Ibracon2014-ArgamassasEstabilizadas

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Estudo da utilização de argamassa estabilizada em alvenaria estrutural de


blocos de concreto

Conference Paper · October 2014

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Paulo Ricardo de Matos Rudiele Schankoski


Universidade do Estado de Santa Catarina Universidade Federal do Espírito Santo
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L.R. Prudêncio Jr
Federal University of Santa Catarina
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Estudo da utilização de argamassa estabilizada em alvenaria estrutural
de blocos de concreto
Study of the use of stabilized mortar in masonry structural concrete blocks

Matos, Paulo Ricardo (1); Schankoski, Rudiele Aparecida (2); Prudêncio Jr., Luiz Roberto (3)

(1) Mestrando, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, PPGEC- UFSC


(2) Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil, PPGEC- UFSC
(3) Professor Doutor, Departamento de Engenharia Civil – UFSC
Departamento de Engenharia Civil, Rua João Pio Duarte da Silva, 205 - Córrego Grande - Florianópolis -
Santa Catarina – Brasil -CEP 88037-000 – Tel.: (48) 3721-5198 - Email: [email protected]

Resumo
O emprego de argamassas estabilizadas vem ganhando espaço nos últimos anos, tanto no Brasil como no
mundo. Isso se deve a diversas vantagens que essas misturas proporcionam: redução de perdas, limpeza
da obra, maior produtividade, misturas mais constantes, redução da responsabilidade de dosagem em obra,
entre outras. Estas vantagens refletem econômica e ambientalmente na indústria da construção civil.
Entretanto, apesar de ainda serem poucos os estudos neste tema, esse tipo de argamassa vem sendo
empregado em situações que requerem responsabilidade estrutural, como é o caso do assentamento de
alvenaria estrutural de blocos de concreto. Isso poderá resultar em problemas patológicos futuros, caso a
argamassa empregada não atenda aos requisitos necessários para gerar paredes com a qualidade
estrutural exigida, tais como resistências mecânicas inadequadas ou baixa durabilidade. Diante disso, este
trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de argamassas estabilizadas de diferentes resistências,
em diferentes tempos de armazenagem. Foram estudadas três argamassas de resistências nominais
distintas (6 MPa, 9 MPa e 14 MPa), sendo utilizados blocos de concreto com resistências compatíveis a
cada uma delas. Para isso, foram avaliadas as propriedades no estado fresco de cada argamassa
(consistência, plasticidade, trabalhabilidade, massa específica e teor de ar incorporado), com dois tempos
de utilização: logo após a confecção das mesmas e 36 horas depois. A fim de avaliar as propriedades no
estado endurecido, foram moldados, para cada idade, corpos-de-prova prismáticos de 4x4x16 cm (ensaios
de flexão e compressão) e cilíndricos de 5x10 cm (ensaios de compressão) de argamassa, além de prismas
de três e quatro fiadas (para ensaios de resistência à compressão/módulo de elasticidade e aderência,
respectivamente), sendo todos ensaiados 28 dias após a moldagem. A análise dos resultados indicou que
as argamassas de 6 MPa e 9 MPa mostraram bons desempenhos, tanto nos corpos-de-prova quanto nos
prismas confeccionados, com baixos teores de ar incorporados. Entretanto, a aderência das mesmas
mostrou-se um pouco abaixo dos valores preconizados pela norma. Já a argamassa de 14 MPa não
apresentou bons resultados, sendo a baixa aderência e resistência mecânica dos prismas atribuídas à
trabalhabilidade inadequada da mesma, dificultando a moldagem dos corpos-de-prova e prismas. Nenhuma
das alvenarias ensaiadas apresentou fator de eficiência adequado. De modo geral, pode-se afirmar que o
uso de argamassas estabilizadas em alvenaria estrutural de blocos de concreto é viável tecnicamente,
sendo recomendado para edificações de médio porte (com blocos de até 9 MPa).
Palavra-Chave: Alvenaria Estrutural, Argamassa Estabilizada, Blocos de concreto.

Abstract
The use of stabilized mortar is growing in recent years, both in Brazil and in the world. This is due to the
many advantages that these mixtures provide: loss reduction, cleaning construction site, higher productivity,
mixtures constant, reduced dosage responsible at the construction site, among others. These benefits reflect
economic and environmentally advantages in the construction industry. However, although the lack of
studies on this issue, this type of mortar has been used in structural situations, such as the settlement of
concrete blocks in structural masonry. This may result in future problems, if the mortar used does not meet
the requirements needed to generate the structural walls with required quality, such as inadequate durability
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1
or low strengths. Thus, this study aimed to evaluate the performance of stabilized mortars of different
resistances at different storage time. Three mortars were studied, with different nominal resistances (6 MPa
to 9 MPa and 14 MPa), using concrete blocks with resistance compatible with each of them. For this, we
evaluated the properties in the fresh state of each mortar (consistency, plasticity, workability, density and
content of entrained air), with two storage times: after preparation and 36 hours later. In order to evaluate the
properties in the hardened state, prismatic specimen 4x4x16 cm (bending tests and compression), cylindrical
specimen 5x10 cm (compression tests), and prisms with three and four blocks (for testing compressive
strength / tensile modulus and adhesion, respectively) were molded for each storage time mortar. All of them
were tested 28 days after molding. The results indicated that the mortars of 6 MPa and 9 MPa showed good
performances in both specimen as the prisms made with low levels of incorporated air. However, the bond
strength results of the same mortars were lowers than the limits recommended by the standard. The mortar
of 14 MPa did not produce good results, with poor bond and compressive strength of the prisms attributed to
inadequate workability of the same, hindering molding of the specimen and prisms. None of the tested
masonry presented appropriate efficiency factor. In general, it can be stated that the use of mortars stabilized
in structural masonry concrete block is technically feasible and is recommended for medium sized buildings
(with blocks of up to 9 MPa).
Keywords: Structural masonry, Stabilized mortar, Concrete blocks.

1 Introdução

A alvenaria estrutural é um dos sistemas construtivos mais antigos existentes,


porém vem se modificando ao longo dos anos de acordo com a evolução científica e
industrial (MOHAMAD, 1998). Trata-se de um tipo de estrutura na qual as paredes são
elementos portantes compostos por unidades de alvenaria (blocos ou tijolos), unidas por
juntas de argamassa, capazes de resistir a outras cargas além de seu peso próprio
(PRUDÊNCIO Jr., OLIVEIRA e BEDIN, 2003).
Este processo construtivo apresenta uma série de aspectos técnico-econômicos que
o destaca principalmente em relação aos métodos tradicionais. A principal vantagem
reside no grande potencial de racionalização de todas as etapas de construção, através
da otimização de recursos temporais, materiais e humanos (MEDEIROS E SABBATINI,
1993).
Também, com o intuito de racionalizar a construção, na década de 1950 surgiram as
argamassas industrializadas (argamassas previamente dosadas, necessitando apenas a
adição de água). Porém, foi na década de 70 que surgiram as argamassas estabilizadas:
argamassas que chegam à obra prontas para uso, capazes de serem armazenadas por
até três dias, mantendo suas características inalteradas. Estas são dosadas em centrais,
misturadas e transportadas em caminhões betoneira, de forma semelhante aos concretos
usinados. Ao chegar à obra, são armazenadas em recipientes previamente instalados,
próximos aos locais de aplicação, devidamente acondicionados (a argamassa não deve
ser exposta à insolação, vento ou demais condições que ocasionem a perda prematura de
água).
Apesar do seu crescente emprego em revestimentos e assentamento de alvenaria
de vedação, as argamassas estabilizadas ainda são pouco utilizadas em aplicações nas
quais têm responsabilidade estrutural, como é o exemplo da alvenaria estrutural de blocos
de concreto. Isso conduz à necessidade de estudos quanto à viabilidade técnica da
aplicação deste material para tais fins.

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2 Materiais de Métodos

2.1 Materiais
2.1.1 Blocos
Foram utilizados blocos de três classes (resistências nominais) distintas: 6 MPa, 9
MPa e 14 MPa. Todos eles eram de concreto vazados, com dimensões de 14 x 19 x 39
cm (largura x altura x comprimento), de paredes finas (aproximadamente 2,5 cm). O peso
dos blocos variou entre 12,5 kg e 17,5 kg, de acordo com a classe de resistência dos
mesmos (blocos mais pesados, para uma mesma geometria, apresentam-se mais
compactos, logo, mais resistentes). Uma das faces da unidade tem espessura de 2,5 cm
(face fina ou inferior) e a outra de 3,2 cm (face grossa ou superior), sendo esta
denominação proveniente da orientação do bloco no assentamento: as unidades são
assentadas com as faces de espessura mais fina para baixo.
2.1.2 Argamassas
Foram ensaiadas três argamassas, sendo a resistência de cada uma delas
compatível com a dos blocos utilizados. Segundo a empresa que forneceu as
argamassas, as mesmas foram compostas de cimento, areias, água e aditivos, nas
devidas proporções apresentadas na Tabela 1. A empresa opta por não utilizar cal nas
argamassas, sendo o efeito de plastificação e retenção de água dado pelo aditivo
incorporador de ar, como visto anteriormente.

Tabela 1- Traços das argamassas ensaiadas.


Proporções (traços)
Componente
6 MPa 9 MPa 14 MPa
Cimento 1,00 1,00 1,00
Areia Natural 6,43 5,41 4,54
Areia Industrial 2,79 2,35 1,97
Água 1,50 1,21 1,07
Plastificante Incorporador de ar 0,23% 0,20% 0,18%
Plastificante Retardador 0,70% 0,70% 0,70%

2.1.3 Areias
Para a confecção das argamassas, foram utilizadas duas areias, sendo uma delas
natural e a outra de britagem (industrial). A seguir, na
Tabela 2, estão resumidas as características das duas areias utilizadas.
Tabela 2 - Caracterização das areias utilizadas.
Propriedade Norma Areia Natural Areia Industrial
Módulo de finura NBR NM 248 1,359 2,604
Material Pulverulento (%) NBR NM 46 0,50 16,30
Massa Específica (g/cm³) NBR NM 52 2,650 2,560

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A composição de areias possibilita a obtenção de um material mais adequado às
zonas granulométricas ótimas/utilizáveis, com um módulo de finura próximo de 2,0
(conforme literatura, é considerado o ideal). Para as argamassas utilizadas neste trabalho,
a composição das areias foi de 70% areia natural e 30% areia industrial, apresentando as
características representadas na Tabela 3 e Figura 1:

Tabela 3 - Caracterização da composição de areias.


Propriedade Norma Composição
Módulo de finura NBR NM 248 1,733
Material Pulverulento (%) NBR NM 46 5,24
Massa Específica (g/cm³) NBR NM 52 2,713

Figura 1 – Curva (distribuição) granulométrica da composição de areias.

2.1.4 Cimento
Segundo a fornecedora das argamassas, a confecção das mesmas foi feita com
cimento CP IV-32 RS. A seguir, na Tabela 4, está um resumo das características
químicas e físicas, fornecidas pelo fabricante do cimento.

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Tabela 4- Características do cimento utilizado
Característica Unidade Limite de Norma Média D.Pad.
Massa Específica g/cm³ - 2,82 -
Perda ao fogo % =< 4,5 3,17 0,17
Resíduo insolúvel % - 28,67 1,55
1 dia* MPa - 14,71 1,3
3 dias* MPa 10 24,55 1,53
7 dias* MPa 20 29,65 1,71
28 dias* MPa 32 42,03 1,95
# 200 % =< 8,0 0,56 0,19
# 325 % - 1,91 0,37
Blaine (cm²/m) cm²/m - 4583 115
Início de pega min >= 60 255 17
Fim de pega min =< 720 328 19
Expanção à quente mm =< 5,0 0 0

2.1.5 Aditivos
Foram usados dois tipos distintos de aditivos na confecção das argamassas: um
plastificante incorporador de ar e um plastificante retardador. Segundo a fabricante dos
mesmos, ambos atendem aos requisitos da NBR 11768 (2011), tipos P e IAR para o
primeiro aditivo e tipos P, R e PR para o segundo. As características técnicas fornecidas
pelo fabricante são apresentadas a seguir, na Tabela 5.

Tabela 5 - Dados técnicos dos aditivos utilizados.


Propriedade Unidade Plastificante Incorporador de ar Plastificante Retardador Unidade
Base química - Resinas sintéticas Poli sacarídeos -
Aparência visual Líquido castanho avermelhado Líquido amarelo visual
pH (23°C) - 10/dez 08/nov -
Densidade (23°C) g/cm³ 1,000 - 1,040 1,160 - 1,200 g/cm³
Sólidos % 4,0 - 6,0 38 - 42 %

2.2 Métodos

A fim de avaliar o desempenho de argamassas estabilizadas no assentamento de


alvenaria estrutural de blocos de concreto, foram testados blocos de três resistências
distintas e argamassas estabilizadas fabricadas por uma empresa fornecedora desse
produto (com resistência à compressão próxima a unidade utilizada), conforme já citado.
Para cada classe de bloco (e respectiva argamassa), foi aplicado o mesmo
procedimento de ensaio, o qual pode ser dividido em três etapas: blocos, argamassas e
prismas.
2.2.1 Blocos
As caracterizações e estudos dos blocos foram compostos pelos seguintes
passos:
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• Pesagem e classificação: conforme Prudêncio Jr., Oliveira e Bedin (2003), é
conhecida a influência da compacidade do bloco na sua resistência à compressão (para
blocos de mesmo volume, os mais pesados tendem a ser mais resistentes devido a maior
compactação imposta). Desta forma, os blocos foram classificados em três grupos: leves,
intermediários e pesados. Cada lote era composto por 80 blocos, sendo necessárias 33
unidades intermediárias (8 blocos para serem assentados nas posições centrais dos
prismas de compressão, 12 para flexão, 6 para realização dos ensaios de compressão e 3
para absorção). Os grupos de blocos leves e pesados foram utilizados no assentamento
das fiadas inferior e superior, respectivamente, dos prismas de compressão e flexão.
• Resistência à compressão: os blocos foram capeados e rompidos conforme a
ABNT NBR 12118 (2011).
• Absorção: as prescrições da ABNT NBR 12118 (2011) consiste em deixar as
unidades no ambiente do laboratório por 24 h, sendo então pesadas (m3). Posteriormente
levar os corpos-de-prova para a estufa a 110ºC e mantê-los por 24 h. Determinar a massa
da amostra seca (m1). Os blocos, então, devem ficar expostos a temperatura ambiente,
até o equilíbrio com a mesma. Em seguida, imergi-los em água (23ºC) e mantê-los por 24
h. Pesar cada unidade na condição saturada com superfície seca (m2). A pesagem de m1
e m2 deverá ser repetida até constância da massa conforme descreve a norma em
questão. A absorção é calculada pela Equação 1:

Equação 1

2.2.2 Argamassa
Para a avaliação de desempenho das argamassas, foram realizados testes nos
estados fresco e endurecido. O armazenamento das mesmas deu-se em recipientes
protegidos do sol e vento. No primeiro dia, após o uso, as argamassas foram cobertas
com uma lona. Em seguida, foi adicionada uma película d’água sobre a lona, a fim de
evitar a evaporação sem alterar a quantidade de água de amassamento.

2.2.2.1 Estado Fresco

• Avaliação da coesão e da plasticidade através do GTec Teste: “Esse ensaio avalia


a trabalhabilidade através da simulação de um assentamento real, por meio da
deformação inicial da junta de argamassas após a colocação da unidade, e a energia
necessária para que a junta se deforme e apresente uma espessura de 1,0 cm. Os limites
estipulados por Casali (2003) para que uma argamassa seja considerada adequada para
o assentamento são: leitura inicial (LI) entre 1,55 a 1,80 cm e número de golpes entre 7 e
15.” (SCHANKOSKI, 2012)
• Slump Test: Conforme prescreve a ABNT NBR NM 67 (1998 para concretos. Esse
ensaio foi realizado para comparação da trabalhabilidade (consistência da mistura) com
os valores da fábrica, já que a mesma dispunha desse ensaio para avaliar a
trabalhabilidade da argamassa;
• Massa específica: de acordo com a ABNT NBR 13278 (2005);

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• Ar incorporado pelo método do picnômetro: método desenvolvida pelo GTec, no
qual o teor de ar incorporado é medido pela variação de volume em um recipiente
contendo argamassa e um líquido, antes e depois da retirada do ar. Conforme explanado
em Schankoski (2012). O ensaio consiste em fazer uma mistura com aproximadamente
50% de álcool e 50% de água e, com o auxílio de um picnômetro de boca larga (utilizados
para massa específica de agregados graúdos), balança de precisão 0,1 g e uma haste de
vidro, realizar o procedimento apresentado na Figura 2 e descrito na sequência.

(a) (b) (c) (d) (e) (f)

Figura 2 – Procedimento para determinação do ar incorporado pelo método do picnômetro.


Fonte: SCHANKOSKI (2012).

(a): Pesar o picnômetro cheio da solução água e álcool (Pic+sol);


(b): Retirar um pouco da solução do picnômetro e pesar, mB;
(c): Colocar cuidadosamente um filete de argamassa no picnômetro, demodo que a solução contida no
recipiente não seja perdida, e pesar, mA;
(d): Preencher o picnômetro com a solução, movimentando o conjunto o menos possível para que o ar
contido na argamassa não seja desincorporado, e pesar (Vc/ar);
(e): Retirar a tampa do picnômetro e, com auxílio de uma haste de vidro, mexer o conteúdo constantemente
até que se perceba a ausência de bolhas no líquido (aproximadamente 3 minutos);
(f): Colar a tampa no picnômetro novamente, e preencher o recipiente com a solução, pesar (Vs/ar).

O teor de ar incorporado é calculado pela Equação 2:

Equação 2

Onde:
Vc/ar: volume do picnômetro com solução e amostra com ar incorporado;
Vs/ar: volume do picnômetro com solução e amostra sem ar incorporado;
Ar: ar incorporado em porcentagem.

2.2.2.2 Estado Endurecido

• Determinação da resistência à compressão: foram moldados corpos-de-prova


cilíndricos (5x10 cm), como prescreve a ABNT NBR 7215 (1997).
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• Determinação da resistência à flexão: com corpos-de-prova prismáticos (4x4x16
cm) conforme prescreve a ABNT NBR 13279 (2005). As metades desses corpos-de-prova
foram rompidas à compressão, a fim de atender aos requisitos da ABNT NBR 15961
(2011) que prescreve a moldagem de corpos-de-prova cúbicos (4 cm) para determinação
da resistência à compressão.

2.2.3 Prismas

Para cada argamassa, foram moldados oito prismas, tanto no primeiro dia (5 horas após a
confecção da argamassa) quanto no segundo dia (36 horas após a confecção da
argamassa), sendo quatro unidades de três fiadas (para ensaios de resistência à
compressão, módulo de elasticidade e fator de eficiência) e quatro unidades de quatro
fiadas (para ensaios de tração na flexão).

2.2.3.1 Confecção dos Prismas

Conforme advertem Prudêncio Jr., Oliveira e Bedin (2003), alguns cuidados foram
tomados nesta etapa, sendo eles:
• Os blocos do topo (para prismas de compressão) e da base (prismas de
compressão e flexão) foram devidamente capeados com pasta de cimento (neste caso, os
blocos foram capeados antes da confecção dos prismas);
• Os blocos de concreto estavam secos ao ar;
• As juntas de argamassa foram feitas com espessuras de (10 ± 3) mm.
Além desses fatores, vale salientar que a aderência entre a argamassa endurecida e o
substrato é um fenômeno essencialmente mecânico, devido, basicamente, à penetração
da pasta aglomerante ou da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades da
base de aplicação (CARASEK, 2007).
Em uma parede real, o peso próprio da alvenaria confere à argamassa uma pressão que
auxilia na penetração da pasta/argamassa nos poros da mesma. Logo, foi tomado o
cuidado de assentar os blocos pesados nas fiadas superiores, tanto nos prismas para
compressão quanto para flexão, para compensar a ausência de fiadas superiores.

2.2.3.2 Ensaio de Resistência à compressão

Os ensaios de resistência à compressão e módulo de elasticidade foram


realizados simultaneamente em cada prisma, 28 dias após a confecção dos mesmos,
seguindo as respectivas normas ABNT NBR 10387 (1989) e ABNT NBR 15961 (2011).
Os prismas foram submetidos à compressão axial, sendo avaliadas as
deformações por meio de extensômetros digitais com leituras instantâneas a cada 20 KN,
até o escoamento da argamassa. Após o escoamento, os aparatos de medição de
deformação eram removidos e os prismas levados à ruptura. Caso a argamassa
começasse a esfarelar (indicando esmagamento da mesma), a carga aplicada era
anotada.

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2.2.3.3 Ensaio de Tração na Flexão

A fim de medir a aderência argamassa/bloco, foram realizados ensaios de tração


na flexão a quatro pontos, com prismas de quatro fiadas, seguindo a norma antiga (ABNT
NBR 8798:1985). Este ensaio difere da nova norma, a qual prescreve a moldagem de
prismas de cinco fiadas. Esta escolha é justificada pelo seguinte fato: no ensaio de flexão
com prismas de quatro blocos, a seção central do mesmo, composta pela junta de
argamassa, está submetida à flexão pura, não sendo submetida a cisalhamento; já no
caso do prisma de cinco blocos as juntas de argamassa do bloco central estão
submetidas a uma parcela de cisalhamento, além de não estarem submetidas à flexão
máxima (flexão esta correspondente à seção central do prisma, composta pelo bloco).
Este ensaio é convencionalmente executado com a aplicação do carregamento
por meio de blocos e/ou peças metálicas sobre o aparato de distribuição de carga.
Entretanto, para uma maior precisão, o carregamento deu-se através de uma prensa
hidráulica. Os prismas foram carregados até a ruptura bloco/junta, sendo esta carga
utilizada posteriormente para o cálculo da resistência à tração na flexão.

3 Resultados e Discussões
3.1 Blocos

Na Tabela 6 estão apresentados os resultados dos ensaios dos blocos de


concreto.
Tabela 6 - Resistência e absorção dos blocos
Classe 6 MPa 9 MPa 14 MPa
9,78 18,06 23,48
9,93 19,44 23,64
Resistência à 10,08 20,16 23,95
compressão
(MPa) 10,3 21,77 26,68
11,18 23,71 27,75
11,64 24,07 29,31
Média 10,49 21,2 25,8
Desvio 0,75 2,4 2,47
CV 7,16% 11,34% 9,56%
Fbk (MPa) 8,91 17,34 21,93
Absorção (%) 6,97 6,62 6,48

As resistências à compressão apresentaram-se bem acima do esperado, sendo


as resistências características (fbk) 61%, 93% e 66% acima das resistências nominais,
para os blocos de 6 MPa, 9 MPa e 14 MPa, respectivamente. Os resultados de absorção
mostraram-se abaixo do limite máximo de 10% prescrito pela ABNT NBR 6136 (2007).

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3.2 Argamassas Estabilizadas
3.2.1 Estado Fresco
Os resultados dos ensaios das argamassas no estado fresco estão apresentados
na Tabela 7.
Tabela 7 - Propriedades das argamassas no estado fresco.
Gtec Teste GTec Teste Massa
Slump Test Ar Incorporado
Argamassa Consistência Plasticidade Específica
(mm) (%)
(mm) (golpes) (kg/m³)
14 MPa 9 MPa 6 MPa

1° dia 75 16,5 4 2119,75 5,94


2° dia 70 17,5 8 2115,8 7,18
1° dia 40 15,5 7 2194,18 6,22
2° dia 10 15 7 2218,71 5,89
1° dia 10 18 18 2077,34 9,00

2° dia * 40 18 8 2060,29 10,72


*: foi adicionada mais água.

Pode-se observar que as argamassas, de modo geral, se enquadraram nos


limites estipulados por Casali (2003) para o ensaio GTec Teste (consistência entre 15,5 e
18,0 mm, plasticidade entre 7 e 15 golpes). De acordo com esse ensaio, elas perderam
pouca trabalhabilidade do primeiro para o segundo dia. Entretanto, pôde-se notar uma
variação do resultado do slump com o tempo.
Desta forma, os resultados de plasticidade e consistência do GTec Teste não
apresentaram correlação com os valores de slump. Tal fato foi comprovado na prática,
durante o assentamento dos blocos, sendo mais evidenciado em dois casos: para
argamassa de 6 MPa, o valor do slump test apresentou pouca variação de um dia para o
outro (75 para 70 mm), enquanto o GTec Teste indicou uma variação de plasticidade de
50% (4 para 8 golpes); já para a argamassa de 9 MPa, tanto os valores de plasticidade
como os de consistência não apresentaram variação significativa, sendo que o resultado
do slump test variou 75% (de 40 para 10 mm). Isso ocorre, provavelmente, porque o teor
de ar incorporado influencia na deformação de forma mais acentuada no GTec Teste do
que no slump (o procedimento de adensamento realizado durante o ensaio slump test
remove grande quantidade de ar, reduzindo a influência deste parâmetro no ensaio).
Quanto ao teor de ar incorporado, para as argamassas de 6 MPa e 9 MPa, foi
sempre inferior a 7,20%. Como já citado, segundo Prudêncio Jr., Oliveira e Bedin (2003),
um teor de ar incorporado inferiores a 10%, em geral não é um valor capaz de causar
prejuízos na resistência à compressão e na extensão de aderência entre a junta de
argamassa e o bloco. Entretanto, a argamassa de 14 MPa apresentou, no segundo dia,
um teor de 10,72% de ar incorporado. Esse teor de ar elevado deve-se, provavelmente, a
adição de água que foi necessária para o assentamento dessa argamassa, uma vez que,
a mistura apresentou-se demasiadamente seca após 36 horas.

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3.2.2 Estado Endurecido
Na Tabela 8 são apresentadas as propriedades do estado endurecido das
argamassas.
Tabela 8 - Propriedades das argamassas no estado endurecido.
Argamassa
Ensaio CP 6 MPa 9 MPa 14 MPa
1° dia 2° dia 1° dia 2° dia 1° dia 2° dia
1 3,72 2,72 4,94 4,00 3,57 3,09
2 3,69 2,71 4,31 4,56 3,57 3,11
3 3,59 2,72 4,42 4,49 3,57 2,63
Flexão
Média 3,67 2,72 4,56 4,35 3,57 2,94
Desvio 0,07 0,01 0,34 0,31 - 0,27
CV 1,85% 0,21% 7,38% 7,01% 0,00% 9,23%

1 11,33 8,1 14,68 15,25 13,31 9,9


2 11,42 7,01 14,38 14,03 12,79 10,6
3 10,95 7,93 15,26 16,3 13,39 10,28
Compressão 4x4
Média 11,28 7,51 14,78 15,19 13,16 10,26
Desvio 0,25 0,59 0,45 1,14 0,33 0,35
CV 2,20% 7,79% 3,03% 7,48% 2,48% 3,39%

1 10,76 10,7 14,27 14,88 12,59 10,36


2 10,9 10,31 14,23 15,24 13,02 8,16
3 11,02 11,11 14,23 14,6 13,08 10,79
Compressão 5x10
Média 10,89 10,71 14,25 14,91 12,9 9,77
Desvio 0,13 0,4 0,02 0,32 0,27 1,41
CV 1,19% 3,74% 0,16% 2,15% 2,07% 14,43%

As resistências à compressão foram superiores ao previsto nas argamassas de 6


e 9MPa (em alguns casos até 68% maiores). No entanto, as argamassas de 14 MPa não
atingiram a resistência nominal. Isso ocorreu, provavelmente, porque essa mistura não
estava com a consistência adequada (muito seca), o que gerou falhas na moldagem no 1º
dia e necessidade de incorporação de água no 2° dia, para que pudessem ser moldados
os prismas, reduzindo a resistência à compressão.
Na flexão, as argamassas de 6 MPa e 9 MPa apresentaram excelente
desempenho. Entretanto, a argamassa de 14 MPa apresentou resistências à flexão
inferiores ao esperado, pela mesma explicação da perda de resistência à compressão
dada anteriormente.

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3.3 Prismas
Os resultados dos ensaios dos prismas (tanto de 3 quanto de 4 fiadas), no estado
endurecido, estão apresentados na Tabela 9.
Tabela 9 – Resultados dos ensaios dos prismas.
6 MPa 9 MPa 14 MPa
Ensaio Prisma
1° dia 2° dia 1° dia 2° dia 1° dia 2° dia
1 7,2 4,35 9,64 11,53 6,04 8,97
2 5,43 4,02 14,36 13,72 6,63 5,32
3 5,71 6 10,47 11,84 10,12 6,83
Resistência
4 - 6,24 12,69 - - -
(MPa)
Média 6,11 5,15 11,79 12,36 7,6 7,04
Desvio 0,95 1,13 2,14 1,19 2,2 1,83
CV 15,56% 21,92% 18,18% 9,59% 29,00% 26,01%
1 0,69 0,42 0,47 0,56 0,23 0,35
2 0,52 0,38 0,7 0,66 0,26 0,21
3 0,55 0,57 0,51 0,57 0,39 0,26
Fator de
4 - 0,6 0,62 - - -
Eficiência
Média 0,59 0,49 0,58 0,6 0,29 0,27
Desvio 0,09 0,11 0,1 0,06 0,09 0,07
CV 15,47% 22,08% 18,21% 9,23% 29,00% 26,01%
1 5,06 4,4 5,94 11,88 8,66 11,2
2 3,98 3,37 11,87 8,25 8,35 9,92
3 5,86 3,66 5,05 7,5 5,86 8,21
E (GPa) 4 - 4,46 8,6 - - -
Média 4,97 3,97 7,87 9,21 7,62 9,78
Desvio 0,94 0,54 3,07 2,34 1,53 1,5
CV 19,00% 13,64% 38,99% 25,43% 20,10% 15,31
1 0,208 0,168 0,088 0,12 0,114 0,118
2 0,168 0,147 0,22 0,117 0,138 0,155
3 0,294 0,132 0,1 0,085 0,104 0,187
Flexão (MPa) 4 - 0,126 0,334 - - -
Média 0,223 0,135 0,186 0,107 0,119 0,153
Desvio 0,064 0,019 0,116 0,019 0,017 0,035
CV 28,83% 13,06% 62,29% 18,07% 14,73% 22,52%

As resistências à compressão foram superiores às esperadas para os prismas de


6 MPa e 9 Mpa (valores correspondentes às resistências dos blocos e argamassas
constituintes). Contudo, o fator de eficiência foi sempre menor que 0,70 (valor este
considerado o mínimo ideal para que a alvenaria trabalhe de forma otimizada). Já para os
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prismas de 14 MPa, as resistências foram bem inferiores ao esperado, com fator de
eficiência inferior a 0,30, tanto para os prismas moldados no 1° dia quanto para os
moldados no 2° dia. Essa grande perda de resistência se deu pela queda de resistência
da argamassa, explicada anteriormente.
Vale salientar que os blocos de concreto apresentaram resistências médias
efetivas muito superiores às características (49%, 93% e 57% superiores,
respectivamente, para os blocos de 6 MPa, 9 MPa e 14 MPa), sendo que as argamassas
foram dosadas para alvenarias com blocos de resistências menores que as obtidas. Esse
fato certamente influenciou no fator de eficiência dos prismas, sendo que o mesmo
provavelmente seria maior se os blocos tivessem resistências mais próximas às nominais.
Uma estimativa para um valor adequado de resistência média dos blocos é,
aproximadamente, a resistência característica dos mesmos, acrescida de 3,0 MPa. Desta
forma, para um fator de eficiência de 0,70, a resistência dos prismas deveria ser
aproximadamente igual à característica dos blocos. Exemplificando uma resistência
característica 6,0 MPa, a resistência média efetiva deve ser aproximadamente 9,0 MPa.
Com um fator de eficiência de 0,70, a resistência do prisma será de 6,3 MPa (próxima da
resistência característica dos blocos).
Observou-se que a forma de ruptura sempre foi por esmagamento da junta de
argamassa, ocorrendo próximo à carga de ruptura do prisma, conforme pode ser
visualizado na Figura 3.

(a) (b)

(c) (d)
Figura 3 – Juntas dos prismas após ruptura à compressão.
(a) 6 MPa – 1° dia; (b) 6 MPa – 2° dia; (c) 9 MPa – 1° dia; (d) 9 MPa – 2° dia.

Percebeu-se também o tempo de armazenamento tende a ter pouca influência na


resistência à compressão dos prismas pois, para os mesmos conjuntos de argamassa e
unidade, as resistências variaram pouco do primeiro para o segundo dia de moldagem. A
ABNT NBR 15961:2011 especifica que, para argamassas com resistência à compressão
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entre 3 e 7 MPa, a resistência de aderência na flexão para devem ser, no mínimo, de 0,15
MPa. Tal resistência de aderência foi alcançado pelos prismas moldados com a
argamassa de 6 MPa no primeiro dia da mistura (0,22 MPa). Entretanto, no segundo dia o
valor de aderência médio foi de 0,14 MPa.
Para argamassas com resistência à compressão superior a 7 MPa, a norma
estipula o valor de 0,20 MPa como o mínimo de aderência desejada. Os prismas
moldados com argamassa de 9 MPa não atenderam à essa exigência, sendo que os
prismas moldados no primeiro dia apresentaram aderência média de 0,19 MPa e para os
moldados no segundo dia, esse valor diminuiu para 0,11 MPa. Os prismas moldados com
argamassa de 14 MPa também não atenderam à exigência da norma, sendo as
aderências médias de 0,12 MPa e 0,15 MPa, respectivamente, para o primeiro e segundo
dia de moldagem.
Algumas hipóteses foram levantadas para explicar o desempenho inadequado
dos prismas de 14 MPa. Em comparação com as demais argamassas, foi utilizado um
menor teor de aditivo incorporador de ar, o qual promove trabalhabilidade à mistura; a
trabalhabilidade inicial, assim como sua manutenção, pode ter sido prejudicada por este
fato. Além disso, o fato de blocos de concreto mais resistentes serem mais compactos
implica em uma menor porosidade dos mesmos, dificultando a percolação de materiais
cimentíceos da argamassa (lembrando que os blocos de concreto de 14 MPa
apresentaram resistências efetivas de aproximadamente 26 MPa). Isso pode ser
observado nos resultados dos ensaios de flexão: quanto maior a resistência da alvenaria,
menor a aderência da mesma. Desta forma, o fato da argamassa de 14 MPa conter maior
quantidade de cimento pode exigir o aumento do teor de incorporador de ar e/ou
estabilizador para melhorar a trabalhabilidade inicial e sua manutenção, assim como a
aderência do conjunto junta/bloco.
Diante desses resultados, percebe-se que o tempo decorrido desde a mistura dos
constituintes até a utilização da argamassa influencia, principalmente, a aderência entre
bloco e junta (fato esse desconsiderado para os prismas de 14 MPa, devido a adição de
água no segundo dia).

4 Conclusões

Em relação a consistência, não foi possível correlacionar os valores obtidos pelo


abatimento de tronco de cone com os do GTec Teste, sendo que o primeiro ensaio não
representou satisfatoriamente a trabalhabilidade das argamassas, enquanto o segundo
ensaio foi mais adequada para essa medida.
A argamassa de 6 MPa mostrou desempenho satisfatório em todos os ensaios
realizados. No estado fresco, tanto no primeiro quanto no segundo dia de
armazenamento, apresentou consistência e plasticidade adequadas, com teor de ar
incorporado de no máximo 7,18%. No estado endurecido, apresentou resistência à
compressão bem acima da resistência nominal, tanto na resistência à compressão de
corpos-de-prova (5x10 cm) quanto (4x4 cm). Referente aos prismas, os que foram
moldados no primeiro dia de armazenamento apresentaram boa resistência de aderência
(47% acima do mínimo prescrito por norma) e resistência mecânica igual à nominal,
apesar de um fator de eficiência de 0,59. Já os moldados no segundo dia de
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armazenagem apresentaram aderência um pouco abaixo do mínimo (7% inferior), além
de resistência mecânica 15% inferior à nominal e fator de eficiência de 0,49.
Em relação à argamassa de 9 MPa, houve uma boa manutenção de
trabalhabilidade, sendo que sua plasticidade e consistência permaneceram praticamente
inalteradas durante o tempo de armazenagem. A resistência à compressão mostrou-se
aproximadamente 65% maior em relação à nominal, tanto para o primeiro como para o
segundo dia de aplicação. Quanto aos prismas, apesar de apresentarem resistência à
compressão cerca de 50% maiores que a nominal, o fator de eficiência dos mesmos ficou
em torno de 0,60, para os dois dias de moldagem. A aderência ficou 5% e 45% abaixo do
exigido pela norma, respectivamente, para o primeiro e segundo dia de moldagem dos
mesmos.
No caso das argamassas de 14 MPa, os resultados não foram satisfatórios. No
primeiro dia, a argamassa apresentou trabalhabilidade inadequada (muito consistente),
dificultando tanto a moldagem dos corpos-de-prova quanto dos prismas. Este fato
provavelmente explica as baixas resistências à compressão (aproximadamente 30%
abaixo da nominal) e baixa aderência (40% abaixo mínimo). No segundo dia, foi
necessário a adição de água para permitir a moldagem, o que ocasionou um decréscimo
na resistência mecânica (cerca de 25% em relação ao primeiro dia). Com a melhora da
trabalhabilidade, houve um aumento na resistência de aderência, entretanto esta ainda
ficou abaixo do mínimo prescrito em norma. A resistência à compressão dos prismas
mostrou-se aproximadamente 50% abaixo da nominal, sendo que o fator de eficiência dos
mesmos não passou de 0,29.
Devido ao bom desempenho dos prismas (com exceção dos prismas de 14 MPa),
é possível afirmar que as argamassas apresentam desempenho satisfatório mesmo
depois de 36 horas. Desta forma, pode-se concluir que a utilização de argamassas
estabilizadas em alvenaria estrutural de blocos de concreto é viável tecnicamente, sendo
recomendada especialmente para edificações de médio porte (nas quais geralmente são
empregados blocos de até 9 MPa).

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