Vida Útil Das Estruturas de Concreto

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A NOVA NB 1/2003 (NBR 6118) E A


VIDA TIL DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO


Paulo Helene. MSc, PhD, Professor Titular. Universidade de So Paulo PCC.USP. www.pcc.usp.br Education, Research & Consultancy on Concrete
Materials & Structures. Escola Politcnica. Brasil www.poli.usp.br Chairman of Civil Construction & Urban Engineering Graduate Courses. Deputy
Chairman of fib (CEB-FIP) Commission 5 "Structural Service Life Aspects". Chairman of Ibero American Network on Concrete Structures Rehabilitation
www.rehabilitar.pcc.usp.br Presidente do IBRACON Instituto Brasileiro do Concreto www.ibracon.org.br
Resumo
Nos ltimos anos tem crescido o nmero de estruturas de concreto armado com manifestaes patolgicas, principalmente
com problemas de corroso de armaduras, como resultado do envelhecimento precoce das construes existentes.
A perda da proteo natural oferecida armadura pelo cobrimento de concreto pode ocorrer atravs de diversos mecanismos
sendo preponderantes a despassivao por carbonatao e por elevadas concentraes de ons cloreto. Em ambos os casos,
na maioria das vezes, todo o componente estrutural atacado pelo ambiente externo, porm a manifestao da corroso se
d somente em alguns pontos localizados, como resultado da prpria natureza do processo de corroso eletroqumica onde
regies andicas alternam-se com regies de carter preponderantemente catdico.
Tambm o concreto de per si sofre o ataque do ambiente deteriorando-se. Em algumas situaes a prpria m escolha dos
materiais constituintes do concreto pode gerar incompatibilidades e reaes deletrias. Em todos os casos a estrutura de
concreto pode vir a ser seriamente afetada.
Essas constataes tanto no mbito nacional quanto no mbito internacional, demonstraram que as exigncias e
recomendaes existentes nos textos das principais normas de projeto e execuo de estruturas de concreto vigentes na
dcada de 80 eram insuficientes. A dcada de 90 caracterizou-se, ento, por um forte movimento nacional e internacional de
introduo do conceito de vida til no projeto das estruturas de concreto.
Consciente dessa problemtica, a engenharia brasileira iniciou, ainda no fim da dcada de 80, as atividades de reviso da
norma brasileira, ora concluda
i
e comentada
ii
.
Este trabalho apresenta e justifica as novas exigncias da Normalizao brasileira. Foram introduzidos dois novos captulos
especficos (6 e 7) que permitem uma previso da evoluo da deteriorao das estruturas de concreto armado atravs de
modelos de comportamento que viabilizam projetar para durabilidade e no apenas para resistncia mecnica e segurana
estrutural.
Palavras chave: vida til; durabilidade do concreto; normalizao; estruturas de concreto.
Abstract
The number of reinforced concrete structures with lack of durability, has been increased during the last years, as a result of
the premature aging of these structures
iii
.
The lost of the rebar protection by the concrete cover may occur due to various factors but the main one is the depassivation
of the rebar due to carbonation or excessive chloride ions concentration. Also the concrete material can be affected by
aggressive environments and present early deterioration. Sometimes the concrete composition materials can present
incompatibilities and deleterious reactions. In all cases, the structure as a whole can be seriously damaged.
These occurrences shown that the national and international concrete codes by the 80 decade must be changed. During the
90-decade the most important concrete codes, fib(CEB-FIP) Model Code and ACI 318, have changed presenting news
criteria to achieve more durability, introducing the service life concepts in the design of concrete structures.
During more than one decade, the National Concrete Experts Commission modifies the old Brazilian Concrete code NB
1/1978 achieving the new one, called NB 1/2003
1
. Among others important updating chapters, two new one (chapters 6 and
7) was introduced to increase durability. This paper presents and justifies the news requirements
2
.

i
ASSOCIAO BRASILEIRA de NORMAS TCNICAS. Projeto de Estruturas de Concreto Procedimento. NBR 6118 (NB
1/2003). Rio de Janeiro, ABNT, Maro 2003. 170 p.
ii
INSTITUTO BRASILEIRO do CONCRETO. Comentrios Tcnicos NB-1. So Paulo, IBRACON, Prtica Recomendada n. 1,
Junho 2003. 70 p.
iii
COMMITTEE on CONCRETE DURABILITY: NEEDS and OPPORTUNITIES. Concrete Durability: A Multibillion-Dolar
Opportunity. Washington, NMAB, CETS, NRC, National Academy Press, 1987. (Report NMAB-437)
MEHTA, P. Kumar. Durability of Concrete - Fifty Years of Progress? In: V. M. Malhotra, ed. Proceedings of the Second International
Conference on Durability of Concrete. Detroit, ACI, 1991. p.1-31 (SP-126)
MEHTA, P. Kumar. Durability of Concrete in Marine Environment- an Overview. In: . ed. Proceedings of Gerwick Symposium on
Durability of Concrete in Marine Environment. Berkeley, University of California, 1989.

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Keywords: service life; durability; concrete structures; concrete codes.
______________________________
Sumrio
Introduo
Conceito Sistmico de Durabilidade
Mecanismo de Envelhecimento e Deteriorao
Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos ao concreto
Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos armadura
Mecanismos de deteriorao da estrutura propriamente dita
Classificao da Agressividade do Meio Ambiente
Classificao dos Concretos
Agressividade do Meio versus Durabilidade do Concreto
Definio de Vida til
Os Quatro (4) Mtodos de Previso da Vida til
1 Com base nas experincias anteriores
2 Com base em ensaios acelerados
3 Com base a enfoque determinista
4 Com base a enfoque estocstico ou probabilista
Exemplo de aplicao da norma
_______________________________
Introduo
A introduo da durabilidade no projeto das estruturas de concreto pode ser efetuada, em princpio, atravs de um dos
seguintes quatro procedimentos de espectro amplo, porm com autor e idade desconhecidos:
com base nas experincias anteriores
com base em ensaios acelerados
com base a enfoque determinista,
com base a enfoque estocstico ou probabilista
Evidentemente essa viso a que o meio tcnico pode ter hoje, como consequncia da enorme evoluo havida nos ltimos
anos nesse campo. No incio das construes em concreto, comandava apenas o bom senso e a experincia do profissional,
sendo a durabilidade claramente subjetiva.
O estudo da durabilidade das estruturas de concreto armado e protendido tem evoludo graas ao maior conhecimento dos
mecanismos de transporte de lquidos e de gases agressivos nos meios porosos como o concreto, que possibilitaram associar
o tempo aos modelos matemticos que expressam quantitativamente esses mecanismos. Consequentemente passou a ser
vivel a avaliao da vida til expressa em nmero de anos e no mais em critrios apenas qualitativos de adequao da
estrutura a um certo grau de exposio.
O princpio bsico, no entanto, no alterou-se. H necessidade, por um lado, de conhecer, avaliar e classificar o grau de
agressividade do ambiente e, por outro, de conhecer o concreto e a geometria da estrutura, estabelecendo ento a
correspondncia entre ambos, ou seja, entre a agressividade do meio versus a durabilidade da estrutura de concreto
3
.
A resistncia da estrutura de concreto ao do meio ambiente e ao uso depender, no entanto, da resistncia do concreto e
da resistncia da armadura. Qualquer dos dois que se deteriore, comprometer a estrutura como um todo.
Os principais agentes agressivos armadura, o gs carbnico CO
2
e o cloreto Cl
-
, no so agressivos ao concreto, ou seja
no o atacam deleteriamente. Por outro lado, os agentes agressivos ao concreto como os cidos, que contribuem para a
reduo do pH e consequente risco de despassivao da armadura, assim como os sulfatos e at a prpria reao lcali-
agregado, que geram produtos expansivos destruindo o concreto de cobrimento e de proteo da armadura, atuam de forma
dupla, atacando principal e primeiramente o concreto e secundariamente a armadura.
Portanto, apesar de no ser comum na normalizao disponvel at poucos anos atrs, hoje em dia conveniente e
indispensvel uma separao ntida entre os ambientes preponderantemente agressivos armadura dos ambientes
preponderantemente agressivos ao concreto. Da mesma forma, o trao ou a composio do concreto, ou seja, a proporo e a
natureza dos materiais que o compe, devem ser tratados em separado; concretos resistentes a meios agressivos armadura e
concretos resistentes a meios agressivos ao prprio concreto.

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Conceito Sistmico de Durabilidade
A questo da vida til das estruturas de concreto deve ser enfocada de forma holstica, sistmica e abrangente, envolvendo
equipes multidisciplinares. Deve tambm ser considerada como resultante de aes coordenadas e realizadas em todas as
etapas do processo construtivo: concepo ou planejamento; projeto; fabricao de materiais e componentes; execuo
propriamente dita e principalmente durante a etapa de uso e operao da estrutura. nessa etapa onde sero realizadas as
operaes de vistoria
iv
, monitoramento
v
e manutenes
vi
preventivas e corretivas, indispensveis numa considerao
correta e sistmica da vida til.
Alguns dos documentos de referncia que bem tratam do tema durabilidade so o CEB-FIP Model Code 90
4
, CEB Design
Guide
5
, ACI COMMITTEE 201
6
, o projeto de norma europia ENV-206
7
, artigos de especialistas no tema tais como
Andrade & Gonzalez
8
, Helene
9
, Rostam
10
, e documentos clssicos como a norma CETESB L1 007
11
. Tomando por base
esses documentos fica claro que gerir o problema da durabilidade das estruturas de concreto implica em bem responder as
seguintes questes gerais:
1. Quais so os mecanismos de envelhecimento das estruturas de concreto armado e protendido?
2. Como classificar o meio ambiente quanto sua agressividade armadura e ao concreto?
3. Como classificar o concreto quanto sua resistncia aos diferentes meios agressivos?
4. Qual a correspondncia entre a agressividade do meio e a resistncia deteriorao e ao envelhecimento da estrutura
de concreto?
5. Qual a definio de vida til?
6. Quais so os mtodos de previso da vida til?
7. Quais devem ser os critrios de projeto arquitetnico e estrutural?
8. Como deve ser a dosagem e a produo do concreto?
9. Quais os procedimentos adequados de execuo e controle da estrutura?
10. Quais os procedimentos e critrios para bem exercer a vistoria, o monitoramento e a manuteno das estruturas?
No objetivo deste trabalho tratar em profundidade todas essas dez (10) respostas bsicas necessrias correta gesto de
um problema de durabilidade das estruturas de concreto. Procurar-se- responder, de forma resumida e objetiva, somente as
seis primeiras perguntas.
Mecanismos de Envelhecimento e Deteriorao
Os mecanismos mais importantes e frequentes de envelhecimento e deteriorao das estruturas de concreto so:
Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos ao concreto:
a) lixiviao: por ao de guas puras, carbnicas agressivas e cidas que dissolvem e carreiam os compostos
hidratados da pasta de cimento. A sintomatologia bsica uma superfcie arenosa ou com agregados expostos
sem a pasta superficial, com eflorescncias de carbonato, com elevada reteno de fuligem e com risco de
desenvolvimento de fungos e bactrias. Como consequncia observa-se tambm uma reduo do pH do extrato
aquoso dos poros superficiais do concreto do componente estrutural com risco de despassivao da armadura;
b) expanso por ao de guas e solos que contenham ou estejam contaminados com sulfatos dando origem a
reaes expansivas e deletrias com a pasta de cimento hidratado. A sintomatologia bsica uma superfcie
com fissuras aleatrias, esfoliao e reduo significativa da dureza e resistncia superficial do concreto, com
consequente reduo do pH do extrato aquoso dos poros superficiais, colocando em risco a passivao das
armaduras. Do ponto de vista do concreto, os sulfatos presentes na gua do mar, nas guas servidas, nas guas
industriais e nos solos midos e gessferos, podem, acarretar reaes deletrias de expanso com formao de
compostos expansivos do tipo etringita e gesso secundrio
12
;

iv
Tambm usualmente denominada atividades de inspeo preliminar, de inspeo detalhada, de inspeo principal ou de inspeo
cadastral, conforme: ASSOCIAO BRASILEIRA de NORMAS TCNICAS. Vistoria de Pontes e Viadutos de Concreto. NBR
9452. Rio de Janeiro, ABNT, ago. 1986. DEPARTAMENTO NACIONAL de ESTRADAS de RODAGEM. Norma de
Procedimentos para Apresentao de Estudos Tcnicos para Viabilizao e Acompanhamento do Transporte de Cargas
Excepcionais. Braslia, DNER, Exp. 413/AET, 1985. DEPARTAMENTO NACIONAL de ESTRADAS de RODAGEM. Vistoria de
Pontes e Viadutos de Concreto Armado e Protendido. Braslia, DNER, IPR, PRO-OA 49-78, 1978. DERSA
DESENVOLVIMENTO RODOVIRIO S.A. Especificao Tcnica para Inspeo e Avaliao Estrutural / Funcional de Obras de
Arte Especiais de Concreto Armado e Protendido. So Paulo, DERSA, Documento Tcnico ET-C01/007, set. 1995)
v
Tambm denominado atividades de acompanhamento ou de controle.
vi
Tambm denominada atividades de conservao de obras, conforme: INSTITUTO de ENGENHARIA de SO PAULO. Manifesto.
1997; INSTITUTO de ENGENHARIA de SO PAULO. Especificaes para Contratao de Servios de Engenharia Consultiva
Relativos a Obras de Arte. So Paulo, IE, Diviso de Estruturas, sd.

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c) expanso por ao das reaes entre os lcalis do cimento e certos compostos e agregados reativos. Dentre os
agregados reativos pode-se destacar a opala, a calcednia, as slicas amorfas e certos calcrios. Alm de
agregados outros compostos reativos, inclusive os prprios silicatos hidratados da pasta de cimento podem
reagir com os lcalis. Para que essas reaes venham a ser significativamente deletrias necessrio estar em
presena de elevada umidade. A sintomatologia bsica uma expanso geral da massa de concreto com
fissuras superficiais, profundas e aleatrias no caso de massa contnua, e ordenadas no caso de estruturas
delgadas.
d) reaes deletrias superficiais de certos agregados decorrentes de transformaes de produtos ferruginosos
presentes na sua constituio mineralgica. Destaca-se como exemplo os problemas oriundos com agregados
que contm pirita que pode acarretar manchas de ferrugem, cavidades e protuberncias na superfcie dos
componentes de concreto.
Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos armadura:
a) despassivao por carbonatao, ou seja, por ao de gs carbnico da atmosfera que penetra por difuso e
reage com os hidrxidos alcalinos da soluo dos poros do concreto reduzindo o pH dessa soluo. A
despassivao deletria s ocorre de maneira significativa em ambientes de umidade relativa abaixo de 98% e
acima de 60%, ou em ambientes sujeitos a ciclos de molhagem e secagem, possibilitando a instalao da
corroso. O fenmeno de carbonatao propriamente dita, no perceptvel a olho nu, no reduz a resistncia
do concreto e at aumenta sua dureza superficial. A identificao da frente ou profundidade de carbonatao
requer ensaios especficos. Ao atingir a armadura, dependendo das condies de umidade ambiente pode
promover sria corroso com aparecimento de manchas, fissuras, destacamentos de pedaos de concreto e at
perda da seo resistente e da aderncia, promovendo o colapso da estrutura ou de suas partes;
b) despassivao por elevado teor de on cloro (cloreto), ou seja, por penetrao do cloreto atravs de
processos de difuso, de impregnao ou de absoro capilar de guas contendo teores de cloreto que ao
superarem, na soluo dos poros do concreto, um certo limite em relao concentrao de hidroxilas,
despassivam a superfcie do ao e instalam a corroso. Eventualmente, esses teores elevados de cloreto podem
ter sido introduzidos, inadvertidamente, durante o amassamento do concreto, geralmente atravs do excesso de
aditivos aceleradores de endurecimento. O fenmeno no perceptvel a olho nu, no reduz a resistncia do
concreto nem altera seu aspecto superficial. A identificao da frente ou da profundidade de penetrao de
certo teor crtico de cloreto requer ensaios especficos. Ao atingir a armadura pode promover sria corroso
com aparecimento de manchas, fissuras, destacamentos de pedaos de concreto e at perda da seco resistente
e da aderncia, promovendo o colapso da estrutura ou de suas partes.
Mecanismos de deteriorao da estrutura propriamente dita:
So todos aqueles relacionados s aes mecnicas, movimentaes de origem trmica, impactos, aes cclicas
(fadiga), deformao lenta (fluncia), relaxao, e outros considerados em qualquer norma ou cdigo regional,
nacional ou internacional, mas que no esto no escopo deste trabalho.
Classificao da Agressividade do Meio Ambiente
A agressividade do meio ambiente est relacionada s aes fsicas e qumicas que atuam sobre as estruturas de concreto,
independentemente das aes mecnicas, das variaes volumtricas de origem trmica, da retrao hidrulica e outras
previstas no dimensionamento das estruturas de concreto.
A classificao da agressividade do ambiente, com base nas condies de exposio da estrutura ou suas partes, deve levar
em conta o micro e macro clima atuantes sobre a obra e suas partes crticas.
A classificao da agressividade do meio ambiente s estruturas de concreto armado e protendido, pode ser avaliada,
simplificamente para fins de projetos correntes, segundo as condies de exposio da estrutura ou de suas partes, conforme
apresentado na Tabela 1 (Tabela 6.1 da NBR 6118).
Uma classificao mais rigorosa, com base na concentrao efetiva de certas substncias agressivas no ambiente que
envolve a estrutura ou suas partes pode tambm ser utilizada em casos especiais, recomendando-se os limites orientativos
constantes da norma CETESB L 1.007. Em lugar dessa norma e no caso de agressividade ao concreto, um outro critrio
mais rigoroso pode ser a avaliao atravs de determinaes especficas conforme os valores referenciais propostos pelo
CEB / FIP Model Code 1990, apresentados na Tabela 2.


Tabela 1 (Tabela 6.1 da NBR 6118). Classes de agressividade ambiental
Classe de agressividade
ambiental
agressividade Classificao geral do tipo de
ambiente para efeito de projeto
Risco de deteriorao
da estrutura

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I Fraca Rural / Submersa Insignificante
II Moderada Urbana*
,
** Pequeno
III Forte Marinha* / Industrial*
,
** Grande
IV Muito forte Industrial*
,
*** / Respingos de mar Elevado
* Pode-se admitir um micro-clima com uma classe de agressividade mais branda (um nvel acima) para ambientes
internos secos (salas e dormitrios) ou midos revestidos (cozinhas, banheiros e reas de servio com concreto
revestido de argamassa e pintura).
** Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nvel acima) em obras em regies de clima seco com
umidade relativa do ar menor ou igual a 65% permanentemente, partes de estrutura protegidas da chuva em ambiente
predominantemente seco.
*** Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento de celulose, armazns de
fertilizantes, industrias qumicas.

Tabela 2. Classificao da agressividade ambiental visando a durabilidade do concreto.
Classe de
agressividade
pH
CO
2

agressivo
mg/L
amnia
NH
4
+
mg/L
magnsio
Mg
2+

mg/L
sulfato
SO
4
2-

mg/L
slidos
dissolvidos
mg/L
I > 6,0 < 20 < 100 < 150 < 400 > 150
II 5,9 - 5,9 20 - 30 100 - 150 150 - 250 400 - 700 150 - 50
III 5,0 - 4,5 30 - 100 150 - 250 250 - 500 700 - 1500 < 50
IV > 4,5 > 100 > 250 > 500 > 1500 < 50
Notas: 1. No caso de solos a anlise deve ser feita no extrato aquoso do solo;
2. gua em movimento, temperatura acima de 30C, ou solo agressivo muito permevel conduz a um aumento de um grau na
classe de agressividade.
3. Ao fsica superficial tal como abraso e cavitao aumentam a velocidade de ataque qumico.
Classificao dos Concretos
A resistncia do concreto aos diferentes meios agressivos depende da natureza e tipo dos seus materiais constituintes assim
como da composio ou dosagem do concreto, ou seja, depende de;
tipo e consumo de cimento
tipo e consumo de adies
relao gua / cimento
natureza e D
max
do agregado
Na realidade o mais importante a resistncia da estrutura ao meio ambiente e esta depende no s da qualidade do concreto
mas tambm de critrios adequados de projeto. Nesse sentido o texto da NBR 6118 foi muito feliz e ressalta que para evitar
envelhecimento precoce e satisfazer as exigncias de durabilidade dos usurios devem ser observados os seguintes critrios
de projeto:
a) Prever drenagem eficiente;
b) Evitar formas arquitetnicas e estruturais inadequadas;
c) Garantir concreto de qualidade apropriada, particularmente nas regies superficiais dos elementos estruturais;
d) Garantir corrimentos de concreto apropriados para proteo s armaduras;
e) Detalhar adequadamente as armaduras;
f) Controlar a fissurao das peas;
g) Prever espessuras de sacrifcio ou revestimentos protetores em regies sob condies de exposio ambiental
muito agressivas;
h) Definir um plano de inspeo e manuteno preventiva.
A drenagem deve evitar a presena ou acumulao de gua proveniente de chuvas cidas ou decorrente de gua de limpeza e
lavagem, sobre a superfcies das estruturas de concreto. Da mesma forma as superfcies expostas que necessitam ser
horizontais, tais como ptios, garagens, estacionamento, e outras, tambm devem ser convenientemente drenadas, com
disposio de ralos e condutores a distncias adequadas. Tambm as juntas de movimento ou de dilatao, em superfcies
sujeitas ao de gua, devem ser convenientemente seladas, de forma a torn-las estanques passagem (percolao) de
gua, conforme exemplificado na Fig. 1.

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junta de
movimentao
junta de
movimentao
selante
0,5% (mnimo)

Figura 1. Cuidados com a drenagem e a estanqueidade das estruturas.
Os topos de platibandas e paredes devem ser protegidos por chapins. Os beirais devem ter pingadeiras, e os encontros a
diferentes nveis devem ser protegidos por rufos. Da mesma forma deve-se buscar selecionar formas arquitetnicas e
estruturais apropriadas de modo a evitar disposies arquitetnicas ou construtivas que reduzam a durabilidade da estrutura.
Por exemplo sempre conveniente prever acesso adequado para inspeo e manuteno de partes da estrutura com vida til
inferior ao todo, tais como aparelhos de apoio, caixes, insertos, impermeabilizaes e outros, conforme exemplificado na
Fig. 2.
chapim
pilar
tabuleiro
nicho para
macaco
aparelho
de apoio
rufo

Figura 2. Projetar protees e acesso para inspeo e manuteno das estruturas.
A qualidade potencial do concreto depende preponderantemente da relao gua/cimento e do grau de hidratao. So esses
os dois principais parmetros que regem as propriedades de absoro capilar de gua, de permeabilidade pr gradiente de
presso de gua ou de gases, de difusividade de gua ou de gases , de migrao de ons, assim como a maioria das
propriedades mecnicas tais como, mdulo de elasticidade, resistncia compresso, trao, fluncia, relaxao, abraso, e
outras.
A qualidade efetiva do concreto na obra deve ser assegurada por um correto procedimento de mistura, transporte,
lanamento, adensamento, desmoldagem e cura. Embora um concreto de resistncia mais alta, seja, em princpio e sob
certas circunstncias, potencialmente mais durvel do que um concreto de resistncia mais baixa (desde que com mesmos
materiais)
13
, a resistncia compresso no , pr si s, uma medida suficiente da durabilidade do concreto, pois esta
depende das camadas superficiais do concreto da estrutura. Nessas camadas, a moldagem, o adensamento, a dessoldarem e a
cura tm efeito muito importante nas propriedades de difusividade, permeabilidade e absoro capilar de gua e gases.
Apesar disso sempre conveniente fazer referncia resistncia compresso do concreto por ser esta a propriedade mais
consagrada nos projetos estruturais e ser de fcil controle.
Deve-se dar referncia a certos tipos de cimento Portland, a adies e a aditivos mais adequados a resistir a agressividade
ambiental, em funo da natureza dessa agressividade. Do ponto de vista da maior resistncia lixiviao so preferveis os
cimentas com adies tipo CP III e CP IV: para minimizar o risco de reaes lcali-agregado so preferveis os cimentos
pozolnicos tipo CP IV: para reduzir a profundidade de carbonatao so preferveis os cimentos tipo CP I e CP V sem
adies, e, para reduzir a penetrao de cloretos so preferveis os cimentos com adies tipo CP III e CP IV com adio
extra de slica ativa e cinza de casca de arroz.

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A qualidade efetiva do concreto superficial de cobrimento e proteo armadura depende da adequabilidade da frma, do
aditivo desmoldante e, preponderantemente da cura dessas superfcies. Em especial devem ser curadas as superfcies
expostas precocemente, devido desmoldagem, tais como fundo de lajes, laterais e fundos de vigas e faces de pilares e
paredes.
Na ausncia de valores obtidos de ensaios experimentais nos concretos que realmente sero utilizados na estrutura, pode ser
adotada a classificao orientativa, apresentada na Tabela 3, referente corroso de armaduras e na Tabela 4, referente
deteriorao do concreto.
Tabela 3. Classificao da resistncia dos concretos frente ao risco de corroso das armaduras.
Classe
de
Classe de
Resistncia


Mxima relao a/c
Deteriorao por
Carbonatao
Deteriorao por
Cloretos
Concreto (NBR 8953) Teor de Adies Teor de Adies

durvel

C50

0,38
10% de pozolana,
slica ativa ou escria
de alto forno
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno

resistente
C35
C40
C45

0,50
10% de pozolana
ou slica ativa
15% de escria de
alto forno
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria de
alto forno
normal C25
C30
0,62 qualquer qualquer

efmero
C10
C15
C20

qualquer

qualquer

qualquer
Tabela 4. Classificao da resistncia dos concretos frente ao risco de deteriorao por lixiviao ou por formao de
compostos expansivos.
Classe
de
Classe de
Resistncia
Deteriorao por

Expanso

Deteriorao por
Lixiviao
Concreto
(NBR 8953)
Teor de C
3
A no
Cimento Anidro

Teor de Adies

Teor de Adies

durvel

C50

5%
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno

resistente
C35
C40
C45

5%
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria de
alto forno
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria de
alto forno
normal C25
C30
8% qualquer qualquer

efmero
C10
C15
C20

qualquer

qualquer

qualquer
Uma diretriz geral, encontrada na literatura tcnica, ressalta que a durabilidade da estrutura de concreto determinada por
quatro fatores identificados como regra dos 4C:
Composio ou trao do concreto;
Compactao ou adensamento efetivo do concreto na estrutura;
Cura efetiva do concreto na estrutura;
Cobrimento das armaduras.

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Agressividade do Meio versus Durabilidade do Concreto
Uma vez que sejam mantidas constantes as demais variveis que entram em jogo na problemtica da durabilidade das
estruturas de concreto, a correspondncia bsica entre agressividade do meio ambiente e durabilidade do concreto pode ser a
considerada na Tabela 5.
Tabela 5. Correspondncia entre agressividade do ambiente e durabilidade do concreto.
Classe de agressividade Concreto recomendvel
I fraca efmero, normal, resistente ou durvel
II moderada normal, resistente ou durvel
III forte resistente ou durvel
IV muito forte durvel
Uma correspondncia direta como a indicada na Tabela 5 s tem sentido como primeira aproximao pois possvel utilizar
com segurana e sem comprometimento da durabilidade, um concreto no recomendvel desde que esse fato seja
compensado com outras medidas protetoras e preventivas. Esse o caso da grande maioria das obras j construdas e em
operao no Brasil. Nessas obras dificilmente foi empregado o concreto recomendvel, porm medidas extras, s vezes bem
dispendiosas, posteriores de manuteno e proteo podem assegurar uma vida til compatvel com as expectativas dos
usurios e com a necessidade da sociedade.
Cabe ressaltar, no entanto, que do ponto de vista econmico todas as medidas visando durabilidade, tomadas a nvel de
projeto so sempre muitas vezes mais convenientes, mais seguras e mais baratas que medidas protetoras tomadas a
posteriori. Os custos de interveno na estrutura para atingir um certo nvel de durabilidade e proteo, crescem
exponencialmente quanto mais tarde for essa interveno. A evoluo desse custo pode ser assimilado ao de uma progresso
geomtrica de razo 5, conhecida por lei dos 5 ou regra de Sitter, representada na Fig.3
14
.
Projeto
Execuo
Manuteno
Preventiva
Manuteno
Corretiva
Custo relativo da interveno
1 5 25 125
t
1
t
2
t
4
t
3

Figura 3. Representao da evoluo dos custos em funo da fase da vida da estrutura em que a interveno feita.
O significado dessa lei pode ser assim exposto
15
, segundo a interveno seja na:
a) fase de projeto: toda medida tomada a nvel de projeto com o objetivo de aumentar a proteo e a durabilidade da
estrutura, como por exemplo, aumentar o cobrimento da armadura, reduzir a relao gua/cimento do concreto ou
aumentar f
ck
, especificar certas adies, ou tratamentos protetores de superfcie, e outras tantas implica num custo
que pode ser associado ao nmero 1 (um);
b) fase de execuo: toda medida extra-projeto, tomada durante a fase de execuo propriamente dita, implica num
custo 5 (cinco) vezes superior ao custo que acarretaria tomar uma medida equivalente na fase de projeto, para
obter-se o mesmo nvel final de durabilidade ou vida til da estrutura. Um exemplo tpico a deciso em obra de
reduzir a relao gua/cimento para aumentar a durabilidade. A mesma medida tomada na fase de projeto permitiria
o redimensionamento automtico da estrutura considerando um novo concreto de resistncia compresso mais
elevada, de maior mdulo de deformao e de menor fluncia. Esses predicados permitiriam reduzir as dimenses
dos componentes estruturais, reduzir as frmas e o volume de concreto, reduzir o peso prprio e reduzir as taxas de
armadura. Essas medidas tomadas a nvel de obra, apesar de eficazes e oportunas do ponto de vista da vida til, no
mais propiciam a mesma economia e otimizao da estrutura caso fossem tomadas na fase de projeto;
c) fase de manuteno preventiva: as operaes isoladas de manuteno do tipo pinturas frequentes, limpezas de
fachada sem beirais e sem protees, impermeabilizaes de coberturas e reservatrios mal projetados, e outras,
necessrias a assegurar as boas condies da estrutura durante o perodo da sua vida til, podem custar at 25 vezes
mais que medidas corretas tomadas na fase de projeto estrutural ou arquitetnico. Por outro lado podem ser cinco

9/30


vezes mais econmicas que aguardar a estrutura apresentar problemas patolgicos evidentes que requeiram uma
manuteno corretiva;
d) fase de manuteno corretiva: corresponde aos trabalhos de diagnstico, reparo, reforo e proteo das estruturas
que j perderam sua vida til de projeto e apresentam manifestaes patolgicas evidentes. A estas atividades pode-
se associar um custo 125 vezes superior ao custo das medidas que poderiam e deveriam ter sido tomadas na fase de
projeto e que implicariam num mesmo nvel de durabilidade que se estime dessa obra aps essa interveno
corretiva.
Definio de Vida til
As estruturas de concreto devem ser projetadas, construdas e utilizadas de modo que sob as condies ambientais previstas
e respeitadas as condies de manuteno preventiva especificadas no projeto, conservem sua segurana, estabilidade,
aptido em servio e aparncia aceitvel, durante um perodo pr-fixado de tempo, sem exigir medidas extras de manuteno
e reparo.
A durabilidade das estruturas de concreto requer cooperao e esforos coordenados de pelo menos seis responsveis;
a) O proprietrio: definindo suas expectativas presentes e futuras de uso da estrutura;
b) O responsvel pelo projeto arquitetnico: definindo detalhes e especificando materiais;
c) O responsvel pelo projeto estrutural: definindo geometrias, detalhes e especificando materiais e manuteno
preventiva;
d) O responsvel pela tecnologia do concreto: definindo caractersticas dos materiais, traos e metodologia de execuo,
em conjunto com os responsveis pelo itens c e e;
e) O responsvel pela construo: definindo metodologias complementa-res da construo e respeitando o projetado e
especificado anteriormente;
f) O proprietrio / usurio: obedecendo as condies de uso, de operao e de manuteno preventiva especificadas.
Tomando como referncia o CEB / FIP Model Code 1990, por vida til entende-se o perodo de tempo no qual a estrutura
capaz de desempenhar as funes para as quais foi projetada sem necessidade de intervenes no previstas, ou seja, as
operaes de manuteno previstas e especificadas ainda na fase de projeto, fazem parte do perodo total de tempo durante o
qual se admite que a estrutura est cumprindo bem sua funo.
O modelo clssico de vida til das estruturas de concreto foi proposto por Tuutti
16
em 1982. A partir desse modelo, Helene
17

props em 1993, a conceituao e definio objetiva de vida til, mostrando que podem ser distinguidas pelo menos trs
situaes e suas correspondentes vidas teis, apresentadas na Fig. 4, que contempla o fenmeno da corroso de armaduras
por ser o mais frequente, o mais importante e mais conhecido cientificamente, mas que como modelo conceitual aplica-se a
todos os mecanismos de deteriorao.
Como se observa a partir da Fig. 4 podem ser definidas as seguintes vidas teis;
a) Perodo de tempo que vai at a despassivao da armadura, normalmente denominado de perodo de iniciao. A
esse perodo de tempo pode-se associar a chamada vida til de projeto. Normalmente corresponde ao perodo de
tempo necessrio para que a frente de carbonatao ou a frente de cloretos atinja a armadura. O fato da regio
carbonatada ou de um certo nvel de cloretos atingir a armadura e teoricamente despassiv-la, no significa que
necessariamente a partir desse momento haver corroso importante, apesar de que em geral ela ocorre. Esse perodo
de tempo, no entanto, o perodo que deve ser adotado no projeto da estrutura, a favor da segurana;
b) Perodo de tempo que vai at o momento em que aparecem manchas na superfcie do concreto, ou ocorrem fissuras
no concreto de cobrimento, ou ainda quando h o destacamento do concreto de cobrimento. A esse perodo de tempo
associa-se a chamada vida til de servio ou de utilizao. muito varivel de caso a caso pois em certos locais
inadmissvel que uma estrutura de concreto apresente manchas de corroso ou fissuras. Em outros casos somente o
incio da queda de pedaos de concreto, colocando em risco a integridade de pessoas e bens, pode definir o momento
a partir do qual deve-se considerar terminada a vida til de servio;


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de-
sem-
pe-
nho
despassivao mnimo de
projeto
manchas
vida til de projeto
vida til residual
vida til de servio 1
mnimo de
ruptura
reduo de seco
perda de aderncia
tempo
vida til residual
vida til ltima ou total
vida til de servio 2
fissuras
destacamentos
mnimo de
servio

Figura 4. Conceituao de vida til das estruturas de concreto tomando-se por referncia o fenmeno de corroso das
armaduras.
c) Perodo de tempo que vai at a ruptura ou colapso parcial ou total da estrutura. A esse perodo de tempo associa-se a
chamada vida til ltima ou total. Corresponde ao perodo de tempo no qual h uma reduo significativa da seo
resistente da armadura ou uma perda importante da aderncia armadura / concreto, acarretando o colapso parcial ou
total da estrutura;
d) Nessa modelagem foi introduzido ainda o conceito de vida til residual, que corresponde ao perodo de tempo em
que a estrutura ainda ser capaz de desempenhar suas funes, contado neste caso a partir da data, qualquer, de uma
vistoria. Essa vistoria e correspondente diagnstico pode ser efetuado a qualquer instante da vida em uso da
estrutura. O prazo final, neste caso, tanto pode ser o limite de projeto, o limite das condies de servio, quanto o
limite de ruptura, dando origem a trs vida til residual; uma mais curta contada at a despassivao da armadura,
outra at o aparecimento de manchas, fissuras ou destacamento do concreto e outra longa contada at a perda
significativa da capacidade resistente do componente estrutural ou seu eventual colapso.
Em obras de carter provisrio, transitrio ou efmero tecnicamente recomendvel adotar-se vida til de projeto de pelo
menos um ano. Para as pontes e outras obras de carter permanente, podero ser adotadas perodos de 50, 75 ou at mais de
100 anos conforme recomendado pelas normas internacionais, conforme recomendam as normas inglesas, BS 7543
18
,
apresentada na Tabela 6, e europias, CEN / EN 206, apresentada na Tabela 7.
As normas brasileiras, por enquanto, no especificam vida til de projeto, infelizmente. Em princpio parece estar
subentendido 50 anos.
TABELA 6. Vida til de projeto recomendada pelos ingleses.
BS 7543, 1992 Guide to Durability of
Elements, Products
Buildings and Buildings
and Components
vida til tipo de estrutura
10 anos temporrias
10 anos substituveis
30 anos edifcios industriais e reformas
60 anos edifcios novos e reformas de edifcios pblicos
120 anos obras de arte e edifcios pblicos novos
A vida til da estrutura depende tanto do desempenho dos elementos e componentes estruturais propriamente ditos quanto
dos demais componentes e partes da obra. Os demais elementos e componentes incorporados estrutura, tais como drenos,
juntas, aparelhos de apoio, instalaes, pingadeiras, rufos, chapins, impermeabilizaes, revestimentos e outros, possuem
geralmente vida til mais curta que a do concreto, o que exige previses adequadas para suas substituies e manutenes,
uma vez que ali esto para proteger a estrutura de concreto.

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Em principio deve caber ao proprietrio, assistido pelos responsveis do projeto arquitetnico e estrutural, definir a extenso
da vida til de projeto da estrutura, registrando-a na documentao tcnica da obra. Cabe aos responsveis dos projetos
analisar as condies de exposio e em confronto com a importncia da estrutura como um todo, ou de suas partes, escolher
os detalhes adequados que objetivem assegurar a vida til de projeto indicada pelo proprietrio.
TABELA 7. Vida til de projeto recomendada pelas normas europias.
Comit Europeu de Normalizao CEN / EN 206, 1994
vida til tipo de estrutura
1 a 5 anos temporrias
25 anos substituveis
50 anos edifcios novos
100 anos obras de arte novas
Fica claro que cada vez mais cabe aos responsveis dos projetos definir as medidas mnimas de inspeo, monitoramento e
manuteno preventiva, necessrias a assegurar a vida til de projeto da estrutura, em funo da importncia da obra.
O conceito de vida til aplica-se estrutura como um todo ou s suas partes. Dessa forma, determinadas partes das
estruturas podem merecer considerao especial com valor de vida til diferente do todo.
Deve-se ressaltar que os atuais e clssicos conceitos e mtodos de introduo da segurana no projeto das estruturas de
concreto no asseguram durabilidade nem so ferramentas adequadas para clculo e previso de vida til. H necessidade
urgente de introduzir novas exigncias pois as atuais no satisfazem.
Nos mtodos de introduo da segurana no projeto das estruturas de concreto h vrios anos, (vide CEB / FIP Model Code
1972 e NBR 6118/78) utiliza-se, em geral, os seguintes termos e critrios de dimensionamento:
a. estado limite ltimo ou de ruptura
b. estado limite de utilizao ou de servio
O primeiro deles, ou seja, o estado limite ltimo ou de ruptura, corresponde estabilidade da estrutura, ou melhor, para o
engenheiro civil corresponde segurana da estrutura, ou melhor, de seus componentes, elementos ou partes estruturais
frente ruptura. Simplificadamente corresponde ao colapso de uma pea estrutural quando esta for construda com a
geometria e com a resistncia caracterstica (quantil inferior de 5%) dos materiais imaginados pelo projetista. Essa
capacidade terica resistente atingiria seu limite de resistncia mecnica sempre que a estrutura fosse submetida a aes
caractersticas (quantil superior de 5%) majoradas de um certo coeficiente de segurana denominado f, em geral em torno
de 1,4 a 1,5.
O segundo deles, ou seja, o estado limite de utilizao ou de servio, corresponde s condies adequadas de
funcionamento da estrutura do ponto de vista de compatibilidade com outras partes da construo e do ponto de vista do
conforto psicolgico. Basicamente so clculos simplificados de deformaes mximas em peas fletidas por ao de cargas
caractersticas (no majoradas) e de abertura mxima caracterstica de fissuras (cujo valor em torno de 0,3 ou 0,4 mm
corresponde ao limite de desconforto humano), assim como limitaes de tenses de trabalho. Em outras palavras
corresponde a exigir da estrutura uma rigidez mnima que permita assentar paredes e pisos sem que estes fissurem por
deformaes exageradas da estrutura. O princpio de fazer a anlise considerando a geometria e os materiais caractersticos
imaginados no projeto o mesmo. A nica diferena que neste caso as aes caractersticas (que tm uma probabilidade
de s serem ultrapassadas durante um perodo de tempo igual a 5% do total da vida til da estrutura), no so majoradas com
f.
Resulta desses dois conceitos que dificilmente uma pea estrutural ser construda com a resistncia caracterstica na seo
mais solicitada e ao mesmo tempo essa pea ser sujeita a uma carga externa igual a 1,4 (f) vezes maior que a ao
caracterstica (mxima correspondente ao quantil superior de 5%) adotada inicialmente. Sempre que a carga mxima
majorada atuar coincidentemente num componente estrutural que possue na sua seo mais solicitada um material de
resistncia caracterstica (mnima) haver o colapso. Felizmente essa probabilidade muito pequena, da ordem de 10
-6
.
Portanto a probabilidade de atingir os estados limites ltimos ou de servio sempre muito pequena, ou seja, da ordem de
uma em um milho de casos, pelo menos nas estruturas correntes, felizmente. Mesmo com essa probabilidade baixa ainda
comum encontrarmos estruturas muito deformadas e umas pouqussimas colapsadas. O mtodo ainda no consegue evitar
ganncia, incompetncia e irresponsabilidade exageradas.
A questo da durabilidade, no entanto, nunca foi contemplada objetivamente nas normas. Nem a questo da esttica. Para
essas duas novas exigncias humanas necessrio estabelecer novos requisitos e novos critrios de dimensionamento e de
considerao. Sero outros critrios para estados limites ltimos ou de servio, que devem ser estabelecidos a partir do
conhecimento dos fenmenos e mecanismos de envelhecimento e de suas consequncias. Esse conhecimento deve derivar,

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de preferncia da observao histrica de estruturas com problemas patolgicos de uma determinada natureza, deve
considerar o custo e os problemas de uma interveno corretiva e deve se adaptar aos mesmos princpios bsicos que
norteiam o projeto estrutural clssico. Em outras palavras devem ser estabelecidos de tal forma que tenham uma
probabilidade muito pequena de serem atingidos durante o perodo de tempo considerado.
Relembrando que a evoluo do fenmeno da corroso pode ser representada graficamente conforme indicado na Fig. 5,
passa-se a fazer consideraes sobre essas fases de deteriorao ou melhor, de envelhecimento.
A
B
C D

Figura 5. Representao grfica da evoluo da deteriorao, ou envelhecimento das estruturas de concreto devido
corroso das armaduras.
fase A: perodo de tempo que leva para os agentes agressivos penetrarem no concreto e despassivarem a armadura. Esse
um perodo de tempo que vai variar por diversas razes. At no mesmo componente estrutural pode, e de fato
quase sempre ocorre, muito diferente segundo a face (cara) considerada. Portanto pode ocorrer que apenas uma
das faces esteja despassivada enquanto as outras no. Por outro lado esse o perodo de tempo que corresponde
ao que se conhece por concreto armado, uma vez que a concepo de estruturas de concreto armado pressupe
uma armadura passivada indefinidamente dentro de um concreto alcalino eternamente.
fase B: perodo de tempo que leva entre a despassivao e o aparecimento de fissuras superficiais em decorrncia da
expanso dos produtos da corroso. Depende muito das condies de exposio, mas principalmente depende da
umidade relativa UR do ambiente e da umidade de equilbrio do concreto nesse ambiente. Quanto maior a UR do
ambiente, menor o perodo para fissurar, desde que a UR seja inferior a 99% durante pelo menos uma estao
climtica por ano. Quanto menos poroso o concreto (maior resistncia e menor relao a/c) menor o perodo de
tempo para fissurar, pois o concreto retem mais umidade de equilbrio, ao mesmo tempo que no tem espao para
acomodar a expanso dos produtos de corroso. Uma barra de 12 mm num concreto bem adensado e com 20
MPa, a 20 mm de profundidade (cobrimento) pode fissurar o concreto com apenas 0,2% da seo corroda
19
.
No caso de carbonatao, se a UR for permanentemente menor que 60% no h corroso e consequentemente o perodo de
tempo infinito. No caso de cloretos tambm o seria, porm no h como o cloreto entrar se o ambiente tiver UR menor
que 60% permanentemente, ou seja, sempre que h penetrao de cloretos porque h condies de umidade propcias
corroso.
Portanto vem uma concluso bvia e primeira: somente considerar risco de corroso de armaduras quando os componentes
da estrutura tiverem o risco de, em algum momento da sua vida estar num ambiente com 60 % UR 99%, ou seja, em
outras condies no considerar risco de corroso de armaduras por gs carbnico ou por cloretos. Uma coisa
carbonatao e outra corroso de armaduras. A anlise sempre deve ser de risco de corroso.
Portanto deve-se discordar de certos pesquisadores da rea que pretendem considerar como vida til de projeto uma parte do
perodo de tempo ps despassivao. No d para considerar o perodo de tempo ps despassivao at fissurao como
vida til pois muito arriscado em pases como o Brasil, midos e quentes, considerar que vai demorar mais para corroer no
caso de gs carbnico. At pelo contrrio, neste pas os maiores, mais comuns problemas e mais graves so de carbonatao.
Em Braslia, e at em So Paulo onde a UR chega a 10% ou 20% em alguns meses do ano, mas chove bastante em outros
meses, a corroso por carbonatao um desastre muito frequente.

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Concluindo, no se deve fazer distino entre vida til de projeto para gs carbnico ou para cloreto, sempre que a UR do
ambiente possa ser de 60 a 99%, ou o que muito mais comum, exista ciclos de molhagem e secagem. Portanto no interior
de edifcios, nas partes fechadas e secas, no h porque ter de considerar o risco de corroso de armaduras durante a anlise
de durabilidade. Somente em partes abertas (garagens, trreos, sales abertos, marquizes), fechadas midas (banheiros,
cozinhas, vestirios, lavanderias) e exteriores que existe risco, e no caso do Brasil esse risco geral no pas todo, pois
sempre h ciclos (perodos) de molhagem e secagem no nosso clima.
Parece bvio que no d para considerar ainda novos perodos de tempo, pois a situao C de extremo risco s pessoas e
bens protegidos pela estrutura civil. S no causaria problemas graves quando os destacamentos de concreto ocorressem
no p de pilares e portanto no cairiam na cabea de ningum. Est bvio que um engenheiro, em s conscincia, no pode
deixar a obra chegar a esse nvel de deteriorao (envelhecimento). Uma coisa que s vezes isso ocorre devido a
dificuldades polticas de gesto do patrimnio pblico. Porm no se pode autorizar uma situao dessa em cdigos e
normas. Sempre considerar que se trata de normas e regulamentos diretivos, de projeto e de planejamento. Obra por fazer
no a mesma coisa que fato consumado, onde se faz um diagnstico especfico para um caso particular. Efetivamente h
obras na situao C porm so fatos consumados de uma herana de construes onde o conhecimento atual ainda no era
disponvel. Hoje inadmissvel no exigir novas posturas na fase de projeto e construo.
Pode-se considerar vida til at a situao D?
Segundo alguns autores sim e na literatura aparece essa situao como a correspondente a uma perda de seo de ao de
25%, a partir do qual a estrutura ruiria. Clculos demonstram de quanto deveria ser a perda de seo para fissurar o
concreto. Depende de vrios fatores como resistncia trao do concreto, mdulo de elasticidade do concreto, espessura de
cobrimento, dimetro da armadura, porosidade do concreto e natureza dos produtos da corroso, entre outros, porm
dificilmente supera 1%. Com bem menos perda j h fissura em muitos casos. A prtica de inspeo e diagnstico demonstra
que na maioria das vezes no h como medir perda de seo a no ser em uns poucos locais de obras muito abandonadas.
Portanto muito antes de reduzir a seo da armadura em 25% ou at mesmo 5 a 10%, os danos de esttica e de risco s
pessoas j so absolutamente insuportveis caracterizando uma situao anormal que no pode ser considerada no projeto
estrutural. Alm disso os riscos nem sempre so com as armaduras principais pois so os estribos (que so mais finos e
ficam mais de fora), os que primeiro rompem e a estrutura perde estabilidade geomtrica por flambagem das armaduras
principais e no por ruptura da armadura principal. Em outras palavras aceitar 25% de reduo de seo das armaduras
principais um absurdo na grande maioria das vezes, impossvel de ser aceito pois muito antes disso a estrutura j causou
algum desastre srio.
Na definio da vida til o importante construir uma sistemtica abrangente que permita :
1. Ficar bem claro o critrio de julgamento;
2. Fixar uma condio de alta probabilidade de sucesso pois o engenheiro vai ter de passar a projetar e garantir aquilo
que projetou e construiu e no poder frustar-se frequentemente;
3. Estimular a inspeo perodica das estruturas com reclculos de vida residual e de vida til efetivas e comprovao das
hipteses iniciais adotadas nos projetos;
4. Revalorizar o papel da tcnica na deciso da durabilidade e no manter uma situao como a atual em que todos,
inclusive e principalmente os leigos sabem que a vida til de uma estrutura terminou pois esta se mostra
visivelmente alterada e desmanchando-se. Reconhecer o trmino da vida til de projeto de uma estrutura no um
procedimento visual para qualquer um, mas deve ser um procedimento especializado empreendido por um engenheiro
profissional atravs do uso de equipamentos e tcnicas modernos.
Os Quatro Mtodos de Previso da Vida til
1 Com base nas experincias anteriores
Desde as primeiras normas sobre estruturas de concreto armado a questo da durabilidade tem sido introduzida de forma
subjetiva, ou melhor qualitativa. So especificadas umas certas exigncias construtivas que asseguram durabilidade. Em
outras palavras significa ...faa assim que tem dado bom resultado. Mas quantos anos de vida til ter? No se sabe
mas parece que dessa maneira tem funcionado bem...
A primeira norma sobre estruturas de concreto data de 1903 e era Suia. Seguiram-na a Alem de 1904, a Francesa de 1906
e a Inglesa de 1907. Em 1910 foi publicada a primeira norma Americana
20
para o projeto e construo de obras em concreto
armado, que naquela poca j especificava:
... the main reinforcement in columns shall be protect by a minimum of two inches ( 5 cm) of
concrete cover, reinforcement in girders and beams by one and one-half inches ( 3,8 cm) and floor
slabs by one inch ( 2,5 cm)...
Essa postura de especificar adequadas espessuras de cobrimento de concreto s armaduras perdura nas normas americanas
at hoje, conforme especificado no ACI 301
21
seo 3.4 e no e no ACI 318
22
, que alm de recomendarem concretos com f
ck

28 MPa e relao a/c 0,55, ainda especificam os seguintes cobrimentos mnimos:

14/30


componente em contato com o solo > c 76 mm
componente intemprie > c 51 mm p/ 19 mm
> c 38 mm p/ 16 mm
componente em interiores, lajes > c 19 mm p/ 36 mm
interiores, vigas e pilares > c 38 mm
No Brasil a primeira norma sobre estruturas de concreto
23
data de 1931
24
e especificava:
consumo de cimento 240 kg/m
3
, sempre;
consumo de cimento 270 kg/m
3
, partes expostas;
consumo de cimento 300 kg/m
3
, para pontes;
gua de amassamento no deve conter cloretos, sulfatos e nem matria orgnica;
cobrimento 1,0cm para lajes interiores e 1,5cm para exteriores;
cobrimento 1,5cm para pilares e vigas interiores e 2,0cm para exteriores
Como se verifica claramente, a norma brasileira apesar de mais completa em relao americana de 1910, era muito mais
ousada, permitindo cobrimentos bem inferiores, e desprezando acintosamente a agressividade do meio ambiente. Hoje em
dia, em face dos enormes prejuzos causados com a perda precoce da vida til de inmeras obras pblicas e privadas, poder-
se-ia dizer que a norma brasileira, j quela poca, era temerria.
Infelizmente esse mtodo chamado de com base na experincia anterior continuou sendo praticado nas normas brasileiras
seguintes de 1937, 1940, 1943, 1950, 1960 e 1978. Em todas elas verifica-se valores de cobrimento bem inferiores aos
exigidos nos pases desenvolvidos. Mais recentemente enquanto esses pases tambm passaram a exigir concretos de
qualidade superior, em geral um mnimo de f
ck
24 MPa, o Brasil at hoje no faz, em norma, nenhuma exigncia sobre a
qualidade mnima do concreto para estruturas.
Infelizmente o texto da norma brasileira NBR 6118 (NB-1 da ABNT), ainda adota como principal ferramenta esse mtodo,
deixando apenas como opcional (nos comentrios do IBRACON) o mtodo determinista que muito mais avanado. No
estar sozinha pois os dois mais importantes textos normativos do planeta, o CEB / FIP Model Code 1990 e o ACI 318,
tambm ainda adotam o mesmo procedimento ultrapassado de assegurar durabilidade. Esses trs (3) textos apresentam
tabelas de cobrimentos mnimos e qualidades mnimas do concreto de cobrimento, evidentemente mais completas que no
incio do sculo, porm utilizando os mesmos conceitos praticados h quase cem anos, ora obsoletos e insuficientes.
2 Com base em ensaios acelerados
Trata-se de um mtodo introduzido pelos americanos em 1978, na norma ASTM E 632
25
. Posteriormente foi publicada
tambm a norma ISO 6241, com os mesmos conceitos. Segundo o texto da ASTM E 632 de 1988 Standard Practice for
Developing Accelerated Tests to Aid Prediction of the Service Life of Building Components and Materials, a sequncia
para um estudo de previso de vida til deve ser:
definir os requisitos e critrios de desempenho para as condies de servio
caracterizar o componente ou material
escolher indicadores de deteriorao
identificar os agentes agressivos
identificar os mecanismos de deteriorao
adotar que ensaios podem representar o envelhecimento natural
definir os requisitos de desempenho que sero avaliados nos ensaios
realizar ensaios exploratrios
realizar ensaios acelerados e de envelhecimento natural
julgar se o tipo de envelhecimento acelerado corresponde ao natural
desenvolver modelos matemticos
estabelecer critrios de desempenho
estimar a vida til em condies de operao
Na realidade esse mtodo aplica-se melhor ao estudo de produtos orgnicos e de difcil aplicao direta no projeto de
estruturas de concreto. De qualquer modo, considerando que nos ltimos anos tem havido um grande desenvolvimento de
mtodos de ensaio acelerados, de fundamento eletroqumico, em cmaras de carbonatao e em cmaras de salt-spray,
possvel que futuramente venha a ser mais utilizado no projeto e construo de estruturas de concreto.
3 Atravs de mtodos deterministas

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A base cientfica deste mtodo so os mecanismos de transporte de gases, massa e ons atravs dos poros do concreto, no
caso do perodo de iniciao e a lei de Faraday no caso do perodo de propagao, sempre que se trate de corroso das
armaduras, a saber:
Modelos de Previso at Despassivar > Termodinmica da Corroso
Baseiam-se nos 4 (quatro) principais mecanismos de transporte no concreto que simplificadamente podem ser expressos por
c = k t
-1/2
, onde c a extenso percorrida pelo agente agressivo em cm, k o coeficiente de um dos quatro mecanismos
citados a seguir, e t a vida til em anos:
> permeabilidade equao de D'Arcy & de Arrhenius
> absoro capilar equao de D'Arcy modificada & eq. de Laplace & eq. de Arrhenius
> difuso de gases e ons equao de Arrhenius & eq. de Fick, 1 e 2 & eq. de Langmuir
> migrao de ons equao de Nernst-Planck & eq. deArrhenius & eq. de Fick, 1 e 2 & eq.
de Langmuir
Modelos de Previso aps Despassivar > Cintica da Corroso
Baseiam-se nos seguintes mecanismos:
> mecanismos de perda de massa no ao equao de Faraday
> mecanismos de difuso da ferrugem equaes de Fick
> geometria da pea equaes de resistncia dos materiais
Os modelos numricos e deterministas de deteriorao e envelhecimento das estruturas, tambm devem ser considerados
separadamente; se afetos corroso das armaduras ou se afetos deteriorao do concreto.
Para os primeiros h modelos atuais de envelhecimento, enquanto para os segundos, que corresponderiam a velocidades de
deteriorao por sulfatos, por lixiviao, por reao lcali-agregado e outras formas, no h ainda modelos matemticos
satisfatrios, devendo as consideraes de durabilidade ainda basear-se apenas em avaliaes qualitativas.
Basicamente considera-se por um lado a qualidade do concreto e por outro o percurso que o agente agressivo deve
percorrer at atingir a armadura em concentraes e quantidades significativas para deteriorar a estrutura.
Por qualidade do concreto entende-se os coeficientes de difuso, de permeabilidade, de absoro capilar, de migrao, enfim
os parmetros do material concreto com relao ao transporte de certos ons, gases e lquidos atravs de seus poros. Para dar
uma reduzida idia da enorme variabilidade dessas propriedades nos concretos, sabe-se que o coeficiente de carbonatao
(difuso do gs carbnico no concreto) pode variar de 0,1 cmano
-1/2
para concretos de 60 MPa, a 1,0 cmano-
1/2
para
concretos de 15 MPa, nas mesmas condies de exposio. Enquanto a resistncia compresso alterou-se de 4 vezes, a
qualidade do concreto alterou-se de 10 vezes e a vida til de 100 (cem) vezes, mantido o mesmo cobrimento e condies
de exposio.
Portanto a vida til desejada para a estrutura pode ser alcanada atravs de uma combinao adequada e inteligente desses
fatores, ou seja, ao empregar um concreto de melhor qualidade possvel reduzir o cobrimento mantendo a mesma vida til
de projeto, e vice-versa. Admitindo que o adensamento e a cura sero e devero ser bem executados em qualquer
circunstncias, fica um certo grau de liberdade entre a escolha da resistncia (qualidade) do concreto e a espessura do
cobrimento. Essa ainda no , infelizmente, a postura do CEB
26
, que no aconselha uma reduo dos cobrimentos mnimos.
Esse conceito pode ser exemplificado na Fig. 6 onde est apresentado um baco correspondente a uma estrutura sujeita a um
ambiente agressivo no qual predomina a ao do gs carbnico, ou seja um fenmeno preponderante de carbonatao. Como
se pode observar, uma mesma vida til pode ser alcanada por diferentes pares de cobrimentos / resistncia (qualidade) de
concreto.
Da mesma forma a Fig. 7, apresenta um baco determinista para o caso de estrutura de concreto situada em zona de variao
de mar e respingos que uma das situaes naturais mais agressivas ao concreto armado e protendido. Para ter-se uma
referncia, o ACI 318 e o CEB / FIP Model Code 1990 especificam, para essa condio, cobrimentos mnimos de concreto
de 3 polegadas (75mm).
Nessas figuras entende-se por cobrimento mnimo caracterstico aquele que superado em pelo menos 95% das situaes
efetivas de obra. O CEB / FIP Model Code 1990 recomenda que para obter o cobrimento mdio de obra, a ser especificado
no projeto estrutural, seja somado o valor de pelo menos 10 mm ao mnimo encontrado nas tabelas tradicionais de
cobrimento. Neste caso corresponderia a somar 10 mm aos cobrimentos indicados nos bacos das Figs. 6 e 7.

16/30


C50
0.1
0.1
1
e
s
p
e
s
s
u
r
a

m

n
i
m
a

d
e

c
o
b
r
i
m
e
n
t
o
d
e

c
o
n
c
r
e
t
o


a
r
m
a
d
u
r
a

m
a
i
s

e
x
p
o
s
t
a
e
m

c
m
10
10
idade da estrutura, em anos
5
C45
5
0.5
2
50 1
C40
C35
C30
C25
C20
C15
C10
10 100
carbonatao em faces externas
dos componentes estruturais de
concreto expostos intemprie
AF
+20%
POZ
+10%

Figura 6. baco para obteno da espessura de cobrimento s armaduras em funo do ambiente (zona urbana, industrial,
marinha ou rural), do concreto (C10 a C50) e da vida til desejada (1 a 100 anos). Caso sejam utilizados cimentos
Portland com escrias de alto forno ou com pozolanas as espessuras mnimas caractersticas de cobrimento de
concreto armadura, devem ser aumentadas em pelo menos 20% e 10%, respectivamente. bacos similares so
disponveis para outras condies de exposio.
O coeficiente de carbonatao, k
CO
2
, depende da difusividade do gs carbnico, do gradiente de concentrao de CO
2
no
ambiente, da temperatura ambiente, dos eventuais ciclos de molhagem e secagem do concreto, da quantidade retida de CO
2

em funo da composio e eventuais adies ao cimento, entre outros. Da mesma forma o coeficiente de difusividade dos
cloretos nos concretos depende de outras variveis que no s a composio ou trao do concreto.
1 1
10 10
1
e
s
p
e
s
s
u
r
a

m

n
i
m
a

d
e

c
o
b
r
i
m
e
n
t
o
d
e

c
o
n
c
r
e
t
o


a
r
m
a
d
u
r
a
e
m

c
m
idade da estrutura, em anos
50 5
5
10 100
2
3
C35
C25
C45
C50
C40
C30
C20
C10
C15
4
5
difuso de cloretos em faces externas
de componentes estruturais de concreto
expostos zona de respingos de mar
microsslica
- 20%
C
3
A 12%
- 20%

Figura 7. baco para obteno da espessura de cobrimento s armaduras em funo do ambiente (zona urbana, industrial,
marinha ou rural), do concreto (C10 a C50) e da vida til desejada (1 a 100 anos). Caso sejam utilizadas adies
de 8% de slica ativa ou empregados cimentos Portland com teor de C
3
A 12%, as espessuras mnimas
caractersticas de cobrimento de concreto armadura, podem ser reduzidas em 20%. bacos similares so
disponveis para outras condies de exposio.
No entanto, conhecidas a idade da estrutura e a espessura carbonatada, ou o perfil de penetrao das concentraes de

17/30


cloreto, possvel calcular a constante k
CO
2
e k
Cl
dessa estrutura, numa determinada regio da mesma. Uma vez conhecidos
esses coeficientes, pode-se predizer a velocidade de avano da frente de carbonatao e de cloretos e portanto calcular o
tempo que tardar em chegar at a armadura, desde que ainda no a tenha alcanado na ocasio da vistoria. O perodo de
tempo contado da data da vistoria e inspeo detalhada at a poca em que a frente de carbonatao ou de cloreto atingir a
armadura ser denominado vida til residual referida despassivao.
A vida til residual referida ao aparecimento de manchas de corroso, de fissuras, de destacamento do concreto de
cobrimento ser muito superior de despassivao e depender da velocidade com que a armadura ir corroer-se.
A velocidade ou taxa de corroso de uma armadura num certo concreto, numa certa parte de uma determinada estrutura
localizada num certo ambiente, pode ser estimada atravs do conhecimento da umidade de equilbrio do concreto, da sua
resistividade eltrica ou da corrente de corroso (lei de Faraday). Admitindo-se que esses parmetros permanecero
constantes no tempo, possvel estimar o perodo de tempo at a ocorrncia de uma manifestao patolgica considerada
grave para a obra em estudo.
O perodo de tempo total contado a partir do trmino da construo at o aparecimento de uma manifestao patolgica
considerada grave denominada vida til de servio ou de utilizao. Por exemplo qual o perodo de tempo necessrio,
aps a despassivao, para que um certo componente estrutural fissure?
Em 1993, Helene
27
construiu um nomograma que representa a espessura total corroda da seo transversal da barra da
armadura necessria para iniciar o processo de ruptura do concreto de cobrimento e, consequentemente, ser considerada de
intensidade severa ou grave. A espessura total necessria para fissurar depende do dimetro das barras consideradas e da
natureza dos produtos de corroso, ou seja, sua maior ou menor expanso em relao ao volume de ao corrodo.
Confrontando essas redues de seo transversal com a taxa de corroso ou a intensidade da corrente de corroso (i
corr
)
possvel predizer o perodo de tempo necessrio ao aparecimento de fissuras no concreto de cobrimento, admitindo uma
velocidade de corroso constante no tempo.
Quanto tempo levaria uma estrutura para ruir aps despassivada a armadura? A previso da vida til total que
corresponde ruptura total ou colapso parcial da estrutura no tem muita utilidade prtica pois muito antes, na maioria das
vezes, a estrutura j perdeu a caracterstica de atender s funes para a qual foi projetada. De qualquer forma esse
conhecimento pode auxiliar no estabelecimento dos prazos crticos para interveno e correo dos problemas.
Andrade, Alonso e Gonzlez
28
apresentaram, em 1990, interessante modelo de previso da vida til total das estruturas de
concreto a partir de medidas de taxa de corroso, expressa em corrente de corroso, conhecida por i
corr
, baseado na lei ou
equao de Faraday. Inicialmente adotam o modelo de vida til proposto por Tuutti
29
, e analisam a vida til residual total a
partir da despassivao da armadura, ou seja, no perodo de propagao
vii
da corroso.
O modelo proposto pelos autores citados depende do dimetro da barra e da intensidade da corrente de corroso. O modelo
no considera a fissurao do concreto de cobrimento como limite de vida til, ou seja, mesmo fissurado por expanso dos
produtos da corroso na direo longitudinal, paralelamente direo da armadura principal, admite-se que o componente
estrutural continuar desempenhando suas funes.
Os referidos autores adotaram como critrio de perda da vida til, apenas a reduo da seo transversal da armadura
seguindo os parmetros e classificao do nvel de degradao recomendados pelo CEB
30
, em 1983. Certos estudos, no
entanto, mostram que a fissura longitudinal pode comprometer significativamente a aderncia da armadura ao concreto para
perdas mdias de seo transversal de 1,5 a 7,5%, segundo a espessura do cobrimento
31
. Enquanto para relao espessura de
cobrimento/dimetro da armadura igual a 7 (c/=7), a perda de aderncia somente ocorre com 4% de perda de seo, para
c/=3 basta cerca de 1% de perda de seo.
Concluindo esta considerao de modelos deterministas cabe observar que os principais mecanismos de transporte de gases
e de lquidos em um meio poroso, ou seja, a absoro capilar, a permeabilidade, a migrao e a difuso, podem ser
representados por funes ou equaes diretamente dependentes da raiz quadrada do tempo. Esse fato representa uma
grande simplificao do estudo de transporte de massa nos poros do concreto pois a posio geomtrica da frente de
penetrao de elementos agressivos poder ser indicada simplificadamente por X = Kt
-1/2
.
Este autor acredita que dentro de pouco tempo os concretos podero ser classificados por constantes K correspondentes aos
elementos em estudo, ou seja, K
O
2
, K
CO
2
, K
Cl
, K
H
2
O
, que pela simplicidade certamente contribuiro para aumentar a
conscientizao do meio tcnico para a importncia da durabilidade das estruturas de concreto, e da considerao desses
parmetros por ocasio do projeto da estrutura.
4 Atravs de mtodos estocsticos ou probabilistas

vii
Evidentemente a vida til do componente estrutural deve ser contada desde o momento do trmino da sua construo incluindo
portanto o perodo de iniciao e o de propagao da corroso. A separao no entanto necessria pois no perodo de iniciao os
fenmenos esto relacionados difuso de cloretos e carbonatao, ou seja, ligados direta e exclusivamente qualidade do concreto de
cobrimento e agressividade do ambiente. No perodo de propagao os fenmenos so essencialmente de corroso eletroqumica.

18/30


Os documentos bsicos de referncia obrigatria deste quarto, mais moderno e mais realstico mtodo de introduo da
durabilidade no projeto das estruturas de concreto so; o ASTM
32
STP 1098 de 1990, o RILEM Report 12
33
de 1995, o
RILEM report 14
34
de 1996 e o CEB Bulletin 238
35
de 1997.
Os princpios de dimensionamento para a durabilidade so em tudo similares aos clssicos princpios de introduo da
segurana no projeto das estruturas de concreto, muito discutidos na dcada de 70
36
.
Admite-se distribuies normais ou Gaussianas para as aes agressivas e log-normal para ou normal para as resistncias da
estrutura essas aes de deteriorao. O princpio o da teoria das falhas onde se aplicam a distribuio de Weibull. Igual
que para os demais trs mtodos anteriores, aqui tambm h nveis de profundidade dos estudos. O mais simples combinar
mtodos deterministas com probabilistas. Na sequncia considerar teoria das falhas e os mais aprofundados considerar o
conceito de risco, ou seja o produto da probabilidade de falha pelo custo do prejuzo causado.
Utilizando a distribuio de probabilidade de Weibull, da teoria de probabilidade de falha, indicada pelos coeficientes ,
pode-se encontrar a espessura de cobrimento adequada para conferir uma certa probabilidade pequena de ocorrncia a uma
determinada idade, por exemplo o trmino da vida til de projeto, conforme apresentado a seguir.
Considerando como ao deletria no tempo (S,t) a espessura de carbonatao indicada pela clssica expresso c = k
CO
2
t
1/2
,
com um coeficiente de variao de 25%, e como funo de resistncia no tempo (R,t) a espessura de cobrimento c com um
coeficiente de variao tambm de 25%, a partir de:
(t) = [(R,t) - (S,t)] / [
2
(R,t) +
2
(S,t)]
1/2
onde; (t) = coeficiente de probabilidade
(R,t) = valor mdio de R na idade t
(S,t) = valor mdio de S no idade t

2
(R,t) = varincia de R na idade t

2
(S,t) = varincia de S na idade t
obtm-se:
(t) = [c - k
CO
2
t
1/2
] / [c)
2
+ k
CO
2
t
1/2
]
1/2

conhecendo-se k
CO
2
para dois concretos, um de 15 MPa e outro de 40 MPa, na idade de 50 anos, correspondente vida til
de projeto, e substituindo-se na equao os valores dos coeficientes de variao, obtm-se (t) como funo exclusiva de c.
Dessa forma possvel responder seguinte questo: Qual o cobrimento mdio de concreto s armaduras que deve ser
adotado para que aos 50 anos de idade exista uma probabilidade de apenas 10% do total da estrutura de concreto armado
apresentar-se despassivado?
A partir de uma tabela de , obtm-se, para o quantil de 10%, o valor de = 1,28, o que acarreta uma espessura mdia de c
55 mm para o cobrimento de concreto na estrutura de f
ck
= 15 MPa e de c 15mm para a estrutura de f
ck
= 40 MPa.
Portanto uma evoluo saudvel e profcua no momento o meio tcnico passar a conhecer melhor a variabilidade efetiva
dos cobrimentos praticados no pas, assim como a variabilidade efetiva das espessuras de carbonatao e dos perfis de
cloreto. Este autor tem pesquisando a variabilidade efetiva dos cobrimentos em obras acabadas, construdas com diferentes
rigores de controle da qualidade de modo a viabilizar a aplicao desses conceitos estatsticos mais adequados situao
nacional.
Exemplo de Aplicao da Norma NBR 6118 (NB 1/2003)
Nesta segunda parte sero apresentados dois exemplos de aplicao do texto da NB 1/2003.
Aplicao a dois casos prticos: edifcio em Braslia e outro na costa, por exemplo Vitria / ES.
Premissas:
1. A maioria dos edifcios tm estrutura de concreto aparente nas garagens, que devem ser considerados ambientes
externos pois sempre esto em contato direto com o exterior;
2. A maioria dos edifcios tm jardins e costumam lavar os pisos trreos atingindo os ps de pilares;
3. A maioria dos edifcios tm revestimentos cermicos em fachadas que, infelizmente so lavados com cido
muritico (cido clordrico comercial);
4. A maioria dos edifcios tm as coberturas planas e impermeabilizadas.
Com essas premissas pode-se projetar assim:
Grupo A Garagens, trreo, pilares de fachada, cisternas e reservatrio superior e cobertura devem ter cobrimento
maior ou concreto melhor ou os dois;

19/30


Grupo B Todos os interiores secos; dormitrios, salas, corredores, bibliotecas podem ter cobrimentos menores
ou concretos inferiores ou os dois;
Grupo C Todos os interiores midos; banheiros, vestirios, lavanderias, cozinhas devem ter cobrimentos maiores
ou concretos melhores ou os dois.
A partir da Tabela 6.1 da NB 1/2003:
Obra em Braslia grupo A classe de agressividade II
grupo B classe de agressividade I
grupo C classe de agressividade I
Obra em Vitria grupo A classe de agressividade III
grupo B classe de agressividade II
grupo C classe de agressividade III
A partir das tabelas 7.1 e 7.2 da NB 1/2003:
Obra em Braslia grupo A CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 25mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
grupo B CA laje: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 20mm
CA viga/pilar: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 25mm
CP: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
grupo C CA laje: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 20mm
CA viga/pilar: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 25mm
CP: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
Obra em Vitria grupo A CA laje: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
CA viga/pilar: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 40mm
CP: a/c < 0,50; f
ck
> 35 MPa cobrimento > 45mm
grupo B CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 25mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
grupo C CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 40mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 35 MPa cobrimento > 45mm
A qualidade potencial do concreto depende preponderantemente do tipo de cimento, da relao gua/cimento e do grau de
hidratao. So esses os principais parmetros que regem as propriedades de absoro capilar de gua, de permeabilidade
por gradiente de presso de gua ou de gases, de difusibilidade de gua ou de gases, de migrao de ons, assim como todas
as propriedades mecnicas, tais como mdulo de elasticidade, resistncia compresso, trao, fluncia, relaxao,
abraso, e outras.
Regattieri
viii
, em 1999, em sua dissertao de mestrado, analisa vrios tipos de cimentos quanto ao fator gua/cimento e o
consumo de cimento, mostrados na tabela 6. Observando-se que o tipo de cimento tambm influencia o consumo de
cimento. Isto mostra que indicar na NB 1/00 os tipos de cimentos de fundamental importncia.
A qualidade efetiva do concreto na obra deve ser assegurada por um correto procedimento de mistura, transporte,
lanamento, adensamento, cura e desmoldagem.
Embora um concreto de resistncia mais alta seja, em princpio e sob certas circunstncias, potencialmente mais durvel do
que um concreto de resistncia mais baixa (de mesmos materiais), a resistncia compresso no , por si s, uma medida
suficiente da durabilidade do concreto, pois esta depende das camadas superficiais do concreto da estrutura.
Nessas camadas, a moldagem, o adensamento, a cura e a desmoldagem tm efeito muito importante nas propriedades de
difusividade, permeabilidade e absoro capilar de gua e gases. Apesar disso, decidiu-se na NB 1/00 fazer referncia s
classes de concreto (ver NBR 8953), por ser essa a propriedade mais consagrada nos projetos estruturais.
Tabela 6. Caractersticas de dosagem em funo do tipo de cimento e fator gua/cimento

viii
REGATTIERI, Carlos Eduardo Xavier. Contribuio ao Estudo da Influncia da Dosagem do Concreto na Absoro Capilar e
Penetrao de ons Cloreto. So Paulo, Universidade de So Paulo PCC / USP, CPGEC, 04 fev. 1999. (dissertao de mestrado)

20/30


Tipo de cimento
Relao a/c
(kg/kg)
Trao unitrio
(1:m)
Consumo Cimento
(kg/m
3
)
CP I-S-32
0,35
0,50
0,70
3,16
5,41
7,75
559
348
254
CP II-E-32
0,35
0,50
0,70
3,07
5,41
7,43
575
356
246
CP II-F-32
0,35
0,50
0,70
3,11
5,09
7,75
567
377
259
CP III-32
0,35
0,50
0,70
3,02
5,25
7,94
586
370
253
CP IV-32
0,35
0,50
0,70
2,27
4,74
7,14
612
405
284
CP V-ARI
0,35
0,50
0,70
2,88
4,88
7,43
607
394
270
CP V-ARI RS
0,35
0,50
0,70
2,80
4,74
7,23
620
406
281
Convm dar preferncia a certos tipos de cimento Portland, adies e aditivos mais adequados a resistir agressividade
ambiental, em funo da natureza dessa agressividade. Do ponto de vista da maior resistncia lixiviao so preferveis os
cimentos com adies tipo CP III e CP IV; para minimizar o risco de reaes lcali-agregado so preferveis os cimentos
pozolnicos tipo CP IV; para reduzir a profundidade de carbonatao so preferveis os cimentos tipo CP I e CP V e para
reduzir a penetrao de cloretos so preferveis os cimentos com adies tipo CP III e CP IV, assim como adio extra de
microsslica e cinza de casca de arroz.
A Tabela 7 d uma idia de como varia a resistncia do concreto com a mudana do tipo de cimento.
Tabela 7. Resistncia do concreto em MPa em funo da relao a/c para vrios tipos de cimento
Relao a/c
cimento
0,65 0,60 0,55 0,50 0,45
CP I 32 28 32 37 41 47
CP II 32 24 28 31 35 39
CP II 40 28 32 36 41 46
CP III 32 23 27 31 36 41
CP III 40 27 32 37 42 49
CP IV 32 24 28 32 36 41
CP V ARI / RS 30 33 38 42 46
CP V - ARI 33 38 42 47 53
NOTAS
1 Agregados de origem grantica
2 Dimetro mximo dos agregados de 25 mm
3 Abatimento slump entre 50 e 70 mm
4 Concretos com aditivo plastificante normal
A qualidade efetiva do concreto superficial, de cobrimento e proteo armadura, depende da adequabilidade da frma, do
aditivo desmoldante e, preponderantemente da cura dessas superfcies. Em especial, devem ser curadas as superfcies
expostas precocemente, devido desmoldagem, tais como fundo de lajes, laterais e fundos de vigas e faces de pilares e
paredes.

21/30


Controle da fissurao
O risco e a evoluo da corroso do ao na regio das fissuras de flexo transversais armadura principal dependem
essencialmente da qualidade e da espessura do concreto de cobrimento da armadura. Aberturas caractersticas limites de
fissuras na superfcie do concreto, em componentes ou elementos de concreto armado, so satisfatrias para as exigncias de
durabilidade.
No caso de armaduras ativas, devido sua maior sensibilidade corroso sob tenso, a abertura de fissuras na superfcie do
concreto, na regio dessas armaduras, no deve ser superior a 0,1 mm.
A abertura mxima caracterstica w
k
das fissuras, desde que no exceda valores da ordem de 0,3 a 0,4 mm, em elementos e
componentes estruturais submetidos e projetados em conformidade com as demais exigncias da NB 1/2003, no tem
importncia significativa na evoluo da corroso das armaduras passivas.
Assim uma diferenciao mais detalhada entre aberturas limite de fissuras transversais armadura principal no necessria
nas estruturas correntes de concreto armado.
de interesse, no entanto, fixar aberturas limite de fissuras, no caso destas afetarem a funcionalidade da estrutura, como o
caso, por exemplo, da estanqueidade de reservatrios, assim como nos casos que possam vir a causar desconforto
psicolgico nos usurios. Nos componentes e elementos estruturais sob classes de agressividade muito forte (IV), a limitao
de abertura de fissuras em valores menores que 0,3 mm no se constitui medida suficiente para prevenir a deteriorao da
estrutura.
A penetrao de agentes agressivos ao concreto at atingir a armadura, d-se por outros mecanismos, e que no
exclusivamente atravs de fissuras
ix
.
O aparecimento de fissuras nas estruturas de concreto armado inerente aos materiais que as compem. A utilizao de aos
de elevada resistncia, como o so o CA 50 e o CA 60, implica em deformaes flexo e trao importantes no concreto
que envolve essas armaduras superando, na maioria das vezes, a deformao especfica mxima trao do concreto.
Superada essa capacidade de absoro de deformaes, o concreto fissura.
Projetar uma estrutura de modo que a mxima deformao do ao trao no sobrepasse a correspondente deformao
mxima de ruptura trao do concreto, implica num grande desperdcio da capacidade resistente das armaduras e
consequentemente num aumento dos custos da estrutura. Na maioria dos casos a fissurao s evitada em obras de
concreto protendido, pela introduo de uma compresso ao concreto, e em obras especiais de conteno de lquidos
agressivos.
O concreto armado pode fissurar por diferentes razes, sendo objeto de interesse desta seco apenas as fissuras devidas
atuao de cargas. Essas so as nicas passveis de serem controladas atravs do clculo estrutural, conhecendo-se e
definindo-se a priori a distribuio e abertura de fissura aceitvel para uma dada situao. A abertura mxima dessas
fissuras so definidas a partir de exigncias estticas e psicolgicas
x
, de exigncias de desempenho quanto estanqueidade
de lquidos e por razes de durabilidade da armadura. Cabe observar que o estudo da fissurao controlada por deciso de
projeto, refere-se, sempre, ao fissuramento do concreto na direo transversal da armadura longitudinal ou principal. Essas
fissuras ocorrem devido superao da capacidade de deformao mxima do concreto trao ou flexo, ou seja, muito
antes das armaduras iniciarem um processo de corroso. As tpicas fissuras longitudinais que acompanham a direo da
armadura principal, esto sob domnio de outros fenmenos e variveis, resultantes de um processo de corroso j instalado,
no sendo, portanto, objeto de discusso nesta seo.
Segundo o texto da NB 1/2003 as fissuras podem ter aberturas de at 0,3 a 0,4mm. provvel que essas exigncias estejam
a favor da segurana para a maioria das situaes, sendo, no entanto, insuficientes frente a situaes particulares de
agressividade como a de lajes de cobertura em reservatrios, marquizes, tirantes, silos, pendurais
xi
, etc. Por outro lado
parece mais importante conhecer a profundidade da fissura
xii,
ou seja, se esta alcana ou no a armadura e com que abertura
o faz, que controlar apenas a abertura na superfcie.

ix
CARMONA FILHO, Antonio; HELENE, Paulo R. L. Fissurao das Peas de Concreto Armado e Corroso das Armaduras. In:
Seminrio Nacional de Corroso na Construo Civil, 2., Rio de Janeiro, set. 1986. Anais. Rio de Janeiro, ABRACO, 1986. p. 172-95
x
Existem poucas pesquisas sobre o tema. O CEB Design Manual on Cracking and Deformations. Lausanne-Suisse, Ecole Polytechnique
Fdrale, Swiss Federal Institute of Technology(EPFL), 1985. relata pesquisas de Padilla e Robles e de Haldane informando que
abertura de fissura de 0,25 a 0,3 mm j causam desconforto psicolgico aos usurios. Na realidade dependem tambm da textura
superficial do concreto e da distncia do observador.
xi
LIMA, Elorci; ROSSI, Jos & HELENE, Paulo R.L. Causa Mortis: Corroso de Armaduras. So Paulo, Anais do IV Simpsio
EPUSP sobre Estruturas de Concreto, Universidade de So Paulo PEF / USP, 21 a 25 ago. 2000. p. 151-60 (CD Rom)
xii
A determinao da profundidade de fissuras sempre complexa e acarreta uma certa incerteza. Pode-se empregar aparelhos de ultra-
som que constituem tcnica no destrutiva ou lquidos penetrantes, tais como o azul de metileno e fenolftalena, quebrando-se a seguir,
uma regio do concreto. O mais confivel, no entanto, a extrao e observao de testemunhos de dimetro adequado.

22/30


Est comprovado que o processo de carbonatao ocorre preponderantemente ao longo das paredes da fissura e esta
carbonatao, mais rpida que as demais, vai contribuir para a acelerao do aparecimento de clulas de corroso, devida s
diferenas de pH e de aerao decorrentes da carbonatao. Essa uma das concluses decorrentes dos estudos
experimentais de Carpentier e Soretz
xiii
que ensaiando vigas armadas e submetidas a ambientes corrosivos durante dois
anos, com fissuras de abertura da ordem de 0,2 mm a 0,3 mm, comprovaram que a corroso mais intensa quanto maior a
abertura das fissuras e quanto mais cedo estas aparecem. Verificaram tambm que carregamentos alternados contribuem para
aumentar a velocidade de corroso em relao a carregamentos permanentes e estticos. Estudos posteriores reafirmaram
este fato
xiv
, porm, foi observado tambm que ao considerar perodos longos de tempo, acima de 10 anos, no possvel
distinguir entre corroso acarretada por fissuras de aberturas inferiores a 0,4 mm. Tanto os componentes estruturais com
fissuras de abertura 0,1 mm quanto os de abertura 0,4 mm estavam igualmente corrodos
xv
.
O estudo da fissurao das estruturas de concreto deve comportar pelo menos os seguintes aspectos:
classificao da agressividade do meio ambiente
espessura mnima de cobrimento de concreto armadura
qualidade mnima do concreto
abertura mxima admissvel de fissura na superfcie do componente estrutural
modelo e formulao que permite o clculo da abertura de fissura
Um dos primeiros trabalhos nacionais, extenso e abrangente sobre o tema foi apresentado em 1981 por Burman
xvi
, na
Escola Politcnica. Carmona e Helene
xvii
tambm discutem este tema em profundidade comparando a normalizao
nacional com a estrangeira, podendo ser considerado o trabalho nacional mais completo e atualizado sobre a questo.
Verifica-se por exemplo que a normalizao brasileira a menos exigente quanto espessura de concreto de cobrimento
armadura, dentre as seis normas estudadas. Considerando que todos os fenmenos de penetrao de agentes agressivos so
proporcionais raiz do tempo, pode-se calcular o prejuzo que isso significa em termos de durabilidade da estrutura. Ao
dobrar a espessura de cobrimento significa multiplicar por quatro a vida til da estrutura, ou seja, a nossa normalizao ao
ser mais condescendente aceitando uma espessura menor de cobrimento, est na realidade, aceitando uma vida til de
projeto mais curta. Esse fato explica em parte o porqu de tantas obras apresentando problemas de corroso e exigindo
manuteno corretiva com 5 a 10 anos de idade, quando poderiam ter vida til de 20 a 40 anos, caso tivessem sido
projetadas com o dobro do cobrimento atual. Por outro lado, e esse parece ser o maior mrito do referido trabalho, no
possvel analisar a questo da durabilidade de peas controladamente fissuradas sem uma abordagem sistmica que
considere pelo menos todos os cinco aspectos acima listados. Por exemplo, enquanto a normalizao brasileira mais
exigente que a estrangeira na especificao da abertura mxima de fissura, o modelo nacional de clculo da abertura
previsvel de fissura conduz a aberturas caractersticas-w
k
, menores que as formulaes estrangeiras. Portanto para um
mesmo componente estrutural sob a mesmas consideraes de aes, o valor de w
k
encontrado pela frmula da norma NBR
6118 menor que o encontrado pela formulao estrangeira, ou seja, para uma mesma durabilidade o limite mximo de
abertura de fissura especificado na norma nacional tem mesmo que ser menor e no estar, na maioria das vezes,
significando maior proteo.
Suzuki et alii
xviii
verificaram experimentalmente na Universidade de Osaka a grande influncia favorvel da relao
gua/cimento na minimizao dos efeitos da corroso causadas por fissuras em prismas de concreto armado controlados com
o uso do potencial de corroso, da metodologia da resistncia de polarizao e da verificao da perda de massa ao final dos
ensaios. Ao fim de 140 dias de ensaio, para uma mesma espessura de cobrimento da armadura e mesma abertura de fissura,
as armaduras nos concretos de relao gua/cimento igual a 0,35 apresentaram a metade da perda de massa das armaduras
dos concretos com relao a/c igual a 0,55.
Apesar que a corroso aumenta com a abertura da fissura, a taxa global de perda de massa medida atravs da corrente de

xiii
CARPENTIER, L.; SORETZ, M. S. Contribution Ltude de la Corrosion des Armatures dans le Bton Arm. Annales de
LInstitute Technique du Btiment et des Travaux Publics. n. 223-224, p. 817-41, 1986.
xiv
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Concrete, 4., Stanbul, 1992. Proceedings. Detroit, ACI, 1992. p. 1491-508 (SP-132)
xv
BEEBY, A. W. Corrosion of Reinforcement and Cracks Width. In: International Symposium on Offshore Structures, Rio de Janeiro,
1979. Proceedings. London, Pentech Press, 1979. p. 147-59
xvi
BURMAN, Israel. Fissurao no Concreto Armado: Natureza do Fenmeno e sua Interferncia no Comportamento e
Durabilidade das Estruturas. So Paulo, 1981. Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica, Universidade de So Paulo.
xvii
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xviii
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[Documento preliminar recebido de Hiroshi Tamura em maro de 1992)

23/30


corroso, muito mais dependente da espessura de cobrimento e da relao a/c do concreto
xix
.
Na conveno do American Concrete Institute no outono de 1984, ocorreu interessante debate sobre a questo da
implicao da fissurao de projeto, ou seja, da fissurao controlada, na corroso das armaduras
xx
. Envolveu vrios
especialistas no tema e foi coordenada pelo ACI Committe 222 Corrosion of Metals in Concrete e ACI Committee 224
Craking of Concrete. Nos registros desse debate encontra-se novamente interessante demonstrao da grande influncia da
espessura de cobrimento e da qualidade do concreto na taxa de corroso. Enquanto para relao a/c de 0,49 a taxa de
corroso para cobrimento de 20 mm pode ser 2,22 vezes superior quela observada para cobrimento de 38 mm, com relao
a/c igual a 0,62 essa taxa relativa cai a 1,33 vezes, mantida a mesma abertura de fissura e prazo de um ano.
Graas ao trabalho pioneiro de Beeby
xxi
, a tendncia atual com relao abertura mxima de fissura para estruturas de
concreto armado, aceitar uma referncia vaga de w
k
0,4 mm e limitar a abertura de forma indireta, atravs de detalhes
construtivos do tipo espessura mnima de cobrimento de concreto, dimetro e espaamento mximo de barras
xxii
, e,
especialmente a qualidade do concreto (a/c, adies). Para concreto protendido a abertura mxima de referncia adotada
atualmente tem sido da ordem de 0,2 mm para ambientes pouco agressivos e zero para situaes de mdia a alta
agressividade.
Em princpio podem ser utilizadas as seguintes medidas protetoras especiais
xxiii
:
proteo das superfcies de concreto aparente com hidrofugantes (base silicone), com vernizes de base acrlico
puro, com vernizes de base poliuretano aliftico ou com sistemas duplos, renovados periodicamente a cada 3 a 5
anos;
proteo das superfcies de concreto no aparente com chapisco, emboo, reboco e pintura ou revestimentos de
pastilha, de cermica, de base asfalto, ou revestimentos reforados com fibras de vidro ou de polister, de mantas
de nilon, e similares, mantidos e renovados periodicamente;
proteo da superfcie da armadura com revestimentos de zinco tipo galvanizado. Cuidados especiais devem ser
tomados no manuseio das barras para no comprometer a proteo superficial;
proteo direta da superfcie da armadura com revestimentos de base epxi. Cuidados especiais devem ser tomados
no manuseio das barras para no comprometer a proteo superficial; e
proteo da armadura contra a corroso, atravs de proteo catdica por corrente impressa, mantida peridica e
sistematicamente.
Na tradio brasileira tem sido aceito considerar que um revestimento da superfcie da estrutura de concreto com chapisco,
emboo e reboco de argamassa de cimento:cal:areia, com acabamento de pintura, renovada periodicamente, ou outros
acabamentos, tais como pastilhas, cermicas, etc., desde que submetidos a uma manuteno peridica, atuaria como uma
barreira extra e protetora da armadura contra a corroso. Com esse raciocnio, era permitido reduzir a espessura de
cobrimento de 5 mm. Ao lado de obras com resultado positivo, h uma srie de outras, catastrficas, principalmente quando
isso foi considerado motivo para relaxar a qualidade da execuo, e sempre que as cermicas, pastilhas, fachadas e pisos
foram lavados com cido muritico (cido clordrico comercial), que altamente agressivo s armaduras. Portanto, apesar de
vivel em casos especficos, no se recomenda reduzir automaticamente os cobrimentos mnimos ou a qualidade do concreto
de cobrimento, em concordncia com as demais normas internacionais sobre o assunto.
O conjunto de projetos relativos a uma obra deve orientar-se por uma estratgia explcita, que facilite procedimentos de
inspeo e manuteno preventiva da construo. Sempre que necessrio um manual de utilizao, inspeo e manuteno
deve ser produzido e entregue ao usurio.
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INTRODUO DA DURABILIDADE NO PROJETO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO
COMO PROJETAR PARA A DURABILIDADE
2 parte



Paulo Helene. MSc, PhD, Full Professor. University of So Paulo PCC.USP. Education, Research & Consultancy on
Concrete Materials & Structures. Escola Politcnica. Chairman of Civil Construction & Urban Engineering Graduate
Courses.

resumo
Nos ltimos anos tem crescido o nmero de estruturas de concreto armado com manifestaes
patolgicas, como resultado do envelhecimento precoce das construes existentes
1
.
A perda da proteo natural oferecida armadura pelo cobrimento de concreto pode ocorrer atravs de
diversos mecanismos sendo preponderante a despassivao por carbonatao e por ons cloreto.
Tambm o concreto de per si sofre o ataque do ambiente deteriorando-se. Em algumas situaes a
prpria m escolha dos materiais constituintes do concreto pode gerar incompatibilidades e reaes
deletrias. Em todos os casos a estrutura de concreto pode vir a ser seriamente afetada.
Essas constataes tanto no mbito nacional quanto no mbito internacional, demonstraram que as
exigncias e recomendaes existentes nos textos das principais normas de projeto e execuo de
estruturas de concreto vigentes na dcada de 80 eram insuficientes. A dcada de 90 caracterizou-se,
ento, por um forte movimento nacional e internacional de introduo do conceito de vida til no projeto
das estruturas de concreto.
Consciente dessa problemtica, a engenharia brasileira iniciou, ainda no fim da dcada de 80, as
atividades de reviso da normalizao brasileira, ora concludos.
Este trabalho apresenta e justifica as novas exigncias da Normalizao brasileira. Foram introduzidos
dois novos captulos especficos que permitem uma previso da evoluo da deteriorao das estruturas
de concreto armado atravs de modelos de comportamento que viabilizam projetar para durabilidade e
no apenas para resistncia mecnica e segurana estrutural.

abstract
The number of reinforced concrete structures with lack of durability, has been increased during the last
years, as a result of the premature aging of these structures
2
.

1
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The lost of the rebar protection by the concrete cover may occur due to various factors but the main one is
the depassivation of the rebar due to carbonation or chloride ions. Also the concrete material can be
affected by aggressive environments and present early deterioration. Sometimes the concrete composition
materials can present incompatibilities and deleterious reactions. In all cases, the structure as a whole can
be seriously damaged.
These occurrences shown that the national and international concrete codes by the 80 decade must be
changed. During the 90-decade the most important concrete codes have changed presenting news criteria
to achieve more durability, introducing the service life concepts in the design of concrete structures.
During the 90 decade, Brazilian concrete code NB 1/78 has changed to NB 1/01. Two news chapters were
introduced to achieve more durability. This paper presents and justifies the news exigencies.
Esclarecimentos
Nesta segunda parte, em primeiro lugar ser apresentado o texto fiel constante da NB 1/02, em script ou
italic. A seguir sero apresentadas as discusses que justificam as exigncias e recomendaes do texto
da NB 1/02.
Passando ento NB 1/02 (NBR 6118 de 2002):
9.1 Exigncias de durabilidade
As estruturas de concreto devem ser projetadas e construdas de modo que, sob as condies
ambientais previstas na poca do projeto, e quando utilizadas conforme preconizado em projeto,
conservem sua segurana, estabilidade e aptido em servio durante um perodo mnimo de 50 anos,
sem exigir medidas extras de manuteno e reparo.
Projetar para durabilidade implica em desacelerar o processo de deteriorao das partes crticas da
estrutura. Isto implica, normalmente, em uma estratgia de mltiplos estgios, os quais podem,
freqentemente, se basear em barreiras sucessivas que se opem deteriorao.
O conceito de vida til conduz a um tratamento integralizado das seguintes fases do ciclo da construo:
planejamento
projeto
materiais
execuo
utilizao (operao e manuteno)
Em conseqncia dessa integrao, esto envolvidos na questo da durabilidade todos aqueles
profissionais que participam de alguma das fases acima; assim, cada um deles tm sua parcela de
responsabilidade. No inteno da Comisso de Estudos, impor obrigaes legais a terceiros, mas,
apenas, esclarecer o contexto geral de trabalho em que est inserido o projetista da estrutura.
Cabe ao projetista da estrutura prever as situaes de exposio pelas quais poder passar a estrutura
no transcorrer de sua vida til. Cabe a ele, ento, proceder s especificaes e recomendaes
pertinentes, que devero ser cumpridas pelos demais intervenientes do ciclo da construo, ou seja, os
fornecedores de materiais e componentes, os fornecedores de equipamentos, o construtor, o proprietrio,
o usurio, o responsvel da manuteno, e demais envolvidos.
O perodo de referncia mnimo de 50 anos foi introduzido aps muitas discusses no mbito da
Comisso de Estudos da ABNT. Na realidade a vida til de uma estrutura de concreto depende de vrios
fatores, inclusive da importncia da obra. Em obras de carter provisrio, transitrio ou efmero
tecnicamente recomendvel adotar-se vida til de projeto de pelo menos um ano. Para as pontes e outras
obras de carter permanente, podero ser adotadas perodos de 50, 75 ou at mais de 100 anos
conforme recomendado pelas normas internacionais, BS 7543
3
, apresentada na Tabela 3, e europias,
CEN / EN 206
4
, apresentada na Tabela 4.
TABELA 3. Vida til de projeto recomendada pelos ingleses, BS 7543.
BS 7543. Guide to Durability of
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4
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vida til tipo de estrutura
10 anos temporrias
10 anos substituveis
30 anos edifcios industriais e reformas
60 anos edifcios novos e reformas de edifcios pblicos
120 anos obras de arte e edifcios pblicos novos

TABELA 4. Vida til de projeto recomendada pelas normas europias, CEN.
Comit Europeu de Normalizao CEN / EN 206, 1994
vida til tipo de estrutura
1 a 5 anos temporrias
25 anos substituveis
50 anos edifcios novos
100 anos obras de arte novas
A vida til da estrutura depende tanto do desempenho dos elementos e componentes estruturais
propriamente ditos quanto dos demais componentes e partes da obra. Os demais elementos e
componentes incorporados estrutura, tais como drenos, juntas, aparelhos de apoio, instalaes,
pingadeiras, rufos, chapins, impermeabilizaes, revestimentos e outros, possuem geralmente vida til
mais curta que a do concreto, o que exige previses adequadas para suas substituies e manutenes,
uma vez que ali esto para proteger a estrutura de concreto.
Em principio deve caber ao proprietrio, assistido pelos responsveis do projeto arquitetnico e estrutural,
definir a extenso da vida til de projeto da estrutura, registrando-a na documentao tcnica da obra.
Cabe aos responsveis dos projetos analisar as condies de exposio e em confronto com a
importncia da estrutura como um todo, ou de suas partes, escolher os detalhes adequados que
objetivem assegurar a vida til de projeto indicada pelo proprietrio.
Fica claro que cada vez mais cabe aos responsveis dos projetos definir as medidas mnimas de
inspeo, monitoramento e manuteno preventiva, necessrias a assegurar a vida til de projeto da
estrutura, em funo da importncia da obra.
Finalmente observa-se que o conceito de vida til inclui qualquer tipo ou natureza de manuteno, ou
seja, todos os servios de manuteno previstos no projeto estrutural e previamente acordados com o
proprietrio e registrados na documentao de projeto estrutural, devero ser normalmente executados
durante o transcorrer da vida til da estrutura e, por mais onerosos que sejam, no significaro perda da
vida til prevista. Caso esses servios de manuteno no sejam realizados o projetista fica,
automaticamente, isento de compromisso com a vida til da estrutura.
9.2 Vida til
9.2.1 Por vida til de projeto entende-se o perodo de tempo durante o qual se mantm as
caractersticas das estruturas de concreto, sem exigir medidas extras de manuteno e reparo; aps
esse perodo que comea a efetiva deteriorao da estrutura, com o aparecimento de sinais visveis
como: produtos de corroso da armadura, deteriorao do concreto, fissuras, etc.
9.2.2 Esta Norma pressupe uma vida til de no mnimo 50 anos, de acordo com 9.1.
9.2.3 O conceito de vida til aplica-se estrutura como um todo ou s suas partes. Dessa forma,
determinadas partes das estruturas podem merecer considerao especial com valor de vida til
diferente do todo.
A vida til pode tambm ser entendida como o perodo de tempo durante o qual a estrutura capaz de
desempenhar bem as funes para as quais foi projetada. Pode-se distinguir pelo menos trs situaes e
suas correspondentes vidas teis, apresentadas na Fig.4, que contempla o fenmeno da corroso de
armaduras, por ser o mais freqente, o mais importante e mais conhecido cientificamente, mas que, como
modelo conceitual, aplica-se a todos os mecanismos de deteriorao.

Figura 4. Conceituao de vida til das estruturas de concreto tomando-se por
referncia o fenmeno de corroso das armaduras
5
.
A partir da Fig. 4 podem ser definidas as seguintes vidas teis:
a) perodo de tempo que vai at a despassivao da armadura, normalmente denominado de
perodo de iniciao. A esse perodo de tempo pode-se associar a chamada vida til de
projeto, conforme adotada nesta Norma. Normalmente corresponde ao perodo de tempo
necessrio para que a frente de carbonatao ou a frente de cloretos atinja a armadura. O fato
de a regio carbonatada ou de um certo nvel de cloretos atingir a armadura e teoricamente
despassiv-la, no significa que necessariamente a partir desse momento haver corroso
importante, embora usualmente isso ocorra. Esse perodo de tempo, no entanto, o perodo
que se recomenda seja adotado no projeto da estrutura, a favor da segurana;
b) perodo de tempo que vai at o momento em que aparecem manchas na superfcie do
concreto, ou ocorrem fissuras no concreto de cobrimento, ou ainda quando h o destacamento
do concreto de cobrimento. A esse perodo de tempo associa-se a chamada vida til de
servi o ou de utilizao. muito varivel de caso a caso, pois, em certos locais
inadmissvel que uma estrutura de concreto apresente manchas de corroso ou fissuras. Em
outros casos somente o inicio da queda de pedaos de concreto, colocando em risco a
integridade de pessoas e bens, pode definir o momento a partir do qual deve-se considerar
terminada a vida til de servio;
c) perodo de tempo que vai at a ruptura ou colapso parcial ou total da estrutura. A esse perodo
de tempo associa-se a chamada vida til ltima ou total. Corresponde ao perodo de tempo
no qual h uma reduo significativa da seo resistente da armadura ou uma perda
importante da aderncia armadura / concreto, acarretando o colapso parcial ou total da
estrutura;
d) nessa modelagem foi introduzido ainda o conceito de vida til residual, que corresponde ao
perodo de tempo em que a estrutura ainda ser capaz de desempenhar suas funes,
contado nesse caso a partir da data, qualquer, de uma vistoria. Essa vistoria e correspondente
diagnstico podem ser efetuado a qualquer instante da vida em uso da estrutura. O prazo
final, nesse caso, tanto pode ser o limite de projeto, o limite das condies de servio quanto o
limite de ruptura, dando origem a trs tipos de vida til residual; uma mais curta contada at
a despassivao da armadura, outra ate o aparecimento de manchas, fissuras ou
destacamento do concreto e outra longa contada at a perda significativa da capacidade
resistente do componente estrutural ou seu eventual colapso.

5
HELENE, Paulo R.L. Contribuio ao Estudo da Corroso em Armaduras de Concreto Armado. So Paulo, Universidade de
So Paulo, Departamento de Engenharia de Construo Civil PCC / USP, fev. 1993. 231p. (tese de livre-docncia)
importante salientar que os custos de interveno na estrutura para atingir um certo nvel de
durabilidade e proteo, crescem rapidamente com o tempo de espera para se fazer essa interveno. A
evoluo desse custo pode ser representado por uma progresso geomtrica de razo 5, conhecida por
lei dos 5 ou regra de Sitter
6
, representada na Fig. 5.

Figura 5. Representao da evoluo dos custos em funo da fase da vida da estrutura
em que a interveno feita
7
.
O significado dessa lei pode ser exposto
8
, conforme a interveno seja feita na:
a) fase de projeto: toda medida tomada a nvel de projeto com o objetivo de aumentar a
proteo e a durabilidade da estrutura, como por exemplo, aumentar o cobrimento da
armadura, reduzir a relao gua/cimento do concreto ou aumentar f
ck
, especificar certas
adies ou tratamentos protetores de superfcie, e outras tantas, implica num custo que pode
ser associado ao nmero 1 (um);
b) fase de execuo: toda medida extra-projeto, tomada durante a fase de execuo
propriamente dita, implica num custo 5 (cinco) vezes superior ao custo que acarretaria tomar
uma medida equivalente na fase de projeto, para obter-se o mesmo nvel final de durabilidade
ou vida til da estrutura. Um exemplo tpico a deciso em obra de reduzir a relao
gua/cimento para aumentar a durabilidade. A mesma medida tomada na fase de projeto
permitiria o redimensionamento automtico da estrutura, considerando um novo concreto de
resistncia compresso mais elevada, de maior mdulo de deformao e de menor fluncia.
Esses predicados permitiriam reduzir as dimenses dos componentes estruturais, reduzir as
frmas e o volume de concreto, reduzir o peso prprio e reduzir as taxas de armadura. Essas
medidas tomadas a nvel de obra, apesar de eficazes e oportunas do ponto de vista da vida
til, no mais podem propiciar economia e otimizao da estrutura;
c) fase de manuteno preventi va: as operaes isoladas de manuteno, tipo: pinturas
freqentes, limpezas de fachada sem beirais e sem protees, impermeabilizaes de
coberturas e reservatrios mal projetados, e outras, necessrias a assegurar as boas
condies da estrutura durante o perodo da sua vida til, podem custar at 25 vezes mais que
medidas corretas tomadas na fase de projeto estrutural ou arquitetnico. Por outro lado,
podem ser cinco vezes mais econmicas que aguardar a estrutura apresentar problemas
patolgicos evidentes que requeiram uma manuteno corretiva; e
d) fase de manuteno correti va: corresponde aos trabalhos de diagnstico, reparo, reforo e
proteo das estruturas que j perderam sua vida til de projeto e apresentam manifestaes
patolgicas evidentes. A essas atividades pode-se associar um custo 125 vezes superior ao
custo das medidas que poderiam e deveriam ter sido tomadas na fase de projeto e que

6
SITTER, W.R. Costs for Service Life Optimization. The Law of Fives. In: CEB-RILEM Durability of Concrete Structures.
Proceedings of the International Workshop held in Copenhagen, 18-20 May 1983. Copenhagen, CEB, 1984. (Workshop
Reported by Steen Rostam)
7
HELENE, Paulo R.L. Contribuio ao Estudo da Corroso em Armaduras de Concreto Armado. So Paulo, Universidade de
So Paulo, Departamento de Engenharia de Construo Civil PCC / USP, fev. 1993. 231p. (tese de livre-docncia)
8
HELENE, Paulo R.L. Manual para Reparacin, Refuerzo y Proteccin de las Estructuras de Concreto. Mxico, IMCYC, 1997.
150 p. (em espanhol) ISBN 968-464-005-6
implicariam num mesmo nvel de durabilidade que se estima dessa obra aps essa
interveno corretiva.
Os colaboradores do texto da NB 1/00 entendem que pelo menos alguns dos intervenientes no ciclo da
construo: o arquiteto, o proprietrio, o construtor, coordenados pelo projetista estrutural devam
estabelecer a extenso da vida til, analisar as condies de exposio, escolher detalhes que objetivem
assegurar a vida til prevista e definir medidas mnimas de inspeo, monitoramento e manuteno
preventiva, na fase de uso da obra.
Fica claro que a durabilidade das estruturas de concreto requer cooperao e esforos coordenados de
pelo menos seis co-responsveis;
a) O proprietrio: definindo suas expectativas presentes e futuras de uso da estrutura;
b) O responsvel pelo projeto arquitetnico: definindo detalhes e especificando materiais;
c) O responsvel pelo projeto estrutural: definindo geometrias, detalhes e especificando
materiais e manuteno preventiva;
d) O responsvel pela tecnologia do concreto: definindo caractersticas dos materiais, traos
e metodologia de execuo, em conjunto com os responsveis pelo itens c e e;
e) O responsvel pela construo: definindo metodologias complementa-res da construo e
respeitando o projetado e especificado anteriormente;
f) O usurio (proprietrio): obedecendo as condies de uso, de operao e de manuteno
preventiva especificadas.
9.3 Mecanismos de envelhecimento e deteriorao
Na considerao da durabilidade devem ser levados em conta os mecanismos mais importantes de
envelhecimento e deteriorao da estrutura de concreto, pelo menos os relacionados a seguir:
9.3.1 Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos ao concreto
a) lixiviao: por ao de guas puras, carbnicas agressivas e cidas, que dissolvem e
carreiam os compostos hidratados da pasta de cimento;
b) expanso por ao de guas e solos que contenham ou estejam contaminados com
sulfatos, dando origem a reaes expansivas e deletrias com a pasta de cimento hidratado;
c) expanso por ao das reaes entre os lcalis do cimento e certos agregados reativos;
d) reaes deletrias superficiais de certos agregados, decorrentes de transformaes de
produtos ferruginosos presentes na sua constituio mineralgica.
9.3.2 Mecanismos preponderantes de deteriorao relativos armadura
a) despassivao por carbonatao, ou seja, por ao do gs carbnico da atmosfera, que
penetra por difuso e reage com os hidrxidos alcalinos da soluo dos poros do concreto,
reduzindo o pH dessa soluo. A despassivao deletria s ocorre de maneira significativa
em ambientes de umidade relativa abaixo de 98% e acima de 65%, ou em ambientes sujeitos
a ciclos de molhagem e secagem, possibilitando a instalao da corroso;
b) despassivao por elevado teor de on cloro (cloreto), ou seja, por penetrao do cloreto
atravs de processos de difuso, de impregnao ou de absoro capilar de guas contendo
teores de cloreto, que ao superarem, na soluo dos poros do concreto, um certo limite em
relao concentrao de hidroxilas, despassivam a superfcie do ao e instalam a corroso.
9.3.3 Mecanismos de deteriorao da estrutura propriamente dita
So todos aqueles relacionados s aes mecnicas, movimentaes de origem trmica, impactos,
aes cclicas, deformao lenta (fluncia), relaxao, e outros considerados nas demais partes desta
Norma.
Lixiviao: a sintomatologia bsica uma superfcie arenosa ou com agregados expostos sem a pasta
superficial, eflorescncias de carbonato, elevada reteno de fuligem e risco de desenvolvimento de
fungos, com conseqente reduo do pH do extrato aquoso dos poros superficiais.
Expanso por sulfatos: a sintomatologia bsica uma superfcie com fissuras aleatrias, esfoliao e
reduo significativa da dureza e resistncia superficial do concreto, com conseqente reduo do pH do
extrato aquoso dos poros superficiais. Do ponto de vista do concreto, os sulfatos presentes na gua do
mar, nas guas servidas, nas guas industriais e nos solos midos e gessferos, podem acarretar reaes
deletrias de expanso, com formao de compostos expansivos do tipo etringita e gesso secundrio
9
. O
teor de sulfato em um concreto depende do consumo de cimento e do teor de gesso primrio no referido
cimento. Assim, por exemplo, um concreto de massa especfica de 2 300 kg/m
3
, com 350 kg de cimento
por m
3
, amassado com um cimento de no mximo 3% de gesso, dar um teor mximo total de sulfatos de
0,46% da massa de concreto. Se as quantidades encontradas forem superiores significaro que houve
contaminao proveniente do exterior
10
.
Expanso por reao lcali-agregado: dentre os agregados reativos pode-se destacar a opala, a
calcednia, as slicas amorfas, certos calcrios, que, para conduzir a reaes significativamente
deletrias, requerem estar em presena de elevada umidade. A sintomatologia bsica uma expanso
geral da massa de concreto, com fissuras superficiais e profundas.
Reaes superficiais deletrias: destaca-se como exemplo os problemas oriundos com agregados que
contm pirita, que pode acarretar manchas, cavidades e protuberncias na superfcie dos concretos.
Despassi vao por carbonatao: o fenmeno no perceptvel a olho nu, no reduz a resistncia do
concreto e at aumenta sua dureza superficial. A identificao da frente ou profundidade de carbonatao
requer ensaios especficos. Ao atingir a armadura, dependendo das condies de umidade ambiente,
pode promover sria corroso, com aparecimento de manchas, fissuras, destacamentos de pedaos de
concreto e at perda da seo resistente e da aderncia, promovendo o colapso da estrutura ou de suas
partes.
Despassi vao por cloretos: eventualmente, esses teores elevados de cloreto podem ter sido
introduzidos, inadvertidamente, durante o amassamento do concreto, geralmente atravs do excesso de
aditivos aceleradores de endurecimento. O fenmeno no perceptvel a olho nu, no reduz a resistncia
do concreto, nem altera seu aspecto superficial. A identificao da frente ou da profundidade de
penetrao de certo teor crtico de cloreto requer ensaios especficos. Ao atingir a armadura, pode
promover sria corroso, com aparecimento de manchas, fissuras, destacamentos de pedaos de
concreto e at perda da seo resistente e da aderncia, promovendo o colapso da estrutura ou de suas
partes.
9.4 Agressividade do ambiente
9.4.1 A agressividade do meio ambiente est relacionada s aes fsicas e qumicas que atuam
sobre as estruturas de concreto, independentemente das aes mecnicas, das variaes
volumtricas de origem trmica, da retrao hidrulica e outras previstas no dimensionamento das
estruturas de concreto.
9.4.2 Nos projetos das estruturas correntes, a agressividade ambiental pode ser classificada,
conceitualmente, de acordo com o apresentado na Tabela 11.
Tabela 11. Classes de agressividade ambiental
Classe de
agressividade
bi t l
Agressividade Risco de deteriorao da estrutura
I fraca insignificante
II mdia pequeno
III forte grande
IV muito forte elevado
9.4.3 A classificao da agressividade do meio ambiente s estruturas de concreto armado e
protendido pode ser avaliada, simplificamente, segundo as condies de exposio, da estrutura ou
de suas partes, apresentadas na Tabela 12.
Tabela 12. Classes de agressividade ambiental em funo das condies de exposio
Micro-clima Macro-clima
Ambientes internos Ambientes externos e obras em geral

9
BICZK, Imre. La Corrosin del Hormign y su Proteccin. 6 ed. Bilbao, Urmo, 1978.
10
ANDRADE, Carmen. Manual para Diagnstico de Obras Deterioradas por Corroso de Armaduras.Trad. de Antonio Carmona
Filho & Paulo Helene. So Paulo, PINI, nov. 1992. 105 p.
Seco
1

UR 65%
mido ou ciclos
2
de
molhagem e secagem
Seco
3

UR 65%
mido ou ciclos
4
de
molhagem e secagem
rural I I I II
urbana I II I II
marinha II III ----- III
industrial II III II III
especial
5)
II III ou IV III III ou IV
respingos de mar ----- ----- ----- IV
submersa 3m ----- ----- ----- I
solo ----- ----- no
agressivo I
mido e agressivo
II, III ou IV
1)
Salas, dormitrios, banheiros, cozinhas e reas de servio de aptos. residenciais e conjuntos comerciais ou
ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura.
2)
Vestirios, banheiros, cozinhas, lavanderias industriais e garagens.
3)
Obras em regies secas, como o nordeste do pas, partes protegidas de chuva em ambientes predominantemente
secos.
4)
Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indstrias de
celulose e papel, armazns de fertilizantes, indstrias qumicas.
5)
Macro clima especial significa ambiente com agressividade bem conhecida, que permitir definir a classe de
agressividade III ou IV nos ambientes midos. Se o ambiente for seco, a classe de agressividade ser sempre II
nos ambientes internos e III nos externos.
9.4.4 Quando o risco de contaminao por cloretos for alto, deve-se enquadrar este trecho da
estrutura na classe IV. o caso da zona de respingos de mar.
No caso de guas agressivas e solos contaminados, atuando sobre estruturas de concreto, uma
classificao mais rigorosa, com base na concentrao efetiva de certas substncias pode tambm ser
utilizada, recomendando-se os limites orientativos constantes da norma CETESB L 1.007.
No caso de agressividade ao concreto, avaliada atravs de determinaes especficas de teores de
substncias agressivas, podem ser adotados os valores referenciais
11
apresentados na Tabela 5.
Tabela 5. Classificao da agressividade do ambiente visando a durabilidade do concreto
Classe de
agressividade
pH
CO2
agressivo
mg/L
Amnia
NH4+
mg/L
Magnsia
Mg
2+

mg/L
Sulfato
SO4
2-

mg/L
Slidos
dissolvidos
mg/L
I > 6,0 < 20 < 100 < 150 < 400 > 150
II 5,9 - 5,9 20 - 30 100 - 150 150 - 250 400 - 700 150 - 50
III 5,0 - 4,5 30 - 100 150 - 250 250 - 500 700 - 1500 < 50
IV > 4,5 > 100 > 250 > 500 > 1500 < 50
notas:
1 No caso de solos, a anlise deve ser feita no extrato aquoso do solo.
2 gua em movimento, temperatura acima de 30C, ou solo agressivo muito permevel conduz a um aumento de um grau na
classe de agressividade.
3 Ao fsica superficial tal como abraso e cavitao, aumenta a velocidade de ataque qumico.
Aplicao a dois casos prticos: edifcio em Braslia e outro na costa, por exemplo Vitria / ES.

11
COMITE EURO-INTERNATIONAL du BETON. Durable Concrete Structures. Design Guide. Lausanne, Thomas Telford, 1992.
Obs.:
1. A maioria dos edifcios tm estrutura de concreto aparente nas garagens, que devem ser
considerados ambientes externos pois sempre esto em contato direto com o exterior;
2. A maioria dos edifcios tm jardins e costumam lavar os pisos trreos atingindo os ps de pilares;
3. A maioria dos edifcios tm revestimentos cermicos em fachadas que, infelizmente so lavados
com cido muritico (cido clordrico comercial);
4. A maioria dos edifcios tm as coberturas planas e impermeabilizadas.
Com essas premissas pode-se projetar assim:
Grupo A Garagens, trreo, pilares de fachada, cisternas e reservatrio superior e cobertura
devem ter cobrimento maior ou concreto melhor ou os dois;
Grupo B Todos os interiores secos; dormitrios, salas, corredores, bibliotecas podem ter
cobrimentos menores ou concretos inferiores ou os dois;
Grupo C Todos os interiores midos; banheiros, vestirios, lavanderias, cozinhas devem ter
cobrimentos maiores ou concretos melhores ou os dois.
A partir da tabela 12 da NB 1/00
Obra em Braslia grupo A classe de agressividade II
grupo B classe de agressividade I
grupo C classe de agressividade I
Obra em Vitria grupo A classe de agressividade III
grupo B classe de agressividade II
grupo C classe de agressividade III
A partir das tabelas 13 e 14 da NB 1/00
Obra em Braslia grupo A CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 25mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
grupo B CA laje: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 20mm
CA viga/pilar: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 25mm
CP: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
grupo C CA laje: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 20mm
CA viga/pilar: a/c < 0,65; f
ck
> 20 MPa cobrimento > 25mm
CP: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
Obra em Vitria grupo A CA laje: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
CA viga/pilar: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 40mm
CP: a/c < 0,50; f
ck
> 35 MPa cobrimento > 45mm
grupo B CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 25mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 25 MPa cobrimento > 30mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
grupo C CA laje: a/c < 0,60; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 35mm
CA viga/pilar: a/c < 0,60; f
ck
> 30 MPa cobrimento > 40mm
CP: a/c < 0,55; f
ck
> 35 MPa cobrimento > 45mm
10.1 Generalidades
Para evitar envelhecimento prematuro e satisfazer as exigncias de durabilidade, devem ser
observados, alm dos demais captulos desta Norma, os seguintes critrios do conjunto de projetos
relativos obra:
a) prever drenagem eficiente;
b) evitar formas arquitetnicas e estruturais inadequadas;
c) garantir concreto de qualidade apropriada, particularmente nas regies superficiais dos
elementos estruturais;
d) garantir cobrimentos de concreto apropriados para proteo s armaduras;
e) detalhar adequadamente as armaduras;
f) controlar a fissurao das peas;
g) prever espessuras de sacrifcio ou revestimentos protetores em regies sob condies de
exposio ambiental muito agressivas; e
h) definir um plano de inspeo e manuteno preventiva.
A resistncia do concreto aos diferentes meios agressivos depende da natureza e tipo dos seus materiais
constituintes assim como da composio ou dosagem do concreto, ou seja, depende de;
tipo e consumo de cimento
tipo e consumo de adies
relao gua / cimento
natureza e D
max
do agregado
Na realidade o mais importante a resistncia da estrutura ao meio ambiente e esta depende no s da
qualidade do concreto mas tambm de critrios adequados de projeto. Nesse sentido o texto da NB 1/00
foi muito feliz e ressalta que para evitar envelhecimento precoce e satisfazer as exigncias de
durabilidade dos usurios devem ser observados vrios critrios de projeto.
10.2 Drenagem
10.2.1 Evitar a presena ou acumulao de gua proveniente de chuvas cidas ou decorrente de
gua de limpeza e lavagem, sobre as superfcies das estruturas de concreto.
10.2.2 As superfcies expostas que necessitam ser horizontais, tais como ptios, garagens,
estacionamento, e outras, devem ser convenientemente drenadas, com disposio de ralos e
condutores a distncias adequadas.
10.2.3 Todas as juntas de movimento ou de dilatao, em superfcies sujeitas ao de gua, devem
ser convenientemente seladas, de forma a torn-las estanques passagem (percolao) de gua.
10.2.4 Todos os topos de platibandas e paredes devem ser protegidos por chapins. Todos os beirais
devem ter pingadeiras, e os encontros a diferentes nveis devem ser protegidos por rufos.
A condio mais desfavorvel durabilidade do concreto o contato permanente com gua poluda e
impregnada que o mantenha mido, pois propicia a deteriorao precoce da estrutura.
Recomenda-se, portanto, que sejam criadas boas condies de drenagem, evitando acmulo sobre a
estrutura e encaminhando-a para tubulaes de drenagem adequadas.
10.3 Formas arquitetnicas e estruturais
10.3.1 Selecionar formas arquitetnicas e estruturais apropriadas de modo a evitar disposies
arquitetnicas ou construtivas que reduzam a durabilidade da estrutura.
10.3.2 Prever acesso adequado para inspeo e manuteno de partes da estrutura com vida til
inferior ao todo, tais como aparelhos de apoio, caixes, insertos, impermeabilizaes, pinturas e
outros.
Uma das mais eficientes formas de reduzir a ao deletria do meio ambiente sobre a estrutura atravs
de projetos arquitetnico e estrutural adequados.
10.4 Qualidade do concreto e cobrimento
10.4.1 Atendidas as condies gerais de 10.1, a durabilidade das estruturas altamente dependente
das caractersticas do concreto e da espessura e qualidade do concreto do cobrimento.
10.4.2 Ensaios comprobatrios de desempenho da durabilidade da estrutura frente ao tipo e nvel de
agressividade previsto em projeto, devem estabelecer os parmetros mnimos a serem atendidos. Na
falta destes e devido existncia de uma forte correspondncia entre a relao gua/cimento, a
resistncia compresso do concreto e sua durabilidade, permite-se adotar os requisitos mnimos
expressos na Tabela 13.
10.4.3 Os requisitos das Tabelas 13 e 14 so vlidos para concretos executados com aglomerantes
hidrulicos que atendam s especificaes de cimento Portland tipos I, II, III, IV e V, respectivamente;
NBR 5732, NBR 11578, NBR 5735, NBR 5736 e NBR 5733.
Tabela 13. Correspondncia entre classe de agressividade e qualidade do concreto
Concreto
Classe de agressividade (ver tabela 11)
Tipo I II III IV
relao gua/cimento em massa CA
CP
0,65
0,60
0,60
0,55
0,55
0,50
0,45
0,45
classe de concreto
(NBR 8953)
CA
CP
C20
C25
C25
C30
C30
C35
C40
C40
Notas:
1 CA Componentes e elementos estruturais de concreto armado
2 CP Componentes e elementos estruturais de concreto protendido
10.4.4 Os concretos sujeitos a intensa solicitao mecnica de desgaste por abraso, devem ter
resistncia caracterstica compresso f
ck
40 MPa (C40 da NBR 8953), reduzida exsudao e
serem submetidos a prolongada cura mida (> 7 dias).
10.4.5 A durabilidade das estruturas de concreto armado e protendido altamente dependente da
qualidade e da espessura do concreto de cobrimento das armaduras. Entende-se como cobrimento
mnimo o menor valor que deve ser respeitado ao longo de todo o elemento considerado e que se
constitui num critrio de aceitao.
Para garantir o cobrimento mnimo (c
min
) o projeto e a execuo devem considerar o cobrimento
nominal (c
nom
), que o cobrimento mnimo acrescido da tolerncia de execuo (c). Assim, as
dimenses das armaduras e os espaadores devem respeitar o cobrimento nominal. Quando houver
um adequado controle de qualidade e rgidos limites de tolerncia da variabilidade das medidas
durante a execuo, pode ser adotado um valor c = 5 mm. Em caso contrrio, nas obras correntes,
seu valor deve ser de no mnimo c = 10 mm, o que determina os cobrimentos nominais indicados na
tabela 14.
Nos casos em que o controle de qualidade for rigoroso, os requisitos mnimos para o cobrimento
nominal da tabela 14 podem ser reduzidos de 5 mm, mas a exigncia de controle rigoroso deve ser
explicitada nos desenhos de projeto.
10.4.6 Os cobrimentos nominais e mnimos so sempre, referidos superfcie da armadura externa,
em geral a face externa do estribo. O cobrimento nominal de uma determinada barra deve sempre
ser:
c
nom
barra
c
nom
feixe =
n
=
n

c
nom
0,5 bainha
10.4.7 A dimenso mxima caracterstica do agregado grado, utilizado no concreto, no pode
superar 20% da espessura nominal do cobrimento, ou seja:
d
max
1,2

c
nom
Tabela 14 - Correspondncia entre classe de agressividade ambiental e cobrimento nominal
Classe de agressividade ambiental (tabela 11)
cnom
mm
Componente
ou elemento
I II III IV
3)

Concreto armado Laje
2)
20 25 35 45
Viga / pilar 25 30 40 55
Concreto protendido
1)
Todos 30 35 45 55
1)
Cobrimento nominal da armadura passiva que envolve a bainha ou os fios, cabos e
cordoalhas, sempre superior ao especificado para o elemento de concreto armado, devido aos
riscos de corroso fragilizante sob tenso.
2)
Para a face superior de lajes e vigas que sero revestidas com argamassa de contrapiso, com
revestimentos finais secos tipo carpete e madeira, com argamassa de revestimento e
acabamento tais como pisos de elevado desempenho, pisos cermicos, pisos asflticos, e
outros tantos, as exigncias desta Tabela podem ser substitudas pelo item 10.4.6, respeitado
um cobrimento nominal 15mm.
3)
As faces inferiores de lajes e vigas de reservatrios, estaes de tratamento de gua e esgoto,
condutos de esgoto, canaletas de efluentes e outras obras em ambientes qumica e
intensamente agressivos devem ter cobrimento nominal 45mm.
10.4.8 Aditivos contendo cloreto na sua composio no devem ser utilizados em estruturas de
concreto armado ou protendido.
10.4.9 A proteo das armaduras ativas externas deve ser garantida pela bainha, completada por
graute, calda de cimento Portland sem adies, ou graxa especialmente formulada para esse fim.
10.4.10 Ateno especial deve ser dedicada proteo contra a corroso das ancoragens das
armaduras ativas.
A qualidade potencial do concreto depende preponderantemente do tipo de cimento, da relao
gua/cimento e do grau de hidratao. So esses os principais parmetros que regem as propriedades de
absoro capilar de gua, de permeabilidade por gradiente de presso de gua ou de gases, de
difusibilidade de gua ou de gases, de migrao de ons, assim como todas as propriedades mecnicas,
tais como mdulo de elasticidade, resistncia compresso, trao, fluncia, relaxao, abraso, e
outras.
Regattieri
12
, em 1999, em sua dissertao de mestrado, analisa vrios tipos de cimentos quanto ao fator
gua/cimento e o consumo de cimento, mostrados na tabela 6. Observando-se que o tipo de cimento
tambm influencia o consumo de cimento. Isto mostra que indicar na NB 1/00 os tipos de cimentos de
fundamental importncia.
Tabela 6. Caractersticas de dosagem em funo do tipo de cimento e fator gua/cimento
Tipo de cimento
Relao a/c
(kg/kg)
Trao unitrio
(1:m)
Consumo Cimento
(kg/m
3
)
CP I-S-32
0,35
0,50
0,70
3,16
5,41
7,75
559
348
254
CP II-E-32
0,35
0,50
0,70
3,07
5,41
7,43
575
356
246
CP II-F-32
0,35
0,50
0,70
3,11
5,09
7,75
567
377
259
CP III-32
0,35
0,50
0,70
3,02
5,25
7,94
586
370
253
CP IV-32
0,35
0,50
0,70
2,27
4,74
7,14
612
405
284
CP V-ARI
0,35
0,50
0,70
2,88
4,88
7,43
607
394
270
CP V-ARI RS
0,35
0,50
0,70
2,80
4,74
7,23
620
406
281
A qualidade efetiva do concreto na obra deve ser assegurada por um correto procedimento de mistura,
transporte, lanamento, adensamento, cura e desmoldagem.

12
REGATTIERI, Carlos Eduardo Xavier. Contribuio ao Estudo da Influncia da Dosagem do Concreto na Absoro Capilar e
Penetrao de ons Cloreto. So Paulo, Universidade de So Paulo PCC / USP, CPGEC, 04 fev. 1999. (dissertao de
mestrado)
Embora um concreto de resistncia mais alta seja, em princpio e sob certas circunstncias,
potencialmente mais durvel do que um concreto de resistncia mais baixa (de mesmos materiais), a
resistncia compresso no , por si s, uma medida suficiente da durabilidade do concreto, pois esta
depende das camadas superficiais do concreto da estrutura.
Nessas camadas, a moldagem, o adensamento, a cura e a desmoldagem tm efeito muito importante nas
propriedades de difusividade, permeabilidade e absoro capilar de gua e gases. Apesar disso, decidiu-
se na NB 1/00 fazer referncia s classes de concreto (ver NBR 8953), por ser essa a propriedade mais
consagrada nos projetos estruturais.
Convm dar preferncia a certos tipos de cimento Portland, adies e aditivos mais adequados a resistir
agressividade ambiental, em funo da natureza dessa agressividade. Do ponto de vista da maior
resistncia lixiviao so preferveis os cimentos com adies tipo CP III e CP IV; para minimizar o risco
de reaes lcali-agregado so preferveis os cimentos pozolnicos tipo CP IV; para reduzir a
profundidade de carbonatao so preferveis os cimentos tipo CP I e CP V e para reduzir a penetrao
de cloretos so preferveis os cimentos com adies tipo CP III e CP IV, assim como adio extra de
microsslica e cinza de casca de arroz.
A Tabela 7 d uma idia de como varia a resistncia do concreto com a mudana do tipo de cimento.
Tabela 7. Resistncia do concreto em MPa em funo da relao a/c para vrios tipos de cimento
Relao a/c
cimento
0,65 0,60 0,55 0,50 0,45
CP I 32 28 32 37 41 47
CP II 32 24 28 31 35 39
CP II 40 28 32 36 41 46
CP III 32 23 27 31 36 41
CP III 40 27 32 37 42 49
CP IV 32 24 28 32 36 41
CP V ARI / RS 30 33 38 42 46
CP V - ARI 33 38 42 47 53
NOTAS
1 Agregados de origem grantica
2 Dimetro mximo dos agregados de 25 mm
3 Abatimento slump entre 50 e 70 mm
4 Concretos com aditivo plastificante normal
A qualidade efetiva do concreto superficial, de cobrimento e proteo armadura, depende da
adequabilidade da frma, do aditivo desmoldante e, preponderantemente da cura dessas superfcies. Em
especial, devem ser curadas as superfcies expostas precocemente, devido desmoldagem, tais como
fundo de lajes, laterais e fundos de vigas e faces de pilares e paredes.
Uma diretriz geral, encontrada na literatura tcnica, diz que a durabilidade da estrutura de concreto
determinada por quatro fatores, identificados como regra dos 4C:
- Composio ou trao do concreto;
- Compactao ou adensamento efetivo do concreto na estrutura;
- Cura efetiva do concreto na estrutura;
- Cobrimento ou espessura do concreto de cobrimento das armaduras
Na ausncia de valores obtidos de ensaios experimentais nos concretos que realmente sero utilizados
na estrutura, pode ser adotada a classificao orientativa, apresentada na Tabela 8, referente corroso
de armaduras e na Tabela 9, referente deteriorao do concreto.
Tabela 8. Classificao da resistncia dos concretos frente ao risco de corroso das armaduras.
Classe
de
Classe de
Resistncia


Mxima relao a/c
Deteriorao por
Carbonatao
Deteriorao por
Cloretos
Concreto (NBR 8953) Teor de Adies Teor de Adies

durvel

C50

0,38
10% de pozolana,
slica ativa ou
escria de alto
forno
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno

resistente
C35
C40
C45

0,50
10% de pozolana
ou slica ativa
15% de escria de
alto forno
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria
de alto forno
normal C25
C30
0,62 qualquer qualquer

efmero
C10
C15
C20

qualquer

qualquer

qualquer
Tabela 9. Classificao da resistncia dos concretos frente ao risco de deteriorao por lixiviao ou
por formao de compostos expansivos.
Classe
de
Classe de
Resistncia

Deteriorao por

Expanso

Deteriorao por
Lixiviao
Concreto
(NBR 8953)
Teor de C
3
A no
Cimento Anidro

Teor de Adies

Teor de Adies

durvel

C50

5%
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno
20% de pozolana
ou slica ativa
65% de escria de
alto forno

resistente
C35
C40
C45

5%
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria
de alto forno
10% de pozolana
ou slica ativa
35 % de escria
de alto forno
normal C25
C30
8% qualquer qualquer

efmero
C10
C15
C20

qualquer

qualquer

qualquer
Portanto, a vida til desejada para a estrutura pode ser alcanada atravs de uma combinao adequada
e inteligente desses fatores, ou seja, ao empregar um concreto de melhor qualidade, possvel reduzir o
cobrimento mantendo a mesma vida til de projeto, e vice-versa. Admitindo que o adensamento e a cura
sero e devero ser bem executados em qualquer circunstncia, fica um certo grau de liberdade entre a
escolha da resistncia (qualidade) do concreto e a espessura do cobrimento.
Essa nova viso da questo da durabilidade, expressa neste comentrio aponta para uma mudana
radical na forma de exigir requisitos de projeto. Atualmente, e esta NB 1/00 ainda assim age, uma vez
classificada a agressividade do ambiente, o passo seguinte escolher a qualidade do concreto e atender
a uma certa espessura de cobrimento. Desse atendimento aos dois requisitos, espera-se alcanar uma
certa vida til de projeto (nesta NB 1/00 estimada como 50 anos).
Dentro da nova conceituao apresentada, aps a classificao da agressividade do ambiente, o passo a
tomar deveria ser o de escolher uma vida til de projeto e, a partir dela, com liberdade, combinar
inteligentemente o cobrimento de concreto das armaduras com a qualidade (resistncia) desse concreto.
No caso do Item 10.4.10 da NB 1/00 o ideal para proteo durvel parece ser o emprego de grautes, de
base cimento modificado com polmeros.
10.5 Detalhamento das armaduras
10.5.1 As barras devem ser dispostas dentro do componente ou elemento estrutural, de modo a
permitir e facilitar a boa qualidade do lanamento e adensamento do concreto.
10.5.2 Para garantir um bom adensamento vital prever no projeto estrutural, durante o detalhamento
da disposio das armaduras, espao suficiente para entrada da agulha do vibrador.
O congestionamento das barras dificulta a moldagem, propicia a segregao dos componentes do
concreto e impede um bom adensamento, ao dificultar a entrada do vibrador, comprometendo a
compacidade final do concreto endurecido
13
.
10.6 Controle da fissurao
10.6.1 O risco e a evoluo da corroso do ao na regio das fissuras de flexo transversais
armadura principal dependem essencialmente da qualidade e da espessura do concreto de
cobrimento da armadura. Aberturas caractersticas limites de fissuras na superfcie do concreto,
dadas em 13.3.2, em componentes ou elementos de concreto armado, so satisfatrias para as
exigncias de durabilidade.
10.6.2 No caso de armaduras ativas, devido sua maior sensibilidade corroso sob tenso, a
abertura de fissuras na superfcie do concreto, na regio dessas armaduras, no deve ser superior a
0,2 mm, conforme exigncias do captulo 13.
A abertura mxima caracterstica w
k
das fissuras, desde que no exceda valores da ordem de 0,3 a 0,4
mm, em elementos e componentes estruturais submetidos e projetados em conformidade com as demais
exigncias desta NB 1/00, no tem importncia significativa na evoluo da corroso das armaduras
passivas.
Assim uma diferenciao mais detalhada entre aberturas limite de fissuras transversais armadura
principal no necessria nas estruturas correntes de concreto armado.
de interesse, no entanto, fixar aberturas limite de fissuras, no caso destas afetarem a funcionalidade da
estrutura, como o caso, por exemplo, da estanqueidade de reservatrios, assim como nos casos que
possam vir a causar desconforto psicolgico nos usurios. Nos componentes e elementos estruturais sob
classes de agressividade muito forte (IV), a limitao de abertura de fissuras em valores menores que 0,3
mm no se constitui medida suficiente para prevenir a deteriorao da estrutura.
A penetrao de agentes agressivos ao concreto at atingir a armadura, d-se por outros mecanismos, e
que no exclusivamente atravs de fissuras
14
.
O aparecimento de fissuras nas estruturas de concreto armado inerente aos materiais que as compem.
A utilizao de aos de elevada resistncia, como o so o CA 50 e o CA 60, implica em deformaes
flexo e trao importantes no concreto que envolve essas armaduras superando, na maioria das
vezes, a deformao especfica mxima trao do concreto. Superada essa capacidade de absoro de
deformaes, o concreto fissura.
Projetar uma estrutura de modo que a mxima deformao do ao trao no sobrepasse a
correspondente deformao mxima de ruptura trao do concreto, implica num grande desperdcio da
capacidade resistente das armaduras e consequentemente num aumento dos custos da estrutura. Na
maioria dos casos a fissurao s evitada em obras de concreto protendido, pela introduo de uma
compresso ao concreto, e em obras especiais de conteno de lquidos agressivos.
O concreto armado pode fissurar por diferentes razes, sendo objeto de interesse desta seco apenas
as fissuras devidas atuao de cargas. Essas so as nicas passveis de serem controladas atravs do
clculo estrutural, conhecendo-se e definindo-se a priori a distribuio e abertura de fissura aceitvel
para uma dada situao. A abertura mxima dessas fissuras so definidas a partir de exigncias estticas
e psicolgicas
15
, de exigncias de desempenho quanto estanqueidade de lquidos e por razes de
durabilidade da armadura. Cabe observar que o estudo da fissurao controlada por deciso de projeto,

13
O'REILLY, Vitervo. Dosagem dos Concretos. So Paulo, PINI, 1998.
14
CARMONA FILHO, Antonio; HELENE, Paulo R. L. Fissurao das Peas de Concreto Armado e Corroso das Armaduras. In:
Seminrio Nacional de Corroso na Construo Civil, 2., Rio de Janeiro, set. 1986. Anais. Rio de Janeiro, ABRACO, 1986. p.
172-95
15
Existem poucas pesquisas sobre o tema. O CEB Design Manual on Cracking and Deformations. Lausanne-Suisse, Ecole
Polytechnique Fdrale, Swiss Federal Institute of Technology(EPFL), 1985. relata pesquisas de Padilla e Robles e de Haldane
informando que abertura de fissura de 0,25 a 0,3 mm j causam desconforto psicolgico aos usurios. Na realidade dependem
tambm da textura superficial do concreto e da distncia do observador.
refere-se, sempre, ao fissuramento do concreto na direo transversal da armadura longitudinal ou
principal. Essas fissuras ocorrem devido superao da capacidade de deformao mxima do concreto
trao ou flexo, ou seja, muito antes das armaduras iniciarem um processo de corroso. As tpicas
fissuras longitudinais que acompanham a direo da armadura principal, esto sob domnio de outros
fenmenos e variveis, resultantes de um processo de corroso j instalado, no sendo, portanto, objeto
de discusso nesta seo.
Segundo o texto da NB 1/00 as fissuras podem ter aberturas de at 0,3 a 0,4mm. provvel que essas
exigncias estejam a favor da segurana para a maioria das situaes, sendo, no entanto, insuficientes
frente a situaes particulares de agressividade como a de lajes de cobertura em reservatrios,
marquizes, tirantes, silos, pendurais
16
, etc. Por outro lado parece mais importante conhecer a
profundidade da fissura
17
,
ou seja, se esta alcana ou no a armadura e com que abertura o faz, que
controlar apenas a abertura na superfcie.
Est comprovado que o processo de carbonatao ocorre preponderantemente ao longo das paredes da
fissura e esta carbonatao, mais rpida que as demais, vai contribuir para a acelerao do aparecimento
de clulas de corroso, devida s diferenas de pH e de aerao decorrentes da carbonatao. Essa
uma das concluses decorrentes dos estudos experimentais de Carpentier e Soretz
18
que ensaiando
vigas armadas e submetidas a ambientes corrosivos durante dois anos, com fissuras de abertura da
ordem de 0,2 mm a 0,3 mm, comprovaram que a corroso mais intensa quanto maior a abertura das
fissuras e quanto mais cedo estas aparecem. Verificaram tambm que carregamentos alternados
contribuem para aumentar a velocidade de corroso em relao a carregamentos permanentes e
estticos. Estudos posteriores reafirmaram este fato
19
, porm, foi observado tambm que ao considerar
perodos longos de tempo, acima de 10 anos, no possvel distinguir entre corroso acarretada por
fissuras de aberturas inferiores a 0,4 mm. Tanto os componentes estruturais com fissuras de abertura 0,1
mm quanto os de abertura 0,4 mm estavam igualmente corrodos
20
.
O estudo da fissurao das estruturas de concreto deve comportar pelo menos os seguintes aspectos:
classificao da agressividade do meio ambiente
espessura mnima de cobrimento de concreto armadura
qualidade mnima do concreto
abertura mxima admissvel de fissura na superfcie do componente estrutural
modelo e formulao que permite o clculo da abertura de fissura
Um dos primeiros trabalhos nacionais, extenso e abrangente sobre o tema foi apresentado em 1981 por
Burman
21
, na Escola Politcnica. Carmona e Helene
22

tambm discutem este tema em profundidade
comparando a normalizao nacional com a estrangeira, podendo ser considerado o trabalho nacional
mais completo e atualizado sobre a questo. Por esta razo este trabalho est apresentado no Anexo A e
passa a fazer parte integrante desta tese. Verifica-se por exemplo que a normalizao brasileira a
menos exigente quanto espessura de concreto de cobrimento armadura, dentre as seis normas
estudadas. Considerando que todos os fenmenos de penetrao de agentes agressivos so
proporcionais raiz do tempo, pode-se calcular o prejuzo que isso significa em termos de durabilidade da
estrutura. Ao dobrar a espessura de cobrimento significa multiplicar por quatro a vida til da estrutura, ou
seja, a nossa normalizao ao ser mais condescendente aceitando uma espessura menor de cobrimento,
est na realidade, aceitando uma vida til de projeto mais curta. Esse fato explica em parte o porqu de
tantas obras apresentando problemas de corroso e exigindo manuteno corretiva com 5 a 10 anos de
idade, quando poderiam ter vida til de 20 a 40 anos, caso tivessem sido projetadas com o dobro do

16
LIMA, Elorci; ROSSI, Jos & HELENE, Paulo R.L. Causa Mortis: Corroso de Armaduras. So Paulo, Anais do IV Simpsio
EPUSP sobre Estruturas de Concreto, Universidade de So Paulo PEF / USP, 21 a 25 ago. 2000. p. 151-60 (CD Rom)
17
A determinao da profundidade de fissuras sempre complexa e acarreta uma certa incerteza. Pode-se empregar aparelhos de
ultra-som que constituem tcnica no destrutiva ou lquidos penetrantes, tais como o azul de metileno e fenolftalena,
quebrando-se a seguir, uma regio do concreto. O mais confivel, no entanto, a extrao e observao de testemunhos de
dimetro adequado.
18
CARPENTIER, L.; SORETZ, M. S. Contribution Ltude de la Corrosion des Armatures dans le Bton Arm. Annales de
LInstitute Technique du Btiment et des Travaux Publics. n. 223-224, p. 817-41, 1986.
19
PHILIPOSE, K. E.; BEAUDOIN, J. J.; FELDMAN, R. F. Degradation of Normal Portland and Slag Cement Concrete under Load
Due to Reinforcement Corrosion. In: CANMET/ACI International Conference on Fly Ash, Silica Fume, Slag and Natural
Pozzolans in Concrete, 4., Stanbul, 1992. Proceedings. Detroit, ACI, 1992. p. 1491-508 (SP-132)
20
BEEBY, A. W. Corrosion of Reinforcement and Cracks Width. In: International Symposium on Offshore Structures, Rio de Janeiro,
1979. Proceedings. London, Pentech Press, 1979. p. 147-59
21
BURMAN, Israel. Fissurao no Concreto Armado: Natureza do Fenmeno e sua Interferncia no Comportamento e
Durabilidade das Estruturas. So Paulo, 1981. Dissertao (Mestrado) - Escola Politcnica, Universidade de So Paulo.
22
CARMONA FILHO, Antonio; HELENE, Paulo R. L. Fissurao das Peas de Concreto Armado e Corroso das Armaduras. In:
Seminrio Nacional de Corroso na Construo Civil, 2., Rio de Janeiro, set. 1986. Anais. Rio de Janeiro, ABRACO, 1986. p.
172-95
cobrimento atual. Por outro lado, e esse parece ser o maior mrito do referido trabalho, no possvel
analisar a questo da durabilidade de peas controladamente fissuradas sem uma abordagem sistmica
que considere pelo menos todos os cinco aspectos acima listados. Por exemplo, enquanto a normalizao
brasileira mais exigente que a estrangeira na especificao da abertura mxima de fissura, o modelo
nacional de clculo da abertura previsvel de fissura conduz a aberturas caractersticas-w
k
, menores que
as formulaes estrangeiras. Portanto para um mesmo componente estrutural sob a mesmas
consideraes de aes, o valor de w
k
encontrado pela frmula da norma NBR 6118 menor que o
encontrado pela formulao estrangeira, ou seja, para uma mesma durabilidade o limite mximo de
abertura de fissura especificado na norma nacional tem mesmo que ser menor e no estar, na maioria
das vezes, significando maior proteo.
Suzuki et alii
23

verificaram experimentalmente na Universidade de Osaka a grande influncia favorvel da
relao gua/cimento na minimizao dos efeitos da corroso causadas por fissuras em prismas de
concreto armado controlados com o uso do potencial de corroso, da metodologia da resistncia de
polarizao e da verificao da perda de massa ao final dos ensaios. Ao fim de 140 dias de ensaio, para
uma mesma espessura de cobrimento da armadura e mesma abertura de fissura, as armaduras nos
concretos de relao gua/cimento igual a 0,35 apresentaram a metade da perda de massa das
armaduras dos concretos com relao a/c igual a 0,55.
Apesar que a corroso aumenta com a abertura da fissura, a taxa global de perda de massa medida
atravs da corrente de corroso, muito mais dependente da espessura de cobrimento e da relao a/c
do concreto, conforme mostrado na Fig.III-27
24
.
Na conveno do American Concrete Institute no outono de 1984, ocorreu interessante debate sobre a
questo da implicao da fissurao de projeto, ou seja, da fissurao controlada, na corroso das
armaduras
25
. Envolveu vrios especialistas no tema e foi coordenada pelo ACI Committe 222 Corrosion
of Metals in Concrete e ACI Committee 224 Craking of Concrete. Nos registros desse debate encontra-
se novamente interessante demonstrao da grande influncia da espessura de cobrimento e da
qualidade do concreto na taxa de corroso. Enquanto para relao a/c de 0,49 a taxa de corroso para
cobrimento de 20 mm pode ser 2,22 vezes superior quela observada para cobrimento de 38 mm, com
relao a/c igual a 0,62 essa taxa relativa cai a 1,33 vezes, mantida a mesma abertura de fissura e prazo
de um ano.
Graas ao trabalho pioneiro de Beeby
26
, a tendncia atual com relao abertura mxima de fissura para
estruturas de concreto armado, aceitar uma referncia vaga de w
k
0,4 mm e limitar a abertura de
forma indireta, atravs de detalhes construtivos do tipo espessura mnima de cobrimento de concreto,
dimetro e espaamento mximo de barras
27
, e, especialmente a qualidade do concreto (a/c, adies).
Para concreto protendido a abertura mxima de referncia adotada atualmente tem sido da ordem de 0,2
mm para ambientes pouco agressivos e zero para situaes de mdia a alta agressividade.
10.7 Medidas especiais
Em condies de exposio adversas devem ser tomadas medidas especiais de proteo e
conservao, tais como: aplicao de revestimentos hidrofugantes e pinturas impermeabilizantes
sobre as superfcies do concreto, revestimentos de argamassas, de cermicas ou outros sobre a
superfcie do concreto, galvanizao da armadura, proteo catdica da armadura, e outras.
Em princpio podem ser utilizadas as seguintes medidas protetoras especiais
28
:
proteo das superfcies de concreto aparente com hidrofugantes (base silicone), com vernizes de
base acrlico puro, com vernizes de base poliuretano aliftico ou com sistemas duplos, renovados
periodicamente a cada 3 a 5 anos;

23
SUZUKI, K.: OHNO, Y.; PRAPARNTANATORN, S.; TAMURA, H. Mechanism of Steel Corrosion in Cracked Concrete. 1992.
[Documento preliminar recebido de Hiroshi Tamura em maro de 1992)
24
SCHIESSL, P.; RAUPACH, M. Untersuchungen zum Mechanismus der Bewehrungskorrosion im Bereich von Rissen. In:
Baustofftechnische Einflusse auf Konstruktionen. Berlim, Ernst & Sohn, Zum 60. Geburtstag von Hubert K. Hilsdorf, 1990. p.
583-99
25
AMERICAN CONCRETE INSTITUTE. Debate: Crack Width, Cover and Corrosion: reported by ACI Committee 222/224. Concrete
International, p. 20-35, May 1985.
26
BEEBY, A. W. Concrete in the Oceans. Cracking and Corrosion. Wexham Springs, CIRIA / CCA, 1978. (Technical Report, 1)
27
COMITE EURO-INTERNATIONAL du BETON. Durable Concrete Structures. Design Guide. Lausanne, Thomas Telford, 1992.
p. 73
28
HELENE, Paulo R.L. Quais as Alternativas para Reparar Estruturas de Concreto com Problemas de Corroso de Armaduras?
Buenos Aires, Revista Ingeniera Estructural, Asociacin de Ingenieros Estructurales, ao 7, n. 16, mayo 1999. p. 36-44
proteo das superfcies de concreto no aparente com chapisco, emboo, reboco e pintura ou
revestimentos de pastilha, de cermica, de base asfalto, ou revestimentos reforados com fibras
de vidro ou de polister, de mantas de nilon, e similares, mantidos e renovados periodicamente;
proteo da superfcie da armadura com revestimentos de zinco tipo galvanizado. Cuidados
especiais devem ser tomados no manuseio das barras para no comprometer a proteo
superficial;
proteo direta da superfcie da armadura com revestimentos de base epxi. Cuidados especiais
devem ser tomados no manuseio das barras para no comprometer a proteo superficial; e
proteo da armadura contra a corroso, atravs de proteo catdica por corrente impressa,
mantida peridica e sistematicamente.
Na tradio brasileira
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tem sido aceito considerar que um revestimento da superfcie da estrutura de
concreto com chapisco, emboo e reboco de argamassa de cimento:cal:areia, com acabamento de
pintura, renovada periodicamente, ou outros acabamentos, tais como pastilhas, cermicas, etc., desde
que submetidos a uma manuteno peridica, atuaria como uma barreira extra e protetora da armadura
contra a corroso. Com esse raciocnio, era permitido reduzir a espessura de cobrimento de 5 mm. Ao
lado de obras com resultado positivo, h uma srie de outras, catastrficas, principalmente quando isso
foi considerado motivo para relaxar a qualidade da execuo, e sempre que as cermicas, pastilhas,
fachadas e pisos foram lavados com cido muritico (cido clordrico comercial), que altamente
agressivo s armaduras. Portanto, apesar de vivel em casos especficos, no se recomenda reduzir
automaticamente os cobrimentos mnimos ou a qualidade do concreto de cobrimento, em concordncia
com as demais normas internacionais sobre o assunto.
10.8 Inspeo e manuteno preventiva
10.8.1 O conjunto de projetos relativos a uma obra deve orientar-se por uma estratgia explcita, que
facilite procedimentos de inspeo e manuteno preventiva da construo.
10.8.2 Quando necessrio o manual de utilizao, inspeo e manuteno deve ser produzido de
acordo com o item 25.3.

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NB 1/78.

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