Morfologia e Estrutura Das Bactérias
Morfologia e Estrutura Das Bactérias
Morfologia e Estrutura Das Bactérias
Referências
1. Whittaker RH. New Concepts of Kingdoms of Organisms. Science 163:150-
160, 1969.
2. Woese CR, Fox GE Phylogenetic structure of the prokaryotic domain: The
primary kingdoms. Proc. Natl. Acad. Sci. 74:5088-5090, 1977.
3. Pelczar MJ, Chan ECS, Krieg NR. Microbiologia: Conceitos e Aplicações,
Volume I, 2a ed., São Paulo: Makron Books, 1996.
4. Vermelho A B, Bastos MCF, Sá MHB. Bacteriologia Geral. Rio de janeiro:
Guanabara Koogan. 2008.
Morfologia da Célula Bacteriana
As células bacterianas são caracterizadas morfologicamente pelo
seu tamanho, forma, arranjo e estruturas que apresentam.
1-Tamanho: As bactérias são extremamente variáveis quanto ao tamanho e
formas que apresentam. Até recentemente acreditava-se que as menores
bactérias apresentavam cerca de 0,3 µm (ex: Mycoplasma), entretanto, já
existem relatos de células menores, denominadas nanobactérias ou
ultramicrobactérias, com tamanhos variando de 0,2 a 0,05 µm de diâmetro,
sendo algumas inclusive já cultivadas em laboratório. Há ainda controvérsias
quanto a este grupo, pois vários autores acreditam ser meros artefatos.
Muitas bactérias medem de 2 a 6 µm de comprimento, por 1 a 2 µm de
largura, mas certamente estes valores não podem ser definidos como
absolutos, pois eventualmente encontramos bactérias de até 500 ou 800 µm,
como no caso de Epulopiscium ou Thiomargarita. Thiomargarita
namibiensis é uma espécie de bactéria cocóide Gram negativa da família
Thiotrichaceae. A espécie foi descoberta em sedimentos oceânicos na
palataforma continental da Namíbia (África) em 1997, sendo descrita
somente em 1999. É a maior bactéria já descrita, superando a Epulopiscium
fischelsoni, até então considerada a maior já descrita. T. namibiensis pode
ser visualizada a olho nu, atingindo até cerca de 750 μm (0,75 mm) de
comprimento e 0,1 a 0,3 mm de largura.
As espécies de maior interesse medico medem entre 0,5 a 1,0
(diâmetro) por 2 a 5 um (comprimento). O diâmetro da maioria delas
variando de 0,2 a 1,5 um e o comprimento de 1 a 6 um .
2- Forma: Em relação às formas, a maioria das bactérias estudadas seguem
um padrão menos variável, embora existam vários tipos morfológicos
distintos. De maneira geral, as bactérias podem ser agrupadas em três tipos
morfológicos gerais: cocos, bacilos e espirais (Figura 1).
Há ainda bactéria na forma de estrela Stella (formato de
estrela) e Haloarcula um gênero de arquibactéria halofílica (células
retangulares).
Cocos: células esféricas
Bacilos: células cilíndricas em forma de bastonetes
Espirais: bacilos curvos e com aspecto espiralado
a. Cocos
Figura 2
b. Bacilos ou Bastonetes: A morfologia dos bacilos difere consideravelmente
segundo os gêneros, e inclusive segundo as espécies. Há variação não
somente de dimensões e também diferenças na forma das células
individuais. Algumas são longas e delgadas, outras curtas e grossas, os lados
podem ser mais ou menos paralelos entre si e a célula pode ser mais grossa
no centro e afilada nos extremos para proporcionar a forma denominada
fusiforme (bacilo fusiforme). Algumas das formas bacilares adotam
agrupamentos característicos, mas estes são conseqüências de movimentos
depois da divisão, pois o plano raramente ou nunca deixa de ser
perpendicular ao eixo maior. Os bacilos têm forma de bastonetes, podendo
apresentar extremidades retas (Bacillus anthracis), arredondadas
(Salmonella, E. coli), ou ainda afiladas (Fusobacterium). Como seu plano de
divisão é fixo, ocorrendo sempre no menor eixo, os bacilos exibem uma
menor variedade de arranjos, sendo via de regra encontrados isolados, como
diplobacilos ou ainda como estreptobacilos. Há ainda um arranjo,
denominado “em paliçada”, também denominado letras chinesas, que é
típico do gênero Corynebacterium.
Figura 3
c. Espirais: Sua nomenclatura é bastante controvertida ainda. Um tipo de
classificação divide os espiralados em dois grupos, os espiroquetas, que
apresentam uma forma de espiral flexível, possuindo flagelos
periplasmáticos. O outro grupo são os espirilos, que exibem geralmente
morfologia de espiral incompleta e rígidos.
Geralmente os espiralados são microrganismos bastante afilados, de difícil
observação por microscopia de campo claro, sendo muitas vezes analisados
por meio da microscopia de campo escuro, ou de técnicas de coloração
empregando a impregnação por sais de prata.
Figura 4
Referências
1. Pelczar MJ, Chan ECS, Krieg NR. Microbiologia: Conceitos e Aplicações,
Volume I, 2a ed., São Paulo: Makron Books, 1996.
2. Trabulsi LR, Althertum F. Microbiologia. São Paulo: Atheneu, 2005.
2. Vermelho A B, Bastos MCF, Sá MHB. Bacteriologia Geral. Rio de janeiro:
Guanabara Koogan. 2008.
4. Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia . 6.ed. Porto Alegre;
Artmed, 2012.
Coloração da Célula Bacteriana
As bactérias tem afinidade para um grande número de corantes,
em particular os corantes básicos carregados positivamente (catiônicos)
que combinam-se fortemente aos constituintes celulares carregados
negativamente, visto que as superfícies celulares são em geral
carregadas negativamente, esses corantes combinam-se às estruturas
presentes na superfícies, como cristal violeta, azul de metileno e fucsina
básica e cora-se relativamente mal com corantes ácidos como a eosina.
Estudando-se o comportamento das bactérias em relação a certos
corantes verifica-se que reações corantes características para
determinados grupos de bactérias.
1. Coloração de Gram
Das colorações diferenciais, uma das mais úteis e mais utilizada é
a de Gram. Este método de coloração foi criado pelo histologista
Christian Gram e descrito em 1884. Colorações diferenciais são assim
denominadas porque correspondem a procedimentos que não corram
igualmente todos os tipos de células. Uma importante coloração
diferencial, amplamente utilizada em bacteriologia, é a coloração de
Gram.
Esta coloração é de grande importância para a sistemática
bacteriana, pois permite dividir as bactérias em dois grupos: gram-
positivas e gram- negativas. A coloração de Gram começa com a
aplicação de um corante básico, o cristal-violeta.
A seguir, é aplicada uma solução de iodo e todas bactérias estarão
coradas de azul ou rosa neste momento. Depois, as células são tratadas
com álcool: as células Gram-positiva retêm o complexo cristal - violeta -
iodo ficando azuis, enquanto as células Gram-negativas são totalmente
descoradas pelo álcool. Como etapa final, o contracorante (fucsina) é
aplicado de modo que as células Gram-negativas descoradas adotarão a
coloração contrastante (vermelha), e as células Gram -positiva revelam-
se em cor azul ou roxa (Figura 1). A reação Gram + é relativamente rara e
somente se observa em bactérias, leveduras e fungos filamentosos.
Ao determinar a reação de uma bactéria ao Gram é essencial
fazer a coloração em células provenientes de uma cultura jovem, uma
vez que certas bactérias só são Gram + durante a fase de crescimento
ativa e perdem sua capacidade de reter o complexo cristal violeta-
lugol quando cessa o crescimento ativo. Experiências revelaram o papel
da parede celular na reação de Gram, foram descobertas profundas
diferenças estruturais entre a parede das bactérias gram-positivas e
gram- negativas. A parede das primeiras é praticamente formada de uma
só camada enquanto a das segundas é formada de duas camadas,
entretanto, os dois tipos de parede apresentam uma camada em comum,
situada externamente à membrana citoplasmástica, que é
denominada camada basal, mureína ou peptidoglicamo. A segunda
camada, presente somente na célula das bactérias gram-negativas,
é denominada membrana externa e entre a membrana externa e a
citoplasmática encontra-se o espaço periplásmático, no qual está o
peptidoglicano (Figura 2).
As diferenças entre os dois tipos de parede explicam o
comportamento diverso das bactérias frente ao método de Gram. Alguns
estudos sugerem que o complexo cristal violeta lugal não é retirado do
citoplasma das bactérias gram - positivas devida a
menor permeabilidade do espesso peptidoglicamo destas bactérias
ao álcool, de fato, bactérias gram- positivas se tormam gram-negativas
quando o peptidoglicano é retirado da parede ou quando o mesmo sofre
efeito de autolisinas. As culturas velhas de bactérias gram-positivas
freqüentemente se comportam como gram-negativas devido ao efeito de
autolisinas que abrem espaços na molécula do peptidoglicano (Auto-
lisinas são enzimas que participa da síntese do peptidoglicano). Nas
Gram-negativas, entretanto, devido a pequena espessura da camada
basal e as descontinuidades existentes nesta camada em pontos de
aderência entre a membrana externa e a membrana celular, o complexo
corado é extraído pelo álcool, deixando as células descoradas.
É evidente, que a parede de uma bactéria gram + represente uma
barreira que impede o acesso do agente descolorante ao citoplasma,
evitando assim a saída do complexo corante. A falha da parede das
bactérias gram-negativas em não impedir o acesso de agente
descolorante ao citoplasma corado é uma conseqüência de ser alto teor
lipídico: os lipídios da parede são rapidamente dissolvidos por álcool (nas
gram-negativas a camada de mucopeptídio é protegida pela membrana
externa (constituída de fosfolípideos, lipopolissacarídeo e de lipoproteína)
ou acetona, podendo estes então penetrar no citoplasma subjacente e
fazer fluir para o exterior o complexo corante.
Quando uma bactéria G-negativa é tratada com etanol, o lipídio
na membrana exterior é dissolvido.
Diferença entre bactérias G+ e G -
Com o passar do tempo tornou-se aparente que o resultado da
reação de gram está correlacionado a outras propriedades da bactéria.
Consequentemente a divisão das bactérias em 2 grupos, baseados no
resultado deste processo de coloração constitui uma divisão de profunda
importância taxonômica.
Introdução
A observação dos micro-organismos por meio de um microscópio
revela-nos sua morfologia grosseira- o tamanho, o tipo e o arranjo celular. Se
observarmos mais perto da superfície ou até mesmo dentro da célula haverá
mais estruturas detalhadas a explorar.
Os cientistas têm separado os micro-organismos a fim de examinar
suas estruturas e analisar sua composição química. Técnicas tais como o
tratamento de células com ondas sonoras de alta freqüência têm sido
desenvolvidas para desintegrar as paredes celulares e isolar os vários
componentes celulares. Tais estudos não são apenas de interesse dos
microbiologistas curiosos sobre o interior das células. A presença ou a
ausência de certas estruturas é utilizada para classificar os micro-
organismos; o conhecimento de como eles funcionam é utilizado para a
síntese de drogas antimicrobianas que atacam componentes específicos da
célula.
Como você poderá ver, a morfologia das células afeta a maneira com
que elas respondem ao seu meio. As estruturas encontradas no exterior das
células tornam alguns micro-organismos mais patogênicos. São exemplos
aquelas estruturas que permitem que a aderência da bactéria aos tecidos e
aquelas que protegem as bactérias invasoras do sistema imunológico. Outros
componentes celulares causam febre e choque.
Estruturas da célula bacteriana
As técnicas de microscopia revelam que uma célula bacteriana tem
diversidade de estruturas funcionando juntas. Algumas dessas estruturas
são encontradas externamente fixadas à parede celular, enquanto outros são
internas. Algumas estruturas são comuns a todas as células tais como a
parede celular e a membrana citoplasmática (Figura 1). Mas outros
componentes celulares estão presentes somente em certas espécies ou sob
certas condições ambientais.
I. Estruturas externas
2. Fímbria e Pili
Muitas bactérias, particularmente as gram -, têm acessórios que
não estão relacionados com motilidade. Estas estruturas filamentosas são
ocas como os flagelos, mas não são helicoidais. São também mais finas (3 a
10 nm de diâmetro), menores, mais retas e mais numerosas que os flagelos.
Estas estruturas são de dois tipos: fímbria e pili e são constituídas de
proteína chamada Pilina. A quantidade de fímbrias variar de poucas a
centenas. As fímbrias podem ocorrer nos pólos das bactérias ou podem estar
distribuídas por toda a superfície bacteriana. Geralmente estas são bastante
numerosas, podendo atingir números de 1000 ou mais por célula. Como são
muito pequenas e delgadas, somente podem ser visualizadas pela
microscopia eletrônica. As fímbrias são de natureza protéica, compostas por
subunidades repetitivas de uma proteína denominada genericamente de
pilina. As fímbrias possuem, geralmente em sua extremidade, e algumas
vezes ao longo da estrutura, proteínas distintas, denominadas adesinas, as
quais mediam a adesão específica da célula bacteriana a diferentes
substratos (Figura 4).
4. Parede Celular
A parede celular de organismos procarióticos é uma estrutura rígida
que mantém a forma característica de cada célula bacteriana.
A estrutura é tão rígida que mesmo altas pressões ou outras
condições físicas adversas raramente mudam a forma das células
bacterianas. A parede celular previne a expansão e eventualmente o
rompimento da célula devido á entrada de água. A parede celular bacteriana
é normalmente essencial para o crescimento e divisão da célula, células
cujas paredes foram removidas são incapazes de crescer e se dividir
normalmente.
• Funções:
1. Transporte de solutos
• TRANSLOCAÇÃO DE GRUPO
5. Secreção
A membrana está envolvida na secreção de enzimas hidrolíticas que
tem como função romper as macromoléculas do meio fornecendo
subunidades que servirão como nutrientes. Outras macromoléculas, como
toxinas, bacteriocinas, penicilinases, podem também ser secretadas através
da membrana plasmática.
Bibliografia
1. Whittaker RH. New Concepts of Kingdoms of Organisms. Science 163:150-
160, 1969.
2. Woese CR, Fox GE Phylogenetic structure of the prokaryotic domain: The
primary kingdoms. Proc. Natl. Acad. Sci. 74:5088-5090, 1977.
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Volume I, 2a ed., São Paulo: Makron Books, 1996.
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6. Tortora GJ, Funke BR, Case CL. Microbiologia . 6.ed. Porto Alegre;
Artmed, 2012.