Ciclo Investigativo Exemplo

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6º INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON RESEARCH IN MATHEMATICAL EDUCATION

6ºSIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INVESTIGACIÓN EN EDUCACIÓN MATEMÁTICA


6º SYMPOSIUM INTERNATIONAL SUR LA RECHERCHE EM ÉDUCTION
MATHÉMATIQUE
23 a 25 de maio de 2024 – CAMPINA GRANDE- PARAÍBA - BRASIL
ISSN xxx-xx-xxxxx-xx-x

CICLO INVESTIGATIVO E A APRENDIZAGEM DE ESTATÍSTICA


NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
Rayssa Melo de Oliveira1
Marisa Lima de Vasconcelos2
Danilo do Carmo de Souza3
Juscileide Braga de Castro4

RESUMO

Estudos têm apontado que o ensino de Estatística, por vezes, é fundamentado em


aspectos técnicos e procedimentais, gerando déficits de aprendizagem. Diante dessa
realidade, a presente investigação objetivou identificar reverberações de uma abordagem
investigativa na construção de conceitos estatísticos e no desenvolvimento da autonomia
e do protagonismo discente. A pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva e
investigativa. O estudo foi realizado com a participação de 30 estudantes do quarto ano
do Ensino Fundamental e fundamentou-se no ciclo investigativo PPDAC, que envolve a
vivência de uma pesquisa através de cinco fases – problema, planejamento, coleta de
dados, análise e conclusão. Os resultados indicaram que a experiência proporcionou o
trabalho interdisciplinar, participação ativa dos estudantes, desenvolvimento da
autonomia na aprendizagem, consolidação de conceitos estatísticos, entre eles: a
interpretação e construção de gráficos e tabelas, amostra, população e instrumentos de
coleta de dados e utilização dos resultados da investigação realizada para
conscientização da comunidade escolar.

Palavras-chave: Estatística. Ciclo Investigativo PPDAC. Anos Iniciais.

1
Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected]
2
Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected]
3
Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected]
4
Universidade Federal do Ceará – UFC. E-mail: [email protected]
INTRODUÇÃO

A Estatística, compreendida como unidade temática da Matemática nos


currículos brasileiros, também exerce papel fulcral na formação dos cidadãos,
contribuindo tanto para o desenvolvimento cognitivo, como evidenciado por
Batanero (2001), a partir de pesquisas na psicologia, como para a formação de
indivíduos críticos e atuantes em uma sociedade que tem vivenciado, cada vez
mais, o uso de informações estatísticas para representar a realidade.
Apesar de sua relevância para a formação dos indivíduos, estudos têm
apontado que o ensino dessa disciplina, por vezes, é fundamentado em aspectos
técnicos e procedimentais, tal como evidenciado por Campos et al. (2011). Esse
tipo de metodologia de ensino atribuída a essa disciplina afeta diretamente no
desempenho dos estudantes.
Em uma pesquisa que buscou investigar a compreensão conceitual de
discentes em Estatística, Luna e Carvalho (2019) coletaram dados, junto a
estudantes de uma escola privada em Pernambuco, e constataram déficits na
compreensão de média aritmética e na interpretação de informações tabulares e
gráficas.
Incompreensões conceituais estatísticas também foram identificados em
uma pesquisa realizada por Cazorla et al. (2020), com estudantes do Ensino
Fundamental de escolas públicas, na Bahia, atestando que os sujeitos
investigados, em sua maioria, apresentaram dificuldades quanto à compreensão
de gráficos e tabelas, identificação das medidas de tendência central - média,
moda e mediana -, realização de operações básicas de adição e subtração, assim
como na interpretação de situações que envolviam a apresentação de dados
estatísticos.
Tendo em vista os déficits na aprendizagem estatística, autores têm
sinalizado para mudanças na perspectiva do ensino desses conceitos. No Brasil,
desde a publicação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), em 2017, o
ensino de Estatística é versado em uma perspectiva investigativa, objetivando o
desenvolvimento de postura crítica e criativa dos estudantes. Esse documento
requisita ao ensino dessa área a promoção de uma formação que ultrapassa a

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compreensão de conceitos estatísticos, objetivando uma preparação para o
desenvolvimento de capacidades de compreensão e atuação na sociedade, tal
como pode ser percebido na competência quatro para o Ensino de Matemática:
Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos
presentes nas práticas sociais e culturais, de modo a investigar,
organizar, representar e comunicar informações relevantes, para
interpretá-las e avaliá-las crítica e eticamente, produzindo argumentos
convincentes (Brasil, 2017, p. 267).

Percebe-se que tal perspectiva promove uma formação integral dos


estudantes, possibilitando que estes sejam integrados à sociedade, de modo a
compreender todas as formas diversificadas de representações disponíveis,
dentre as quais envolvem entendimento de informações estatísticas. Além disso,
o desenvolvimento dessa competência requer transformações nas relações entre
professores e alunos nos processos de ensino e de aprendizagem, tendo em vista
uma participação ativa, investigativa e reflexiva dos discentes e um papel
mediador e colaborador dos docentes. Consideramos que esse formato de ensino
promove integração, colaboração e envolvimento dos partícipes, contribuindo
para superação de dificuldades conceituais e alcançando a equidade na
educação (Wagner; Herbel-Eisenmann; Choppin, 2012).
A partir de tais apontamentos, a presente investigação objetivou identificar
reverberações de uma abordagem investigativa na construção de conceitos
estatísticos e no desenvolvimento da autonomia e do protagonismo discente. A
presente pesquisa caracteriza-se qualitativa, de natureza descritiva e
investigativa. Consideramos que o presente estudo apresenta elementos
importantes para professores e pesquisadores acerca do ensino de Estatística
nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA NOS ANOS INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL

O documento normativo da educação brasileira, a BNCC, preconiza o


ensino de Estatística desde 1º ano do Ensino Fundamental, apresentando o
necessário desenvolvimento de habilidades que abordam a vivência de pesquisa
científica, para a construção do pensamento estatístico, espírito de investigação e
produção de argumentos, tal como evidenciado pela competência dois, referente
ao componente curricular de Matemática (Brasil, 2017).

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O ciclo investigativo PPDAC consiste em uma metodologia investigativa
que pode contribuir para o desenvolvimento de habilidades e competências
relacionadas ao pensamento estatístico, tal como recomendado pelo documento
mencionado. O PPDAC é constituído por cinco fases: problema, planejamento,
dados, análise e conclusão, de modo que a vivência de todas as etapas requer a
participação ativa dos estudantes e mediação dos professores em busca de
compreender um fenômeno e de solucionar um problema real. Wild e Pfannkuch
(1999) apontam que o uso de procedimentos estatísticos para a resolução de
problemas cotidianos proporciona o desenvolvimento do pensamento estatístico.
A primeira fase do ciclo envolve a elaboração de um problema de
investigação. Nesse momento, os estudantes são socializados com uma temática,
a partir da qual são estimulados a pesquisar. Além disso, deve haver a definição
de um problema de investigação que consiste em uma pergunta a ser respondida
por meio da análise de dados e informações estatísticas. A próxima etapa -
planejamento - objetiva a discussão da realização da pesquisa, a partir da
definição de instrumentos de coleta, população ou amostra e tempo de realização
da coleta. A etapa referente aos dados consiste na ida ao campo para a coleta.
Posteriormente, inicia-se a análise de dados, na qual ocorre a organização das
informações coletadas e estudo dos conceitos estatísticos. Com as informações
organizadas e representadas, os aprendizes seguem para a última fase do ciclo: a
conclusão, que objetiva a discussão do que foi coletado e identificado na análise
de dados e a organização da resposta ao problema de pesquisa, elaborado
inicialmente.
Trata-se de uma metodologia que pode ser vivenciada desde os anos
iniciais de escolaridade, objetivando que mesmo alunos menores possam
compreender o desenvolvimento de uma pesquisa científica - tais como elaborar
um problema, desenvolver instrumentos de pesquisa, coletar e analisar dados e
elaborar argumentos que busquem a compreensão de um fenômeno - bem como
aprender conceitos estatísticos durante o processo. Cazorla (2004) corrobora com
tal perspectiva ao defender que esse trabalho deve ser realizado desde muito
cedo nas escolas. Pesquisas já têm apresentado resultados profícuos na
aprendizagem de conceitos estatísticos, a partir da vivência do PPDAC, como
discutidos a seguir.

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Silva e Couto (2021) fizeram a aplicação de uma sequência de ensino com
alunos do 1º ano do Ensino Fundamental, a partir da vivência do PPDAC. As
pesquisadoras consideraram a interdisciplinaridade entre Matemática e Ciências,
por meio do estudo da temática sobre animais, para possibilitar que os estudantes
pudessem compreender tanto conceitos estatísticos como as características dos
seres vivos. Como resultados, as autoras identificaram que proporcionar uma aula
investigativa, a partir da qual os discentes participaram ativamente de todas as
etapas do ciclo, proporcionou aprendizagens significativas, atestando ser possível
trabalhar conceitos estatísticos e pesquisa desde os primeiros anos de
escolaridade (Silva; Couto, 2021).
Santos e Santana (2020) igualmente realizaram um estudo sobre a
implementação de uma sequência de ensino baseada nesse ciclo investigativo. A
pesquisa foi desenvolvida em uma turma do 3° ano do Ensino Fundamental, a
partir da temática água potável. Vale destacar o envolvimento dos estudantes em
todas as etapas do ciclo, desde a escolha do tema à análise de dados e
conclusão. Essa vivência possibilitou além do trabalho com conceitos estatísticos,
tais como interpretação e produção de gráfico pictórico, a vivência das etapas de
uma pesquisa científica. A partir dessa investigação, as autoras concluíram
igualmente ser possível desenvolver o pensamento estatístico nas crianças desde
os primeiros anos de escolaridade (Santos & Santana, 2020).
A seguir discutiremos os resultados do presente estudo a partir do
referencial teórico, bem como de pesquisas relacionadas à temática.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa, de natureza descritiva


e investigativa e fundamentou-se no Ciclo Investigativo PPDAC, de Wild e
Pfannkuch (1999), que envolve a vivência de uma pesquisa através de cinco
fases – problema, planejamento, coleta de dados, análise e conclusão – para a
compreensão de um fenômeno. Vale destacar que, nesse estudo, o pesquisador
assumiu papel ativo, tendo em vista que realizou a aplicação do ciclo
investigativo.
O estudo foi realizado com 30 estudantes do 4º ano do Ensino
Fundamental de uma escola pública municipal de Fortaleza, estado do Ceará,

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Brasil, e teve duração de 5 semanas, a partir das quais foram vivenciadas todas
as etapas do ciclo. As observações da vivência foram registradas em um diário de
campo, instrumento que possibilita o relato das impressões do pesquisador
acerca do campo pesquisado. De acordo com Kroeff et al. (2020, p. 466), o diário
de campo aborda “a descrição dos procedimentos do estudo, do desenvolvimento
das atividades realizadas e também de possíveis alterações realizadas ao longo
do percurso da pesquisa”. As informações foram descritas e analisadas em
consonância com referencial teórico selecionado.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Buscando fazer um aprofundamento de como ensinar conceitos estatísticos


através da aplicação de uma sequência de ensino, tendo como tema doenças
relacionadas ao mosquito Aedes aegypti, fez-se uma análise de como as fases do
PPDAC foram implementadas em uma turma de quarto ano. Com a participação
de 30 alunos, as etapas do ciclo foram vivenciadas em cinco aulas de uma hora e
quarenta minutos cada, as quais ocorriam uma vez por semana. A seguir, foi
descrita cada uma das etapas e discutidos os resultados obtidos com essa
experiência.
A primeira etapa do ciclo - escolha do problema de investigação - foi
vivenciada em duas aulas, iniciando-se com a sensibilização dos estudantes
acerca da temática. Na primeira aula, recebemos a visita de agentes sanitários,
enviados pelo Posto de Saúde do bairro, para falar sobre o Aedes Aegypti, tendo
em vista que, no Brasil, em cidades com elevados índices pluviais, doenças
causadas por esse mosquito acometem a população e, desta forma, trabalhos de
conscientização são realizados dentro das instituições escolares. A aula seguinte
foi iniciada com a rememoração da palestra realizada pelos agentes e, depois, foi
entregue aos estudantes uma história em quadrinhos, a qual explicou como o
Aedes Aegypti nasce, bem como as formas de prevenção das doenças causadas
pelo inseto. Após essa etapa de sensibilização, incrementada pela leitura e
discussões sobre o tema, a docente propôs o desenvolvimento de uma pesquisa
e, juntamente com a turma, foi elaborado o seguinte problema de investigação:
Muitas pessoas contraíram doenças relacionadas ao mosquito da dengue?

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Ainda na segunda aula, realizou-se o planejamento da pesquisa a partir
dos seguintes questionamentos realizados pela professora: Quem irá participar da
pesquisa? Quem coletará os dados? Quais perguntas serão feitas aos
entrevistados? A pesquisa será realizada com uma amostra ou uma população?
Quanto tempo será destinado à coleta de dados? Será realizada uma entrevista
ou um questionário? Destarte, os alunos decidem realizar a investigação a partir
de uma amostra selecionada - pessoas da comunidade que eles moram - tendo
em vista que os estudantes da turma residem no mesmo bairro. Questões sobre o
tempo da pesquisa e a elevada quantidade de pessoas que residem na
comunidade influenciaram na seleção da amostra para a realização do estudo.
Foi decidido que cada aluno entrevistaria dez pessoas da comunidade, tendo o
cuidado para não entrevistar uma pessoa mais de uma vez. Os envolvidos
concordaram entre si que uma semana para a coleta de informações seria
suficiente e, em seguida, coletivamente decidiu-se as perguntas que seriam feitas
para os sujeitos, definindo-se as seguintes:
Quadro 1 - Roteiro da entrevista elaborado pela turma

1. Você já teve alguma doença causada pelo Aedes Aegypti? ( ) Sim


( ) Não

2. Qual doença causada pelo Aedes Aegypti você já teve?


( ) Dengue ( ) Zika ( ) Chikungunya

Fonte: Elaborado pela turma do 4º ano B


Os discentes anotaram as questões no caderno e realizaram a coleta de
informações em um horário extraclasse. Na terceira aula, iniciou-se o processo de
organização dos dados. Foram entrevistadas 188 pessoas da comunidade local,
tendo em vista que nem todos os estudantes conseguiram realizar a coleta ou não
conseguiram falar com a cota de sujeitos definida para cada discente. Os alunos
que conseguiram realizar a coleta possuíam as informações em seus cadernos e,
para juntar os dados de todos os pesquisadores, foi utilizada a lousa, como pode
ser visto nas figuras 1a e 1b. Ao finalizar o registro inicial no quadro, os
estudantes percebem que a segunda questão possuía mais respostas do que a
quantidade de entrevistados que já contraíram a doença. Após uma discussão

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sobre o assunto, os discentes perceberam que isso aconteceu porque havia
sujeitos que contraíram mais de uma doença causada pelo mosquito.
Figuras 1a e 1b: registro inicial dos dados coletados

Fonte: acervo da professora


Após o registro na lousa, discutiu-se sobre gráficos e tabelas. A partir de
debates sobre locais onde essas representações são encontradas e suas
funções, considerou-se relevante organizar os dados coletados em registros
gráficos e tabulares. Inicialmente, os estudantes elaboraram tabelas de acordo
com seus conhecimentos e, em seguida, a professora realizou intervenções sobre
esse tipo de representação. As maiores dificuldades observadas nos estudantes
acerca das representações tabulares relacionam-se ao registro das quantidades
de duas variáveis em uma mesma tabela: se teve ou não a doença e o tipo da
doença, como pode ser observado na figura 2a.
Figuras 2a e 2b: Representações tabular dos dados

Fonte: Acervo da Professora

A representação de duas variáveis em uma mesma representação tabular


requer o uso da tabela de dupla entrada, sendo esta representação a que
demanda um maior custo cognitivo se comparada com a organização de dados

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em tabela simples. Enquanto que a tabela simples abrange a organização de
informações de uma única variável, de acordo com Lahanier-Reuter (2003), as
tabelas de dupla entrada abordam o cruzamento de duas variáveis e as relações
de dependência entre elas. Como se tratava de um trabalho inicial com tabelas foi
proposto aos estudantes à representação das variáveis em duas tabelas simples,
como se pode observar na figura 2b. Silva (2012) sinalizou para a necessidade de
trabalhar, desde os anos iniciais do Ensino Fundamental, com a construção de
tabelas simples, tendo em vista que ao realizarem em estudos com crianças do 3º
e 5º ano, foram identificadas dificuldades na sistematização dos dados nesse tipo
de representação.
Na quarta aula, os discentes iniciaram o registro dos dados em gráficos.
Nessa representação, observou-se que as dificuldades dos estudantes residiam
na elaboração da escala numérica, seja pela ausência dos números (figura 3b) ou
pelo desrespeito ao espaço igualitário entre eles (figura 3a), e na construção das
barras, as quais foram desenhadas com larguras diferenciadas e em cima do eixo
vertical, como pode ser observado na figura 3b. Cruz e Henriques (2012), em um
estudo realizado com estudantes de 8 e 9 anos de idade, identificaram igualmente
dificuldades na seleção e marcação do eixo numérico. As autoras destacaram que
dentre os 25 estudantes entrevistados, metade não utilizou uma unidade
constante para a escala, evidenciando fragilidades no processo de elaboração de
representações gráficas.
Figuras 3a e 3b: Escala numérica e representação gráfica, respectivamente.

Fonte: acervo da professora

Com os registros gráficos e tabulares realizados, discutiu-se os dados da


pesquisa. Os estudantes perceberam que das 188 pessoas entrevistadas, 111 já

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contraíram doenças relacionadas ao Aedes Aegypti. Dentre as doenças causadas
pelo mosquito, a dengue é a mais comum entre os entrevistados, com 45 sujeitos.
Os alunos concluíram que muitas pessoas da comunidade já sofreram com
doenças causadas por esse inseto e consideraram importante a conscientização,
apresentando os dados e socializando as estratégias de prevenção na escola. Na
quinta aula, os dados foram organizados em um pôster (figura 4b) com os dados
da pesquisa realizada e com informações referentes à prevenção do nascimento
do Aedes Aegypti. O pôster foi apresentado por cinco estudantes, escolhidos pela
turma, na Feira de Ciências da escola, como pode ser observado na figura 4a.
Figuras 4a e 4b: apresentação do pôster na Feira de Ciências

Fonte: acervo da professora

A partir dos dados apresentados, pode-se identificar que o trabalho com


metodologias investigativas para o desenvolvimento de conceitos estatísticos é
possível de ser realizado mesmo com crianças dos anos iniciais do Ensino
Fundamental, tal como identificado por Silva e Couto (2021) e Santos e Santana
(2020). A partir de tais resultados, consideramos fundamental o trabalho através
de resolução de problemas reais e vivência das etapas de uma investigação -
elaboração de problema, planejamento, coleta e análise de dados e conclusão -
para a aprendizagem de Estatística, tal como proposto pelo Ciclo Investigativo
PPDAC.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados indicaram que a experiência proporcionou o trabalho


interdisciplinar, participação ativa dos estudantes, desenvolvimento da autonomia

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na aprendizagem, consolidação de conceitos estatísticos - interpretação e
construção de gráficos e tabelas, amostra, população e instrumentos de coleta de
dados - e utilização dos resultados da investigação realizada para
conscientização da comunidade escolar. Além disso, identificou-se que o ensino,
a partir da elaboração de estratégias para resolução de problemas cotidianos por
meio do uso de procedimentos estatísticos, proporcionou o desenvolvimento do
pensamento estatístico nos estudantes e da autonomia, tal como defendido pelos
autores da fundamentação teórica utilizada, bem como pelo documento base da
educação brasileira.
Destarte, consideramos que o presente estudo apresenta contribuições
para ensino de Estatística, ao apontar resultados favoráveis de um modelo
metodológico para o ensino e aprendizagem desse componente curricular nos
anos iniciais do Ensino Fundamental.

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https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/12605. Acesso em: 15 jan. 2024.
SILVA, A. C. S.; COUTO, M. E. S. Conceitos Estatísticos no 1º ano do Ensino
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8 (23), pp. 65-80. 2021.
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B., Choppin J., Wagner D., Pimm D. Equity in Discourse for Mathematics
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