Apostila Eu Creio

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EU CREIO

PREPARO PARA BATISMO


BEM VINDO À SUA
NOVA FAMÍLIA!

A Bíblia Sagrada garante que, no momento em que você recebeu


Jesus como Rei da sua vida, naquele instante você nasceu de novo, e
agora você faz parte da família de Deus (João 1.12). Você tomou a grande
decisão de viver para Cristo. Toda a direção e o inteiro propósito da sua
vida se acham, de agora em diante, mudados. O céu é o seu destino!
Você agora é uma nova pessoa. Enquanto houver Deus, você viverá.
Quando alguém aceita a Cristo, geralmente essa pessoa nutre no
coração um profundo anseio de se tornar um verdadeiro cristão. “Mas,
como isso pode acontecer?” - você pode se perguntar.
O objetivo desta série de estudos é ajudar os novos convertidos
neste importantíssimo passo de sua vida. Os assuntos que passamos a
abordar neste livro vão de encontro às necessidades básicas de um novo
seguidor de Jesus. Por isso, é muito importante que imediatamente após
a decisão de seguir a Jesus você comece o Discipulado Inicial.
Tornar-se um seguidor de Jesus é a coisa mais maravilhosa que
pode nos acontecer; é a melhor decisão que podemos tomar. Muitas são
as alegrias e contentamentos que o aguardam no caminho da
experiência cristã. Devemos, contudo, ser francos: ser um seguidor de
Jesus nem sempre será fácil. Surgem problemas, tentações e provações
que você jamais espera encontrar em seu caminho. Porém, através do
poder do Espírito Santo, o apoio da sua célula e do seu discipulador
pessoal, você pode ser mais que vencedor. Lembre-se de que Cristo
prometeu: “Nunca te deixarei nem jamais te abandonarei” (Hebreus
13.5). É fato seguro que Ele jamais esquecerá de você.
Portanto, trace a rota que irá seguir. Decida nunca voltar atrás.
Aconteça o que acontecer, você caminhará sempre com Cristo!
Parabéns!

Pr. Gilson Breder


SUMÁRIO

01 O credo apostólico 04 05 Deus Filho: morte e


ressurreição
37

Deus Filho: atividade

02 Creio 09
06 presente e papel
futuro. Deus Espírito
Santo
34

03 Deus Pai 13
07 A Igreja, o perdão e a 41
vida eterna

04 Deus Filho: identidade


e nascimento 19
Conclusão 51
01

AULA

O CREDO
APOSTÓLICO
05

O CREDO APOSTÓLICO

Se você está aqui é porque têm consciência da necessidade de


aprofundar seu entendimento do evangelho antes de descer às águas
do Batismo. Muitas vezes, aqueles que acabaram de abraçar a fé
querem que alguém os ajude a entender melhor o cristianismo.
Poucos assuntos dariam um objeto de estudo melhor sobre nossa
fé que o Credo Apostólico. O Credo apresenta um breve resumo de
muitos dos pontos principais da fé cristã e é conhecido de muitos
crentes.
Este livro foi concebido para ser um guia de estudos do Credo
Apostólico para ajudar você a refletir sobre algumas áreas de sua fé e a
aprofundar seu entendimento daquilo em que crê.
A fé, na verdade, é “adquirida, não ensinada”, mas ela vai além de
confiar em Deus. Uma fé que permanece nesse nível é imatura e
superficial, vulnerável à dúvida e pouco útil para a evangelização. É difícil
explicar o cristianismo a alguém de fora se você mesmo nunca refletiu
muito sobre ele. E claro que os cristãos confiam em Deus, mas temos
convicções bastante específicas a respeito dele e sobre o impacto que
elas devem ter sobre nós, os crentes. O Credo Apostólico é um ponto de
partida ideal nesse processo imprescindível de consolidação do
entendimento de sua fé.
06

O CREDO
Creio em Deus, o Pai todo poderoso,
Criador dos Céus e da Terra.

Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso


Senhor.
Ele foi concebido por obra do Espirito Santo
E nasceu da virgem Maria.
Padeceu sob Pôncio Pilatos,
Foi crucificado, morto e sepultado.
Desceu aos mortos.
Ressuscitou no terceiro dia,
Subiu aos céus
E está sentado à mão direita do Pai.
Ele voltará para julgar vivos e mortos.
Creio no Espirito Santo,
Na santa igreja Universal,
Na comunhão dos santos,

No perdão dos pecados,


Na ressureição do corpo
E na vida eterna.

Amém.

O significado da palavra CREDO

O termo CREDO em nosso idioma, é a própria palavra latina CREDO.


Como essa palavra indica, trata-se de uma declaração de fé. Uma
tentativa de resumir os pontos principais daquilo que os cristãos creem.
07

A origem do CREDO

As origens do Credo podem ser encontradas no próprio Novo


Testamento. Nesse tempo, eram frequentes as menções “batizado em
nome de Jesus Cristo” (At 2:38; 8:12; 10:48) ou “em nome do Senhor
Jesus” (At. 8:16; 19:5). Observa-se que a forma mais simples do primeiro
credo cristão foi apenas “Jesus é o Senhor”, afinal qualquer um que
fizesse essa declaração era considerado Cristão.

Em resumo essas afirmações, diziam que o cristão que recebia o Senhor,


confessava lealdade e compromisso com Jesus Cristo, tornando-O
Senhor de sua vida, recusava servir a adorar a outro senhor que não
fosse Jesus, reconhecia a ligação de Jesus com Deus e a veracidade de
todas as informações acerca dele.

Entretanto com o passar do tempo, se fez necessário explicar com mais


detalhes, aquilo que os Cristãos criam. Assim, a igreja realizou um
compilado dos ensinamentos dos apóstolos sobre o evangelho e
começou a utilizá-lo nos atos públicos e solenes. Os cristãos da igreja
primitiva eram instruídos na convicção cristã e posteriormente,
recitavam publicamente o Credo a fim de confessar a todos a sua fé em
Jesus. E assim temos o Credo no modelo que conhecemos hoje.

O objetivo do Credo

O credo possuí basicamente três objetivos principais:

1) Oferecer um breve resumo da fé Cristã: o credo nada mais é que um


compilado dos ensinamentos bíblicos, resumindo-os de modo a ser
possível expressar aquilo que cremos de modo simples e eficaz.

2) Permitir-nos reconhecer e evitar versões incompletas ou insuficientes


do cristianismo: o credo nos auxilia com a compreensão completa do
Evangelho, não permitindo que sejamos envolvidos por meio evangelho.
Ele nos conduz a buscar o conhecimento do pleno, do todo e nos faz
refutar aquilo que não venha de Cristo.
08

3) Ressaltar que CRER é PERTENCER: o credo nos traz a memória que


fazemos parte de uma grande comunidade. Nos lembra que não se trata
de uma fé individualizada, mas de uma crença comum a todos que
confessaram publicamente que Jesus é o Senhor, nos lembra que somos
partes do Corpo de Cristo.

PARA PRATICAR

Para te auxiliar a compreender e decorar o credo, sugerimos que você


ouça a música Credo Apostólico de João Alexandre e reflita:

Você crê que Jesus Cristo é seu único e suficiente salvador?

Você compreende que a decisão de confessar Jesus publicamente


não depende de você estar preparado ou não?

Você compreende que a salvação que lhe é oferecida por Jesus é um


presente imerecido, ou seja, Graça de Deus?
02

AULA

CREIO
10

CREIO
Ao fazer a leitura do Credo Apostólico você percebeu que ele se inicia
com a afirmação CREIO e que ela se repete por mais duas vezes? Se sim,
você deve estar pensando, mas o que significa CRER?

Para compreendermos melhor sobre o CRER descrito ao longo do credo


e tão falado em nossas aulas, usaremos quatro conceitos sobre a Fé.

Fé significa aceitação.

Ter fé é crer que determinada coisa é verdadeira. É aceitar que aquilo ou


alguém existe. Antes de afirmarmos sobre quem é Deus, precisamos
crer que existe um Deus. Mas é claro que a afirmação Creio em Deus Pai
significa muito mais que apenas a existência de Deus, certo?

Fé significa confiança.

Quando afirmo que Creio em Deus Pai, Creio em Jesus Cristo, estou indo
muito além de somente reconhecer a existência de um bom homem,
estou afirmando que confio nele, estou anunciando que reconheço que
algo maravilhoso aconteceu por meio da vida, morte e ressureição de
Jesus. A fé compreende que Deus nos ama e corresponde esse amor. Diz
sim a Deus. A fé é uma confiante decisão, um ato deliberado de confiar
em Deus.

Ter fé não é apenas acreditar que Deus existe, mas é também estar
ancorado a esse Deus e sentir-se seguro por isso.

Fé significa compromisso.

Crer em Deus, significa “assumir um compromisso com Deus”. É


pertencer a Ele. É compreender que a fé se trata de uma relação pessoal
com Deus. É a nossa decisão de permitir-lhe ficar do nosso lado, para
nos guiar, sustentar, questionar e governar cada aspecto da nossa vida.
Trata-se de uma entrega pessoal, alegre e voluntária a Deus.
11

Assim como Deus se humilhou por nós na cruz para nos alcançar,
também devemos nos humilhar em arrependimento para encontra-lo. A
fé em Deus exige um compromisso reciproco.

4. Fé significa obediência.

A fé é a disposição de obedecer ao Deus que nos convidou a ter fé nele.


É um chamado a pratica da Palavra que ouvimos. É o semear das boas
novas. A fé é ativa ela procura se expressar no modo que vivemos, não
apenas no modo que pensamos.

Portanto a fé não se resume a crer em Deus, mas implica confiar nele e


permitir que ele assuma o controle sobre nós e nos transforme. Ter fé
não significa apenas ter uma nova ideia. Significa reconhecer em nossa
mente quem é Deus, quais são seus atributos e corresponder a ele em
nosso coração. É necessário que sua fé se transforme em uma confiança
pessoal em Deus. Crer que ele pode transformar sua vida é uma coisa,
permitir que ele transforme é outra.

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

Mateus 9.20-22, 27.30 – Dois exemplos de fé durante o ministério de


Jesus.
Hebreus 11.1 – 12.3 – Texto clássico sobre o que é fé.
Tiago 2.14-24 – A inutilidade da fé sem obras.
Atos 9 – A conversão de Saulo
12

Agora pense e responda:

1) Além de afirmar que Deus existe, o que mais a declaração “Creio em


Deus” quer dizer?

2) Em que aspectos a fé é semelhante a uma “âncora”?

3) Você já provou essa fé em sua vida?

4) Você está disposto a depender exclusivamente do Senhor?


03

AULA

DEUS PAI
14

DEUS PAI

Nós cristãos cremos em um Deus com características especiais, e aqui


falaremos sobre os dois principais pontos declarados no Credo: Deus Pai
todo poderoso e criador do céu e da terra.

DEUS PAI TODO PODEROSO.

Deus

Quando fala de Deus o Credo se refere ao “Deus e Pai de nosso Senhor


Jesus Cristo” (1 Pe 1:3). Não está tratando de um conceito filosófico de
Deus, mas do Deus revelado nas Escrituras e, de modo extraordinário,
em Jesus Cristo. Não se refere a uma noção abstrata de Deus, mas ao
Deus vivo e pessoal a quem os cristãos cultuam e adoram.

Pai

A afirmação de que “Deus é nosso Pai”, significa que Deus é semelhante


a um Pai humano. Em outras palavras, Deus tem ações parecidas com as
de um Pai. Deus se revela em imagens e ideias associadas ao mundo de
nossa existência cotidiana, mas isso não o reduz a este nosso mundo
cotidiano. Quando dizemos que Deus é nosso Pai, significa que pensar
em pais humanos nos ajuda (ou deveria ajudar) a entender a Deus.

Um pai cuidadoso, de onde viemos e para onde vamos, conhecedor dos


nossos problemas, autoridade sobre nossa vida e imagem que devemos
refletir.

Porém, a melhor forma de pensar em Deus é pensar no próprio Jesus


Cristo. “Quem vê a mim, vê o Pai” (Jo 14:9) Pense no amor, no cuidado e
na bondade que você vê refletidos na face de Jesus. É assim o amor de
Deus por você.
15

Todo Poderoso

Afirmar que o Senhor é todo poderoso, significa reconhecer que todo


poder e toda a autoridade desse mundo derivam de Deus. Em um
segundo ponto, significa trazer a memória que aquilo que nos parece
impossível é perfeitamente possível para Deus. Subestimar a Deus é
muito fácil para nós, por isso o Credo nos recorda de que ele pode fazer
muito mais do que imaginamos.

Por fim, nunca pense que ser todo poderoso se trata de um capricho de
Deus ou O fazer ser aleatório. As Escrituras ressaltam a fidelidade de
Deus, quando faz uma promessa, Deus a cumpre. (Sl. 19:7-10).

Deus se comprometeu conosco em palavras e ações. O fato de ser todo


poderoso não significa que vá repentinamente mudar de ideia a esse
respeito. Em seu poder e sabedoria, Deus decidiu nos salvar e se
comprometeu conosco nesse sentido.

CRIADOR DO CÉU E DA TERRA.

Como vimos, dizer que Deus é “nosso Pai” é falar de sua autoridade e
cuidado, mas também é falar de seu poder criador. Existimos porque
Deus nos criou.

Às vezes a presença, o poder e a majestade do Deus criador parecem


estar escritos no tecido da criação. É quase como se Deus, tal qual um
grande artista, assinasse seu nome em sua criação para todos verem.

Porém, há um limite para o que se pode conhecer de Deus pela


natureza. Ela pode nos dizer que existe um Deus, que é criador, é bom e
sábio, mas precisamos saber mais do que isso para conhecer e confiar
Nele. É aqui que entra a maior revelação registrada pelo Cristianismo, a
plena revelação de Deus culmina em Jesus Cristo, sobretudo em sua
morte e ressureição, como a demonstração suprema da existência e do
caráter de Deus. E essa revelação está registrada na Bíblia.
16

Este é o registro mais confiável da revelação de Deus. É nele que se pode


encontrar a Deus. O testemunho bíblico de Deus confirma e amplia todo
e qualquer conhecimento de Deus disponível na natureza. As Escrituras
são um marco confiável para pensar e falar em Deus; elas vão muito
além do que conhecimento que podemos extrair da natureza.

Outra característica que observamos no Criador é que ele não fora um


mero feitor, que entregou sua criação a sua própria sorte, muito pelo
contrário, Deus cuida de sua criação o tempo todo (Sl 104). No passado
criou e agora sustenta todas as coisas coma sua palavra (Gn 1:3; Hb 1:3).

E o cuidado de Deus tem o ápice de sua manifestação pelo ato da


redenção em Jesus Cristo. A criação é o palco em que se encena o
grande drama da redenção. Ao nos redimir, Deus entrou como nós no
mundo que fora criado por ele. Ele entrou para restaurar a sua criação.

Ainda assim é muito fácil pensar que a criação é impessoal. Por isso
sempre devemos olhar para nós e lembrar que fomos que criados por
Deus, fazemos parte dessa criação.

Martinho Lutero disse “ creio que Deus criou a mim e a tudo que existe; que
ele me deu e ainda sustenta o meu corpo e minha alma, meus membros e
meus sentidos meu raciocínio e minhas faculdades mentais; além de
alimento e roupa, casa e lar, família e bens. Creio que ele me concede, diária
e abundantemente, tudo que é necessário à vida, protegendo-me de todos os
perigos e me guardando de todo mal.”

Crer que Deus é o criador, significa acreditar que ele fez cada um de nós.
E nos fez a sua imagem e semelhança (Gn 1:26-27). Isso significa que
existem várias consequências importantes.

Em primeiro lugar, significa dizer que existe alguma afinidade entre Deus
e os seres humanos. Fomos criados com a capacidade de nos
relacionarmos com Deus e para nos desenvolvermos como seres
humanos, precisamos desse relacionamento.
17

Blaise Pascal disse: “há um vazio do tamanho de Deus dentro de cada


um de nós”. E isso é verdade, pois vivemos sempre insatisfeitos e
incompletos até que comecemos a nos relacionar com Deus.

Em segundo lugar, significa dizer que nós pertencemos a ele. Não somos
nossos próprios senhores, um preço foi pago por nós. Nós fomos
estampados com essa imagem e semelhança, portanto nos entregamos
a ele porque a ele pertencemos.

Reconhecer que pertencemos a Deus e que fomos criados a sua imagem


exige obediência e compromisso, ou seja, exige fé.

A doutrina da criação nos permite sentir à vontade no mundo. Ela nos


lembra que como todo o restante da criação, nós fomos formados por
Deus. Estamos aqui por que Ele quer. Não estamos sós, mas vivemos na
presença do próprio Deus. Na presença de um amigo que cuida de nós.

O mesmo Deus que fez as estrelas também nos criou e cuida de nós.
Elas são igualmente sinais das promessas dividas e do seu cumprimento
(Gn 15:1-6).

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

O Pai todo-poderoso
Salmos 105:8-11 - Parte de um salmo que expressa a fidelidade de
Deus no cumprimento de suas promessas;
Mateus 6:9-13 - A oração ensinada por Jesus a seus discípulos, em
que ele chama Deus de Pai;
Mateus 7:9-11 - Jesus usa a analogia da paternidade humana para
ilustrar a disposição de Deus em responder às orações;
João 14:5-14 - Parte do que Jesus ensinou sobre sua relação com
Deus Pai.
Romanos 8:13-17 - A obra do Espírito Santo de conscientizar os
cristãos da identidade deles como filhos de Deus.
18

Criador dos céus e da terra


Gênesis 1 e 2 - O relato bíblico da criação.
Salmos 8; 19; 104 - Três salmos que focalizam o papel de Deus como
criador.
Isaías 40:21-31 - Algumas implicações do fato de Deus ter criado
todas as coisas.
Romanos 1:20 - Paulo explica por que ninguém pode ser
verdadeiramente ateu.
Apocalipse 4:11 - A adoração devida ao criador.

Agora pense e responda:

1) Quais são os seus motivos para crer em Deus?

2) O que significa para você pensar em Deus Pai? Como você ajudaria
quem tem memórias ruins sobre paternidade a compreender a
paternidade de Deus?

3) O que significa dizer que somos a imagem e semelhança de Deus?

4) Existe alguma parte da criação que te faz ser consciente da presença


de Deus?
04

AULA
DEUS FILHO:
IDENTIDADE E
NASCIMENTO
20

DEUS FILHO: IDENTIDADE E


NASCIMENTO
Vamos ler juntos Filipenses, capítulo 2, versículos 5-11:

⁵Tenham a mesma atitude demonstrada por Cristo Jesus.


⁶ Embora sendo Deus, não considerou que ser igual a Deus fosse algo a que
devesse se apegar.
⁷ Em vez disso, esvaziou a si mesmo; assumiu a posição de escravo e nasceu
como ser humano. Quando veio em forma humana,
⁸ humilhou-se e foi obediente até a morte, e morte de cruz.
⁹ Por isso Deus o elevou ao lugar de mais alta honra e lhe deu o nome que
está acima de todos os nomes,
¹⁰ para que, ao nome de Jesus, todo joelho se dobre, nos céus, na terra e
debaixo da terra,
¹¹ e toda língua declare que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus, o
Pai.

Como temos percebido, um dos pontos centrais do Credo Apostólico é


enfatizar o nome e a importância de Jesus Cristo, através de uma
confissão simples: JESUS É O SENHOR.

No centro da fé cristã se encontra a pessoa de Jesus Cristo, portanto a


essência da Fé Cristã é uma Pessoa e não um conjunto de crenças
abstratas.

Ao contrário de crenças que se desligaram de seus fundadores, o


Cristianismo apresenta uma relação diferente com Jesus. Há um vínculo
essencial e estreito na pessoa e a mensagem de Jesus, seus atos e seu
impacto sobre as pessoas a tornam importante.

Em Jesus a mensagem e o mensageiro são uma só e a mesma coisa.


A mensagem de Jesus tem peso e importância por causa de nosso
reconhecimento de quem Ele é.
21

O NOME DE JESUS = FILHO DE DEUS

O nome de Jesus requer uma simples explicação. Jesus significa “Deus


salva”, enquanto Cristo é um título e não um sobrenome. (Mt. 1.21).

O Novo Testamento traz a melhor explicação, pois mostra a nova relação


entre Deus e os crentes, que só foi possível pela sua morte e
ressureição. Ao chama-lo de Cristo, anunciam que ele é o Messias
aguardado. (Jo 1.41)

Messias significa o ungido. O Rei de Israel nomeado por Deus. A fé Cristã


pressupõe que Jesus existiu como uma figura histórica de carne e osso e
que foi crucificado. Contudo, o cristianismo, é mais que evidente.

O Cristianismo relata que Jesus não era apenas um Rabino Especial, ele
era Filho de Deus. Além de sua existência todo seu tempo de
permanência na terra, restou absolutamente clara a relação de
intimidade entre Deus e Jesus. Intimidade tão profunda que o permitia
chamar a Deus de ABA.

O antigo testamento trazia a expressão de ‘filhos de Deus” para se referir


a seres angelicais, sobrenaturais e ao Messias. Já no Novo Testamento,
essa expressão é usada para destacar a singularidade no
relacionamento entre Deus e Jesus.

No credo, afirmar que Jesus é o “filho de Deus” equivale a dizer que Jesus
é Deus, explicada por dois exemplos.

O novo Testamento afirma que Jesus salvou o povo de seus pecados,


que ele é o Salvador e que somente em seu nome há salvação.
Enquanto isso o Antigo Testamento, insiste que somente Deus pode
salvar e redimir seu povo. Portanto, se Jesus não é Deus, ele não
pode nos salvar e o cerne da nossa fé baseia-se na afirmação de que
Somos salvos mediante Jesus Cristo.
22

Outro ponto é que o Antigo Testamento determina que a adoração e


louvor sejam dadas somente a Deus. Já no novo testamento, vemos
que os cristãos adoravam e cultuavam a Jesus Cristo, portanto se
Jesus fosse somente mais um ser humano, uma criatura, os autores
do novo testamento seriam culpados de não adorar a Deus. Porém,
sabemos que Jesus era e é cultuado e adorado, exatamente porque
ele é Deus.

No credo, vemos a explicação do porque Jesus é tão fundamental para a


fé cristã.

Quando reconhecemos que Jesus é o Filho de Deus, podemos usar o


próprio Jesus como imagem de Deus. Desse modo, podemos fazer uma
declaração bem positiva e categórica sobre o amor de Deus pelos seres
humanos. O amor de Deus é como o amor de um homem que entrega a
própria vida por seus amigos (Jo 15.13).

NOSSO SENHOR

"Portanto, saibam com certeza todos em Israel que a esse Jesus, que
vocês crucificaram, Deus fez Senhor e Cristo!". Atos 2:36

Ressuscitando Jesus, Deus ratificou suas credenciais como Messias e


Senhor. Quando os textos do antigo testamento foram traduzidos do
hebraico para o grego, a palavra grega kyrios (o Senhor), foi usada para
traduzir o nome sagrado de Deus. Logo, a palavra Senhor, desde muito
antes, se referia exclusivamente a Deus. E o próprio Jesus a usava.
Porém ao ler o novo testamento, vemos que Jesus aparece sendo
chamado de Senhor.

Com a ressureição, Deus confirmou Jesus Cristo como o Senhor e


declarou isso publicamente a toda a humanidade (Atos 2.36). Por isso
Paulo foi claro ao considerar a confissão Jesus é o Senhor, um magnífico
resumo do evangelho (Rm 10.9 e 1Co 12.3).
23

Em Atos 2.21, para Pedro, com sua ressureição, Jesus foi proclamado o
Senhor e agora compartilha a condição e a identidade do próprio Deus.
Em Filipenses 2.10-11, Paulo considerou absolutamente adequado, à luz
da ressureição tomar uma magnifica profecia (Is 45.23) acerca do Senhor
Deus e aplica-la a Jesus.

Crer que Jesus é o Senhor, implica mais que crer que ele tem autoridade
sobre nós, é uma afirmação direta e cabal da divindade de Jesus Cristo.
Declarar que Jesus Cristo é o Senhor é proclamar que ele é igual a Deus.
É Uma afirmação acerca da relação entre Jesus e Deus e também uma
afirmação acerca da relação de Jesus conosco. Afirma que Ele é, ou
deveria ser, o Senhor da nossa vida.

Repare que o Credo não se refere a Jesus apenas como o Senhor, mas
como nosso Senhor.

Jesus Cristo tem direito de senhorio sobre nossa vida. Isso equivale a
uma exigência de obediência e lealdade pessoal a Jesus Cristo, nosso
Senhor e Salvador. Se não reconhecemos Jesus Cristo como Senhor, ele
não é nosso Senhor, mas de outra pessoa. Ainda precisamos reconhecê-
lo como Senhor de nossa vida.

É possível confessar que Jesus é o Senhor com os lábios enquanto


negamos seu senhorio com nossos atos (Mt 7.21,22). Reconhecer que
Jesus é o Senhor implica procurar fazer sua vontade. Jesus Cristo, porém,
não é apenas o Senhor de nossa vida particular. Ele também é o Senhor
da igreja. É a Jesus Cristo, ninguém mais, que a Igreja deve obediência e
lealdade.

ELE FOI CONCEBIDO POR OBRA DO ESPIRITO SANTO E


NASCEU DA VIRGEM MARIA.

Depois de revelar Jesus, o credo começa analisar os fundamentos da


nossa fé. Faz uma rápida menção ao Natal, Semana Santa, Sexta Feira da
Paixão e Páscoa, ao se desdobrar sobre os acontecimentos históricos.
Aborda os elementos principais de duas passagens bíblicas Mateus 1.18-
25 e Lucas 1 -26-38, mostrando dois componentes.
24

IMPORTANTE

Jesus nasceu de uma mãe humana, portanto é perfeitamente


homem.
Foi concebido pelo Espirito Santo, portanto é perfeitamente
Deus.

O foco do credo no nascimento virginal de Jesus é importante por três


razões:

Faz conexões com o antigo testamento (Is 7.14 e Mt 1.22-23)


Jesus é divino por natureza.
Defesa contra aqueles primeiros judeus que diziam que Jesus era um
filho ilegítimo de Maria.

Por que é importante insistir que Jesus é tanto Deus quanto homem,
tanto divino quanto humano? Para começar, as evidências exigem essa
conclusão. Os cristãos creem nisso porque é a única interpretação de
Jesus que lhe faz justiça. Entretanto, também é de importância capital
em outros aspectos. Se Jesus Cristo não fosse ao mesmo tempo divino e
humano, nossa redenção seria impossível.

Vamos desenvolver brevemente esse argumento. Os cristãos creem que


somos salvos por meio de Jesus Cristo somente. O que isso de fato
implica? É claro que Jesus é homem, um ser humano como cada um de
nós.

Se, contudo, ele for apenas um homem, como o resto de nós, ele
também precisa ser redimido; em outras palavras, ele não pode nos
redimir. Ele faz parte do nosso problema, não da solução. Logo, deve
haver uma diferença essencial entre Jesus e os outros seres
humanos, para que ele realmente possa ser nosso redentor. Afinal
de contas o cristianismo sempre insistiu que Jesus é a solução do nosso
problema, não parte desse problema!
25

De outro lado, se Jesus é Deus e apenas Deus, não há nenhum ponto de


contato conosco. Não há como ele se relacionar com aqueles que
precisam de redenção. Sua humanidade é esse ponto de contato. Assim,
concluímos que Jesus deve ser divino e humano para poder nos
resgatar.

Cristo é visto como aquele que age como mediador, ou intermediário, na


restauração do relacionamento entre Deus e a humanidade a seu estado
inicial.

Esse mediador tem de representar Deus perante a humanidade, e a


humanidade perante Deus. Deve ter pontos em comum tanto com Deus
quanto com a humanidade, mas ainda assim ser distinguível de ambos.
E assim por diante. Para resumir a ideia cristã central da encarnação,
que exprime a convicção de que Jesus é tanto Deus quanto homem,
divino e humano, retrata Jesus como o mediador perfeito entre Deus e
os seres humanos. Ele, e somente ele, é capaz de nos redimir e
reconciliar com Deus.

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

Jesus Cristo, seu único Filho:


Marcos 1:1-18 – Relato de Marcos de como João Batista preparou o
caminho para a vinda de Jesus;
Marcos 2:1-12 – Um dos primeiros eventos que distinguiram Jesus
como alguém muito especial;
João 1:14 – O entendimento de João da importância da vida de Jesus
na terra;
João 5:16-27 – Como Jesus entendia sua identidade como Filho de
Deus;
João 17:1-26 – Oração de Jesus ao Pai na noite anterior a sua morte;
Romanos 1:3-4 – Resumo de Paulo acerca da natureza dupla de
Jesus divina e humana.
26

Nosso Senhor:
Mateus 7:21-22 – Um alerta sobre o que realmente significa Jesus ser
“Senhor”;
Atos 2:14-39 – A explicação de Pedro de como um criminoso crucificado
poderia ser o Messias e o Senhor;
Romanos 10:9 e 1ª Coríntios 12:3 – A importância de dizer: Jesus é o
Senhor;

Ele foi concebido por obra do Espírito Santo e nasceu da Virgem Maria:
Mateus 1: 18-25 – As circunstancias que precederam o nascimento de
Jesus da perspectiva de José;
Lucas 1: 26-38 – As circunstancias que precederam o nascimento de
Jesus da perspectiva de Maria;
Hebreus 4: 14-16 – Uma das implicações da humanidade de Jesus.

Agora pense e responda:

1) O que queremos dizer quando chamamos Jesus pelo título de Cristo?

2) De que modo a declaração “Jesus é o Senhor” se torna um excelente


resumo do evangelho cristão?

3) Na prática, o que significa para você, demonstrar lealdade pessoal a


Jesus como o Senhor? Existem áreas da sua vida em que seu culto a Ele
são apenas palavras da boca pra fora?

4) Como entender que Jesus é completamente divino e completamente


humano, te ajuda a saber que Deus entende exatamente como é ser
humano?
05

AULA
DEUS FILHO:
MORTE E
RESSUREIÇÃO
28

DEUS FILHO: IDENTIDADE E


NASCIMENTO
Hoje iremos continuar examinando o Credo Apostólico, agora estudando
a parte que trata de sua Morte e Ressureição.

PADECEU SOB PONCIO PILATOS

Há que ache ofensivo ou fique surpreso com o fato de Pôncio Pilatos ser
mencionado no Credo, mas Rufino, escritor do quinto século faz uma
ponderação importante sobre o fato:

“Os que formularam o Credo demonstraram muita sabedoria ao


destacar a época precisa em que esses fatos ocorreram, afastando a
possibilidade de incertezas e imprecisões prejudicassem a estabilidade
da tradição.”

A referência a Pôncio Pilatos dá ao Credo firme alicerce na história e


afirma que estamos lidando com um fato que realmente aconteceu, não
um conto de fadas. Seu acontecimento principal se desenrolou num
local definido, num momento específico. Leia Lucas 3:1-3.

Mas, porque é tão importante enfatizar esse ponto? Porque eu e você


nos situamos na história. Veja, o evangelho afirma que o próprio Deus
entrou na história para nos encontrar e nos redimir. Desceu no nosso
tempo, espaço e nível para que pudéssemos ser elevados ao Dele.

O evangelho não se resume a ideias, tem a ver com Deus agindo, e


continuando a sua ação na história. Mas a menção de Pilatos ainda é
feita por duas outras razões.

A primeira é a revelação da natureza pública do julgamento, martírio e


crucificação de Jesus, assim como seu ministério vinha sendo nos seus
últimos dias. Pilatos representa o testemunho do mundo sobre o
sofrimento e a morte de seu Salvador desprezado.
29

A segunda é que ele representa um dos temas centrais do Novo


Testamento, a rejeição de Jesus Cristo pelo mundo. O repudio de Pilatos
a Jesus, pode ser considerado um símbolo da rejeição de todas as
criaturas ao seu Criador.

No Novo Testamento, o comportamento da congregação da sinagoga de


Nazaré, dos líderes judeus e do procurador romano indicam a mesma
coisa: a iniquidade da natureza humana. E aqui começamos a entrar no
ponto central da morte de Jesus: Todos os seres humanos, não importa
quem sejam e em que época vivem, são pecadores que necessitam do
perdão de Deus e da reconciliação com Ele.

O pecado penetrou tão profundo em nosso ser, que chega perto de


destruir nossa capacidade de reconhecer a Deus quando ele está em
nosso meio. Ele está tão enraizado em nós que, sem ajuda, somos
incapazes de vencer o seu domínio.

E é sobre esse domínio que Deus age segundo o evangelho, ele agiu
para destruir o controle do pecado sobre nós. Pela morte de Jesus
Cristo, Deus transformou a nossa situação. A culpa pelo pecado é
perdoada, seu poder é destruído e sua mancha removida.

O Credo nos convida a pensar no preço de tudo isso. O perdão custou


caro e exigiu o sofrimento e a morte do Filho de Deus. Jesus sofreu
verdadeiramente para que nossos pecados reais fossem perdoados de
fato. Seu sofrimento na cruz não foi sem sentido nem casual, mas o
meio maravilhoso e misterioso pelo qual Deus estava efetuando a
salvação do mundo.

E através do sofrimento de Jesus, o sofrimento humano foi conhecido


por Deus. O Credo fala de um Deus que se submete ao mal e à dor do
mundo em seus mais perversos aspectos na cruel cena do Calvário.
Deus sofreu em Cristo, tomando sobre si o sofrimento e a dor do mundo
que Ele criou.
30

FOI CRUCIFICADO, MORTO E SEPULTADO.

Aqui vemos a primeira Sexta Feira Santa, a cena do Calvário é lembrada.


Jesus foi crucificado. A crucificação era um meio de execução conhecido,
por ser o mais cruel e humilhante, aplicado aos piores criminosos.

O relato detalhado da crucificação de Jesus que encontramos nos


Evangelhos coincide com a prática romana daquela época. Os
evangelhos retratam um homem morrendo de asfixia que, após bradar
suas últimas e inesquecíveis palavras, parou enfim de respirar.

Dizer que Jesus “morreu”, ou apenas que “foi executado” não dá a devida
atenção a total selvageria de sua morte. Todo sadismo da natureza
humana foi derramado sobre ele. Foi uma morte vergonhosa e
degradante. O evangelho, entretanto, não se resume no fato de que
Jesus morreu, nem mesmo que foi executado por morte de cruz. Ele
morreu por nós.

O cristianismo não diz a respeito da crucificação de Jesus, mas à


assombrosa e comovente verdade de que Ele morreu para que
fôssemos perdoados. Em 1ª Co 15: 3, Paulo faz a distinção clara entre o
fato da morte de Cristo e a importância desse acontecimento.

Cristo ter morrido é uma simples questão histórica, ele ter morrido por
nossos pecados é o próprio evangelho. Assim, a “palavra da cruz” não é
apenas a proclamação do simples fato de Jesus ter sido crucificado, mas
também transmite a importância desse fato para nós.

DESCEU AOS MORTOS.

Agora vamos refletir sobre a afirmação “desceu aos mortos”. Essa frase
significa que Jesus realmente morreu. Jesus compartilhara do destino de
todos os que já haviam morrido. Jesus realmente foi humano como nós.
Sua divindade não compromete sua humanidade. Ser Deus encarnado
não significa que seria poupado de sofrer a morte.
31

Ele não deu a impressão de ter morrido, morreu de verdade e se juntou


aos que tinham morrido antes dele. No glorioso ato da ressurreição,
Deus o fez ressurgir dos mortos!

RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA.

Apesar dos grandes esforços e as insistentes tentativas, a ressurreição


de Jesus não fora desacreditada. Não foi um desmaio, não foi um erro
de execução, não foi um surto, Jesus de fato ressuscitou. E através da
sua ressureição chegamos a entendimentos essenciais sobre Deus, Jesus
e nós mesmos, como passaremos a analisar.

A ressureição nos fala de Deus: Certamente já te perguntaram, em


que Deus você crê? E você possivelmente tenha respondido “no
único Deus e ponto”. Mas e se pudéssemos dar uma resposta
melhor? “Cremos no Deus de Israel, o Deus que se revelou a Abraão,
Isaque e Jacó, que tirou o povo Israelita do Egito e o levou para a
terra prometida com grandes sinais e maravilhas.

Agora se tivéssemos que explicar “que Deus é esse” como faríamos?


Contaríamos a história de Jesus. E no momento que essa história
chegasse em seu clímax, no relato da ressureição de Jesus, deixaremos
explicito que o Deus que os cristãos acreditam, é o Deus que agiu para
ressuscitar Jesus dos Mortos.

O novo testamento deixa mais que claro que Aquele que “ressuscitou
dos mortos a Jesus, nosso Senhor” é o mesmo Deus que tirou Israel do
Egito. Os cristãos creem num Deus vivo e ativo. Ele é um Deus que age.

Ela nos fala de Jesus: A ressureição distingue Jesus como singular,


demonstra sua unidade essencial com o próprio Deus. Ela declara
que o Jesus que pereceu na cruz não é outro se não o Filho de Deus.
Cristo não foi apenas mais um ser humano que sofreu a execução
cruel e injusta nas mãos de um governo opressor; ele é o Filho Deus,
que foi martirizado e rejeitado por nós.
32

Para Paulo, a cruz revela o amor compassivo de Deus por pecadores


como ele. E só se pode concluir isso, se acreditarmos que quem morreu
na cruz foi o Filho de Deus.

Perder de vista a divindade de Cristo, é perder para sempre o


entendimento de que é o próprio Deus que demonstra seu amor por
nós na Cruz.

Fala de nós como crentes: O novo testamento deixa claro que


aquele que creem compartilham do destino de seu Senhor (Rm. 6:1-
10). A fé nos vincula a Jesus Cristo de modo que compartilhamos da
sua herança. Por adoção somos filhos de Deus e temos direito às
mesmas riquezas que Cristo recebeu. Aqueles que, mediante a fé,
estão unidos a Jesus Cristo, um dia compartilharão de sua
ressureição.

Porém não se tratam de sonhos que serão revelados após a morte. Não
há ressureição sem sofrimento e cruz. Não existe graça barata, não há
atalho para a salvação. Onde não há cruz, também não há ressurreição.
“É certo que soframos com ele, para que também com ele sejamos
glorificados” (Rm 8:17).

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

Padeceu sob Pôncio Pilatos:


Isaías 52:13 – 53:12 – Uma profecia marcante que prevê a morte de
Jesus;
Mateus 27:11-56 – Parte do relato do Evangelho de Mateus sobre o
julgamento e execução de Jesus;
João 19:16 - Parte do relato do Evangelho de João sobre o
julgamento e execução de Jesus;

Foi crucificado, morto e sepultado. Desceu aos mortos:


Lucas 23:26-56 – Relato de Lucas sobre a morte e o sepultamento de
Jesus;
33

João 19:16-42 - Relato de João sobre a morte e o sepultamento de


Jesus.

Ressuscitou ao terceiro dia:


Mateus 28:1-20 – Relato de Mateus das aparições de Jesus após sua
ressureição;
João 20:1-23 - Relato de João das aparições de Jesus após sua
ressureição;
1ª Coríntios 15:1-28 – O que Paulo diz sobre a importância capital da
ressureição de Jesus.

Agora pense e responda:

1) Porque foi importante Pôncio Pilatos ser relatado no Credo?

2) Como o relato da Cruz nos ajuda a avaliar as nossas experiências de


dificuldade e desesperança?

3) O que a ressureição de Jesus nos dias sobre Deus e seu Filho?

4) Que esperança a ressureição de Jesus oferece aqueles que têm medo


da morte?
06

AULA
DEUS FILHO:
ATIVIDADE
PRESENTE E PAPEL
FUTURO. DEUS
ESPÍRITO SANTO
35

DEUS FILHO: ATIVIDADE PRESENTE


E PAPEL FUTURO. DEUS ESPÍRITO
SANTO
Agora nós avançamos para o Dia da Ascensão de Jesus. Ela ocorreu 40
dias após o dia da Ressureição de Jesus e atualmente é celebrada na 6ª
Terça-Feira após a Páscoa. Aqui vemos Jesus sendo “exaltado a direita de
Deus” (At 2:33).

Lendo a história, em Atos, vemos que a ascensão de Jesus causou um


efeito em seus discípulos. Após a subida do Senhor aos seus, os
pensamentos dos discípulos retornaram imediatamente para as
necessidades do mundo. O Cristo que subira ao céu os havia
encarregado de continuar sua obra. Aqui havia sido firmado um novo
compromisso com o mundo para que houvesse uma boa utilização dos
recursos deixados por Jesus para que as necessidades dele fossem
atendidas.

Devemos entender ainda que a ascensão de Cristo, não significa que ele
está ausente do mundo, pelo contrário, Ele rompeu as barreiras do
tempo e do espaço e está ao alcance de todos. Cristo foi exaltado e
glorificado e habita no meio de nós por meio do Espirito.

Pensar na ascensão é um modo valioso de assegurar que temos uma


perspectiva correta da vida. Ajuda a lembrar que nosso destino não está
nesta terra, mas com o Cristo elevado, que foi antes de nós afim de nos
preparar um lugar. Agora ele nos aguarda.

SENTADO A DIREITA DE DEUS

Essa afirmação do Credo, sugere duas ideias que consideraremos como


essenciais, cada uma com sua parcela de importância considerável. A
primeira ideia se trata da Condição e Estima Especiais. Jesus ter sido
colocado neste de lugar de honra, confirma sua condição exclusiva e
ratifica a condição singular de Jesus e a sua relação com Deus, graças a
sua excelente vitória sobre o pecado e a morte.
36

A segunda ideia se trata do fato de Jesus ter a atenção do Pai. Sentado à


direita de Deus Pai, Jesus é o único que pode apelar, interceder por nós.
Aqui fica esclarecido o porquê oramos em nome de Jesus, pois assim
cremos que a eficácia de nossa oração depende do que Jesus conquistou
no passado e do que ele conquistará no futuro.

ELE VOLTARÁ PARA JULGAR OS VIVOS E OS MORTOS

Aqui começamos a falar sobre a nossa esperança da vinda do Senhor.


Jesus retornará. E em seu retorno o Senhor julgará todas as pessoas e
estabelecerá o seu Reino.

A primeira ideia deste trecho se refere ao fato de que o Filho de Deus,


que uma vez veio a esse mundo em toda sua humildade, retornará um
dia com grande glória. O plano da salvação, que se iniciou com a
primeira vinda de Jesus, se consumará com a segunda vinda dele, e
assim, o prometido e aguardado Reino de Deus será estabelecido no
meio de nós.

A segunda ideia é que passaremos pelo juízo de Deus e isto não deve
nos trazer medo, mas temor, pois podemos observar três características
nessa ação de Jesus.

Somos julgados por alguém que nos conhece plenamente. Ou


seja, não seremos julgados por um estranho, seremos julgados por
aquele que conhece nosso ser em toda sua profundidade e
extensão. Aqui percebemos que podemos ser sinceros e
transparentes com Cristo ao nosso respeito.
Somos julgados por alguém apaixonadamente comprometido
conosco. Ou seja, passaremos pelo julgamento diante de alguém
que se importou conosco desde o início da história. E a maior
revelação do seu comprometimento é a Cruz. Ela revela o amor de
Deus por nós, mas também revela o seu juízo. Ele revela o quanto o
Pai se importa com nossas ações e se compadece conosco.
Somos julgados por alguém que conhecemos e quem confiamos.
Ou seja, seremos julgados por alguém com quem nos relacionamos
de modo confiável. Aqui vemos que a fé é a base do juízo divino. E a
fé que justifica é uma fé obediente, transformadora e confiante.
37

Além do julgamento que o Senhor fará de nós, Mateus 7: 3-5 nos


ensinam como devemos nos comportar como Igreja, quando e como
devemos proceder com o julgamento entre os homens.

Crítica e julgamento são um aspecto essencial da vida na comunidade


cristã. O julgamento é uma forma de promover o crescimento do
indivíduo e da comunidade. Porém esse julgamento deve ser baseado
na crítica de Deus por nós, aquela que expõe a nossa condição de
pecador e nos abre o caminho para a salvação.

Por isso Alister McGrath deixa cinco conselhos para esse momento:

A crítica deve basear-se em amor pelo outro e envolvimento com ele.


Restrinja as suas críticas aqueles que você ama e com quem está
envolvido. Entenda que a crítica pressupõe compromisso com o
bem-estar da outra pessoa.
Não permita que a crítica se transforme num fim em si mesma. A
crítica deve visar o bem do criticado e ao benefício da comunidade
cristã num todo.
Esteja pronto para ajudar seus amigos. Não faz sentido criticar quem
quer que seja se você não tiver a disposição de ajudar caso sua
crítica seja aceita e a pessoa tome uma atitude. Sua crítica deve ser
uma oferta de ajuda.
A crítica deve ser bem informada. Procure se esforçar para
compreender as pessoas que estão a sua volta. Isso não significa
deixar de critica-las, mas sim que suas críticas serão bem informadas
e menos frequentes.
Antes de criticar qualquer pessoa, olhe bem para você. A crítica aos
outros deve pressupor a autocrítica.

CREIO NO ESPÍRITO SANTO

É neste momento que a estrutura da trindade se completa. Depois de


abordar a fé em Deus Pai e em Deus Filho, o Credo passa a tratar do
Espírito Santo.
38

Para melhor percebermos o entendimento bíblico acerca do Espírito de


Deus, é preciso examinar dois conceitos:

O Espírito traz vida. Vemos em Genesis 2:7, que quando desceu


soprou em Adão fôlego de vida, ele o transformou em um ser
vivente. Deus é aquele que sopra o fôlego de vida em armações
vazias e as traz a vida. O Espírito, portanto, pode ser entendido como
Deus trazendo nova vida a sua criação.
O Espírito traz poder. Estamos acostumados a ver uma força
invisível movendo muitas coisas e conhecemos ela como vento. O
Espírito de Deus se assemelha a ele, é uma força invisível que age
sobre coisas e pessoas.

Mas, o que o Espírito Santo faz? Em que os cristãos creem a seu


respeito?

Ele nos convence dos nossos pecados. Jesus prometeu a seus


discípulos que, depois que os deixasse, o poder a presença do
Espírito continuaria com eles. E que seria o Espírito quem
convenceria o mundo da culpa, do pecado e da realidade do juízo de
Deus.

Ele é a garantia da nossa salvação. Deus pôs seu Espírito em nós


como uma garantia do que está por vir. Ele pôs seu Espírito em nós
como um adiantamento. É uma demonstração de que somos
propriedades dele e que outros pagamentos serão feitos. É o penhor
ou a garantia de nossa salvação.

Ele é o nosso Consolador. Jesus prometeu que enviaria o Consolador.


Ele iria consolar os discípulos, lembrando-os de Jesus. Ele lhes traria
paz. O Espírito Santo nos estimula, exorta, anima e capacita a fazer
coisas que sem ele jamais desejaríamos fazer, tampouco seríamos
capazes.

O Espírito Santo também nos fornece dons. Deus os dá aqueles que ele
acha que precisam deles, ou a quem ele entende que poderá usar muito
bem.
39

Se Deus lhe confiou dons espirituais, procure encará-los de modo certo


e use-os com sabedoria. Dons são presentes, não recompensas.

Nossos talentos são presentes de Deus. Eles nos foram confiados não
pelo nosso valor pessoal, mas por causa das tarefas e responsabilidades
que o nosso Senhor tem em mente para nós. O importante é identificar
quais são nossos dons pessoais e usá-los a serviço de Deus.

Os dons de Deus são concedidos para serem usados. Não são adornos
que nos enfeitam e nos tornam mais interessantes. Eles existem para
edificarmos a Igreja de Cristo. Eles nos são entregues em empréstimo.
Nós somos responsáveis por usá-los no mundo e seremos responsáveis
pela forma que o aplicamos.

E quanto mais usamos os dons, mais eles aumentam. Nós devemos usar
os nossos dons para edificação do Reino.

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

Subiu aos céus e está sentado à mão direita do Pai


Atos 1:1-11 - A ascensão de Jesus;
Atos 2:32-36 - O que a ascensão de Jesus diz a respeito dele;
Colossenses 3:1-3 - O modo que todos os cristãos participam da
ascensão de Jesus;

Ele voltará para julgar vivos e mortos


Mateus 25:31-46 - Parte dos ensinos de Jesus sobre seu retorno na
condição de juiz;
Atos 10:42 - O juízo como parte integrante da mensagem do
evangelho;
1 Tessalonicenses 4:13-5.11 - O ensino de Paulo sobre a volta de
Jesus e suas implicações;
40

Creio no Espírito Santo


João 14:15-27 - Parte do que Jesus disse a seus discípulos sobre a
obra do Espírito Santo;
Atos 2:1-21 - Os acontecimentos que cercaram a vinda do Espírito
Santo no Dia de Pentecostes;
1 Coríntios 14:1-25 - Paulo trata de alguns aspectos relativos ao uso
dos dons do Espírito Santo na igreja.

Agora pense e responda:

1) Porque é errado supor que, após a ascensão, Jesus está ausente do


mundo?

2) Você fica incomodado com a perspectiva de um julgamento futuro?


Em que ajuda saber que Jesus será o juiz?

3) Como você resumiria quem é o Espirito Santo e o que ele faz?

4) Quais dons você recebeu do Senhor? Como você os tem usado?


07

AULA
A IGREJA, O
PERDÃO E A
VIDA ETERNA.
42

A IGREJA, O PERDÃO E A VIDA


ETERNA

NA SANTA IGREJA UNIVERSAL

Agora chegamos à fé na igreja, o corpo de Cristo. Crer em Jesus Cristo é


crer numa comunidade dinâmica que atravessa os séculos e pertencer a
ela. A palavra grega ekklêsia, usada no Novo Testamento para referir-se
à igreja, denota não uma construção, mas um grupo de pessoas. Ser
cristão é pertencer a essa comunidade de apoio, incentivo, ânimo e
amor. A igreja é composta de pessoas que foram chamadas do mundo
para uma comunidade de fé. (Veja 1ª Pe 2.9).

É muito tradicional falar sobre as quatro marcas da igreja. O Credo


registra claramente duas, da entender sobre uma e omite a quarta, mas
aqui falaremos sobre as quatro.

A igreja é uma só. Todas as igrejas cristãs são fundadas e baseadas


em um único alicerce: Jesus Cristo. Como Paulo relata em Efésios 4:4-
6, “há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a
qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só Fé,
um só batismo, um só Deus e Pai de todos, que é sobre todos, por
meio de todos e em todos.”
A igreja é santa. Em 1ª Pedro 1:15-16, Pedro o apóstolo de Jesus, diz:
“Mas, assim como é santo aquele que os chamou, sejam santos
vocês também em tudo o que fizerem, pois está escrito: “sejam
santos, porque eu sou santo”. Sobre a santidade da igreja,
reservaremos um tópico exclusivo.
A igreja é católica. A palavra grega katholikos quer dizer “em
conformidade com o todo ou universal”. Ao afirmar a catolicidade da
igreja, estamos dizendo que a sua mensagem se aplica a todas as
idades e a todas as situações. A palavra católica é uma afirmação da
importância, da pertinência e da validade universais do evangelho.
43

A igreja é apostólica. Ou seja, ela continua firme na fé e nos ensinos


dos apóstolos (At 2:42), e aceita de bom grado a Grande Comissão
que lhe foi confiada (Mt 28: 16-20). Nós e todos os outros cristãos
somos administradores do mesmo evangelho entregue aos
apóstolos no passado.

Crer na igreja é reconhecer a necessidade de estruturas de apoio e fé.


Cipriano de Cartago disse: “ninguém pode chamar Deus de Pai, sem
considerar a Igreja sua mãe”. E C. S. Lewis também afirmou, “o
cristianismo é uma religião combatente”, logo precisamos estar unidos
ao corpo.

A fé cristã pode ser vista tal qual um movimento de resistência, uma vez
que ela precisa sobrevir em um ambiente extremamente hostil.
Contudo, ela pode sobreviver e sobrevive quando exercida em
comunidade. É por isso que a Igreja deve permanecer, e nós devemos
fazer parte dela. Buscando consolo nas experiências dos primeiros
cristãos e ser influenciados por eles.

A Igreja local

Como falamos, nós devemos fazer parte de uma comunidade e essa


comunidade é a nossa Igreja Local. É na igreja local que você manifesta a
sua aliança com Deus. Mas o que é a aliança? É um pacto celebrado
entre duas pessoas. Ao aceitarmos Jesus, firmamos uma aliança com Ele.

No Antigo Testamento, vemos que Deus firmou uma aliança com seu
povo, prometendo cuidá-los e direcioná-los em todo tempo. Já no Novo
Testamento, Jesus anuncia uma NOVA ALIANÇA com sua vinda ao
mundo, morte e ressureição. E para que pudéssemos nos lembrar de
sua nova aliança, ele nos deixou duas ordenanças:
44

BATISMO. Jesus, ao iniciar a sua caminhada, procurou João Batista


para que pudesse confessar publicamente sua fé no Senhor, através
do seu batismo. Ali, ele foi submergido nas águas, igual somos nos
dias de hoje, afinal repetimos a conduta de Cristo. Jesus também se
batizou quando adulto, quando por escolha própria pode confessar
a sua fé, também repetimos isso. Nós cremos que no batismo há o
SEPULTAMENTO da velha criatura e o NASCIMENTO de uma nova
criatura, uma ressureição com Jesus para uma nova vida. Temos no
batismo o anuncio público da nossa fé nos Senhor Jesus.

CEIA DO SENHOR. Todo segundo domingo do mês, nossa igreja local


celebra a Ceia do Senhor, como um memorial da morte e ressureição
de Jesus. A Ceia, é uma oportunidade para examinarmos a nós
mesmo e pedir perdão ao Senhor e as pessoas. Trazer a memória a
importância do arrependimento e da salvação pela Graça mediante a
Fé.

Num segundo momento, Jesus nos mostra a importância da igreja local


para que haja crescimento da comunidade cristã. Nossa igreja acredita
no anuncio do Evangelho através dos Pequenos Grupos Multiplicadores,
os PGMs. Temos também diversos ministérios sociais, atuando em prol
da parcela carente da sociedade, integrando-os novamente ao mercado
de trabalho, auxiliando-os no combate a violência sexual, recebendo-os
para que concretizem o processo de imigração legal, mantendo
missionários em diversos outros países a fim de que Jesus seja
proclamado.

Por isso e para que o reino se expanda cada vez mais, devemos ser
generosos através dos DÍZIMOS E OFERTAS. Somos meros
administradores de tudo aquilo que Cristo nos deu, por isso devemos
sempre dar com alegria. O dízimo é décima parcela de tudo aquilo que
recebemos. Já a oferta é além do dízimo, é um ato generoso de semear
ainda mais nos campos do Senhor.
45

NA COMUNHÃO DOS SANTOS.

Como falamos anteriormente, vamos dedicar uma única seção para falar
a respeito da SANTIDADE DA IGREJA. Antes de examinar a igreja como
um corpo, devemos prestar atenção em nós mesmos como membros. A
igreja não é um prédio estático, mas um povo dinâmico e peregrino, que
caminha sempre em frente, com obediência e fé.

O Credo traz o conceito cristão de igreja. Entre os sentidos da palavra


comunhão, estão “coparticipação, união, companhia e companheirismo”
o que identifica funções essenciais da igreja.

E o que significa companhia e companheirismo? Quer dizer compartilhar


alegrias e tristezas. É compartilhar seus dons e talentos dados por Deus,
para a edificação da comunidade cristã. Crer na comunhão dos santos é
se comprometer com os aspectos práticos dessa companhia.

Mas o que é ser santo? Em primeiro lugar a palavra santo significa


apenas “alguém que é santificado”. Os cristãos são santificados não por
nada que tenham em si mesmo, mas por causa daquele que os chamou.

Somos santos por causa do nosso chamado, não por causa da nossa
natureza. Assim a santidade de Deus pode ser refletida em nossa vida,
mesmo que nós sejamos pecadores. Declarar que cremos na
“comunhão dos santos” não significa que acreditamos num clube
sagrado, mas, sim num Deus santo que nos chamou individualmente
para nos inserir numa comunidade.

Somos chamados para ser santos.

A igreja é uma comunidade de pecadores perdoados que têm a


confiante expectativa, pela graça de Deus, de se transformar numa
comunidade de santos.

Em segundo lugar, pense num santo como alguém consagrado a Deus.


O principal significado de consagração “ é ser separado”.
46

Consagrar significa pôr à parte para fazer as pessoas lembrarem de


Jesus Cristo. Apesar do pecado, nós fomos separados do mundo. Fomos
chamados para fora do mundo a fim de lembrar ao mundo de seu
Senhor e Salvador. Ser membros da “comunhão dos santos” significa
que fomos chamados do mundo para proclamar o amor salvador de
Deus pelo mundo.

Martinho Lutero ensinava que os cristãos são justos e pecadores ao


mesmo tempo. Somos justos porque Deus nos vestiu com a sua justiça,
mas, por dentro ainda somos pecadores. Somos justos não de fato,
amas por esperança.

Portanto viver na comunhão dos santos, é crer em uma ampla rede de


indivíduos fiéis separados e redimidos por graça que fazem sua parte na
realização dos propósitos de Deus.

NO PERDÃO DOS PECADOS

Nesse trecho o Credo resume seu entendimento do que Jesus Cristo


realizou na cruz. E passaremos a analisa-lo a partir de quatro conceitos:

PERDÃO DE PECADOS. Esse é o resumo da obra de Cristo. Essa


afirmação pode ser interpretada de duas maneiras: no âmbito
jurídico e pessoal. Juridicamente falando, Jesus liquidou a nossa
culpa com a morte na cruz. Qualquer penalidade devido ao pecado
humano foi totalmente quitada pela morte obediente de Jesus. No
âmbito pessoal, falamos de reconciliação. A condição necessária para
que um relacionamento pessoal seja restaurado ao que era antes da
discórdia ou do mal-entendido é o Perdão. Se e somente se, ambas
as partes que tiveram uma relação rompida, concordarem em
restaurar o relacionamento, o perdão será alcançado. Da mesma
forma precisamos estar dispostos a aceitar o perdão de Deus.
Lembrar sempre que o que nos afasta de Deus é o pecado. O pecado
é uma barreira que nós erguemos entre nós e Deus. E o Credo
confirma que essa barreira pôde ser e foi derrubada por Deus
através do sacrifício de Jesus.
47

RECONCILIAÇÃO. “Pois Deus estava em Cristo, reconciliando consigo


mesmo o mundo.” (2Co 5:19). Deus nos oferece reconciliação
mediante a morte de Jesus Cristo. Devemos aceitar essa oferta para
que nosso relacionamento com ele seja restaurado e transformado.

SALVAÇÃO. Salvação expressa dois conceitos. O primeiro é resgatar


ou libertar de uma situação de perigo. Jesus nos libertou do poder da
morte e do pecado. O segundo é perfeição ou saúde. A salvação está
relacionada a restauração da perfeição humana o que nos leva ao
nosso estado original. Em muitos aspectos o evangelho é semelhante
a um medicamento, uma coisa que nos cura.

REDENÇÃO. Redimir ou remir significa comprar de volta. Essa


palavra exprime a ideia de restaurar alguém a condição de liberdade
mediante um preço. A morte e a ressureição de Cristo nos libertaram
das cadeias do pecado e da morte.

Diante de tantos conceitos únicos para uma só palavra, devemos imitar


a condição de Jesus: perdoar assim como o Senhor nos perdoou.

NA RESSUREIÇÃO DO CORPO E NA VIDA ETERNA.

O Credo termina com uma esperança.

Em toda a sua leitura vemos que ele proclamou a realidade da


ressureição de Jesus Cristo, agora ele confirma a esperança que une
todos os cristãos, de que um dia todos os que creem participarão da sua
gloriosa ressureição.

Mas qual a relação entre a ressureição de Jesus e a nossa ressureição


futura? Para responder a essa questão devemos analisar a ideia de
adoção.

Primeiro, a fé promove a mudança de nosso status perante Deus,


integrando-nos na família de Deus, apesar de não compartilharmos da
mesma origem divina de Cristo.
48

Em segundo lugar, a adoção expressa a ideia de que os filhos adotados


têm os mesmos direitos sucessórios de um filho natural. Em outras
palavras, a ressureição e a vida eterna são a herança dos cristãos. O que
Jesus conquistou com sua obediência será nosso um dia. Cristo
ressuscitou e nós também seremos ressuscitados como participantes do
que é dele.

E quando falamos sobre Vida Eterna? Depois de afirmara a nossa


participação na ressureição de Cristo, o Credo diz respeito sobre à forma
que a nossa existência terá: VIDA ETERNA.

Ou seja, o que nos é oferecido pelo Senhor, é plenitude de vida, que


tampouco a morte pode destruir. A nossa existência também fora
transformada a partir do sacrifício de Cristo.

E quando falamos de eternidade, não estamos falando de tempo, mas


de algo fora do tempo. Vida eterna quer dizer vida com Deus fora dos
limites de espaço e tempo.

Nossa vida com Deus não poderá ser atacada como nos dias de hoje,
mas alcançará a sua plenitude com Deus. Para isso precisamos crer em
todo tempo.

Crer é nascer de novo, é ter novidade de vida que dura para sempre. Ter
fé em Jesus Cristo é começar uma nova relação com Deus, que não se
extingue com a morte, mas se aprofunda, pois a morte remove os
pequenos obstáculos que ainda restam que nos impedem de desfrutar
da presença de Deus.

Por fim, observe que o Credo termina com uma única palavra: AMÉM.
Isso nos traz a memória que estamos fazendo uma oração, ao mesmo
tempo em que declaramos a nossa fé. É uma oração pedindo o
aprofundamento da nossa fé e de nosso compromisso com Deus.

Dizer “amém” ao final do Credo é orar para que o poder e a presença de


Deus toquem nossa vida, aprofundem nosso amor por ele e aumente a
nossa compreensão do evangelho.
49

PARA PRATICAR

Leia as seguintes passagens bíblicas:

Na santa igreja católica


1Corintios 12.4-31 - Paulo ensina que a igreja é o corpo de Cristo;
Efésios 5.25-33 - Paulo usa o casamento para ilustrar o
relacionamento entre Cristo e a igreja;
Colossenses 1.18 -Um lembrete sobre quem está no comando!

Na comunhão dos santos


Atos 4.32-37 - Uma ideia de como era a vida na igreja primitiva.
Romanos 12.3-11 - O ensino de Paulo sobre o modo que os cristãos
devem se relacionar entre si.
Efésios 4.11-16 - E A finalidade da liderança na igreja.
Hebreus 11.1-12.3 - Uma lista dos que se foram antes de nós.

No perdão de pecados
Isaías 59.1-15 - O motivo por que o perdão é necessário
Mateus 18.23-35 - Quando o perdão é impossível.
2 Coríntios 5.18-21 - Transmitindo as boas-novas.
1 Pedro 1.14-17 - O padrão elevado para o qual fomos chamados.

Na ressurreição do corpo e na vida eterna


João 11.21-27 - A reação de Jesus à morte.
1 Coríntios 15 - As implicações da ressurreição de Jesus.
Apocalipse 21.1-22.6 - Uma coisa por que anelar

Agora pense e responda:

1) Quais são as quatro marcas da igreja? Porque elas são importantes?


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2) Como você pode se dedicar e se envolver mais em nossa igreja?


Porque isso é importante para a fé?

3) O que é ser Santo?

4) Quem são as pessoas que te ajudaram em sua vida na fé? Você já as


agradeceu?

5) De que como um dia compartilharemos da ressureição de Jesus?

6) Porque o perdão verdadeiro é difícil de dar e receber? Como isso se


aplica a você em relação a Deus?
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CONCLUSÃO
E assim, chegamos ao final do nosso estudo. Durante todos esses
encontros buscamos aprofundar o nosso relacionamento com Deus e
com as pessoas a partir da leitura do Credo Apostólico.

Agora, ao concluir essa etapa, você está apto para passar pelo Batismo,
levando ao conhecimento público da igreja a sua confissão de fé e
testemunho graças ao encontro com o Senhor.

Lembre-se que a aptidão que falamos aqui, se trata de requisitos


doutrinais, referentes a estrutura de nossa comunidade local, e não uma
medida acerca de um nível de perfeição.

A perfeição que tanto buscamos para finalmente entregar a nossa vida


para Jesus, só será possível quando após entregarmos a nossa vida a
Jesus e finalmente O encontramos em sua segunda vinda.

Parabéns por essa decisão, que o Senhor Jesus te acompanhe durante


todos os dias de sua vida, lhe dando discernimento e sabedoria para
seguir os passos Dele. Nós como sua comunidade, estaremos sempre à
disposição para fazer dessa caminhada um tempo ainda melhor.

Deus o abençoe!!

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