60CBC2067

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 17

See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.

net/publication/327847779

Comparação da análise estrutural de um reservatório em concreto armado por


meio dos métodos clássicos e do método dos elementos finitos

Conference Paper · September 2018

CITATIONS READS

0 221

5 authors, including:

Leonardo Azevedo Massulo Christian Donin


University of Santa Maria University of Santa Cruz do Sul
7 PUBLICATIONS 0 CITATIONS 14 PUBLICATIONS 5 CITATIONS

SEE PROFILE SEE PROFILE

Eduardo Rizzatti

33 PUBLICATIONS 45 CITATIONS

SEE PROFILE

Some of the authors of this publication are also working on these related projects:

Performance evaluation of polymer-modified bedding mortars for structural masonry View project

All content following this page was uploaded by Leonardo Azevedo Massulo on 24 September 2018.

The user has requested enhancement of the downloaded file.


Comparação da análise estrutural de um reservatório em concreto
armado por meio dos métodos clássicos e do método dos elementos
finitos
Comparison of the structural analysis of a reinforced concrete reservoir through the classic
methods and the finite element method

Gabriel Hauschild (1); Leonardo Azevedo Massulo (2); Christian Donin (3); Eduardo Rizzatti (4);
Clairson Dutra (5); Lorenzo Sartori Rizzatti (6)

(1) Engenheiro Civil, Universidade de Santa Cruz do Sul – e-mail: [email protected]


(2) Engenheiro Civil, Universidade de Santa Cruz do Sul – e-mail: [email protected]
(3) Professor Mestre, Universidade de Santa Cruz do Sul e Doutorando em Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Maria / PPGEC – e-mail: [email protected]
(4) Professor Doutor, Universidade Federal de Santa Maria / PPGEC – e-mail: [email protected]
(5) Professor Mestre, Universidade de Santa Cruz do Sul, Doutorando em Engenharia Civil, Universidade
Federal de Santa Maria / PPGEC e Engenheiro Civil, INGAUGE Engineering and Technology – e-
mail: [email protected]
(6) Engenheiro Civil, Universidade Federal de Santa Maria – e-mail: [email protected]
Av. Independência, 2293, bloco 52, sala 5220 - B. Universitário, Santa Cruz do Sul, RS – CEP: 96816-501

Resumo
O presente artigo apresenta comparações entre os resultados da análise estrutural de um reservatório em
concreto armado por meio de dois métodos: os métodos clássicos e o método dos elementos finitos (MEF).
As solicitações analisadas nas placas do reservatório são os momentos fletores e as forças normais de tração.
Através da consideração da ação do vento na estrutura, realiza-se a análise dos momentos fletores na base
dos pilares, por meio de dois métodos: pórticos planos resistindo à ação do vento e análise tridimensional da
estrutura por meio do MEF. Verifica-se que os momentos fletores próximos ao centro das placas são
geralmente maiores através do MEF, enquanto os momentos fletores nos engastes entre placas geralmente
são maiores através dos métodos clássicos. As forças normais diferem para cada método, considerando que
o MEF apresenta uma distribuição dos esforços nas placas de uma forma mais semelhante ao comportamento
real da estrutura. Em relação à análise dos momentos fletores na base dos pilares, verifica-se que os
resultados obtidos através de ambos métodos são semelhantes.
Palavra-Chave: Reservatórios; Concreto Armado; Análise Estrutural; Método dos Elementos Finitos.

Abstract
The present article presents comparisons between the results of the structural analysis of a reinforced concrete
reservoir using two methods: the classical methods and the Finite Element Method (FEM). The strength
analyzed in the plates of the reservoir are the bending moments and the axial forces. By considering the wind
action in the structure, the analysis of the bending moments at the base of the pillars is realized through two
methods: plane frames resisting the wind action and three-dimensional analysis of the structure through the
FEM. It is verified that the bending moments near the center of the plates are generally bigger through the
FEM, while the bending moments in the inter-plate joint are generally bigger through the classical methods.
The axial forces differ for each method, considering that the FEM presents a distribution of strengths on the
plates in a similar way to the real behavior of the structure. In relation to the analysis of the bending moments
at the base of the pillars, it is verified that the results obtained by both methods are similar.
Keywords: Reservoirs; Reinforced Concrete; Structural Analysis; Finite Element Method.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 1


1 Introdução
Reservatórios são estruturas que possuem papel fundamental no contexto em que estão
inseridas. Sua utilização ocorre em diversos setores: estações de tratamento de água,
estações de tratamento de esgoto, reservação de água para abastecimento, ou podem
armazenar outros produtos, especialmente no setor industrial.
O correto dimensionamento estrutural é imprescindível para evitar que os reservatórios
sofram qualquer tipo de patologia, evitando a suspensão do abastecimento ou a paralização
de determinado processo. Portanto, é de extrema importância uma boa concepção de
projeto.
De acordo com ARAÚJO (2014), os reservatórios usuais em concreto armado são
compostos por um conjunto de placas, podendo possuir uma ou mais células para
armazenamento. Conforme GUERRÍN E LAVAUR (2003), os reservatórios em concreto
armado devem atender a algumas exigências: resistir aos esforços aos quais são
solicitados, apresentar fissurações dentro dos limites normativos e não alterar as condições
do líquido armazenado.
Segundo MONTOYA, MESEGUER E CABRÉ (2000), o concreto armado é um material
adequado para a execução de reservatórios devido à sua facilidade de modelagem, baixo
custo, boa durabilidade e manutenção econômica. Apesar da capacidade resistente da
estrutura, os reservatórios em concreto armado podem apresentar problemas em relação à
estanqueidade. É necessário portanto realizar um controle rígido de fissurações. A maior
garantia de durabilidade para os reservatórios em concreto armado consiste na execução
de estruturas compactas, utilizando dosagens ricas em cimento, com baixa relação
água/cimento e realização de uma boa compactação do concreto durante a execução.
Segundo ARAÚJO (2014), por tratarem-se de estruturas complexas, os reservatórios em
concreto armado exigem um método de análise mais avançado, como por exemplo a
análise numérica, por meio do método dos elementos finitos.
O objetivo deste artigo é realizar a análise estrutural de um reservatório em concreto
armado por meio de dois métodos: o método clássico, através de simplificações
encontradas na literatura, e o método dos elementos finitos, através da modelagem e
análise elástico-linear da estrutura em um software computacional.

2 Definição do protótipo
O protótipo analisado é um reservatório em concreto armado do tipo elevado sobre pilares.
Quatro placas quadradas com dimensões de 4 m e espessura de 25 cm formam as paredes
laterais. A placa do fundo possui quatro lados medindo 4 m, e uma espessura de 25 cm. A
placa da tampa possui quatro lados medindo 4 m, e uma espessura de 20 cm. No topo dos
pilares existem vigas de cintamento, todas com base de 25 cm e altura de 50 cm. No sentido
vertical, as placas laterais do reservatório e as vigas funcionam monoliticamente como viga-
parede. Quatro pilares quadrados de lado 25 cm sustentam a cuba do reservatório, cada
um com 8 m de altura. Ligando os pilares existem vigas com base de 25 cm e altura de 50
cm, a fim de diminuir o comprimento de flambagem dos mesmos e contribuir para a
estabilidade global da estrutura. A figura 1 apresenta a geometria do protótipo.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 2


Figura 1 – Geometria do protótipo

2.1 Propriedades do material


O material é um concreto Classe C40. A escolha desta classe de concreto se justifica pois
à medida que resistência do concreto aumenta, a relação água/cimento diminui, a
porosidade do concreto também diminui, e consequentemente, há um ganho na
durabilidade da estrutura.
A NBR 6118:2014 define em seu item 8.2.8 a estimativa do módulo de elasticidade inicial
(Eci) para concretos do grupo I. Assim, o módulo de elasticidade do concreto estrutural foi
definido com base na equação 1.

Eci = αE 5600 √fck (Equação 1)

Onde o parâmetro αE é estabelecido em função da natureza do agregado. Para o agregado


graúdo de basalto adotado para a estrutura o valor é de 1,2. Desta forma, o módulo de
elasticidade empregado para o concreto foi Eci = 42.500 MPa.

3 Ações no reservatório
As principais ações atuantes nas placas dos reservatórios são: peso próprio, empuxo
hidrostático devido ao líquido armazenado e sobrecargas variáveis de utilização. Além
disso, a ação horizontal do vento na estrutura também deve ser considerada, conforme a
NBR 6123:1988 - Forças devidas ao vento em edificações.
Segundo ARAÚJO (2014), as paredes laterais do reservatório recebem uma carga de
formato triangular devido ao empuxo lateral do líquido armazenado, comportando-se como
laje neste sentido. Também atuam nas paredes laterais o peso próprio, a reação de apoio
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 3
da placa do fundo, e ainda a reação de apoio da placa da tampa, ambas atuando como
uma carga linearmente distribuída. Neste sentido a placa lateral comporta-se como viga-
parede. A figura 2 apresenta um esquema dos carregamentos atuantes nas placas do
reservatório, através de um corte vertical da estrutura.

Figura 2 – Cargas atuantes no reservatório (adaptado de ARAÚJO (2014))

Onde p1 é a sobrecarga variável de utilização que atua na placa da tampa, somada ao seu
peso próprio, p2 é o carregamento devido ao líquido armazenado que atua na placa do
fundo, somado ao seu peso próprio, e p3 é a carga triangular proveniente do empuxo do
líquido armazenado.
Segundo ARAÚJO (2014), pelo fato de que cada placa está engastada nas placas vizinhas,
as reações dos engastes de uma placa são transmitidas às outras como cargas aplicadas
no plano médio das mesmas. Assim, as placas estão também submetidas à solicitações de
flexo-tração, e devem ser devidamente dimensionadas a fim de resistir à estas solicitações.

3.1 Composição de Cargas


Conforme define a NBR 6120:1980 - Cargas para o cálculo de estruturas de edificações, o
peso específico do concreto armado é de 25 kN/m³. A sobrecarga de utilização variável
considerada para a placa da tampa é de 3 kN/m², supondo o acesso de pessoas ou um
possível depósito sobre a mesma. Considera-se também uma carga devido à
impermeabilização ou revestimento a ser aplicado posteriormente no reservatório, com
valor de 1 kN/m². O líquido a ser armazenado no reservatório é a água, o qual possui peso
específico () de 10 kN/m³. Com isso, a ordenada máxima do empuxo lateral do líquido
armazenado (q) empregado no cálculo, foi obtida multiplicando-se o peso específico da
água por sua altura máxima (.h).

4 Cálculo das solicitações por meio dos métodos clássicos


A análise da estrutura por meio dos métodos clássicos consiste na aplicação de
simplificações de cálculo encontradas na literatura, utilizando também como base normas
técnicas vigentes.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 4


4.1 Tipos de vinculação
As placas do reservatório podem ser vinculadas em suas bordas por meio de engastes ou
apoios simples. Em reservatórios, essas condições de vinculação são definidas em função
da tendência de giro relativo das placas, conforme apresentado na figura 3.

Figura 3 – Tendência de giro das arestas das placas (ARAÚJO (2014))

Segundo ARAÚJO (2014), quando o giro ocorre no mesmo sentido, considera-se a borda
simplesmente apoiada, pois os valores dos momentos negativos na ligação são baixos.
Quando as placas tendem a girar em sentidos opostos, considera-se um engaste perfeito.
Portanto, a placa do fundo do reservatório é considerada engastada com as placas laterais.
A placa da tampa é considerada apenas apoiada sobre as quatro placas laterais. As placas
laterais, além de engastadas com a placa do fundo, são engastadas entre si.

4.2 Momentos fletores


De acordo com FUSCO (1995), o método mais simples de obter os esforços nas placas é
utilizando o mesmo princípio do cálculo de lajes, realizando a análise separadamente.
Adotam-se simplificações que permitem um cálculo seguro e rápido da estrutura.
Após realizada a composição das cargas, utilizam-se as Tabelas de BARES (1972) para
definição dos momentos fletores, de acordo com o tipo de vinculação existente nas bordas
da placa analisada. Através da equação 2 é possível obter os valores de momentos fletores
característicos, ou seja, sem a consideração de coeficientes de ponderação, tanto para o
centro das placas (momentos fletores positivos) como nos engastes (momentos fletores
negativos).

μ P lx²
M= (Equação 2)
100

Onde μ é o coeficiente obtido nas Tabelas de BARES (1972), P é a carga solicitante e lx é


a dimensão do menor vão da placa. Para fins de cálculo, foram considerados os vãos
efetivos das placas, definidos pela NBR 6118:2014 em seu item 14.7.2.2.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 5


4.3 Compatibilização dos momentos fletores
De acordo com ARAÚJO (2014), após a obtenção dos momentos fletores analisando as
placas separadamente, obtém-se dois valores diferentes para os momentos negativos de
uma mesma aresta engastada. Para realizar a compatibilização dos momentos fletores,
adota-se o maior valor entre a média dos dois momentos fletores de uma mesma aresta ou
80% do maior valor de momento fletor da aresta. A figura 4 apresenta os diagramas de
momentos fletores característicos compatibilizados, obtidos através dos métodos clássicos.

Figura 4 – Diagramas de momentos fletores característicos compatibilizados: métodos clássicos

A tabela 1 apresenta os valores de momentos fletores característicos compatibilizados


obtidos por meio dos métodos clássicos.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 6


Tabela 1 – Momentos fletores característicos compatibilizados: métodos clássicos.
Solicitação Direção Fundo Tampa Parede
Momentos Mx+ 15,905 4,989 7,834
fletores Mx- 26,042 0,000 17,905
característicos My+ 15,905 4,989 6,128
(kN.m)
My- 26,042 0,000 26,042

Onde x e y indicam a direção da placa analisada. O sinal (+) indica momento fletor positivo,
no centro das placas, e o sinal (-) indica momento fletor negativo, no engaste entre placas.

4.4 Força normais de tração


De acordo com MONTOYA, MESEGUER E CABRÉ (2000), para a determinação das forças
normais de tração em reservatórios, é possível admitir de uma forma simplificada que as
mesmas, que se originam como consequência da pressão hidrostática, se distribuem
segundo as porcentagens indicadas pelo coeficiente β. Os coeficientes βf e βp representam
as porcentagens das forças normais de tração que atuam nas placas do fundo e das
paredes do reservatório, respectivamente, e variam de acordo com a geometria da
estrutura. Para cada eixo do protótipo analisado, cada placa lateral recebe 30% do esforço,
enquanto a placa do fundo recebe 40%. A força normal de tração (N) é dada pela equação
3.

a h2 γ β
N= (Equação 3)
2

Onde a é a largura da placa lateral no outro eixo, h é a altura da placa lateral do reservatório
e γ é o peso específico do líquido armazenado. A tabela 2 apresenta os resultados das
forças de tração características obtidas para a placa do fundo e para as placas laterais, por
meio dos métodos clássicos.

Tabela 2 – Forças normais de tração características obtidas pelos métodos clássicos


Parâmetro Total Fundo Parede
% esforço 100,0 40,0 30,0
N (kN) 320,0 128,0 96,0

5 Cálculo das solicitações por meio do método dos elementos finitos


Para a análise numérica da estrutura por meio do método dos elementos finitos utilizou-se
o software ANSYS 16.1 versão acadêmica. Realizou-se uma análise elástico-linear da
estrutura. Para modelar a estrutura do reservatório utilizou-se o elemento SOLID185, o qual
possui oito nós, sendo que cada nó possui três graus de liberdade. Considerou-se o material
concreto isotrópico, classe C40, com fck de 40 MPa. O módulo de elasticidade do material
foi de E= 42.500 MPa, e o coeficiente de Poisson adotado para o material é de 0,2, conforme
item 8.2.9 da NBR 6118:2014. A malha de elementos finitos adotada para a análise possui
dimensões 5 cm x 5 cm x 5 cm. Em relação às vinculações, considera-se que os quatro

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 7


pilares estão engastados na base. Restringiu-se portanto os graus de liberdade para os
respectivos nós. A figura 5 apresenta a malha utilizada na análise.

Figura 5 – Malha de elementos finitos

5.1 Momentos fletores


Os carregamentos aplicados na análise por meio do método dos elementos finitos são os
mesmos aplicados na análise pelos métodos clássicos, a fim de comparar os resultados
obtidos posteriormente. O carregamento devido ao empuxo do líquido armazenado que
atua nas placas laterais foi escalonado a cada 50 cm.
Optou-se por aplicar o carregamento separadamente em cada placa, a fim de que não
houvesse interferência entre carregamentos de diferentes placas, validando assim a
comparação entre ambos os métodos. A figura 6 apresenta a aplicação do carregamento
proveniente do empuxo hidrostático em uma placa lateral do reservatório.

Figura 6 – Aplicação de carregamento escalonado na placa lateral

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 8


Por não estar engastada com o restante da estrutura, a tampa do reservatório foi analisada
separadamente. A figura 7 apresenta o resultado das tensões obtidas para a direção x da
placa da tampa, através da análise pelo método dos elementos finitos.

Figura 7 – Tensões da placa da tampa na direção x

A tabela 3 apresenta os momentos fletores característicos obtidos através da análise da


estrutura por meio do método dos elementos finitos.

Tabela 3 – Momentos fletores característicos por meio do MEF.


Solicitação Direção Fundo Tampa Parede
Momentos Mx+ 15,194 2,085 12,199
fletores Mx- 15,997 4,458 8,784
característicos My+ 15,194 2,085 7,813
(kN.m)
My- 15,997 4,458 10,764

5.2 Forças normais de tração


Na análise das forças normais de tração nas placas do reservatório aplicou-se o
carregamento em faces opostas de placas do mesmo eixo, a fim de introduzir nas placas
adjacentes os esforços de tração provenientes do empuxo hidrostático. A figura 8
representa a condição de carregamento da estrutura para análise das forças solicitantes de
tração por meio do método dos elementos finitos.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 9


Figura 8 – Carregamento da estrutura para definição dos esforços de tração

A figura 9 apresenta o diagrama de forças normais obtido através da análise da estrutura


por meio do método dos elementos finitos, para a placa do fundo do reservatório.

50,0
Força normal de tração (kN/m)

45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Dimensão da placa (m)

Figura 9 – Diagrama de forças normais: placa do fundo

A força normal de tração característica obtida para a placa do fundo através da análise por
meio do método dos elementos finitos foi de 110,820 kN. A figura 10 apresenta o diagrama
de forças normais obtido através da análise da estrutura pelo método dos elementos finitos
para as placas laterais.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 10


50,0
Força normal de tração (kN/m) 45,0
40,0
35,0
30,0
25,0
20,0
15,0
10,0
5,0
0,0
0,0 1,0 2,0 3,0 4,0
Dimensão da placa (m)

Figura 10 – Diagrama de forças normais: placas laterais

A força normal de tração característica obtida para a placa do fundo através da análise por
meio do método dos elementos finitos foi de 105,714 kN.

6 Momentos fletores na base dos pilares


Os momentos fletores que surgem na base dos pilares oriundos da ação do vento na
estrutura foram calculados e analisados através de dois métodos: o método simplificado,
através da consideração de pórticos planos resistindo à ação do vento, e o método
numérico, por meio do método dos elementos finitos.

6.1 Ação do vento na estrutura


Conforme a NBR 6118:2014, em seu item 11.4.1.2, as solicitações resultantes da ação do
vento na estrutura devem ser consideradas de acordo com a NBR 6123:1988. Assim, a
velocidade básica do vento (V0) foi definida como 45 m/s, típica para a região central do Rio
Grande do Sul, conforme o mapa de isopletas da NBR 6123:1988. Considerou-se ainda
que, o reservatório está situado em terreno plano ou fracamente acidentado, portanto com
fator topográfico (S1) igual a 1,0. Para definição do fator de rugosidade do terreno (S2),
considerou-se as dimensões da construção, sua altura sobre o terreno e que a mesma está
inserida na categoria 3, a qual engloba terrenos planos ou ondulados com obstáculos, e
também na classe A, a qual admite estruturas com maior dimensão, horizontal ou vertical
inferior a 20 m, assim como, os parâmetros meteorológicos b = 0,940 e p = 0,100, além de
um fator de rajada (Fr) de 1,000.
A área efetiva de construção onde se incide o vento (Ae) compreende a área das vigas-
parede laterais, totalizando 18 m² para cada direção de vento, enquanto o coeficiente de
arrasto (Ca) resultante da geometria da estrutura foi de Ca = 1,13, conforme ábaco
apresentado na NBR 6123:1988.
A partir dos parâmetros definidos, obteve-se uma força de arrasto do vento (Fa) de 26,85
kN, a qual foi aplicada no centro das vigas-parede laterais.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 11


6.2 Simplificação como pórticos planos
A simplificação da estrutura resistindo às forças do vento como pórticos planos considera
dois pórticos planos, sendo cada um formado por dois pilares, uma viga-parede, a qual
compõe a lateral do tanque e uma viga de travamento à meia altura dos pilares. Neste caso
pode-se considerar o conceito de comprimento efetivo dos pilares, ao invés do comprimento
real, considerando que há uma viga no centro dos pilares ajudando no travamento do
pórtico. O momento fletor característico obtido na base dos pilares para a análise
simplificada é de 14,100 kN.m. A figura 11 apresenta a condição de carregamento para a
simplificação da estrutura como pórticos planos.

Figura 11 – Simplificação da estrutura como pórticos planos

6.3 Análise tridimensional pelo método dos elementos finitos


Para a realização da análise dos momentos fletores na base dos pilares através do método
dos elementos finitos utilizou-se o software ANSYS 16.1 versão acadêmica. Considerou-se
a ação do vento como uma carga uniformemente distribuída em toda superfície da viga-
parede lateral, diferente de uma carga pontual como é a força de arrasto.
A figura 12 apresenta a condição de carregamento para a análise dos momentos fletores
na base dos pilares por meio do método dos elementos finitos.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 12


Figura 12 – Carregamento para definição dos momentos fletores na base dos pilares pelo MEF

O momento fletor característico obtido na base dos pilares através da análise pelo método
dos elementos finitos é de 13,363 kN.m.

7 Análise dos resultados


Neste item são realizadas comparações e análises entre os resultados obtidos através dos
diferentes métodos de análise.

7.1 Momentos fletores


A figura 13 apresenta a comparação entre os resultados dos momentos fletores
característicos obtidos através da análise pelos métodos clássicos e pelo método dos
elementos finitos.
Momento fletor característico

30,0
26,042 26,042
25,0
20,0 15,905 17,905
15,194 15,997
(kN.m)

15,0 12,199
10,764
8,784
10,0 7,813 7,834
6,128 4,989 4,458
5,0 2,085
0,000
0,0
MEF

MEF

MEF

MEF

MEF

MEF

MEF

MEF
Clássico

Clássico

Clássico

Clássico

Clássico

Clássico

Clássico

Clássico

Mk+ Mk- Fundo Myk+ Myk- Mxk+ Mxk- Mk+ Mk-


Fundo Parede Parede Parede Parede Tampa Tampa
Figura 13 – Comparação dos momentos fletores
ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 13
Através da figura 13 é possível observar diferenças expressivas entre os dois métodos de
análise, especialmente para os momentos fletores na ligação entre as placas laterais e a
placa do fundo, os quais são da ordem de 141,94%.

7.2 Forças normais de tração


A figura 14 representa os valores de força normal de tração característicos obtidos por meio
dos dois métodos de análise.

140,0 128,000
Força normal de tração

120,0 105,714 110,820


96,000
100,0
80,0
(kN)

60,0
40,0
20,0
0,0
Clássico MEF Clássico MEF
Tração Parede (Nkp) Tração Fundo (Nkf)
Figura 14 – Comparação das forças normais tração

É possível observar que houveram diferenças pouco significativas entre os resultados


obtidos por meio dos dois métodos de análise, ficando evidente que o método dos
elementos finitos apresenta uma distribuição de solicitações mais uniforme entre os
elementos estruturais mostrando uma menor diferença entre as forças de tração resultantes
para a tampa e para as paredes.

7.3 Momentos fletores na base dos pilares


A figura 15 apresenta a comparação dos resultados dos momentos fletores característicos
obtidos através da simplificação da estrutura como pórticos planos e da análise por meio
do método dos elementos finitos.

16,0 14,100
característico (kN.m)

14,0 12,363
Momento fletor

12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
Pórticos planos MEF

Figura 15 – Comparação dos momentos fletores na base pilares

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 14


É possível observar na figura 15 que os resultados obtidos por meio da análise via métodos
clássicos apresentam valores um pouco mais conservador, na ordem de 14,05% superior,
na base dos pilares. Porém as análises evidenciam que no cálculo via método dos
elementos finitos ocorre uma distribuição de solicitações mais uniforme ao longo da
estrutura e consequentemente de seus elementos estruturais. Ou seja, para o modelo via
método dos elementos finitos o conjunto estrutural apresenta maior rigidez fazendo com
que o conjunto estrutural (pilares e vigas) retenham maiores solicitações descarregando
menores momentos fletores em sua base.

8 Considerações finais
Através da análise dos resultados obtidos por meio de ambos os métodos é possível
concluir que, para o protótipo analisado, os métodos clássicos tendem a apresentar
resultados mais conservadores para os momentos fletores nos engastes entre placas. Já o
método dos elementos finitos tende a apresentar maiores valores para os momentos
fletores próximos ao centro das placas.
Em relação a tampa do reservatório, o método dos elementos finitos via modelo
tridimensional permite verificar os momentos fletores que ocorrem nas bordas da placa,
considerando de maneira mais realista a rigidez relativa entre a tampa e as vigas-parede
laterais da estrutura. Já nos modelos clássicos simplificados, normalmente, as placas de
tampa são consideradas como apoiadas, fazendo com que não ocorram momentos fletores
nas bordas destas placas.
Foi possível verificar que a análise estrutural por meio do método dos elementos finitos
apresenta um comportamento da estrutura mais próximo da situação real, visto que, não
ocorrem momentos de engastamento perfeito entre as placas do reservatório, pois os
momentos de engastamento são diretamente proporcionais à rigidez das placas. Conforme
verifica-se através da análise pelo método dos elementos finitos, a redução dos momentos
fletores de engastamento acarreta em um aumento nos momentos fletores no centro das
placas. A consideração da condição de engastamento perfeito entre as placas pode levar
ao superdimensionamento da estrutura em relação aos momentos fletores nos engastes, e
a um subdimensionamento em relação aos momentos fletores no centro das placas.
Conclui-se ainda, de modo geral, que os resultados obtidos através de ambos os métodos
são semelhantes. Isso significa que a simplificação como pórticos planos e placas
apresentam resultados confiáveis quando comparada com uma análise tridimensional via
método dos elementos finitos.
Por fim, deve-se recomendar que se faça no projeto deste tipo de reservatório uma análise
criteriosa a fim de interpretar os resultados obtidos por meio de ambos os métodos, a fim
de determinar quais valores levar em consideração para o dimensionamento da estrutura.

9 Referências
ARAÚJO, J. M.. Curso de concreto armado. Vol. 4. 4ª edição. Rio Grande. Editora Dunas,
2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6118:2014 - Projeto de


estruturas de concreto - Procedimento. Rio de Janeiro, 2014.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 15


ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6120:1980 - Cargas para o
cálculo de estruturas de edificações. Rio de janeiro, 1980.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6123:1988 - Forças devidas


ao vento em edificações. Rio de janeiro, 1988.

BARES, R.. Tablas para el calculo de placas y vigas pared. Gustavo Gili. Barcelona,
1972.

FUSCO, P. B.. Técnica de armar as estruturas de concreto. Editora Pini. São Paulo,
1995.

GUERRÍN, A; LAVAUR, R. C.. Tratado de concreto armado. Vol. 5. Editora Hemus Ltda.
São Paulo, 2003.

MONTOYA, P. J.; MESEGUER, A. G.; CABRÉ, F. M.. Hormigón armado. 14ª edición
basada em la EHE. Gustavo Gili. Barcelona, 2000.

ANAIS DO 60º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2018 – 60CBC2018 16

View publication stats

Você também pode gostar