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Doutos Ministros.
"HABEAS CORPUS"
COM PEDIDO LIMINAR
I. FATOS
Na comarca de Nova Lima/MG, o Paciente foi condenado à pena de 03 anos de
reclusão pela suposta prática do crime previsto no art. 16, IV, da Lei nº 10.826/2003.
Segundo consta do acórdão e da sentença, no caso, o Paciente foi denunciado e
pelo crime previsto no artigo supracitado, sendo reconhecido 1 antecedente criminal na
primeira fase, a agravante da reincidência, a atenuante da confissão espontânea e a causa de
diminuição de pena da semiputabilidade.
A decisão transitou em julgado na segunda instância em 28/05/2021.
II. DO CABIMENTO DE HABEAS CORPUS PARA DESCONSTITUIÇÃO DE
FLAGRANTE ILEGALIDADE – AUSÊNCIA DE COTEJAMENTO
PROBATÓRIO.
O presente Habeas Corpus tem como finalidade a revisão da condenação imposta
ao Paciente que, em resumo, deixou de respeitar a fração mínima de redução da pena da
minorante do art. 26 do CP.
O pedido pode ser analisado tão somente a partir da mencionada sentença. Não
há dilação probatória e análise de mérito. Tão somente matéria de direito, com teses já
pacificadas por esta Corte.
1) Sobre o cabimento de Habeas Corpus substitutivo de recurso próprio, este E.
STJ já decidiu antes sobre a fungibilidade em casos excepcionais. Isso porque, diante de
matéria exclusiva de direito e com flagrante ilegalidade a substituição dos meios de impugnação
é possível.
A este respeito:
AGRAVO REGIMENTAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO
DE RECURSO ORDINÁRIO. NÃO CABIMENTO. TRÁFICO
DE DROGAS. SEGREGAÇÃO CAUTELAR DEVIDAMENTE
FUNDAMENTADA NA GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA.
QUANTIDADE E VARIEDADE DE DROGAS.
INEXISTÊNCIA DE NOVOS ARGUMENTOS APTOS A
DESCONSTITUIR A DECISÃO IMPUGNADA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO.
I - A Terceira Seção desta Corte, seguindo entendimento firmado pela
Primeira Turma do col. Pretório Excelso, firmou orientação no
sentido de não admitir a impetração de habeas corpus em substituição
ao recurso adequado, situação que implica o não-conhecimento da
impetração, ressalvados casos excepcionais em que, configurada
flagrante ilegalidade apta a gerar constrangimento ilegal, seja possível
a concessão da ordem de ofício.
II - A segregação cautelar deve ser considerada exceção, já que tal
medida constritiva só se justifica caso demonstrada sua real
indispensabilidade para assegurar a ordem pública, a instrução
criminal ou a aplicação da lei penal, ex vi do artigo 312 do Código de
Processo Penal.
III - Na hipótese, o decreto prisional encontra-se devidamente
fundamentado em dados concretos extraídos dos autos, que
evidenciam que a liberdade do Agravante acarretaria risco à ordem
pública, notadamente se considerada a gravidade concreta da conduta
atribuída ao Agravante, haja vista a apreensão de droga, em
quantidade e variedade, que denotam o envolvimento, ao menos em
tese, do Agravante com a mercancia ilícita de substâncias
entorpecentes;
nesse sentido, consta que foram encontradas, no contexto da
traficância desenvolvida, (422 porções de cocaína, 461 porções de
crack, 334 porções de maconha), além da apreensão de apetrechos
comuns à traficância, tais como balança de precisão e rádios
comunicadores, circunstâncias que evidenciam um maior desvalor da
conduta, a justificar a medida extrema em seu desfavor.
IV - A presença de circunstâncias pessoais favoráveis, tais como
primariedade, ocupação lícita e residência fixa, não tem o condão de
garantir a revogação da prisão se há nos autos elementos hábeis a
justificar a imposição da segregação cautelar, como na hipótese.
Pela mesma razão, não há que se falar em possibilidade de aplicação
de medidas cautelares diversas da prisão.
V - É assente nesta Corte Superior que o agravo regimental deve
trazer novos argumentos capazes de alterar o entendimento
anteriormente firmado, sob pena de ser mantida a r. decisão
vergastada pelos próprios fundamentos.
Precedentes.
Agravo regimental desprovido.
(AgRg no HC n. 770.279/SP, relator Ministro Jesuíno Rissato
(Desembargador Convocado do Tjdft), Quinta Turma, julgado em
18/10/2022, DJe de 28/10/2022.)
Conforme será observado, o caso vertente trata de ilegalidade no que se refere a tão
somente um aspecto da condenação e a partir de entendimento já consolidado pela doutrina e
pela jurisprudência.
IV. DA LIMINAR
O periculum in mora verifica-se pelo receio que a demora da decisão judicial cause um
dano grave ou de difícil reparação ao bem tutelado. O fummus boni iuris verifica-se pela
comprovação clara de que o direito pleiteado existe.
A configuração do periculum in mora em conjunto com o fummus boni iuris, ambos
comprovados, permitem a correção deste aspecto da pena em caráter liminar.
PEDIDOS
Diante do exposto, requer o recebimento, processamento do presente Habeas
Corpus, com deferimento da medida liminar. Ao final, que ela mantida e concedida a ordem
em favor do Paciente.
Pede deferimento.