13Matemática Autorregulação Da Aprendizagem 2
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RESUMO
Este artigo tem como objetivo analisar pesquisas sobre a autorregulação da
aprendizagem matemática no contexto nacional. A base de dados da pesquisa foi o
banco de dissertações e teses da CAPES, considerando os estudos no período de 2007
a 2023. Analisaram-se autores, ano de conclusão, título, objetivos, sujeitos, principais
referenciais teóricos acerca da autorregulação da aprendizagem e resultados das
pesquisas. Foram encontrados 15 estudos: quatro utilizam a teoria social cognitiva como
referencial teórico, 7 mencionam o modelo de autorregulação da aprendizagem de
Zimmerman e 1 é do tipo intervenção pedagógica. Os conteúdos e as habilidades
matemáticas abordadas nas pesquisas englobam resolução de problemas, cálculo,
estatística, interpretação e matemática financeira. Em algumas pesquisas, o conteúdo
e/ou a habilidade não foram especificados. Identificaram-se poucas pesquisas sobre
autorregulação da aprendizagem no contexto específico da matemática e não se
percebeu um crescimento significativo na área.
PALAVRAS-CHAVE: Autorregulação da Aprendizagem; Matemática; Pesquisas
Nacionais.
ABSTRACT
This article aims to analyze research works on self-regulation of mathematics learning
in a national context. The research source was the CAPES dissertations and theses
database (coordination for the improvement of higher education personnel)
considering studies from 2007 to 2023, and the analyzed elements were authors, year
of conclusion, title, objectives, subjects, main theoretical references about self-regulation
of learning, and results. Fifteen studies were included from 2007 to 2019. No studies
were found after this period. Four out of fifteen studies used the cognitive social theory
as a theoretical reference. Seven of them mention Zimmerman's self-regulation of
learning model (2000, 2002, 2013). In one of them, the author declares to take a
qualitative approach of pedagogical intervention type in elementary education. The
mathematical contents and skills addressed in the research were based on problem-
solving, calculus, statistics, interpretation, and financial mathematics. In some surveys,
specific mathematical content and/or skills were not verified. Their focus was on aspects
directly related to self-regulation, such as motivations and reflective processes involved
in teaching and learning of mathematics. We identified little research on self-regulation
in the specific context of mathematics, and we did not experience significant growth in
the area.
KEYWORDS: Self-regulation of Learning; Mathematics; National Researches.
DOI: 10.21920/recei72023931834848
http://dx.doi.org/10.21920/recei72023931834848
1
Mestra em Educação Matemática pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Docente da Rede Estadual de Educação
do Estado de Minas Gerais e da Rede Municipal de Educação da Cidade de Contagem, MG. E-mail: [email protected]
/ ORCID: https://orcid.org/0009-0005-0602-522X
2
Doutor em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Pós-Doutor em Educação pela UNICAMP. Docente do
Departamento de Educação Matemática e do Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática da UFOP. E-mail:
[email protected] / ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7383-387X
LIMA, E. P. de; TORISU, E. M. Mapeamento das pesquisas nacionais sobre autorregulação da aprendizagem matemática.
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INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Nível Total %
Mestrado Profissional 8 25
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Doutorado 4 12,5
Total 32 100
Fonte: elaborada pelos autores em 2023 com base no Banco de Dissertações e Teses da CAPES
2009 1 (dissertação)
2010 1 (dissertação)
2012 3 (dissertações)
2016 2 (dissertações)
2018 1 (tese)
2019 2 (dissertações)
Total 15
Fonte: elaborada pelos autores em 2023 com base no banco de dissertações e teses da CAPES
LIMA, E. P. de; TORISU, E. M. Mapeamento das pesquisas nacionais sobre autorregulação da aprendizagem matemática.
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Para cada estudo selecionado, destacamos autores; ano de conclusão; título; objetivos;
sujeitos; principais referenciais teóricos acerca da AA; e resultados da pesquisa. Organizamos os
dados de forma cronológica e registramos a síntese das informações dos trabalhos analisados,
como apresentamos a seguir.
A tese de doutorado de Souza (2007), sob o título Auto-regulação da aprendizagem e a
matemática escolar, teve como objetivo principal verificar a existência de relações entre as crenças
de autoeficácia matemática, a percepção de utilidade da matemática e o uso de estratégias de
aprendizagem por alunos de diferentes séries escolares. Os sujeitos da pesquisa foram 119 alunos
de 4a, 6a e 8a séries do ensino fundamental de uma escola pública de um município do interior
do estado de São Paulo. Foi utilizada como referencial teórico a Teoria Social Cognitiva (TSC).
Como resultados da investigação, foram apontadas relações entre autoeficácia, estratégias
de aprendizagem e desempenho escolar em matemática. Porém, não foi encontrada relação entre
a percepção de utilidade da matemática e as estratégias. Foi verificado ainda que tanto a
autoeficácia como o uso de estratégias diminuíram ao longo das séries escolares.
Peres (2009) realizou a pesquisa intitulada Um objeto de apoio à aprendizagem
autorregulada em problemas de máximo e mínimo, com objetivo de investigar as possibilidades
de incentivar o desenvolvimento da AA dos alunos no estudo de problemas de máximos e
mínimos que envolvem conhecimentos geométricos, a partir de um objeto de aprendizagem.
Para alcançar o objetivo, Peres realizou um estudo teórico no campo de pesquisa da
metacognição, alicerçado principalmente em John Flavell (1979), autor no qual também baseou
a interpretação dos dados. Para compreender as estratégias de aprendizagem, ele fundamentou
seus estudos em Frota (2002). Os sujeitos dessa pesquisa foram 14 estudantes do 6o período da
licenciatura de matemática.
Os resultados evidenciaram que os participantes da pesquisa, ao interagirem com o objeto
de aprendizagem, empregaram diferentes estratégias na autorregulação de seu processo de
aprendizagem. Essa constatação sinalizou que, se devidamente estimulados pelo uso de objetos
de aprendizagem adequados, os alunos podem refletir sobre as atividades matemáticas que
desenvolvem e monitorar a sua aprendizagem em cálculo.
Zocolotti (2010) desenvolveu a pesquisa intitulada Práticas reflexivas na sala de aula: uma
experiência na formação de professores de matemática e teve como foco investigar as
potencialidades de estruturação e condução de uma disciplina com vistas a desenvolver os
processos reflexivos e de AA por estudantes que cursavam a licenciatura em matemática. Os
sujeitos da pesquisa foram 18 estudantes da disciplina tópicos especiais em educação matemática
de um centro de ensino superior do estado do Espírito Santo. O referencial teórico baseou-se
nas ideias de Donald Schön (2000) ‒ para descrever e analisar ações de reflexão, consideradas
por Zocolotti (2010) aspecto fundamental para a proposta da condução de uma disciplina que
visava desenvolver os processos metacognitivos de AA matemática ‒ e no modelo de análise das
cognições de um professor, proposto por Artzt e Armour-Thomas (2002).
Os resultados mostraram que, para a maior parte dos estudantes, as ações de reflexão
propostas incentivaram a autorregulação dos estudos e, para um grupo menor, que esperava um
trabalho nos moldes tradicionais, a proposta revelou-se pouco motivadora. Devido a essa
contradição, concluiu-se que os resultados de uma disciplina implementada nos moldes
reflexivos propostos estão diretamente relacionados ao empenho e à participação de cada um
dos envolvidos.
A pesquisa de Barizon (2011), cujo título é Validação de uma escala de autorregulação
de aprendizagem estatística de estudantes da terceira série do ensino médio de São Paulo, teve
LIMA, E. P. de; TORISU, E. M. Mapeamento das pesquisas nacionais sobre autorregulação da aprendizagem matemática.
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como objetivo propor, elaborar, avaliar e validar uma escala de atenção e de interação que
expressasse as estratégias desenvolvidas pelos estudantes para a AA de estatística, sob a
perspectiva sócio-histórica de Vigotsky. A pesquisa foi realizada com estudantes da 3 a série do
ensino médio da cidade de Santo André, estado de São Paulo.
Os resultados da análise, baseada na análise fatorial, revelaram que a escala possui três
dimensões: atenção e interação entre aluno e aluno; interação; e isolamento ‒ esses agrupamentos
dos itens estão em consonância com as bases teóricas da autorregulação utilizada no estudo. As
análises da escala pela Teoria de Resposta ao Item (TRI) revelaram a necessidade de uma revisão
dos itens da escala, por ela apresentar uma consistência interna mediana. Apesar dessa ressalva,
esse instrumento possibilitou verificar que poucos estudantes fazem uso das estratégias de atenção
e de interação para autorregularem a sua aprendizagem. Na comparação entre os testes
estatísticos realizados antes e após o desenvolvimento das atividades propostas, verificou-se que
não houve avanço na aprendizagem dos conceitos estatísticos, resultado não esperado para alunos
finalistas do ensino médio, o que leva a concluir que o nível de letramento estatístico deles ainda
está aquém do esperado.
A tese de Aguiar (2011), cujo título é Aprimoramento das habilidades cognitivas de
resolução de problemas com o apoio de um agente conversacional, teve como objetivo geral
investigar como a assistência de um agente conversacional ‒ dotado de uma base de
conhecimento criada a partir da representação dos processos cognitivos dos estudantes talentosos
‒ pode contribuir para o aprimoramento das habilidades cognitivas de outros estudantes durante
a resolução de problemas de matemática. Os estudantes talentosos que participaram da pesquisa
foram alunos ‒ um total de 11 alunos, sendo 9 do ensino fundamental e 2 do ensino médio ‒ do
Programa de Iniciação Científica (PIC) 2009 que se destacaram como medalhistas da Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) naquele ano. O referencial teórico
utilizado acerca da AA foram os trabalhos de Zimmerman et al. (1996) e Shih et al. (2005).
Com os dados coletados inferiu-se que o apoio do agente conversacional blaze ‒ no
contexto de uma aprendizagem autorregulada durante a resolução de problemas ‒ contribuiu
qualitativamente para o aprimoramento de diversas habilidades cognitivas, como pensamento
crítico, pensamento criativo e raciocínio lógico, e permitiu o uso da metacognição durante a
resolução dos problemas propostos.
Estratégias de memória na autorregulação da aprendizagem de estatística de alunos do
ensino médio é o título da pesquisa de Contini Neto (2012), cujo objetivo foi investigar as
características do processo de autorregulação de estratégias de memória na aprendizagem de
estatística no ensino médio. Os sujeitos da pesquisa foram estudantes da 3a série do ensino médio
da cidade de Santo André, São Paulo, e a abordagem histórico-cultural de Vigotsky foi a base
teórica utilizada.
Na análise dos resultados, averiguou-se, por meio da análise fatorial aplicada aos
estudantes, a existência de quatro dimensões adequadas ao referencial teórico relativo aos
processos de AA: organização e ação prévia; ação de domínio (manipulação) sobre o conteúdo;
ação em sala de aula; e ausência de ação. As análises da escala, realizadas por meio da TRI,
mostraram que tanto o pré-teste como o pós-teste estatísticos estavam acima do nível de
habilidade dos sujeitos. Não foi percebida evolução no nível de letramento estatístico na
comparação entre os desempenhos no pré-teste e no pós-teste. Os resultados apontam que os
sujeitos não manifestaram interesse ou motivação para a aprendizagem de estatística e que o
relacionamento entre aluno e professor é pouco colaborativo.
Mendonça (2012) desenvolveu a pesquisa intitulada Autorregulação da aprendizagem de
estatística e sua relação com o nível de letramento estatístico de estudantes universitários de
LIMA, E. P. de; TORISU, E. M. Mapeamento das pesquisas nacionais sobre autorregulação da aprendizagem matemática.
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Guarulhos com o objetivo principal de investigar o uso intencional das estratégias de memória,
atenção e interação nos processos de AA; e de estabelecer sua relação com os níveis de
letramento estatístico. Participaram da pesquisa 185 estudantes de graduação de dois cursos
tecnológicos (gestão financeira e logística) de uma instituição particular do município de
Guarulhos. O referencial utilizado foi a teoria sócio-histórica de Vigotsky.
O estudo da relação entre as escalas de estratégias de memória, atenção e interação e o
teste de conhecimento estatístico não estabeleceram uma correlação entre as referidas escalas e
o nível de letramento estatístico. O resultado da análise desse teste revelou um baixo desempenho
geral e consequentemente um nível de letramento estatístico aquém do esperado. Os resultados
desse estudo permitiram verificar que, para os estudantes serem construtores de suas próprias
aprendizagens, os professores devem estimular o desenvolvimento de competências de
autorregulação nos seus alunos a fim de que saibam ‒ de uma forma autônoma, crítica e motivada
‒ assumir suas próprias aprendizagens ao longo da vida.
A pesquisa de Pranke (2012), PIBID/UFPel: oficinas pedagógicas que contribuíram para
a autorregulação da aprendizagem e formação docente das bolsistas de matemática, teve como
objetivo analisar se as oficinas desenvolvidas no Projeto Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência (PIBID) do curso de licenciatura em matemática da Universidade Federal de Pelotas
promoveram a AA e a formação docente de bolsistas de matemática e se estimularam e
qualificaram os seus processos de aprender e ensinar. A abordagem utilizada foi a qualitativa do
tipo estudo de caso e os sujeitos da investigação foram três bolsistas do curso de matemática que
desenvolveram oficinas pedagógicas com estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do
ensino médio. A fundamentação teórica utilizada foi a teoria histórico-cultural de Vigotsky e os
estudos dos teóricos Zimmerman, Rosário e Bandura.
Os dados analisados levaram a pesquisadora a inferir que as bolsistas participantes
desenvolveram ações colaborativas, organizaram estratégias de aprendizagem e adquiriram
competências autorregulatórias para a realização do planejamento, da execução e da avaliação
das oficinas de matemática. A análise mostrou que elas passaram por um processo de reflexão
sobre a prática desenvolvida, o que contribuiu para estimular nos estudantes a vontade de estudar
matemática. Concluiu-se que o PIBID qualificou a formação inicial das bolsistas de matemática
e possibilitou que elas assumissem a responsabilidade de aprender para ensinar.
Fantinel (2015), em sua tese de doutorado A autorregulação da aprendizagem na
formação de um educador matemático na modalidade a distância: uma proposta de articulação
curricular, teve o objetivo de verificar o impacto da incorporação do exercício de AA da
Aprendizagem, por meio da adaptação do Programa de Gervásio ao contexto online em um
curso de formação de professores de matemática na modalidade a distância. Participaram da
pesquisa 76 estudantes universitários do curso de licenciatura em matemática a distância. O
referencial teórico utilizado foi a TSC de Bandura e, para AA, o Modelo de Rosário.
Durante essa investigação foi possível verificar que, na educação a distância, o ensino dos
processos autorregulatórios é um constructo fundamental e viável para a formação de um
educador matemático, pois permite uma mudança significativa no conhecimento declarativo das
estratégias de aprendizagem e no conhecimento pedagógico do conteúdo matemático do futuro
professor. Além das mudanças cognitivas decorrentes da experiência de ensino, observaram-se
outros fatores que possibilitam a gerência de comportamentos, pensamentos e sentimentos
voltados e adaptados para a obtenção de metas pessoais e guiados por padrões gerais de conduta,
como antecipação dos resultados das ações, experimentação de satisfação com o próprio esforço,
crenças de autoeficácia positivas, autorreflexão, gerenciamento do tempo disponível,
monitoramento do próprio desempenho e percepção do valor do aprendizado ‒ todos eles
fatores que influenciam a aprendizagem.
LIMA, E. P. de; TORISU, E. M. Mapeamento das pesquisas nacionais sobre autorregulação da aprendizagem matemática.
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Santos (2015) realizou a investigação intitulada Maria não vai mais à feira: resolução de
problemas e estratégias de autorregulação de aprendizagem nas séries iniciais do ensino
fundamental com o objetivo geral de construir e validar um caderno de atividades didáticas com
foco no desenvolvimento de estratégias de AA aplicadas à resolução de problemas, no contexto
do ensino da matemática para estudantes do segundo ciclo das séries iniciais do ensino
fundamental, sem a participação direta deles no desenvolvimento da pesquisa. O referencial
teórico para AA e outras estratégias metacognitivas envolveu, principalmente, os estudos de
Flavell (1979) e Portilho (2009). Após a análise do caderno de atividades, concluiu-se que o
material tem o potencial de desenvolver aquilo a que se propõe. Contudo, o investimento na
formação continuada dos professores foi uma necessidade apontada pelos avaliadores para que
a proposta apresentada, nesse ou em qualquer outro material didático, possa ser desenvolvida de
forma satisfatória.
Becker (2016, p. 1) realizou a pesquisa Autorregulacão da aprendizagem em matemática:
uma experiência com alunos de ensino médio, que almejava responder as questões:
Pranke (2018), após ter realizado sua pesquisa de mestrado, utilizando como
fundamentação teórica a AA, deu sequência ao trabalho em sua tese de doutorado, intitulada
Conhecimentos do contexto e estratégias autorregulatórias mobilizadas na resolução de
problemas de matemática por estudantes de uma escola agrícola. A investigação tinha como
objetivo identificar e analisar os conhecimentos do contexto e as estratégias mobilizadas no
processo autorregulatório para a resolução de problemas de matemática por estudantes de ensino
fundamental de uma escola agrícola. Os resultados analisados foram divididos em dois eixos. O
primeiro aborda as crenças motivacionais e o segundo, os tipos de estratégias autorregulatórias
utilizadas pelos estudantes ao longo da pesquisa.
Após a análise dos dados, a autora defendeu a tese de que os estudantes participantes
dessa pesquisa, ao resolverem problemas de matemática, mobilizaram diferentes estratégias
autorregulatórias, articuladas aos cálculos que utilizaram nas atividades diárias no contexto
agrícola, o que os manteve motivados e permitiu que fizessem transferências e estabelecessem
relações ‒ e, assim, encontrassem soluções mais rápidas e eficazes para os problemas que
surgiram no contexto escolar.
Faria (2019) realizou a pesquisa sob o título Ler para aprender... matemática: uma
investigação sobre o ensino-aprendizagem de estratégias de compreensão autorregulada da leitura
nas aulas de matemática de um 6o ano do ensino fundamental e seu objetivo principal foi
investigar em que medida o ensino sistemático de estratégias de compreensão autorregulada da
leitura nas aulas de matemática contribui para a superação de dificuldades dos alunos diante da
tarefa de ler e compreender enunciados de exercícios e problemas matemáticos. Participaram
da pesquisa 246 estudantes do 6o ano do ensino fundamental de uma escola particular de
Campinas e uma professora de matemática. O principal referencial teórico utilizado foi a TSC
de Bandura (1996).
Os resultados apontam avanços significativos em relação às crenças motivacionais dos
participantes acerca do ensino-aprendizado de estratégias de compreensão leitora de enunciados
e problemas matemáticos. Observou-se também um fortalecimento das crenças de autoeficácia
da professora diante da tarefa de ensinar seus estudantes a ler e compreender os textos. Além
disso, verificaram-se reflexos positivos nas práticas dos estudantes, com destaque para um
acréscimo no ensino das estratégias de inferenciação e questionamento do texto. Os participantes
passaram a utilizar com mais frequência estratégias de monitoração e, principalmente,
autoavaliação da tarefa, o que possibilitou uma tomada de consciência, por parte deles, de seu
papel não apenas durante a atividade de leitura mas, de modo mais amplo, em relação ao seu
processo de aprendizagem.
A pesquisa de Campos (2019), Nossa turma tem um problema: o processo de construção
de uma história-ferramenta sobre resolução de problemas fundamentada na teoria da
autorregulação, teve como objetivo principal descrever o processo de construção de uma história-
ferramenta ‒ fundamentada na teoria da autorregulação ‒ para auxiliar a ação de professores no
ensino de resolução de problemas de matemática em turmas do 5o ano do ensino fundamental.
O estudo buscou responder a seguinte questão de investigação: “Como ensinar estudantes do 5º
ano do ensino fundamental a resolver problemas em matemática, por meio do uso de estratégias
de autorregulação da aprendizagem?” (CAMPOS, 2019, p. 7). O referencial teórico utilizado foi
a TSC.
Sobre os resultados obtidos, a autora destaca que precisava de mais tempo com os
estudantes para conhecer as demandas mais de perto e as estratégias que utilizam, entretanto, as
respostas à escala, as narrativas durante as intervenções e as entrevistas puderam indicar, de
maneira geral, quais são os anseios e as maiores dificuldades enfrentadas pelos estudantes. A
pesquisa mostrou que o produto educacional tem potencial para ensinar estratégias de
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Além disso, percebemos que uma pequena parte das pesquisas tem como público-alvo
estudantes do ensino médio, e, em uma delas, os sujeitos são caracterizados como alunos com
altas habilidades. Sintetizamos, na tab. 4, essa distribuição.
Tab. 4 - Pesquisas de acordo com o público-alvo
Público-alvo Quantidade de
Pesquisas
Ensino Fundamental 5
Ensino Médio 3
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Das 15 pesquisas analisadas, somente 4 ‒ Souza (2007), Fantinel (2015), Faria (2019) e
Campos (2019) ‒ citam explicitamente a utilização da TSC como fundamentação teórica. Sete
delas ‒ Aguiar (2011), Neto (2012), Pranke (2012, 2018), Santos (2015), Becker (2016) e Oliveira
(2016) ‒ mencionam o modelo de AA de Zimmerman (2000, 2002, 2013). Somente em uma
delas ‒ Faria (2019) ‒ a autora declara realizar uma pesquisa de abordagem qualitativa do tipo
intervenção pedagógica e direcionar o estudo ao 6o ano do ensino fundamental como público-
alvo.
Em cinco pesquisas foi explicitado o conteúdo ou as habilidades matemáticas exploradas:
resolução de problemas; cálculo; estatística; interpretação e compreensão de problemas; e
matemática financeira. Nas demais pesquisas, não foram verificados conteúdos e/ou habilidades
específicas da matemática. O foco delas foram aspectos diretamente relacionados à AA, como as
motivações e os métodos reflexivos envolvidos nos processos de ensino e aprendizagem de
matemática.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
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