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POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO

CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)


“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

Coronel PM Marciano Montelo Maranhão Monteiro

Operacionalização do policiamento rural na PMTO

São Paulo
2023
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)
“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

Coronel PM Marciano Montelo Maranhão Monteiro

Operacionalização do policiamento rural na PMTO

Tese apresentada no Centro de Altos


Estudos de Segurança, como parte dos
requisitos para a aprovação no Doutorado
em Ciências Policiais de Segurança e
Ordem Pública.

Coronel PM Wélere Gomes Barbosa – Orientadora

SÃO PAULO
2023
POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SÃO PAULO
CENTRO DE ALTOS ESTUDOS DE SEGURANÇA (CAES)
“CEL PM NELSON FREIRE TERRA”

Coronel PM Marciano Montelo Maranhão Monteiro

Operacionalização do policiamento rural na PMTO

Tese apresentada no Centro de Altos


Estudos de Segurança, como parte dos
requisitos para a aprovação no Doutorado
em Ciências Policiais de Segurança e
Ordem Pública.

() Recomendamos disponibilizar para pesquisa.


() Não recomendamos disponibilizar para pesquisa.
() Recomendamos a publicação.
() Não recomendamos a publicação.

São Paulo, ___ de ___________________ de 2023.

__________________________________________________
Coronel PM Wélere Gomes Barbosa
Doutora em Educação Física – UnB

__________________________________________________
Coronel PM Paulo Augusto Leite Motooka
Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública – CAES

__________________________________________________
Ten Cel PM Enio Antonio de Almeida
Doutor em Educação – UNICAMP

__________________________________________________
Ten Cel PM Rinaldo de Araújo Monteiro
Doutor em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública – CAES

__________________________________________________
Ten Cel PM Angelo Augusto Freitas de Souza
Doutor em Administração – USP
Dedico este trabalho a Deus, sem Ele nada é possível realizar; ao meu pai,
pelo exemplo e por tudo que fez por mim; a minha mãe, pelo seu amor e toda sua
dedicação incondicional; a minha esposa e meu filho, pela compreensão e apoio,
tornando todos os propósitos viáveis de serem realizados e a missão mais fácil de
executar.
AGRADECIMENTOS

A Deus, a Ele toda honra e toda glória, por me permitir mais esta
oportunidade de aprimoramento intelectual e moral.
A minha orientadora, Cel QOPM Wélere Gomes Barbosa, por ter aceitado o
convite para me orientar.
Aos membros da banca examinadora, Coronel PM Paulo Augusto Leite
Motooka, Ten Cel Enio Antonio de Almeida, Ten Cel Rinaldo de Araújo Monteiro e
Ten Cel Angelo Augusto Freitas de Souza, por terem contribuído com este trabalho.
“Tudo vale a pena, se a alma não é pequena” (PESSOA, 1993, p. 13).
RESUMO

Esta tese, como pesquisa das ciências policiais, trata da operacionalização do


policiamento rural na Polícia Militar do Estado do Tocantins (PMTO). Para tal mister,
o problema da investigação é de que forma está sendo operacionalizado o
policiamento rural na PMTO e quais as demandas para a melhoria dessa
modalidade de atuação policial no Estado? Para chegar à resposta dessa pergunta,
o objetivo é analisar a operacionalização do policiamento ostensivo em zona rural e
as possíveis demandas emergentes para a melhoria dessa modalidade de atuação
policial no Estado do Tocantins. A metodologia deste trabalho é o método
qualitativo/quantitativo, com abordagem descritiva/analítica, e pesquisa bibliográfica
e documental. Por fim, a conclusão desta tese é que o policiamento ostensivo rural é
eficaz para a segurança pública na zona rural tocantinense, com interação dos
policiamentos de trânsito rodoviário e ambiental, de modo que a interoperabilidades
esteja presente. Assim, é importante haver o direcionamento institucional da PMTO
com instrução normativa e adequação do Procedimento Operacional Padrão
direcionado ao policiamento rural em âmbito da PMTO.
Palavras-chave: Polícia Militar; policiamento ostensivo; policiamento rural;
interoperabilidade.
ABSTRACT

This thesis as a research of police science deals with the operationalization of rural
policing in the Military Police of the State of Tocantins. For this gentleman, the
problem of this investigation is how rural policing is being operationalized in the
PMTO and what are the demands for the improvement of this modality of police
action in the State of Tocantins? To arrive at the answer to this question, the
objective is to analyze the operationalization of ostensive policing in rural areas and
the possible emerging demands for the improvement of this modality of police action
in the State of Tocantins. The methodology of this work is the qualitative/quantitative
method, with a descriptive/analytical approach., with bibliographical and documentary
research. Finally, I conclude this thesis is that ostensive rural policing is effective for
public safety in the rural area of Tocantins, with interaction between road traffic and
environmental policing, so that interoperability is present. Thus, it is important to have
the institutional direction of the PMTO with normative instruction and guidance of the
Standard Operating Procedure directed to rural policing within the scope of the
PMTO
Key words: Military Police; ostensive policing; countryside policing; interoperability.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Estado do Tocantins, evolução do IDH .................................................... 21


Figura 2 – Estado do Tocantins, evolução do Índice de GINI.................................... 22
Figura 3 – Rede de Narcotráfico na Amazônia.......................................................... 29
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Comparativos de prisões com drogas ilegais no Estado do Tocantins


entre os anos de 2019 e 2020 ................................................................ 28
Tabela 2 – Comparativos de ocorrências contra a vida no Estado do Tocantins entre
os anos de 2019 e 2020 ......................................................................... 30
Tabela 3 – Comparativos de ocorrências de roubo no Estado do Tocantins entre os
anos de 2019 e 2020.............................................................................. 31
Tabela 4 – Comparativos de ocorrências de crimes de furto no Estado do Tocantins
entre os anos de 2019 e 2020 ................................................................ 32
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ANA Agência Nacional de Água


Art. Artigo
BPFRON Batalhão de Polícia de Fronteira
BPM Batalhão de Polícia Militar
CIPM Companhia de Polícia Militar
CNA Confederação Nacional da Agricultura
CODEVASF Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco
CPAmb Comando de Policiamento Ambiental
CPFM Comando de Policiamento Florestal e de Mananciais
CPI Comando de Policiamento do Interior
CR Comando Regional
DCSR Direção de Carabineiros e Segurança Rural
DF Distrito Federal
FAEG Federação da Agricultura do Estado de Goiás
FT Força Tática
GTR Grupamento Tático Rural
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDH Índice de Desenvolvimento Humano
IGPM Inspetoria Geral das Polícias Militares
IVICC Información de Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes
MBPO Manual Básico de Policiamento Ostensivo
MNVCC Movimento Nacional de Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes
MT Mato Grosso
PMDF Polícia Militar do Distrito Federal
PMESP Polícia Militar do Estado de São Paulo
PMGO Polícia Militar de Goiás
PMMG Polícia Militar de Minas Gerais
PMMT Polícia Militar de Mato Grosso
PMPR Polícia Militar do Paraná
PMs Polícias Militares
PMTO Polícia Militar do Tocantins
PNC Polícia Nacional da Colômbia
PNP Polícia Nacional do Perú
POP Procedimento Operacional Padrão
SEINFRA Secretaria de Infraestrutura do Tocantins
SENASP Secretaria Nacional de Segurança Pública
SICAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural
SISER Sistema Integrado de Seguridad
SIVICC Sistema de Información de Vigilancia Comunitaria por
Cuadrantes
SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
UHE Usina Hidroelétrica
UPMs Unidades Policiais Militares
VANT Veículo Aéreo Não Tripulado
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 14
1.1 Objetivos ....................................................................................................... 15
1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................. 15
1.1.2 Objetivos específicos ...................................................................................... 15
1.2 Metodologia ................................................................................................... 15
2 ESTADO DO TOCANTINS: CARACTERÍSTICAS REGIONAIS E
SOCIOECONÔMICAS.................................................................................... 17
2.1 Aspectos socioeconômicos ........................................................................ 20
2.2 Atividades produtivas .................................................................................. 22
3 OCORRÊNCIAS CRIMINAIS NAS REGIÕES DO TOCANTINS ................... 27
4 DOUTRINA DE POLICIAMENTO OSTENSIVO ............................................. 34
4.1 Doutrina de policiamento ostensivo brasileira .......................................... 34
4.2 Doutrina de policiamento ostensivo na América Latina ........................... 36
5 ESTADO DA ARTE DO POLICIAMENTO RURAL ........................................ 39
5.1 Policiamento rural na América Latina ......................................................... 39
5.2 Policiamento rural no Brasil ........................................................................ 54
5.3 Policiamento rural no Tocantins ................................................................. 72
6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 75
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 76
APÊNDICE A – POP Nº X .............................................................................. 82
APÊNDICE B – INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 00/2023 – DEIP ................... 88
ANEXO A – INFORMAÇÕES SOBRE POLICIAMENTO RURAL NO BRASIL
........................................................................................................................ 93
14

1 INTRODUÇÃO

O aumento da criminalidade tem feito com que os órgãos de segurança


pública se mobilizem em busca de alternativas e soluções que proporcionem a
sensação de segurança. A necessidade de extensão dessa sensação à zona rural
do Estado do Tocantins faz com que a Polícia Militar do Tocantins (PMTO), polícia
ostensiva e responsável pela preservação da ordem pública desse estado, busque a
adequação necessária, com investimentos em equipamentos e pessoal.
Surge daí a motivação para elaboração deste trabalho, da necessidade de
implantação de patrulhas rurais que consigam cumprir as chamadas da comunidade
rural no menor prazo de tempo, cobrindo a maior área territorial possível, uma vez
que tais zonas se encontram distantes dos centros urbanos e também com maior
dificuldade de acesso ao policiamento ostensivo tradicional, próprio das cidades.
Compreende-se que a segurança pública na zona rural não se deve restringir
ao atendimento repressivo de ocorrências, é necessário atuação de forma ostensiva
e de maneira preventiva. Essa modalidade de policiamento exige um formato
diferenciado, que permita a interação entre a polícia e a comunidade agrária.
O policiamento rural deve ser realizado de forma especializada e
institucionalizada, motivo pelo qual necessita de normatização, padronização e
operacionalização. A falta de diretriz faz com que cada Unidade Policial Militar
(UPM) realize o patrulhamento de forma empírica, ou seja, sem uniformidade técnica
e direcionamento institucional nas ações ostensivas.
Verifica-se que a PMTO ainda não conta com uma normatização institucional
voltada para as patrulhas rurais, mas ações isoladas das unidades policiais perante
o aumento de ocorrências na zona rural, no intuito de solucionar o problema,
implantaram patrulhas em ambientes rurais, visando à melhoria da prestação de
serviço em suas áreas circunscricionais operacionais.
Diante desse cenário, propõe-se como tema da pesquisa a operacionalização
do policiamento rural na PMTO. O principal motivo da escolha desse tema partiu da
vivência do pesquisador em observar a demanda crescente no interior do Tocantins.
Configura-se na problemática da pesquisa a seguinte pergunta: de que
forma está sendo operacionalizado o policiamento rural na PMTO e quais as
demandas para a melhoria dessa modalidade de atuação policial no Estado do
Tocantins?
15

Tendo em vista a prevenção das ocorrências em ambientes rurais; a


necessidade de elaboração de um diagnóstico situacional fidedigno do ambiente
agrário, de forma a possibilitar o planejamento das ações do policiamento rural, bem
como estimular a interação de esforços junto à governança estadual, no intuito de
aumentar a percepção de segurança da comunidade do campo, surgiu a demanda
de verificar quais as medidas e as ferramentas devem ser adotadas pela PMTO para
a operacionalização desse tipo de policiamento no Estado do Tocantins.

1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Analisar a operacionalização do policiamento ostensivo em zona rural e as
possíveis demandas emergentes para a melhoria dessa modalidade de atuação
policial no Estado do Tocantins.

1.1.2 Objetivos específicos


a) Analisar as medidas e as ferramentas adotadas pela PMTO na operacionalização
do policiamento rural no Estado do Tocantins;
b) Realizar um diagnóstico situacional do ambiente agrário, com vistas a possibilitar
o planejamento das ações do policiamento rural na PMTO;
c) Propor minuta de normatização do policiamento rural para a PMTO.

1.2 Metodologia
Este estudo se orienta pelo método qualitativo/quantitativo, por meio de uma
abordagem descritiva/analítica, elaborado com supedâneo em pesquisa bibliográfica
e documental. Efetuou-se a coleta de material em academias que trataram das
ciências policiais de policiamento ostensivo em zona rural e também se buscaram
normativas em instituições policiais militares que possuem tal tipo de policiamento
preventivo. Em seguida, foi realizada a leitura e o fichamento adequado do material
importante para a pesquisa. Como passo seguinte, a coleta de dados deu-se de
maneira a serem relidos tais materiais e separados em conformidade com seus
grupos de interesse para este estudo; em seguida, após a separação por eixos de
interesses, foram construídos os respectivos textos, complementando o referencial
teórico para alcançar entendimento sobre o assunto abordado nas seções
sequenciadas.
16

Por fim, ocorre a análise de todo o material e sua respectiva discussão, para
alcançar os objetivos anteriormente elencados, visando responder a questão-
problema desta investigação, que é a composição da conclusão da pesquisa.
17

2 ESTADO DO TOCANTINS: CARACTERÍSTICAS REGIONAIS E


SOCIOECONÔMICAS

O Estado do Tocantins compõe a Região Norte do Brasil e conta com sua


subdivisão em 139 municípios compostos por características as mais diversas,
conforme serão apresentadas adiante.

O Estado de Tocantins, antes parte do Estado de Goiás, foi criado quando


da promulgação da última Constituição brasileira, em 5 de outubro de 1988
2
e ocupa área de 278.420,7 km . Está situado no sudoeste da região norte
do País, limitando-se ao norte com o Estado do Maranhão; a leste com os
Estados do Maranhão, Piauí e Bahia; ao sul com o Estado de Goiás; e a
oeste com os Estados de Mato Grosso e Pará. (O ESTADO DE
TOCANTINS, 1990, p. 1).

O Tocantins é constituído de um território com pouca densidade


demográfica, estando entre os estados menos populosos no Brasil, apesar de
possuir extenso território. Apresenta ainda baixo Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH).
O estado do Tocantins apresenta uma população estimada de 1.607.363
habitantes, em 139 municípios do estado (IBGE, 2021), sendo o 4º menos
populoso do país (SUDAM, 2020), com área total de 277.720,41 km²
(CODEVASF, 2020), densidade demográfica 4,98 hab/km² e índice de
desenvolvimento humano de 0,699 (IBGE, [2020?]). O estado do Tocantins
não está inserido no semiárido e participa do recorte da Amazônia Legal,
com seus 139 municípios. (CODEVASF, 2021, p. 14).

Além de pouco populoso e baixo IDH, outra questão importante a ser


apresentada neste trabalho sobre o Tocantins é a ambiental. Assim, são
apresentados a seguir índices de desmatamento em território tocantinense e
também os dados sobre reflorestamento planejado.
Sobre desmatamento, a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e do Parnaíba (CODEVASF) (2021) afirma que, entre 2007 e 2017, este
foi de 58,36 km², porém o reflorestamento entre 2007 e 2014 com as espécies
Eucaliyptus e Pinus foi mais de 5,10% no ano de 2007, saltando para 16,58% em
2014. O território do Tocantins tem 12,3% de unidades de conservação, 9,2% de
terras indígenas, perfazendo o total de 21,5% de espaços protegidos por leis.
Conforme a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM)
(SUDAM, 2020), apesar de haver uma grande escala de desmatamento, o Estado
do Tocantins tem, por outro lado, o reflorestamento por parte de empreendimentos
18

privados e conta também com unidades de preservação ambiental e terras


indígenas, que também mantêm a conservação de seus biomas.
Outro tema importante para situar o policiamento ostensivo em zona rural é
a hidrografia, pois parte do serviço nesse contexto ocorre em ambiente aquaviário,
através do patrulhamento embarcado em lanchas policiais destinadas à prevenção.
No tocante a hidrografia, a CODEVASF (2021) afirma que o Tocantins está inserido
na Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia e é uma das principais unidades da
federação em potencial hídrico, com vazão de 731.977 l/s de água, utilizando
apenas 5% desse volume nos setores produtivos do estado, contando também com
reservas de água subterrâneas, estimadas em 996 m³/s de água.
O Tocantins, como região hidrográfica, tem bastante importância no cenário
nacional, contando com extensa rede de navegação em fase de estruturação e
ainda com reservas de água estocadas no subsolo.
Outro fator importante salientado em O Estado de Tocantins (MINISTÉRIO
DAS RELAÇÕES EXTERIORES, 1990) é o clima tocantinense, que é tropical, com
temperaturas médias anuais de 26 ºC no período chuvoso, entre outubro e março, e
de 32 ºC no período de seca, compreendido entre abril e setembro. O volume médio
de precipitação é de 1.800 mm/ano nas regiões norte e leste do Tocantins, e no sul
do estado é de 1.000 mm/ano.
O clima é um fator que interfere nos tipos de plantações de um determinado
território. Em conjunto com a vegetação, são importantes em estudos destinados ao
agronegócio e também na cultura de criação de animais.

O Estado do Tocantins encontra-se na zona de transição geográfica entre o


cerrado e a floresta amazônica. Dos cinco grandes tipos de vegetação que
cobrem o país, Tocantins apresenta duas: a Floresta Amazônica de terra
firme – Bioma Amazônia e a Savana – Bioma Cerrado. O Bioma Amazônia
ocupa 9% do território do Estado do Tocantins e o Bioma Cerrado 91% do
território (IBGE, 2004). A vegetação predominante no Estado do Tocantins,
portanto, é a do tipo Savana (FIGURA, 15). (CODEVASF, 2021, p. 29).

Para as ciências policiais, a vegetação é fator importante para o estudo de


uso de tropa policial militar em determinado território, sendo empregado conforme
suas especificidades, com o clima, servindo para adequar as operações policiais
com fins de levar bem-estar e segurança ao efetivo empregado na execução do
policiamento ostensivo.
19

Rodrigues (2008) constataram que as áreas com restrição legal para uso e
2
ocupação são: 1) áreas indígenas (19.895,1 km ); 2) unidades de
2
conservação implantadas (38.742,6 km ); 3) unidades de proteção integral
2 2
(16.046,6 km ); 4) parques estaduais (2.577,4 km ); 5) estações ecológicas
2 2
(6.453,8 km ); 6) áreas de proteção ambiental (22.695,9 km ); e 7) áreas
2
propícias para conservação (9.766,7 km ). (CODEVASF, 2021, p. 29).

As áreas de conservação no Tocantins são inúmeras e bastante extensas,


fator este que também interfere na atividade policial militar. No caso desta pesquisa,
atinge diretamente a operabilidade do policiamento rural, pois esses locais possuem
características físicas preservadas, o que demanda capacidade de o policial militar
atuar com técnicas de patrulha rural, georreferenciamento e conhecimento do bioma
para poder adequar seu trabalho e aproveitar-se dessas condições e não ser
surpreendido por criminosos nesse cenário.

Soma-se a esses elementos o fato de que o Estado do Tocantins em razão


das suas características climáticas, de relevo, de acesso à logística
rodoviária e ferroviária, de capacidade hídrica, da vocação para o
agronegócio, tem se destacado no cenário nacional com relevância
acentuada na produção de grãos e de carnes. Essa produção tem
impulsionado a balança comercial tocantinense tornando-o menos
dependente das verbas oriundas de repasses da União, já que os
benefícios advindos do meio rural têm servido como importante alavanca
para o crescimento econômico e social do Estado. (BRITO, 2022, p. 6).

O conjunto de aspectos geográficos, econômicos, infraestruturais e sociais


compostos no campo tocantinense fortalece o estado para melhores condições de
sua população. Para melhor entendimento, o IBGE tratou de dividir o Brasil em
regiões intermediárias e imediatas, com fins de facilitar estudo sobre essas regiões.

As Regiões Geográficas Intermediárias organizam o território, articulando as


Regiões Geográficas Imediatas por meio de um polo de hierarquia superior
diferenciado a partir dos fluxos de gestão privado e público e da existência
de funções urbanas de maior complexidade. (IBGE, 2017, p. 2).

Essa segmentação em regiões intermediárias e imediatas busca trazer


informações únicas de leitura do espaço, com dados comuns entre munícipios que o
ligam e se relacionam, facilitando, assim, o seu estudo conforme blocos comuns de
relações e pertinências.
No trato das regiões intermediárias, o IBGE (2017) assevera que se trata de
uma região entre os estados e as regiões imediatas, com suas orientações
20

direcionadas para capitais, metrópoles ou cidades-polo onde há direcionamento


econômico e político-administrativo dos outros municípios ao seu entorno.
Já as regiões imediatas, o IBGE (2017) trata por características serem de
compactação, onde os municípios se relacionam a um que corresponde a melhor
capacidade de satisfazer as necessidades básicas da população, como emprego,
acesso a serviços, compra de consumos e materiais e outros mais.
Com base nas regiões intermediárias e imediatas, esta pesquisa trata das
questões de segmentação da execução de policiamento ostensivo assim como de
atividades do agronegócio, como adiante será visto, facilitando o entendimento e
interpretação para discussão e conclusões.

2.1 Aspectos socioeconômicos

O emprego do policiamento ostensivo em seu território de atuação deve ser


antecipado de criterioso planejamento, pois o operador de policiamento ostensivo
está em sua atividade atendendo demandas das comunidades locais a todo o
momento, e no tocante ao campo essa situação merece destaque, pois em grande
parte o trabalhador rural está isolado em sua gleba e não tem qualquer tipo de
assistência por parte do Estado, sendo o policiamento rural o único ente estatal que
alcança esses cidadãos, tão carentes e longe de seus direitos.

Importante observar que a análise de indicadores deve levar em


consideração que a população rural do Estado do Tocantins, segundo o
Censo 2010 do IBGE foi de 293.339 habitantes, e a população urbana,
1.175.106 habitantes, sendo 1.080.668 residentes na sede do município e
9.438 residentes em áreas urbanas fora da sede municipal. (CODEVASF,
2021, p. 31).

Apesar de ser uma parcela pequena do total de pessoas habitando o


território tocantinense, o povo de campo merece e deve ter seus direitos
preservados, contando com policiamento orientado e destinado a atender seus
anseios no tocante as suas demandas de segurança pública.
21

Figura 1 – Estado do Tocantins, evolução do IDH.

Fonte: IBGE, 2020.

Tendo por base a Figura 1, é importante o operador de segurança pública ter


noção da condição social e também em que condições estão os usuários desse
serviço público – as pessoas moradoras do campo beneficiárias do policiamento
rural em sua circunscrição de atuação –, visando, dessa maneira, agir conforme as
condições sociais de cada um, em conformidade com os parâmetros institucionais
de policiamento.
Dentro dos aspectos socioeconômicos, há também o índice de GINI, o qual
busca mostrar igualdades e desigualdades de rendimentos entre as pessoas,
relação essa realizada entre pobres e ricos, tendo o cenário tocantinense em forma
de mapa, para melhor ilustrar as condições da região a que o operador esteja
atuando e facilitar o entendimento desta pesquisa.

O coeficiente de GINI é um índice usado para medir a concentração de


renda. Aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais
ricos variando de 0 a 1. O valor zero representa a situação de igualdade, ou
seja, todos têm a mesma renda. O valor um está no extremo oposto, isto é,
uma só pessoa detém toda a riqueza. Na prática, o Índice de GINI costuma
comparar os 20% mais pobres com os 20% mais ricos. (CODEVASF, 2021,
p. 32).
22

Figura 2 – Estado do Tocantins, evolução do Índice de GINI

Fonte: IBGE, 2020.

Vê-se com a análise da Figura 2 que há bastante desigualdade entre as


pessoas no Tocantins referente a condições socioeconômicas.
Após essas observações iniciais, dá-se continuidade a este trabalho,
focando nas atividades produtivas no Estado do Tocantins, enfatizando o campo.

2.2 Atividades produtivas

Dentro do escopo de desenvolver a Região Norte do Brasil, sempre houve


por parte dos governos federais o interesse em aplicar grandes recursos
econômicos nessa região e, mais recentemente, o Tocantins passou a ser alvo mais
específico, conforme explica Bó (2021, p. 82) “Outras maneiras de sedução são as
políticas de desenvolvimentos territoriais adotadas com fins de atração para o
Tocantins, com vultosos recursos financeiros disponibilizados pelas entidades
estatais e bancos interessados em alargar seu capital”.

O Estado do Tocantins apresenta um IDH de 0,699 e uma renda de R$


10.305.099.010,00 dentre as principais atividades econômicas se destacam
as relacionadas à administração pública, ao setor agropecuário (agricultura,
pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura), ao saneamento básico
23

(água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação), a


veículos e máquinas agrícolas (comércio; reparação de veículos
automotores e motocicletas), à construção e ao setor industrial (indústrias
de transformação, indústrias extrativas, transporte, entre outros). Além
disso, há outros setores que contribuem com o desempenho
socioeconômico do estado, como, por exemplo, os setores de educação, de
eletricidade e gás, de comunicação, de saúde humana, entre outros.
(CODEVASF, 2021, p. 36).

O parágrafo anterior mostra uma gama de atividades produtivas implantadas


no Tocantins, com diversas importâncias e objetivos, por serem consideradas em
sua maioria empresas privadas, as quais visam lucro e estão em constante dinâmica
de competição com seus concorrentes, gerando recursos locais, emprego e renda.

O comércio e a agropecuária são a base da economia tocantinense e


encontram-se em plena expansão, tanto para o mercado interno quanto
para o mercado externo. O agronegócio tem impulsionado a economia
tocantinense com recordes consecutivos de hiper-superávits primários,
sendo a soja um dos principais produtos, destacando-se também a carne
bovina, que impulsionam a agropecuária estadual. Nesse contexto,
Tocantins tem um PIB industrial de R$ 3,8 bilhões, representando 0,3% da
indústria nacional. (CODEVASF, 2021, p. 36).

O campo tocantinense é extremamente produtivo e tem em sua estrutura a


composição agrária sua principal atividade econômica, contando com empresas
multinacionais para explorar o solo e, através de outras empresas estrangeiras
beneficiadoras dessa produção primária, e enviar para o exterior quase toda
produção local.

O estado possui vocação natural para o agronegócio, sendo uma das


últimas fronteiras agrícolas do país, a região do MATOPIBA, possui cerca
de sete milhões de hectares cultiváveis. No Estado do Tocantins a
agropecuária, no setor privado, caracteriza-se principalmente por atividades
econômicas e representa 72,6% das economias municipais do estado,
sendo a principal fonte orçamentária de 101 dos 139 municípios. Esta
aptidão agrícola deve-se ao fato de haver a disponibilidade de água, terras
férteis, período chuvoso bem definido e topografia que contribuem para o
desenvolvimento desse setor no âmbito do Tocantins. (FIETO, 2018, 36).

A maioria dos municípios tocantinense tem como principal setor de geração


de renda o agronegócio, porém, o capital líquido dessas altas produções não fica
nesses 101 municípios, sendo direcionados para as sedes das multinacionais,
deixando as pessoas do campo no Tocantins em condições não coerentes com as
elevadas taxas econômicas, conforme Fieto (2018), sendo esta parte importante
24

para o entendimento da necessidade de haver policiamento rural eficiente e eficaz


para atender o humilde tocantinense do campo.
Para ocorrer o escoamento dessas riquezas para o exterior é necessário
haver condições logísticas para tal objetivo. O Tocantins conta com vários modais de
transporte, como as rodovias, conforme explana a Secretaria de Infraestrutura do
Estado do Tocantins (SEINFRA) (SEINFRA, 2014) “A estrada federal BR-153 (ou
BR-010) é uma das principais vias de acesso ao Norte do Brasil (Estados do
Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá), além de ligar ao Goiás e do Distrito Federal”.
Outra parte da infraestrutura tocantinense é a malha ferroviária ainda nova e
em fase de expansão, sendo atualmente composta pela Ferrovia Norte-Sul em pleno
funcionamento de seu eixo total no estado.

A Ferrovia Norte Sul (FNS), quando concluída, trará redução nos valores
dos fretes de longa distância. Será conectada ao Norte com a Estrada de
Ferro Carajás (EFC), e ao Sul com a Ferrovia Centro Atlântico (FCA), que
será responsável por conectar a FNS aos maiores portos brasileiros como
Santos, Vitória e Rio de Janeiro, as regiões industriais de São Paulo e
Minas Gerais. (CFA, 2013, p. 5)

A estrada federal BR-153 é uma das principais vias de acesso ao Norte do


Brasil (Estados do Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá), além de ligar Goiás e o
Distrito Federal. Esse modal se integra com o aéreo, no aeroporto de cargas situado
na capital tocantinense.

O Terminal de Logística de Carga (Teca) foi construído pela Empresa


Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) no aeroporto Brigadeiro
Lysias Rodrigues, em Palmas/TO. Será possível um aumento de 50% na
movimentação, em termos de volume de cargas domésticas e,
posteriormente, permitirá que as empresas realizem operações de comércio
exterior dentro do próprio estado. (SEINFRA, 2014, p. 5).

A Ferrovia Norte-Sul é um eixo de transporte das riquezas brasileiras entre


as mais diversas localidades, em vários sentidos. Esse eixo, após sua conclusão,
terá diversos entroncamentos para transportar várias produções aos mais diversos
destinos. Nesse contexto, há o pátio multimodal no munícipio de Palmeirante do
Tocantins.

As obras da Estação de Transbordo de Cargas Ecoporto na cidade de Praia


Norte/TO (extremo norte) estão 75% concluídas. O Ecoporto estará pronto
para começar a operar no início de 2016. Inicialmente, fará o transporte de
grãos, madeira, celulose e produtos industrializados vindos do Polo
Industrial de Manaus. (ANTAQ, 2011, p. 8).
25

Essa outra possibilidade logística tocantinense está sendo desenvolvida com


pouca capacidade, tendo em vista ainda haver restrições na quantidade de voos de
Palmas para outras cidades, mas é uma opção bastante importante para o complexo
logístico tocantinense.

Dentre os vários multimodais do estado, destaque para o pátio de Colinas


do Tocantins, comumente chamado de Porto Seco, localizado no município
de Palmeirante/TO, próximo à rodovia TO-355, com área de 40 hectares, e
atuação das empresas Novaagri S/A, Fertilizantes Tocantins S/A, Valor
Logística Integrada (VLI), nos segmentos de commodities agrícolas,
fertilizantes, granéis líquidos, combustíveis, cargas em geral e containers.
(VALEC, 2013, p. 4).

A hidrovia Araguaia-Tocantins já é uma realidade e está operando em parte


de sua capacidade total, tendo em vista haver a necessidade de ajustes no percurso
do Rio Tocantins. Já outros rios dessa bacia hidrográfica têm servido para a geração
de energia.

O estado possui 13 usinas hidrelétricas de grande porte, sendo UHE de


Lajeado (902,5 MW) e UHE Peixe-Angical (450 MW) as duas maiores do
Tocantins (COSTA et al. 2007). Desse total, em nível federal são quatro
usinas hidrelétricas, localizadas a montante e a jusante do rio Tocantins no
estado de Tocantins: São Salvador, Peixe Angical, Lajeado e Estreito –
Tocantins/Maranhão (FIGURA 23). O potencial de geração de energia
elétrica de toda a bacia (incluindo Serra da Mesa, Cana Brava – Goiás, e
Tucuruí – Pará) é de cerca de 11.500 MW, que corresponde ao terceiro
maior do Brasil. (ANA, 2021, p. 3).

Esse potencial de produção de energia é importante para alavancar outros


setores, como a indução de indústrias, porém, no contexto desta pesquisa, tais
infraestruturas podem gerar crimes, tendo em vista a tecnologia e material de alto
valor que as usinas utilizam. Outras formas de geração de energia também são
produzidas no campo do Estado do Tocantins, como a cana-de-açúcar, as quais
precisam de extensas áreas para o seu plantio.

O Estado do Tocantins utiliza as seguintes fontes de energia: hidráulica,


térmica e de biomassa (lenha, cana-de-açúcar e turfa). Dispõe de várias
usinas hidrelétricas e algumas termelétricas, refinarias de petróleo, usinas
de álcool e numerosas carvoarias. Seu principal potencial energético é o
hidráulico. (CODEVASF, 2021, p. 51).
26

A geração de energia através da cana-de-açúcar necessita de vastas terras


para a sua plantação e posterior colheita e produção, dessa maneira dispõe de
enormes quantidades de terras, pouca mão-de-obra, já que todo o processo de
produção é em escala industrial, mecanizado e altamente dependente de
tecnologias de informação e comunicações, como o uso de GPS. A produção de
energia através da lenha também precisa de extensas fazendas para realizar a
derrubada de madeira para servir de produto gerador de energia.
Como a geração de renda tem repercussão no tecido social, a infraestrutura
no estado promove maior acessibilidade, e a circulação de bens e mercadorias
suscita a atenção de quadrilhas especializadas em furtos e roubos, bem como
possibilita maior ação de narcotraficantes. Em outras palavras, o desenvolvimento e
a circulação de riquezas interferem no fenômeno da criminalidade, exigindo
empenho e atenção dos órgãos públicos, principalmente aquele responsável pela
manutenção da ordem pública, a Polícia Militar. Dessa forma, faz-se necessária a
análise dos dados e indicadores da segurança pública no estado, notadamente
voltada para área rural, o que será tratado no segmento seguinte deste estudo.
27

3 OCORRÊNCIAS CRIMINAIS NAS REGIÕES DO TOCANTINS

O Brasil, há décadas, está vivendo um cenário da alta criminalidade,


principalmente nas grandes cidades, porém, atualmente, o crime está com altas
taxas também no ambiente agrário, sem distinção entre cidade e zona rural, situação
esta que eleva as dificuldades passadas pelo homem do campo.

O fenômeno da violência no Brasil tem passado por mudanças. Vários


estudos têm apontado o crescimento da criminalidade violenta no interior do
país. Segundo o Mapa da Violência 2014, enquanto as taxas de homicídio
nas capitais caíram de 46,1 homicídios por 100 mil habitantes em 2003 para
38,5 em 2012, nas cidades do interior (aquelas que não são capitais nem
pertencem a uma região metropolitana) essas taxas cresceram, passando
de 16,6 para 22,5 (Waiselfisz, 2014). As possíveis explicações seriam: o
crescimento econômico no interior, atraindo a criminalidade; a melhoria da
capacidade das estruturas de segurança nas capitais; e uma melhor
cobertura dos sistemas de coleta de dados de mortalidade no interior.
Outro estudo aponta que a taxa de homicídios dos municípios pequenos
(com menos de 100 mil habitantes) passou de 12,2 por 100 mil habitantes
em 2000 para 18,6 em 2010. O aumento foi menor entre os municípios
médios (de 100 mil até 500 mil habitantes), passando de 31,6 em 2000 para
34,0 em 2010. Nos municípios grandes (com mais de 500 mil habitantes), a
taxa caiu de 48,3 para 35,3 (Cerqueira et al., 2013). (FERREIRA, 2015, p.
43, grifo do autor).

A criminalidade no Brasil migrou para o campo e está sedimentando suas


raízes não só em questões criminais oriundas das grandes cidades, com seus
problemas sociais e econômicos, como também é somado aos problemas já
existentes nesses lugares, como conflitos agrários, que elevam sobremaneira as
dificuldades já enfrentadas pelo camponês, que já tem suas condições sociais
reduzidas, sem acesso à infraestrutura de saneamento básico e outras mais que
devem ser fornecidas pelo o Estado.
28

Tabela 1 – Comparativos de prisões com drogas ilegais no Estado do Tocantins entre os anos de
2019 e 2020

Fonte: TOCANTINS, 2020.

Os conflitos rurais no Estado do Tocantins ocorrem há décadas, sempre com


os mesmos interesses sobre as terras e gerados entre grandes investidores do
agronegócio sustentados pelo aparato estatal através de financiamentos de
programas de desenvolvimento regional.

Por fim, a análise dos impactos da violência envolvida nos casos de


reterritorialização das comunidades impactadas na região, gerando a
continuidade estrutural do ambiente de antagonismo social e lutas de
classes, o poder do capital contra o fraco trabalhador rural braçal, a
coexistência da modernização, por meio da permanência de programas de
desenvolvimento territoriais destinados e orientados por apenas um
segmento a ser atingido e usufruir dos benefícios, desaguando assim com a
permanência dos conflitos rurais nessa região tão rica e com elevado
número de conflitos. (BÓ, 2021, p. 87 e 88).

Conforme Bó (2021), a região do Bico do Papagaio, situada no norte do


Estado do Tocantins, tem bastantes problemas sociais e econômicos, os quais
terminam gerando problemas de segurança pública através de recorrentes
conflagrações por trabalhadores rurais e agroempreendedores.
Outro assunto que está envolvendo a zona rural é a rota do tráfico de drogas
através do Estado do Tocantins, conforme se vê na Figura 3, com rotas de tráfico
internacional, em que tem o Estado foco desta pesquisa como um dos alvos,
levando, assim, mais degradação para o camponês tocantinense.
29

Figura 3 – Rede de Narcotráfico na Amazônia

Fonte: FBSP, 2021, p. 27.

Além de as drogas ilegais estarem degradando a zona rural tocantinense, a


criminalidade ultraviolenta está agindo no interior, com ataques contra agências
bancárias e carros-fortes, levando a reboque o medo e a insegurança de toda a
população nas pequenas cidades.
30

Outro evento criminal que tem se destacado no interior são os ataques a


banco. O Sindicato dos Bancários da Bahia, por exemplo, contabilizou em
seu site, entre 24 de abril e 30 de julho de 2014, 64 ataques a bancos
(tentativa de explosão, explosão de caixa eletrônico, arrombamento de
agências, tentativa de assalto e assalto). Boa parte desses crimes se
concentra em quarenta municípios que não pertencem às regiões
metropolitanas de Salvador e Feira de Santana. (FERREIRA, 2015, p. 43).

Tabela 2 – Comparativos de ocorrências contra a vida no Estado do Tocantins entre os anos de 2019
e 2020

Fonte: TOCANTINS, 2020.

O problema da insegurança é um tema muito importante e está há muitos


anos em discussão entre a população urbana e, neste século XXI, assola também o
campo, sendo nesta pesquisa o interior tocantinense o ambiente de estudo.

O aumento dos crimes no interior não parece estar se refletindo numa maior
presença policial. Segundo IBGE (2013), os municípios com delegacia de
polícia civil somavam 4.660, em 2009, e 4.553, em 2012. Diante dessa
interiorização do crime, há algumas incertezas: a interiorização do crime
entrará na agenda da segurança pública? Haverá expansão da presença
policial (policiamento ostensivo e polícia judiciária) no interior?
Assim, vinculadas a essa temática, destacam-se uma tendência e duas
incertezas.
1) Tendência:
a) crescimento da criminalidade violenta no interior do país.
2) Incertezas:
a) haverá expansão da presença policial (policiamento ostensivo e polícia
judiciária) no interior; e
b) a interiorização do crime entrará na agenda da segurança pública.
(FERREIRA, 2015, p. 45, grifos do autor).

O poder público, através dos governantes, tem grande responsabilidade no


aumento da criminalidade no interior, sendo visto que, de acordo com o Balanço da
segurança 2020 – estatísticas criminais – período de análise: comparativo
31

anual 2019-2020, elaborado pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado


do Tocantins, não há previsão de dados específicos para a zona rural em sua
compilação de índice criminal e de produtividade.

Tabela 3 – Comparativos de ocorrências de roubo no Estado do Tocantins entre os anos de 2019 e


2020

Fonte: Tocantins, 2020.

Importante salientar que tantas questões criminais – como conflitos no


campo, crimes ultraviolentos contra carros-fortes, agências bancárias e os próprios
crimes que antes eram comuns no cenário urbano – têm transformado a então
pacata zona rural tocantinense em uma área de insegurança.

Por outro lado, a partir de uma escala de intensidade que pode ser um par
dialético que interage conjuntamente com outros, a violência, em seu nível
menos explícito dá-se a partir daquilo que Bourdieu (1996) de violência
simbólica, uma violência que não se realiza diretamente e nem sempre é
sentida pela sua vítima, na medida em que há um conjunto de relações,
instituições, organizações e normas que a consagram e difundem sua
legitimidade e aceitação, fazendo-a quase invisível. A outra ponta dessa
escala, ou a negação deste par dialético, ocorre aquilo que chamamos de
ultraviolência, que é uma violência explícita, uma brutalidade extremamente
dolorida no corpo e na psique, que não encontra legitimidade fora do
alcance da racionalidade de seu protagonista. A ultraviolência é
extremamente brutal e aponta fraturas no processo de civilização como um
raio atávico de barbárie. (ANDRÉ, 2015, p. 109).
32

Deparando-se com o aumento da criminalidade, essa população, em sua


maioria carente, passa a integrar, mesmo sem seu consentimento, um painel que,
por vezes, retrata crimes contra suas famílias, muitas vezes sem condições de
comunicação para chamar a emergência no 190 ou pedir socorro estatal para lhes
assegurar os seus direitos de segurança.

Tabela 4 – Comparativos de ocorrências de crimes de furto no Estado do Tocantins entre os anos de


2019 e 2020

Fonte: TOCANTINS, 2020.

Conforme a exposição de André supra, o ambiente criminal termina por


influenciar pessoas contidas, nesse cenário de constantes problemas, como
vulnerabilidade social e poder, a reagir em defesa a seu favor ou de ataque contra
as outras pessoas, usa para isso a força de maneira desmensurada.

Diante do exposto, é imprescindível o entendimento de que, para que


existam avanços na redução da criminalidade, primeiro se deve investir em
desenvolvimento humano, possibilitando a todos, principalmente aos menos
abastados financeiramente, amplo e irrestrito acesso às políticas sociais, às
garantias sociopolíticas e cíveis constitucionalmente previstas, o que
pressupõe alterações na estrutura desigual rotineiramente posta. Ademais,
o poder público não deve medir esforços, ao enfrentar as desigualdades
sociais e regionais historicamente vigentes, a fim de possibilitar ampla
participação social, principalmente das classes subalternizadas. (FELLER,
2019, p. 33).

O desenvolvimento humano é um passo indispensável para se alcançar a


harmonia e a paz pública dentro de um convívio social pacífico, e para isso ocorrer é
necessário haver engajamento político, acompanhamento dos representantes
eleitos, os quais podem direcionar os recursos para serem usados em políticas
públicas de maneira planejada, sem que haja distorções em tais ações, tendo
33

sempre em foco a zona urbana e a rural em tais projetos estatais de segurança


pública.
34

4 DOUTRINA DE POLICIAMENTO OSTENSIVO

4.1 Doutrina de policiamento ostensivo brasileira

O serviço policial militar é ordenado por conjunto de leis e normas nacionais


compostos para serem seguidos conforme os preceitos constitucionais,
principalmente levados em conta os direitos contidos na Carta Cidadã aos órgãos de
segurança pública.
Assim, há o Decreto Federal 88.777, de 1983, que aprova o Regulamento
para as Polícias e Corpos de Bombeiros Militares, conhecido por R-200,
regulamenta o Decreto-Lei Federal 667, que reorganiza as Polícias Militares e os
Corpos de Bombeiros Militares. Assim, para o melhor entendimento sobre
policiamento ostensivo, o Decreto 88.777/1983 estabelece o seguinte:

27) Policiamento Ostensivo – Ação policial, exclusiva das Polícias militares


em cujo emprego o homem ou a fração de tropa engajados sejam
identificados de relance, quer pela farda quer pelo equipamento, ou viatura,
objetivando a manutenção da ordem pública. (BRASIL, 1983, p. 2).

Com a ideia de fomentar o norteamento de conhecimento sobre o


policiamento ostensivo após novas legislações, foi criado o Manual Básico de
Policiamento Ostensivo (MBPO), confeccionado pela Inspetoria Geral das Polícias
Militares (IGPM), sendo importante destacar algumas definições que ainda servem
de entendimento para direcionar os passos em estudos sobre ciências policiais,
apresentando-se o conceito das variáveis do policiamento ostensivo por IGPM,
como os “critérios que identificam os aspectos do Policiamento Ostensivo”. O MBPO
continua apresentando os tipos de policiamento ostensivo como:

1-42. APRESENTAÇÃO
a. Tipos
São qualificadores das ações e operações de Policiamento Ostensivo:
1) Policiamento Ostensivo Geral
Tipo de Policiamento Ostensivo que visa a satisfazer as necessidades
basilares de segurança, inerentes a qualquer comunidade ou a qualquer
cidadão.
2) Policiamento de Trânsito
Tipo específico de Policiamento Ostensivo executado em vias urbanas
abertas à livre circulação, visando a disciplinar o público no cumprimento e
respeito às regras e normas de trânsito, estabelecidas por órgão
competente, de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro e legislação
pertinente.
35

3) Policiamento Rodoviário
Tipo específico de Policiamento Ostensivo executado em rodovias
estaduais e, mediante convênio, em rodovias federais, visando a disciplinar
o público no cumprimento e respeito às regras e normas de trânsito,
estabelecidas por órgão competente, de acordo com o Código de Trânsito
Brasileiro e legislação pertinente.
4) Policiamento Florestal e de Mananciais
Tipo específico de Policiamento Ostensivo que visa a preservar a fauna, os
recursos florestais, as extensões d’água e mananciais, contra a caça e a
pesca ilegais, a derrubada indevida ou a poluição. Deve ser realizado em
cooperação com órgãos federais ou estaduais, mediante convênio.
5) Policiamento de Guarda
Tipo específico de Policiamento Ostensivo que visa à guarda de
aquartelamentos, à segurança externa de estabelecimentos penais e das
sedes dos poderes estaduais. (IGPM, 1985, p. 11).

O MBPO estabelece em relação aos meios de transporte utilizados pelas


polícias militares um conceito de processos que “São maneiras pelas quais utilizam-
se os meios de locomoção”, os quais podem ser realizados “1) a pé; 2) motorizado;
3) montado; 4) aéreo; 5) em embarcação e 6) em bicicleta”.
Outra questão importante e que gera controvérsias em policiamento
ostensivo, confundindo até mesmo policiais experientes, está contida nas
modalidades que a IGPM conceitua da seguinte maneira: “c. Modalidades: São
modos peculiares de execução do Policiamento Ostensivo”.

1) Patrulhamento
É a atividade móvel de observação, fiscalização, reconhecimento,
proteção ou mesmo de emprego de força, desempenhada pelo PM no
posto.
2) Permanência
É a atividade predominantemente estática de observação, fiscalização,
reconhecimento, proteção, emprego de força ou custódia, desempenhada
pelo PM no posto.
3) Diligência
É a atividade que compreende busca de pessoas, animais ou coisas,
captura de pessoas, ou animais, apreensão de animais ou coisas, resgate
de vítimas.
4) Escolta
É a atividade destinada à custódia de pessoas ou bens em deslocamento.
(IGPM, 1985, p. 12, grifo nosso).

No tocante ao policiamento ostensivo, a IGPM no MBPO traz outras


questões, como as condições de frequência de emprego de serviço, sendo ordinário,
extraordinário e especial. Há direcionamento também sobre o lugar, assunto este
importante para esta pesquisa, contendo a seguinte argumentação:
36

e. Lugar
É o espaço físico em que se emprega o Policiamento Ostensivo:
1) Urbano
É o policiamento executado nas áreas de edificação intensiva dos
municípios.
2) Rural
É o policiamento executado em áreas que se caracterizam pela
ocupação extensiva, fora dos limites urbanizados dos municípios.
(IGPM, 1985, p. 14, grifo nosso).

O Manual básico de policiamento ostensivo continua tratando sobre o


tema em relação ao efetivo, a forma e a disposição da tropa empregada em serviço
no terreno, assim como a duração dos períodos de serviço e os recursos
suplementares para ser realizado o policiamento ostensivo por policiais militares, há
ainda especificações de atores determinantes, componentes e condicionantes para
o empego operacional.

4.2 Doutrina de policiamento ostensivo na América Latina

Seguindo o entendimento do tópico anterior, tomemos alguns exemplos de


doutrina de policiamento ostensivo em países da América Latina, para robustecer o
entendimento sobre o assunto e colaborar com nossa pesquisa, iniciando pela
República do Peru, no tocante ao patrulhamento policial e a classificação do lugar.

PROCEDIMIENTOS EN EL PATRULLAJE POLICIAL


A. CONCEPTO
Operación policial que cotidianamente realiza la Policía Nacional del Perú
con el objeto de mantener el orden público y prevenir la comisión de delitos,
faltas e Infracciones, contempladas en la Ley sobre la materia.
B. CLASIFICACIÓN
1. Por el lugar en que se realiza
a. Patrullaje Urbano
El que se realiza dentro de las áreas urbanas (ciudades).
b. Patrullaje Rural
El que se realiza en áreas alejadas de las zonas urbanas (Caseríos,
Anexos, Haciendas, Centros Mineros, poblados menores etc.). (POLICÍA
NACIONAL DEL PERÚ, 2013, p. 15, grifo nosso).

A Polícia Nacional do Peru (PNP) também trata a forma como realiza o


patrulhamento ostensivo do mesmo modo que no Brasil: Patrullaje a Pie; Patrullaje
Motorizado; Patrullaje a caballo; Patrullaje acuático e Patrullaje Aéreo. Porém, no
Peru não há previsão de policiamento realizado por meio de transporte conhecido
por bicicleta, sendo no Brasil possível o uso desse transporte.
37

No tocante a técnicas e procedimentos de patrulhamento, a PNP (2013) as


classifica em duas: Técnicas y procedimientos para el patrullaje urbano e Técnicas y
procedimientos de patrullaje rural. Elas possuem suas considerações gerais; as
recomendações específicas para o patrulhamento e atividades ao retornar ao posto
policial.
De forma não tão completa como com a República do Peru, foram
compiladas também doutrinas de policiamento ostensivo em outros países.
O México (2009, p, 64) define patrulhamento ostensivo como “la técnica
policial que tiene como propósito prevenir y atender las faltas administrativas y
delitos, así como la proximidad del policía para reaccionar oportunamente ante un
delito en flagrancia”.
Em El Salvador, país da América Central, há uma concepção bastante
diferente sobre a classificação de patrulha policial, contendo cinco tipos,
especificados conforme suas missões, classificadas genericamente em apenas dois
tipos.

Los patrullajes también se clasifican en función de la misión que deben


atender. De acuerdo a la Guía de Aprendizaje de la ANSP, sobre el
elemento de competencia Patrullaje Policial, existen 5 tipos de patrullajes
clasificados según la misión que deben cumplir: 1) Patrulla de
reconocimiento del sector asignado; 2) patrullas de contacto ciudadano; 3)
patrullas de apoyo y reacción; 4) patrullas de búsqueda y capturas; y 5)
patrullas de seguridad y custodia de personas. En términos generales, estas
misiones se pueden clasificar en 2 tipos globales: Patrullas de prevención y
patrullas de intervención. (RAMÍREZ, 2017, p. 275).

Sobre a condição de patrulha policial em El Salvador, se refere à maneira de


realização, técnicas de patrulhamento em condições específicas. No caso particular
das condições brasileiras de doutrina do policiamento ostensivo, no caso desta
pesquisa, o policiamento rural – assim definido, tendo em vista o local de atuação.
Dessa maneira, é emprestado neste estudo da Polícia Nacional da Colômbia
(PNC) o entendimento de grupos policiais atuantes em condições especiais:

3.1. GRUPOS ESPECIALES. Especialidad de policía conformada por


grupos de apoyo responsables de coordinar, ejecutar y controlar el servicio
de policía en zonas urbanas y rurales, mediante la disuasión y reacción
frente a la criminalidad y motivos especiales de policía, para atender las
alteraciones a la seguridad y convivencia ciudadana. (POLICÍA NACIONAL
DE COLOMBIA, 2009, p. 16).
38

Partindo do MBPO, que qualifica o policiamento ostensivo conforme suas


ações e operações em tipos, sendo o policiamento ostensivo o basilar, o
policiamento de trânsito, o rodoviário, o florestal e de mananciais e o de guardas,
com suas especificidades, há aqui a observação de ter acrescentado o policiamento
rural, segundo a doutrina brasileira e da República do Peru, e a condição de
especialidade no tocante ao entendimento da Polícia Nacional da Colômbia.
39

5 ESTADO DA ARTE DO POLICIAMENTO RURAL

5.1 Policiamento rural na América Latina

A relação dos países da América Latina têm raízes em suas colonizações,


efetuadas em sua maioria por países de origem de latina, Espanha e Portugal, tendo
sido o Brasil colonizado por este último.
Além desse ponto em comum, há ainda a situação econômico-social dos
países latino-americanos, todos considerados em desenvolvimento, bem como
condições consideradas parecidas em relação ao campo da segurança pública.

Al tomar como referencia algunos antecedentes latinoamericanos,


principalmente en Brasil, Chile, México y desde luego en Colombia; se
establece que en estas naciones el tema de la seguridad, y particularmente
en las zonas no urbanas, viene siendo abordado desde otrora,
representando un profundo interés en esta área, incluso a pesar de la
migración de las poblaciones rurales hacia las urbes. (GUTIÉRREZ;
CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 29).

Alguns países da América Latina estão passando por migração do crime das
grandes cidades para a zona rural, sendo o Brasil um desses países, mesmo tendo
o esvaziamento dessas regiões para os grandes centros urbanos, que proporcionam
empregos em maior quantidade.

No obstante; estos antecedentes ayudan a establecer más allá de lo que se


consideraba la garantía de la presencia de la fuerza pública en los sitios
distantes, la idea de que, para conseguir y concebir ideológicamente el
control bajo una sola idea de Estado es necesario llegar a todos los
rincones del territorio. (GUTIÉRREZ; CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 30).

Atender todos os cidadãos em seu extenso território, como o Estado do


Tocantins, é situação bastante complexa, tendo em vista suas características
geográficas e proporção de território. Característica análoga temos em outros países
latino-americanos. Vejamos:

Hoy en día México y Colombia comparten complejas situaciones de


seguridad rural por cuenta del narcotráfico y el control de sus territorios
rurales, debido a la fertilidad de sus tierra, la idoneidad de su clima, su
topografía quebrada y de difícil acceso, además de una ubicación
geográfica estratégica como puerta de entrada o salida de Sur América
hacia Centro América. A su vez, Colombia y México presentan altos índices
de violencia en las zonas periféricas a las urbes. “El tráfico de cocaína a
40

Estados Unidos, promovido a través de contactos colombianos y pactos con


otros cárteles, como el de Sinaloa” (Maldonado, 2012, p. 24); este es un
escenario en el que también, estratégicamente, en aspectos de seguridad
rural en las dos naciones se aplican acciones conjuntas entre militares y
policiales, entonces en México “una de las estrategias para opacar el
movimiento neocardenista fue la profundización de las campañas del
ejército y la policía para combatir el narcotráfico regional” (Maldonado, 2012,
p. 21). (GUTIÉRREZ; CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 30 e 31).

Vê-se que México e Colômbia têm problemas de criminalidade ultraviolenta


em suas zonas rurais, sendo afetados em diversos campos, como o da segurança
pública, alvo desta pesquisa, na economia e no social.
A atuação de polícias no México e na Colômbia é realizada em conjunto com
as forças armadas em suas operações em ambientes rurais, pois apenas a presença
ou atuação de polícias não comporta a alta capacidade das organizações criminosas
atuantes em ambos os países, fato análogo ao nosso estudo ao abordar-se o
ambiente rural tocantinense.

Luego de referenciarnos en perspectivas de gran interés en los


antecedentes de algunas naciones representativas en Latinoamérica, nos
permitimos establecer que algunas de las prácticas que se desarrollan en
las políticas de seguridad rural en Colombia han tenido diálogo con las
reflexiones de otras naciones para emprender una identidad sobre
conceptos tan significativos como la garantía de la seguridad y los derechos
humanos en las zonas rurales. (GUTIÉRREZ; CAÑAS; SACRISTÁN, 2020,
p. 32).

Com tais análises, percebe-se que é importante haver a pesquisa sobre


policiamento rural em países da América Latina. Assim, serão descritas, analisadas
e discutidas algumas condições apresentadas em Estados de origem latina do
continente americano, sempre com o viés das ciências policiais.

a) PERU
Observa-se na Constituição do Peru o trato sobre o assunto desta
investigação, sendo interessante refletir em conformidade com as nuances locais do
Tocantins.

De igual forma, el artículo 145º da referida norma prescribe que “Para la


elaboración del sistema de seguridad ciudadana se convocará y concertará
con las organizaciones sociales, vecinales o comunales, las rondas urbanas
y campesinas.” Como se puede observar, la concepción de seguridad
ciudadana, ya no sólo involucra a las Municipalidades y a la Policía
Nacional, sino también comprende y obliga a participar en ella a la sociedad
civil y a las principales organizaciones sociales. (PERÚ,2020, p. 8).
41

No Peru, a participação da sociedade em articular temas sobre segurança


pública e apresentar propostas é uma realidade, sendo a segurança cidadã uma
condição de extrema importância, em que a participação das forças de segurança
pública, os organismos estatais e o povo são sempre atores presentes para o
estabelecimento das políticas públicas de segurança, seja em qual nível for,
nacional, de província (equiparada ao estado no Brasil), ou local.
Neste diapasão, a sanção da Lei 27.933 (PERÚ, 2003b) estabeleceu o
Sistema Nacional de Segurança Cidadã da República do Peru e dentre as suas
regulações há os comitês regionais, das províncias e locais, para debater sobre
segurança pública entre os seus cidadãos, servidores dos órgãos estatais e
representantes da segurança pública.
Os arts. 15 e 16 da Lei 27.933 do Peru (PERÚ, 2003b) tratam dos membros
do Comitê da Província e do Comitê Distrital, tendo como seus presidentes os
governadores das províncias e os prefeitos dos municípios, além de ter membros
representantes da polícia local e um representante das Rondas Campesinas
estabelecidas nesses locais.
Essa lei trata também das atribuições dos comitês em suas políticas de
segurança pública, sejam os níveis que estiverem sendo apreciados, contando
sempre com órgãos policiais, representantes dos poderes estatais, representantes
das Rondas Campesinas e cidadãos em geral.

Artículo 18.- Atribuciones de los Comités Regionales, Provinciales y


Distritales Los Comités Regionales, Provinciales y Distritales de Seguridad
Ciudadana tienen las siguientes atribuciones:
a) Aprobar los planes, programas y proyectos de Seguridad Ciudadana de
sus correspondientes jurisdicciones, en concordancia con las políticas
contenidas en el Plan Nacional de Seguridad Ciudadana, informando al
Consejo.
b) Dictar directivas de Seguridad Ciudadana a nivel de su jurisdicción.
c) Difundir las medidas y acciones sobre Seguridad Ciudadana y evaluar el
impacto de las mismas en la comunidad. (PERÚ, 2003b, p. 5).

Fato interessante no sistema de segurança pública na República do Peru é


ser reconhecida como segurança cidadã e haver previsão em legislação nacional de
conselhos de segurança pública, conhecidos naquele país como comitês regionais,
provençais e distritais, para discutir sobre segurança pública em níveis importantes
aos envolvidos em seus contextos sociais, conforme consta na da Lei nº 27.933
desse país:
42

ARTICULO 145°.-
Para la elaboración del sistema de seguridad ciudadana, se convocará y
concertará con las organizaciones sociales, vecinales o comunales, las
rondas urbanas y campesinas, los comités de autodefensa y las
comunidades campesinas, nativas y afroperuanas. (PERÚ, 2003b, p. 33).

O trato sobre segurança pública no Peru é assunto bastante discutido, como


se vê no art. 145º, pois ele estabelece uma gama de atores estatais, em variadas
circunstâncias, que participam das escolhas das demandas de segurança pública
local, havendo ainda nesse país a Lei 27.908 que trata das Rondas Campesinas.

Artículo 1°.- Personalidad jurídica.


Reconoce personalidad jurídica a las Rondas Campesinas como forma
autónoma y democrática de organización comunal, pueden entablar
interlocución con el Estado, apoyan el ejercicio de funciones jurisdiccionales
de las Comunidades Campesinas y Nativas, colaboran en la solución de
conflictos y realizan funciones de conciliación extrajudicial conforme a la
Constitución y a la Ley, así como funciones relativas a la seguridad y a la
paz comunal dentro de su ámbito territorial. Los derechos reconocidos a los
pueblos indígenas y comunidades campesinas y nativas se aplican a las
Rondas Campesinas en lo que les corresponda y favorezca. (PERÚ, 2003a,
p. 1, grifo do autor).

A Lei 27.908 da República do Peru estabelece as Rondas Campesinas, sua


personalidade jurídica, suas formações, a subordinação, as atividades exercidas
para a paz social, e ainda cria o dia das Rondas Campesinas, sendo assim um
marco na segurança pública desse país em apoio a esse sistema nacional.

Artículo 2°.- Rondas al interior de la comunidad campesina.


En los lugares donde existan Comunidades Campesinas y Nativas, las
Rondas Campesinas o Rondas Comunales, se forman y sostienen a
iniciativa exclusiva de la propia Comunidad y se sujetan al Estatuto y a lo
que acuerden los Órganos de Gobierno de la Comunidad a los que la
Ronda Campesina está subordinada. (PERÚ, 2003ª, p. 1, grifo do autor).

As Rondas Campesinas, também conhecidas por Rondas Comunais, são


formadas e mantidas pela própria comunidade rural do Peru, que as cria e as
mantém, sempre em conformidade com a legislação e em acordo com os órgãos
estatais específicos a que tais Rondas devem ser subordinados.

Artículo 7°.- Actividades en beneficio de la paz Comunal


Las Rondas Campesinas en uso de sus costumbres pueden intervenir en la
solución pacífica de conflictos suscitados entre los miembros de la
comunidad u organizaciones de su jurisdicción y otros externos siempre y
cuando la controversia tenga su origen en hechos ocurridos dentro de su
jurisdicción comunal. (PERÚ, 2003a, p. 4, grifo do autor).
43

As Rondas Comunais são núcleos de cidadãos peruanos da zona rural que


atuam em suas localidades de maneira que efetuam intervenções em situações de
conflitos interpessoais que possam ser resolvidos com mediação, contando com o
diálogo entre os envolvidos, até chegar à resolução do problema.
Tais Rondas não executam atividades bélicas e podem agir apenas em
situações de conflitos simples, não podendo usar da força em suas intervenções;
são bastante úteis nas zonas rurais, geralmente distantes e de difícil acesso, e
possuem até o seu dia comemorativo: o dia 29 de dezembro.

b) COLÔMBIA
O policiamento no campo realizado pela Polícia Nacional da Colômbia (PNC)
é complexo, tendo em vista esse país possuir grupos guerrilheiros que atuam
sobremaneira na zona rural, porém tem sido feita a desestruturação dessas
guerrilhas como política pública da Colômbia.

Pese a la crisis que ha vivido Colombia en los últimos años por la acción de
grupos armados al margen de la ley, el Estado, a través de la Policía
Nacional, ha aumentado sus esfuerzos con miras a la recuperación rural,
comprometiendo no sólo hombres y grupos especiales, sino también
significativos recursos públicos, apoyos económicos internacionales y
privados, orientados al mejoramiento de la seguridad del campo,
coadyuvando a la empresarización del mismo y al mejoramiento de la
competitividad del país. (MÉNDEZ, 2007, p. 240).

Mesmo estando em condições difíceis sobre sua segurança pública, a


Colômbia atua intensamente em suas políticas públicas de segurança, com apoio do
segmento privado e até mesmo de outros países, com fim de vencer os grupos que
atuam em guerrilhas e narcotráfico. Nesse diapasão, a PNC está implantando e
expandindo suas estruturas, visando prevenir e acabar com grupos criminosos
ultraviolentos ilegais em seu território.

Vale la pena resaltar que, dentro de la cobertura actual en el ámbito rural


(663 unidades) que ejerce la Policía Nacional, se han instalado 324 nuevas
sedes policiales en el último cuatrienio, logrando llegar entre ellas a todos
los municipios del país. Por diversas razones, propias de violencia y el
conflicto que vive nuestra nación, la Fuerza Pública no estaba presente en
dichas cabeceras municipales y los grupos armados ilegales, generadores
de terrorismo y alimentados por el narcotráfico, sacaban provecho de dichos
corredores de movilidad y sometían a la población al adoctrinamiento y a la
injusticia. (MÉNDEZ, 2007, p. 240).
44

No passado recente da Colômbia, grande parte do seu território não contava


com sistema de segurança pública, ou seja, a PNC não estava presente em algumas
regiões, pois havia o domínio de organizações criminosas, com a estrutura de
segurança estatal agindo nesses locais apenas de maneira pontual, com operações
específicas e planejadas para combater tais grupos.
Com fins de mudar esse canário de insegurança no campo de grande parte
da Colômbia, a PNC iniciou um programa de segurança pública destinado a policiar
por definitivo essas zonas sem estruturas policiais.

En este orden de ideas, el imperativo estratégico No. 2 de la Policía


Nacional fue denominado “Policía rural, un compromiso con el futuro del
País”, razón por la cual el primer paso ha sido la creación de la Dirección de
Carabineros y Seguridad Rural, lo que se consolidó con el Decreto 4222 del
23 de noviembre del 2006, reformatorio del 1512. A través de esta
legislación, cobró vida el ámbito rural como territorio sobre el cual se
extienda la política institucional en lo que respecta a la seguridad ciudadana
y a todos aquellos componentes de un servicio integral de policía para el
campo colombiano. (MÉNDEZ, 2007, p. 241).

A PNC, por meio da Direção de Carabineiros e Segurança Rural (DCSR),


está implantando o policiamento ostensivo em toda a zona rural da Colômbia, sendo
incrementada estrutura policial adequada para prevenir a criminalidade e fazer frente
ao crime organizado no campo.
Nesse sentido, a PNC leva à zona rural colombiana a efetivação do serviço
público de segurança estatal, conforme as políticas institucionais estabelecidas pelo
governo nacional da Colômbia, contando sistematicamente a consolidação do
policiamento rural com sinergia entre polícia e cidadão.

En esa dinámica, las Escuelas de Carabineros de la Policía Nacional tienen


como prioridad la formación integral de los hombres de emblema amarillo,
sombrero de fieltro, polaina, insignia de carabina y sable cruzado, bajo el
lema “Compañerismo, Integridad Bravura”, como servidores públicos
capaces de actuar no solamente con fundamento en técnicas y tecnologías
eminentemente policiales o, en algunos casos, con matices militares, sino
también dentro de unas técnicas especializadas y diversificadas de
explotación agropecuaria que permitan un acompañamiento al campesino y
una vigilancia comunitaria con énfasis en la protección del medio ambiente y
los recursos naturales. (MÉNDEZ, 2007, p. 242).

A formação do policial rural colombiano é realizada em unidade destinada à


instrução desse tipo de policiamento, sendo baseada em filosofia de polícia
45

comunitária e proteção do meio ambiente, sempre em interação e proximidade com


a comunidade em que atua.

En estas zonas rurales, se deben manejar esquemas que muestren la


tolerancia y polivalencia del policía carabinero, quien reduce sus tareas
estáticas y se dedica al entorno, bajo el concepto de la innovación, el
trabajo integral y la profesionalización. A su vez, este servidor público busca
la acción conjunta con las demás entidades presentes en la jurisdicción,
para brindar verdaderas alternativas a los ciudadanos, que en muchas
ocasiones verán por primera vez a los representantes de la autoridad
legítima y del Estado soberano. (MÉNDEZ, 2007, p. 242).

A situação atual da segurança pública na zona rural colombiana tem


mostrado a presença estatal por meio da PNC em seus territórios mais distantes,
onde não havia a presença de qualquer órgão público, sendo agora a presença da
polícia uma realidade, e esta sustenta haver outros órgãos estatais desse país para
atender ao cidadão do campo.

La Policía Nacional, por intermedio de la Dirección de Carabineros y


Seguridad Rural, llevará el servicio de policía a las fronteras, parques
naturales y resguardos indígenas, para apoyar directamente la actividad
agropecuaria, eje fundamental del desarrollo económico y territorial de la
población, solucionando los problemas suscitados en el sector rural como
abigeato, hurtos conflictos, violencia intrafamiliar, extorsiones, entre otros,
garantizando el desarrollo mediante una acción coordinada entre el Estado
y la comunidad rural. (MÉNDEZ, 2007, p. 243).

O campo colombiano era carente de tal política pública, sendo agora feita de
maneira consolidada pelo serviço policial realizado pela Direção de Carabineiros e
Segurança Rural (DCSR) na zona rural, agregada a sinergia e aproximação policial,
produzindo confiança por parte do homem do campo e elevação da sensação de
segurança. Deve-se lembrar de que, por décadas, regiões da Colômbia estiveram
sob a égide de organizações criminosas e guerrilheiras, levando a conflitos extremos
entre esses grupos e as forças de segurança estatais.

Esto transversalizado por la pacificación del territorio en el término de un


conflicto interno que superó las cinco décadas y que ofrece retos en este
nuevo proyecto de nación en medio de un ambiente enrarecido por las
disidencias, es lo que constituye esta nueva realidad. La Policía Nacional
colombiana ha establecido, erigido y presentado al país el proyecto para el
posconflicto el “Plan Estratégico Institucional, Comunidades Seguras y en
Paz 2015-2018 y la visión 2030” y a su vez anclado en su centro el “Sistema
Integrado de Seguridad” (SISER) como “un modelo de coordinación
interinstitucional e intra-institucional que busca mantener un engranaje al
servicio del sector rural colombiano” (Villegas et al., 2016, p. 1). Como una
46

respuesta consecuente con las necesidades que se vislumbran al momento


de sostener y retomar el control del territorio ocupado por fuerzas armadas
al margen de la ley. (GUTIÉRREZ; CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 33).

A política pública nacional da Colômbia relativa à segurança pública é


composta de planejamento complexo, composto por instituições estatais e contando
com entes particulares e com os cidadãos. Esse plano, conhecido por Plan
Estratégico Institucional, Comunidades Seguras y en Paz 2015-2018 y la visión
2030, estabelece o Sistema Integrado de Seguridad (SISER).
Complementando as políticas públicas de segurança da Colômbia, há ainda,
conforme a Policía Nacional de Colombia (2010, p. 14), o Modelo Nacional de
Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes (MNVCC), que “[...] es la metodología de
trabajo del servicio de policía orientada a la identificación y solución de las
problemáticas y manifestaciones de violencia y criminalidad que atentan contra la
convivencia y seguridad ciudadana en el contexto urbano y rural”.
Sobre a execução do MNVCC, a Policía Nacional de Colombia (2010, p. 16)
trata assim: “La ejecución del MNVCC exige un análisis del contexto en el cual se va
a implementar, de manera que la aplicación de sus principios, procesos,
procedimientos y herramientas respondan a las necesidades y características de
cada territorio urbano o rural”.
Para subsidiar o policiamento de locais mais inclusivos nas comunidades,
visando atuar de maneira direcionada, com tecnicidade e inteligência, a PNC criou o
Sistema de Información de Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes (SIVICC).

El Sistema de Información de Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes –


SIVICC – se ajustará a la flexibilidad del MNVCC, teniendo en cuenta la
cantidad de personal asignado a la unidad. La ausencia de personal para
asignar tres patrullas por cuadrante no podrá ser impedimento para la
conformación del mismo. La Dirección de Seguridad Ciudadana, DISEC, se
encargará de reglamentar, con base en criterios demográficos y delictivos,
los parámetros para la prestación del servicio de vigilancia en la zona rural.
(POLICÍA NACIONAL DE COLOMBIA, 2010, p. 18).

O SIVICC proporciona melhor entendimento aos operacionais que atuam no


policiamento ostensivo na execução do MNVCC, de maneira a direcionar o serviço
dos Carabineiros do policiamento em zonas rurais.
A pretensão do MNVCC é efetivar o policiamento preventivo em todo o
território colombiano, e, no caso desta pesquisa, é importante o fato de estar
47

presente no campo, pois este tem extensa escala na Colômbia, atendendo a todos
os colombianos em suas mais distantes povoações.

Dado que muchos municipios de la geografía colombiana cuentan con


extensas áreas rurales, es preciso resaltar que la metodología establecida
por el MNVCC se desplegará con los ajustes y adaptaciones necesarias
según las características específicas de las zonas rurales. Es así como en
todo el territorio nacional, tanto en lo urbano como en lo rural, se aplicarán
las tres dimensiones del modelo: metodológica, gerencial y operativa, pero
con los ajustes operacionales necesarios, conforme con las variables
establecidas. (POLICÍA NACIONAL DE COLOMBIA, 2010, p. 20).

Esse programa de policiamento do país vizinho é pautado na aproximação


da polícia com a sociedade e contido em metodologia, comando e operatividade,
alcançando, assim, todo o extenso território colombiano, desde as suas cidades até
os mais longínquos vilarejos rurais.
Em tal programa, há a conceituação de quadrante, para melhor
entendimento e facilitação da execução dessa política pública de segurança
colombiana, visando sua efetividade e eficiência:

Un cuadrante es un sector geográfico fijo que a partir de sus características


delictivas, contravencionales, sociales, demográficas, geográficas y
económicas recibe distintos tipos de atención de servicio policial bajo los
principios de responsabilidad misional, priorización y focalización,
complementariedad, corresponsabilidad, polivalencia, desconcentración,
participación y orientación a la solución de problemáticas de convivencia y
seguridad ciudadana en el ámbito urbano y rural.
El cuadrante es el escenario de despliegue táctico y operacional en el que
confluyen todas las especialidades del servicio de policía.
De acuerdo con las características delictivas, contravencionales y
geográficas, se podrá definir los siguientes tipos de cuadrantes: urbanos,
rurales, viales y fluviales. (POLICÍA NACIONAL DE COLOMBIA, 2010, p.
20).

O quadrante está inserido em um complexo ambiente operacional, contando


com um ciclo de gestão do serviço policial, passando por planejamento,
coordenação e execução, de maneira estruturada e técnica, composto por princípios
e sempre em consonância com a comunidade local em que é objeto da prestação do
serviço de segurança pública.

Adicionalmente, en zonas rurales es preciso tener en cuenta los siguientes


aspectos: procesos de restitución de tierras, cultivos ilícitos, minería ilícita,
territorios colectivos (comunidades indígenas y afrodescendientes),
infraestructura crítica (oleoductos, gasoductos, plantas de producción,
refinerías, infraestructura eléctrica, infraestructura de telecomunicaciones,
48

infraestructura productiva), minas antipersona, parques y reservas


naturales, zonas fronterizas. Esta información rural no afecta el diseño de
los cuadrantes pero es estratégica para la planeación del servicio. (POLICÍA
NACIONAL DE COLOMBIA, 2010, p. 27).

A segurança pública no campo possui suas especificidades se comparada


ao policiamento urbano, contando com estruturas e ambientes próprios só vistos na
zona rural. O emprego policial nesse ambiente requer estrutura específica e maior
capacidade de apoio logístico, pois toda a possibilidade de transporte e
movimentações são difíceis e complexas, tendo em vista as longas distâncias e o
próprio ambiente rural ser um fator preponderante para a execução da atividade.

Hasta acá se han descrito algunos de los elementos de tipo contextual que
deben considerarse a la hora de plantear estrategias de seguridad
ciudadana en ámbitos rurales con un enfoque territorial. Con el ánimo de
robustecer el análisis del complejo escenario de la seguridad rural en
Colombia, se planteará a continuación el diagnóstico de otro de asunto
crucial: la coordinación interinstitucional. Es sabido que las políticas de
seguridad ciudadana, por no depender de la acción de una única institución
o actor, son tremendamente sensibles a la capacidad de trabajo conjunto y
de sinergias. (BULLA; GUARÍN, 2015, p. 11).

Além das dificuldades logísticas para atuar em zona rural, há também as


relativas em operar em conjunto com outras instituições responsáveis em suas
esferas de atuação, como órgãos de serviço social, forças armadas, prefeituras
municipais, serviço de saúde pública e outras mais, pois a convergência é tarefa
difícil de atingir quando há mais de um órgão executando atividades no mesmo local.
A interação dos órgãos governamentais para o sucesso da segurança
pública deve ser a melhor possível, contando com integração interagências, de
maneira ordenada e coordenada em suas respectivas missões, não havendo
sobreposição de função e poder entre elas.

A partir de estas consideraciones, se promueven estrategias para la


consolidación de la seguridad rural, la presencia del Estado y las garantías
en términos de derechos humanos que deben asegurarse para toda la
comunidad ubicada en la periferia del país, las Unidades Básicas de
Carabineros –UBICAR– constituyen una gran proyección de la seguridad
rural a corto, mediano y largo plazo, al ser estas las encargadas de atender
los cuadrantes con alcance rural y los segmentos estratégicos” (Villegas et
al., 2016, p. 21); así estrategias como el plan cuadrantes se ha
implementado incluso bajo la perspectiva de experiencias foráneas como
las chilenas. (BULLA; GUARÍN, 2015, p. 33 e 34).
49

As demandas de segurança pública requerem execução coordenada de


múltiplas agências estatais, gerando segurança e sua respectiva sensação positiva.
A tranquilidade no campo deve ser sempre preservada, para o bem-estar do
cidadão. A aproximação do camponês com a polícia é um fator importante e sempre
deve estar em evidência, pois aquele sabe o que lhe aflige e esta sabe como
trabalhar para sanar essa demanda do cidadão do campo.

BENEFICIOS PARA LA COMUNIDAD


- Fortalecimiento de la seguridad y convivencia ciudadana
- Inscripción de personas a las redes de participación cívica.
- Apoyo a la comunidad, buscando la resolución de conflictos.
- Vinculación a las redes de participación cívica RPC.
- Seguridad para la comercialización de productos.
- Comunicación constante con las autoridades.
- Aprendizaje del código del convivencia ciudadana .
- Escenarios tranquilos para la recreación y deporte.
- Atención oportuna para el desarrollo de conflictos.
- Control de engaños por las redes sociales. (ROA, 2020, p. 3 e 4).

A segurança no campo colombiano é uma nova resposta aos criminosos e


também é uma nova demanda para o Estado Colombiano atuar de maneira eficiente
e com eficácia, sendo a paz e a tranquilidade pública da zona rural o farol a ser
alcançado. Esse objetivo só pode ser atingido com a convergência polícia e
camponês, ambos em diálogo e com os mesmos interesses públicos.

c) MÉXICO

Em se tratando de policiamento em zona rural, os Estados Unidos


Mexicanos têm em sua história a marca desse tipo de policiamento por séculos,
sendo conhecido por sua maneira de realização em interação com a comunidade e
seu longo tempo de criação.

La visión comunitaria de la seguridad ha tenido arraigo en México por varios


siglos. Entre otras experiencias, vale la pena señalar la del serenazgo (la
vigilancia por las noches de un “sereno”, quien tiene contacto cercano con la
población), una práctica que inició desde la época colonial; los módulos de
vigilancia o participación ciudadana que se han instalado en varias partes
del país y experiencias de vigilancia comunitaria como los tipiles, guardias
vecinales designados sobre todo en áreas rurales, cuyo nombre proviene
del término náhuatl topille, que significa bastón de mando. (USAID, 2013, p.
44, grifo do autor).
50

O policiamento rural no México conta com suas peculiaridades nas


povoações interioranas, desde a colonização até os dias atuais, como o peculiar
nome de Tipile.
Além do contexto social e cultural do policiamento rural no México, há
também a questão de segurança pública, ponto de interesse desta pesquisa, pois a
sua composição e destinação inicial têm suas delimitações até hoje importantes,
apesar de ter por volta de duzentos anos de sua formulação.

Teniendo en cuenta, desde luego, el contexto de cada nación, la época, sus


nociones de Estado y su filosofía institucional en términos policiales, se
identifica que, por ejemplo, en México el interés por la seguridad de la
ruralidad se dio “en el año 1826, con el establecimiento de la policía rural
por el gobernador Lucas Fernández. Con el establecimiento de la policía
rural se conformaron secciones municipales rurales según las diferentes
necesidades que se presentaran en el campo” (Rodríguez, 2015, p. 222).
Se entiende desde allí que era necesario para asegurar los ideales del
Estado comprender las necesidades en términos de seguridad en el campo,
al asumir como fundamental la presencia del Estado, no solo a través de lo
que podría asemejarse a un corregidor para Colombia en la época, también
para que dicho líder estuviera respaldado por una fuerza armada en los
rincones de esa patria. (GUTIÉRREZ; CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 30).

O Estado Mexicano criou suas polícias rurais visando propor segurança


pública aos seus cidadãos do campo, contando com estruturas e aproximação da
comunidade para ajudar em suas demandas de segurança, sendo importante desde
o início a interação das pessoas da comunidade com os policiais rurais.
Outro viés percebido no policiamento mexicano, também conhecido por
Tipile, é no tocante ao contexto de defesa do território nacional, sendo composto
pelos mesmos policiais rurais, os quais estavam presentes nos mais distantes
territórios mexicanos, sendo um braço do Estado, e este ente estatal era armado,
trazendo mais confiança ao Governo-Geral.

Por eso, más allá de los imaginarios del General Mexicano Porfirio Díaz, lo
que sobrevivió fue la emergente labor comunitaria y de seguridad de las
fuerzas policiales en todos los rincones de esa nación bajo una sola lógica
estatal. Finalizado el periodo conocido como el “Porfiriato” en el año 1910,
los rurales no desaparecieron dado que mantenían la preocupación por la
seguridad y cambiaron su denominación a “defensas rurales”, con ello
dieron continuidad a la labor comunitaria y de seguridad en las zonas
rurales, lo que refleja la importancia de esa actividad policial requerida en
las zonas vulnerables y de difícil acceso. (GUTIÉRREZ; CAÑAS;
SACRISTÁN, 2020, p. 30).
51

Mesmo havendo mudanças de governos nacionais e suas formas de


governar, com respectivas mudanças na estrutura estatal da nação mexicana em
formação, as polícias rurais mantiveram suas peculiaridades mesmo havendo
mudanças no período do governo nacional do General Porfirio Díaz, compreendido
até o início do século XX. Nesse período, o policiamento no campo passou a ser
denominado de Defensas Rurales, em tradução livre para o português “Defesas
Rurais”.

d) CHILE

O Chile, apesar de não fazer fronteira com o Brasil, está localizado na


América do Sul e possui uma das melhores polícias do continente americano. Esse
nível de reconhecimento é destacado ao grau de confiança que os Carabineiros do
Chile (nome pelo qual é conhecida a polícia nacional do Chile) possuem dos
cidadãos chilenos.

Desde su creación en 1927, hace 90 años, la policía de Chile ha sido


valorada como una de las mejores policías de América Latina; igualmente,
“carabineros de Chile es una de las instituciones públicas mejor evaluada
por los chilenos” (Oviedo, 2007, p. 73). Esto gracias al nivel de confianza
que la comunidad chilena tiene en la misma, siendo este tal vez uno de los
mejores escenarios para proyectar los intereses de una institución en el
seno coyuntural de su nación. Se da paso a la idea de que los servicios de
policía rural no solo deben estar sometidos al juicio y la reflexión del país,
sino también a experiencias similares en las naciones vecinas en aras de
ampliar la internacionalización de las actividades policiales. (GUTIÉRREZ;
CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 31).

O grande conceito que os Carabineiros do Chile possuem de sua sociedade


é o marco que confirma a importância de essa corporação realizar o policiamento
rural nesse país, com eficiência e eficácia, sendo referência para outros países em
suas ações em tal tipo de policiamento ostensivo.

e) ARGENTINA

Outro país da América Latina que possui policiamento rural é a Argentina,


que conta com este tipo de policiamento preventivo em seu território, conforme o seu
sistema de segurança pública.
52

Um exemplo de policiamento rural é o realizado na Província de Buenos


Aires. Sua estrutura policial possui legislação própria sobre o tema, previsto na Lei
13.482, em que, no seu art. 1º, prevê composição, funções, organização, direção e
coordenação das polícias da província de Buenos Aires (BUENOS AIRES, 2019). O
art. 21 da Lei 13.482 da província de Buenos Aires trata assim da polícia rural:

CAPITULO II
INTEGRACIÓN
ARTICULO 21.- Las Policías de Seguridad correspondientes a cada
Municipio están integradas de la siguiente manera:
1. Policía de Seguridad de Distrito:
a) Comisarías.
b) Subcomisarías.
c) Comisarías de la mujer y la familia.
d) Estaciones de Patrulla Rural.
e) Destacamentos.
f) Puestos de Vigilancia.
g) Las que determine la Autoridad de Aplicación. (BUENOS AIRES, 2019, p.
5, grifo nosso).

Já o art. 41 da citada lei vai além, estabelecendo comissão para tratar de


crimes na província de Buenos Aires:

ARTICULO 41.- FUNCIONES DEL JEFE DE POLICÍA DE DISTRITO.


El Jefe de Policía de Distrito, tendrá junto a las funciones esenciales
establecidas en el ARTÍCULO 20 de la presente Ley, las siguientes:
(...)
C) Prevenir la comisión de delitos y contravenciones en el ámbito de su
jurisdicción, urbana y rural. (BUENOS AIRES, 2019).

Já outro artigo da mesma lei estabelece a constituição da patrulha rural:


“ARTICULO 49.- En aquellos municipios donde exista zona rural se constituirá la
Patrulla Rural conforme a lo establecido en el TITULO IV” (BUENOS AIRES, 2019).
A lei traz expressa como serão organizadas as unidades policiais, delimitando-se
esta pesquisa na área da patrulha rural.

ARTÍCULO 63.- ORGANIZACIÓN DE LAS ESTACIONES. Cada estación


organizará su trabajo de la siguiente manera:
(...)
c) Área de Patrulla Rural: conforme la organización del Libro II, Titulo IV de
la presente Ley. (BUENOS AIRES, 2019, p. 10).

O Título IV que trata sobre a Patrulha Rural no seu Capítulo I especifica as


funções da patrulha rural na província de Buenos Aires.
53

ARTÍCULO 92.- La Patrulla Rural de cada Municipio tendrá las siguientes


funciones:
1) Evitar la comisión de delitos y contravenciones en la zona rural de su
jurisdicción.
2) Desplegar todas las acciones necesarias y oportunas tendientes a
prevenir el delito rural.
3) Patrullar por los caminos rurales y rutas de acceso a los campos de
conformidad a órdenes de servicio que aseguren los puntos a) y b) del
presente artículo.
4) Asistir inmediatamente a la víctima de un delito cometido en la zona rural.
5) Recibir denuncias de delitos y contravenciones cometidos en zona rural.
6) Practicar las primeras actuaciones de la investigación en el marco de lo
establecido por el Código Procesal Penal de la Provincia.
7) Coordinar acciones con la Policía de Investigaciones en Función Judicial
tendientes a asegurar los fines de la investigación penal.
8) Velar por el cumplimiento de leyes, reglamentos y disposiciones
policiales.
9) Informar a la población rural de todas las medidas adoptadas y/o
aconsejadas tendientes a impedir la comisión de delitos. (BUENOS AIRES,
2019, p. 13).

As funções de patrulha rural da província de Buenos Aires elencadas são


todas importantes para o sucesso do policiamento ostensivo rural nessa província,
pois apresenta situações desde a prevenção, passando pelos contatos sociais com
os campesinos, até a investigação de um crime ocorrido.

ARTICULO 96.- RECURSOS. La Patrulla Rural deberá estar equipada


adecuadamente en función de su competencia territorial y material
específica. Deberá implementar y asegurar un sistema de comunicaciones
eficiente.
A tal fin el Poder Ejecutivo a través del Ministerio de Seguridad asignará
progresivamente las partidas presupuestarias necesarias para su
implementación. Asimismo, el Ministerio de Seguridad celebrará los
convenios respectivos con los Municipios y las entidades rurales con
personería jurídica radicadas en la zona de cada Patrulla Rural. (BUENOS
AIRES, 2019, p. 14).

Em se tratando de logística, essa lei, em seu art. 96, deixa claro que, para a
execução do policiamento ostensivo, a patrulha rural deve possuir o mínimo de
logística para poder atuar, sendo necessária a efetivação de convênios para o
sucesso desse tipo de policiamento na província de Buenos Aires.

f) PARAGUAI

Outro país latino-americano estudado é o Paraguai, que também possui


policiamento ostensivo destinado ao meio rural, sendo importante salientar as linhas
54

de ação orientadas ao melhoramento da efetividade, o profissionalismo policial e o


programa de desenvolvimento da capacidade investigativa.

En dicho contexto, la investigación criminal es uno de los cuatro (4)


aspectos de la formación policial prioritarios sobre los cuales corresponde
poner énfasis, vis a vis del enfoque comunitario para la labor preventiva; la
prevención de la violencia intrafamiliar y de género y la atención a sus
víctimas; y el uso de la fuerza en el contexto de conflictos sociales,
especialmente en las zonas rurales –sobre cuyas temáticas distintos
programas dedicarán su objeto de atención particular. (PARAGUAY. 2014,
p. 47).

O policiamento rural é um tema que recebe ênfase no sistema de segurança


pública paraguaia e tem programas importantes sobre a temática, visando sempre
ao bem-estar social. Entre estes programas, há o de adequação de serviços policiais
no ambiente rural e atenção à comunidade campesina.

Este programa sitúa su labor en el mantenimiento de las condiciones


favorables para la convivencia y seguridad ciudadana en zonas que se
contemplen zonas productivas, agrícolas, ganaderas, fronterizas,
resguardos indígenas, parques nacionales y reservas naturales, con el fin
de garantizar la cobertura, la permanencia y el trabajo integrado con la
comunidad. (PARAGUAY. 2014, p. 50).

Contexto diferente e importante detectado sobre o policiamento rural no


Paraguai é o uso desse tipo de policiamento ostensivo para proporcionar segurança
aos produtores rurais, em sua localidade, nos seus deslocamentos e durante as
suas negociações.

5.2 Policiamento rural no Brasil

O Brasil é um país de extenso território e assim é conhecido como país-


continente. Nesse cenário, o campo é um ambiente bastante precioso para o
brasileiro, é de onde sai a maior parte de nossa alimentação e riquezas são
extraídas de sua natureza.

Com os anseios da comunidade rural, em relação à modernização da


agricultura que passou a sair apenas de uma cultura de subsistência,
através de novas tecnologias e insumos agrícolas, tornando-se a ser um
atrativo maior para a criminalidade, devido ao valor agregado em suas
propriedades. A partir dessas mudanças passaram a surgir necessidades
de encontros comunitários com a participação com os órgãos de segurança
55

e solicitação de uma presença maior na prevenção, e aí surgiu o


Policiamento Ostensivo Rural. (NAVARRETE, 2014, p. 18).

Sobre o policiamento rural, é importante salientar a sua caracterização de


policiamento ostensivo no Brasil, sendo reconhecido em meio policial militar como
grupo especial de policiamento.

Bajo esta lógica, los brasileños establecieron esquemas de acercamiento a


las poblaciones suburbanas y distantes, una modalidad de policía
comunitaria llamada “Grupo Especial de Patrullaje” en áreas de riesgo no
solo para pretender la presencia de la fuerza bélica del Estado, también
para acercar esa fuerza más que para normalizarlos, para respaldarlos y
garantizar sus derechos en cada una de sus vivencias. (GUTIÉRREZ;
CAÑAS; SACRISTÁN, 2020, p. 32).

Tomamos por exemplo Gutiérrez, Cañas e Sacristán sobre o entendimento


sobre grupo especial de policiamento, sendo importante esclarecer essa situação no
Brasil, em que se pode dizer que o policiamento rural brasileiro é um tipo de
policiamento ostensivo, conforme explanado no item anterior.

b) Rural Border Patrol Operations Course ou Curso de Patrulha Rural


de Fronteira
Esse curso foi um dos pilares doutrinários para a criação e a execução das
demais instruções norteadoras do BPFRON, realizado em setembro de
2018, foi o primeiro curso ministrado para o efetivo do BPFRON, voltado,
especificamente, à realidade de operações de patrulha rural na fronteira,
desenvolvido através de um projeto pioneiro entre a Secretaria Nacional de
Segurança Pública (SENASP) e a Embaixada dos Estados Unidos da
América. (LUZ, 2022, p. 94, grifo do autor).

Nesse diapasão, há a patrulha rural, que é uma técnica policial, uma


ferramenta entre outras para ser empregada em policiamentos em ambiente rural,
da qual o próprio policiamento rural ou outros tipos de policiamento podem se
aproveitar para atuarem no campo.
O INSTITUTO CNA (2019), em seu relatório, elenca os destaques das
apresentações dos representantes de algumas polícias militares brasileiras, não
havendo modelo único de policiamento rural. A filosofia de policiamento comunitário
é praticada no geral, havendo também parcerias institucionais com sindicatos e
associações de produtores rurais. Em geral, é comum o emprego de tecnologia da
informação (TI), como softwares e ferramentas grátis, como Google e WhatsApp, o
uso de placas de identificações de imóveis rurais parceiros do policiamento rural
local, grupos de WhatsApp entre o público rural e as polícias militares, uso de folders
56

e cartilhas de informações de segurança, equipamentos especiais para uso do


policiamento rural, operações integradas entre corporações militares estaduais em
divisas e selo de identificação veicular.
No I Painel sobre Segurança Pública Rural: Boas Práticas de Segurança
Rural da Polícia Militar, realizado pelo INSTITUTO CNA (2019), os participantes
elaboraram em seu relatório algumas propostas sobre o policiamento rural, as quais
são as seguintes: elaboração de caderno de referência com boas práticas e
experiências; criar mecanismos de aproximação entre as Federações e as Polícias
Militares (PMs); pautar o tema segurança rural nos órgãos de segurança estaduais;
desenvolver o curso nacional de policiamento rural; cadastro nacional de marcas e
sinais de semoventes; campanha preventiva sobre comércio legal de insumos
agrícolas; Operação Campo Seguro em nível nacional e a realização de um segundo
painel com a presença de Polícias Militares de estados que não participaram do
primeiro, o qual foi realizado no mesmo ano.
O Brasil possui extenso território, e consequentemente zonas rurais em
largas escalas, demandando a necessidade de haver o emprego de policiamento
ostensivo por parte das polícias militares das vinte e sete unidades da federação,
para melhor servir o cidadão do campo.
Adiante serão apresentados alguns dados do estudo realizado por Navarro
sobre o policiamento rural nas polícias militares, porém tal pesquisa tem sua
limitação, tendo em vista não ter sido respondida por todas as PMs.

A tabela 16 mostra que, em grande parte dos estados brasileiros, o


Policiamento Rural é realizado exclusivamente pelas Unidades Territoriais
de Área (42%) ou, indistintamente, por todas as unidades policiais que
atuam no ambiente rural (36,8%).
(...)
Nos estados do Maranhão e Pernambuco, o Policiamento Rural é
responsabilidade das unidades de Policiamento Ambiental. (NAVARRO,
2019, p. 109).

Mesmo havendo grandes extensões de áreas rurais em todo território


nacional, a maioria das PMs não tem em suas composições recurso destinados
exclusivamente para o serviço de policiamento preventivo destinado ao campo.
Conforme o estudo de Navarro, menos da metade das polícias militares
brasileiras tem Unidades Policiais Militares (UPMs) destinadas para o policiamento
rural em suas formatações orgânicas e a maioria atua no campo quando há
57

demanda das pessoas que lá vivem, sendo assim preteridas em serviços públicos
de segurança pública de maneira ampla.

As respostas à questão 3 apontam que em 7 dos 19 estados há


normatização sobre o Policiamento Rural, sendo eles: Acre, Bahia, Ceará,
Goiás, Minas Gerais, Paraná e Rondônia.
As demais Polícias Militares não possuem normatização sobre a atividade
de Policiamento Rural. (NAVARRO, 2019, p. 110).

Outra questão importante sobre o policiamento ostensivo destinado ao


campo é a falta de normatização para o emprego de policiamento ostensivo, sendo
assim, o serviço prestado por polícias que não possuem normativas próprias de
policiamento rural terminam por não atenderem de maneira eficiente o povo do
campo, visto não haver protocolos institucionais para o direcionamento da atuação
dos policiais militares, ato este constatado na PMTO.

A tabela 23 indicou que 8 forças policiais possuem capacitação específica


para que seus policiais atuem no ambiente rural (42,1%), destaque para os
estados do Amapá, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande
do Norte, Santa Catarina e Tocantins.
Igualmente à PMESP, 11 instituições policiais militares (57,9%) não
possuem treinamento específico para atuar no ambiente rural. (NAVARRO,
2019, p. 112).

Outra questão levantada no estudo de Navarro, e que está ligada à situação


de não haver protocolos de emprego de policiamento rural, é a falta de cursos sobre
policiamento rural e, consequentemente, os policiais militares empregados nesse
tipo de policiamento ostensivo não estarem habilitados por suas respectivas PMs.
Porém, nesse item, a PMTO já possui curso específico e os seus policiais militares
formados em tal curso atuam no patrulhamento rural.

Iniciativas de Polícia Comunitária no ambiente rural foram apontadas por 8


representações estaduais, sendo elas dos seguintes estados: Acre, Bahia,
Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rondônia, Santa Catarina e Tocantins.
Os demais estados responderam não possuir iniciativas de polícia
Comunitária no ambiente rural.
A representação de Pernambuco não respondeu à questão. (NAVARRO,
2019, p. 112).

Sobre a utilização da ferramenta polícia comunitária ser empregada no


policiamento rural, a maioria das PMs não se utilizam de tal proposta, mas a PMTO
58

atua pautada na filosofia de aproximação com o homem do campo através do


policiamento comunitário.

As respostas à questão 10 indicaram com unanimidade que nenhum setor


agrícola, dos 19 entes federativos representados pelos policiais militares
ambientais que responderam ao questionário, possui alguma iniciativa,
contribuição ou apoio ao Policiamento Rural. (NAVARRO, 2019, p. 113).

Outra questão verificada por Navarro em sua investigação é que a maioria


das polícias militares que atua no policiamento ostensivo com referência ao campo
não tem apoio institucional de quaisquer órgãos privados do setor agrário para
exercerem em harmonia tal mister.
Sendo latentes as diferenças existentes entre países e unidades federativas
brasileiras, há a importância de se ter o comparativo sobre tais segmentos e como
está sendo realizado o policiamento ostensivo e em quais circunstâncias.

a) GOIÁS

Dentre as unidades da federação brasileira, Goiás está em condição


bastante avançada em relação ao policiamento rural em sua Polícia Militar, contando
com um Batalhão de Polícia Militar (BPM) exclusivo para esse tipo de policiamento
ostensivo, que atua em todo o território goiano.

HISTÓRICO PATRULHA RURAL


•Nos anos 90 havia escassez de recursos para essa atividade específica;
•Não havia padronização das ações;
•Não utilizava recursos tecnológicos;
•Era incipiente a parceria com a Faeg/ Sindicatos Rurais. (PMGO, 2017, p.
3, grifo do autor).

Em palestra sobre policiamento rural da Polícia Militar de Goiás (PMGO)


sobre o programa Patrulha Rural Georreferenciada (PMGO, 2017, p. 3), estabeleceu
o histórico desse programa com quatro itens importantes, em que o início foi
incipiente e com o passar do tempo está se institucionalizando, elevando sua
capacidade técnica e tecnológica para o sucesso desse programa de segurança
pública voltado para o campo.

FINALIDADE
- Reduzir os índices de criminalidade;
59

- Estreitar o vínculo de confiança entre os produtores rurais e a Polícia


Militar do Estado de Goiás;
- Facilitar a localização das propriedades rurais;
- Minimizar o tempo resposta e elevar a qualidade do atendimento policial.
(PMGO, 2017, p. 3).

O programa de policiamento rural goiano tem por fim levar ao cidadão do


campo ampla segurança e sua respectiva sensação positiva, sejam pequenos
produtores, grandes produtores ou empresas privadas, sempre contando com apoio
da comunidade local.
Apesar de o policiamento rural ser praticado pela PMGO por muito tempo,
esse tipo de patrulhamento foi institucionalizado após anos, contando com apoio de
órgãos públicos e privados.

No âmbito estadual, o lançamento oficial do Projeto Patrulha Rural


Georreferenciada aconteceu no último dia 27 de janeiro, no auditório da
FAEG, com a presença da cúpula da Segurança Pública de Goiás e mais de
50 (cinquenta) prefeitos, presidentes e integrantes de Sindicatos Rurais,
oportunidade em que houve explanação sobre o que consiste o projeto,
como funciona e quais as atribuições de cada ator social para a
implementação e implantação do projeto, que basicamente necessita de um
aparelho GPS, um notebook, um aparelho Smartphone e um VANT (Veículo
Aéreo Não Tripulado) ou VARP (Veículo Aéreo Remotamente Pilotado),
mais conhecido como “drone”, para monitorar e agilizar as respostas da
Polícia Militar na eventualidade de acontecer crimes nas propriedades rurais
das áreas das Unidades Operacionais da Corporação. (MORAES, 2017, p.
19).

O programa de policiamento rural do estado de Goiás tem sido exemplo de


estrutura e operacionalidade, contando com tecnologias e execução através de
atividades diversas, porém, sempre tendo o cidadão do campo como principal foco
do tipo de policiamento.

Todos os Comandos Regionais da PMGO e as diversas unidades


operacionais, até o nível de Companhias Independentes, devem empregar
todos os seus recursos disponíveis para a realização desse tipo de
policiamento. Contudo, para isso ser possível há a necessidade de se firmar
parcerias com outros poderes constituídos e organizações da comunidade,
como as Prefeituras Municipais, Sindicatos Rurais e a FAEG, haja vista que
são necessários vários equipamentos que, num primeiro momento, não
serão disponibilizados pelo Poder Público Estadual. (MORAES, 2017, p.
19).

O programa de policiamento rural goiano tem em sua estrutura a


possibilidade de ser empregado por todas as unidades territoriais que possuem
zonas rurais, conforme suas estruturas, sendo importante citar o amparo na
60

comunidade rural local e outras entidades privadas que atuam no campo e com
pessoas do campo.

Nesse contexto é que o Procedimento Operacional Padrão 213 – POP 213


foi instituído para o atingimento dessas metas, prevendo materiais
necessários para um bom policiamento rural, as etapas a serem vencidas,
um estudo das situações críticas, prevendo-se uma sequência de ações e
respectivos resultados esperados, bem como ações corretivas quando
existirem falhas na sua execução. (MORAES, 2017, p. 25).

A PMGO, mantendo o seu padrão de excelência em policiamento ostensivo,


trata em suas normativas sobre os passos que devem ser dados pelos operadores
de segurança pública, o Procedimento Operacional Padrão (POP), destinado à sua
tropa, e demais recursos existentes caso em incidentes que fujam a rotina
operacional.
O policiamento rural tem importância muito grande no complexo sistema de
segurança pública, e a Federação da Agricultura do Estado de Goiás (FAEG) afirma
tal importância em conjunto com outras entidades e, principalmente, com os
camponeses.

É imprescindível a integração das várias entidades representativas,


especialmente aquelas ligadas ao meio rural, visando reduzir a incidência
da criminalidade.

Investindo na prevenção, certamente estaremos eliminando as


oportunidades e preparando melhor o meio rural para a necessária cautela,
com relação aos problemas aqui mencionados. (FAEG, 2015, p. 8).

b) RONDÔNIA

O Estado de Rondônia está situado na Amazônia Brasileira, com zonas


rurais com flora de floresta amazônica, rios caudalosos, conforme as extensas
escalas que particularizam a Região Amazônica e estabelecem as características do
caboclo ribeirinho dessa zona rural.

No mês de Julho de 2019 o Comando do 7º BPM, iniciou o PROGRAMA DE


SEGURANÇA RURAL, que baseado em experiências adquiridas por outras
polícias militares do Brasil, buscou junto à comunidade apoio para aquisição
de materiais que permitissem uma ação mais eficiente por parte da Polícia
Militar na prevenção e repressão dessa modalidade criminosa, como
aquisição de rádios de comunicação via satélite, drones, placas
padronizadas de identificação das propriedades além do fornecimento das
informações necessárias para a criação de um banco de dados com
61

informações fidedignas da propriedade como os dados de máquinas,


veículos, implementos agrícolas, dados pessoais dos proprietários e
funcionários e a localização geográfica das propriedades. (ARAÚJO;
OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p. 2).

Contando com experiências positivas de policiais militares de outros estados


que já empregavam o policiamento rural de maneira eficiente e eficaz, a PM de
Rondônia atua em algumas zonas rurais de seu estado, sendo o policiamento rural
executado de maneira particular, tendo em vista o bioma amazônico local.

Atualmente a Unidade realiza o Patrulhamento Rural de forma rotineira


através do PATAMO/7º BPM, por no mínimo uma Guarnição tipo “C”, a qual
é submetida a um regime de escala de (08x16 – 08x16 – 08x16) conforme
Plano de Policiamento do Estado de Rondônia. Levando em consideração
os dados estatísticos com o escopo de cobrir a mancha criminal da área
rural que apurou que 71% das ocorrências policiais na área rural acontecem
entre às 16h00m e 00h00m. (ARAÚJO; OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p.
8).

As particularidades de emprego de policiamento com seus recursos


humanos e logísticos devem ser levadas em conta conforme as peculiaridades do
campo em que está sendo empregado, sendo importante ter sustento também de
inteligência policial para operar com destreza e objetividade.
Araújo, Oliveira e Caonsalter também apresentaram em sua pesquisa as
dificuldades observadas nesse policiamento, contando com situações importantes
para serem discutidas e quiçá aperfeiçoadas:

5.3 Dificuldades encontradas


- Comunicação Deficitária: pois os rádios comunicadores disponíveis na
OPM ainda são analógicos e de curto alcance;
- Deficiência de Logística: O patrulhamento rural é diferenciado, já que o
suporte para apoio é praticamente inexistente, e as equipes devem dispor
em campo de todos meios necessários para sanar quaisquer panes;
- Área de atuação extensa; Cerca de 6 mil km de estradas rurais a serem
cobertas pelo programa;
- Litígio de terra, indústria do esbulho, forte atuação da LCP e MST;
Movimentos que fazem o uso de técnicas de guerrilha para tomar as
propriedades e resistir às investidas policiais, causando grande temor na
população rural. (ARAÚJO; OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p. 9, grifos do
autor).

O estudo de Araújo, Oliveira e Caonsalter mostra a especificidade do


policiamento rural, sendo vistas suas condições particulares para operacionalizar o
policiamento rural, principalmente no ambiente amazônico, com suas condições
extremas.
62

A importância de o policial militar ser um profissional atualizado e com


condições técnicas de operar no policiamento rural é fator preponderante, pois a
gama de informações e conhecimentos para este militar operar são inúmeras e
ainda há a importante interação desse policial com os camponeses.

O primeiro recurso necessário é o Policial Militar treinado, capacitado e


motivado para a execução do programa. Para isso, se faz necessário
treinamento das técnicas de patrulhamento rural, policiamento comunitário,
uso das tecnologias aliadas a técnicas e táticas policiais. (ARAÚJO;
OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p. 9).

Sobre a logística embarcada em viatura policial de policiamento rural,


Araújo, Oliveira e Caonsalter (2020) sugerem no artigo kit de APH de combate;
Veículo Aéreo Não Tripulado (VANT), conhecido por drone; computador portátil
(notebook); motosserra; cabo de aço; GPS; câmera fotográfica; telefone celular; fitas
com catracas e rádio de comunicação via satélite.

Com a efetivação do Programa Segurança Rural, houve uma diminuição


significativa da incidência de crimes contra o patrimônio e
consequentemente outras ocorrências como por exemplo: Crimes
ambientais, violência doméstica, acidentes de trânsito, esbulho possessório
e até homicídios. (ARAÚJO; OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p. 6).

A pesquisa registrada por Araújo, Oliveira e Caonsalter demonstra a


importância e o quanto diminuíram os crimes na zona rural alvo da investigação no
Estado de Rondônia, sendo necessário destacar que até mesmo acidentes de
trânsito tiveram redução, fator este pouco observado em outros estudos quando se
trata de policiamento no campo.

Para que o presente programa tenha resultados relevantes é vital que haja
o envolvimento social maciço, dotado de organização institucional e
comprometimento com as informações apresentadas. Nesse sentido faz-se
necessário o planejamento prévio, para uma organização comunitária
eficiente. Por isso, é extremamente importante o engajamento dos
sindicatos rurais das regiões e também com o público interno, as quais se
apresentam como colaboradores na implantação do Programa na área de
atuação do 7º BPM. (ARAÚJO; OLIVEIRA; CAONSALTER, 2020, p. 14).

O estudo de Araújo, Oliveira e Caonsalter fortalece a importância das


parcerias entre a polícia militar e outros atores da zona rural, como os próprios
trabalhadores rurais, fazendeiros, empresas e associações ligadas aos interesses do
homem do campo, todos com o mesmo objetivo, que é a paz no campo.
63

c) SÃO PAULO

No tocante ao policiamento rural no estado de São Paulo, Navarrete (2014)


leciona que a Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) iniciou esse tipo de
policiamento no ano de 1990, através do 33º Batalhão de Polícia Militar do Interior
(BPM/I), na cidade de Barretos e municípios circunvizinhos. Em seguida, foi
confeccionada a Diretriz CPI-005/03/94, pelo Comando de Policiamento do Interior
(CPI), o qual sistematizou o emprego de policiamento ostensivo no campo,
denominado de Policiamento Rural. Diante de tal normativa, o Comando de
Policiamento Florestal e de Mananciais (CPFM), hoje denominado de Comando de
Policiamento Ambiental (CPAmb), passou a executar também tal tipo de
policiamento, conjuntamente com o anterior. Da experiência em policiar o meio rural
e adotar o policiamento comunitário, o CPFM confeccionou a Nota de Instrução
CPFM-012/30/98, regulando no âmbito deste grande comando de policiamento.

Em 16 de outubro de 1990, numa iniciativa do Ten Coronel PM Luiz


Panhoca Neto, então comandante do 33º BPM/I de Barretos (SP),
começava a operar em caráter experimental nas zonas rurais dos
municípios de Barretos, Bebedouro, Olímpia e Guairá, o RPP/RURAL –
ANEXO 5. (COELHO, 1993, p. 37, grifo do autor).

Tendo em vista que o policiamento rural estivera sendo exercido pelo CPI e
CPFM através de suas unidades operacionais, Navarrete (2014) esclarece que a
PMESP procurou ajustar problemas ocorridos devido haver normativas de ambos os
comandos de policiamento e não ter imposição da PM paulista para dirimir algumas
situações encontradas na rotina operacional, sendo publicada a Diretriz PM3-
008/02/04, que ampliou a perspectiva de emprego de policiamento rural no âmbito
da PMESP.
Com o passar do tempo, a força pública paulista ajustou sua normativa e
revogou a Diretriz PM3-008/02/04, contando agora com melhor entendimento e
direcionamento do policiamento rural no estado de São Paulo.

A Diretriz nº PM3-001/02/09 passou a dispor sobre o aperfeiçoamento do


Policiamento Rural no Estado de São Paulo, sendo esta a norma mais
recente, definindo como esse policiamento seria executado na preservação
da ordem pública em ambientes rurais, inserindo a filosofia de Polícia
comunitária objetivando satisfazer as necessidades básicas de segurança e
atendimento de ocorrências voltadas para o campo. (NAVARRETE, 2014, p.
21).
64

A partir dessa diretriz, a PMESP, por meio de suas unidades de policiamento


territorial, continuou a realizar o policiamento rural, porém com melhor qualidade no
atendimento ao cidadão, pois essa normativa trouxe melhores definições sobre a
maneira de policiar e planejar tais tarefas. Navarrete (2014) ainda afirma que esse
tipo de policiamento passou a constar nas Normas do Sistema Operacional da
Polícia Militar.

Com o envolvimento e conscientização da comunidade rural, pode-se


desenvolver o trabalho experimental de georreferenciamento das
propriedades, onde abaixo se tem um exemplo da identificação e código
aplicado no registro e acionamento da Patrulha Rural. Observa- se descrito
na placa, o nome da fazenda, logo abaixo um código RTG 016 e posterior o
número do telefone da corporação. Dessa forma basta o solicitante informar
através do telefone 190 o código de referência, que o despachador irá
transmitir à equipe de patrulha rural, a qual possui o cadastro desse
indicativo como ponto de interesse no equipamento de GPS, que indicará
automaticamente a rota que deverá percorrer para chegar ao local.
(NAVARRETE, 2014, p. 41).

Com o advento de novas tecnologias, há o uso de georreferenciamento e de


aparelho GPS para geolocalização dos imóveis rurais, o uso de placa
institucionalizada, com um número gerado pelo policiamento rural da PMESP, que
ao ser anunciado através do telefone de emergência 190, o policial militar da polícia
rural saberá quais as rotas e a localização de tal imóvel.

Descreve-se junto ao cadastro da Patrulha Rural, que se encontra utilizando


esse sistema atualmente, que o código RTG 016 tem o seguinte significado:
RTG refere-se ao Município de Restinga – SP e 016 é o número atribuído à
Fazenda Santo Antônio do Monte Belo, sendo neste armazenados todos os
dados suficientes para individualização e reconhecimento de proprietário,
maquinário agrícola e marca registrada de animais. Todo esse
procedimento tem o objetivo de facilitar a atuação da equipe na preservação
da ordem pública e melhora na sensação de segurança do setor rural
envolvido. (NAVARRETE, 2014, p. 21).

Ademais, informações precisas contidas no cadastro, como quantidade de


pessoas que moram e/ou trabalham no lugar, quantidade de animais e outros dados
necessários para serem utilizados pela polícia rural em casos de ocorrências ajudam
na análise de risco e planejamento operacional para atuar em possível demanda no
local parceiro e relacionado. Dessa maneira, é importante haver o entrosamento do
camponês com os policiais rurais, terminando em uma boa convivência e segurança
no campo.
65

Nesse gráfico podemos observar a presença da filosofia de policiamento


comunitário, haja vista que aproximadamente 84% conhecem o Programa
de Patrulhamento Rural, pois dentro de suas funções se fez presente nos
seus setores, levando a aproximação da comunidade junto à Polícia Militar,
o que facilitará o desenvolvimento e aplicação de melhorias para a
segurança pública nesses locais. (NAVARRETE, 2014, p. 56).

O contato aproximado e constante entre o policiamento no campo e a


comunidade rural leva a maior confiança por parte do cidadão para com a polícia
militar, assim como também aumenta a sua sensação de segurança, viabilizando a
paz social na zona rural.

O modelo mais adequado para o planejamento do Policiamento Rural,


orientada por objetivos específicos para o controle dos indicadores criminais
de interesse nos ambientes rurais, portanto, baseado nas localidades com
maiores vulnerabilidades para a criminalidade, entretanto, a atuação
preventiva deve ser desenvolvida de forma a integrar a participação da
comunidade rural, a chamada prevenção social, como ocorre no Programa
Vizinhança Solidária (PVS), uma vez que a presença policial permanente é
uma expectativa da comunidade rural que a PMESP não consegue suprir.
(NAVARRO, 2019, p. 103).

Essa alternativa para potencializar a prevenção no campo citada por Navarro


em sua tese de doutoramento em Ciências Policiais é significativa, pois ela se
apropria da filosofia de policiamento comunitário como ferramenta capaz de
maximizar a segurança na zona rural.

A investigação apontou que a missão complementar do Policiamento


Ambiental na execução do patrulhamento rural, por meio de ações de
polícia ostensiva e de preservação da ordem pública no ambiente rural, é
executada precariamente pelas OPM subordinadas do CPAmb, pois não
houve aporte de recursos humanos e materiais para composição de
patrulhas direcionadas ao patrulhamento rural. (NAVARRO, 2019, p. 131).

O CPAmb da PM paulista designou um grupo para estudar o policiamento


rural no meio ambiental no âmbito da PMESP, o que Navarro (2019) explica que
concluiu e sugeriu fração policial militar específica em policiamento rural e ainda
diretriz, currículo e curso de policiamento rural.

A pesquisa identificou alguns pontos vulneráveis na execução do


policiamento rural pela PMESP que estão relacionados à indisponibilidade
do mapeamento criminal específico para o ambiente rural, baixa ou
inexistência de prioridade na execução do policiamento rural, elevado tempo
de resposta no atendimento de chamados pela dificuldade no acesso e
localização das propriedades rurais e carência de capacitação específica
para atuação no ambiente rural. (NAVARRO, 2019, p. 131).
66

Com a expectativa de cooperar com o policiamento rural realizado na


PMESP, Navarro (2019) faz as seguintes sugestões: mapeamento criminal rural;
identificação das estradas e vias rurais; integração ao Sistema Nacional de Cadastro
Ambiental Rural (SICAR); implantação de programa de vigilância solidária;
implantação de grupo para ações intensivas em ambientes rurais e estruturação de
curso de policiamento rural.

d) DISTRITO FEDERAL

A capital federal apresenta particularidade por ter uma pequena zona rural,
mas mesmo assim possui situações particulares nesse ambiente, contando com as
mesmas características de outras unidades da federação e também com suas
peculiaridades. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) possui em sua estrutura
policiamento preventivo destinado para esse ambiente.

A ideia do Guardião Rural surgiu em 2014 com a criação de grupos de


aplicativo de mensagens em algumas regiões rurais do DF com a finalidade
de otimizar o precário sistema de atendimento e comunicação entre a
população rural e a PMDF. Em 2017, após a criação dos Batalhões Rurais,
um grupo de policiais militares rurais, liderados pelo então MAJ LISBOA,
realizaram uma viagem técnica ao município goiano de Catalão – GO onde
tomaram conhecimento de uma iniciativa da PMGO denominada “Patrulha
Rural Georreferenciada”. Tratava-se de um modelo de policiamento rural
com cadastramento de propriedades rurais por meio de parceria público-
privada com o sindicato rural da região (que compõe o sistema para-estatal
do agronegócio – confederação, federação, sindicatos e serviço nacional de
aprendizagem rural – CNA/FAEG/SENAR/Sindicatos). Pela parceria, os
proprietários rurais filiados ao sindicato compram itens de tecnologia como
drone, smartphone, GPS, laptop e entregam à PMGO que passa a
cadastrar propriedades e lançar os dados em um sistema da Secretaria de
Segurança Pública de Goiás. Ao final do cadastramento, uma placa de
identificação é colocada na entrada da propriedade cadastrada a fim de
tornar público que se trata de uma área monitorada e georreferenciada pela
PMGO. (CUNHA, 2022, p. 3).

Sendo o policiamento rural iniciado no século XXI no Distrito Federal (DF), a


PMDF não mede esforços em aperfeiçoar seu serviço policial voltado para a zona
rural. Com investimentos no segmento, busca novas oportunidades conforme os
avanços locais, exterior e tecnológico, como Cunha demonstra em seu estudo.

Atualmente, o Guardião Rural da PMDF já está presente em grande parte


das áreas rurais do DF. Já são mais de 100 (cem) núcleos rurais e
localidades beneficiadas, mais de 1.200 (um mil e duzentas) pessoas,
67

participando dos grupos e mais de 440 (quatrocentos e quarenta)


propriedades rurais cadastradas. (CUNHA, 2022, p. 5).

Essa possibilidade é importante para o povo do campo, pois lhe serve com
estrutura estatal de segurança pública, com requisitos técnicos de qualidade e ainda
proporciona ao camponês se sentir mais importante e protegido.
Dessa maneira, a PMDF publicou a Portaria 802, de 15 de agosto de 2012,
que regulamentou as atividades e o emprego operacional dos grupos de
policiamento tático, tendo o inciso VI do art. 3º especificado o Grupamento Tático
Rural (GTR) e o art. 9º da mesma portaria, a sua atuação.
Já a Portaria 879 confeccionada no ano de 2013 dispôs sobre a criação do
Grupamento de Policiamento Rural na PMDF. O seu art. 1º objetivou a realização de
tal policiamento ostensivo nas áreas rurais do DF, ficando à época subordinado ao
Batalhão Ambiental da PMDF, mas posteriormente foram criados os Batalhões
Rurais.

e) MINAS GERAIS

O Estado de Minas Gerais iniciou policiamento rural também somente no


século XXI. Moreno (2019, p. 5) assim narra a criação da patrulha rural naquela
corporação policial militar: “Na Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) a Patrulha
Rural foi implantada, primeiramente, no município de Ituiutaba no Pontal do
Triângulo Mineiro, no ano de 2000, com o objetivo de combater os elevados índices
de criminalidade na zona rural”.
Sendo a PMMG um grande expoente no policiamento preventivo brasileiro,
estabeleceu condições técnicas para a execução de tal serviço de policiamento
ostensivo no campo, para melhor servir a sua população da zona rural.

Atualmente a Instrução nº 3.03.08/2013-CG-PMMG, de 23 de setembro de


2013, regula a atuação da Polícia Ostensiva no Meio Rural, possuindo como
finalidade parametrizar o planejamento, a execução, a coordenação, o
controle e a potencialização das atividades de Policiamento Rural em Minas
Gerais, consta também, em seu item 7 (sete) prescrições diversas, 7.10 a
revogação das disposições em contrário, especialmente a Instrução n.º
03/06-CG-PMMG. (MORENO, 2019, p. 6).

Nesse sentido, vê-se a importância de se estabelecer condições normativas


sobre o policiamento rural em condições institucionais de emprego técnico com
68

possibilidades estabelecidas, com vantagens para o homem do campo com o


serviço prestado pela Polícia Militar mineira.

f) PARANÁ

O Estado do Paraná também tem em sua estrutura o policiamento rural para


atuar em meio ao campo, levando seus serviços de policiamento ostensivo para o
povo desse ambiente, com suas possibilidades limitadas por estarem em condições
menos favoráveis que as pessoas que vivem nas grandes cidades.

Na Polícia Militar do Estado do Paraná (2006), a patrulha rural foi instituída


em janeiro de 1996, com ações do policiamento tradicional. A partir do ano
2000 iniciou- se o policiamento rural comunitário. Segundo a PMPR (2006),
os patrulheiros percorrem centenas de quilômetros diariamente para cobrir
as muitas localidades na zona rural dos municípios. (MORENO, 2019, p. 9).

Dado importante sobre o policiamento rural realizado pela Polícia Militar do


Paraná (PMPR) é que tal atividade iniciou nessa corporação em 1996, de maneira
que com o passar do tempo sofreu ajustes institucionais e adequou-se conforme as
possibilidades e exigências de sua população, saindo o policiamento sem muito
contato com o povo do campo para um policiamento de aproximação com a
comunidade rural.

Com amparo na Diretriz 009/2009-PMPR, a Polícia Militar do Estado do


Paraná (PMPR) tem a patrulha rural comunitária desenvolvida. O Programa
Patrulha Rural Comunitária possui finalidade de estabelecer orientações e
determinações a fim de padronizar procedimentos atinentes ao
desenvolvimento do Policiamento Rural no Paraná, com objetivos de regular
a atuação policial militar no campo, definir área de atuação da patrulha rural
e melhorar o emprego e o tempo de resposta em ocorrências em áreas
rurais. (MORENO, 2019, p. 6).

Assim, como a PMMG, a PMPR, ao aperfeiçoar suas atividades de


policiamento rural, também as normatizou e direcionou institucionalmente seu
serviço destinado ao homem do campo, deixando, assim, a execução dessa
atividade de policiamento ostensivo mais técnica e mais segurança para o seu
público-alvo na zona rural.

Seu diferencial está nas equipes realizarem visitas sistematizadas a


proprietários de terras, pequenos agricultores e trabalhadores, nas quais
procuram levantar as prioridades de segurança destes, bem como definir os
problemas que cada região enfrenta. (MORENO, 2019, p. 10).
69

A PMPR acrescentou em sua carta de serviços o policiamento rural de


maneira incipiente, visando atender os mais distantes locais de seu estado, e em
seguida criou expertise, aperfeiçoou sua execução e ajustou essa modalidade com
normatização corporativa para melhor atender o cidadão paranaense.

g) MATO GROSSO

O Estado de Mato Grosso (MT) é conhecido por ser uma das maiores
unidades da federação que atua no agronegócio, com pessoas que vivem e
dependem do campo, consequentemente, a Polícia Militar de Mato Grosso (PMMT)
implantou também o policiamento rural.

Na nossa instituição, em 2003 foi realizada pelo então Capitão Brito Junior
uma pesquisa de campo em uma cidade do interior do Estado,
demonstrando que o Policiamento Rural com o enfoque na filosofia de
polícia comunitária era mais eficaz na prevenção e no controle da
criminalidade na zona rural que as atividades de policiamento tradicional.
(MORENO, 2019, p. 10).

O policiamento rural em Mato Grosso iniciou com estudo de um oficial da


PMMT que chegou à conclusão de que esse tipo de policiamento é importante e leva
segurança para o campo, sendo realizado em aproximação com o homem do
campo, sempre em interação com a comunidade rural. Com o passar do tempo,
esse policiamento foi executado na PMMT de maneira aperfeiçoada.

Ante a necessidade de combater crimes contra o patrimônio ocorridos na


zona rural em alguns municípios da região sul do estado o patrulhamento
rural no 4° Comando Regional iniciou sua atividades no ano 2014, através
do Pelotão de Força Tática. (MORENO, 2019, p. 39).

Na PMMT, o policiamento rural iniciou no segundo decênio do século XXI,


no 4º Comando Regional (CR). A realização desse policiamento ostensivo é parte da
missão da Força Tática (FT) desse estado, contando com condições logísticas e de
conhecimento profissional maior, pois equipes de FT possuem treinamento, recursos
logísticos e conhecimentos técnicos mais apurados que o normal de efetivos
ordinários de policiamento ostensivo.
70

A partir de 2017, já tendo estas necessidades da segurança do campo bem


claras a partir do contexto acima descrito e do Patrulhamento Rural que era
feito até então de maneira embrionária, o Comandante do 4º CR e o
Comandante da 14ª CIPM de Força Tática, passaram a planejar e
desenvolver ações policiais mais ambiciosas no sentido de aprimorar a
segurança da zona rural. Combinando a expertise até então adquirida com
a observação de exemplos positivos de patrulhamento rural desenvolvidos
pelas Polícias Militares do estado de Goiás e de Distrito Federal, nasceu o
Patrulhamento Rural Georreferenciado na PMMT. Neste processo oficiais
participaram de encontros nacionais entre todas as Polícias Militares do
Brasil sobre esta temática, sediados pela CNA (Confederação da Agricultura
e Pecuária do Brasil) em Brasília. (4º COMANDO REGIONAL, 2020, p. 1-2).

Com o passar do tempo de execução de tal policiamento preventivo, a


PMMT importou para sua estrutura de policiamento ostensivo destinado ao campo
conhecimentos técnico adquiridos em outras corporações policiais militares, sendo
destaque o patrulhamento georreferenciado, com sua capacidade tecnológica
agregada ao serviço de policiamento ostensivo rural, assim a PMMT passou a atuar
com melhor precisão no tocante ao reconhecimento do terreno de patrulhamento.

Durante todo este processo foi possível diagnosticar claramente qual é o


"calcanhar de Aquiles" da segurança rural da região do 4º CR: são os
defensivos agrícolas. Estes produtos são essenciais para o plantio e
colheita das commodities agrícolas, o que consiste na principal atividade
econômica da região, e tem um alto valor agregado. Tão alto, que bandos
armados análogos a quadrilhas que outrora roubavam bancos, passaram a
se organizar para invadir propriedades rurais e roubar grande quantidade de
defensivos em longas e violentas ações criminosas. (4º COMANDO
REGIONAL, 2020, p. 2).

A FT do 4º CR, atuando no policiamento rural, adquiriu tanto conhecimento


sobre a atuação dos criminosos no campo de sua região, que constatou que os
criminosos migraram de ações criminosas de assaltos a bancos ultraviolentos para
roubar defensivos agrícolas, ocasionando insegurança para os agricultores.

De 2017 até o presente estas ações postas em prática proporcionaram


excelentes resultados para a segurança rural na região do 4º Comando
Regional. Os trabalhadores e moradores do campo foram inseridos de
maneira mais efetiva ao alcance das ações da Segurança Pública, foram
reduzidos os índices de crimes contra o patrimônio em fazendas, sítios e
chácaras, além de ter ocorrido diversas prisões de bandos criminosos
especializados em roubos e furtos no campo. (4º COMANDO REGIONAL,
2020, p. 2).

A PMMT, através da FT do seu 4º CR, com o georreferenciamento


embarcado e suas equipes executando patrulhamentos direcionados e focados no
campo, conduzidos para o camponês, com serviço de policiamento ostensivo rural
71

mais aproximado com essa gente do campo, obteve mais prisões de criminosos,
consequente redução de crimes no campo e maior segurança para toda a
comunidade rural do território do 4º CR.

3.1. Objetivos
Atender com excelência a região rural do Estado de Mato Grosso,
executando o policiamento ostensivo, preventivo e repressivo rural, este
último quando houver necessidade, com policiamento de aproximação com
a comunidade rural, gerando como consequência uma sensação de
segurança para os moradores do campo.
Identificar e evidenciar os fatores imperativos que exigem uma
reestruturação física, logística e tecnológica da PMMT com o fito de melhor
assistir a população rural, garantindo o seu direito de acesso a segurança
pública de qualidade. (MORENO, 2019, p. 10).

Sobre a evolução do policiamento rural no Mato Grosso, Moreno propõe em


seu relatório a atenção do policiamento rural para todo o estado e ainda
normatização de seu preparo e emprego, para levar a melhores condições de
segurança pública para o povo do campo.

Infelizmente, o nosso Estado têm sido alvo de muitas quadrilhas


especializadas em roubo a banco na modalidade “NOVO CANGAÇO”,
sendo que em sua totalidade, todos os confrontos armados entre os
criminosos e a polícia foram na zona de mata, ou seja, na zona rural de
algum município que havia sido vítimas destes bandos armadas ou
municípios circunvizinhos.
Daí a importância de se entender que este patrulhamento rural deve ser
realizado por uma guarnição de policiamento especializado, composta de
quatro policiais com capacitação para atuação em ambiente rural,
descrevendo condutas de patrulha de busca e patrulha em embarcação
(ribeirinha) e sobre patrulhamento tático, sendo imprescindível a
disponibilidade de material específicos e equipamentos pertinentes para a
implementação de atividade patrulhamento rural. (MORENO, 2019, p. 31).

Nesse contexto de criminalidade ultraviolenta que assola grande parte do


campo no Brasil, a PMMT entende ser mais adequado ao policiamento rural o uso
de equipes com conhecimentos técnicos mais elevados, também logísticos e
material bélico de maior potencial de força e fogo, visando, assim, fazer frente a
possíveis bandos criminosos de maneira positiva e com segurança da equipe, e
consequentemente mantendo a paz no campo.

A missão primordial de uma patrulha rural é o policiamento ostensivo rural


comunitário, visando preservar a ordem pública na zona rural,
consequentemente gerar uma sensação de segurança e o devido
pertencimento desta população no que tange as políticas de segurança
pública. (MORENO, 2019, p. 28).
72

Finalizando o item sobre policiamento rural no Estado de Mato Grosso e sua


execução por parte da força pública, Moreno sabiamente afirma que o papel da
patrulha rural é preservar a ordem, gerando sensação de segurança no campo e
deixando o homem desse ambiente com sentimento de ser realmente cidadão.

5.3 Policiamento rural no Tocantins

O Estado do Tocantins é o foco desta pesquisa e dessa maneira será


exposto adiante como ocorre o policiamento rural nessa unidade da federação por
meio de sua Polícia Militar e quais são os meios e normativas previstos e
empregados em sua execução.

Evidenciou-se que na Polícia Militar do Tocantins somente uma pequena


parcela das UPMs possuem Patrulha Rural implantada, ou seja, das 15
Unidades Policiais pesquisadas, apenas 03 possuem patrulha específica
para atuação no campo, sendo elas 7º Batalhão de Polícia Militar (Sede em
Guaraí), 1ª e 4ª Companhias Independentes de Polícia Militar (Sede em
Arraias e Lagoa da Confusão, respectivamente). Contudo, outras Unidades
já tiveram Patrulhas Rurais instituídas, tais como 6º BPM (Sede em Palmas)
e 9º BPM (Sede em Araguatins), mas, por motivos diversos, foram
desinstaladas. (MELO; BÓ, 2020, p. 11).

A pesquisa de Melo e Bó (2020) detectou que há execução de policiamento


rural da PMTO por parte de algumas de suas unidades operacionais, porém não há
precisão em relação ao ano de início de tal prática na PM tocantinense.
Porém, Brito (2022) em sua recente pesquisa cita que há na PMTO 15
Unidades Policiais Militares (UPMs) e apenas há efetivamente o policiamento rural
em cinco dessas unidades, sendo o 2º BPM, o 7º BPM, o 9º BPM, 3º BPM e a 3ª
Companhia de Polícia Militar (3ª CIPM). Conta, assim, com 93 municípios que são
cobertos por policiamento destinado especificamente ao campo, do total de 139.
Nesse contexto, ficou evidenciado que duas UPMs já tiveram servindo ao
campo com policiamento ostensivo de maneira direcionada, porém, por situações
não especificadas, tais atividades foram extintas nas duas UPMs e há no momento
cinco UPMs com policiamento rural específico em suas respectivas áreas.

Isto posto, analisa-se que pouco menos da metade das Unidades Polícias
militares observadas realizam o policiamento rural com as mesmas viaturas
que atendem a zona urbana, produzindo, via de regra, apenas o
atendimento reativo das ocorrências na zona rural.
73

Aproximadamente 1/3 das UPMs utilizam as equipes de Força Tática para a


realização desta modalidade de policiamento. Contudo, em virtude da
frequente demanda da zona urbana, atuando em apoio às viaturas de área
da Unidade, e frente às constantes ameaças de roubos à instituições
financeiras, o policiamento comunitário rural, por parte dessas equipes
táticas, pode ficar prejudicado.
As Unidades que possuem Patrulhas Rurais, 20% do total, desenvolvem o
policiamento rural utilizando-as. E apenas sete por cento informou que não
está realizando esta vertente de policiamento.
Os pontos discutidos acima sugerem que atualmente não existe
padronização das ações de policiamento rural na Polícia Militar do Estado
do Tocantins, uma vez que não há uniformidade na forma em que o
policiamento rural é realizado pelas UPMs. (MELO; BÓ, 2020, p. 12).

O mesmo estudo mostra que a maioria das UPMs da PMTO realizam


policiamento rural mesmo sem ter equipes exclusivas para tal mister, porém atuam
de maneira deficitária e somente quando são demandadas pela população do
campo.
Outra questão importante é que os territórios designados pela PMTO para as
UPMs efetuarem o policiamento ostensivo são delimitados seguindo condições
parecidas com as regiões imediatas, tendo por base administrativa da PMTO um
município possuidor de magnitude de outros que possuem menores condições
econômicas, populacionais, infraestruturas e outras mais.

O terceiro gráfico demonstra que a maior parte dos comandantes de UPMs


sentiria-se mais encorajada em implantar a patrulha rural em sua Unidade
se existisse o amparo legal, direcionamento normativo, instituído pela
PMTO. Por outro lado, indica também que 20%, têm dúvidas se a
propositura da referida norma regulamentadora, instrumento formal que
guiará não somente a implantação de patrulhas rurais, mas também
padronizará os cursos de policiamento rural, facilitaria sua gestão frente aos
desafios da segurança no campo. (MELO; BÓ, 2020, p. 12 e 13).

A falta de normatização sobre o policiamento rural no âmbito da força


pública tocantinense gera nos comandantes de UPMs pouca confiança jurídica e
técnica em empregar recursos em suas respectivas unidades, sendo, então,
importante a positivação dessa atividade para melhor atender o homem do campo e
dar maior confiança aos comandantes de UPMs.

Os resultados do Gráfico 5 mostraram a ideia de insatisfação do povo rural


frente aos serviços de segurança pública que lhes são prestados.
Possivelmente, esse posicionamento advém da ausência de policiamento
constante, da má qualidade de comunicação entre os órgãos de segurança
e a comunidade rural. Contudo, os referidos dados assinalam a
necessidade de investimentos na área da segurança pública rural neste
Estado.
74

Esse público, em sua totalidade, ainda informou que a implantação de


Patrulhas Rurais nas Unidades de Polícia Militar do Estado do Tocantins
melhoraria a qualidade da segurança pública no campo. E que, teria
interesse em fazer parcerias com a Polícia Militar com a finalidade de elevar
a qualidade da segurança pública prestada ao homem do campo e sua
família. (MELO; BÓ, 2020, p. 14).

A falta de policiamento específico no campo traz para comunidade rural a


sua insatisfação com a PMTO, ainda que aceitem fazer parcerias para possuírem os
serviços públicos de policiamento ostensivo em suas comunidades.

Importa considerar que as experiências em coirmãs demonstram que a


proximidade da Polícia Militar à comunidade influencia diretamente nos
resultados positivos das ações, pois somente por meio da confiança e
estabelecimento de parcerias entre a comunidade e Polícia é possível
construir estratégias que atendam às demandas e ofereça segurança para
todos os envolvidos nesta modalidade de policiamento. (PARRIÃO, 2020, p.
13).

As parcerias entre o homem do campo e a PM já são confirmadas de


maneira positiva estudos em outras corporações policiais militares, sendo assim
fator importante para a atuação constante do policiamento rural, pois o apoio da
comunidade é muito importante, conforme consta na pesquisa de Parrião:

A regulamentação do Patrulhamento Rural exige planejamento e


padronização de acordo com as especificações e necessidades das
localidades a serem atendidas. Tal necessidade justifica-se por vários
fatores identificados nas experiências em outras polícias, como por
exemplo, os riscos a que estão sujeitos os militares empregados sem
treinamento específico para atuar nas ações policiais na zona rural e o uso
de viaturas, armamentos e equipamentos inadequados para acesso e
patrulhamento em áreas de grande extensão como as rurais. Ressalte-se,
ainda, a necessidade de adequação às condições precárias para a
comunicação, o que dificulta a repressão às ações criminosas. (PARRIÃO,
2020, p. 13).

A execução do policiamento rural com a aproximação da comunidade é


importante, ocasionando, segundo pesquisas de Parrião, aperfeiçoamento do
policiamento, melhor interação, sendo fundamental ter condições positivadas pela
corporação para o melhor direcionamento das atividades.
Após tratarmos sobre o policiamento rural em países da América Latina e
algumas unidades da federação brasileira, passa-se à conclusão deste estudo.
75

6 CONCLUSÃO

Esta pesquisa, realizada no campo das ciências policiais, buscou respostas


às seguintes indagações: de que forma está sendo operacionalizado o policiamento
rural na PMTO e quais as demandas para a melhoria dessa modalidade de atuação
policial no Estado do Tocantins? Para responder tal questão, o objetivo geral foi
analisar a operacionalização do policiamento ostensivo em zona rural e as possíveis
demandas para a melhoria dessa modalidade de atuação policial no Estado do
Tocantins.
Para alcançar o objetivo central, a metodologia trabalhada foi o método
qualitativo/quantitativo por meio de uma abordagem descritiva/analítica elaborada
com supedâneo em pesquisa bibliográfica e documental, com leitura de material
coletado, análise e compilação, com fins de aprofundar sobre o assunto abordado na
área da segurança pública, na academia, nas ciências policiais e para levar melhor
serviço ao povo tocantinense.
Para tanto, assuntos os mais diversos foram apresentados e discutidos, com
ênfase aos seguintes temas: o Estado do Tocantins e suas características regionais
e socioeconômicas, as suas atividades produtivas no campo, as ocorrências
criminais nas zonas rurais tocantinense, as doutrinas de policiamento ostensivo, no
Brasil e na América Latina, assim como o policiamento rural executado no Brasil e
nos países da América Latina, e, por fim, o policiamento rural atualmente no
Tocantins.
Fica evidente que o policiamento no campo é uma ferramenta muito eficaz
para a segurança pública na zona rural, com a importância de haver interação com o
policiamento ostensivo de trânsito e de meio ambiente, pois ambos atuam
intensivamente no campo. Dessa maneira, a interoperabilidade em execução desse
tipo de policiamento deve ser integrado, porém, tal atividade precisa ter
direcionamento institucional por parte da PMTO.
De todo o acima exposto, é sugerida proposta de instrução normativa de
policiamento rural e adequação de Procedimento Operacional Padrão (POP) para
esse tipo de patrulhamento, sendo tal expediente proposto em Apêndice, a critério
de conveniência e interesse público, ser aceito pelo comando geral da PMTO e suas
respectivas publicações, para implementação em todo o território tocantinense pela
PMTO.
76

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PMGO. Patrulha Rural Georreferenciada. Apresentação. Power Point. 2017.

POLICÍA NACIONAL DE COLOMBIA. Actualización tomo 2.2: Modelo Nacional de


Vigilancia Comunitaria por Cuadrantes – MNVCC. Imprenta Nacional. 2016.

POLICÍA NACIONAL DE COLOMBIA. Manual de operaciones especiales. Bogotá,


D. C. Colombia, 2009.

POLICÍA NACIONAL DEL PERÚ. Manual de operaciones policiales. 2013.

RAMÍREZ, Augusto Rigoberto López. Patrullaje policial a pie en zonas con alta
presencia de pandillas: Valoraciones para la educación policial. Centro de
Investigación Científica, Academia Nacional de Seguridad Pública. Enero-Junio.
Revista Policía y Seguridad, El Salvador, 2017.

ROA, Edgar David Vargas. Informe ejecutivo: divulgación frentes de seguridad


primer trimestre 2020. Polícia Nacional de Colombia. Director de Carabineros y
Seguridad Rural. Bogotá, abril 2020.
81

SEINFRA. Secretaria de Infraestrutura do Estado do Tocantins. Mapa das rodovias


no estado do Tocantins. Palmas/TO. 2014. Disponível em: http://seinfra.to.gov.br/.
Acesso em 27 mar. 2022.

SUPERINTENDÊNCIA DO DESENVOLVIMENTO DA AMAZÔNIA. Plano Regional


de Desenvolvimento da Amazônia (PRDA): 2020-20123. 1. ed. amp. Belém:
SUDAM, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/sudam/pt-br/documentos/prda-
2020-2023.pdf. Acesso em: 19 mar. 2022.

TOCANTINS. BALANÇO DA SEGURANÇA2020 - ESTATÍSTICAS CRIMINAIS -


Período de análise: Comparativo Anual 2019-2020. 2020.

TOCANTINS. Secretaria do Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Energias


Renováveis. Palmas: Semarh, 2017. Disponível em:
https://www.to.gov.br/semarh/energias-renovaveis/5hkylc4sfqgc. Acesso em: 26 abr.
2022.

USAID. Policía comunitaria: conceptos, métodos y escenarios de aplicación.


Programa para la convivencia ciudadana. México: Insyde ideas. 2013.

VALEC. Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. Construção e exploração de


infraestrutura ferroviária. Palmas-TO, 2013. Disponível em: http//:valec.br. Acesso
em: 20 mar. 2022.

.
82

APÊNDICE A – POP N.º x

POLÍCIA MILITAR DO TOCANTINS


MAPA DESCRITIVO
PROCESSO X
NOME DO PROCESSO: POLICIAMENTO RURAL

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS


MAPA DESCRITIVO
PROCESSO X
NOME DO PROCESSO: POLICIAMENTO RURAL
MATERIAL NECESSÁRIO

1. Equipamentos de Uso Individual – EUI e de viatura (POP X);


2. Viatura operacional tipo camionete e/ou camioneta, de preferência 4x4,
específica para trafegar em estradas e vicinais rurais;
3. Arma longa com bandoleira e 03 (três) carregadores sobressalentes;
4. Global Positioning System (GPS) – Sistema de Posicionamento Global;
5. Dispositivo móvel de telefonia via satélite;
6. Veículo aéreo não tripulado (VANT);
7. Capa de chuva padrão policial militar, com material refletivo na parte
posterior e anterior;
8. Facão para mato com lâmina em aço carbono de 12” (doze polegadas), no
mínimo, com bainha;
9. Luz auxiliar (cilibrim);
10. Corda de multifilamento trançada, 100% em material polipropileno, de 12
(doze) milímetros de largura e 20 (vinte) metros de comprimento, no mínimo;
11. Garrafa térmica de 5 (cinco) litros;
12. Bolsa de equipamentos (Esclarecimentos Item 1);
13. Cartão e plantas da regional; e,
14. Kit de primeiros socorros.
ETAPAS PROCEDIMENTOS
Patrulhamento Rural POP X.01
Visita Comunitária Rural Com POP X.02
Georreferenciamento
83

FUNDAMENTAÇÃO NORMATIVA
DESCRIÇÃO NORMA PÁG.
Deslocamento. Art. 29, inciso VII do x
Código de Trânsito
Brasileiro (CTB).
Poder de polícia. Art. 78 do Código X
Tributário Nacional
(CTN).
Velocidade máxima. Art. 61 do CTB. X
Velocidade mínima. Art. 62 e 219 do CTB. x

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS


MÓDULO X
PROCESSO X POLICIAMENTO RURAL
PROCEDIMENTO X.01 Patrulhamento Rural
ESTABELECIDO EM:
REVISADO EM: Nº DA REVISÃO:
RESPONSÁVEL: COMANDANTE DA EQUIPE
ATIVIDADE CRÍTICA
1. Acondicionamento dos equipamentos;
2. Deslocamento da viatura;
3. Registro do atendimento policial militar;
4. Falta de comunicação; e/ou,
5. Atendimento de ocorrência ou detenção de infrator da lei em abordagem.
SEQUÊNCIA DAS AÇÕES
1. Cautelar o GPS e o VANT;
2. Acondicionar o GPS em local seguro e de fácil acesso;
3. Acondicionar o VANT em embalagem e local seguro e apropriado;
4. Cautelar, o motorista da viatura, os demais equipamentos de viatura;
5. Informar ao Auxiliar de Dia;
6. Iniciar o patrulhamento, conforme preconiza o POP; e,
7. Cumprir a rota estabelecida.
RESULTADO ESPERADO
1. Que a população rural perceba a presença da guarnição;
2. Que a guarnição cumpra a rota das Propriedades Rurais Georreferenciadas,
conforme o planejamento; e/ou,
3. Que os proprietários rurais sejam apoiadores da PMTO caso ocorra assalto
a banco ou ocorrência de grande repercussão, através dos canais de
comunicação disponíveis.
84

AÇÃO CORRETIVA
1. Caso não seja possível cumprir a rota estabelecida, informar imediatamente
ao Auxiliar de Dia;
2. Caso as condições climáticas, de tráfego ou da via sejam desfavoráveis, a
guarnição poderá fechar os vidros; e/ou,
3. Caso a região tenha área sem cobertura de sinal da operadora de telefonia
utilizada pela instituição, fazer uso de telefone móvel via satélite.
POSSIBILIDADES DE ERRO
1. Não verificar as condições de uso dos equipamentos durante a cautela;
e/ou,
2. Não informar ao Auxiliar de Dia.

ESCLARECIMENTOS:
Item 1 – Bolsa dos equipamentos
Confeccionada em material resistente na cor preta.
Medidas: 70 (setenta) centímetros de comprimento, 40 (quarenta) centímetros de
largura e 40 (quarenta) centímetros de altura.
Sistema de fechamento, entre as alças, de zíper em todo seu comprimento.
Itens previstos para serem acondicionados na bolsa dos equipamentos: luz auxiliar
(cilibrim), a corda, o facão com bainha e o kit de primeiro socorros.
85

POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO TOCANTINS


MÓDULO X
PROCESSO X POLICIAMENTO RURAL
PROCEDIMENTO X.02 Patrulha Rural Georreferenciada
ESTABELECIDO EM:
REVISADO EM: Nº DA REVISÃO:
RESPONSÁVEL: COMANDANTE DA EQUIPE
ATIVIDADE CRÍTICA
1. Levantamento das propriedades rurais a serem georreferenciadas;
2. Aproximação do local;
3. Primeiros contatos com os locais e pessoas a serem visitados; e/ou,
4. Abordagens e detenção de infratores.
SEQUÊNCIA DAS AÇÕES

1. Definir, a seção de planejamento da UPM, a propriedade rural onde será


realizada a visita;
2. Receber a ordem de serviço com o planejamento do policiamento (Ação
corretiva nº 1);
3. Informar ao Auxiliar de Dia início do serviço;
4. Iniciar o cumprimento da ordem de serviço;
5. Aproximar da propriedade rural onde será realizada a visita de forma
segura, observando o cenário do ambiente e os objetos que o circundam, bem
como os animais e maquinário presentes na propriedade;
6. Posicionar a viatura de forma a não bloquear a entrada e saída de
máquinas e equipamentos;
7. Apresentar-se à pessoa visitada e informar o seu posto/graduação, nome de
guerra, função na Patrulha Rural Georreferenciada, os números do telefone
móvel da viatura e o de emergência 190;
8. Conhecer a pessoa visitada, identificar seus dados pessoais, atividade
preponderante na zona rural, tempo de fixação no local, seus anseios e
necessidades (Ações corretivas nºs 2 e 3);
9. Informar sobre as ações da Patrulha Rural Georreferenciada;
10. Orientar a pessoa visitada a ter um comportamento proativo, não ser uma
vítima fácil e ser um fiscal da segurança pública;
11. Esclarecer ao cidadão que sua identidade será preservada, quando
86

contribuir com informações úteis à segurança pública;


12. Registrar o atendimento policial militar;
13. Consultar os antecedentes do visitado e dos funcionários;
14. Controlar, o setor de planejamento da UPM, o número de atendimentos
policiais militares por propriedade rural;
15. Realizar o patrulhamento rural ostensivo, com abordagens e PEs; e,
16. Patrulhar ou atender ocorrências em área rural com 04 PMs, uma equipe,
a qual deslocará com arma longa.
RESULTADO ESPERADO
1. Que seja estabelecido um vínculo de confiança entre a Polícia Militar e a
população rural;
2. Que o visitado se torne um agente ativo na promoção da segurança pública;
3. Que sejam obtidos dados precisos para aprimorar o serviço da Patrulha
Rural Georreferenciada;
4. Que o policial identifique situações que classifique o visitado como vítima
fácil ou agressor da sociedade; e/ou,
5. Que o emprego da patrulha rural alcance a sensação de segurança e atinja
níveis de redução de índices criminais em zona rural.
AÇÃO CORRETIVA
1. Caso exista dúvida sobre o planejamento do policiamento, solicitar apoio do
Auxiliar de Dia (Sequência de ação nº 2).
2. Caso a propriedade rural não tenha sido cadastrada, coletar os dados para
o cadastramento eletrônico da propriedade rural (Sequência de ação nº 7):
a. Captar as imagens: da marca do rebanho, maquinários e implementos
agrícolas, sede da propriedade, veículos automotores, defensivos agrícolas
utilizados rotineiramente pela propriedade;
b. Atribuir à propriedade um número de cadastro conforme a ordem sequencial
da Unidade Policial Militar;
c. Fazer o georreferenciamento da propriedade, contendo as coordenadas, o
número de cadastro e o nome da propriedade rural;
d. Emitir um recibo com o número de cadastro de propriedade rural para a
confecção da placa de identificação;
e. Orientar a pessoa visitada sobre o local adequado para a fixação da placa
de identificação; e,
f. Incluir a pessoa visitada no grupo do aplicativo de mensagens instantâneas,
87

esclarecendo sobre a proibição de postagens indevidas.


3. Caso a propriedade rural não tenha sido cadastrada e a pessoa visitada não
seja a proprietária, efetuar o cadastramento, verificar data e horário em que
este possa ser encontrado e informar ao setor de planejamento da UPM para
fins de agendamento e posterior cadastramento de seus dados no cadastro
eletrônico da propriedade e no grupo do aplicativo de mensagens instantâneas
(Sequência de ação nº 7).
4. Caso haja ocorrência em propriedade rural, o COPOM/SIOP deverá acionar
equipes de Patrulha Rural de serviço.
POSSIBILIDADES DE ERRO
1. Afastar da região em que está sendo realizado o policiamento;
2. Desconsiderar as vulnerabilidades do local de visita;
3. Priorizar algumas propriedades rurais em detrimento de outras;
4. Não cadastrar as propriedades rurais corretamente;
5. Não ter efetivo suficiente para emprego e manutenção da patrulha rural;
6. Não fazer as devidas informações ao Auxiliar de Dia; e/ou,
7. Não portar a bolsa com material necessário para patrulha rural.

ESCLARECIMENTOS:
Item I – Placa de Identificação
Com o cadastramento da propriedade, gera-se um número sequencial de cadastro
para identificação da propriedade de forma objetiva e rápida. Após gerar o número
de cadastro, é confeccionada uma placa de identificação a ser afixada em local
visível e estratégico na propriedade rural.
A placa terá as dimensões de 60x45 cm em material de PVC, ACM ou metal, e
conterá as informações: Patrulha Rural Georreferenciada, o número de cadastro, a
unidade e os telefones de contato da Unidade Policial Militar da área, sendo
confeccionada com material refletivo a identificação de ‘ÁREA MONITORADA’.
Essa placa terá como finalidade:
- Identificar a propriedade como participante do projeto de Monitoramento Rural da
Polícia Militar do Estado do Tocantins;
- Gerar um efeito preventivo com a informação da presença da Polícia Militar na
região;
- Facilitar a localização pelas equipes que estão em deslocamento para atendimento
de emergência.
88

APÊNDICE B – INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 00/2023 – DEIP

Normatiza a Patrulha Rural no


âmbito da Polícia Militar do Estado
do Tocantins.

O CORONEL QOPM COMANDANTE-GERAL DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO


DO TOCANTINS, no uso de suas atribuições legais conferidas pelo Artigo 10 da Lei
Complementar nº 79, de 27 de abril de 2012, resolve:

CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 1º – Padronizar a PATRULHA RURAL no âmbito da Polícia Militar do Estado do


Tocantins, estabelecendo normas e padrões de conduta que deverão ser
obedecidos no desenvolvimento dos cursos de formação e nas ações dos grupos de
patrulhamento rural durante suas atividades operacionais.
Art. 2º – A PATRULHA RURAL (PR) é a fração de patrulhamento tático que tem
como missão principal realizar o policiamento ostensivo de maior complexidade e
atuar em ocorrências em ambiente rural.
Art. 3º – Cada Unidade Operacional poderá formar sua Patrulha Rural, devendo
seguir esta outras normas e a Matriz Curricular constantes na corporação.
Art. 4º – As Unidades poderão dar origem à Patrulha Rural voltada ao patrulhamento
em viaturas com quatro rodas, realizando curso específico para capacitação do
efetivo.
Art. 5º – As frações de Patrulha Rural atuarão dentro da circunscrição da sua
Unidade, podendo deslocar-se para apoiar outras áreas, desde que autorizados pelo
Grande Comando ou autoridade superior ao qual são subordinados.
89

CAPÍTULO II
DAS ATRIBUIÇÕES DA PATRULHA RURAL

Art. 6º – Incube à Patrulha Rural:


I – apoiar e realizar o policiamento ostensivo nas áreas rurais dentro da
circunscrição de sua Unidade;
II – apoiar outras Unidades quando solicitado, em caso de grave perturbação da
ordem e autorizado;
III – combater o crime organizado local;
IV – realizar patrulhamentos e abordagens táticas;
V – realizar, excepcionalmente, operações com cães;
VI – atuar em eventos esportivos e culturais;
VII – realizar operações de choque ligeiro, intervenção em estabelecimentos
prisionais, reintegrações de posse e manutenção da ordem em ambientes
conflagrados;
VIII – realizar, nos limites de sua circunscrição, o policiamento de divisas.

CAPÍTULO III
DO CURSO E REQUISITOS PARA INGRESSO

Art. 7º – O Curso de Patrulha Rural será baseado na Matriz Curricular estabelecida


pela corporação, cabendo a cada Unidade fazer o planejamento e apresentar o
plano de curso para apreciação da DEIP (Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa).
Art. 8º – O ingresso na Patrulha Rural depende de aprovação no Curso de
Patrulhamento Rural, sendo exigido do policial militar o voluntariado, a capacidade
de realizar trabalho em equipe, bom preparo físico, controle emocional e lealdade.
Parágrafo único – Os policiais militares detentores dos cursos de pilotagem de alto
risco, patrulhamento tático, cinotecnia, e/ou equivalentes poderão compor as frações
das patrulhas Rurais.
Art. 9º – Para a matrícula no curso, dentre outras exigências pelo respectivo plano, o
policial militar deve:
I – possuir, no mínimo, 01 (um) ano de efetivo serviço policial militar;
II – estar, no mínimo, no bom comportamento;
III – ser considerado apto no exame de saúde;
90

V – ser considerado apto no exame de capacidade física;


VI – ser considerado apto no exame psicológico, na forma da lei e do edital do curso;
VII – possuir Carteira Nacional de Habilitação, no mínimo, categoria “B”.

CAPÍTULO IV
DA COMPOSIÇÃO DA PATRULHA RURAL E DO MODELO DAS VIATURAS

Art. 10 – A fração de Patrulha Rural é composta por grupos, e estes, por equipes,
que deverão conter quatro policiais militares, excepcionalmente três, de forma a
proporcionar maior segurança para os operadores e para a comunidade.
Parágrafo único – Em caso de haver PM estagiário, a equipe poderá operar com
cinco policiais militares.
Art. 11 – As viaturas de quatro rodas da Patrulha Rural deverão ser camionetes ou
camionetas, com tração 4x4, com cubículo e equipamentos ostensivos necessários.
Parágrafo único – Excepcionalmente, a Patrulha Rural poderá utilizar automóveis
de pequeno porte.
Art. 12 – Todos os veículos da Patrulha Rural, de todas as Unidades, deverão
possuir um modelo único de plotagem, com as mesmas cores e brasão,
diferenciando apenas o indicativo da Unidade, discretamente posicionado nas
laterais da viatura, conforme estabelecida pelo comando da corporação.

CAPÍTULO V
DO FARDAMENTO

Art. 13 – Os militares da Patrulha Rural usarão o uniforme conforme previsão no


Regulamento de Uniforme e Insígnias da corporação.

CAPÍTULO VI
DO ARMAMENTO E EQUIPAMENTO

Art. 14 – O Policial Militar da Patrulha Rural usará como armamento primário uma
arma longa, bem como deverá portar pistola como armamento secundário, podendo
munir-se de outros armamentos e equipamentos necessários disponíveis para o
desempenho da missão, quais sejam:
91

I – armas longas cal. 7,62 mm e/ou cal. 5,56 mm;


II – smt cal. .40;
III – carabina cal. .40;
IV – espingarda cal. 12;
V – pistola cal. .40 ou 9 mm;
VI – escudos;
VII – colete;
VIII – algemas;
IX – munições químicas;
X – pistola elétrica;
XI – lanterna;
XII – cassetete;
XIII – outros.

CAPÍTULO VII
DO BREVÊ, DO BRAÇAL E DO BRASÃO

Art. 15 – O brevê ou distintivo do curso de Patrulha Rural será usado pelos policiais
militares que concluírem com aproveitamento o referido curso, conforme prescrições
do Regulamento de Uniformes da PMTO, devendo ser fixado do lado direito do
uniforme acima do bolso.
Art. 16 – O braçal será usado no braço direito pelos policiais militares pertencentes
à Patrulha Rural; fabricado em couro; sobrepostos a ele conterá o brasão do grupo e
o nome “Patrulha Rural” logo abaixo, em letras de metal inox.
Art. 17 – O brasão, símbolo do grupo, será usado no braçal e na caracterização das
viaturas, devendo ser utilizado uniformemente por todas as Patrulhas Rurais do
Estado.

CAPÍTULO VIII
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 18 – Apatrulha Rural deve operar interagindo com o policiamento rodoviário e o


policiamento ambiental proporcionando a interoperabilidade entre esses tipos de
policiamento.
92

Art. 19 – Cabe ao Comandante de Unidade designar um Oficial para o comando,


fiscalização e controle do efetivo da fração de Patrulha Rural.
Art. 20 – O Comandante da fração de Patrulha Rural deverá proporcionar ao seu
efetivo condições para realização de atividades físicas e treinamentos táticos
periódicos.
Art. 21 – As instruções de formação, quando possível, deverão ser realizadas com
participação de integrantes do CPE.
Art. 22 – Revogam-se as normas contrárias a esta Instrução Normativa, sem
prejuízo dos Cursos em andamento até esta data.
Art. 23 – Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Palmas – TO, 02 de maio de 2023.

– CEL QOPM
COMANDANTE GERAL DA PMTO – SECRETÁRIO DE ESTADO
93

ANEXO A – INFORMAÇÕES SOBRE POLICIAMENTO RURAL NO BRASIL

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