Familia e Sucessões - IDR

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f

Familia e sucessões

Instituto Direito Real

Sandro Amaral
https://direitoreal.com.br/cursos/curso-de-
direito-de-familia-e-sucessoes
Sumário
SUMÁRIO............................................................................................................................................ 1

PLURALIDADE FAMILIAR..................................................................................................................... 3

FILIAÇÃO SOCIOAFETIVA..................................................................................................................... 5

ADOÇÃO E SOCIO AFETIVIDADE.....................................................................................................................6


ADOÇÃO DE NASCITURO..............................................................................................................................7
REPRODUÇÃO ASSISTIDA..............................................................................................................................8
PROVIMENTO 63/2017 CNJ.................................................................................................................10

INVESTIGAÇÃO DE PATERNIDADE...................................................................................................... 12

AÇÕES PARENTAIS....................................................................................................................................12
ADOÇÃO À BRASILEIRA OU SOCIO AFETIVIDADE..............................................................................................12
MULTIPARENTALIDADE..............................................................................................................................17
INVESTIGAÇÃO AVOENGA...........................................................................................................................20

GUARDA........................................................................................................................................... 21

PRESUNÇÃO RELATIVA...............................................................................................................................25
GUARDA E VISITAÇÃO...............................................................................................................................26
ALIENAÇÃO PARENTAL...............................................................................................................................27

PODER FAMILIAR.............................................................................................................................. 31

ALIMENTOS....................................................................................................................................... 36

PODER FAMILIAR......................................................................................................................................37
ALIMENTOS ENTRE PARENTES.....................................................................................................................39
ALIMENTOS AVOENGOS.............................................................................................................................40
CARACTERÍSTICAS.....................................................................................................................................42
ALIMENTOS E SOCIEDADE CONJUGAL...........................................................................................................46
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS...................................................................................................................49
ALIMENTOS GRAVÍDICOS............................................................................................................................51
ESTATUTO DO IDOSO................................................................................................................................53
1

ALIMENTOS E O PROCESSO................................................................................................................ 55
Página

REVISÃO DE ALIMENTOS............................................................................................................................56
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS.........................................................................................................................59
Prescrição da Prestação.................................................................................................................60
Procedimento.................................................................................................................................61
Prisão Civil......................................................................................................................................63

DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL...........................................................................................66

REGIME DE BENS......................................................................................................................................66
Separação Obrigatória...................................................................................................................68
SEPARAÇÃO LEGAL.........................................................................................................................69
Alteração Regime de Bens.............................................................................................................70
Participação Final nos Aquestos.....................................................................................................72
Comunhão Parcial de Bens.............................................................................................................73
Comunhão Total de Bens...............................................................................................................74
Separação de Bens.........................................................................................................................75
UNIÃO ESTÁVEL.......................................................................................................................................75
Traição...........................................................................................................................................77
Conversão da união estável em casamento...................................................................................78
DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE CONJUGAL........................................................................................................80
Formas de Dissolução....................................................................................................................80
PROJETO DE LEI Nº 2452/2019................................................................................................................87
DIVORCIO ELETRÔNICO..............................................................................................................................87

SUCESSÕES E INVENTÁRIO................................................................................................................. 88

INVENTÁRIO EXTRAJUDICIAL........................................................................................................................88
CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO................................................................................................................90
Sucessão Testamentária................................................................................................................91
Inventário Judicial..........................................................................................................................92
Primeiras Declarações....................................................................................................................95
Sucessão dos Descendentes...........................................................................................................97
Sucessão dos Ascendentes.............................................................................................................99
Sucessão do Cônjuge....................................................................................................................101
Sucessão dos Colaterais...............................................................................................................103
Colações.......................................................................................................................................105
Sonegação...................................................................................................................................105
Pagamento Dívidas......................................................................................................................107
Usufruto Judicial..........................................................................................................................108
Últimas Declarações....................................................................................................................109
2

Avaliação.....................................................................................................................................109
Página

Tipos de Partilha..........................................................................................................................109
Pluralidade Familiar
Para o direito já se superou o conceito de família tradicional.
Família tradicional: formada a partir de casamento entre homem e mulher.

RE 846.102 (Recurso Extraordinário interposto pelo MP do Paraná):


Segundo Min. Carmen Lúcia, “O conceito contrário implicaria forçar o
nosso Magno Texto a incorrer, ele mesmo, em discurso
indisfarçavelmente preconceituoso ou homofóbico (...) a isonomia
entre casais hetero afetivos e pares homoafetivos somente ganha
plenitude de sentido se desembocar no igual direito subjetivo à
formação de uma autonomizada família”.
Sobre o direito de homossexual de adotar.
Os direitos de um casal hetero deverá se o mesmo que
um homossexual.
TJAC ADI 08000048920188010900

Constitucional e civil. Ação direta de inconstitucionalidade. Estatuto


da família. LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL nº 46/2018.
Inconstitucionalidade formal e material. Conceito de família.
Município: incompetência para legislar sobre direito civil. Conceito
restritivo. Interpretação conferida pelo supremo tribunal federal.
Contrariedade. Restrição de políticas públicas. Ensino religioso de
natureza confessional. Possibilidade. Orientação moral e sexual nas
escolas.

Observância dos princípios do ensino previsto no art. 206, da


constituição federal. Conselhos de família. Composição.
Representantes de religiões majoritárias. Afronta ao princípio da
laicidade do estado. Art. 19, i, da constituição federal.
PROCEDÊNCIA DO PEDIDO PARA DECLARAR A
INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI COMPLEMENTAR MUNICIPAL
nº 046/2018.

DOJ 16/07/2019

A competência para legislar sobre direito de família é privativa da


União, ex vi do art. 22, I, da Constituição Federal, portanto, dotada de
inconstitucionalidade formal norma municipal que apresenta o
conceito de família. Não é dado à legislação municipal limitar o
conceito de famílias às hetero afetivas e às monoparentais quando o
Supremo Tribunal Federal já conferiu interpretação extensiva, não
reducionista a tal conceito, sobretudo, quando por consequência pode
3

ser imposta a limitação na oferta de políticas públicas em decorrência


da classificação do instituto (ADIN Nº 4.277/DF e ADPF Nº 1.352/RJ).
Página

Embora admitido em nosso ordenamento jurídico o ensino religioso


de natureza confessional (ADI nº 4439/DF), os demais conteúdos
pedagógicos e sua ministração em sala de aula devem guardar
observância aos princípios do ensino previstos no art. 206, da
Constituição Federal. A admissão como membros dos conselhos da
família de representantes das religiões majoritárias em detrimento das
minorias viola frontalmente o art. 19, I, da Constituição Federal, que
preconiza o princípio da laicidade do Estado. Procedência do pedido
para declarar a inconstitucionalidade da Lei Complementar Municipal
nº 046/2018. TJPE, Apelação Cível n 176862-7
É garantido a liberdade religiosa, mas somente a lei
poderá dizer o que é lei para fins jurídicos.

Não existe estatuto da família.

Existe um projeto de lei chamado de estatuto das


famílias, com fins de regular as diversas formas de família. E
outro PL chamado de estatuto da família (singular) que visa
retomar a compreensão anterior.

• (...) O pluralismo das entidades familiares, uma das mais


importantes inovações da Constituição Brasileira, relativamente ao
direito de família, encontra-se ainda cercada de perplexidades quanto
aos dois pontos centrais: a) há hierarquização axiológica entre elas?
b) Constituem elas Numerus Clausus? Defende que para poder se
considerar a existência de uma família, deve haver: a) afetividade (...);
b) estabilidade (...); c) ostensibilidade (...)

Características da família.
a) Relação de afetividade
b) Estabilidade: a afetividade deverá ser duradoura
c) Ostensibilidade: a sociedade reconhece, trata-se de uma relação pública.
d) Solidariedade
e) Ética.
Não confunda família com parentesco, a primeira é caracterizada pelos
elementos acima, já parentesco pelo vínculo legal.

Por exemplo a esposa de tio não é parente (perante a


lei), mas poderá ser família (se caracterizado as 5
características).
4
Página
Filiação Socioafetiva
CJF - Enunciado 103, I Jornada: “o Código Civil reconhece, no art.
1.593, outras espécies de parentesco civil além daquele decorrente
da adoção, acolhendo, assim, a noção de que há também parentesco
civil no vínculo parental proveniente quer das técnicas de reprodução
assistida heteróloga relativamente ao pai (ou mãe) que não contribuiu
com seu material fecundante, quer da paternidade socioafetiva,
fundada na posse do estado de filho.)
Ser pai não é ter vínculo de sangue.

Genitor(a): quem colocou no mundo.


Filiação: quem possui laços familiares, mais especificamente de filiação.

Quando ocorre adoção ocorre a quebra de parentesco


com os genitores para passar a serem feito por meio de novos
pais.
O pai ou a mãe antiga não mais possuem relação de pai
ou mãe!
CFJ - Enunciado 256, III Jornada: “A posse do estado de filho
(parentalidade socioafetiva) constitui modalidade de parentesco civil.”

Enunciado 519, V Jornada: “O reconhecimento judicial do vínculo de


parentesco em virtude de socio afetividade deve ocorrer a partir da
relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do estado de filho,
para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.”
Socio afetividade: é quando ocorre uma adoção, mas
sem a formalização. Para tanto é necessário provar a posse de
estado de filiação (provar as 5 características).

Nomination: as pessoas se proclamam como pai ou filho.


Tractatio: provar a situação de poder familiar.
Reputatio: a relação deve ser pública.

Enunciado 108, I Jornada: “no fato jurídico do nascimento,


mencionado no art. 1.603, compreende-se, à luz do disposto no art.
1.593, a filiação consanguínea e a socioafetiva.”
5

Adoção e Socio afetividade


Página

Sentença de adoção: constitui os laços de parentesco com efeitos


retroativos.
Sentença que constitui os laços de parentesco pela socio afetividade:
declaratória.

A socio afetividade ocorre de forma sorrateira, as partes


quando menos esperam já se consideram pai e filho.
Enunciado 519, V Jornada de Direito Civil: “O reconhecimento judicial
do vínculo de parentesco em virtude de socio afetividade deve ocorrer
a partir da relação entre pai(s) e filho(s), com base na posse do
estado de filho, para que produza efeitos pessoais e patrimoniais.”

INFORMATIVO STJ 0658

A diferença etária mínima de 16 (dezesseis) anos entre


adotante e adotado (art. 42, § 3º, do ECA) pode ser mitigada pelo
magistrado segundo as particularidades de cada caso concreto a fim
de apreciar se a idade entre as partes realiza a proteção do adotando,
cabendo, excepcionalmente, interpretações à luz do princípio da socio
afetividade, nem sempre atrelado às diferenças de idade entre os
interessados no processo de adoção.
Conforme o art. 42 §3 deverá ter uma
diferença de idade de 16 anos, podendo ser realizado.
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Página
Adoção de Nascituro
A gestante que manifeste interesse em entregar seu filho para
adoção, antes ou logo após o nascimento, será encaminhada à Justiça da
Infância e da Juventude.

Deverá ser ouvida pela equipe interprofissional da Justiça da Infância


e da Juventude, que apresentará relatório à autoridade judiciária,
considerando inclusive os eventuais efeitos do estado gestacional e
puerperal.

Lei 13.509/2017: regula como a mãe irá entregar a criança para doação.

A gestante terá que comparecer na Justiça da Infância e da juventude, onde será


ouvida por uma equipe.

Essa equipe se presta para saber se é vontade dela ou


apenas um surto.
LEI 13.509/2017

Após o nascimento da criança, a vontade da mãe ou de ambos os


genitores, se houver pai registral ou pai indicado, deve ser
manifestada em audiência. Se não comparecerem à audiência, será
suspenso o poder familiar dos genitores e a criança será colocada
sob a guarda provisória de quem esteja habilitado a adotá-la, que têm
o prazo de 15 (quinze) dias para propor a ação de adoção, contado
do dia seguinte à data do término do estágio de convivência.

A gestante então já sai intimada para comparecer com o pai (se tiver) na
audiência, depois da criança nascer.
a) Poderá ratificar a vontade de entregar a criança: será entregue.
b) Poderá ficar com a criança: nesse caso o Estado deverá fiscalizar por 180
dias.

Para evitar que ela venda a criança ou coisa pior.


ART. 19-A, LEI 8.069/90
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Página

Na hipótese de não haver a indicação do genitor e de não existir outro


representante da família extensa apto a receber a guarda, a
autoridade judiciária competente deverá decretar a extinção do poder
familiar e determinar a colocação da criança sob a guarda provisória
de quem estiver habilitado a adotá-la ou de entidade que desenvolva
programa de acolhimento familiar ou institucional.

c) No caso de não comparecimento da mãe haverá busca e apreensão da criança


junto com o rompimento do vínculo.

Na hipótese de desistência pelos genitores, a criança será mantida com


os genitores, e será determinado pela Justiça da Infância e da Juventude o
acompanhamento familiar pelo prazo de 180 (cento e oitenta) dias.

• OBS: Serão cadastrados para adoção recém-nascidos e crianças acolhidas


não procuradas por suas famílias no prazo de 30 (trinta) dias, contado a
partir do dia do acolhimento.

Reprodução Assistida
Entende-se por reprodução assistida quando há assistência médica. Poderá ser
homologa (quando os dois gametas são do casal) ou heteróloga (quando há
doação de um dos gametas).

Entende-se por gameta a célula reprodutora,


notadamente o espermatozoide e óvulo.
Enunciado 106, I Jornada de Direito Civil: “para que seja
presumida a paternidade do marido falecido, será obrigatório que a
mulher, ao se submeter a uma das técnicas de reprodução assistida
com o material genético do falecido, esteja na condição de viúva,
sendo obrigatório, ainda, que haja autorização escrita do marido para
que se utilize seu material genético após sua morte”.
Para presumir que o homem (morto) seja o pai da
criança é necessário duas coisas:
a) Autorização escrita dele;
b) A esposa deverá ter mantido a situação de viúva.

• Caso contrário, terá de ser provada a paternidade.

O cartório não poderá registrar.


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EMBRIÕES EXCEDENTÁRIOS
Por exemplo quando alguém extrai 3 óvulos e utiliza
apenas 2.
Criopreservação após fecundação in vitro para futuro implante no
útero da esposa ou de terceira (art. 1597, Iti, 5º, Lei 11.105/2005)

Lei de biossegurança.
• Obs.: Embriões inviáveis ou congelados há mais de 3 anos podem ser
destinados à pesquisa.

A três anos o contrato com a clínica de reprodução e os


pais deverá ser renovado, sob pena de, depois de notificação,
abandonar os embriões.
EMBRIÕES ABANDONADOS

Resolução CFM 2168/2017: autorização para descarte após 3 anos


de abandono, assim considerados quando os responsáveis
descumprem contrato e não são localizados pela clínica.

• Permissão para descartar significa possibilidade de cessão do embrião


para quem o desejar (adoção de embrião).

A clínica poderá fazer a adoção de embriões


abandonados, ou seja, utilizar no ventre na mulher um embrião
de outro casal.
Enunciado 107, I Jornada de Direito Civil: “finda a sociedade
conjugal, na forma do art. 1.571, a regra do inc. Iti somente poderá
ser aplicada se houver autorização prévia, por escrito, dos ex-
cônjuges para a utilização dos embriões excedentários, só podendo
ser revogada até o início do procedimento de implantação desses
embriões.”
Se houver rompimento da relação para houver a
fecundação deverá ter autorização escrita de ambos, que
somente poderá ser revogada até o início do procedimento.
Enunciado 111, I Jornada de Direito Civil: “a adoção e a
reprodução assistida heteróloga atribuem a condição de filho ao
adotado e à criança resultante de técnica conceptiva heteróloga;
porém, enquanto na adoção haverá o desligamento dos vínculos
entre o adotado e seus parentes consanguíneos, na reprodução
assistida heteróloga sequer será estabelecido o vínculo de
parentesco entre a criança e o doador do material”.
O doador de sêmen não poderá ser registrado como pai
(a menos que depois haja adoção ou paternidade socioafetiva) –
9

nunca houve vínculo de parentesco.


Página

REPRODUÇÃO ASSISTIDA E UNIÃO ESTÁVEL


Enunciado 570, VI Jornada de Direito Civil: “O reconhecimento de
filho havido em união estável fruto de técnica de reprodução assistida
heteróloga “a parte” consentida expressamente pelo companheiro
representa a formalização do vínculo jurídico de paternidade filiação,
cuja constituição se deu no momento do início da gravidez da
companheira.”

PRESUNÇÃO ABSOLUTA DE PATERNIDADE

Enunciado 258, III Jornada de Direito Civil: “Não cabe a ação


prevista no art. 1.601 do Código Civil se a filiação tiver origem em
procriação assistida heteróloga, autorizada pelo marido nos termos do
inc. ti do art. 1.597, cuja paternidade configura presunção absoluta.”
PROVIMENTO 63 CNJ
Casal: Ana e Pedro;
Para que Pedro (incapaz de produzir espermatozoide,
terá que utilizar de um doador) seja considerado pai deverá
autorizar por escrito.
Não tem como Pedro autorizar a reprodução heteróloga
e depois fazer exame de DNA para provar não ser ele o pai.

PROVIMENTO 63/2017 CNJ


O CJN regulou como os cartórios irão agir.
• O assento de nascimento de filho havido por técnicas de reprodução
assistida será inscrito independentemente de prévia autorização judicial e
mediante o comparecimento de ambos os pais.

O procedimento de registro é administrativo. Para


processo deverá olhar o código estadual de organização
judiciária.
• No caso de filhos de casais homoafetivos, o assento de nascimento deverá
ser adequado para que constem os nomes dos ascendentes, sem referência a
distinção quanto à ascendência paterna ou materna.

Certidão de nascimento lá em vida, escrito na filiação


apenas o nome, sem distinguir quem é mãe ou pai, o nome dos
avôs será na sequência.
10

• Necessária declaração, com firma reconhecida, do diretor técnico da


clínica, centro ou serviço de reprodução humana em que foi realizada a
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reprodução assistida, indicando que a criança foi gerada por reprodução


assistida heteróloga, assim como o nome dos beneficiários;
Beneficiário: não é do doador, mas quem recebeu.
• Na hipótese de gestação por substituição, não constará do registro o nome
da parturiente, informado na declaração de nascido vivo, devendo ser
apresentado termo de compromisso firmado pela doadora temporária do
útero, esclarecendo a questão da filiação.

Gestação por substituição = barriga solidária.


• O conhecimento da ascendência biológica não importará no
reconhecimento do vínculo de parentesco e dos respectivos efeitos jurídicos
entre o doador ou a doadora e o filho gerado por meio da reprodução
assistida.
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Investigação de
Paternidade
Ações Parentais
As ações parentais pressupõem que há um registro (presunção relativa de
veracidade) que não corresponde com a realidade.

1 – AÇÃO NEGATÓRIA (paternidade ou maternidade):

Diferente com que ocorre no art. 1.609, em que a


declaração ocorreu pelo próprio homem, e não se admite
remissão art. 1.610 – tem que fazer ação anulatória de
registro, pelo vício de vontade.
De qualquer forma a jurisprudência está entendendo
pela fungibilidade de tais ações.
a) Autores: pais (art. 1601 e 1608, CC); réus, os filhos.

Aqui o homem deve assumir, por exemplo quando é


casado, também ocorre quando há a troca de bebês, ou algo do
tipo.
Autor: o pai
Ré: criança
Representante do réu: mãe
b) resistência ao exame de DNA: Código Civil

Art. 231. Aquele que se nega a submeter-se a exame médico


necessário não poderá aproveitar-se de sua recusa.
Art. 232. A recusa à perícia médica ordenada pelo juiz poderá suprir a
prova que se pretendia obter com o exame.
Se aplica tanto contra o pai como contra a criança.
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Adoção à Brasileira ou Socio
afetividade
Enunciado 339, IV Jornada de Direito Civil: “A paternidade
socioafetiva, calcada na vontade livre, não pode ser rompida em
detrimento do melhor interesse do filho.”
Melhor interesse do filho, a esse enunciado trata da
paternidade socioafetiva!
Enunciado 520, V Jornada de Direito Civil: “O conhecimento da
ausência de vínculo biológico e a posse de estado de filho obstam a
contestação da paternidade presumida.”
Nesse caso ocorre a adoção à brasileira, ou seja, vai ao
cartório, mente e registra como se fosse filho biológico, no lugar
de ir ao juizado para fazer a adoção.

INFORMATIVOS STJ 400, 411, 414, 481, 512

• Improcedência da negação de paternidade quando houver ciência da falta


de identidade genética ou se formados os laços da socio afetividade.

• Desbiologização da identidade e consequente relativização do DNA.

Ou seja, o DNA deixou de ser o único elemento a ser


analisado.
TJMG – 5ª Câmara Cível – Julg. 30/01/2014 – Rel. Áurea Brasil AC nº
1.0024.08.137534-7/001

Apelação cível - Negatória de paternidade e exoneratória de pensão


alimentícia – vínculo socioafetivo - existência - pai que, mesmo em
dúvida acerca do liame biológico, se dedica à formação do filho até a
fase adulta - reconhecimento, pelo filho adulto, da referência paterna -
recurso não provido.
1. A paternidade há de ser reconhecida não como um fato da
natureza, cuja origem se radica em pura base biológica, mas um fato
cultural, que se assenta na circunstância de amar e servir, fundada no
exercício da liberdade e autodeterminação.
2. Não pode ser considerado pai aquele que apenas participa, como
procriador, de um evento da natureza, ou seja, do nascimento de um
novo ser, sem construir qualquer relação de afeto e assumir os
cuidados na sua formação.
Por outro lado, àquele que, mesmo sabendo da inexistência de
vínculo de consanguinidade (ou, como no caso dos autos, tendo
dúvidas acerca deste liame), assume com todo o carinho, amor e
13

dedicação, a criação de uma pessoa até o asngimento de sua fase


adulta, outra denominação e reconhecimento não se pode dar, que
Página

não a do pai verdadeiro.


3. Existência de mútuo afeto, em relação construída ao longo de toda
a infância e adolescência do filho, estabelecendo verdadeiro vínculo
de paternidade socioafetiva, que manteve as partes unidas mesmo
após o afastamento do pai do lar conjugal - e a despeito das dúvidas
que cercavam a origem biológica do requerido.
4. Relação de socio afetividade presente, não podendo ser
desconsiderada com fundamento na inexistência de vínculo biológico,
ou em uma suposta aproximação do filho com seu procriador, o que
teria gerado ciúme e sentimento de traição no pai.
5. Recurso não provido.

RECONHECIMENTO (perfilhação voluntária ou forçada)

Ação de reconhecimento: o pai (ou outra pessoa) quer


reconhecer a paternidade.
• Autor(a): quem pleiteie a vinculação a alguém na qualidade de pai ou mãe
(pedido conjunto ou separado).

Os filhos são os réus, sendo obrigado a citação do pai


registral, por potencialmente interferir em sua ordem jurídica
(litisconsórcio passivo necessário).
• Reconhecimento é irrevogável, ainda que por testamento (exceção: vício
de consentimento, conforme Informativo 372, STJ).

Art. 1.616: o reconhecimento e a investigação possuem


os mesmos efeitos.

Investigação: parte dos filhos;

Filho, pode ser criança ou não.

Reconhecimento: parte do pai.

Os dois possuem a mesma normativa processual.

O suposto pai não poderá se negar ao processo de investigação, mas o filho


poderá se negar a participar de um reconhecimento.

• Necessário o consentimento do filho (se menor, tem o prazo decadencial


de 4 anos para impugnação, a contar da maioridade ou emancipação).

Pode ou não gerar a multi parentalidade.


14

REsp 1.328.380-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em


Página

21/10/2014
Nesse caso, duas mulheres (casal), na época, não
podiam adotar, hipótese que uma das mulheres fez, junto com
um homem (laranja), adotou.
Definiu-se não ser possível julgar improcedente pedido de
reconhecimento post mortem de maternidade socioafetiva sem que se
tenha viabilizado a realização de instrução probatória, ante o
julgamento antecipado da lide (art. 330, I, do CPC), na seguinte
situação: REsp 1.328.380-MS, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 21/10/2014
a autora ingressou com pedido de reconhecimento da existência de
filiação socioafetiva, com a manutenção de sua mãe registral em seu
assentamento de nascimento;
o pedido foi fundado na alegação de que a pretensa mãe adotiva e
sua mãe registral procederam, em conjunto, à denominada “adoção à
brasileira” da demandante, constando do registro apenas uma delas
porque, à época, não era admitida união homoafetiva pelo
ordenamento jurídico nacional;
argumentou-se que a autora foi criada, como se filha fosse, por
ambas as "mães", indistintamente, e mesmo após o rompimento do
relacionamento delas, encontrando-se, por isso, estabelecido o
vínculo socioafetivo, a propiciar o reconhecimento judicial da filiação
pretendida; e
o julgamento de improcedência foi fundado na constatação de não ter
sido demonstrado nos autos que a mãe socioafetiva teve,
efetivamente, a pretensão de "adotar" a autora em conjunto com a
mãe registral e, também, no entendimento de que elas não formavam
um casal homossexual, como sugere a demandante, pois,
posteriormente, a mãe registral casou-se com um homem, com quem
formou núcleo familiar próprio. No caso descrito, o proceder do
julgador, ao não permitir que a autora demonstrasse os fatos
alegados, configura cerceamento de defesa. De fato, o
estabelecimento da filiação socioafetiva demanda a coexistência de
duas circunstâncias bem definidas e dispostas, necessariamente, na
seguinte ordem:

I) vontade clara e inequívoca do apontado pai ou mãe socioafetivos,


ao despender expressões de afeto à criança, de ser reconhecido,
voluntária e juridicamente como tal; e
II) configuração da denominada “posse de estado de filho”,
compreendido pela doutrina como a presença (não concomitante)
de tractatus (tratamento, de parte a parte, como pai/mãe e filho);
nomen (a pessoa traz consigo o nome do apontado pai/mãe); e
fama (reconhecimento pela família e pela comunidade de relação de
filiação), que naturalmente deve apresentar-se de forma sólida e
duradoura. Nesse contexto, para o reconhecimento da filiação
socioafetiva, a manifestação quanto à vontade e à voluntariedade
do apontado pai ou mãe de ser reconhecido juridicamente como tal
deve estar absolutamente comprovada nos autos, o que pode ser
feito por qualquer meio idôneo e legítimo de prova. Todavia, em
remanescendo dúvidas quanto à verificação do apontado requisito,
após concedida oportunidade à parte de demonstrar os fatos.
alegados, há que se afastar, peremptoriamente, a configuração da
15

filiação socioafetiva. Por oportuno, é de se ressaltar, inclusive, que a


robustez da prova, na hipótese dos autos, há de ser ainda mais
contundente, a considerar que o pretendido reconhecimento de
Página

filiação socioafetiva se refere a pessoa já falecida. Nada obstante,


não se pode subtrair da parte a oportunidade de comprovar suas
alegações. Ademais, cabe ressaltar que o casamento da pretensa
mãe com um homem, em momento posterior, não significaria que
aquele alegado relacionamento com a mãe registral nunca existiu e,
principalmente, que não teria havido, por parte delas, a intenção
conjunta de "adotar" a demandante, que, segundo alega e pretende
demonstrar, fora criada como se filha fosse pelas referidas senhoras,
mesmo depois do rompimento deste relacionamento. Por fim, deve-se
consignar ao menos a possibilidade jurídica do pedido posto na
inicial, acerca da dupla maternidade, conforme já reconhecido por
esta Corte de Justiça por ocasião do julgamento do REsp 889.852-
RS, Quarta Turma, DJe 10/8/2010 (ressalvadas as particularidades
do caso ora sob exame). Efetivamente, em atenção às novas
estruturas familiares, baseadas no princípio da afetividade jurídica (a
permitir, em última análise, a realização do indivíduo como
consectário da dignidade da pessoa humana), a coexistência de
relações filiais ou a denominada multiplicidade parental,
compreendida como expressão da realidade social, não pode passar
despercebida pelo direito. Desse modo, há se conferir à parte o direito
de produzir as provas destinadas a comprovar o estabelecimento das
alegadas relações socioafetivas, que pressupõem, como assinalado,
a observância dos requisitos acima referidos.

INFORMATIVO STJ 0608

• No caso de adoção unilateral, a irrevogabilidade prevista no art. 39, § 1º


do Estatuto da Criança e do Adolescente pode ser flexibilizada no melhor
interesse do adotando.

• Ambos surtem os mesmos efeitos.

• Investigação: movida pelo filho, cabendo a presunção relativa da Súmula


301, STJ. • guarda do filho reconhecido havido fora do casamento depende
da autorização do cônjuge (art. 1611, CC)

• Contestação à pretensão investigatória implica na perda da guarda.

ASPECTOS PROCESSUAIS

• Obrigatória a citação de pai ou mãe registral nas ações de reconhecimento


e de investigação (Informativos STJ 222, 236 e 372).

• COMPETÊNCIA: domicílio de quem detém a guarda (Súmula 383, STJ)


16

Será competente sempre o local de domicílio do menor,


dado que a sua proteção é dever da família, da sociedade e do
Estado.
Página

Se o filho não for menor, então se aplica a regra geral


de competência para litisconsórcio.
• Possível a produção de prova genética originalmente em segunda
instância, ainda que não requerida (Informativo STJ 194)

Ação conjunta: é possível um casal provar que eles que são os pais.

Multiparentalidade
Já existe a muito tempo, quem já foi criado por um tio,
por uma avó etc.
Mas antigamente o Estado não apenas declarava a
existência de uma família, mas dizia o que é família.
Por outro lado, a criança não entende de lei, mas os
seus sentimentos.
Reconhecimento de mais de dois ascendentes de primeiro grau.
Impulsionada pela Lei nº 11.924/2009, que acrescentou o § 8º ao art. 57, da
Lei nº 6.015/73 (LRP), norma que permite ao enteado ou enteada adotar o
patronímico da família do padrasto ou da madrasta, desde que haja motivo
ponderável e concordância do padrasto/madrasta, no contexto da
pluralidade familiar e da dignidade da pessoa humana, bem como a
proteção à identidade e ao melhor interesse do menor.

Motivo ponderável: afetividade, estabilidade etc.


Entende-se por multiparentalidade a possibilidade
jurídica de ter mais de um pai ou mais de uma mãe.
DECISÕES JUDICIAIS

 1ª Vara Cível da Comarca de Ariquemes/RO, nos autos da ação de


investigação de paternidade nº 0012530-95.2010.8.22.0002 (talvez a
primeira que reconheceu a multiparentalidade)
 TJSP – AC 0006422-26.2011.8.26.0286; 1ª C.D. Priv.; Relator Des.
Alcides Leopoldo e Silva Junior, DJESP 11/10/ 2012
17

MULTIPARENTALIDADE DECISÕES JUDICIAIS


Página

 TJDFT – Processo nº: 2013.06.1.001874-5 (SOBRADINHO,


6/6/2014)
 TJRS – COMARCA DE SANTA MARIA VARA DA DIREÇÃO
DO FORO (11/9/2014)
 Supremo Tribunal Federal: Recurso Extraordinário 898.060
(Repercussão Geral 622)

TJ-SC - AC: 03026749320158240037 Julgamento: 17/04/2018, Terceira


Câmara de Direito Civil

(...) A paternidade responsável, enunciada expressamente no art.


226, § 7º, da Constituição, na perspectiva da dignidade humana e da
busca pela felicidade, impõe o acolhimento, no espectro legal, tanto
dos vínculos de filiação construídos pela relação afetiva entre os
envolvidos, quanto daqueles originados da ascendência biológica,
sem que seja necessário decidir entre um ou outro vínculo quando o
melhor interesse do descendente for o reconhecimento jurídico de
ambos.

TJ-RS - AC: 70077198737 RS, Publicação: 28/11/2018

Caso dos autos em que a prova documental... acostada aos autos e o


termo de audiência de ratificação evidenciam que ambas as partes,
maiores e capazes, desejam o reconhecimento da filiação
socioafetiva e da multiparentalidade, o que, ao que tudo indica, não
traria qualquer prejuízo a elas e a terceiros. Genitor biológico da
apelante que está de acordo com o pleito, sendo que o simples
ajuizamento de ação de alimentos contra ele em 2008, com a
respectiva condenação, não descaracteriza, por si só, a existência de
parentalidade socioafetiva entre os apelantes

AgInt nos EDcl no Resp 1784726 SP 2016/0312406-8

De fato, é de prevalecer a paternidade socioafetiva sobre a biológica


para garantir direitos aos filhos, na esteira do princípio do melhor
interesse da prole, sem que, necessariamente, a assertiva seja
verdadeira quando é o filho que busca a paternidade biológica em
detrimento da socioafetiva. No caso de ser o filho - o maior
interessado na manutenção do vínculo civil resultante do liame
socioafetivo - quem vindica estado contrário ao que consta no registro
civil, socorre-lhe a existência de "erro ou falsidade" (art. 1.604 do
CC/02) para os quais não contribuiu.

Min. LUIS FELIPE SALOMÃO 4ª Turma, DOJ 15/05/2019

Afastar a possibilidade de o filho pleitear o reconhecimento da


paternidade biológica, no caso de "adoção à brasileira", significa
18

impor-lhe que se conforme com essa situação criada à sua revelia e à


margem da lei. 3. A paternidade biológica gera, necessariamente,
responsabilidade não evanescente e que não se desfaz com a prática
Página

ilícita da chamada "adoção à brasileira", independentemente da


nobreza dos desígnios que a motivaram. E, do mesmo modo, a
filiação socioafetiva desenvolvida com os pais registrais não afasta os
direitos da filha resultantes da filiação biológica.
PROVIMENTO 63 CNJ

• Reconhecimento voluntário da parentalidade socioafetiva.

• Maiores de dezoito anos de idade, sendo vedado aos irmãos entre si nem
os ascendentes.

• Dezesseis anos mais velho que a pessoa a ser reconhecida.

• Os demais aspectos foram alterados pelo Provimento 83 CNJ.

O requerimento poderá ser solicitado em qualquer


cartório de pessoa natural. O requerimento é pelo pai
socioafetivo, mas deve ter a assinatura do filho e dos pais
registrais.
O cartório então envia para o MP que deverá ratificar, o
MP então irá encaminhar para o juízo competente, que, depois
de ratificar, a sentença servirá como título para registrar no
cartório.
PROVIMENTO 83 CNJ

1. Reconhecidos devem ter, ao menos, 12 anos


2. Necessário comprovar a afetividade (elenco exemplificativo
(falta de documentos não impedem o reconhecimento).
3. Dispensado o exame judicial, bastando parecer do Ministério
Público (se desfavorável, judicialização).
4. Admitido somente um registro socioafetivo pela via
administrativa (antes, era possível até 2 pais e duas mães).

Administrativamente somente poderá ter até 3 pais,


como forma de evitar a troca de bebês.
5. Curioso o art. 11, § 4º (necessidade de aprovação do
reconhecido se tiver menos de 18 anos).
19

TJ-SC - AC: 00046891220108240061 DOJ 14/05/2019


Página

Improcedência na origem. Insurgência recursal. Pedido de adoção


plena. Criança que desde o nascimento esteve sob os cuidados dos
tios maternos. Paternidade biológica reconhecida no curso da lide.
Ausência de vínculos entre pai e filho. Estudos social e psicológico
favoráveis à adoção. Laços socioafetivos consolidados. Pré-
adolescente que demonstra interesse em ser adotado pelos tios.
Observância do melhor interesse da criança. Sentença reformada.
Recurso conhecido e provido.

ENUNCIADO 632, VII JORNADA DE DIREITO CIVIL

Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna ou


materna, o filho terá direito à participação na herança de todos os
ascendentes reconhecidos.

INFORMATIVO STJ 0656

Registre-se, de início, que a jurisprudência desta Corte se fixou no


sentido de que a ação de investigação de paternidade deve ser
ajuizada em face dos herdeiros e não do espólio do falecido. Nesse
contexto, o fato de a sentença que se pretende rescindir ter sido
proferida em ação investigatória de paternidade, em que somente o
de cujus figurou como parte, não modifica esse entendimento.

SÚMULA STJ 301

Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao


exame de DNA induz presunção juris tantum de paternidade.
Vide súmula 277: a investigação poderá ser cumulado
com alimentos, hipótese que a competência será lugar de
domicílio do alimentando.
A sentença de alimentos procedente é retroativa desde a
data de situação.
Conforme a lei 8.560/92, se o filho é maior somente ele
possui legitimidade, caso contrário o MP também tem.

Investigação Avoenga
Apesar de o art. 1606, CC, somente conferir ao filho de propor a
investigação da filiação (salvo se falecido incapaz ou menor), o Conselho
da Justiça Federal aprovou o Enunciado 521, na V Jornada de Direito Civil:

A menos que o filho tenha morrido sendo incapaz ou


menor.
“Qualquer descendente possui legitimidade, por direito próprio, para
20

propor o reconhecimento do vínculo de parentesco em face dos avós


ou de qualquer ascendente de grau superior, ainda que o pai não
tenha iniciado a ação de prova da filiação em vida.”
Página

INFORMATIVO N. 0649
É possível a inclusão de dupla paternidade em assento de
nascimento de criança concebida mediante as técnicas de
reprodução assistida heteróloga e com gestação por substituição, não
configurando violação ao instituto da adoção unilateral.
21
Página
Guarda
Os filhos, pelo simples fato de serem filhos, são
protegidos pela lei, notadamente pela guarda.

INFO STJ 608: conforme o art. 19 do ECA a adoção é irrevogável, mas,


conforme o INFO STJ 608, o judiciário, se observar que a revogação é de
interesse do menor, poderá mitigar.

Sempre conforme o melhor interesse do menor.

A guarda não é direito do pai/mãe, mas da criança. Conforme CC art. 1.590 é


possível ter guarda de um adulto.

Na prática, não há guarda de pessoa adulta.


Ø MELHOR INTERESSE DO MENOR: dever dos pais, da família, da
sociedade e do Estado.

Antigamente a guarda era entendido como quase que


um vínculo de propriedade.

A lei 11.698/2008 (revogado) estabelece a guarda compartilhada, ela será


aplicada sempre que possível (tratava-se de nova redação do art. 1.884 §2).

Evitar sofrimento dos filhos durante o divórcio.


Ø LEI nº 13.058/2014: guarda compartilhada entre pai e mãe (nova redação
do artigo 1.634, Código Civil).

A guarda compartilhada passou a ser obrigatória, ou seja, o Estado não possui


autonomia para conceder a guarda unilateral, exceto em dois casos.

Ø GUARDA UNILATERAL (exclusiva): somente se um dos pais não


22

quiser a guarda ou se não tiver condições de exercê-la.


Página

A partir do momento que é concedido de guarda


unilateral é regulado o direito de visitação (Art. 1.589).
Se o juiz não justificar a apelação deve visar a anulação
da sentença.
AC: 10024244920168260224 TJSP – Publicação: 03/12/2019

Menor. Regulamentação de visitas em favor do genitor. Ampliação.


Realização da visita durante a semana, mediante vídeo-transmissão.
Admissibilidade. Genitor que reside no exterior. Inexistência de prova
de qualquer risco de natureza concreta ao menor. Importância do
convívio paterno. Ampliação que contribui para o fortalecimento dos
laços afetivos entre a menor e o genitor. Ampliação deferida em parte,
considerando que o réu reside no exterior de forma irregular.
Nesse caso o genitor conversava mediante vídeo-
transmissão, a mãe não poderá “ficar em pé ao lado”, pois ela
não pode interferir na relação entre pai e filho (vide alienação
parental).

CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL

• LEI nº 13.058/2014: prejudicado o Enunciado 101, I Jornada de Direito


Civil (“... a expressão “guarda de filhos”, à luz do art. 1.583, pode
compreender tanto a guarda unilateral quanto a compartilhada, em
atendimento ao princípio do melhor interesse da criança.”)

• Enunciado 336, IV Jornada de Direito Civil:

“O parágrafo único do art. 1.584 aplica-se também aos filhos advindos


de qualquer forma de família.”

DIVISÃO DE TEMPO DE CONVÍVIO: variável de acordo com cada


caso; importante o trabalho de equipe interdisciplinar.

LOCALIDADE BASE (cidade, estado, país): melhor interesse do menor

A criança vai morar onde ela tiver melhor interesso.


CUIDADO: o menor deve ser ouvido ao ser determinada a guarda, mas não
é ele quem a determina (e sim o juiz).
23

A criança ou adolescente será ouvido por meio de


perito (psicólogo).
Página

AI: 40120152620198240000 TJSC – DOJ 05/10/2019


(...)O conjunto probatório amealhados autos em especial os relatos
dos adolescentes ao Conselho Tutelar evidenciam o abandono da
mãe para com os filhos e que na verdade os filhos mais velhos
cuidavam das menores, há provas ainda de problemas com
alcoolismo e instabilidade emocional, fatos que evidenciam, que a
mãe, não tem condições, neste momento, ao menos, de cuidar dos
filhos.
Neste momento a guarda vai ser unilateral.
Enunciado 603 VII Jornada de Direito Civil

A distribuição do tempo de convívio na guarda compartilhada deve


atender precipuamente ao melhor interesse dos filhos, não devendo a
divisão de forma equilibrada, a que alude o § 2 ̊ do art. 1.583 do
Código Civil, representar convivência livre ou, ao contrário, repartição
de tempo matematicamente igualitária entre os pais.
Na guarda compartilhada não ocorre a divisão de tempo
matematicamente igualitária, tal como ocorre com a alternada.

Guarda alternada: modificação periódica de uma guarda exclusiva.

A cada semana (15 dias etc.) a rotina, a vida e a casa da


criança muda.

Guarda mdal: a criança não sai do apartamento, no caso os pais que se


alternam.

Enunciado 604 VII Jornada de Direito Civil

A divisão, de forma equilibrada, do tempo de convívio dos filhos com


a mãe e com o pai, imposta na guarda compartilhada pelo § 2º do art.
1.583 do Código Civil, não deve ser confundida com a imposição do
tempo previsto pelo instituto da guarda alternada, pois esta não
implica apenas a divisão do tempo de permanência dos filhos com os
pais, mas também o exercício exclusivo da guarda pelo genitor que
se encontra na companhia do filho.

Enunciado 605 - VII Jornada de Direito Civil

A guarda compartilhada não exclui a fixação do regime de


convivência.
Diferente de visitação (Art. 1.583 §5).
Esse enunciado, apesar de pequeno é de suma
importância. Perceba que a guarda alternativa se diferencia da
compartilhada mesmo se os pais morassem longe de si.
24

Na guarda alternada, o pai (se a mãe que possui a


guarda – como geralmente ocorre) não possui poder familiar,
Página

restando a ele o direito de visitar e fiscalizar.


Já na guarda compartilhada, o pai possui o direito de
poder familiar, podendo se opor a respeito de cursos, escola etc.
Um exemplo é ter acesso ao boletim do filho.
Se o pai quiser influir na vida do filho melhor ir à
guarda compartilhada.
Enunciado 606

O tempo de convívio com os filhos “de forma equilibrada com a mãe e


com o pai” deve ser entendido como divisão proporcional de tempo,
da forma que cada genitor possa se ocupar dos cuidados pertinentes
ao filho, em razão das peculiaridades da vida privada de cada um.
A guarda compartilhada permite que ambos possam se
ocupar dos cuidados pertinentes ao filho, de segunda a segunda
(exercer o poder parental).
Enunciado 607

A guarda compartilhada não implica ausência de pagamento de


pensão alimentícia.
Pensão alimentício: distribuição de custos do filho.
INFORMATIVO STJ 0634

Na dissolução de entidade familiar, é possível o reconhecimento do


direito de visita a animal de estimação adquirido na constância da
união estável, demonstrada a relação de afeto com o animal.
Também regulamenta a convivência de animal de
estimação, lembrando que menor tem preferência.
V JORNADA DE DIREITO CIVIL Enunciado 518:

A Lei n. 11.698/2008, que deu nova redação aos arts. 1.583 e 1.584
do Código Civil, não se restringe à guarda unilateral e à guarda
compartilhada, podendo ser adotada aquela mais adequada à
situação do filho, em atendimento ao princípio do melhor interesse da
criança e do adolescente. A regra aplica-se a qualquer modelo de
família. Atualizados os Enunciados n. 101 e 336 em razão de
mudança legislativa, agora abrangidos por este enunciado.
“entre o preto e o branco há 50 tons de cinza”, na
mesma forma entre a guarda unilateral e a compartilhada há
várias nuances.
A guarda pode começar, por exemplo, unilateral e vai
sendo compartilhado.

Presunção Relativa
25

• Presunção relativa: melhor interesse do menor é ficar sob a guarda dos


Página

pais (poder familiar, art. 1634, II, CC).


Poder familiar igual, portanto, a guarda também deverá
ficar igual.
• Ação de guarda entre pai e mãe: natureza dúplice (Informativo STJ 441).

Pouco importa quem é o autor ou não da ação de


guarda, a justiça poderá dar uma sentença favorável para ambos.
Ambos podem pedir guarda exclusiva e a justiça dar guarda
compartilhada, por exemplo.
• Ação de guarda movida por quem não for pai ou mãe. (art. 1.584, § 5º e
1.586, CC): além da natureza dúplice, litisconsórcio passivo necessário.

Por vezes é necessário entregar a guarda para avos ou


outro membro da família extensa, até que os pais tenham
condições de cuidar da criança.
TJSC - 5ª Câmara Direito Civil Data de Julgamento: 27/08/2019

Agravo de instrumento. Ação de guarda. Decisão que indeferiu a


guarda provisória do infante aos padrinhos e determinou o
acolhimento institucional deste. Indícios de adoção ilegal. Recurso
dos terceiros interessados. Abrigamento do infante. Medida de última
ratio. Manifesta família eudemonista. Menino que convive com os
terceiros há mais de 4 (quatro) anos. Residência adaptada às
necessidades do pequeno. Ausente prova de colocação do menino
em situação de risco. Prevalência do melhor interesse da criança em
relação ao cadastro de adoção. Precedentes. Imediato
desacolhimento do pequeno que se mostra necessário.
Família eudemonista: família criada pelo afeto (sem ser
pelo vínculo de sangue).
AI: 40047203520198240000

1 - Em processos nos quais se discute a proteção da criança ou


adolescente o Poder Judiciário deve buscar solução adequada à
satisfação do melhor interesse desses seres em formação. Essa
determinação não decorre tão-somente da letra expressa da
Constituição Federal (artigo 227) ou do Estatuto da Criança e do
Adolescente (artigo 4º), mas advém igualmente de imperativo da
razão, haja vista que a pacificação social (um dos escopos da
atividade jurídica estatal) não está alicerçada unicamente na
legalidade estrita, mas na aplicação racional do arcabouço normativo
e supra normativo.
26

• A promoção da dignidade humana, desde a formação de cada cidadão,


Página

deve ser o escopo primordial da ação estatal.


2 - No mesmo sentido, compactua o Superior Tribunal de Justiça:
"Salvo no caso de evidente risco usico ou psíquico ao menor, não se
pode conceber que o acolhimento institucional ou acolhimento familiar
temporário, em detrimento da manutenção da criança no lar que tem
como seu, traduza-se como melhor interesse do infante.

AI 00026655520198250000 TJSE – DOJ 21/10/2019

Regulamentação de direito de visita – avaliação psicológica da parte


agravante pelo setor de perícia deste tribunal - direito do pai ao
convívio com os filhos, na forma do artigo 1589 do código civil –
direito de visita do agravante aos filhos, uma vez por semana, desde
que acompanhado por uma terceira pessoa, que tenha boa
convivência com ambos os genitores e, até nova avaliação, em
momento posterior, sem pernoite
A outiva do menor é feito por meio de psicólogo.

INFORMATIVO STJ 0599

A aplicação de astreintes é válida quando o genitor detentor da


guarda da criança descumpre acordo homologado judicialmente
sobre o regime de visitas.
Descumprimento de acordo: alienação parental;
Art.; 6 §único prever essa multa.

Guarda e Visitação
• VISITAÇÃO DOS AVÓS: art. 1589, parágrafo único, CC (Lei
12.398/2011).

• Enunciado 333, IV Jornada de Direito Civil:

“O direito de visita pode ser estendido aos avós e a pessoas com as


quais a criança ou o adolescente mantenha vínculo afetivo,
atendendo ao seu melhor interesse.”
O direito não é dos avós, mas é direito da criança ter
convício com a família estendido.
• Guarda aos avós (Informativos STJ 407, 461, 290 e 371): desde que não
configure “guarda previdenciária”
27

Avó pega a guarda do neto para que quando ela morrer


Página

ele ter direito à pensão.


TJMG, Apelação Cível nº 1.0521.10.019430-2/001
O direito de visita não encontra limite entre pais e filhos. Assim, avós,
tios, padrastos, padrinhos, irmãos etc. podem buscar o direito de
conviver, com crianças e adolescentes, quando os elos de afetividade
existente merecem ser resguardados. (preservação dos vínculos
afetivos).
Por exemplo Ana se casa com Paulo e geram Eduardo.
Paulo então se divorcia e se casa com Maria. Eduardo se
aproxima de Maria, hipótese em que Paulo se divorcia
novamente. Eduardo e Maria possuem direito de manter a
relação (a relação de madrinha/padrinho é igual a de
sogro/sogra, é para sempre).
• Guarda compartilhada entre parentes (Informativo STJ 434).

É possível arbitrar a guarda compartilhada entre avós e


tios, por exemplo.
É possível também arbitrar entre os avós paternos e a
mãe, e o pai, excluído, terá direito a visitação (é direito da
criança a convivência com o pai).

Alienação Parental
Antigamente o cumprimento da ação de guarda era
feito por meio de, notadamente, pedido de cautelar de busca e
apreensão de menor.
a) Qualquer interferência que prejudique a formação e vivência dos
laços afetivos do menor com qualquer pessoa relevante para o seu
desenvolvimento.
b) Não protege apenas a convivência com os pais.
c) Qualquer pessoa que tenha autoridade sobre o menor pode incorrer
em alienação parental.

TJRS – Sétima Câmara Cível – Julg. 18/07/2014 – Rel. Liselena


Schifino Robles Ribeiro - AI nº 70060739398

Ação de guarda. Exclusão da visita semanal. Indícios de alienação


parental perpetrados pelo genitor. Diante do contexto trazido aos
28

autos, e do intenso grau de beligerância entre os pais, com indicativos


de alienação parental, o que está prejudicando o vínculo materno-
filial, mantenho as visitas apenas em finais de semanas alternados.
Página

Negado seguimento.
A ideia aqui é proteger o vínculo de afeto entre a mãe e
a criança.
Lei nº 12.318/2010

• Art. 3º A prática de ato de alienação parental (...) constitui abuso moral


contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à
autoridade parental (...).

• Art. 2º, IV dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência


familiar;

Art. 19 ECA.
• Art. 6º VII declarar a suspensão da autoridade parental.

Medidas da alienação parental.


ALIENAÇÃO PARENTAL

Art. 7o A atribuição ou alteração da guarda dar-se-á por preferência


ao genitor que viabiliza a efetiva convivência da criança ou
adolescente com o outro genitor nas hipóteses em que seja inviável a
guarda compartilhada.

Ø Conclusão: quem pratica alienação parental não tem condições de


exercer a guarda.

Lei 13.431/2017

Essa lei é para no caso de alienação parental mais


grave, quando existe crime envolvido.
• Alienação parental é compreendida como violência psicológica contra a
criança ou adolescente.

• A criança e ao adolescente devem ser ouvidos sobre a situação de


violência por meio de escuta especializada, ou seja, procedimento de
entrevista sobre situação de violência perante órgão da rede de proteção,
limitado o relato estritamente ao necessário para o cumprimento de sua
29

finalidade
Página

Nesse caso ocorre em uma sala algo rápido, em que um


psicólogo está com uma esculta com um juiz, é tudo gravado.
ASPECTOS CIVIS DO SEQUESTRO INTERNACIONAL DE
CRIANÇAS

• DECRETO 3.413/2000: resultado da Convenção de Haia (25 de outubro


de 1980), do qual o Brasil é signatário.

• VIOLAÇÃO DO DIREITO DE GUARDA do menor até 16 anos.

A proteção internacional vai até 15 anos (menor de 16).


• AUTORIDADE CENTRAL: encarregada de dar cumprimento à
Convenção (SDH).

PROCEDIMENTO BUSCA MENOR

• Atuação da Autoridade Central Federal (ACAF) quando recebido o


pedido de restituição da criança, enviado diretamente pela
Autoridade Central estrangeira.
• Ao receber o processo, a ACAF dá início à análise do pedido de
restituição e verifica se estão preenchidos os requisitos formais para
aplicação da Convenção.
• ACAF notifica a Interpol para localização da criança em prazo de até
48 horas.
• No caso de pais brasileiros, a ACAF fará notificação direta à parte
que tem consigo o menor, informando-a acerca da existência do
pedido de restituição ou de direito de visitas apresentado pela
Autoridade Estrangeira, e propondo uma tentativa de solução
amigável com prazo determinado para resposta.

No caso de ser o contrário (estrangeiro fugir para o


Brasil) a justiça brasileira decidirá se é melhor para o menor
ficar ou devolver.
30

• Não havendo acordo, o caso é remetido à AGU para promover ação


Página

de busca e apreensão de menor em vara federal.

INFORMATIVO 298
“(...) Sucede que há a presença da União Federal como autora em
uma das ações, pois ajuizou a busca e apreensão de menor de
nacionalidade americana com supedâneo na Convenção sobre os
Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças (vide Dec. n.
3.413/2000), o que impõe a reunião perante a Justiça Federal (art.
109, I, da CF/1988).”
A competência será sempre da justiça federal, mesmo
dos processos que ocorrem paralelamente.
31
Página
Poder Familiar
• Direito de ambos os pais que lhes impõe obrigações.

É o poder que os pais têm para cuidar de seus filhos,


protegê-los (lazer, proteção etc.). É o instrumento para a
responsabilização dos pais. São elencados exemplificamente no
art. 1.634.
Por exemplo o filho tem direito a educação, mas ele
não quer ir à escola, então os pais devem obrigar eles a ir.
Decorre do poder familiar a guarda e o direito de
visitação.
• Divergências: suprimento judicial (art. 1631, parágrafo único, CC).

O art. 1.631 estabelece um rol exaustivo de suspensão


de poder familiar.
• SUSPENSÃO (rol exaustivo): abuso de autoridade / descumprimento das
obrigações / arruinar os bens dos filhos / condenação por crime cuja pena
exceder a 2 anos.

Suspensão: destituição temporária, diferente da perda.


Ocorre sempre por sentença (art. 155 a 163 do ECA) – o
processo de suspensão de poder familiar deverá provar dois
pontos – uma das condutas do art. 1.631 e (somando a,
cumulativamente) prova de risco ao menor.
A suspensão poderá ser total ou parcial e poderá
desaguar na perda.

- É possível a aplicação de uma penalidade diferente do que a suspensão,


conforme o interesse do menor.

Atraso na hora de entregar a criança (estabelecer uma


multa para cada vez que ocorrer); inversão do sistema de guarda
(quando a mãe não entrega a criança).
32

Abuso de autoridade: quando, por exemplo, a mãe bate no filho por ela sofrer
Página

com problemas de alcoolismo. Não se aplica aqui o caso de agressão física


como forma de castigo, hipótese que se aplica o art. 18-A do ECA (analisado
logo abaixo).

A sentença da ação de suspensão deverá instruir o pai


ou mãe de como recuperar o poder familiar.
No caso o castigo é tão grave que primeiro ocorre a
suspensão para depois o pai ser encaminhado para tratamento,
como forma de proteger a criança.

Descumprimento de suas obrigações: quando, por exemplo, a mãe deixa de dar


banho no filho etc.
Arruinar os bens dos filhos: os pais possuem usufruto e administração dos bens
dos filhos, e nisso decorre a obrigação de preservar.

Viver às custas dos bens dos filhos é caso de arruinar os


bens e abuso de autoridade.

Condenação por crime que exceder 2 anos: a suspensão não é automática.

Pena em concreto.
Caso as vítimas sejam os filhos tratar-se de hipótese de
perda.
• PERDA (rol exaustivo): castigo imoderado / abandono / atos contrários à
moral e aos costumes / reincidência de suspensão.

Também chamado de destituição de poder familiar,


possibilita a adoção.

Perda como efeito secundário da sentença: no caso em que a vítima é o filho.

Art. 92 II CP e art. 23 §2 ECA: o juiz poderá fazer isso


na própria sentença penal. Não corre na justiça da família,
embora se não foi no penal poderá ser discutido.

Castigo imoderado.
Abandono: deverá ser averiguado se os dois pais sabiam do abandono, trata-se
de uma grave negligencia.
33

Filho não é matriculado na escola, não vacina etc.


Página

Obs.: somente é possível nomear tutela quando tiver a


destituição do poder familiar, cabendo somente ter guarda.
Também configura quando ocorre a doação irregular,
nesse caso os adotantes podem entrar com ação de destituição de
poder familiar cumulado com adoção.

Atos contrários à moral e aos costumes: lembrando que para tanto é necessário
provar também o risco à criança.

LEI Nº 13.715/2018

Perde-se o poder familiar quem cometer homicídio, feminicídio ou


lesão corporal grave ou seguida de morte dolosamente envolvendo
violência doméstica e familiar ou menosprezo ou discriminação à
condição de mulher; estupro ou outro crime contra a dignidade sexual
sujeito à pena de reclusão.
No caso o cônjuge perde o poder familiar de todos os
seus filhos (seja dentro ou fora do casamento). Se o crime for
contra o filho e o outro sabia e não fez nada também responderá
(crime omissivo impróprio).

Na hipótese, as vítimas seriam: outro titular do poder familiar ou um


descendente.

Lei nº 13.010/2014 (ECA)

“Art. 18-B. Os pais, os integrantes da família ampliada, os


responsáveis, os agentes públicos executores de medidas
socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de
crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que
utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como
formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto
estarão sujeitos, sem prejuízo de outras sanções cabíveis, às
seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade
do caso:
I - Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à
família;
II - Encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico;
III - encaminhamento a cursos ou programas de orientação;
IV - Obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado;
V - Advertência.
Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas
pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais.”
Esse é o caso quando o pai bate a criança, desde que
tenha “fins pedagógicos”, dado que, caso seja mera lesão
corporal seria caso de suspensão ou perda de perda familiar.
34

Apesar de configurar o abuso de autoridade (causa de


suspensão) ou castigo excessivo (causa de perda), a criança não
está em risco.
Página

TJDF, Apelação Cível 20110130080112APC


A destituição do poder familiar é medida excepcional e de graves
consequências, pois tem o condão de romper o vínculo do direito
dever advindo da parentalidade, razão pela qual só se admite tal
medida quando demonstrado violação dos direitos da criança e
quando restar caracterizada a inescrutabilidade da ação ou omissão
dos genitores.
A destituição é sempre a última alternativa (antes da
perda).
TJMG – 5ª Câmara Cível – Julg. 27/03/2014 – Relator Versiani Penna –
AC 10342120078171001

(...) "todas as ações relativas às crianças, levadas a efeito por


instituições públicas ou privadas de bem-estar social, tribunais,
autoridades administrativas ou órgãos legislativos, devem considerar,
primordialmente, o melhor interesse da criança". E conforme
estatuído na Constituição da República, no Código Civil e no Estatuto
da Criança e do Adolescente compete aos pais garantir o pleno e
sadio desenvolvimento do filho menor, responsabilizando-se por sua
criação, proteção, educação, guarda e assistência material, moral e
psíquica.

- O poder familiar pertence naturalmente aos pais biológicos, como


decorrência da consanguinidade, sendo admitida, excepcionalmente, a sua
extinção caso constatado o descumprimento dos deveres e
responsabilidades a eles inerentes, mormente à vista do periclitante estado
da mãe biológica, usuária de drogas.

TJMG – 5ª Câmara Cível – Julg. 27/03/2014 – Relator Versiani Penna –


AC 10342120078171001

A necessidade de prévia inscrição no Cadastro Nacional de


adotantes, nos termos do art. 50 do ECA, cede ante as circunstâncias
fáticas do caso concreto, e deve ser mitigada em razão, e por
prestígio, a proteção integral e melhor interesse da criança.

TJRS, Apelação Cível Nº 70056074933

(...) Omite-se aquele pai que, sabedor dos maus-tratos perpetrados


pela mãe, nada faz em socorro da prole. É negligente o pai que não
busca afastar seus filhos de uma mãe abusiva, ou incapaz de melhor
cuidar das crianças, pois, separados ou não, ambos os genitores
permaneciam responsáveis pela criação dos infantes. Narraram as
35

crianças que a mãe provocava incêndios propositais contra eles, e


que isso ocorria com certa frequência.
O outro pai responde pela omissão do agressor, por
Página

omissão imprópria.
AC: 1017092-90.2018.8.26.0309 TJSP / Publicação: 27-11-2019
Sentença de Destituição do Poder Familiar; criança nascida
prematura e que exige cuidados especiais; genitores que não
ostentam condições ou interesse em cuidar da infante; genitora
apelante que não tem percepção do estado de saúde da filha que
exige cuidados; apoio e acompanhamento da rede de proteção que
não logrou alterar a situação familiar; inexistência da família extensa;
genitor que manifestou concordância com a entrega da filha para
adoção e não recorreu da sentença – destituição do poder familiar
mantida, ante a incapacidade de os genitores de cuidar e proteger a
filha; sentença de procedência mantida

INFORMATIVO STJ 659

No procedimento para a perda ou a suspensão do poder familiar,


depreende-se do art. 155 do ECA uma legitimação ativa concorrente
atribuída ao Ministério Público e a quem tenha o legítimo interesse. O
legislador ordinário não procurou definir quem teria, em tese, o
''legítimo interesse" para pleitear a medida, tampouco fixou requisitos
estanques para a legitimação ativa, tratando-se de efetivo conceito
jurídico indeterminado. Em virtude disso, o legítimo interesse deve ser
analisado com prudência, a partir do caso concreto, sendo
desarrazoado estabelecer, de plano, que o adotante, por não possuir
vínculo familiar com o menor, independentemente das circunstâncias
fáticas que permeiam a situação, seja considerada parte ilegítima
para o pedido. Assim sendo, é permitido ao julgador agir com certa
discricionariedade para estabelecer quem, na hipótese em concreto,
com amparo nos princípios da proteção integral e melhor interesse da
criança possui o legítimo interesse para requerer a destituição do
poder familiar.

AI 00204950220198190000 TJRJ / Julgamento: 23-10-2019

Sentença que julgou parcialmente o mérito, homologando a renúncia


à maternidade pela agravada. Destituição do poder familiar requerida
pelo ministério público. Abandono materno do infante. Situação de
fragilidade e desamparo vivenciados pela criança. Menor de 02 anos,
à época dos fatos, portadora de leucemia linfoide aguda,
encaminhada para internação no hospital universitário Pedro Ernesto
sem qualquer acompanhamento ou suporte do responsável legal.
TJ-MG / AC: 10188180069372001

1. O pedido de retificação de registro civil, por meio do qual busca a


autora, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, suprir o
patronímico paterno, vai de encontro ao disposto no art. 56 da Lei de
Registros Públicos, segundo o qual, nesta hipótese, a alteração
somente é facultada desde que não prejudique os apelidos de família.
Relator Edgard Penna Amorim Data de Publicação: 05/11/2019
2. Malgrado a regra da imutabilidade do nome não seja absoluta, o
que, a princípio, autorizaria a pretensão da autora de suprir o
sobrenome paterno de seu registro civil, haja vista fundada em
situação excepcional e motivada - qual seja, alegação de abandono e
36

ausência paterna desde sua tenra idade, sendo o patronímico paterno


uma constante lembrança de fato.
Página
Alimentos
ESPÉCIES:

1) Naturais ou necessários: indispensáveis à vida

Exceção. Ocorre quando nos autos fica provado que o


alimentado se tornou hipossuficiente por sua causa (“culpa
exclusiva da vítima”).
- Aqui a análise não ocorre conforme o padrão social,
mas pelo padrão indispensável à vida.
Obs.: cabe ao advogado provar que foi o alimentando
que deu causa, sob pena de se aplica os alimentos civis.
Exemplo: não tem obrigação de alimento, mas, se tiver,
deverá ser pelo mínimo indispensável à vida, dado que o
alimentado foi o responsável.
2) Civis ou côngruos: relativos ao padrão social

Regra, a ideia é criar condições para que o filho possa


quando adulto tiver o mesmo padrão social.

O primeiro requisito é a necessidade, que não se confunde com luxo.

Para analisar o que é necessidade e o que é luxo,


depende de cada pessoa.
20% do Brasil diz que plano de saúde é necessidade, os
demais dizem que é um sonho.
 Existe alguns critérios, por exemplo vedação de escolha de marca.
DEVER ≠ OBRIGAÇÃO

Todos temos o dever (abstrato) de solidariedade, que


somente se transforma em uma obrigação depois de analisado o
trinômio.
FIXAÇÃO OBRIGAÇÃO: trinômio necessidade x capacidade x
37

proporcionalidade.
Página

Antigamente era o binômio necessidade x capacidade.


Normalmente o pai vai fantasiado de pobre na audiência, cabe ao advogado
provar a real capacidade dele.

Notadamente pelas redes sociais, é possível exigir


ofício para banco, para cartão de crédito, extrato bancário etc.

Por outro lado, é possível fazer o mesmo para provar a real necessidade da
mãe.
Proporcionalidade: os custeios das necessidades serão rateados conforme a
capacidade de cada um.

Não é necessariamente meio a meio.


Enunciado 573, VI Jornada de Direito Civil: “Na apuração da
possibilidade do alimentante, observar-se-ão os sinais exteriores de
riqueza.”

Poder Familiar
Art. 22 ECA: é obrigação do pai de sustentar o menor.

Não é obrigação, mas um dever. O trinômio será


analisado somente para saber o quanto.
- Por esse motivo o pai não poderá alegar que está
desempregado para se escusar de alimentar o filho.
- A obrigação se mantem mesmo depois de perder
poder familiar, pois é do pai e da mãe, perdendo-se somente
depois de adoção (hipótese em que se perde a situação de
paternidade).
ALIMENTOS: obrigação legal (art. 1634, I, CC)

Enunciado 344, IV Jornada de Direito Civil:

“A obrigação alimentar originada do poder familiar, especialmente


para atender às necessidades educacionais, pode não cessar com a
maioridade.”

Súmula 358, STJ:


38

Cancelamento da pensão alimentícia por maioridade depende de


contraditório mesmo que nos próprios autos.
No caso de ocorrer a maioridade é necessário haver
Página

decisão judicial para ocorrer a exoneração. Se não for feito por


acordo é necessário entrar com processo de conhecimento.
Por vezes pode-se provar que o pagamento da pensão alimentícia poderá não
interessar ao filho.

Filho de 21 anos que só dorme, fuma maconha etc.

É possível provar que o filho, apesar de estar matriculado, não está cursando.

Notadamente reprovação por falta.


TJGO AC 03212287220168090065 5ª CÂMARA CÍVEL, DOJ 19/05/2019

• 1. O arbitramento do valor da pensão alimentícia é aferido pelo


binômio necessidade e possibilidade, através do qual se constatam
as reais necessidades das Alimentandas, bem como a disponibilidade
do Alimentante, à luz do caso concreto e sob o parâmetro da
razoabilidade.
2. Litigância de má-fé, para a sua caracterização, pressupõe-se a
comprovação do dolo da parte, manifestado por conduta
intencionalmente maliciosa e temerária, o que não restou cabalmente
provado, razão pela qual se impõe o afastamento da condenação nas
sanções do artigo 80 do Código de Processo Civil.
3. Da análise dos documentos, percebe-se que os alimentos foram
fixados em patamar compatível com a capacidade financeira do
Apelante e necessidades das Apeladas.
No caso o pai estava pagando escola mais cara para os
filhos dentro do casamento. A justiça não proveu o recurso da
mãe, dado que os filhos dela já estavam em uma escola com
reputação ilibada, ou seja, já estavam sendo atendidos.
AC: 70080212723 Publicação 01/03/2019 SÉTIMA CÂMARA CÍVEL /
TJRS

• Com a maioridade, os alimentos deixaram de encontrar seu


fundamento no dever de sustento dos pais para com os filhos
menores (art. 1.566, inc. IV, do CCB) e que faz presumida a
necessidade e passaram a amparar-se na obrigação existente entre
parentes (art. 1.694 e seguintes do CCB), desaparecendo, a partir
daí, a presunção de necessidade, que deve ser provada por quem
alega, ou seja, pelo beneficiário maior.
No caso, a apelante maior não se desincumbiu do ônus da prova das
suas necessidades, o que enseja a exoneração dos alimentos.
Pedido de retroatividade dos alimentos descabido nesta demanda.
Quando vem a maioridade o fundamento do alimento se
altera.
39

INFORMATIVO STJ 0484


Página

(...) é sabido que o advento da maioridade não extingue,


automaticamente, o direito à percepção de alimentos, mas esses
deixam de ser devidos em razão do poder familiar, passando a ter
fundamento nas relações de parentesco (art. 1.694 do CC), exigindo
a prova da necessidade do alimentado. Porém, o estímulo à
qualificação profissional dos filhos não pode ser imposto aos pais de
forma perene, sob pena de subverter o instituto da obrigação
alimentar oriunda das relações de parentesco, que objetiva preservar
as condições mínimas de sobrevida do alimentado.
INFORMATIVO STJ 0484

Em rigor, a formação profissional completa-se com a graduação, que,


de regra, permite ao bacharel o exercício da profissão para a qual se
graduou, independentemente de posterior especialização, podendo
assim, em tese, prover o próprio sustento (...)
Trabalho é diferente de carreira.
Na realidade atual é difícil dizer que quem tem diploma
“tem futuro”, como ocorria antigamente.
ESTATUTO DA JUVENTUDE LEI Nº 12.852/2013

Em atendimento ao art. 227, § 8º, I, CF (incluído pela EC 65/2010),


estabelece políticas públicas de juventude, dentre as quais a
potencialização da formação e preparação do jovem para o mercado
de trabalho e construção de sua carreira. É dever da família
(sociedade e Estado) assegurar ao jovem o direito à educação e à
profissionalização.
A juventude vai dos 15 aos 29 anos.
Se a família tem condição de fazer o investimento não é
necessário o Estado assim fazer.

INFORMATIVO STJ 0628

Excepcionalmente, é admissível a fixação de alimentos em valores ou


em percentuais diferentes entre os filhos.
Por vezes é preferível investir mais em filhos mais
dedicados, devendo haver provas.

Alimentos Entre Parentes


SUJEITOS (art. 1696 e 1697, CC): ascendentes e descendentes (na ordem
do grau de parentesco). Após, os irmãos (germanos e unilaterais).

A ordem é obrigatória
SUBSIDIARIEDADE e CHAMAMENTO AO PROCESSO: sempre
que se convoca quem estiver em vocação posterior a outrem na ordem do
40

art. 1697, CC.


Página

Aqui ocorre um chamamento ao processo sui generis,


dado que não há subsidiariedade, serve para que ocorre tudo no
mesmo processo.
É possível por vezes chamar ao processo quando os
pais são incapazes de sustentar a criança.
SUBSIDIARIEDADE

Enunciado aaa523, V Jornada de Direito Civil: “O chamamento dos


codevedores para integrar a lide, na forma do art. 1.698 do Código
Civil, pode ser requerido por qualquer das partes, bem como pelo
Ministério Público, quando legitimado.

ATENÇÃO: subsidiariedade termina nos irmãos. Alimentos por outros


parentes é liberalidade (Informativo STJ 381)

Não é possível fazer em face de tios, sogros etc.

Alimentos Avoengos
Enunciado 342, IV Jornada de Direito Civil: “Observadas suas
condições pessoais e sociais, os avós somente serão obrigados a
prestar alimentos aos netos em caráter exclusivo, sucessivo,
complementar e não-solidário quando os pais destes estiverem
impossibilitados de fazê-lo, caso em que as necessidades básicas
dos alimentandos serão aferidas, prioritariamente, segundo o nível
econômico-financeiro de seus genitores.”
Esses parentes podem fazer em caráter de mera
liberalidade.
- Não é costume no Brasil gerar a obrigação de
padrasto/madrinha em pagar.
Avô não tem obrigação de sustentar o neto, portanto ele
só vem para complementar.
SÚMULA STJ 594

O Ministério Público tem legitimidade ativa para ajuizar ação de


alimentos em proveito de criança ou adolescente independentemente
do exercício do poder familiar dos pais, ou do fato de o menor se
encontrar nas situações de risco descritas no art. 98 do Estatuto da
Criança e do Adolescente, ou de quaisquer outros questionamentos
acerca da existência ou eficiência da Defensoria Pública na comarca.

O MP poderá chamar os avós ao processo (quem pode


mais poder menos).
INFORMATIVO STJ 0587

O falecimento do pai do alimentando não implica a automática


41

transmissão do dever alimentar aos avós.

INFORMATIVOS STJ E ALIMENTOS AVOENGOS 236 / 315 / 421 /


Página

438: obrigação dos avós é subsidiária e complementar.


464: responsabilidade repartida entre os avós paternos e maternos.
Não é possível apenas citar os avós paternos ou
maternos, devem sempre chamar ambos.
483: produção probatória acerca do trinômio por não terem os avós
poder familiar.
Possibilidade deverá ser provada, dado que não há
obrigação de sustento.
SÚMULA STJ 596

A obrigação alimentar dos avós tem natureza complementar e


subsidiária, somente se configurando no caso de impossibilidade total
ou parcial de seu cumprimento pelos pais.
No caso de haver impossibilidade tanto na mãe como
no pai primeiro é necessário fazer em face do pai, depois que
deverá fazer um chamamento para ir em face dos avós.
Perceba que é importante a pensão avoenga, pois
normalmente o pai vive a custas dos avos, e a pensão é
calculado no padrão de vida do pai (o que difere de seu salário).
Idoso autor de ação de alimentos: estatuto do idoso, ele
é vulnerável.
Idoso réu de ação de alimentos: CC, ele não é
vulnerável.

TJRS / AC: 70082838137 PUBLICAÇÃO: 03/02/2020

Relator: José Antônio Dalton Cezar Oitava


Câmara Cível Caso dos autos em que inexiste comprovação cabal
acerca da impossibilidade de a genitora prover a subsistência das
filhas, na medida em que labora e possui rendimentos fixos, além de
as alimentandas não possuírem gastos extraordinários comprovados.

Outrossim, em que pese a alegação de o genitor não possuir


paradeiro certo, restou comprovada a ausência de esgotamento das
possibilidades de localização e das técnicas coercitivas existentes
para constrangê-lo ao cumprimento da obrigação alimentar. Assim,
não há falar em responsabilidade dos avós, que é subsidiária ou
complementar, e não solidária. Avó que não possui condições de
auxiliar as netas, visto que possui rendimentos pouco expressivos.
O judiciário entender que a mãe não conseguiu provar
que não consegue sustentar as suas filhas para evitar a citação
dos avós.

AI: 70079608675 TJRS – PUBLICAÇÃO: 26/04/2019


42

A obrigação de prover o sustento dos filhos é de ambos os genitores,


Página

isto é do pai e da mãe, e de um na falta do outro. O chamamento dos


avós para prestar alimentos somente cabe em situação de
excepcional necessidade. O fato de o pai não estar prestando de
forma regular os alimentos não transfere automaticamente a
responsabilidade para a avó paterna. Descabe fixar alimentos
provisórios quando se desconhece a situação econômica dos
genitores e dos avós.
Os avós somente serão chamados quando o pai não
puder, eles não são fiadores do pai, ou seja, não são chamados
caso o pai poder e não pagar.
ENUNCIADO 599 VII JORNADA DE DIREITO CIVIL

Deve o magistrado, em sede de execução de alimentos avoengos,


analisar as condições do (s) devedor (es), podendo aplicar medida
coercitiva diversa da prisão civil ou determinar seu cumprimento em
modalidade diversa do regime fechado (prisão em regime aberto ou
prisão domiciliar), se o executado comprovar situações que
contraindiquem o rigor na aplicação desse meio executivo e o torne
atentatório à sua dignidade, como corolário do princípio de proteção
aos idosos e garantia à vida.
Quando tiver idoso a prisão deverá ser analisada em
cada caso.
INFORMATIVO STJ 0617

Havendo meios executivos mais adequados e igualmente eficazes


para a satisfação da dívida alimentar dos avós, é admissível a
conversão da execução para o rito da penhora e da expropriação, a
fim de afastar o decreto prisional em desfavor dos executados.
Se o idoso tem meio bens suscetíveis para penhora não
é preso.
Perceba que esse informativo cria uma injustiça, ora, a
avó que tem condição de pagar e não paga não é preso, mas a
avó que não tem dinheiro é preso.

Características
TRANSMISSIBILIDADE Enunciado 343, IV Jornada de Direito Civil:

“A transmissibilidade da obrigação alimentar é limitada às forças da


herança.”
Por forças da herança entenda rendimentos da herança
(melhor entendimento) – não foi assim que o judiciário
entendeu.

CC/16 = dívidas – obrigação intransmissível.

Os alimentos serão extintos com a morte do


alimentante, o espólio pagamento tão somente as parcelas em
atraso.
43

CC/02 (art. 1.700) – obrigação de alimentos é transmissível.


Página

O que se transmite é a obrigação, não o dever.


ATENÇÃO: dever não é transmitido!
Obrigação é uma prestação continuada em que um
credor paga a um devedor.
- Se está recebendo alimentos é porque precisa, e não é
porque o alimentante morreu que ela deve passar a passar fome.
Herdeiros: recebem os bens e a responsabilidade de sustentar a pessoa
identificada como necessidade de alimentos.

Por exemplo se João pagava por decisão judicial a


Maria sua irmã e morre.
Maria não poderia opor ação de alimento em face de
sobrinhos, mas poderá cobrar dos herdeiros de João.
INFORMATIVO STJ 0534

O espólio de genitor do autor de ação de alimentos não possui


legitimidade para figurar no polo passivo da ação na hipótese em que
inexista obrigação alimentar assumida pelo genitor por acordo ou
decisão judicial antes da sua morte.
Não havia obrigação, e sim mero dever
(intransmissível).
INFORMATIVO STJ 0531

Não cabe prisão civil do inventariante em razão do descumprimento


do dever do espólio de prestar alimentos.
O inventariante não é o devedor (portanto não é o
executado) de alimento, que é o inventário.

INFORMATIVO STJ 0555

Extingue-se, com o óbito do alimentante, a obrigação de prestar


alimentos a sua ex-companheira decorrente de acordo celebrado em
razão do encerramento da união estável, transmitindo-se ao espólio
apenas a responsabilidade pelo pagamento dos débitos alimentares
que porventura não tenham sido quitados pelo devedor em vida (art.
1.700 do CC) – 2ª Seção
Voltou-se o entendimento do código de 1.916.
TJ-PE / APL 4180065 (10/10/2018)

A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros quando


estabelecidos anteriormente à morte do alimentante, respeitando-se
os limites da herança. Considerando que a alimentada também é
44

herdeira do alimentante, a obrigação alimentar deverá ser suportada


pelo espólio até a realização da partilha e os valores pagos a título de
alimentos deverão ser abatidos do quinhão atribuído à
Página

autora/apelante, sob pena de enriquecimento ilícito desta em


detrimento dos demais herdeiros.
Decisão absurda.
1) INCOMPENSÁVEIS

Os alimentos não podem ser cedidos, porque não pode


ter cunho patrimonial, ou seja, não pode enriquecer o
alimentando.
A obrigação é intransferível (intervivos), mas
transmissíveis (causa mortis). Também não é compensável, ou
seja, o alimentante não poderá opor ao alimentado alguma
dívida que tenha.

Alimentos em espécie: dinheiro.


Alimento em natura: comida, escola etc.

Os pais normalmente gostam de dar alimento em natura


para retirar autonomia para a mãe.
2) IMPENHORÁVEIS

Não pode ser objeto de penhora, nem como crédito ou


quando já foi pago.
3) IRREPETÍVEIS

Não se admite devolução do que foi pago. Mesmo se os


alimentos foram revogados mais à frente. Exemplo: alimentos
provisórios e alimentos gravíticos.

Alimentos gravíticos: CC art. 1.997 – o marido possui paternidade presumida.


STJ – o parceiro também têm.

4) (IR)RENUNCIÁVEIS (cônjuges e companheiros)

INFORMATIVO STJ 0624

É possível, em sede de execução de alimentos, a dedução na pensão


alimentícia fixada exclusivamente em pecúnia das despesas pagas
"in natura", com o consentimento do credor, referentes a aluguel,
45

condomínio e IPTU do imóvel onde residia o exequente.


É possível a conversão do alimento em espécie em
natura, desde que haja consentimento e seja referente a aluguel e
Página

taxas acessórias do imóvel.


É possível fazer isso para conseguir pagar a dívida com desconto (negociando
as dívidas em aberto).

INFORMATIVO STJ 0622

A ação de prestação de contas ajuizada pelo filho em desfavor dos


pais é possível quando a causa de pedir estiver relacionada com
suposto abuso do direito ao usufruto legal e à administração dos bens
dos filhos.
É possível o pai entrar com ação de prestação de contas
em face da mãe. Também é possível o filho maior entrar.

Competência: vara de família;

O pai aqui não quer repetição do pagamento, mas a


prestação de contas. E, se constatado que a mãe embolsou
(desviou) valores é possível fazê-la devolver ao pai.
(IR)RENUNCIABILIDAE

Enunciado 263, III Jornada de Direito Civil: “O art. 1.707 do Código


Civil não impede seja reconhecida válida e eficaz a renúncia
manifestada por ocasião do divórcio (direto ou indireto) ou da
dissolução da “união estável”. A irrenunciabilidade do direito a
alimentos somente é admitida enquanto subsista vínculo de Direito de
Família.”
É impossível renunciar, mas é possível deixar de
exercer (art. 1.707 CC).
Os alimentos entre cônjuges e companheiros podem ser
renunciador, normalmente é trocado por bens (acordo).
Mesmo sentido: Informativo 260 STJ

INFORMATIVO STJ 0553

Tendo os conviventes estabelecido, no início da união estável, por


escritura pública, a dispensa à assistência material mútua, a
superveniência de moléstia grave na constância do relacionamento,
reduzindo a capacidade laboral e comprometendo, ainda que
temporariamente, a situação financeira de um deles, autoriza a
fixação de alimentos após a dissolução da união.
A cláusula de renúncia prévia é nula de prévio direito,
por dispor de algo indisponível (alimento enquanto há família).

Enquanto tiver família os alimentos são irrenunciáveis.


46
Página
Alimentos e Sociedade
Conjugal
INOCENTE: alimentos côngruos

CULPADO: excepcionalmente, tem direito aos indispensáveis.

Art. 1.702 e 1.704: a culpa é necessária para a analisa da pensão.

Quem não deu causa ao rompimento da sociedade


conjugal possui direito aos alimentos civis, enquanto aquele que
deu tem direito a, excecionalmente, meramente os alimentos
naturais.

Art. 1.704 § único: o culpado possui direito de alimentos naturais, desde que
prove que não tem condições e não tem a quem socorrer.

Por exemplo um marido que praticava violência


doméstica sofre, depois de um tempo, um acidente
incapacitante.
EXONERAÇÃO LEGAL: somente pelos atos praticados pelo credor.
INFORMATIVO 309 STJ:

Divórcio, por si só, NÃO é causa de exoneração.


“as partes se reservam no direito de pedir alimentos no
futuro, mas agora não” – para poder começar a pedir.
Se não tiver essa cláusula na escritura não vai poder
abrir, mas se estiver pagando o divórcio não exonera.
Lei 11.441/2007: convenção de alimentos entre cônjuges.

Essa lei possibilita o divórcio via cartório de notas.

Se na escritura pública haver alimentos servirá como título executivo


extrajudicial.

EXONERAÇÃO LEGAL
47

As hipóteses de exoneração está no art. 1.708.


Página

a) Nova família do credor(a)


Se o alimentando formar nova família, devendo entrar
com ação de exoneração de alimentos (a busca pode ser feita
junto à corregedoria do cartório de pessoa natural) – nesse ponto
não se analisa qualquer necessidade.
Se o adolescente (16 a 18) anos se casa ocorre a
emancipação. Mas celebrando tal casamento não exonera o pai
do pagamento de pensão alimentícia.
Para ocorrer exoneração deverá haver união estável, a
ser provada.

A pensão alimentícia não pode ser um cinto de castidade para mulher.

Normalmente o pai pede exoneração logo quando


ocorre o namoro, o que é absurdo.

Enunciado 265, III Jornada de Direito Civil:

Na hipótese de concubinato, haverá necessidade de demonstração


da assistência material prestada pelo concubino a quem o credor de
alimentos se uniu.
Não é suficiente provar que a ex-esposa passou a ser
concubina de outro homem (pois não há assistência material).
Para tanto é necessário provar também que o concubino sustenta
ela.

O STF abriu a possibilidade de instituição (divisão) de pensão alimentícia com


a concubino e o conjunge.

O concubinato não gera obrigação de assistência


material (entre os concubinos).
b) Comportamento indigno

Cabe ao alimentante provar isso (a indignidade) – o art. 1.708 não explica o


que é.

Enunciado 264, III Jornada de Direito Civil:

Na interpretação do que seja procedimento indigno do credor, apto a


fazer cessar o direito a alimentos, aplicam-se, por analogia, as
48

hipóteses dos incs. I e II do art. 1.814 do Código Civil.


Página

a) Homicídio doloso contra o alimentante (consumado ou tentado)


b) Homicídio doloso contra CADI do alimentante (consumado ou tentado)
CADI = conjunge, ascendente, descendente e irmão.

c) Crimes contra a honra (inclui, por exemplo, denunciação caluniosa).


d) Também se aplica nos casos de ingratidão (art. 557 – doação).

Não se aplica o inciso III e o IV, podendo, contudo, ser


alegado. Também é possível se utilizar qualquer outro crime.
Enunciado 345, IV Jornada de Direito Civil:

O “procedimento indigno” do credor em relação ao devedor, previsto


no parágrafo único do art. 1.708 do Código Civil, pode ensejar a
exoneração ou apenas a redução do valor da pensão alimentícia para
quantia indispensável à sobrevivência do credor.
Sai do patamar dos alimentos civis para os naturais.

INFORMATIVO STJ 0557

A constituição de nova família pelo devedor de alimentos não


acarreta, por si só, revisão da quantia estabelecida a título de
alimentos em favor dos filhos advindos de anterior unidade familiar
formada pelo alimentante, sobretudo se não houver prova da
diminuição da capacidade financeira do devedor em decorrência da
formação do novo núcleo familiar.
Art. 1.709: se quem paga a pensão formar nova família
a pensão continua normal.

“quando se separa o padrão econômico diminui” - ausência de comprovação.

AC: 1000378-44.2019.8.26.0075 TJSP / Publicação: 27-11-2019

Redução da capacidade econômica do alimentante não evidenciada.


Ônus do artigo 373, inciso I, do Código de Processo Civil, do qual o
interessado não se desincumbiu. Manutenção da verba alimentar
fixada.
III. Alegação de constituição de nova família e advento de nova prole
que não aproveita ao alimentante. Circunstância que deveria ter sido
mais bem sopesada antes do estabelecimento de novas obrigações.
Inexistência de prova, outrossim, da redução das necessidades da
menor, legalmente presumidas.
Deverá ficar prova que houve a redução da capacidade
de econômica, de forma a comprometer o pagamento da pensão.
INFORMATIVO STJ 0557
49

Em regra, a pensão alimentícia devida à ex-cônjuge deve ser fixada


por tempo determinado, sendo cabível o pensionamento alimentar
sem marco final tão somente quando o alimentado (ex-cônjuge) se
Página

encontrar em circunstâncias excepcionais, como de incapacidade


laboral permanente, saúde fragilizada ou impossibilidade prática de
inserção no mercado de trabalho.
Alimentos matrimoniais: a regra é serem temporários,
se provados os elementos do binômino (capacidade e
necessidade).
Por vezes a pessoa não consegue trabalhar, mas não
tem necessidade, pois ela recebe aluguel de diversos imóveis,
por exemplo.
- Por vezes, quando o filho precisa de cuidados
especiais, é devido a pensão para a mãe.
TJRS - AC 70079986725 DOJ 06/03/2019

Se o varão era o provedor da família e a mulher sempre se dedicou


aos cuidados com a família e auxiliava nas atividades desenvolvidas
na propriedade, é cabível a fixação de alimentos por tempo suficiente
para que obtenha inserção no mercado de trabalho. Os alimentos
devem ser suficientes para atender as necessidades da esposa, mas
dentro da capacidade econômica do alimentante e sem sobrecarregá-
lo em demasia
Homem – provedor; mulher – cuidadora. Normalmente
se aplica nos casos de divórcio tardios.
Se isso ocorrer o homem deverá sustentar a mulher
depois do divórcio por tempo suficiente para entrar no mercado
de trabalho.
- Se não tem como ela entrar no mercado de trabalho
(não tiver absorção) é possível requerer pensão por tempo
indeterminável.

Alimentos Compensatórios
Constituem-se no ressarcimento de um prejuízo objetivo, surgido
exclusivamente do desequilíbrio econômico ocasionado pela ruptura do
matrimônio e carrega em seu enunciado uma questão de equidade.
Identifica-se com a indenização devida pela perda de uma chance,
experimentada durante o matrimônio pelo cônjuge que mais perde com a
separação (paradigma da solidariedade como eixo da dignidade da pessoa
humana).

Por exemplo quando a mãe precisa de abdicar de seus sonhos para cuidar de
50

sua família.
Página

Perceba que aqui possui perda de oportunidades


objetivas.
Os alimentos compensatórios não se baseiam no binômino necessidade e
capacidade, mas se faz tão somente pela indenizatória.
- Na teoria não é necessário especificar o tipo de alimento pretendido, embora
na prática seja recomendável.

Os alimentos compensatórios, geralmente, são por


tempo indeterminável (até ser mitigada a diferença).
Para tanto é necessário provar que a mãe nunca deixou
de trabalhar (e abdicou parcialmente), pois deve se configurar
perda de oportunidades objetivas e concretas.
STJ, RECURSO EM HABEAS CORPUS Nº 28.853-RS

(...) A pensão compensatória visa a reparar o passado, cuidando para


que ele não falte no futuro. Tem a toda evidência, um propósito
indenizatório, que não exclui sua função compensatória, mas antes,
se completa, pois corrige um descompasso material causado pela
separação e compensa o cônjuge que se viu em condições
financeiras inferiores com o término da relação, e cobre as
oportunidades que foram perdidas durante o matrimônio.
Futuro em razão do passado.

TJ-AM 40026090720178040000 – AI

Entendo como adequada a estipulação de pensionamento em favor


da Agravada, a título de alimentos compensatórios, cuja fixação,
destaco, tem cabimento quando um dos conviventes, depois de
rompida a relação, permanece na administração do patrimônio dos
bens comuns, como forma de compor eventual desequilíbrio
patrimonial, visto que restou, a priori, assente que o Agravante,
através de sua curadora, mantém a administração dos bens,
inclusive, deixando a Agravada de perceber os aluguéis de imóveis
que estariam em seu nome (...)

TJRS / AI 70079265146

Apesar de não serem expressamente previstos na legislação pátria,


os alimentos compensatórios são admitidos pela doutrina e pela
jurisprudência com o objetivo de equilibrar o padrão de vida do casal,
compensando o eventual desequilíbrio gerado pelo rompimento da
relação na hipótese de apenas um dos cônjuges/companheiros
usufruir dos frutos advindos de negócios constituídos na constância
do casamento/união estável ou de imóveis adquiridos neste período,
sobre os quais incida direito de meação.
Diário da Justiça do dia 07/03/2019 No caso, por ser incontroverso
que o comércio de alimentos citado na exordial constitui patrimônio
51

comum e que está exclusivamente sob administração do demandado,


justifica-se a fixação de alimentos compensatórios em favor da
Página

autora, que inclusive trabalhava no local antes da separação fática


dos contendores. No tocante ao valor dos alimentos compensatórios,
(...) o montante estabelecido pelo Juízo de origem, de 5 salários-
mínimos, não se afigura desarrazoado, por representar pouco mais
de 2 dias de faturamento da empresa...
Os alimentos compensatórios não existem na lei, sendo
trazido da Espanha pelo Rolf Madaleno.
TJRS – AI 70078222718 Julgado em 29/08/2018

AGRAVO DE INSTRUMENTO. FAMÍLIA. AÇÃO DE DIVÓRCIO


CUMULADA COM PARTILHA DE BENS, GUARDA,
REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS, ALIMENTOS, ARROLAMENTO.
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS. POSSIBILIDADE. CABÍVEIS
ALIMENTOS COMPENSATÓRIOS, MAS NÃO NO PATAMAR
PRETENDIDO. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.
Os alimentos ditos compensatórios são fixados quando um dos
cônjuges/companheiros permanecem na administração do patrimônio
ou usufruindo dos bens comuns (a maior parte), de forma exclusiva.
Seu fito é, portanto, a de restabelecer o equilíbrio financeiro entre os
cônjuges/companheiros.

TJRS – AI 70078720984

Os alimentos compensatórios não comportam o rito de prisão civil por


não terem caráter alimentar, mas natureza indenizatória. Assim, sua
eventual inadimplência não sujeita o devedor à coerção pessoal,
devendo, nestes casos, ser aplicado o rito da constrição patrimonial.
É possível penhorar salário e bens de família, o que não
pode é prisão.
Na prática ainda assim é recomendável o pedir a prisão
do executado (se na posição de advogado do exequente).
AI 01126718820198090000 - TJGO – DOJ 31/05/2019

In casu, devidamente comprovada a necessidade da


agravante/alimentada em receber os alimentos compensatórios, sob
pena de passar por dificuldades financeiras e, ainda, existindo a
possibilidade do agravado/alimentante em pagá-los, em virtude de
estar na posse e fruição dos bens do ex-casal ainda não partilhados,
a concessão da tutela de urgência é a medida que se impõe.

Alimentos Gravídicos
CREDORA: gestante

É a gestante, não o nascituro (previsão legal). Para ter


legitimidade deve ser gestante.
CAUSA DE PEDIR: necessidades relativas à gestação e ao nascituro.

Se presta ao pagamento do enxoval, hidroginástica para


52

a mãe etc.
DEVEDOR: indícios de paternidade ou maternidade (relações
Página

homoafetivas). Faltando indícios, ação investigatória cumulada com


alimentos.
Para provar indícios de paternidade cabe tudo, como
foto, Email, WhatsApp etc. Não precisa ter certeza, mas mera
dúvida.
- Caso o advogado não sinta confiante nas provas, é
possível solicitar subsidiariamente audiência de justificação,
momento em que será ouvido testemunhas.
- A reponsabilidade caso o homem não seja o pai é
subjetiva, ou seja, ele terá que provar a má-fé da mulher.
É possível exigir de outra mulher (homoafetivo), dado a
prova documental da reprodução assistida.
NASCIMENTO: não cessa a obrigação, assumindo o crédito a criança.

ALIMENTOS GRAVÍDICOS E O PROCESSO Lei 5478/68 (Lei dos


Alimentos e CPC) aplicação subsidiária à Lei 11.804/2008.

Os alimentos gravídicos surgiram na lei 11.804/2008,


aplica-se subsidiariamente a lei 5.479 (lei de alimentos) e o
CPC.

Difere da lei de alimentos o prazo de contestação.

5 dias para pagar e, se quiser, apresentar defesa.

A sentença não torna o homem pai da criança.

Não é declarativa de paternidade, portanto, para se


exonerar da obrigação é necessário entrar com uma negatória de
paternidade com exoneração de alimentos (pedido sucessivo).

Não se aplica no caso de mulher casada

Conforme o art. 1.592, o marido é presumidamente o


pai da criança da esposa. O STJ estende essa lógica ao
companheiro.
Enunciado 522, V Jornada de Direito Civil:

Cabe prisão civil do devedor nos casos de não prestação de


53

alimentos gravídicos estabelecidos com base na Lei n. 11.804/2008,


inclusive deferidos em qualquer caso de tutela de urgência.
Página

TJRS / Oitava Câmara Cível - Relator: Ricardo Moreira Lins Pastl


O requisito exigido para a concessão dos alimentos gravídicos, qual
seja, indícios de paternidade, nos termos do art. 6º da Lei nº
11.804/08, deve ser examinado, em sede de cognição sumária, sem
muito rigorismo, tendo em vista a dificuldade na comprovação do
alegado vínculo de parentesco já no momento do ajuizamento da
ação, sob pena de não se atender à finalidade da lei, que é
proporcionar ao nascituro seu sadio desenvolvimento.
No caso, as mensagens eletrônicas trocadas entre as partes são
suficientes a demonstrar plausibilidade na indicação de paternidade
realizada pela agravante.

AI 70080929268 - Julgado em 30/05/2019

decorrente de relacionamento mantido no período concomitante à


concepção, restando autorizado o deferimento dos alimentos
gravídicos. Considerando que o juízo singular fixou alimentos à filha
menor no valor equivalente a 30% do salário-mínimo, e sopesando
que alimentante exerce atividade laboral formal, com renda de cerca
de um salário-mínimo, cabível o estabelecimento de alimentos
provisórios e de alimentos gravídicos no patamar equivalente a 20%
dos rendimentos paternos.

TJ-RS - AI: 70076564251 - Data de Julgamento: 10/05/2018

Caso dos autos em que decisão proferida pelo juízo singular indeferiu
o pedido de alimentos gravídicos provisórios, sob a alegação da
inexistência de prova segura ou fortes indícios da paternidade
alegada. Decisão que merece reforma, uma vez que o artigo 6º da Lei
11.804/08 expõe como requisito para a concessão deste direito
apenas a existência de indícios da paternidade. Neste sentido, em
fase de cognição sumária, não se exige uma rigorosa análise quanto
à comprovação do vínculo familiar, haja vista a dificuldade de
constituir tal prova. Destarte, deve-se considerar essencialmente a
finalidade dos alimentos gravídicos, priorizando ao nascituro sua
proteção e o seu saudável desenvolvimento, em face de um possível
prejuízo suportado pelo agravado na hipótese de negativa de
paternidade.
A cognição é feita in dubio pro nascituro.

Estatuto do Idoso
LEI 10.741/2003 (art. 11 a 14)

Não confundir com os alimentos avoengos, aqui é o


idoso vulnerável, que necessita de alimentos.
- O idoso é vulnerável, ou seja, ele não está no mesmo
patamar do que as pessoas normais.
- O idoso rico não precisa de alimentos, diferente
54

daqueles que precisam.


- É possível opor em face de outro idoso.
Página

CARÁTER SOCIAL: idoso não é preso às regras do direito das famílias.


A proteção do idoso não tem caráter familiar, mas social, tanto que se ninguém
tiver condições o Estado socorre (responsabilidade subsidiária – é o último na
fila).

Não se aplica o art. 1.692 e 1.698 do CC, ou seja, é


possível o idoso exigir alimentos em fase de qualquer membro
de sua família (não confundir com mero parente).
- É possível suscitar determinada subsidiariedade, por
questão de bom senso.
DIREITO DE OPÇÃO o familiar a lhe prestar alimentos.

TÍTULO EXECUTIVO EXTRAJUDICIAL: acordo com familiares


assinado por MP ou DP.

É possível fazer esse acordo dentro do MP, hipótese em


que não tem que haver homologação judicial.
ASSISTÊNCIA SOCIAL: nenhum familiar apto a prestar alimentos. Lei
dos Alimentos e CPC: instrumentalização.

Se ninguém puder o Estado paga.


55
Página
Alimentos e o Processo
Ø AÇÃO DE ALIMENTOS: rito especial.

O rito especial é dado pela lei 5.478/68.


Nesse caso, ocorrerá a citação, junto com os alimentos provisórios.
Se houve acumulação das ações de alimentos com alguma outra aplicar-se-á o
procedimento especial de família pelo CPC, hipótese em que terá que provar
urgência.

Caso não ocorra a cumulação, caso haja


indeferimento por ausência de prova de urgência é possível faze
recurso por meio de agravo de instrumento alegando error in
procedendo, dado que se trata tutela de evidência.

Existem 4 formas de sentença (definitiva) da ação de alimentos:

Essa sentença será desafiada por meio de apelação


(naturalmente).

a) Sentença de improcedência.

Terá efeito devolutivo e suspensivo, ou seja, até o


julgamento da apelação o réu deverá pagar os alimentos
provisórios.
Obs.: é possível o réu pedir ao relator que faça uma
tutela provisória revogando tal efeito. Tem que pedir.

b) Sentença de procedência

Terá efeito meramente devolutivo. Se configura mesmo


se a condenação for parcial, admitindo-se, portanto, execução
provisória.
Conforme o art. 13§2 da lei 5.478/68 (lei de alimentos)
a sentença retroage à data da sentença, ou seja, o réu terá que
56

pagar a diferença entre a sentença (maior) e o que foi concedido


a título de tutela provisória (menor).
Página

O contrário não é aplicável, pois os alimentos são


irrepetíveis. É aplicável quando as prestações não foram
adimplidas (podem ser pagas conforme a sentença).
Ø PROVISÓRIOS: liminar de caráter satisfativo, devendo o juiz fixá-los
mesmo que não requeridos – tutela da evidência.

Ø Observação: tutela de urgência é cabível quando alimentos são


requeridos em procedimento comum (ex.: investigação de paternidade,
divórcio, dissolução de união estável).

INFORMATIVO STJ 664 –

Cumprimento de sentença condenatória de alimentos. Exame da


gratuidade a partir da situação econômica do representante legal do
menor. Impossibilidade. Presunção de insuficiência econômica do
menor. - Em ação judicial que versa sobre alimentos ajuizada por
menor, não é admissível que a concessão da gratuidade de justiça
esteja condicionada a demonstração de insuficiência de recursos de
seu representante legal.
Se quem está pedindo alimentos é criança ou
adolescente já se presume que é pobre e vulnerável, não tendo
que provar necessidade.
Já quando o alimentando não for criança ou adolescente
terá que provar necessidade.
Obs.: apesar de não ser necessário, é por vezes de
bom senso juntar a petição inicial uma planilha com as
necessidades, além de provar a capacidade.

Revisão de Alimentos
Ocorre quando há mudança na necessidade e da possibilidade.

Depende de prova e de contraditório.

Ocorrerá a exoneração quando não haver mais necessidade ou possibilidade.


É necessário confrontar o passado com o presente, os cenários.
A revisão de alimentos é feito em ações próprias, não há prevenção com a
ação principal.

Será competente o domicílio do alimentando.


57

Obs.: também é possível haver mudança conforme a proporcionalidade.


Página

Na época a mãe recebia 4 vezes menos, agora recebe 2


vezes mais.
CAUSA DE PEDIR: alteração do trinômio (majoração / redução /
exoneração)

REAJUSTE: mera correção monetária da prestação (ocorre nos mesmos


autos dos alimentos)

Não ocorre a discussão sobre o trinômio, mas tão


somente a troca do indício de reajuste.
ALIMENTOS TRANSITÓRIOS: dispensam pedido de exoneração porque
a prestação prevê termo resolutivo (Informativo 444 STJ)

AC – 07000680720188070001 - TJDFT – DOJ 25/06/2019

Reconhecida a guarda compartilhada e o fornecimento de alimentos


in natura pelo genitor, mister se faz, no caso concreto, reduzir o
percentual dos alimentos fixados pela instância prima.
O art. 1.701 estabelece a possibilidade de entregar os
alimentos in natura.

REVISÃO E O PROCESSO –

AÇÃO: distribuição livre, pois não há identidade objetiva com a ação de


alimentos.

A ação de alimentos já está extinta.


PROCEDIMENTO COMUM: cabível tutela de urgência.

Não é cabível tutela de evidência.

É incorreto afirmar que se tratar de procedimento comum, aplicação art. 693 do


CPC.

MAJORAÇÃO / REDUÇÃO / EXONERAÇÃO: Os efeitos da sentença


que reduz, majora ou exonera o alimentante do pagamento retroagem à data
da citação, vedadas a compensação e a repetibilidade. (Súmula 621 STJ).
58

SÚMULA STJ 621 - Os efeitos da sentença que reduz, majora ou


exonera o alimentante do pagamento retroagem à data da citação,
Página

vedadas a compensação e a repetibilidade.


Caso a sentença reduza os alimentos as parcelas depois da citação que ainda
não foram pagas serão reduzidos.
- O que já pagou já era.

INFORMATIVO STJ 0543 –

Decidiu a 2ª Seção que “Os efeitos da sentença proferida em ação de


revisão de alimentos - seja em caso de redução, majoração ou
exoneração - retroagem à data da citação (art. 13, § 2º, da Lei
5.478/1968), ressalvada a irrepetibilidade dos valores adimplidos e a
impossibilidade de compensação do excesso pago com prestações
vincendas.” Portanto, prejudicados os Informativos STJ 351 e 518.

AC 03338682920148090049 - TJGO – DJ 0/06/2019

O apelante/alimentante recorre para ver cassada a sentença que


majorou a verba alimentar de 35% para 67% do salário-mínimo.
3. Informa e comprova que ficou desempregado após o proferimento
da sentença, tornando impossível o adimplemento dos alimentos sem
prejudicar sua própria subsistência.
4. Atendido o princípio da proporcionalidade, com o ponderamento
entre o binômio necessidade/possibilidade, que norteiam o
magistrado no momento de fixar os alimentos. APELO PROVIDO.
Por ser condenado a pagar a mais é possível recorrer,
mas como é provimento não possui efeitos suspensivo.

INFORMATIVO STJ 0531 –

Na hipótese de superveniência de sentença que fixa alimentos em


quantia inferior aos provisórios, a prisão civil do devedor somente
pode ser admitida diante do não pagamento do valor resultante do
cômputo das prestações vencidas com base no novo valor
estabelecido pela sentença.
É possível se evitar a prisão quando paga todas as
parcelas durante a execução provisória de alimentos (pelo valor
novo) e as três últimas parcelas antes da citação (que não foram
pagas – pelo valor antigo).
TJGO - AI 00711835620198090000 – Publicação: DJ de 01/07/2019

Não há óbice algum a que a filha, agora maior, não queira mais
prosseguir com a execução de alimentos, dando quitação ao devedor.
Entretanto, na linha da jurisprudência emanada pelo egrégio Superior
Tribunal de Justiça, se não satisfeita a obrigação pelo pai, a quitação
dada pela filha ao atingir a maioridade não alcança os débitos
pretéritos, sendo admitida o prosseguimento da execução pela mãe,
59

quem efetivamente arcou com os ônus da inadimplência.


A mãe, na posição de representante, estava
promovendo execução na face do pai. A filha, depois ficar
Página

maior, perdoa o pai.


- É possível quanto as parcelas depois.
- Não é possível quanto as parcelas antigas, dado que a
mãe assumiu o prejuízo do inadimplemento do pai.
2. Em caso de cobrança de dívida alimentar pretérita, em que o débito
perdeu claramente a sua atualidade, não se justifica o decreto da
prisão civil exarado em desfavor do devedor, razão pela qual merece
reforma a decisão agravada nesta parte.
Não é possível prisão civil, dado que tratar-se de
parcelas antigas.
INFORMATIVO STJ 0608 –

Não é possível, em tutela antecipada deferida na ação revisional de


alimentos, a alteração de valor fixo de pensão alimentícia para um
valor ilíquido, correspondente a percentual de rendimentos que virão
a ser apurados no curso do processo.
Por exemplo 10% de tudo que ganhar.

Execução de Alimentos
Utilizado para pagar tanto os alimentos definitivos como os provisórios.

VALOR DA PRESTAÇÃO: estabelecido na decisão transitada em julgado.

RETROATIVIDADE (art. 13, § 2º, Lei 5478/68): não são atingidas as


parcelas pagas (repetíveis).

APELAÇÃO (art. 1.012, § 1º, CPC e 14, da Lei 5478/68): somente efeito
devolutivo se a sentença condenar ao pagamento.

Se a sentença não condenar ao pagamento aí terá


efeitos suspensivos e devolutivos.
SÚMULA STJ 277 –

Julgada procedente a investigação de paternidade, os alimentos são


devidos a partir da citação.
Ação de paternidade cumulada com alimentos.
INFORMATIVO STJ 0590 4ª Turma / Rel. Min. Marco Buzzi / DJ
23/9/2016.
60

A genitora que, ao tempo em que exercia a guarda judicial dos filhos,


representou-os em ação de execução de débitos alimentares possui
legitimidade para prosseguir no processo executivo com intuito de ser
Página

ressarcida, ainda que, no curso da cobrança judicial, a guarda tenha


sido transferida ao genitor (executado).
É possível a genitora continuar a execução, mas deixa
de ser uma execução alimentar e passa a ser patrimonial.
- Nesse caso, o prazo prescricional da pretensão de cobrança do reembolso
é de 10 anos, e não de 2 anos (Informativo STJ 0574)

INFORMATIVO STJ 0654 –

Por se tratar de um direito da personalidade, o direito aos alimentos


assume nítido viés personalíssimo (...) nessa linha de entendimento,
uma vez extinta a obrigação alimentar pela exoneração do
alimentante - no caso pela alteração da guarda do menor em favor do
executado -, a genitora não possui legitimidade para prosseguir na
execução dos alimentos vencidos, em nome próprio, pois não há que
se falar em sub-rogação na espécie. (Cont.)

Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze Terceira Turma – DJe 14/08/2019 –

Nessa linha de entendimento, uma vez extinta a obrigação alimentar


pela exoneração do alimentante - no caso pela alteração da guarda
do menor em favor do executado -, a genitora não possui legitimidade
para prosseguir na execução dos alimentos vencidos, em nome
próprio, pois não há que se falar em sub-rogação na espécie. Para
evitar que o alimentante, a despeito de inadimplente, se beneficie
com a extinção da obrigação alimentar, o que poderia acarretar
enriquecimento sem causa, a genitora poderá, por meio de ação
própria, obter o ressarcimento dos gastos despendidos no cuidado do
alimentando, durante o período de inadimplência do obrigado, nos
termos do que preconiza o art. 871 do Código Civil.

Prescrição da Prestação
PRETENSÃO A ALIMENTOS: imprescritível.

Até porque a necessidade se renova.


EXECUÇÃO DE PRESTAÇÃO INADIMPLIDA: prescreve em 2 anos
(art. 206, § 2º, CC)

IMPORTANTE: somente começa a correr prescrição contra o ascendente


quanto encerrado o poder familiar (art. 197, II, CC)

- PERDA DO PODER FAMILIAR e EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA:


prazo prescricional somente tem início com a maioridade.

Para a execução é necessário fazer uma planilha com


tudo que deve, com o índice de correção monetária do TJ + os
61

juros.
Página

Se for anexado pelo salário-mínimo basta utilizar o


atual e somar os juros.
Procedimento
- COMPETÊNCIA (INFORMATIVO 209 STJ):

Tanto onde foi prolatada a sentença (dependência) quanto o foro


mais favorável ao alimentando (vulnerabilidade).

- INFORMATIVO 251 STJ:

perda de emprego não é matéria de execução, mas sim de revisão.


A revisão precisa de prévio contraditório e ampla
defesa.
- INFORMATIVO 251 STJ: incidência sobre 13º

EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - Enunciado 572, VI Jornada de Direito


Civil:

“Mediante ordem judicial, é admissível, para a satisfação do crédito


alimentar atual, o levantamento do saldo de conta vinculada ao
FGTS.” (INFORMATIVO 190 STJ)

Pensão não incide sobre FGTS, mas a penhora sim.


INFORMATIVO 485 STJ:

desconto em folha é possível tanto para os alimentos recentes quanto


para os antigos, desde que não prejudique a sobrevivência do
devedor.

Por exemplo é possível reter 20% do salário a título de


pensão mais 10% a respeito de penhora.
- Ponderação casuística.

TJSC, AI nº 20130067976 SC 2013.006797-6

(...) inexistindo bens passíveis de penhora ou valores depositados em


instituições financeiras (...) requerer a emissão de certidão, junto ao
juízo responsável pela execução, com os dados necessários ao
protesto do título executivo judicial. Nesse diapasão, conclui-se não
haver qualquer óbice à inclusão do nome do devedor nos órgãos
restritivos de crédito (...)

TJSP, AI nº 0226743-83.2011.8.26.0000
62

(...) com efeito, não há qualquer impedimento legal para que o nome
do devedor de alimentos seja inscrito nos órgãos do SERASA e
SCPC. Apesar de tais instituições serem mantidas pelos órgãos
Página

privados, é inegável seu caráter público, uma vez que interessa a


toda sociedade manter cadastros dos nomes das pessoas que não
honram suas obrigações de pagar pontualmente suas dívidas. (...)
EXECUÇÃO DE ALIMENTOS - ALIMENTOS RECENTES: prestações
vencidas ao longo da execução + as 3 prestações anteriores ao ajuizamento.

Alimentos recentes: as três últimas a contar do


ajuizamento da ação de execução e as que vencerão ao longo
dela.
- São elas que justificam a prisão.
- SÚMULA 309, STJ:

SÚMULA STJ 309 - O débito alimentar que autoriza a prisão civil do


alimentante é o que compreende as três prestações anteriores ao
ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo.

Será necessário fazer duas execuções? Antigamente sim.

Os alimentos antigos eram cobrados via execução


patrimonial, enquanto os recentes eram de alimentos.
- Era possível ou mover 2 execuções ou executar tudo
pela execução patrimonial.
Prisão civil apenas para os alimentos recentes (pagamento, alvará de
soltura).

- MULTA DE 10%: apenas os alimentos antigos.

Art. 528, CPC/2015 - O débito alimentar que autoriza a prisão civil do


alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores
ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do
processo. Portanto, é um só procedimento.
Pelo novo CPC é um só procedimento, a diferença é o
quanto deve ser pago para haver o mandado de soltura. Na
prática eles aplicam o sistema antigo (duas execuções).
- Pode o exequente preferir por promover o cumprimento da sentença pela
execução de quantia certa contra devedor solvente.

O exequente pode preferir fazer a execução via


penhora, sem prender o devedor.
63

- é possível o executado indiciar bens para penhora,


como forma de se evitar a prisão.
Página

INFORMATIVO STJ 0620 –


Os valores recebidos a título de participação nos lucros e resultados
integram a base de cálculo dos alimentos estabelecidos em
porcentagem fixa do salário líquido do alimentante (4ª Turma)

– Informativo STJ 553

- OBS: segundo o Informativo STJ 0615, os valores recebidos a título de


participação nos lucros e resultados não se incorporam à verba alimentar
devida ao menor (3ª Turma)

Existe diferente entendimento entre a 3ª e a 4ª turma do


STJ. Na prática cite o que foi o mais conveniente.
INFORMATIVO STJ 553 Ironicamente, a 4ª Turma entendeu que

“desde que não haja disposição transacional ou judicial em sentido


contrário, o aviso prévio não integra a base de cálculo da pensão
alimentícia.”

INFORMATIVO STJ 638 –

Ação de alimentos. Mecanismo de integração posterior do polo


passivo. Natureza jurídica. Litisconsórcio facultativo ulterior simples.
Art. 1.698 do CC/2002. Autor com plena capacidade processual.
Exclusividade.

- Em ação de alimentos, quando se trata de credor com plena


capacidade processual, cabe exclusivamente a ele provocar a
integração posterior no polo passivo.

Prisão Civil

Somente ocorre em decorrência do débito dos alimentos recentes.

NATUREZA COERCITIVA: tão logo ocorra pagamento, alvará de soltura.

O alvará de soltura demora normalmente 1 semana para


sair.
PRAZO: 1 A 3 meses

Se estabelecer em 1 mês não terá que justificar a


dosimetria, deverá justificar se sair do mínimo, sob pena de
nulidade da sentença.
64

Normalmente é renovado de 1 a 1 mês até completar os


3 meses.
Página

- INFORMATIVO 485 STJ:


Prisão domiciliar para atender a vida digna do devedor.

- INFORMATIVO 281 STJ:

Enquanto não ocorrer o pagamento, não será possível nova


execução.
É possível apenas uma prisão (3 meses por execução).
- Se pagou e voltou a ficar inadimplente é possível
ocorrer nova prisão (nova execução).
- INFORMATIVO 320 STJ:

Não é cabível nova prisão numa mesma execução se já foi cumprido


prazo máximo

INFORMATIVO STJ 0573 –

Em execução de alimentos recentes, o acolhimento da justificativa da


impossibilidade de efetuar o pagamento das prestações alimentícias
executadas desautoriza a decretação da prisão do devedor, mas não
acarreta a extinção da execução.
A justificativa afasta a prisão, não a execução.
HC: 40090273220198240000 - Data de Julgamento: 09/04/2019

HABEAS CORPUS CÍVEL. EXECUÇÃO DE ALIMENTOS. PRISÃO


CIVIL DECRETADA. MEDIDA EXCEPCIONAL OPOSTA AO
DEVEDOR DE ALIMENTOS. DÍVIDA VENCIDA PARCIALMENTE
QUITADA PELO EXECUTADO. INEXISTÊNCIA DE JUSTA CAUSA
PARA MANUTENÇÃO DO DECRETO PRISIONAL. ADEMAIS,
POSTERIOR ADIMPLEMENTO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR POR
MEIO DE DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO.
SUBSISTÊNCIA DO ALIMENTANDO GARANTIDA. URGÊNCIA DA
MEDIDA PRISIONAL AFASTADA. MEDIDA CONSTRITIVA QUE
DEVE TER CARÁTER EXCEPCIONAL. CONSTRANGIMENTO
ILEGAL CARACTERIZADO. ORDEM CONCEDIDA.
O que justifica a prisão é a urgência do pagamento,
portanto se for garantido o pagamento não se justifica.
HC 1.0000.19.009229-6/000 TJ-MG; 28/02/2019 (...)

Ocorre que, como atestado por médico, o paciente encontra-se acometido


por doença grave, o que é acrescido pelo fato de que existe a
impossibilidade de se disponibilizar o tratamento adequado no sistema
prisional. Assim, concluo que se me apresenta impertinente que lhe seja
negada a possibilidade de cumprir prisão domiciliar, com monitoramento
eletrônico por tornozeleira, independentemente do regime estabelecido
pela legislação, interpretação que já vem sendo acolhida em nossos
65

Tribunais Superiores.
Página
Dissolução da Sociedade
Conjugal
Regime de Bens
O regime de bens é algo inerente do casamento (e da
união estável). A escolha é feita na habilitação para casamento
(cartório).
Casamento exterior

Se, por exemplo, duas pessoas se casam por uma


autoridade em Las Vegas é lá que deverá ser feito o divorcio
(mesmo se for entre dois brasileiros).

Para tanto é fundamental a advocacia consultiva antes do casamento.

O ideal mesmo é evitar o casamento.


Segue a regra do lugar domicílio dos nubentes (art. 7º, § 4º, LINDB).

INFORMATIVO 206 STJ: casamento nos EUA, mas o primeiro


domicílio do casal foi no Brasil.
O critério de bens é regulado pelo Brasil, se ambos os
cônjuges são brasileiros (na ausência de regulação comunhão
parcial de bens).

Se um dos cônjuges não for brasileiro é mais complicado.

VARIABILIDADE

Comunhão parcial de bens (art. 1.640, CC)

A comunhão parcial de bens é a regra, quando não há


previsão quanto ao regime de bens.
66

Obs.: para casamentos realizados antes de dezembro de 1977 o regime é o da


Página

comunhão universal de bens (alterou-se pela lei. 6.515/77).

Demais, somente por pacto antenupcial (art. 1.640, parágrafo único, CC)
O pacto antenupcial deverá ser lavrado por escritura
publica (tabelionato de notas) sob pena de nulidade absoluta.

Vide art. 1.528: o cartório tem direito de informar sobre os regimes de


casamento e a necessidade de registro.

- Para haver eficácia é necessário haver registro do


pacto no cartório de imóvel.
- Não é necessário registrar a comunhão parcial de
bens, já que ele é a regra.

A autoridade (padre, rabino etc.), quando esculta em alto e bom som o “sim”
fecha o casamento, e a partir daqui que surge os efeitos do regime de bens.

Comunhão universal de bens

- Participação final nos aquestos

- Separação de bens

ENUNCIADO 635, VIII JORNADA DE DIREITO CIVIL

O pacto antenupcial e o contrato de convivência podem conter


cláusulas existenciais, desde que estas não violem os princípios da
dignidade da pessoa humana, da igualdade entre os cônjuges e da
solidariedade familiar.
O pacto antenupcial possui limitações quanto às
cláusulas existenciais.
Já o pacto antenupcial não possui limitações quanto às
cláusulas patrimoniais.
AC 10261170099517001 TJ-MG / Publicação: 24/04/2018

Se os recorrentes optaram pelo regime da comunhão universal de


bens (registrado na certidão de casamento), e somente não
elaboraram o pacto antenupcial diante da omissão do oficial do
registro, evidente o erro de fato, devendo ser julgado procedente o
pedido dos autores, declarando suprida a falta do registro do pacto
antenupcial, convalidando-se o regime de comunhão universal de
bens adotado no casamento dos autores.
Sem haver pacto antenupcial não tem como se casar em
um regime diferente da comunhão parcial.
67

- É possível fazer comunhão parcial com ressalvas


(exemplo “ficam excluídas na comunhão as ações adquiridas
Página

durante a constância do casamento”).


Separação Obrigatória
- Também denominada separação legal.

- Exceção à liberdade de escolha.

A regra é que as pessoas tenham liberdade de escolha


de, no pacto antinupcial, escolher o regime de bens, podendo ser
aqueles previstos em lei ou uma mistura deles.
Súmula 377, STF: separação obrigatória é relativa porque admite
formação de aquestos, diferente da separação de bens (daí esta
somente ser denominada absoluta).
Separação obrigatória: decorre da lei, algumas coisas
são compartilhados.
Separação absoluta: nada é compartilhado, decorre da
vontade.
Aquestos significa “diz-se de ou cada um dos bens
adquiridos durante o casamento de forma onerosa.”

Hipóteses (art. 1.641).


a) Casamento sob cláusula suspensiva (art. 1.523)
b) Quando ainda houve partilha de bens no casamento anterior.
c) Quando haver suplemento judicial (a sentença substitui a vontade de um
dos pais, no caso casamento com menor idade).

- Nesse sentido, Informativo 192 STJ.

A súmula 337 (STF) é da década de 1.960, então esse


informativo a reafirmou.
SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA E IDADE

Enunciado 261, III Jornada de Direito Civil: “a obrigatoriedade do


regime de bens não se aplica à pessoa maior de sessenta anos,
quando o casamento for precedido de união estável iniciada antes
dessa idade.”
Passou-se de sessenta para setenta.
- Possui determinado entendimento que tal proibição é
inconstitucional.
68

Nesse sentido, Informativos STJ 459 e 595.


Página
SEPARAÇÃO LEGAL
PRESUNÇÃO DE BENS COMUNS

ABSOLUTA: equiparação à comunhão parcial.

RELATIVA: equiparação à separação absoluta.

Informativo STJ 628: necessidade de prova do esforço comum.

PACIFICAÇÃO DE JURISPRUDÊNCIA

- A Segunda Seção do Superior Tribunal de Justiça uniformizou o


entendimento que encontrava dissonância no âmbito da Terceira e da
Quarta Turma.

- Cabe ao interessado comprovar que teve efetiva e relevante (ainda que


não financeira) participação no esforço para aquisição onerosa de
determinado bem a ser partilhado com a dissolução da união (prova
positiva).

Por exemplo provar que o homem sustentava a mulher


para que ela possa economizar o seu salário e comprovar um
imóvel. Também se aplica para a dona de casa que administrava
os bens (descontos etc.).
ENUNCIADO 634, VIII JORNADA DE DIREITO CIVIL –

É lícito aos que se enquadrem no rol de pessoas sujeitas ao regime


da separação obrigatória de bens (art. 1.641 do Código Civil)
estipular, por pacto antenupcial ou contrato de convivência, o regime
da separação de bens, a fim de assegurar os efeitos de tal regime e
afastar a incidência da Súmula 377 do STF.

ALTERAÇÃO DE REGIME DE BENS

Antigamente era impossível fazer a alteração de regime


de bens, devendo as partes se divorciarem para celebrar novo
casamento.
69

Enunciado 260, III Jornada de Direito Civil: “a alteração do regime de


bens (...) também é permitida nos casamentos realizados na vigência
da legislação anterior.”
Página

Enunciado 262, III Jornada de Direito Civil: “A obrigatoriedade da


separação de bens, nas hipóteses previstas nos incs. I e III do art.
1.641 do Código Civil, não impede a alteração do regime, desde que
superada a causa que o impôs.” (Informativos 257 e 399 STJ)
A lei autoriza acabar com o casamento via cartório, mas
não é possível fazer alteração de regime de bens.
TJRS, Apelação Cível Nº 70053657052

“Alteração de Regime de Bens do casamento. Mudança do regime da


comunhão parcial para separação. (...) a pretensão de resolver os
poucos bens adquiridos entre a celebração do casamento e o
presente retrata verdadeira pretensão de fazer "partilha amigável", o
que é inclusive recomendável em casos como o presente, na esteira
da jurisprudência deste colegiado sobre o tema.”
No acordo de regime de bens deverá regular os bens
anteriores, sob pena de se aplica o novo regime de bens.
- No caso de renúncia de um cônjuge aos bens do
divórcio é necessário pagar impostos como se fosse uma doação
(o Estado nunca sai perdendo).

Alteração Regime de Bens


Procedimento especial de jurisdição voluntária

Petição inicial assinada por ambas as partes + exposição de motivos +


provas de ausência de prejuízos a terceiros

É necessário ter a concordância das duas partes.


Intimação do Ministério Público, apesar da previsão do art. 734, § 1º, CPC

Obs.: é necessário a intimação do MP, para fiscalizar a


ausência de prejuízos a terceiros. É necessário à sua
homologação, sob pena de nulidade.
INFORMATIVO

STJ 664 - Cônjuge meeiro. Reserva de meação. Honorários de


sucumbência. Dívida que não foi contraída em benefício do casal.
Dever de comprovação. Desnecessidade.

- Tratando-se de condenação ao pagamento de honorários sucumbenciais,


não é possível exigir do cônjuge meeiro, que não integrou a relação
processual da lide originária, a comprovação de que a dívida executada não
foi contraída em benefício do casal ou da família.
70
Página

As dívidas geralmente não são compartilhadas, exceto quando virou benefício


para a família.
REGRAS GERAIS – REGIME DE BENS

Ø Consentimento do cônjuge, salvo exceções legais, sob pena de anulação


do ato jurídico (art. 1649, CC)

É necessário o consentimento do cônjuge para


alienação de bens. Exceto os bens móveis (exemplo joias)
adquiridas mediante doação e a título gratuito (recebeu o bem e
o está doando).
Ø Suprimento judicial da outorga.

É possível, quando há recursa, o cônjuge processar, o


juiz analisará se tem motivo justo ou fútil.
Ø enunciado 114, I Jornada de Direito Civil

“(aval não pode ser anulado por falta de vênia conjugal (...) apenas
caracteriza a Inoponibilidade do título ao cônjuge (...)”.
É possível o cônjuge, por meio de embargos de
terceiros, garantir metade do valor do bem penhorado.
Ø Súmula 332, STJ

SÚMULA STJ 332 - A fiança prestada sem autorização de um dos


cônjuges implica a ineficácia total da garantia.

INFORMATIVO STJ 663

O aval é ato jurídico de prestação de garantia. Destaca-se que o


cônjuge que apenas autorizou seu consorte a prestar aval, nos
termos do art. 1.647 do Código Civil/2002 (outorga uxória), não é
avalista. Assim, não há falar em litisconsórcio necessário porque o
cônjuge do avalista não é avalista ou tampouco praticou ato visando à
garantia. Dessa forma, não havendo sido prestada garantia real, não
é necessária a citação do cônjuge como litisconsorte, bastando a
mera intimação.
A ausência de citação do cônjuge do avalista e não gera
nulidade da execução.
- Diferente do que ocorre com a fiança, em que a falta
de concordância se trata de um contrário invalido.

INFORMATIVO STJ 664


71

Nos termos do artigo 4º da Lei n. 5.764/1971, as cooperativas são


sociedades de pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de
natureza civil, não sujeitas a falência, constituídas para prestar
Página

serviços aos associados. Logo, não se trata de fiança mercantil.


Nesse contexto normativo, a jurisprudência desta Corte preconiza que
as Cooperativas possuem natureza civil e praticam atividades
econômicas não empresariais (Código Civil de 2002).
Consequentemente, inexistindo o consentimento de um dos cônjuges
para a prestação da fiança civil para garantia do pagamento de dívida
contraída pela por cooperativa, sobressai a ineficácia do contrato
acessório, a teor da Súmula n. 332/STJ.
As cooperativas não são empresas, pois não se
destinam a circulação de bens e serviços (CC art. 966).
Proc.: 1033598-58.2019.8.26.0002 Rel.: Cláudia Longobardi Campana.
TJSP – Julgamento:22/11/2019 –

Como o réu é o único a utilizar o imóvel, incumbe-lhe indenizar a


autora pelo proveito econômico que deixa de obter em razão de seu
uso exclusivo, ou seja, no valor locativo da coisa, na proporção do
quinhão que lhe pertence
Se pegar a mulher paga 90% da casa com herança e
10% pelo seu trabalho (incluso na comunhão). Se ela sai e o
homem fica, ele deverá pagar 5% do valor de locação.
INFORMATIVO STJ 0649 –

Nos termos do Decreto n. 59.566/1966, o arrendamento rural é o


contrato mediante o qual uma pessoa se obriga a ceder a outra, por
tempo determinado ou não, o uso e gozo de imóvel rural, mediante
retribuição.
- De acordo com o art. 95 do Estatuto da Terra, e 1.642 e 1.643 do Código
Civil, dispensada a exigência da outorga uxória do cônjuge.

É necessário a outorga conjugal para locação superior a


10 anos.

Participação Final nos Aquestos


Perceba que pelo nome não há comunhão, então não há
comunicação patrimonial.

Todos os bens são particulares, propriedades exclusivas.

Depois se analisa, durante o divorcio (por isso o termo


final), o quanto cada um contribui e há a distribuição de ganhos
(não de bens).
É possível no pacto estabelecer (art. 1.656) que os bens previstos no art.
1.674 dispensam de outorga.
72

Considera-se como termo finais, para fins de análise, o momento da


Página

separação de fato.

Tudo que é fático deverá ser provado. É


superimportante a prova da separação de fato.
Durante a separação de fato e o divorcio o casamento é existente e válido, mas
não é eficaz. Ele deixa de existir com o divórcio.
Nesse regime de casamento ele não é visto como vínculo afetivo, mas como
mera atividade societária.

Por exemplo aferiu-se que “A” ganhou 1.000,00 e “B”


800,00. Nesse caso A deverá pagar a “B” 100,00. A ideia de que
os ganhos durante o casamento sejam iguais.

O cônjuge pode considerar as doações que o outro cônjuge fez sem a sua
autorização e as dívidas paga em nome do cônjuge.

Se fosse na comunhão parcial o cônjuge poderia pedir a


anulação da doação.

Comunhão Parcial de Bens

Observação: na comunhão parcial de bens ocorre uma presunção absoluta de


esforço comum para formação de patrimônios adquiridos onerosamente
durante a sociedade conjugal.

Os bens podem ser comuns (patilha – art. 1.660) ou particulares


(propriedade exclusiva – art. 1.659).

Por exemplo a mulher recebe um imóvel de herança


(exclusiva), mas foi necessário fazer uma reforma (benfeitoria).
Nesse caso a reforma é partilhado (art. 1.660 IV)

Também está fora os bens de sub-rogação, por exemplo a mulher vendeu a casa
e conseguiu R$ 900.000,00, pegou R$ 100.000,00 dela e comprou outra casa
no valor de 1 milhão. Nesse caso o homem tem direito a R$ 50.000,00 (5%).
Caso haja valorização ou desvalorização mantem-se a porcentagem.

Se esse imóvel for alugado, o rendimento será dos dois.


O rendimento do bem particular se comunica.

O recebimento de indenização de ação de propositura anterior ao casamento é


73

bem particular, caso com esse dinheiro ela compre uma sala comercial é dela.
Página

É interessante averbar na matrícula que o dinheiro veio


de bens particulares.
Se aplica o contrário, ou seja, caso a propositura da ação for em casamento e o
recebimento já separado deverá pagar metade.

É possível fazer penhora no rosto do processo. Como


advogado você pode pedir para dividir descontados os
honorários etc.
INFORMATIVO STJ 581 - Diante do divórcio de cônjuges que viviam
sob o regime da comunhão parcial de bens, não deve ser
reconhecido o direito à meação dos valores que foram depositados
em conta vinculada ao FGTS em datas anteriores à constância do
casamento e que tenham sido utilizados para aquisição de imóvel
pelo casal durante a vigência da relação conjugal.
Os depósitos feitos durante o período conjugal devem
ser partilhados.

Comunhão Total de Bens


O recebimento de um imóvel com uma cláusula de inalienabilidade
gera a incomunicabilidade (súmula 49 STF – art. 1.668 I).

A incomunicabilidade se mantem mesmo no regime de


comunhão universal de bens.

Na comunhão total de bens se irá entrar na partilha ou não a herança quando a


pessoa morreu antes ou depois da separação de bens.

Separação de Bens
Tudo é absolutamente separado, até prova em contrário.

Provar que, por exemplo, a mulher contribui com 11% do valor do imóvel –
súmula 380 STF.

Essa súmula se aplica no caso de concubino, aplicamos


no caso de cônjuges, afinal, se os concubinos podem porque os
normais não podem?
AP: 00209222420185040801 TRT-4 / Julgamento: 18/10/2019 –

Conforme previsão específica no Código Civil o regime de comunhão


universal importa a comunicação de todos os bens presentes e
futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções
previstas em lei. É ônus do cônjuge que pretende a salvaguarda da
74

sua meação a produção de prova contundente em relação ao seu não


aproveitamento da força de trabalho prestada ao cônjuge executado,
Página

o que não ocorreu no caso em apreço. Agravo de petição da terceira


embargante a que se nega provimento.
No caso da justiça do trabalho o cônjuge não pode
alegar direito de meação, a menos que ele consiga provar que
ele não tem nenhum benefício da empresa.

União Estável
União estável é um negócio jurídico familiar, sendo um
ato-fato jurídico, portanto é necessário prova.

Affectio maritalis

Afeto marital, aparência que a pessoa está casada. É


algo análogo a posse e propriedade.
- É diferente do namoro (marcado pelo
ultrarromantismo).
Basta então um dos deixar escrito que “fulano não é
meu companheiro” para não configurar a união estável.

Pública
Continua

Não pode ser intermitente.

Duradora

Somente o tempo não é suficiente para configurar a


união estável, afinal é normal uma pessoa namorar 7, 8 ou 10
anos.
Na audiência é possível colocar fotos da família do
cliente para ver se a parte contraria reconhece.
Por duradora entende-se “visa durar para sempre”.

Ausência de concubinato

O concubinato é um elemento negativo, algo que


impede a configuração da família, está previsto no CC em seu
art. 1.723.
Obs.: o INSS divide a pensão com a concubina, desde
que provado a dependência financeira. O STF então julgou certo
75

então foi espalhado para os outros órgãos.


- A partir do momento que o concubino separa de fato
Página

do marido e passa a morar com o outro passa a configurar união


estável.
- LEALDADE: impedimento de uniões paralelas.
- STJ informativo 274 / 435 / 464 / 494: não são admitidas uniões paralelas
(primeira é união estável e as demais, concubinato).

- POLIAMOR: possibilidade prática e sustentável de se estar envolvido de


modo responsável em relações íntimas, profundas e duradouras com mais
de uma pessoa simultaneamente.

É ruim o termo “trisal”, primeiro que não é “bisal”, e


estaríamos saindo do 2 para o 3.

Para configurar o poliamor deverá Affectio maritalis.

Argumento jurídico contrário ao poliamor: limitação


patrimonial, dado que o art. 1.727 CC.

O CNJ tem uma recomendação aos cartórios de notas para negar esse
reconhecimento pelos tabelionatos de notas.
É possível fazer por meio de instrumento particular (é de procedência
duvidosa) – art. 1.725 (aplicação aproximada).

TJPE, Apelação Cível n 176862-7

(...) O pluralismo das entidades familiares, uma das mais importantes


inovações da Constituição Brasileira, relativamente ao direito de
família, encontra-se ainda cercada de perplexidades quanto aos dois
pontos centrais: a) há hierarquização axiológica entre elas? b)
Constituem elas numerus clausus? Defende que para poder se
considerar a existência de uma família, deve haver: a) afetividade (...);
b) estabilidade (...); c) ostensibilidade (...)

Traição
(...) não é de hoje, que tenho entendido possível o reconhecimento
das uniões paralelas ou uniões dúplices. Tenho sustentado que, se a
partir do cotejo dos elementos específicos que o caso concreto
apresenta, restarem evidenciados os requisitos caracterizadores da
união estável (art. 1.723 do CC), considero o reconhecimento da
segunda união, em concomitância ao casamento, ser a medida mais
adequada à realidade e ao estágio atual de convivência entre as
pessoas em nossa sociedade. O contrário disso, é fechar os olhos a
uma realidade que cada vez mais tem batido à porta do Judiciário,
não sendo possível o Estado deixar de dar a devida tutela a toda uma
76

história de vida das pessoas envolvidas no litígio, sob pena de causar


uma grave injustiça.
O judiciário tem a tendencia de não reconhecer direito
Página

da concubina, exceto no caso de previdenciário.


UNIÃO ESTÁVEL PUTATIVA
(...) Comprovada a notoriedade e a publicidade do relacionamento
amoroso havido entre a autora e o de cujus, é cabível o
reconhecimento de união estável putativa, quando fica demonstrado
que a autora não sabia do relacionamento paralelo do varão com a
mãe da ré (...) (TJRS, Apelação Cível nº 70 025 094 707, Rel. Des.
Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, 7ª Câmara Cível, j.
22/10/2008)
Se há a prova de boa-fé, ou seja, putatividade (art.
1.561) – a pessoa não sabia que era a amante – o concubinato
gera efeitos de união estável.

Por exemplo “A” é casado com “B” e concubina de “C” (escondido de ambos).
- Patrimônio formado na relação “A” e “B” – 6 milhões.

“A” fica com 3 milhões e “B” com 3 milhões.


“C” pega 1,5 milhões, de forma a “A” ficar com os 1,5.

- Patrimônio formado na relação “A” e “C” – 4 milhões.

“A” fica com 2 milhões e “C” fica com 2 milhões.


“B” fica 1 milhão e “A” com o 1.

Obs.: No caso de não haver prova determinante sobre a boa-fé da concubina


presume-se que ela sabia.

INFORMATIVO STJ 557

O fato de namorados projetarem constituir família no futuro não


caracteriza união estável, ainda que haja coabitação.
A coabitação não gera união estável, tal como não
necessário a coabitação para a união estável (Affectio maritalis).

Conversão da união estável em casamento


- PEDIDO JUDICIAL COMUM: retroatividade à data da constituição da
união estável.

Pelo art. 1.726 CC é necessário fazer por meio de


petição inicial. A diferença é que, no lugar de ser MP que atua
na área notarial será o MP que atua na vara de família.
77

Somente é possível retroagir para um período em que não havia limitação


matrimonial.
Página

- Enunciado 526, V Jornada de Direito Civil:


“É possível a conversão de união estável entre pessoas do mesmo
sexo em casamento, observados os requisitos exigidos para a
respectiva habilitação.”
É possível fazer a conversão (art. 8, § único da lei
9.278/96). Nesse caso é necessário entregar provas do tempo de
convivência, essas serão entregues ao MP, no caso de não
convencimento o cartório irá informar aos companheiros para
novas provas.
MP se convencendo é remetido ao judiciário,
homologando, tem-se a sentença de conversão. Com o registro
dessa sentença no cartório ele faz uma certidão de casamento na
data anterior.

Os dois devem solicitar.

- INFORMATIVO STJ 486: mesmo sentido.

INFORMATIVO STJ 0610

Os arts. 1.726, do CC/2002 e 8º, da Lei n. 9.278/96 não impõem a


obrigatoriedade de que se formule pedido de conversão de união
estável em casamento pela via administrativa, antes de se ingressar
com pedido judicial.
É possível escolher se vai pela via judicial ou pela
administrativa.

Eles irão se casar conforme o regime de bens vigente na época, exceto se


ambos aceitassem outro.

REGIME DE BENS

Quanto aos regimes de bens tem-se dois entendimentos:


- Enunciado 346, IV Jornada de Direito Civil e INFORMATIVO STJ 556:

Na união estável o regime patrimonial obedecerá à norma vigente no


momento da aquisição de cada bem, salvo contrato escrito.

Por exemplo:
1.983 – Adquiriu apartamento.

Regido pela súmula 380 STF, ou seja, separação


78

absoluta.
Página

1.990 – Adquiriu salas comerciais

Idem
1.988 – Adquiriu casa de praias (súmula 9.278/96)

Salvo previsão em sentido contrário, é regido pela


separação parcial (lei 9.278/96)

2.012 terreno

Idem, mas pelo art. 1.725 CC.


- INFORMATIVOS STJ 254 e 505:

a lei que estiver em vigor enquanto houver união estável é atraída


para regulamentá-la.

INFORMATIVO STJ 554 –

A invalidação da alienação de imóvel comum, fundada na falta de


consentimento do companheiro, dependerá da publicidade conferida
à união estável, mediante a averbação de contrato de convivência ou
da decisão declaratória da existência de união estável no Ofício do
Registro de Imóveis em que cadastrados os bens comuns, ou da
demonstração de má-fé do adquirente.
Para que o companheiro possa anular alguma alienação
de imóvel comum é necessário que a sua união estável tenha
sido publicizada.
- É necessário averbar no cartório de imóvel do imóvel.
INFORMATIVOS STJ 459 e 616 –

Regime aplicável na união estável nas hipóteses do art. 1.641, do


Código Civil, é o da separação obrigatória de bens, que é temperado
pela Súmula 377 STF, com a comunicação dos bens adquiridos
onerosamente na constância da união.
Informativo STJ 628.
INFORMATIVOS STJ SOBRE UNIÃO ESTÁVEL

- 508: presunção de paternidade é estendida à união estável

Se a mulher prova que engravidou durante a união


estável presume-se (relativamente) que o companheiro é o pai.
- 370: dispensada a coabitação para configurar a união estável (aplicação da
Súmula 382 STF)
79

Coabitação não tem nada a ver. É possível fazer união


estável sem haver coabitação, tal como é possível ter coabitação
Página

e não ter união estável.


- 431: in dubio, pro casamento (art. 1547 CC)
No caso de não haver prova determinante sobre a boa-
fé da concubina presume-se que ela sabia.

Dissolução da Sociedade
Conjugal
Formas de Dissolução

Existe algumas varas de família que dão a sentença de divorcio de forma


liminar, ou seja, antes de citar a outra parte.
Tal decisão é absurda, dado que não foi dado o contraditório. Apesar da pessoa
não poder impedir o divórcio, é possível alegar a nulidade do casamento.

a) Separação judicial

A EC 66 / 2010 X A SEPARAÇÃO JUDICIAL e LEI 12.874/2013.

É discutível se a EC 66 extinguiu ou não a separação


judicial.
- A lei 12.874 previu a separação judicial consular.
- Possui lastro no art. 693 do CPC.
Enunciado 514, V Jornada de Direito Civil:

“A Emenda Constitucional n. 66/2010 não extinguiu o instituto da


separação judicial e extrajudicial.”

Informativos STJ 604 e 610 –

A Emenda Constitucional n. 66/2010 não revogou, expressa ou


tacitamente, a legislação ordinária que trata da separação judicial.

Procedimento

A separação judicial poderá ser consensual ou litigiosa. A consensual está no


art. 1.574, a litigiosa art. 1.572 e 1.573.
Somente pode ser consentido a separação consensual depois de um ano. Para
80

burlar isso entre com uma litigiosa e faça um acordo na audiência de mediação.
Página

A separação consensual poderá ser de várias espécies:


a) Falência: já houve separação de fato.
A EC/66 estabeleceu que é possível haver divorcio se já
houve separação de fato, independente do tempo da separação.

b) Sanção: ocorre a discussão de culpa (causa).

É relevante a discussão de culpa, para fins de relação de


pensão alimentícia.

c) Remédio: quando um dos cônjuges está doente por mais de 2 anos e não há
cura provável.

Apesar de ser absurdo está previsto em lei.

Obs.: conforme a lei 11.447/2.007 é possível fazer extrajudicial, desde que


ambos sejam plenamente concordes, capazes e patrocinados por advogado (não
pode ter filho menor).

Por vezes é melhor ou antecipar ou esperar a


maioridade – as vezes é melhor esperar do que judicializar a
separação.

Obs.: Não confundir separação de fato com separação de corpos. Separação de


corpos é uma medida cautelar de suspensão dos efeitos do casamento, previsto
no CPC/73.

TJBA, Apelação n. º 0082655-31.2011.8.05.0001 –

Como a Emenda Constitucional nº 66/2010 estabeleceu um direito


potestativo da parte autora ao buscar tão somente a decretação do
divórcio, cabível a citação editalícia sem o pleno esgotamento das
vias ordinárias para a citação da parte acionada, pois, mesmo que
tivesse sido pessoalmente citado, o réu nada poderia alegar para
impedir a decretação do divórcio.
Salvo anulação de casamento, que obsta a decretação
de divórcio.
TJMG - AC nº 1.0446.10.000403-0/002, Relator Raimundo Messias Júnior,
2ª Câmara Cível. –

(...) "Havendo, nos autos do divórcio direto, pedidos cumulados de


81

alimentos e partilha dos bens do casal com, impõe-se a decretação


imediata do divórcio, com a remessa dos autos à instância de origem
para o prosseguimento do processo em relação a estas questões. "
Página

(...)

b) Divórcio
Sistema dualista (lei 6.515/77)

- Extinção de casamento válido em 2: primeiro ocorre a separação,


depois o divórcio.

TJSP 3ª Câmara de Direito Privado, J. 01/04/2014 Agravo de instrumento –

Ação de Divórcio c/c alimentos, guarda, arrolamento e sequestro de


bens - Ação ajuizada há mais de cinco (5) anos - Separação de fato
comprovada E.C. nº 66/2010 que colocou fim ao sistema dualista da
extinção do matrimônio em duas etapas - Superveniência da:
separação judicial para extinguir a sociedade conjugal e, conversão
em divórcio que extinguia o vínculo matrimonial é sempre direto e
imotivado, afigurando-se como direito potestativo - Hipótese de
decretação "ex oficio" do divórcio, em face da nova redação dada ao
art. 226, § 6º da CF - Questões restantes que devem prosseguir e
não constituem óbice para a decretação - Recurso provido.

Enunciado 602 VII Jornada de Direito Civil –

Transitada em julgado a decisão concessiva do divórcio, a expedição


do mandado de averbação independe do julgamento da ação
originária em que persista a discussão dos aspectos decorrentes da
dissolução do casamento.

COMPETÊNCIA (art. 35, parágrafo único e 47, Lei 6515/77).

LEI 11.441/2007:

a) não segue o critério de competência (dissolução ocorrer em qualquer


tabelionato).
b) separação e divórcio extrajudiciais: sempre que não houver interesse
de menores (Enunciado 571, VI Jornada de Direito Civil).

Existe entendimento no CNJ, mas não legal, e os


cartórios devem presar pela legalidade.
DIVÓRCIO DIRETO

O divorcio (atualmente) é sempre direito, ou seja, não


se admite mais o divórcio por convenção.
82

i. Divórcio por conversão (previa separação);


Página

ii. Divórcio direto (sem prévia separação).

Basta a separação de fato (direito potestativo).


Competência: onde estiver domiciliado o guardião de filho incapaz. Se
este não existir; domicílio do casal. Por último, domicílio do réu (art. 53, I,
CPC)

No caso de guarda compartilhada é necessário


estabelecer a base domiciliar da criança.
Cuidado: cumulação com alimentos (art. 53, II, CPC).

Competente o domicílio do alimentante.

DIVÓRCIO IMPOSITIVO

Regulamentado no estado de Pernambuco por provimento assinado


pelo corregedor-geral em exercício da Justiça em 14/05/2019, apenas
uma das partes pode cancelar o registro civil de casamento, não
sendo mais obrigatório o consentimento. Qualquer dos cônjuges pode
ir até o cartório onde foi feito o registro de casamento e requerer a
averbação do divórcio, salvo se: a mulher estiver grávida, o casal
tenha filhos menores ou dependentes. A outra parte receberá uma
notificação através de um oficial de registro.
- É necessário estar acompanhado de advogado
- Absurdo, dado que fere o direito ao contraditório.

Corregedoria Nacional de Justiça - Determinação ao TJPE de


revogação do Provimento nº 6/2019, da Corregedoria-Geral de
Justiça de Pernambuco (CGJ/PE), que estabeleceu o divórcio
impositivo, recomendando a todos os tribunais de Justiça do país
para que se abstenham de editar atos normativos no mesmo sentido,
pois a legislação brasileira determina divórcio judicial se não houver
consenso, bem como não se pode criar uma figura de divórcio
exclusiva para o estado de Pernambuco e, pior, através de
provimento do Tribunal de Justiça.

PROCESSO DE DIVÓRCIO

Contestação a uma ação de divórcio: invalidade de casamento + uso de


nome.

Apensa é possível obstar o divórcio no caso de


alegação de invalidade de casamento (nesse caso não será
decretado divórcio).
83

- Para haver invalidade é necessário reconvenção.


Página
Divórcio cumulado com partilha de bens: pode ser decretado o divórcio
tão logo após a contestação. O processo prossegue somente no que tange à
partilha de bens.

INFORMATIVO STJ 0627 –

É admissível o restabelecimento do nome de solteiro na hipótese de


dissolução do vínculo conjugal pelo falecimento do cônjuge.
Normalmente os cartórios não admitem, então é
necessário judicializar (o STJ admite).
AC: 10024141027276003 TJMG – Publicação: 03/12/2019 –

1. O imóvel alienado fiduciariamente em garantia de mútuo não


integra a partilha de bens do casal, tendo em vista a transferência da
propriedade resolúvel ao agente fiduciário, mas é viável a partilha dos
direitos e obrigações decorrentes daquele negócio jurídico.
2. Tratando-se de imóvel alienado fiduciariamente, partilham-se as
obrigações, correspondentes à dívida do financiamento, e os direitos,
correspondentes à parte do preço paga na constância do casamento,
equivalente à fração da propriedade resolvida em favor dos
devedores fiduciantes.

DIVÓRCIO SEM PARTILHA DE BENS (art. 1581, CC):

É necessário sempre prever, mesmo se não haver bens,


a partilha de bens (“as partes não possuem bens para partilha”),
sob pena de ser colocado uma cláusula suspensiva e, no próximo
casamento, ser obrigatório a separação obrigatória de bens.
a partilha será distribuída segundo o art. 53, I, CPC.

É necessário na petição inicial colocar cada bem


compartilhável e o pedido de quinhão, de forma a chegar os
50%.
- Apesar da falta de previsão legal, não é obrigatória a partilha de bens na
separação judicial (Enunciado 255, III Jornada de Direito Civil).

DIVÓRCIO SEM PARTILHA - Ação de Partilha de bens: caso já esteja


decretado o divórcio por sentença, a partilha deve ser distribuída livremente
segundo o art. 53, I CPC. Neste caso, aplicam-se as mesmas regras de
84

partilha do inventário.
Página

Apelação 02468167120188090144 TJGO – DOJ 11/07/2019


A separação de fato do casal rompe com o regime de bens e, neste
caso, aqueles adquiridos por apenas um deles, após o rompimento e
sem a participação do outro, não se comunicam.
Por exemplo eles tinham 8 milhões, o homem se
separou de fato, gastou tudo e ficou com 1 milhão, irá se
responsabilizar para pagar 4 para a mulher.
Enunciado 612 VII Jornada de Direito Civil –

O prazo para exercer o direito de anular a partilha amigável judicial,


decorrente de dissolução de sociedade conjugal ou de união estável,
extingue-se em 1 (um) ano da data do trânsito em julgado da
sentença homologatória, consoante dispõem o art. 2.027, parágrafo
único, do Código Civil, e o art. 657, parágrafo único, do Código de
Processo Civil.
É possível fazer pedido de quinhão de um bem em
específico (“quero ficar com o carro”), com base com que pode
ser feito com a herança.
- Casa de praia dá problema, afinal ninguém quer
deixar o outro cônjuge ver o outro o utilizando com outro. O
melhor é vender (leilão).
- Tome cuidado com a avaliação do imóvel, dado que é
possível fazer adjudicação (pagando metade).

Perceba que há inventário, mas não por morte, mas por divórcio.

Aplica-se na partilha do divórcio as mesmas normas


que na partilha do inventário.

É possível anular o acordo (decadência de 1 ano), desde que provado o vício de


consentimento.

AgInt no AREsp: 1205416 SP 2017/0271028-0 –

De fato, esta Corte pacificou entendimento de que "o artigo 1.659,


inciso VII, do CC/2002 expressamente exclui da comunhão de bens
as pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes,
como, por analogia, é o caso da previdência complementar fechada"
(REsp 1.477.937/MG, Rel. Ministro Ricardo Villas Bôas Cueva,
Terceira Turma, julgado em 27/4/2017, DJe 20/6/2017).

É necessário entrar na penhora os investimentos de previdência complementar


aberta (qualquer pessoa pode entrar)
85

Não entra quando for fechado (nem todo mundo pode


Página

entrar).
STJ – DJO 22/06/2018 - Ministro Marco Aurélio Bellizze (Terceira Turma)
examinando pedido de sobrepartilha na dissolução da sociedade conjugal.

É possível fazer pedido de sobrepartilha, para os bens


que não foram analisados (tal como ocorre no inventario por
herança).
ARROLAMENTO DE BENS –

Produção antecipada de provas: se o arrolamento tiver como


finalidade apenas documentação (art. 381, § 1º, CPC). O Requerente
tem de ser preciso na exposição dos fatos que impliquem na urgência
de registrar os bens do casal. Não há contraditório, mas ambos
podem requerer produção de provas acerca do patrimônio comum.
É importante fazer o arrolamento de bens, como forma
de evitar que os bens móveis sumam.
Tutela provisória: urgência de natureza cautelar: se houver litígio e
necessidade de apreender os bens do casal (art. 305 a 310, CPC).

Propositura de arrolamento anterior ao inventário de bens e partilha:


necessário destacar o direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil
do processo.

A ação de produção antecipada de prova independe de


demonstração de urgência, vide doutrina do Fred Didier.
Embora na prática seja altamente recomendável.
Nesse caso, a contestação é em 5 dias, sob pena de revelia e presunção da
verdade. Após, prossegue-se pelo procedimento comum.

Cumprido o arrolamento, deve-se apresentar a partilha de bens nos mesmos


autos dentro de 30 dias. Só então será designada a audiência para
oportunizar a composição amigável.

Contestação para a partilha: prazo tem início da audiência em que não


ocorrer a autocomposição.
86

Deve o requerente se empenhar para que a tutela seja efetivada em 30 dias


a fim de não cessar sua eficácia.
Página
Projeto de Lei Nº 2452/2019
Autoria: Senadora Soraya Thronicke (PSL/MS)

Acrescenta §§ 2º e 3º ao art. 1575, do Código Civil, para dispor sobre a


fraude na partilha de bens por dissolução do casamento.

Prevê que aquele que frauda a partilha havida por dissolução do


casamento seja punido com a perda total de direitos sobre o bem
objeto do ato fraudulento em favor do cônjuge prejudicado.

Divorcio Eletrônico
Para ser possível o divórcio eletrônico é necessário fazer a assinatura eletrônica
do cliente.

- É regulado pelo provimento nº 100 do CNJ

Necessária videoconferência notarial para captação do consentimento


das partes sobre os termos do acordo mediante assinatura digital pelas
partes, exclusivamente através do e-Notariado, bem como assinatura do
Tabelião de Notas com a utilização de certificado digital ICP-Brasil
infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira.

Apesar de ser feito por meio de documentos


digitalizados para fazer o registro é necessário ser físico, pois os
cartórios devem guardar cópia física dos documentos.
A assinatura eletrônica notarizada é qualquer forma de verificação de
autoria, integridade e autenticidade de um documento eletrônico realizada
por um notário, atribuindo fé pública.

A identificação, o reconhecimento e a qualificação das partes ocorre


ela apresentação da via original de identidade eletrônica e pelo conjunto de
87

informações a que o tabelião teve acesso,


Página

Pode-se utilizar do sistema de identificação do e-Notariado, de documentos


digitalizados, carões de assinatura abertos por outros notários, bases
biométricas públicas ou próprias, bem como, a seu critério, de outros
instrumentos de segurança.

No caso de comprovante de residência tomar cuidado


no caso de agressão doméstica, para que o agressor não saiba o
novo endereço, se for o caso utilize a conta de outra pessoa.
O tabelião de notas poderá consultar o titular de serventia onde a firma da
parte interessada esteja depositada.

Sucessões e Inventário
Inventário Extrajudicial
Na prática jurídica é de bom tom cobrar uma porcentagem menor, mas é
importante uma cláusula penal (para evitar que eles saia “no momento bom”).

Coloque “multa se sair sem justa causa”, sob pena da


multa ser considerada abusiva.
INVENTÁRIO - Prazo para abertura: 2 meses (art. 611, CPC)

- Havendo testamento, obrigatoriedade de + capazes + assistidos por


advogado. inventário judicial – ainda que os herdeiros sejam acordantes

Havendo testamento não se pode fazer pelo inventario


extrajudicial, pois é necessário entrar com uma ação de
jurisdição voluntária para análise do MP e judicial dele.
ENUNCIADO 600, VII JORNADA DE DIREITO CIVIL –

Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os


interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo
conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial.
É possível fazer por inventário extrajudicial depois da
validação judicial do testamento.
PROVIMENTO CGJ N. º 21/2017, D.J.E.R.J. DE 05/04/2017 –
88

Art. 297, § 1º. Diante da expressa autorização do juízo sucessório


Página

competente nos autos da apresentação e cumprimento de


testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes,
poderá fazer-se o inventário e a partilha por escritura pública, a qual
constituirá título hábil para o registro.
Se o juiz não autorizar expressamente é possível entrar
com embargos de declaração.
AC: 10000190865584001 TJMG / Rel.: Geraldo Augusto, Data de
Publicação: 19/11/2019 –

Diante da necessidade de uma prestação jurisdicional eficiente/eficaz,


em atenção aos princípios da razoabilidade e celeridade, e desde que
cumpridas as exigências dos parágrafos 1º e 2º do art. 610 do CPC,
justifica-se seja autorizada a tramitação de inventário, na via
extrajudicial, mesmo havendo testamento envolvido.

INFORMATIVO STJ 663 –

É possível o inventário extrajudicial, ainda que exista testamento, se


os interessados forem capazes e concordes e estiverem assistidos
por advogado.

- OBS: art. 735 a 737, CPC

Peço:
a) Oficialização da abertura do testamento;
b) Remessa ao MP
c) Determinação da vossa excelência para o cumprimento da sentença.
d) Autorização expressa para inventário e partilha extrajudicial.

É importante para ser possível entrar com ED.


Resolução 35 CNJ: qualquer tabelionato de notas do país.

Somente tem competência no caso de inventário


judicial.
- Documentação: www.fazenda.rj.gov.br/sefaz

Se for os bens forem no Rio de Janeiro, preencher ITD.


- Se o cliente ficar com preguiça de emitir a
documentação cobre (utilize a técnica do make-up – preço de
custo × alguma %.
- Minuta: advogado(a)
89

- Sistema não permite emitir guia de recolhimento de imposto se houver


Página

inventário judicial e não forem indicados os dados do processo.

O imposto no inventário judicial é só pago no final.


Como no inventário extrajudicial é necessário pagar o imposto primeiro (ETD)
normalmente esse é o grande problema.

Cumprimento de Testamento
TJRJ / AC 0042062-25.2015.819.0002 – DÉCIMA PRIMEIRA CÂMARA
CÍVEL Julgamento em 08/05/2019 Relator Des. FERNANDO
CERQUEIRA CHAGAS - privilegiar

1. O STJ vem mitigando a exigência da observância estrita dos


requisitos legais do testamento, sob o fundamento de que a
formalidade do ato não pode se sobrepor ao seu conteúdo, devendo,
portanto, prevalecer a vontade do testador, quando, em hipóteses
excepcionais, as circunstâncias específicas levem à conclusão de
inexistirem dúvidas sobre o que foi por ele desejado.
2. No presente caso, ainda que se leve em consideração que o
testador era advogado militante, provável conhecedor da matéria, não
se pode desprezar o contexto em que os fatos se deram, ressaltando-
se, nesse sentido, a sua enfermidade, que, muito provavelmente,
preponderou, significativamente, na decisão de tirar a própria vida.
3. Conjunto probatório indicativo de que um dos filhos reconheceu a
intenção do pai e cumpriu a disposição de vontade por ele
expressada, no que lhe cabia, doando à autora 1/3 do apartamento
da Rua Travessa Faria, além de quantia em dinheiro. Os demais
filhos, nada obstante não tenham cumprido, assumiram, em uma
cláusula específica de escritura pública declaratória de partilha de
bens, o compromisso de doar à ora requerente, o imóvel mencionado.
4. Cumprimento por todos os herdeiros das - demais disposições de
vontade manifestadas pelo finado no instrumento, como abertura de
conta corrente para pagamento de despesas de imóvel habitado
pelas suas irmãs.
5.Reconhecimento pelos herdeiros da higidez da manifestação de
vontade do pai. Alegações que se limitaram à ausência dos requisitos
legais do ato.
6. Princípio da conservação do negócio jurídico.
7. Ao se examinar o ato de disposição de última vontade, deve-se
sempre a busca pela real intenção do testador a respeito de seus
bens, feita de forma livre, consciente e espontânea, atestada sua
capacidade mental para o ato¿. (AgRg no REsp 1401087/MT, Rel.
Min. João Otávio de Noronha, DJe 13/08/2015)
8. Sentença recorrida que privilegiou a interpretação literal dos
dispositivos legais, em detrimento da ratio essendi da declaração de
vontade, indo assim em direção contrária à jurisprudência e à solução
razoável do caso. RECURSO CONHECIDO E PROVIDO.
90

A vontade do testador (morto) deverá ser seguida,


mesmo se haver vicio no testamento (“real intenção do
Página

testador”).
INFORMATIVO STJ 667 –
Testamento particular escrito por meio mecânico. Ausência de
assinatura de próprio punho do testador. Aposição de sua impressão
digital. Validade do testamento. Violação do art. 1.876, § 2º, do
Código Civil. Inocorrência. Observância da real vontade do testador.
É válido o testamento particular que, a despeito de não ter sido
assinado de próprio punho pela testadora, contou com a sua
impressão digital.

Sucessão Testamentária
PROLE EVENTUAL: concepção ocorrida até 2 anos da abertura da
sucessão (art. 1800, § 4º, CC). Até se saber quem é o sucessor,
administração tocará ao genitor, salvo se o testador dispuser diferente (art.
1800 e § 1º)

Quem escreve o testamento (art. 1.857, 1.860 e 1.861 CC)

Deverá ter capacidade para testar (mesmo que na


capacidade civil – quando o testamento é escrito – pleno
discernimento).

Beneficiados art. 1.801 e 1.802 CC


Cuidado art. 1.848 – pessoalíssimo

Se a pessoa que ia receber a herança já estava morta é


como se não tivesse escrito. Agora, se ela morreu um segundo
após a morte do testamenteiro o seu quinhão vão para seus
sucessores (ela adquire os bens, por tanto é passado para seus
herdeiros) – estudar comoriência.
Essas informações se prestam para defender quem quer
anular o testamento
PESSOA JURÍDICA: pública ou privada, regular ou irregular.

É possível herdar para uma fundação, tal como é


possível criar uma fundação com o testamento.

Inventário Judicial
91

Existe prazo de 2 meses para dar entrada inventário judicial, a contar da morte,
Página

sob pena de multa.


Documentação: certidão de óbito, procuração, quem tem legitimidade para
requerer a abertura do inventário, identidade e CPF da pessoa morta e o
requerente e comprovante do último domicílio.

- Competência: foro de domicílio do autor da herança no Brasil, bem como


para todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito tenha
ocorrido no estrangeiro (art. 48, CPC)

- Se a pessoa falecida não possuía domicílio certo ou domiciliada no


exterior, competência fixada pelo foro de situação dos bens imóveis.
Havendo bens imóveis em foros diferentes, o juízo prevento. Por fim, se
não houver bens imóveis, competência em qualquer foro onde houver bens
do espólio.

Juízo prevento = onde se abrir primeiro.


NORMA LEGAL A SER APLICADA

- A sucessão por morte sujeita-se à lei do país em que domiciliado a pessoa


morta, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens (art. 1.785, CC,
5º, XXXI, CF/88, 10 e §1º, da LINDB).

A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei


brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os
represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de
cujus.

A justiça aplica a lei estrangeira, cabendo a parte provar


a sua validade.
INVENTÁRIO BENS NO BRASIL

- Art. 23, II, do Código de Processo Civil: judicial


92

- Resolução 35 CNJ: extrajudicial


Página

- CONCLUSÃO: havendo bens no Brasil, obrigatoriamente o inventário


será procedido perante autoridade brasileira quanto a esses bens.
A justiça brasileira apenas pode ditar sobre bens que
estão no Brasil.
SE
INFORMATIVO STF 741 –

Em conclusão de julgamento, o Plenário, por maioria, assentou a


improcedência de pedido formulado em ação rescisória, na qual filha
adotiva buscava desconstituir acórdão da 1ª Turma, que, ao dar
provimento ao recurso extraordinário, concluíra pela não incidência do
art. 227, § 6º, da CF (“Os filhos, havidos ou não da relação do
casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações,
proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação”)
às sucessões abertas antes do advento da atual Constituição.

- Tempus Regit Actum (art. 1.787, CC).

Aplica-se a lei vigente na época da morte (na certidão


de óbito). Normalmente fica entre o CPC/73 e o CPC/15.
- Em se tratando de companheiros, apenas ganharam
direito sucessórios em dezembro de 1994.
CUMULAÇÃO DE INVENTÁRIOS

- Mesmos herdeiros

- Pessoas falecidas eras casadas ou viviam em união estável

- Conexão entre as partilhas

- Se a identidade entre os bens a partilhar for parcial, o juízo sucessório


pode ordenar a tramitação separada, se melhor convier ao interesse das
partes ou à celeridade processual.

- Art. 672, CPC

TJRJ AC 00280409120178190001 15/05/2019, 6ª CÂMARA CÍVEL -


Admite-se a cumulação de inventário sempre que haja relação entre
os autores da herança, de herdeiro falecido na pendência do
inventário. A cumulação de inventário não é obrigatória, sendo
apenas lícita. Ao contrário, para que haja o inventário cumulativo,
deve haver a comprovação pela parte de que a cumulação será
favorável à celeridade e efetividade processual, o que não restou
93

demonstrado.
Página

INVENTÁRIO: ADMINISTRAÇÃO

- Legitimidade para requerer a abertura de inventário (art. 616, CPC)


- Nomeação de inventariante (art. 617, CPC)

Até a nomeação do inventariante quem administra é o


administrador provisório, art. 1.797 CC.
- Alguém requer ser inventariante
- Atribuições do inventariante:

a) Meramente administrativos: obrigação + dispensada autorização


judicial + prestação de contas
b) Dispositivos: somente mediante alvará

REMOÇÃO DE INVENTARIANTE

Causas (elenco taxativo do art. 622, CPC): não prestar primeiras e as


últimas declarações no prazo legal; não promover o andamento regular do
inventário; deterioração ou perecimento dos bens da herança por sua
responsabilidade (judicial ou extrajudicialmente).

- Incidente: distribuição apensada ao inventário; prazo de 15 dias para


defesa.

- Sentença: nomeação do novo inventariante segundo a ordem do art. 617,


CPC + mandado de busca e apreensão e imissão na posse, bem como multa
de até três por cento do valor dos bens inventariados por desobediência de
entrega do removido.

INVENTARIANÇA

Quem são os familiares da pessoa morta vivos no exato


momento da morte? – segue a ordem do art. 1.829.

O direito de meação não depende de morte, mas do regime de bens.


94

Por exemplo Antônio por 12 milhões de bens comuns e


8 particulares. O cônjuge possui direito a 6 milhões.
Página

Antônio deixou a herança de 14 milhões.


Obs.: deverá relatar nas primeiras declarações que se
trata 50% do bem.
Obs.: por não ter tido transferência não há imposto.
- Primeiras declarações (art. 620, CPC): após, citação + prazo para
impugnações (15 dias) a contar da juntada da última citação positiva. -
Solucionadas as impugnações, remessa para a fazenda (art. 629, CPC) para
se manifestar em 15 dias - Remoção de inventariante: a qualquer tempo,
sob alegação do art. 622, CPC + autos apensados + intimação do
inventariante para responder em 15 dias.

Primeiras Declarações
- Devem ser apresentadas em 20 dias a contar da assinatura do
compromisso. Obrigatório conter:

1) qualificação da pessoa falecida, incluindo sua idade ao morrer, seu


último domicílio, o dia e o lugar em que faleceu e se deixou
testamento;

Para o judiciário ter certeza qual lei aplicar. Se não


deixou testamento morreu ab intestato.
2) qualificação dos herdeiros, indicando o parentesco e o respectivo o
grau com o inventariado, bem como cônjuge ou companheiro(a)
supérstite, se houver, com o regime de bens.

O regime de bens é relevante, dado que, se no acordo


haver desigualdade, para ser possível é necessário a vênia
conjugal (para abrir mão alguma %).
- Relacionar tudo que estiver em sucessão, inclusive aqueles que devem ser
conferidos à colação.

- Obrigatório descrever: imóveis (especificações, benfeitorias, certidão de


ônus reais atualizada e espelho de IPTU); móveis (descrição, prova de
propriedade e atribuição de valor, com respectivas provas); semoventes
95

(descrição, prova de propriedade e atribuição de valor, com respectivas


Página

provas); joias, bem como os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas


(descrição, prova de propriedade e atribuição de valor, com respectivas
provas, além de especificar a qualidade e o peso).

- Títulos da dívida pública, bem como as dívidas ativas e passivas, as


ações, as quotas e os títulos de sociedade, (incluir número, o valor e a data,
os títulos, a origem da obrigação e os nomes dos credores e dos devedores);

- Direitos e ações (neste tópico, incluem-se as posses e os direitos


aquisitivos contratuais e hereditários).

- Sendo a pessoa falecida empresária individual, obrigatório o balanço da


empresa; se integrante de sociedade de pessoas, à apuração de haveres.

- Normalmente, as declarações são prestadas mediante petição, firmada por


advogado(a) com poderes especiais, à qual o termo se reportará.

- É a peça mais importante do inventário, sendo as citações instruídas com


sua cópia.

A citação dos outros herdeiros serão feitas após as


primeiras declarações.
TJ-MG - AI: 10000180098428001 Data de Julgamento: 22/05/2018 –

Não se mostra necessário o depósito judicial dos aluguéis relativos


aos bens inventariados, eis que as alegações trazidas no feito são
desprovidas de qualquer comprovação e, portanto, não desabonam o
inventariante, inexistindo justificativa para limitar administração dos
bens inventariados.
Não é possível fazer o depósito judicial, pois para ter
acesso a esse dinheiro (para pagar as dívidas do espólio) demora
muito. Se tiver alguma evidência de má-fé que se processe.

Ø ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA (art. 1829, CC): norma


cogente, indiferente a vontade dos sujeitos. Ø HERANÇA é identificada
96

somente após a partilha dos bens do cônjuge: patrimônio – meação =


Página

herança
Ø MEAÇÃO: depende do regime de casamento adotado pelos cônjuges
que vigorar no momento da abertura da sucessão.

Sucessão dos Descendentes


ØDESCENDENTES: identificar se direito próprio ou representação. -
SUCESSÃO LEGÍTIMA:

a) SUCEDER: direito próprio ou representação (art. 1851, CC).


b) PARTILHAR: cabeça ou estirpe.

Quem sucede por direito próprio partilha por cabeça, mas se for por
representação será por estirpe.

Por exemplo quando um dos filhos morreram, então


cada neto fica com metade.
CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE

O herdeiro não concorre aos bens comuns a herança, já


que tem metade. Mas ele concorre a herança aos bens
particulares.
ØREGRA: (art. 1829, I, CC): herança destinada aos descendentes e ao
cônjuge supérstite

Ø EXCEÇÕES: hipóteses em que não ocorrerá, ou seja, herança somente


dos descendentes.

A) comunhão universal
B) separação obrigatória (art. 1641, CC)
C) comunhão parcial SEM bens particulares

ENUNCIADO 270, III JORNADA DE DIREITO CIVIL –

O art. 1.829, inc. I, só assegura ao cônjuge sobrevivente o direito de


concorrência com os descendentes do autor da herança quando
97

casados no regime da separação convencional de bens ou, se


casados nos regimes da comunhão parcial ou participação final nos
aquestos, o falecido possuísse bens particulares, hipóteses em que a
Página

concorrência se restringe a tais bens, devendo os bens comuns


(meação) ser partilhados exclusivamente entre os descendentes.

INFORMATIVO STJ 0563


O cônjuge sobrevivente casado sob o regime de comunhão parcial de
bens concorrerá com os descendentes do cônjuge falecido apenas
quanto aos bens particulares eventualmente constantes do acervo
hereditário. (2ª Seção)

INFORMATIVO STJ 0562

No regime de separação convencional de bens, o cônjuge


sobrevivente concorre na sucessão causa mortis com os
descendentes do autor da herança. (2ª Seção)

AI 10000190238675001 TJMG – DOJ 12/07/2019

O cônjuge sobrevivente casamento sob o regime da comunhão


universal de bens não é herdeiro em relação ao patrimônio objeto do
inventário, possuindo apenas o direito de meação sobre o montante.
Na meação do bem é de propriedade da viúva não sendo passível de
renúncia na herança. Como a viúva que foi casada sob o regime da
comunhão universal de bens não ostenta a condição de herdeira
inexiste quinhão ou cota-parte de herança para renunciar. O cônjuge
sobrevivente meeiro que pretender ceder gratuitamente a sua parte
aos herdeiros não pode fazê-los nos autos de inventário, porque seus
bens são estranhos à sucessão, devendo eventual transferência ser
efetivada por escritura pública.

INFORMATIVO STJ 0576 –

A cláusula de incomunicabilidade imposta a um bem transferido por


doação ou testamento só produz efeitos enquanto viver o beneficiário,
sendo que, após a morte deste, o cônjuge sobrevivente poderá se
habilitar como herdeiro do referido bem, observada a ordem de
vocação hereditária.

ENUNCIADO 632, VIII JORNADA DE DIREITO CIVIL –

Nos casos de reconhecimento de multiparentalidade paterna ou


materna, o filho terá direito à participação na herança de todos os
ascendentes reconhecidos.

PARTILHA (art. 1832): cônjuge recebe o mesmo que o herdeiro que


partilhar por cabeça. Se ascendente dos herdeiros, não receberá menos de
25% dos bens que tiver direito de suceder.

O cônjuge entra como se fosse um filho (não estou


98

tratando de Édipo). Por exemplo se tem 3 filhos entra o cônjuge


e cada um fica com 25%. Agora, se tem 4 filhos o cônjuge entra,
ele fica com 25% (mínimo) e cada um com 18,75% (conta:
Página

75/4).
- Enunciado 527, V Jornada de Direito Civil:
“Na concorrência entre o cônjuge e os herdeiros do de cujus, não
será reservada a quarta parte da herança para o sobrevivente no
caso de filiação híbrida.”

INFORMATIVO STJ 651 –

Sucessão. Inventário. União estável. Filhos comuns e exclusivos do


autor da herança. Concorrência híbrida. Reserva da quarta parte da
herança. Inaplicabilidade. Art. 1.832, parte final, do CC. Interpretação
restritiva. Quinhão hereditário do companheiro igual ao dos
descendentes. - A reserva da quarta parte da herança, prevista no art.
1.832 do Código Civil, não se aplica à hipótese de concorrência
sucessória híbrida.

Sucessão dos Ascendentes


APENAS NA ABSOLUTA AUSÊNCIA DE DESCENDENTES

NÃO SE ADMITE REPRESENTAÇÃO

A sucessão não se dá por cabeça, mas por linha.


Por exemplo imaginemos que se tem os avôs paternos
vivos e a mãe viva. Então cada um dos avôs irão ficam com
25% e a mãe com 50%.

Aplica-se o art. 1.836§2 do CC, mas na interpretação da multiparentalidade


(STF 2016).

PARTILHA POR LINHA

CONCORRÊNCIA COM O CÔNJUGE SOBREVIVENTE

Quando é concorrência com cônjuge sobrevivente


ocorre as duas coisas, diferente do que ocorre quando é com os
sucessores.
1 1
- O cônjuge sempre vai ficar com (meação) + do
2 3
restante (herança – as frações fixas).
ENUNCIADO 642 VIII JORNADA DE DIREITO CIVIL

Nas hipóteses de multiparentalidade, havendo o falecimento do


descendente com o chamamento de seus ascendentes à sucessão
legítima, se houver igualdade em grau e diversidade em linha entre os
99

ascendentes convocados a herdar, a herança deverá ser dividida em


tantas linhas quantos sejam os genitores.
Havendo dois pais e uma mãe, é um 1/3 para cada.
Página

Se fosse
DIREITO REAL DE HABITAÇÃO

O cônjuge sobrevivente sempre tem direito real de


habitação (quando tem apenas um imóvel) – mesmo no caso de
separação absoluta.
- Independe do regime de bens. - Independe de ter o cônjuge sucedido ou
não.

- Direito vitalício, mesmo se houver formação de nova família.

- Somente para o único imóvel que sirva de residência para a família


relacionado no inventário.

INFORMATIVO STJ 0541 –

A viúva não pode opor o direito real de habitação aos irmãos de seu
falecido cônjuge na hipótese em que eles forem, desde antes da
abertura da sucessão, coproprietários do imóvel em que ela residia
com o marido.

TJRS - AI nº 70062213384, Relator Alzir Felippe Schmitz, Oitava Câmara


Cível, Julgado em 11/12/2014 –

Agravo de instrumento. Inventário. Direito real de habitação. Imóvel


que não era exclusivo do falecido. Não se pode impor aos
coproprietários o direito real de habitação. Negaram provimento ao
recurso.

AC 10295080198464001 TJMG – 29/03/2019 –

A sucessão é regida pelas leis vigentes ao tempo da sua abertura,


nos termos do art. 1.787 do CC. O novo Código Civil não impôs
limitação temporal, tampouco elencou a perda do estado de viuvez
como óbice ao exercício do direito real de habitação. Não havendo
prova da alegação de que a ex-cônjuge possui outra residência e que
aluga o imóvel inventariado, ainda que tenha contraído novo
matrimônio, não se vislumbra obstáculo ao reconhecimento do direito
real de habitação.

REsp 1.617.636 / DF 27/08/2019 Relator Ministro Marco Aurélio Belizze


100

1. O recurso especial debate a possibilidade de equiparação da união


estável ao casamento, para fins de extinção do direito real de habitação
assegurado ao cônjuge supérstite. 2. Em sucessões abertas na vigência
do Código Civil de 1916, o cônjuge sobrevivente tem direito real de
Página

habitação enquanto permanecer viúvo. 3. A atribuição do direto real de


habitação consiste em garantia do direito de moradia por meio da
limitação do direito de propriedade de terceiros, uma vez que herdeiros
e legatários adquirem o patrimônio do acervo hereditário desde a
abertura da sucessão, por força do princípio da saisine. 6. Tendo em
vista a novidade do debate nesta Corte Superior, bem como a
existência de um provimento jurisdicional que favorecia o recorrido e o
induzia a acreditar na legitimidade do direito real de habitação exercido
até o presente julgamento, deve o aluguel ser fixado com efeitos
prospectivos em relação à apreciação deste recurso especial.

AC 07152563420188070003 TJDF / DJE: 18-10-2019

Em se tratando de casamento celebrado em 1981, no qual os


nubentes optaram pelo regime da comunhão parcial de bens e, em
razão do falecimento do cônjuge ocorrido em 1994, à viúva meeira se
confere o direito ao usufruto legal da quarta parte do único imóvel em
comum, em que residia o casal e a família constituída, em atenção ao
§ 1º, do art. 1.611 do Código Civil de 1.916. Conquanto se mostre
inviável o desfazimento do condomínio estabelecido entre os
litigantes, enquanto a viúva for viva ou não contrair novas núpcias,
aflora-se possível o recebimento de aluguel.

Sucessão do Cônjuge
SUCEDE TODA A HERANÇA SE NÃO HOUVER DESCENDENTES
OU ASCENDENTES (art. 1838, CC): jamais partilha herança legítima
com colaterais.

PERDA DO DIREITO SUCESSÓRIO (art. 1830, CC)

1- Já possui decisão judicial de separação (vale também para a extrajudicial) -


momento da morte.
2- No momento do óbito do cônjuge já havia separação de fato por mais de
dois anos com culpa.

A presunção é que ela teve culpa, mas cabe a outra


parte a prova que estavam separadas a mais de 2 anos.

Obs.: nesse caso perde-se o direito real de habitação também.

Enunciado 525, V Jornada de Direito Civil: inadequado aos novos


tempos...
101

AI: 2054156-40.2019.8.26.0000 TJSP / Publicação: 22-11-2019 –

Separação de fato três meses antes do falecimento do "de cujus" –


Circunstância que não ameaça direito de habitação – Prazo inferior
Página

ao exigido pela Lei para perda


do direito sucessório (CC 1.830) – Recurso improvido.
INFORMATIVO STJ 0573 –

Ocorrendo a morte de um dos cônjuges após dois anos da separação


de fato do casal, é legalmente relevante, para fins sucessórios, a
discussão da culpa do cônjuge sobrevivente pela ruptura da vida em
comum, cabendo a ele o ônus de comprovar que a convivência do
casal se tornara impossível sem a sua culpa.

ENUNCIADO 525 V JORNADA DE DIREITO CIVIL - Os arts. 1.723, §


1º, 1.790, 1.829 e 1.830 do Código Civil admitem a concorrência
sucessória entre cônjuge e companheiro sobreviventes na sucessão
legítima, quanto aos bens adquiridos onerosamente na união estável.

INFORMATIVO STF 859 e 864

Com base nesse entendimento, o Plenário, ao apreciar o Tema 498


da repercussão geral, por maioria, deu provimento ao recurso
extraordinário para reconhecer, de forma incidental, a
inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil de 2002 e declarar
o direito do recorrente de participar da herança de seu companheiro,
em conformidade com o regime jurídico estabelecido no art. 1.829 do
referido código.

(Recursos Extraordinários 646721 e 878694).

INFORMATIVO STJ 622 –

Na falta de descendentes e ascendentes, será deferida a sucessão


por inteiro ao cônjuge ou companheiro sobrevivente, não concorrendo
com parentes colaterais do de cujus.

AI 10473100030138001 TJMG – DOJ:12/07/2019 –

É inconstitucional a distinção de regime sucessório entre cônjuges e


companheiros, devendo ser aplicado o regime estabelecido no art.
1.829 do CC/2002, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal,
no julgamento da Repercussão Geral RE 646.721/RS e RE
878.694/MG. Quantos aos bens particulares do de cujus, (...) caberá
concorrer com os descendentes ao quinhão igual ao dos que
sucederam por cabeça.

ENUNCIADO 641 VIII JORNADA DE DIREITO CIVIL –


102

A decisão do Supremo Tribunal Federal que declarou a


inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil não importa
equiparação absoluta entre o casamento e a união estável.
Estendem-se à união estável apenas as regras aplicáveis ao
Página

casamento que tenham por fundamento a solidariedade familiar. Por


outro lado, é constitucional a distinção entre os regimes, quando
baseada na solenidade do ato jurídico que funda o casamento,
ausente na união estável.
COMPANHEIROS: HERDEIROS NECESSÁRIOS?

- Embargos de declaração interpostos nos RE 646721 e 878694, cujo


julgamento ocorreu em sessão virtual de 19.10.2018 a 25.10.2018:

“A repercussão geral reconhecida diz respeito apenas à aplicabilidade


do art. 1.829 do Código Civil às uniões estáveis. Não há omissão a
respeito da aplicabilidade de outros dispositivos a tais casos”.
O STF não equiparou.

- Em outros termos, NÃO!

CUIDADO COM O TEMA

- O STJ, antes do esclarecimento realizado nos Embargos de Declaração,


julgou os Recursos Especiais 1357117/MG e 1.337.420/RS, em que
considerou estar acatando o pensamento da Corte Suprema ao considerar o
companheiro herdeiro necessário, quando estava desacatando o artigo
1.845 do Código Civil, que não foi objeto de análise pelo STF.

Sucessão dos Colaterais


- LIMITAÇÃO AO 4º GRAU DE PARENTESCO: irmãos – 2º grau /
sobrinhos e tios – 3º grau / primos, sobrinhos-netos e tios-avôs – 4º grau

- DISCRIMINAÇÃO ENTRE IRMÃOS E SOBRINHOS (art. 1841 e 1843,


§ 2º, CC): cada unilateral recebe a metade que tocar a cada bilateral

Irmão unilateral = meio irmão.


Somente terá tratamento diferente se houver irmão
bilateral e irmão unilateral. Se houver apenas um tipo todos
serão tratados iguais.
COLATERAIS - REPRESENTAÇÃO LIMITADA (somente os filhos de
irmãos)
103

- SOBRINHOS: preferência sobre os tios (art. 1843, CC)


Página

Os sobrinhos possuem preferência sobre os tios.


- COLATERIAIS DE 4º GRAU: igual tratamento por ausência de previsão
legal de discriminação.

RENÚNCIA - Somente tem o direito de renunciar a pessoa que tiver o


direito de suceder (art. 1.798, CC)

Somente pode ter renúncia após a abertura do


inventário, sob pena de nulidade.
- Características: retroatividade à data da abertura da sucessão,
irrevogabilidade, indivisibilidade.

A aceitação da herança também é irrevogável.


- Formalidade: termo judicial ou escritura público.

Uma vez escrito o termo judicial ou a escritura pública


a renúncia é irrevogável.
Obs.: quando alguém renuncia beneficia as pessoas de mesma classe –
1.810.
ENUNCIADO 575, VI JORNADA DE DIREITO CIVIL –

Concorrendo herdeiros de classes diversas, a renúncia de qualquer


deles devolve sua parte aos que integram a mesma ordem dos
chamados a suceder.

CITAÇÕES - Prazo para impugnação das primeiras declarações: 15 dias


em prazo comum (após o cumprimento da última diligência) – art. 627,
CPC. - Após decidir as impugnações, remessa à PGE. - Nesse mesmo
prazo, cabe aos citados trazer bens à colação (art. 639, CPC). Já
inventariante, deve fazê-lo nas primeiras declarações.

Colações
Entende-se por colação o ato de declarar que houve ato
de liberalidade em favor de um herdeiro.
Código Civil X Código de Processo Civil
104

- Art. 1.994, CC X art. 641, CPC


Página

Use o CPC para quando quiser defender, use o CC para


quando for atacar.
- Art. 2.004, CC X art. 639, parágrafo único, CPC

CPC – deverá ser feito pelos bens no momento da


sucessão.
CC – Deverá ser feito pelo momento da liberalidade.
- Art. 1.992, CC X art. 641, § 1º, CPC

CC – Perde o bem que ele sonegou;


CPC – não perde, mas deverá dividir.
INFORMATIVO STJ 0563 –

O filho do autor da herança tem o direito de exigir de seus irmãos a


colação dos bens que receberam via doação a título de adiantamento
da legítima, ainda que sequer tenha sido concebido ao tempo da
liberalidade.
Deverá ficar expresso que se trata da parte disponível.
A presunção é que a doação se deu pela parte obrigatória.

Sonegação
- CONCEITO: bens conscientemente desviados da partilha pelo herdeiro
que deixou de levá-los à colação ou não foram relacionados nas
declarações do inventariante ou ocultados pelo testamenteiro.

- Só podem ser alegados após a manifestação nos autos (art. 621, CPC)

- EFEITOS: ilícito civil, perda da coisa sonegada; ilícito penal, apropriação


indébita.

Art. 1.992 – perda da coisa; crime de apropriação


indébita.
SONEGADOS: REQUISITOS •SUBJETIVO: malícia, na medida em que
se trata de conduta dolosa. •OBJETIVO: não relacionar o bem no
inventário na primeira oportunidade de manifestação.

CONFIGURAÇÃO: CONTROVÉRSIA
105

 1ª CORRENTE (majoritária): prova da existência dos dois


elementos.
Página
Entendimento do STJ – ele entende que a malicia
(elemento subjetivo) se configura quando há notificação do
outro herdeiro, listando os bens.
 2ª CORRENTE (Clóvis Beviláqua; Washington de Barros): a malícia
está in re ipsa.
 3ª CORRENTE: a malícia é presumida iuris tantum.

Observação –
Colações: ocultação sem intenção, art. 641 §1 CPC, ocultação maliciosa, art.
1.992 CC (perda da coisa).

Sem prova da malicia – mera partilha;


Com prova da malicia – perda da coisa.

PENALIDADE

•HERDEIRO: perde o direito sobre a coisa ocultada, como se o sonegador


jamais tivesse existido (se não for possível entregar a coisa ao acervo,
responde o herdeiro pelo seu valor + perdas e danos), salvo caso de colação
(art. 641, § 1º, CPC)

•CUIDADO: no caso de renúncia, colacionar a parte inoficiosa (art. 640,


CPC)

•INVENTARIANTE: perde a inventariança (art. 1093, CC, 618, VI e 622,


VI, CPC)

•TESTAMENTEIRO: remoção e perda da vintena.


106

Pagamento Dívidas
- Requerimento de pagamento distribuída por dependência aos autos do
Página

inventário.

- Instrução de prova líquida e certa quanto à existência e valor da dívida.


-Pagamento (em dinheiro ou adjudicação) depende da concordância de
todos os herdeiros, sob pena de se remeter o credor às vias ordinárias (art.
1997, CC, 642 e 643, CPC)

SE os herdeiros se negaram a pagar os credores terão


que entrar com novo processo.
AI 14094519320198120000 TJMS / Publicação: 18-11-2019

Na habilitação de crédito em inventário, é necessário a citação de


todos os herdeiros, uma vez sendo imprescindível, para o
deferimento, concordância unânime deles, tratando-se, pois, de
procedimento incidental de natureza híbrida, de jurisdição voluntária
que, a princípio, pode não encontrar qualquer resistência daqueles,
mas que não estão impedidos de fazê-lo.
107
Página
ANTES DA PARTILHA: habilitação no inventário para pagamento pelo
espólio.

RESERVA DE QUINHÃO: título habilitado é líquido e certo / impugnação


dos herdeiros não calcada em pagamento.

PERDA DE RESERVA: perda do prazo decadencial de 30 dias para


cobrança efetuar as medidas de cobrança.

Prazo de 30 dias corridos para propor ação.


APÓS A PARTILHA: herdeiros respondem direta e proporcionalmente.

Os herdeiros devem pagar proporcionalmente (se


herdou 1% do bem pagam 1% da dívida, até acabar a herança).
INSOLVÊNCIA DE ALGUM HERDEIRO: divisão proporcional entre os
coerdeiros remanescentes.

HERDEIRO DEVEDOR DO ESPÓLIO: pagamento proporcional aos


demais, se a maioria não concordar com compensação.

Usufruto Judicial
É possível saber antes do término do inventário quem
vai ficar com o quê, então é possível dar usufruto.
- Encerrada a fase dos pagamentos, mediante requerimento, poderá ser
concedido a qualquer dos herdeiros o exercício dos direitos de usar e de
fruir de determinado bem, com a condição de que, ao término do
inventário, tal bem integre a cota desse herdeiro (art. 647, parágrafo único,
CPC).

Com isso o usufrutuário irá arcar com as despesas do


bem.
108

Antes da concessão do usufruto é bom fazer uma vistoria, pelo dever de


conservação.
Página

Com usufruto é possível alugar.


- Aplicam-se todas as obrigações do usufrutuário.
- Pedido e decisão fundamentados.

- Cabe registro do usufruto para oponibilidade a terceiros.

- Cancelamento do usufruto na hipótese de diminuição do monte.

- Liquidada a herança, prazo de 15 dias para formulação de pedido de


quinhão (art. 647, CPC).

- Partidor elabora esboço de partilha, o qual deve ser submetido aos


herdeiros para reclamações.

- Finalmente, resolvidas, será determinada a avaliação. Após o pagamento


do imposto, prolação da sentença.

Últimas Declarações
Com o tempo do inventário as coisas podem ter mudado, por isso a
últimas declarações. Se for igual ou fala (“retifica-se os termos das
primeiras declarações” ou só copia e cola as primeiras.

Avaliação
- Nomeação de perito se não houver avaliador judicial na comarca
(principalmente quotas e haveres).

- Prazo comum de 15 dias para se manifestar sobre laudo de avaliação.


Estabilizado o laudo, apresentação das últimas declarações – 15 dias
comuns para impugná-lo.

- Por fim, cálculo do imposto (5 dias para impugná-lo). Cabe ao juiz julgar
o cálculo.

- Não há necessidade de perícia se todos os herdeiros concordarem com a


109

avaliação da fazenda.

Tipos de Partilha
Página

TESTAMENTÁRIA: desde que obedecida a limitação à disponível (art.


2.014, CC).
Decisão unilateral do(a) falecido(a)

CONSENSUAL: extrajudicial ou judicial, sendo esta dependente de


homologação (art. 2.015, CC).

São os herdeiros que fazem o trabalho. Pode ser feito


com menor, mas com a participação do MP.

Acordo entre os herdeiros.

JUDICIAL: divergência ou incapacidade de algum sucessor (art. 2.016,


CC).

Incapacidade, afinal é incapaz conceder, não há


condomínio, a divisão não pode não ser igualitária.
NEGOCIAL: negócio condicional de ascendente para descendentes (art.
2.018, CC).

A eficácia desse negócio apenas ocorre com a morte.


DIVISÃO CÔMODA: A divisão é sempre cômoda quando a partilha for
consensual porque é única hipótese de condomínio (não há condomínio
imposto, salvo para garantir o direito real de habitação).

IMPOSSIBILIDADE: hasta pública por ordem judicial (art. 2019, CC).

Quando for impossível acordo o bem vai para leilão.


ADJUDICAÇÃO: requerimento de meeiro ou herdeiro, mediante
reposição.

LICITAÇÃO: mais de um interessado na adjudicação da coisa (quem pagar


mais, leva).
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