Ibracon2014-ArgamassasEstabilizadas
Ibracon2014-ArgamassasEstabilizadas
Ibracon2014-ArgamassasEstabilizadas
net/publication/331964955
CITATIONS READS
5 284
3 authors:
L.R. Prudêncio Jr
Federal University of Santa Catarina
42 PUBLICATIONS 732 CITATIONS
SEE PROFILE
All content following this page was uploaded by Paulo Ricardo de Matos on 23 March 2019.
Matos, Paulo Ricardo (1); Schankoski, Rudiele Aparecida (2); Prudêncio Jr., Luiz Roberto (3)
Resumo
O emprego de argamassas estabilizadas vem ganhando espaço nos últimos anos, tanto no Brasil como no
mundo. Isso se deve a diversas vantagens que essas misturas proporcionam: redução de perdas, limpeza
da obra, maior produtividade, misturas mais constantes, redução da responsabilidade de dosagem em obra,
entre outras. Estas vantagens refletem econômica e ambientalmente na indústria da construção civil.
Entretanto, apesar de ainda serem poucos os estudos neste tema, esse tipo de argamassa vem sendo
empregado em situações que requerem responsabilidade estrutural, como é o caso do assentamento de
alvenaria estrutural de blocos de concreto. Isso poderá resultar em problemas patológicos futuros, caso a
argamassa empregada não atenda aos requisitos necessários para gerar paredes com a qualidade
estrutural exigida, tais como resistências mecânicas inadequadas ou baixa durabilidade. Diante disso, este
trabalho teve como objetivo avaliar o desempenho de argamassas estabilizadas de diferentes resistências,
em diferentes tempos de armazenagem. Foram estudadas três argamassas de resistências nominais
distintas (6 MPa, 9 MPa e 14 MPa), sendo utilizados blocos de concreto com resistências compatíveis a
cada uma delas. Para isso, foram avaliadas as propriedades no estado fresco de cada argamassa
(consistência, plasticidade, trabalhabilidade, massa específica e teor de ar incorporado), com dois tempos
de utilização: logo após a confecção das mesmas e 36 horas depois. A fim de avaliar as propriedades no
estado endurecido, foram moldados, para cada idade, corpos-de-prova prismáticos de 4x4x16 cm (ensaios
de flexão e compressão) e cilíndricos de 5x10 cm (ensaios de compressão) de argamassa, além de prismas
de três e quatro fiadas (para ensaios de resistência à compressão/módulo de elasticidade e aderência,
respectivamente), sendo todos ensaiados 28 dias após a moldagem. A análise dos resultados indicou que
as argamassas de 6 MPa e 9 MPa mostraram bons desempenhos, tanto nos corpos-de-prova quanto nos
prismas confeccionados, com baixos teores de ar incorporados. Entretanto, a aderência das mesmas
mostrou-se um pouco abaixo dos valores preconizados pela norma. Já a argamassa de 14 MPa não
apresentou bons resultados, sendo a baixa aderência e resistência mecânica dos prismas atribuídas à
trabalhabilidade inadequada da mesma, dificultando a moldagem dos corpos-de-prova e prismas. Nenhuma
das alvenarias ensaiadas apresentou fator de eficiência adequado. De modo geral, pode-se afirmar que o
uso de argamassas estabilizadas em alvenaria estrutural de blocos de concreto é viável tecnicamente,
sendo recomendado para edificações de médio porte (com blocos de até 9 MPa).
Palavra-Chave: Alvenaria Estrutural, Argamassa Estabilizada, Blocos de concreto.
Abstract
The use of stabilized mortar is growing in recent years, both in Brazil and in the world. This is due to the
many advantages that these mixtures provide: loss reduction, cleaning construction site, higher productivity,
mixtures constant, reduced dosage responsible at the construction site, among others. These benefits reflect
economic and environmentally advantages in the construction industry. However, although the lack of
studies on this issue, this type of mortar has been used in structural situations, such as the settlement of
concrete blocks in structural masonry. This may result in future problems, if the mortar used does not meet
the requirements needed to generate the structural walls with required quality, such as inadequate durability
ANAIS DO 56º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2014 – 56CBC 1
or low strengths. Thus, this study aimed to evaluate the performance of stabilized mortars of different
resistances at different storage time. Three mortars were studied, with different nominal resistances (6 MPa
to 9 MPa and 14 MPa), using concrete blocks with resistance compatible with each of them. For this, we
evaluated the properties in the fresh state of each mortar (consistency, plasticity, workability, density and
content of entrained air), with two storage times: after preparation and 36 hours later. In order to evaluate the
properties in the hardened state, prismatic specimen 4x4x16 cm (bending tests and compression), cylindrical
specimen 5x10 cm (compression tests), and prisms with three and four blocks (for testing compressive
strength / tensile modulus and adhesion, respectively) were molded for each storage time mortar. All of them
were tested 28 days after molding. The results indicated that the mortars of 6 MPa and 9 MPa showed good
performances in both specimen as the prisms made with low levels of incorporated air. However, the bond
strength results of the same mortars were lowers than the limits recommended by the standard. The mortar
of 14 MPa did not produce good results, with poor bond and compressive strength of the prisms attributed to
inadequate workability of the same, hindering molding of the specimen and prisms. None of the tested
masonry presented appropriate efficiency factor. In general, it can be stated that the use of mortars stabilized
in structural masonry concrete block is technically feasible and is recommended for medium sized buildings
(with blocks of up to 9 MPa).
Keywords: Structural masonry, Stabilized mortar, Concrete blocks.
1 Introdução
2.1 Materiais
2.1.1 Blocos
Foram utilizados blocos de três classes (resistências nominais) distintas: 6 MPa, 9
MPa e 14 MPa. Todos eles eram de concreto vazados, com dimensões de 14 x 19 x 39
cm (largura x altura x comprimento), de paredes finas (aproximadamente 2,5 cm). O peso
dos blocos variou entre 12,5 kg e 17,5 kg, de acordo com a classe de resistência dos
mesmos (blocos mais pesados, para uma mesma geometria, apresentam-se mais
compactos, logo, mais resistentes). Uma das faces da unidade tem espessura de 2,5 cm
(face fina ou inferior) e a outra de 3,2 cm (face grossa ou superior), sendo esta
denominação proveniente da orientação do bloco no assentamento: as unidades são
assentadas com as faces de espessura mais fina para baixo.
2.1.2 Argamassas
Foram ensaiadas três argamassas, sendo a resistência de cada uma delas
compatível com a dos blocos utilizados. Segundo a empresa que forneceu as
argamassas, as mesmas foram compostas de cimento, areias, água e aditivos, nas
devidas proporções apresentadas na Tabela 1. A empresa opta por não utilizar cal nas
argamassas, sendo o efeito de plastificação e retenção de água dado pelo aditivo
incorporador de ar, como visto anteriormente.
2.1.3 Areias
Para a confecção das argamassas, foram utilizadas duas areias, sendo uma delas
natural e a outra de britagem (industrial). A seguir, na
Tabela 2, estão resumidas as características das duas areias utilizadas.
Tabela 2 - Caracterização das areias utilizadas.
Propriedade Norma Areia Natural Areia Industrial
Módulo de finura NBR NM 248 1,359 2,604
Material Pulverulento (%) NBR NM 46 0,50 16,30
Massa Específica (g/cm³) NBR NM 52 2,650 2,560
2.1.4 Cimento
Segundo a fornecedora das argamassas, a confecção das mesmas foi feita com
cimento CP IV-32 RS. A seguir, na Tabela 4, está um resumo das características
químicas e físicas, fornecidas pelo fabricante do cimento.
2.1.5 Aditivos
Foram usados dois tipos distintos de aditivos na confecção das argamassas: um
plastificante incorporador de ar e um plastificante retardador. Segundo a fabricante dos
mesmos, ambos atendem aos requisitos da NBR 11768 (2011), tipos P e IAR para o
primeiro aditivo e tipos P, R e PR para o segundo. As características técnicas fornecidas
pelo fabricante são apresentadas a seguir, na Tabela 5.
2.2 Métodos
Equação 1
2.2.2 Argamassa
Para a avaliação de desempenho das argamassas, foram realizados testes nos
estados fresco e endurecido. O armazenamento das mesmas deu-se em recipientes
protegidos do sol e vento. No primeiro dia, após o uso, as argamassas foram cobertas
com uma lona. Em seguida, foi adicionada uma película d’água sobre a lona, a fim de
evitar a evaporação sem alterar a quantidade de água de amassamento.
Equação 2
Onde:
Vc/ar: volume do picnômetro com solução e amostra com ar incorporado;
Vs/ar: volume do picnômetro com solução e amostra sem ar incorporado;
Ar: ar incorporado em porcentagem.
2.2.3 Prismas
Para cada argamassa, foram moldados oito prismas, tanto no primeiro dia (5 horas após a
confecção da argamassa) quanto no segundo dia (36 horas após a confecção da
argamassa), sendo quatro unidades de três fiadas (para ensaios de resistência à
compressão, módulo de elasticidade e fator de eficiência) e quatro unidades de quatro
fiadas (para ensaios de tração na flexão).
Conforme advertem Prudêncio Jr., Oliveira e Bedin (2003), alguns cuidados foram
tomados nesta etapa, sendo eles:
• Os blocos do topo (para prismas de compressão) e da base (prismas de
compressão e flexão) foram devidamente capeados com pasta de cimento (neste caso, os
blocos foram capeados antes da confecção dos prismas);
• Os blocos de concreto estavam secos ao ar;
• As juntas de argamassa foram feitas com espessuras de (10 ± 3) mm.
Além desses fatores, vale salientar que a aderência entre a argamassa endurecida e o
substrato é um fenômeno essencialmente mecânico, devido, basicamente, à penetração
da pasta aglomerante ou da própria argamassa nos poros ou entre as rugosidades da
base de aplicação (CARASEK, 2007).
Em uma parede real, o peso próprio da alvenaria confere à argamassa uma pressão que
auxilia na penetração da pasta/argamassa nos poros da mesma. Logo, foi tomado o
cuidado de assentar os blocos pesados nas fiadas superiores, tanto nos prismas para
compressão quanto para flexão, para compensar a ausência de fiadas superiores.
3 Resultados e Discussões
3.1 Blocos
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3 – Juntas dos prismas após ruptura à compressão.
(a) 6 MPa – 1° dia; (b) 6 MPa – 2° dia; (c) 9 MPa – 1° dia; (d) 9 MPa – 2° dia.
4 Conclusões
5 Referências
______. NBR 6136: Blocos vazados de concreto simples para alvenaria — Requisitos.
Rio de Janeiro, 2007.
PRUDÊNCIO JR, L. R.; OLIVEIRA, A. L., BEDIN, C.A. Alvenaria estrutural de blocos de
concreto. Editora Gráfica Palloti, Florianópolis, 2003.