extrair formas
desenhadas da forma escrita, iniciando-se o ensino da escrita e depois da leitura
(STEINER, 2003).
Na adolescência, entre quatorze e vinte e um anos, é o momento em que o
poder da razão desperta. No terceiro setênio conceitos abstratos e julgamentos morais
são introduzidos, pois quando o senso crítico do jovem é despertado, ele se torna
capaz de absorver esse conhecimento. (LANZ, 1998).
Dessa forma, no processo de crescimento das crianças, a pedagogia Waldorf
parte da fantasia e dos sonhos, ultrapassa os limites da realidade terrestre e adquire
conhecimentos abstratos por meio da arte. Como afirma Lanz (1998), o caminho deve
ser a vontade do sentido, e daí para o raciocínio. O currículo escolar segue esse
caminho, de modo que as crianças são incentivadas a aprender a fantasia e a
imaginação desde os primeiros anos. No ensino fundamental, a criança desenvolve
sua habilidade prática, intuição e compreensão específica do mundo ao seu redor e
finalmente, na adolescência, começa a desenvolver suas habilidades para a razão.
(ALVAREZ, 2010)
Esse método de ensino ainda possui duas características importantes. Em
primeiro lugar, ele sempre usa o conhecimento existente da criança para trabalhar, ou
seja, ela começa com coisas concretas todos os dias, e depois introduz assuntos não
familiares, coisas novas e abstratas. Esse processo permite que temas já vistos
46
Fonte: https://www.redalyc.org/jatsRepo/1936/193666072007/html/index.html
Fonte: https://www.redalyc.org/jatsRepo/1936/193666072007/html/index.html
Fonte: http://www.karlsruhe.de/b4/stadtteile/norden/waldstadt/stadtteilheute.de
Por exemplo, nas escolas Waldorf existem espaços abertos para eventos
prolongados, celebrações, socialização e conexões com a natureza, e espaços
fechados para atividades concentradas, aulas de instrução e artesanato. Existem
também salas e oficinas especializadas, principalmente para alunos do ensino médio,
como carpintaria e serralheria.
Segundo Oliveira (2016), os aspectos físicos das salas de aula devem ser
concebidos de forma que, além de transmitirem uma sensação de segurança e
proteção, sejam mais agradáveis e eficazes para o crescimento das crianças. Por esse
motivo, a arquitetura da Escola Waldorf preconiza o uso de diferentes formatos nas
salas de aula, desde a planta baixa até as esquadrias, bem como a variação no
tamanho do mobiliário e do próprio ambiente (BEYER, 2015).
Os ambientes também podem ter cantos e teto mais baixos, tornando a sala de
aula um local menor, aumentando assim a sensação de proteção e proporcionando
espaço para jogos e socialização. Nesse sentido, as mudanças no formato da sala de
aula irão variar de acordo com as necessidades de desenvolvimento das crianças, sua
escala e tipo de aprendizagem (Figura 16).
51
Fonte:https://www.pinterest.com/rsskl/%20(esquerda)%20e%20http://www.energyandsustainabledesi
gn.com/%20(direita)
Fonte: http://kimberton.org/academics/early-child
52
que pode afetar diretamente os alunos é a ventilação natural, que deve ser utilizada
tanto quanto possível, pois contribui para um ambiente saudável, regula a umidade e
a temperatura, evita a formação de fungos e proporciona melhor qualidade do ar.
(KOWALTOWSKI, 2011)
Fonte:http://www.erziehungskunst.de/en/article/building-schools/human-beings-as-the-measure-
ofthings-on-the-architecture-of-waldorf-schools/ (esquerda) e http://peters-schmitter.de (direita).
Fonte: http://www.marecollege.nl/
3. REFERENCIAL PROJETUAL
O partido arquitetônico foi definido com base na floresta ao seu redor. A escola
serpenteia pelo terreno e seu telhado curvo abriga caminhos e pátios que permitem
as crianças um contato com a natureza em quase sua totalidade.
A implantação do edifício agrega ritmo ao projeto, que foi pensado para se
estender por entre a floresta. Seu plano incorpora três eixos que se estendem
formando parques infantis que setorizam as faixas etárias.
Para melhor entendimento a implantação e o corte foram divididos em setores
conforme mostram as Figura 23 e Figura 24.
Fonte: MU Architecture
A segunda obra escolhida para análise foi a Escola Waldorf Ecoara (Figura 26),
do escritório de arquitetura Shieh Arquitetos Associados. A escola está localizada na
cidade de Valinhos, no interior do estado de São Paulo, próximo a região
metropolitana de Campinas (ARCHDAILY, 2019). A obra foi escolhida devido a
arquitetura modular que foi implantada no projeto, permitindo a sua total
desmontagem e ampliação quando necessário.
A última obra escolhida para análise foi a Ratchut School (Figura 31), que está
localizada na cidade de Tambon Hua Nong na Tailândia (ARCHDAILY, 2018). A obra
foi escolhida devido aos seus espaços internos projetados especialmente para as
crianças na primeira infância e também pelas características empregadas nas suas
áreas externas.
63
A escola infantil foi idealizada pelos arquitetos Pakapong Leelatian, Narin Bunjun
e Sirin Vanichvoranun, do escritório de arquitetura Design in Motion, sendo construída
em 2016. Sua área é de 1100 m² e atende crianças de 0 a 5 anos. O projeto surgiu a
partir da necessidade de se ter um ambiente ideal para a aprendizagem Montessori,
no qual a escola deve se assemelhar a uma casa. (ARCHDAILY, 2018)
Neste projeto, os locais de aprendizagem são divididos em pequenas salas onde
as crianças são incentivadas a explorá-los. Além disso, o layout do edifício foi
cuidadosamente projetado para colaborar com a autoaprendizagem das crianças
através do contato com a natureza. Dessa forma espaços internos e externos são
interligados para que a arquitetura e a paisagem ofereçam diferentes estímulos aos
alunos (Figura 32 e Figura 33).
64
Por último, têm-se como objeto importante para análise os caminhos cobertos,
que fazem a ligação entre todos os edifícios e trazem ao projeto um pouco da
arquitetura orgânica. Estes caminhos trazem ritmo e promovem a quebra da
monotonia das cores claras e agregam força e criatividade ao projeto – Figura 35.
A Ratchut School serviu de inspiração para a concepção das áreas externas do
presente projeto: a criação de espaços lúdicos, utilizando materiais naturais e
recicláveis, ajudam no desenvolvimente das crianças através da percepção de formas
e texturas. A trilha sensorial, o tanque de areia, a parede de escalada e os brinquedos
externos consolidam esse ideal primordial para o método. A localização das árvores
foi pensada de forma a fornecer sombra aos pequenos durante os períodos de recreio
e integram os caminhos entre os prédios.
4. CONTEXTO LOCAL
A vasta região onde se localiza Bauru, inicialmente era habitada por indígenas
caingangues e guaranis. Ponto de travessia das expedições que iam até Mato Grosso
e Goiás, no século XVIII, os primeiros bandeirantes tentaram se estabelecer aqui, mas
foram impedidos pelos ataques indígenas. (ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA, 2005)
Por volta de 1856, Felicíssimo Antônio de Souza Pereira e Antônio Teixeira do
Espirito Santo se fixaram nessa região com suas famílias, fundando próximo ao
centro, a fazenda das flores.
Com a chegada do bandeirante mineiro Azarias Ferreira Leite, em 1889, que
iniciou a cultura do café em sua fazenda, outros pioneiros foram atraídos para o
povoado. Em 30 de agosto de 1893, foi criado o distrito no extinto município de Espírito
Santo da Fortaleza e em 1º de agosto de 1896, a sede do município foi transferida
para o povoado de Bauru, que assumiu essa denominação até os dias atuais. (IBGE,
2013)
O início da marcha para o Oeste, criado pelo governo Getúlio Vargas para
incentivar a ocupação e o progresso no Centro-Oeste brasileiro, fez com que muitos
migrassem para esta região. Dado o crescimento populacional de Bauru, houve a
necessidade de investimento em infraestrutura, principalmente no setor industrial. Em
18 de outubro de 1904, através do decreto nº 5349 foi oficializado a criação da
Companhia de Estradas de Ferro Noroeste do Brasil, cujo traçado partiria de Bauru.
(IBGE, 2013)
A cidade se desenvolveu em torno das ferrovias o que a tornou um importante
centro de ligação entre o interior e a capital, trazendo o progresso para a cidade sem
limites.
Este índice demonstra que Bauru encontra-se na 537ª colocação dentre 645
municípios do estado, o que enfatiza a necessidade da implantação de escolas
públicas com uma metodologia inovadora na cidade. (IBGE, 2010)
O município conta ainda com 303 escolas, sendo 45,2% delas
estabelecimentos de educação infantil, 35,3% instituições de ensino fundamental e
19,5% instituições de ensino médio (vide Tabela 1). Além disso existem três
universidades públicas, a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual
Paulista (Unesp), que possui no município seu maior campus, a Faculdade de
Tecnologia de Bauru (FATEC), e várias universidades particulares, como o Centro
Universitário Sagrado Coração (UNISAGRADO), Universidade Estadual Paulista
(UNIP), Anhanguera, e a Instituição Toledo de Ensino (ITE). (PREFEITURA, 2012)
72
Fonte: desenvolvida pela autora, com base nos dados da Secretaria da Educação (2021)
completo, atende sua região imediata e está situado majoritariamente nas três
principais avenidas do bairro. (G1, 2015)
A área possui infraestrutura urbana básica, compreendendo o abastecimento
de água potável, serviços básicos de saneamento, fornecimento de energia elétrica,
rede telefônica, transporte público e pavimentação na quase totalidade do bairro.
Nota-se também a escassez de áreas de lazer, esporte e escolas para as
crianças, o que corrobora com a necessidade de implantação de uma escola infantil
na região.
Em relação ao contexto da cidade, percebe-se que o bairro é uma região
afastada do Centro, ficando próxima do Distrito Industrial III. A principal via de acesso
bairro-centro se dá pela Avenida Nações Unidas Norte e a ligação do bairro com a
zona norte, leste e sul da cidade, se dá prioritariamente através da Rodovia Bauru
Marília e da Rodovia Marechal Rondon.
Próximo à área de intervenção é possível notar alguns equipamentos urbanos
(Figura 38). São eles: duas unidades de saúde, um reservatório de água do DAE, um
supermercado, um Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) e o Cemitério
Cristo Rei.
74
Localização do terreno
Por meio dele, foi verificado que na área é tolerado a construção de espaços,
estabelecimentos ou instalações destinadas à educação, lazer e cultura desde que
respeitando os coeficientes de Taxa de Ocupação e Coeficiente de Aproveitamento
estabelecidos na norma de parcelamento (Figura 40).
A regulamentação desse item na norma de parcelamento viabiliza a construção
de uma escola infantil na região, bem como a implantação de áreas de lazer e esporte
na área. Vale ressaltar que será necessário seguir as diretrizes descritas no Decreto
N° 12.372/1978 cap. VI (GOVERNO DE SÃO PAULO, 2017), o qual possui todos os
parâmetros obrigatórios para edificações escolares.
76
Fonte: Prefeitura municipal de Bauru Secretaria de Planejamento (1982), modificado pela autora.
Dessa forma, pode-se afirmar que, para que haja uma maior conexão com o
entorno, é recomendável que a edificação e as vegetações utilizadas no projeto não
possuam uma altura elevada. Porém, caso sejam deste porte, criará um contraste em
relação a região, o que resultará em uma visibilidade maior para o projeto.
81
A partir do mapa podemos verificar que o fluxo mais intenso da área acontece
na Rua Professor Ayrton Busch e na Avenida Engenheiro Paulo Frontin, vias estas
que fazem a ligação do bairro com as principais alças de acesso do mesmo. As vias
de fluxo médio estão localizadas em duas ruas perpendiculares as principais, pois
servem como ligação entre elas. Por último, as vias de fluxo baixo, que interligam as
residências, são a de maior ocorrência, pois trata-se de um bairro residencial.
Outro aspecto importante desta avaliação é que apenas duas ruas são de mão
única e todas as outras, de mão dupla. A oferta de transporte público no bairro não é
grande, entretanto, os pontos de embarque e desembarque se localizam próximo ao
terreno. Ademais verifica-se que a área de intervenção é bem localizada e de fácil
acesso, pois localiza-se entre as duas principais vias do bairro.
A área de estudo (Figura 46) está posicionada em uma região de transição entre
um relevo mais alto e um mais baixo, sendo assim, podemos inferir que a topografia
é acidentada com declive íngreme. A variação altimétrica da área de estudo é de cinco
metros, sendo a menor cota de 507 metros e a maior 512 metros.
A área encontra-se antropizada, com taludes de corte, uma quadra poliesportiva
construída, calçada e parte central do terreno patamarizada. Atualmente, o acesso ao
terreno se dá pela porção sul, na Alameda Sócrates, enquanto a porção mais ao norte,
apresenta-se com topografia mais íngreme e fortes declives devido ao talude
existente.
Sendo assim, observa-se que para a implantação do projeto serão necessárias
soluções que integrem todas as ruas do terreno, criando acessos que garantam a
acessibilidade e a formação de áreas atrativas para a população.
84
A porção longitudinal e transversal do terreno apresenta um comprimento de 84 metros que totalizam um área de 7008 m².
Nos cortes AA’ (Figura 47) e BB’ (Figura 48) é possível examinar com clareza o desnível e os mobiliários urbanos existente no
mesmo.
5. PROPOSTA PROJETUAL
Figura 51 - Croqui
De acordo com Kowaltowski (2011, p. 36) “O programa não é apenas uma lista
de ambientes, mas um documento que interage com as pedagogias e o modo de
abrigar as atividades essenciais para o tipo de ensino almejado.” Dessa forma o
programa de necessidades foi desenvolvido para atender os preceitos básicos da
pedagogia Waldorf e para melhor entendimento do mesmo, ele foi dividido em quatro
grandes setores: administrativo (Tabela 2), pedagógico (Tabela 3), serviços (Tabela
4) e de convivência (Tabela 5).
Por fim, temos o setor de convivência o qual contempla todas as áreas comuns
dos edifícios, como pátios, cobertos e descobertos, circulações, brinquedos,
auditórios, sanitários, hortas, entre outros (Tabela 5).
85
5.3 ANTEPROJETO
5.3.1 Implantação
Figura 53 - Implantação
5.3.2 Plantas
serviço pelo lado direito que dá acesso a um corredor técnico e uma área para
remoção do lixo.
Assim como uma casa, todas as salas são equipadas com uma área de
descanso (Figura 67), cozinha (Figura 66), uma área central ampla (Figura 64) e
possui variados cantos que estimulam a imaginação e a criatividade dos pequenos. O
mobiliário proposto (Figura 65) foi projetado no formato trapezoidal, o qual favorece
94
diferentes formações com as carteiras, além de ser leve para faciliar sua
movimentação.
A Figura 71, Figura 72, Figura 73, Figura 74, Figura 75, Figura 76, Figura 77
mostra a volumetria do edifício.
5.3.3 Cortes
Na Figura 78, Figura 79 e Figura 80 podemos ver dois cortes que mostram o
desenvolvimento do edifício no terreno.
5.3.4 Volumetria
A Figura 81, Figura 82, Figura 83, Figura 84, Figura 85, Figura 86, Figura 87 e
Figura 88 mostram a volumetria esquemática do projeto onde é possível entender um
pouco melhor o funcionamento do mesmo.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
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[S. l.], 2020. Disponível em: https://www.arch2o.com/ratchut-school-design-in-motion/.
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Espaços na Educação Infantil. 12. ed. [S. l.]: Artmed Editora, 2004. 120 p.
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bois. [S. l.], 2021. Disponível em: https://mu-architecture.fr/projets/maison-des-
enfants-briis-sous-forges/. Acesso em: 6 maio 2021.
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ESTREITA E NECESSÁRIA RELAÇÃO ENTRE A PEDAGOGIA E A
ARQUITETURA ESCOLAR, Ivaiporã, 2018. Disponível em:
https://www.univale.br/wp-content/uploads/2019/09/PEDAGOGIA-2018_2-A-
ESTREITA-E-NECESS%C3%81RIA-RELA%C3%87%C3%83O-ENTRE-A-
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WILSON, Colin. Rudolf Steiner: o Homem e Sua Visão. São Paulo: Martins Fontes,
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