Resolução CMEPOA julho de 2022
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Resolução CMEPOA julho de 2022
Comissão Especial
Resolução CME/POA n.º 24, de 21 de julho de 2022.
Resolve:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 1º A ERER será desenvolvida com base nos princípios de liberdade e nos ideais
de solidariedade humana, tendo por finalidade o pleno desenvolvimento das
crianças e dos e das estudantes, em seu preparo para o exercício da cidadania.
CAPÍTULO II
DA EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Art. 10 O currículo deve demonstrar, por meio dos saberes ensinados nas
instituições escolares, o protagonismo cultural, linguístico, literário, social, político e
econômico das populações afro-brasileiras, africanas, quilombolas, indígenas e
periféricas da sociedade brasileira.
Art. 16 O ensino dar-se-á de forma que propicie uma ação pedagógica inclusiva e
continuada, que garanta o respeito aos ritmos e aos tempos de aprendizagem de
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CAPÍTULO III
DAS INSTITUIÇÕES ESCOLARES
Art. 25 A carga horária mínima para a ERER a ser trabalhada nas escolas e
instituições será de 25 horas anuais.
CAPÍTULO IV
DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO
Parágrafo Único: O primeiro relatório, de que trata o inciso IV, será enviado dois
anos após a implementação do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros, Quilombolas e
Indígenas nas escolas e instituições.
Art. 38 Esta Resolução será interpretada com base na justificativa que a acompanha
e entrará em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em
contrário.
Comissão Especial
JUSTIFICATIVA
Em relação aos povos indígenas no Brasil, os dados não são nem um pouco
animadores e também demonstram um ambiente marcado pela violência. Entre 2009
e 2019, foram assassinados 2.074 indígenas e a taxa de mortalidade cresceu 21,6%
nesse período. Esses índices são maiores em municípios que possuem terras
indígenas (IPEA, 2021, p. 83). Os números alarmantes da violência que acomete
sobretudo a população negra e indígena demonstra uma das características mais
importantes e preocupantes da sociedade brasileira: o racismo estrutural.
p. 115). De qualquer maneira, mesmo que se concorde com tal assertiva, um longo
tempo se passou desde a aprovação das Diretrizes Nacionais em ERER.
A Resolução CNE/CP n.º 1/2004, no seu artigo 3º, parágrafo 1º, atribui aos
sistemas de ensino a consecução de “condições materiais e financeiras” que
possam prover as escolas e as instituições de materiais adequados à educação
para as relações étnico-raciais (BRASIL, 2004b, p. 1). Deve ser dada especial
atenção à necessidade de articulação entre a formação dos e das profissionais da
educação e a produção de material didático. Tais ações se encontram estruturadas
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Souza (2018) afirma que para uma Educação Antirracista deve haver a
revisão de toda a organização do trabalho pedagógico, do currículo escolar e das
relações interpessoais e de poderes, tanto sociais, quanto escolares, com a
finalidade de alcançar a igualdade e o respeito à diversidade étnico-racial,
combatendo o racismo.
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Considerando a infância não apenas como uma etapa de vida e sim um tempo
único de experiências e de criação de si mesma, torna-se imperativo recriar as
escolas e instituições sob a perspectiva das relações étnico-raciais. De acordo com as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI), o currículo desta
etapa deve ser entendido como “práticas educacionais organizadas em torno do
conhecimento e em meio às relações sociais que se travam nos espaços
institucionais, e que afetam a construção das identidades das crianças”. Dessa forma,
as propostas pedagógicas das instituições de Educação Infantil, preservando os eixos
norteadores das interações e brincadeiras, devem prever condições para a
organização de materiais, espaços e tempos que assegurem o reconhecimento, a
valorização, o respeito e a interação das crianças com as histórias e as culturas
africanas, afro-brasileiras, quilombolas e indígenas, bem como o combate ao racismo
e à discriminação (BRASIL, 2009, p. 6).
No entanto, cabe destacar que por mais que seja fundamental a orientação da
Administradora do Sistema, em conjunto com a equipe de assessoria pedagógica do
Núcleo de estudos afro-brasileiro, quilombola e indígena, sobre as modificações
curriculares e dos documentos escolares, como o PPP; não se pode excluir a
necessária participação de professores e professoras, demais profissionais da
educação, bem como os membros da comunidade escolar no andamento da ação
pedagógica da escola. A LDB, no artigo 13, diz que os docentes têm a incumbência
de
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