JOAO LUIZ 4
JOAO LUIZ 4
JOAO LUIZ 4
1
Tribunal de Justiça
Gabinete Des. João Luiz Azevedo Lessa
do voto deste relator. Participaram deste julgamento os excelentíssimos senhores
desembargadores constantes na certidão de julgamento.
2
Tribunal de Justiça
Gabinete Des. João Luiz Azevedo Lessa
RELATÓRIO
3
Tribunal de Justiça
Gabinete Des. João Luiz Azevedo Lessa
O pleito de restabelecimento da prisão dá-se com base na necessidade de
se garantir a ordem pública, em razão da reiteração delitiva, haja vista que, conforme
destacado pela autoridade policial, o representado possui, pelo menos, 09 ocorrências de
crime de estelionato, nas cidades alagoanas de Capela, Cajueiro, Anadia e Viçosa, além
de uma ameaça no município de Cajueiro, e uma de porte ilegal de arma de fogo em
Maceió/AL. Não bastasse, que ele foi denunciado e responde pelo crime de estelionato,
com mesmo modus operandi, desde o ano de 2018, na Comarca de Viçosa.
Pois bem. Acerca da matéria, convém salientar que a prisão de natureza
cautelar revela-se cabível somente quando, a par de indícios do cometimento do delito
(fumus commissi delicti), estiver concretamente comprovada a existência do risco da
soltura (periculum libertatis), nos termos do art. 312 do Código de Processo Penal.
Compulsando os autos, observa-se, na decisão que substituiu a prisão do
recorrido, que o magistrado a quo destacou (fls. 487/491 dos autos principais):
4
Tribunal de Justiça
Gabinete Des. João Luiz Azevedo Lessa
7. Isso porque a prisão cautelar constitui a última ratio do
processo penal, somente devendo ser adotada quando presentes
todos os requisitos legais, não havendo outra medida cautelar
que, no seu lugar, seja suficiente para assegurar o resultado útil a
processo, bem como resguardar a paz social.
8. Destaco, desta feita, a possibilidade de substituição da prisão
preventiva por medidas cautelares diversas, conforme previstas no
art. 319 do CPP, adequadas ao caso concreto, tais como
comparecimento periódico em juízo para informar e justificar as suas
atividades; proibição de manter contato com as supostas vítimas e
testemunhas do presente feito, sobretudo para resguardar a lisura e a
conveniência da instrução criminal; suspensão de atividade de
natureza econômica ou financeira, precisamente no que diz respeito a
empréstimos ou intermediação destes referentes e que envolvam
pessoas idosas, por haver justo receio de sua utilização para a prática
de infrações penais, medida essa que visa resguardar a ordem pública;
proibição de ausentar-se, por mais de 08 (oito) dias da Comarca em
que reside, sem autorização prévia do Juízo; bem como fiança.
9. O artigo 326 do CPP assevera que, para determinar o valor da
fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as
condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as
circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a
importância provável das custas do processo, até final
julgamento.[...]. (grifos aditados)
Não se pode perder de vista, outrossim, que o sistema processual
brasileiro prevê que a prisão cautelar deve ser utilizada como medida excepcional,
apenas sendo justificado o seu uso nos casos previstos no artigo 312 do CPP. É
imprescindível, ainda, que a constrição cautelar seja utilizada como ultima ratio, ou
seja, quando não couber nenhuma outra medida cautelar diversa da segregação.
Como se não bastasse, é válido ressaltar que a decisão que concedeu a
liberdade ao réu foi proferida em 04.11.2021 (fls. 19/22 dos autos principais) e que, não
obstante o paciente ter sido indiciado por supostas prática de estelionato várias vezes,
não há notícias ou fatos novos que apontem para a necessidade da medida extrema.
Isso implica dizer que, acaso fosse decretada a custódia preventiva do
acusado neste momento, tal decreto prisional não seria contemporâneo aos fatos
utilizados para justificá-lo, indo de encontro ao que preconiza o § 2º do art. 312 do CPP.
Logo, ao menos por ora, não há como acolher o pleito ministerial.
5
Tribunal de Justiça
Gabinete Des. João Luiz Azevedo Lessa
Nesse diapasão, confira-se julgado desta Corte de Justiça:
PENAL. PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
RECURSO EM SENTIDO CONTRA O RELAXAMENTO DA
PENAL. PROCESSO PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO.
RECURSO EM SENTIDO CONTRA O RELAXAMENTO DA
PRISÃO PREVENTIVA. IRRESIGNAÇÃO DO ÓRGÃO
ACUSADOR. PLEITO DE RESTAURAÇÃO DA MEDIDA
CONSTRITIVA DA LIBERDADE. LAPSO TEMPORAL
PROLONGADO PARA DESIGNAÇÃO DA CONTINUAÇÃO DA
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. RECORRIDO NÃO CONTRIBUIU
COM A MOROSIDADE DA JUSTIÇA. ILEGALIDADE
EVIDENCIADA. DECISÃO MANTIDA. RECURSO IMPROVIDO.
DECISÃO UNÂNIME. [...] 2 - [...] Não obstante a gravidade do
delito imputado ao recorrido, bem como o fato de o mesmo possuir
outro processo criminal em andamento - a prisão preventiva foi
relaxada desde de 12/11/2020, sem que haja, desde então, notícias ou
fatos novos que ensejem sua nova aplicação. 3 – Recurso conhecido e
negado provimento. Unânime. (Número do Processo:
0700086-42.2020.8.02.0051; Relator (a): Des. Washington Luiz D.
Freitas; Comarca: Foro de Rio Largo; Órgão julgador: Câmara
Criminal; Data do julgamento: 07/04/2021; Data de registro:
08/04/2021) (Destacado)
É como voto.