Projeto Mestrado Filosofia.docx
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO PROFISSIONAL EM FILOSOFIA
1 - INTRODUÇÃO
O cenário nacional se mostra conflituoso e polarizado ao extremo se distanciando da
filosofia quanto ao exercício pleno do intelecto. Essa panorâmica revela que existem
muitas discussões, opiniões, divergências com uma tentativa de defesa apenas de um
ponto de vista particular, raso (na maioria dos casos) ou, sem fundamento a não ser por
fake news1 ou uma opinião associada à politicagem pobre.
O diálogo que deveria ocorrer entre as pessoas e os grupos sociais, na verdade, seguem
na contra mão ao evitarem uma conversa que permita amadurecimento e
desenvolvimento humano. A filosofia sempre se manteve à frente em relação a este
diálogo, seja pelo conteúdo filosófico, seja como disciplina. E, além disso, segue
engendrada nas linguagens elaboradas pelas demais disciplinas escolares, como, também,
nas demais áreas técnico-científicas. O distanciamento da disciplina como dos conteúdos
e interpretações filosóficas poderão causar um dano intelecto-sociológico de grande
proporção, levando as relações humanas a comportamentos desumanos, brutais e sem
culpa. Isso, para alcançar a defesa desse ponto de vista particular com ‘valores’ viciosos e
de mera opinião.
Diante desta situação o cenário que se apresentar seja o mais propício para o ensino e a
relação das pessoas com a Filosofia e o ensino como disciplina para o diálogo e aplicação
filosófica da filosofia.
A Educação no Brasil está sobre uma forte ação modificadora desde 2016, chegando ao
ano de 2023 ocorrendo diversas reformas danosas e transformações mínimas, sejam elas
1
O termo vem do inglês fake (falsa/falso) e news (notícias). Dessa forma, em português, a
palavra significa notícias falsas. Apesar de ter se destacado recentemente, a expressão é bem
mais antiga e data do final do século XIX. Fake News são as informações falsas que viralizam
entre a população como se fosse verdade. Atualmente, elas estão, principalmente, relacionadas
às redes sociais.
políticas, estruturais, ideológicas, filosóficas ou científicas que apresentam vicissitudes
impactantes e retrocessos significativos que merecem atenção, cuidados e uma análise
profunda para uma (re)avaliação destas modificações se quisermos, de fato, seguirmos
em direção a uma ordem e um progresso.
Essas ações abrem margens para debates por se tratarem de discussões, modificações,
alterações, bloqueios, impedimentos de normas e econômicos que causam impactos
fortíssimos no ensino-aprendizagem e na estrutura educacional. Inicialmente, no dia de
16 de fevereiro de 2016, o ex-presidente Michel Temer sancionou uma medida provisória
com a Lei que reformula o ensino médio. A proposta aumentou a carga horária e divide a
carga horária entre disciplinas obrigatórias e optativas (BRASIL ESCOLA, 2017)
Como indicado pelas pesquisadoras Luciana Kubaski e Vera Lucia Martiniak (2018),
mestre e doutora em educação, em um artigo sobre a consolidação da disciplina de
filosofia, nota-se que a disciplina de Filosofia foi muitas vezes desvalorizada pelas
políticas e orientações para a educação brasileira. Não é perceptível investimentos na
ampliação de cursos de formação de professores de Filosofia para atuarem no Ensino
Médio. Outro agravante foi que durante muitos anos a Filosofia não se constituiu como
disciplina obrigatória no currículo, sendo colocada como optativa na grade curricular.
Nessas idas e vindas no currículo se percebe que não há interesse em priorizar uma
disciplina enquanto espaço de discussão crítica, na busca de soluções para problemas,
enfim, de formação intelectual diferente das demais ciências, devido às suas
especificidades (KUBASKI e MARTINIAK,2018).
Devido a estas mudanças precisamos acompanhar e estar atentos para possíveis ações
emergenciais e de planejamento com os novos desafios a serem apresentados aos
docentes e aos futuros docentes. Devemos ter em mente o que dizem NOVAES e
AZEVEDO (2010, p. 07) que são inúmeros os desafios colocados frente a Filosofia,
particularmente ao seu ensino, na perspectiva da necessária atualização da educação
básica brasileira.
Este distanciamento com a Filosofia e com a disciplina em nosso cenário pode anunciar
uma problemática grave sobre a interpretação filosófica política, cultural, das leis e da
espiritualidade existente na História da humanidade. E, quando falamos de Educação,
podemos esperar uma dificuldade por parte de formadores, educadores e professores que
não se familiarizaram de maneira aberta ao exercício filosófico, além do vocabulário e
símbolos da filosofia.
O vocabulário e os símbolos filosóficos são diversos para serem ensinados pelos textos
clássicos, pelos descritores e descritoras, como, também, por elementos utilizados desde
o período clássico nas Escolas Filosóficas que são a arte, arquitetura, pintura, escultura, o
corpo, a poesia, o teatro, a música, astronomia e astrologia, religião, enfim, a pluralidade
de letramentos que cada Escola Filosófica encontrou como linguagem para o ensino.
Temos uma problemática a ser pensada quando se trata dos discentes em formação no
curso de licenciatura plena no ensino de filosofia, que é a seguinte: como saber garantir
uma aproximação, os testes e a validação de seus métodos para o ensino de filosofia?
Esses estudantes podem encontrar o espaço e segurança ao participarem do Programa
Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência – PIBID. O PIBID (Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência) é um programa do governo federal, criado pelo MEC,
através da CAPES, pela portaria de n° 72 de 09 de abril do ano de 2010. Aprovado pelo
decreto n° 6.316, de 20/12/07 e com base na lei de n° 11. 502, de junho de 2007, tem
como ideia principal a formação para o magistério da educação básica visando o
incentivo à docência, e é uma aproximação prática dos acadêmicos de licenciatura com a
realidade cotidiana dos jovens do ensino médio. O PIBID é direcionado de acordo com
cada área dos cursos de graduação. Estão entre os objetivos do programa: o incentivo à
formação contínua do licenciando com a realidade, ou seja, os acadêmicos estarão
presentes nas escolas, vivenciando desde a sua graduação o que é a docência.
Nessa trajetória não nos faltou clareza das dificuldades que seriam
enfrentadas para a implementação das atividades planejadas pelo grupo
PIBID/Filosofia nas escolas e das nossas próprias dificuldades em
organizar atividades/oficinas de Filosofia a partir dessa outra
perspectiva. Mas também sempre soubemos que precisávamos agarrar
com todas as nossas forças aquela possibilidade e nela investir para
experienciar o que teoricamente defendíamos. (2012, OIKÓS Ed., p.10)
A formação dos professores de filosofia somada ao PIBID terá muito disso, que é a
defesa do seu ponto de vista e sua subjetividade por integrante. Mais ainda com a
orientação de pessoas mais experientes sobre o que é a sala de aula, a realidade escolar,
oferecendo uma estrutura científica, metodológica e filosófica que garante uma defesa
maior e melhor de fundamentos seguros para o ensino filosófico da filosofia.
Além disso, faz com que a figura do professor de filosofia seja algo libertador para as
pessoas e para as mentes delas, como reportam BARRA e BARREIRA (2021) que a
autoridade do professor de Filosofia não se deve à sua função ou ao seu lugar
institucional; ao contrário, ela deve decorrer da sua capacidade de atualizar no presente o
marco fundacional do passado eleito; do mesmo modo como sua autoria determina-se
pelas suas potencialidades de expandir o cotidiano dos estudantes em direção aos
"saberes filosóficos" da tradição. Logo, tornar-se ou fazer-se autoral consiste em assumir
o risco de construir um processo próprio; um processo que participa de uma longa
história, que não precisa ser inédito nem mesmo original, mas que deve se projetar na
perspectiva da primeira pessoa, a fim de que haja uma autêntica intervenção pessoal e
subjetiva.
E, para isso, a fala das professoras MENDES (2012) e SILVA (2012) da importância do
PIBID/Filosofia na educação e na ação propriamente dita sobre a leitura e escrita até a
leitura filosófica quando elas afirmam que
A leitura é um grande exemplo dessa busca por uma forma de ensino, sendo que a leitura
oferece uma maneira de experiência com algo já dialogado e bem-sucedido. Mas,
também apresenta o resultado como educação e ação. Ao lermos um texto, tanto o futuro
docente pelo PIBID/Filosofia como os alunos regidos, orientados ou participantes de uma
oficina junto aos pibidianos descobrem algo novo, transformador e revolucionário ao
intelecto, física, social e humanamente.
Os vocabulários e os símbolos filosóficos que estavam presentes, mas eram apenas
sombras projetadas, começam a ganhar significados mais ricos, detalhados e
transcendentes/imanentes nos sujeitos envolvidos.
Por isso a importância de registrar e estudar as conquistas das ações formativas da
licenciatura plena em Filosofia junto com o PIBID/Filosofia na Universidade Federal do
Acre. (Re)descobrir e propagar as conquistas e ações na educação e aprendizagem através
das vivências dos discentes, futuros professores, em suas tentativas de trazer a luz,
atualizando no presente sobre o passado eleito dos saberes e tradições filosóficas. Seja
com a leitura de textos clássicos, seja com pinturas, arquiteturas, quadrinhos, filmes etc.
Os estudantes são cheios de achismos em sala de aula e em suas vidas, e, nas oficinas as
problematizações são discutidas de maneira mais ampla desmistificando muito desses
achismos. Devido a isso, as vivências e experiências, tanto dos estudantes como dos
futuros professores, os pibidianos, devem ser narradas, explicadas e registradas. Obtendo
de forma documental estes relatos, sendo objeto de estudo e pesquisa de outros
profissionais quando interessados em (re)descobrir como foram as experiências
anteriores, compreender mais sobre os ambientes que tinham os profissionais em
determinada época, enfim, as respostas serão amplas para os temas propostos, para as
aulas, para os métodos testados e aplicados no ensino da disciplina de filosofia e do
exercício do filosofar.
Dessa forma, as oficinas de pensamento são descritas aqui como laboratórios importantes
para resoluções e aplicações metodológicas no ensino filosófico da filosofia. Como
descreve KOHAN (2013) de modo que pode ser interessante ter presente a pergunta pelos
sentidos do ensino de filosofia cada vez que nos colocamos a pergunta sobre como
fazê-lo. Se estivermos atentos a essa presença poderemos manter-nos dentro da própria
filosofia quando a ensinamos e, assim, fazer do seu ensino uma prática filosófica,
filosofante, aprendente no pensamento; desse modo, estaremos também prevenidos
contra a tentação de fazer do ensino de filosofia uma questão apenas técnica ou
instrumental. Trata-se de uma tentação porque pensamos que o ensino de filosofia ou é
filosófico ou não é propriamente ensino de filosofia. (p.77)
Com a utilização das Oficinas de Pensamento os professores e professoras poderão
aprofundar temas e conceitos diversos da filosofia, entre eles:
Ética - Estética - Política - Hermenêutica - Linguagem - Metafísica - Filosofia da
Mente - Fenomenologia - Lógica - Filosofia da Ciência
As oficinas ainda permitirão transversalizar pelos períodos que a Filosofia é dividida
historicamente, sendo elas:
- Filosofia Clássica
- Filosofia Árabe
- Filosofia Medieval
- Renascentista
- Iluminista
- Filosofia Moderna
- Filosofia Contemporânea
Entre outros pontos importantes, temas atuais que merecem atenção e aprofundamento
podem ser explorados para desconstruções e reconstruções juntos aos jovens. Além disso,
permitindo uma conversação sobre uma filosofia Amazônida. Sobre os escritos, a arte, a
cultura, a espiritualidade… um olhar para Si dentro da Amazônia Ocidental.
Objetivos Específicos:
a) Discorrer sobre as concepções de formação, experiências e vivências que o
programa oferece aos docentes de filosofia;
b) Problematizar o trabalho docente no ensino de filosofia buscando saber como
o PIBID/Filosofia educa o futuro docente e o coloca em ação para buscar
respostas aos problemas que irão se apresentado a cada dia de experiência na
escola;
c) Realizar uma ação pedagógica com produção de um livro que possa trazer
dados, registros de bolsistas e as análises com qualidades e defeitos ao
programa e aos bolsistas envolvidos. Tendo como sugestão duas oficinas
filosóficas que possam servir como norteadoras para os docentes.
ANO DE 2023:
Ma
Atividades/Meses Jan Fev Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
r
Início das atividades
X
educacional
Fichamento dos
títulos elencados na X X X X
bibliografia
Nova pesquisa
X X X
bibliográfica
Novas leituras sobre o
processo histórico da
educação e do ensino X X X
de filosofia,
fichamentos
Redação do capítulo
referente aos
Fundamentos X X X
Teóricos-Metodológic
os
Finalização e revisão
do capítulo referente
aos Fundamentos X
Teóricos-metodológic
os
ANO DE 2024:
Ma
Atividades/Meses Jan Fev Abr Mai Jun Jul Ag Set Out Nov Dez
r
Início das atividades
X X X
educacional
Coleta de dados /
Realização de
X X X X X X
documentos do
PIBID/Filosofia
Início da análise de
X X
dados
Exame de
X
qualificação
Redação do terceiro
X X
capítulo
Finalização e Revisão X X
Defesa da dissertação X
Entrega da versão
X
final
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Loyola. SP. 2007
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https://brasilescola.uol.com.br/noticias/lei-que-reformula-ensino-medio-sancionada-por-
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REFERÊNCIAS COMPLEMENTARES