Bases Históricas da Biologia-1

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Bases Históricas da Biologia e os Domínios Procarya e Eucarya nos Seres Vivos

Dra Nadia Said Ávila

1. HISTÓRICO da BIOLOGIA

A história da Biologia se dá desde a pré-história, quando o homem começou a


observar e perceber no seu dia a dia que as plantas tinham uma época certa do ano
para frutificação, quais plantas eram venenosas e quais não eram, quais frutos que
podiam ser consumidos e os que não podiam. Nessa prática diária, o homem
aprendeu muito sobre a biologia.

No Egito, a técnica utilizada para embalsamento de cadáveres já requeria um grande


conhecimento sobre as propriedades das plantas e óleos vegetais. Desde a
antiguidade, os povos já observavam e queriam saber mais sobre as diversas formas
de vida, pois sabiam que aliados a elas poderiam viver melhor.

No século IV a.C. o naturalista Aristóteles começou a observar e estudar as mais


diversas formas de vida. Descobriu muitas coisas que foram fonte de pesquisa durante
séculos. Observou, dividiu e classificou os animais “com sangue” e “sem sangue”.
Percebeu a presença de órgãos análogos e homólogos e observou a adaptação
evolutiva dos animais e vegetais.

Na Idade Média, Alberto Magno escreveu documentos sobre observações de plantas e


animais, e, no século XIV, diversos cientistas começaram a fazer dissecações em
cadáveres humanos, o que fez a anatomia humana progredir consideravelmente.

Em 1650, com a descoberta do microscópio por Antony Von Leeuwenhoek, os


cientistas e curiosos puderam aprofundar mais seus estudos na biologia. Em 1665
Robert Hooke, observando um pedaço de cortiça retirado de uma planta batizou com o
nome célula os pequenos orifícios que o material possuía. Na verdade as células já
estavam mortas e o que via eram seus espaços internos. Já no século XIX dois
cientistas, Matthias Scheiden e Theodor Schwann formularam a teoria celular, que enuncia
que todos os seres vivos são constituídos por células.

A questão da origem da vida sempre intrigou os cientistas. Inicialmente pensavam que


a vida provinha da não vida, sendo chamada de Teoria da Abiogênese. A vida
surgiria espontaneamente a partir de carnes em decomposição, restos de comida ou
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roupas sujas. Essa teoria como a sua antítese, a Biogênese, teve seus adeptos e
envolveu um acalorado debate científico. A favor da Abiogênese estavam cientistas
como John Needham, que em 1745 realizou um experimento, o qual reforçou a
hipótese da abiogênese espontânea, aquecendo líquidos nutritivos com partículas de
alimento, fechou-os para impedir a entrada de ar acompanhado de novos
microrganismos e os aqueceu novamente. Após alguns dias houve o surgimento de
microorganismos, o que para ele era uma prova de que esses seres surgiram a partir
do caldo nutritivo.

Outros cientistas da época como Francesco Redi e Lazzaro Spallanzani buscaram


desmentir o experimento de Needham, mas foi somente em 1862 que Louis Pasteur
obteve uma irrefutável comprovação, que o surgimento de microorganismos só é
possível em meio não esterilizado, a partir do ar contaminado

Em 1753, Lineu, baseado nas semelhanças morfológicas de plantas e de animais,


criou o sistema taxonômico e a nomenclatura dos seres vivos, que é utilizado até hoje,
mas com algumas modificações. Em 1809, Lamarck deu um passo à frente quando
publicou um livro sobre a evolução das espécies, e em 1859, Charles Darwin também
evolucionista, publicou um livro sobre a origem das espécies, que é aceita até hoje
como explicação para a evolução das espécies.

Em 1866, Gregor Mendel, em experimentos com ervilhas, descobriu a hereditariedade,


e hoje é considerado o pai da genética. Com a descoberta do microscópio eletrônico,
várias estruturas celulares até então desconhecidas passaram a ser estudadas, e
Watson e Crick tiveram a oportunidade de descobrir sobre a dupla hélice do DNA e o
código genético em 1953.

No passado, muitos cientistas contribuíram com informações e observações que os


cientistas atuais levam em consideração em suas pesquisas. A biologia é uma ciência
muito rica e ampla, e será alvo de dúvidas e descobertas eternamente.

Microbiologia

Microbiologia é o ramo da Biologia que estuda os microorganismos. Este grupo


caracteriza-se por ser completamente heterogêneo, isto é, completamente
diversificado, tendo com única característica comum o pequeno tamanho dos
organismos. Acredita-se que cerca de metade da biomassa (massa dos seres vivos)
do planeta seja constituída pelos microrganismos, sendo os 50% restantes distribuídos
entre plantas (35%) e animais (15%). Os microrganismos são os menores seres vivos
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existentes, encontrando-se em uma vasta diversidade de ambientes e


desempenhando importantes papéis na natureza. A característica de se adaptar a
várias condições ambientais é baseada no tamanho reduzido, que permite uma grande
capacidade de dispersão, variabilidade e flexibilidade metabólica, que permite se
adaptar e tolerar rapidamente às condições ambientais desfavoráveis; e sua grande
capacidade de transferência horizontal de genes, que lhes permite recombinar e
coletar caracteres positivos e persistir durante um longo tempo adaptando-se às
condições ambientais instáveis.

O termo Bacterium foi introduzido somente em 1828, pelo microbiologista


alemão Christian Gottfried Ehrenberg. O gênero Bacterium compreendia bactérias com
formato de bastão não formadoras de esporos. Como microorganismo entende-se
fungos, protistas e bactérias, que são organismos microscópicos. Os vírus não entram
necessariamente como microorganismos, pois de acordo com a Teoria Celular eles
não são considerados seres vivos, pois não possuem células. Apesar de serem
considerados uma forma de resistência (são parasitas obrigatórios e fora de uma
célula comportam-se como bactéria inorgânica), eles serão estudados durante o curso.

Bacterias foram as primeiras formas de vida que surgiram sobre a Terra, há


aproximadamente 3,5 bilhões de anos atrás (a Terra possui cerca de 4,5 bilhões de
anos). Com o advento das técnicas moleculares, Carl Woese (1977) dividiu as
bactérias em dois grupos, com base nas sequências "16S" do RNa ribossômico (tipo
de ácido nucléico de fita única), que chamou de Eubacteria e Archaebacteria, mais
tarde, renomeados por ele próprio para Bacteria e Archaea. No início foram as
bactérias extremófilas que surgiram ou o Domínio Archea: algumas dessas
arqueobacterias existem até hoje e sobrevivem às custas de ambientes anaeróbios
(sem presença de 02) em ambientes inóspitos, como no fundo do mar, em geleiras,
nas crateras de vulcões ou em “geisers”. As Archea possuem estrutura mais simples
que as Eubacteria, pois sua parede celular é mais fina e não é formada por
peptídeoglicanos (possuem parede celular com composição bioquímica distinta). As
Eubactéria são divididas em vários grupos de organismos, especialmente em dois
grupos em função da coloração da parede celular: as bactérias gram-positivas e as
gram-negativas. A parede celular é um envoltório externo à membrana plasmática
( membrana da célula) e é formada por peptideoglicanos ( mistura de moléculas de
glicose associadas proteínas de cadeias curtas) e confere proteção e rigidez às
bactérias. As bactérias gram-positivas possuem parede celular rica em grupamentos
glicose, que se coram intensamente na presença de Lugol (indicador da presença de
açúcares), proporcionando à parede forte coloração violeta. Já a bactérias gram-
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negativas não se coram intensamente pelo lugol, pois possuem camada mais fina,
formadas de poucas camadas e na presença de lugol não se coram intensamente,
adquirindo tonalidade rosa.

ESTRUTURA CELULAR

Célula é a unidade morfo-fisiológica de todos os seres vivos. Sua estrutura é bastante


simples, pois compreende um conjunto de membranas (membrana plasmática), que
alteram sua morfologia (forma), para a formação de organelas intracelulares, e de
ácidos nucléicos, responsáveis pela transmissão das características hereditárias.

MEMBRANA PLASMÁTICA

A membrana plasmática é formada por duas camadas de lipídeos (gorduras)


entremeadas por proteínas, daí o nome membrana lipo-proteica. Ele é hidrofóbica, isto
é, não é solúvel em água, mas como a molécula de água é extremamente pequena,
ela consegue passar pelos orifícios da membrana. Praticamente todas as estruturas
que compõem a célula são envolvidas pela membrana (mitocôndrias, vacúolos,
lisossomos, ribossomos, cloroplastos). O que vale dizer que ela se comporta como um
tecido celular (à semelhança dos tecidos de roupas), que dá origem a qualquer
“modelo” intracelular. Além das membranas, há o DNA (ácido desoxiribonucleico) e o
RNA (ácido ribonucléico), moléculas AUTODUPLICANTES, isto é, são as únicas
moléculas capazes de formarem outras a partir de si mesmas.

Diferenças entre célula procariótica e eucariótica

No sistema de Whittaker (1969) há uma grande distinção entre os reinos biológicos. O


Reino Monera ou o reino das Bactérias seria formado por seres que possuíam células
procarióticas, isto é, células sem envoltório nuclear (carioteca), que separasse o
conteúdo nuclear (cromossomos) do restante da célula. Depois disso, percebeu-se
que não era somente a carioteca que lhes faltava, mas qualquer estrutura fechada no
citoplasma da célula, como mitocôndrias, periossomos, lisossomos, somente
possuindo ribossomos, que são a sede da síntese protéica. Nos demais reinos
(Plantae, Animalia, Fungi e Protista), a célula seria eucariótica, possuindo núcleo e as
demais organelas citoplasmáticas.
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