60CBC2067
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net/publication/327847779
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5 authors, including:
Eduardo Rizzatti
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Gabriel Hauschild (1); Leonardo Azevedo Massulo (2); Christian Donin (3); Eduardo Rizzatti (4);
Clairson Dutra (5); Lorenzo Sartori Rizzatti (6)
Resumo
O presente artigo apresenta comparações entre os resultados da análise estrutural de um reservatório em
concreto armado por meio de dois métodos: os métodos clássicos e o método dos elementos finitos (MEF).
As solicitações analisadas nas placas do reservatório são os momentos fletores e as forças normais de tração.
Através da consideração da ação do vento na estrutura, realiza-se a análise dos momentos fletores na base
dos pilares, por meio de dois métodos: pórticos planos resistindo à ação do vento e análise tridimensional da
estrutura por meio do MEF. Verifica-se que os momentos fletores próximos ao centro das placas são
geralmente maiores através do MEF, enquanto os momentos fletores nos engastes entre placas geralmente
são maiores através dos métodos clássicos. As forças normais diferem para cada método, considerando que
o MEF apresenta uma distribuição dos esforços nas placas de uma forma mais semelhante ao comportamento
real da estrutura. Em relação à análise dos momentos fletores na base dos pilares, verifica-se que os
resultados obtidos através de ambos métodos são semelhantes.
Palavra-Chave: Reservatórios; Concreto Armado; Análise Estrutural; Método dos Elementos Finitos.
Abstract
The present article presents comparisons between the results of the structural analysis of a reinforced concrete
reservoir using two methods: the classical methods and the Finite Element Method (FEM). The strength
analyzed in the plates of the reservoir are the bending moments and the axial forces. By considering the wind
action in the structure, the analysis of the bending moments at the base of the pillars is realized through two
methods: plane frames resisting the wind action and three-dimensional analysis of the structure through the
FEM. It is verified that the bending moments near the center of the plates are generally bigger through the
FEM, while the bending moments in the inter-plate joint are generally bigger through the classical methods.
The axial forces differ for each method, considering that the FEM presents a distribution of strengths on the
plates in a similar way to the real behavior of the structure. In relation to the analysis of the bending moments
at the base of the pillars, it is verified that the results obtained by both methods are similar.
Keywords: Reservoirs; Reinforced Concrete; Structural Analysis; Finite Element Method.
2 Definição do protótipo
O protótipo analisado é um reservatório em concreto armado do tipo elevado sobre pilares.
Quatro placas quadradas com dimensões de 4 m e espessura de 25 cm formam as paredes
laterais. A placa do fundo possui quatro lados medindo 4 m, e uma espessura de 25 cm. A
placa da tampa possui quatro lados medindo 4 m, e uma espessura de 20 cm. No topo dos
pilares existem vigas de cintamento, todas com base de 25 cm e altura de 50 cm. No sentido
vertical, as placas laterais do reservatório e as vigas funcionam monoliticamente como viga-
parede. Quatro pilares quadrados de lado 25 cm sustentam a cuba do reservatório, cada
um com 8 m de altura. Ligando os pilares existem vigas com base de 25 cm e altura de 50
cm, a fim de diminuir o comprimento de flambagem dos mesmos e contribuir para a
estabilidade global da estrutura. A figura 1 apresenta a geometria do protótipo.
3 Ações no reservatório
As principais ações atuantes nas placas dos reservatórios são: peso próprio, empuxo
hidrostático devido ao líquido armazenado e sobrecargas variáveis de utilização. Além
disso, a ação horizontal do vento na estrutura também deve ser considerada, conforme a
NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações.
Segundo ARAÚJO (2014), as paredes laterais do reservatório recebem uma carga de
formato triangular devido ao empuxo lateral do líquido armazenado, comportando-se como
laje neste sentido. Também atuam nas paredes laterais o peso próprio, a reação de apoio
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3
da placa do fundo, e ainda a reação de apoio da placa da tampa, ambas atuando como
uma carga linearmente distribuída. Neste sentido a placa lateral comporta-se como viga-
parede. A figura 2 apresenta um esquema dos carregamentos atuantes nas placas do
reservatório, através de um corte vertical da estrutura.
Onde p1 é a sobrecarga variável de utilização que atua na placa da tampa, somada ao seu
peso próprio, p2 é o carregamento devido ao líquido armazenado que atua na placa do
fundo, somado ao seu peso próprio, e p3 é a carga triangular proveniente do empuxo do
líquido armazenado.
Segundo ARAÚJO (2014), pelo fato de que cada placa está engastada nas placas vizinhas,
as reações dos engastes de uma placa são transmitidas às outras como cargas aplicadas
no plano médio das mesmas. Assim, as placas estão também submetidas à solicitações de
flexo-tração, e devem ser devidamente dimensionadas a fim de resistir à estas solicitações.
Segundo ARAÚJO (2014), quando o giro ocorre no mesmo sentido, considera-se a borda
simplesmente apoiada, pois os valores dos momentos negativos na ligação são baixos.
Quando as placas tendem a girar em sentidos opostos, considera-se um engaste perfeito.
Portanto, a placa do fundo do reservatório é considerada engastada com as placas laterais.
A placa da tampa é considerada apenas apoiada sobre as quatro placas laterais. As placas
laterais, além de engastadas com a placa do fundo, são engastadas entre si.
μ P lx²
M= (Equação 2)
100
Onde x e y indicam a direção da placa analisada. O sinal (+) indica momento fletor positivo,
no centro das placas, e o sinal (-) indica momento fletor negativo, no engaste entre placas.
a h2 γ β
N= (Equação 3)
2
Onde a é a largura da placa lateral no outro eixo, h é a altura da placa lateral do reservatório
e γ é o peso específico do líquido armazenado. A tabela 2 apresenta os resultados das
forças de tração características obtidas para a placa do fundo e para as placas laterais, por
meio dos métodos clássicos.
50,0
Força normal de tração (kN/m)
45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Dimensão da placa (m)
A força normal de tração característica obtida para a placa do fundo através da análise por
meio do método dos elementos finitos foi de 110,820 kN. A figura 10 apresenta o diagrama
de forças normais obtido através da análise da estrutura pelo método dos elementos finitos
para as placas laterais.
A força normal de tração característica obtida para a placa do fundo através da análise por
meio do método dos elementos finitos foi de 105,714 kN.
O momento fletor característico obtido na base dos pilares através da análise pelo método
dos elementos finitos é de 13,363 kN.m.
30,0
26,042 26,042
25,0
20,0 15,905 17,905
15,194 15,997
(kN.m)
15,0 12,199
10,764
8,784
10,0 7,813 7,834
6,128 4,989 4,458
5,0 2,085
0,000
0,0
MEF
MEF
MEF
MEF
MEF
MEF
MEF
MEF
Clássico
Clássico
Clássico
Clássico
Clássico
Clássico
Clássico
Clássico
140,0 128,000
Força normal de tração
60,0
40,0
20,0
0,0
Clássico MEF Clássico MEF
Tração Parede (Nkp) Tração Fundo (Nkf)
Figura 14 – Comparação das forças normais tração
16,0 14,100
característico (kN.m)
14,0 12,363
Momento fletor
12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Pórticos planos MEF
8 Considerações finais
Através da análise dos resultados obtidos por meio de ambos os métodos é possível
concluir que, para o protótipo analisado, os métodos clássicos tendem a apresentar
resultados mais conservadores para os momentos fletores nos engastes entre placas. Já o
método dos elementos finitos tende a apresentar maiores valores para os momentos
fletores próximos ao centro das placas.
Em relação a tampa do reservatório, o método dos elementos finitos via modelo
tridimensional permite verificar os momentos fletores que ocorrem nas bordas da placa,
considerando de maneira mais realista a rigidez relativa entre a tampa e as vigas-parede
laterais da estrutura. Já nos modelos clássicos simplificados, normalmente, as placas de
tampa são consideradas como apoiadas, fazendo com que não ocorram momentos fletores
nas bordas destas placas.
Foi possível verificar que a análise estrutural por meio do método dos elementos finitos
apresenta um comportamento da estrutura mais próximo da situação real, visto que, não
ocorrem momentos de engastamento perfeito entre as placas do reservatório, pois os
momentos de engastamento são diretamente proporcionais à rigidez das placas. Conforme
verifica-se através da análise pelo método dos elementos finitos, a redução dos momentos
fletores de engastamento acarreta em um aumento nos momentos fletores no centro das
placas. A consideração da condição de engastamento perfeito entre as placas pode levar
ao superdimensionamento da estrutura em relação aos momentos fletores nos engastes, e
a um subdimensionamento em relação aos momentos fletores no centro das placas.
Conclui-se ainda, de modo geral, que os resultados obtidos através de ambos os métodos
são semelhantes. Isso significa que a simplificação como pórticos planos e placas
apresentam resultados confiáveis quando comparada com uma análise tridimensional via
método dos elementos finitos.
Por fim, deve-se recomendar que se faça no projeto deste tipo de reservatório uma análise
criteriosa a fim de interpretar os resultados obtidos por meio de ambos os métodos, a fim
de determinar quais valores levar em consideração para o dimensionamento da estrutura.
9 Referências
ARAÚJO, J. M.. Curso de concreto armado. Vol. 4. 4ª edição. Rio Grande. Editora Dunas,
2014.
BARES, R.. Tablas para el calculo de placas y vigas pared. Gustavo Gili. Barcelona,
1972.
FUSCO, P. B.. Técnica de armar as estruturas de concreto. Editora Pini. São Paulo,
1995.
GUERRÍN, A; LAVAUR, R. C.. Tratado de concreto armado. Vol. 5. Editora Hemus Ltda.
São Paulo, 2003.
MONTOYA, P. J.; MESEGUER, A. G.; CABRÉ, F. M.. Hormigón armado. 14ª edición
basada em la EHE. Gustavo Gili. Barcelona, 2000.