A Presença Da Antropologia No Enisno Básico
A Presença Da Antropologia No Enisno Básico
A Presença Da Antropologia No Enisno Básico
Resumo: Este trabalho se propõe a refletir sobre o espaço em que a Antropologia ocupa
na Educação Básica, seus desafios, bem como apresentar uma discussão sobre a
importância de seu método etnográfico em estudos dentro do ensino básico escolar. Na
Educação Básica a Sociologia representa as três áreas de conhecimento das Ciências
Sociais, a saber, Antropologia, Ciência Política e Sociologia. No entanto, há um desafio
para a prática antropológica, desde a formação acadêmica do professor e,
posteriormente quando o mesmo adentra no espaço da sala de aula na escola básica. A
Antropologia pode ser um diferencial dentro desses espaços, ou seja, através de seu
método etnográfico e da sua técnica de observação participante que contribuirá para que
o professor em formação desenvolva um olhar e uma percepção mais próxima da
realidade que fará parte do seu universo de trabalho. Esse diferencial, esse olhar
antropológico do professor permitirá que ele desenvolva uma reflexão diferenciada com
os seus alunos, proporcionando aos mesmos uma visão mais ampla, mais aberta sobre o
universo que circunda a sua vida pessoal e futuramente profissional, pois terão contato
com as discussões e reflexões antropológicas na base da sua formação. Portanto, o
ensino de antropologia auxiliará os alunos da escola básica, futuros profissionais,
membros de uma sociedade, participante de grupos sociais diversos a se relacionarem
com o outro e compreende-los a partir de seu próprio espaço social.
1. Introdução
1
“Trabalho apresentado na 29ª Reunião Brasileira de Antropologia, realizada entre os dias 03 e 06 de
agosto de 2014, Natal/RN.”
2
Mestranda em Ciências Sociais – PPGCS – UFSM.
3
Mestre em Ciências Sociais - PPGCS – UFSM.
para que os professores, tanto os que estão em formação, como os que já se encontram
trabalhando nas escolas, desenvolvam um olhar e uma percepção mais próxima da
realidade que faz parte do seu universo de trabalho. Esse diferencial, esse olhar
antropológico do professor permitirá que ele desenvolva uma reflexão diferenciada com
os seus alunos, proporcionando aos mesmos uma visão mais ampla, mais aberta sobre o
universo que circunda a sua vida pessoal e futuramente profissional, pois terão contato
com as discussões e reflexões antropológicas na base da sua formação.
Pode-se dizer que o ensino de antropologia auxiliará os alunos da escola
básica, futuros profissionais, membros de uma sociedade, participante de grupos sociais
diversos a se relacionarem com o outro e compreende-los a partir de seu próprio espaço
social, sem preconceito, ou com um olhar um pouco menos etnocêntrico.
Olhando por esta ótica, percebe-se que, embora a Antropologia não configure o
nome da disciplina na educação básica, ela tem muito a contribuir com o ensino e pode
vir a realizar grande mudança social, tendo em vista que é um conhecimento que
procura revelar o sentido das ações dos grupos sociais e isso torna o entendimento do
outro possível, gerindo novas formas de agir e instigando a busca por explicações e
entendimentos sobre realidades e noções já naturalizadas.
É preciso auxiliar os alunos, os jovens a compreenderem as diversidades
sociais e a Antropologia no ensino básico é a ferramenta que dará suporte para que se
compreenda que cada sociedade cria a sua cultura e que para compreender o sujeito que
vive dentro de tal grupo, antes é preciso desvendar a sociedade a qual ele faz parte.
Arbitrariamente fomos educados em uma sociedade onde o “outro” é o diferente e por
mais heterogênea que tenha se tornado a sociedade em que vivemos sempre haverá um
olhar excêntrico de uma classe social sobre a outra, como se o negro, o índio, o
“favelado” sejam os fora da normalidade social, os diferentes (GUSMÃO, 2008). Boas
(2006) foi um dos primeiro pesquisadores a alertar para o fato de que “não existe
cultura” e sim, que são culturas, sendo que cada costume ou valor só poderá ser
explicado se relacionada no seu contexto social e cultural.
Diante de todas essas colocações fica clara a importância dos estudos
antropológicos na formação básica, pois assim, desde cedo os sujeitos terão a
oportunidade de aprender que o diferente nada mais é que outro modo de ser, de ver, de
agir, de sentir e que não existe homogeneidade de pensamentos e ações mesmo entre
grupos aparentemente muitíssimos integrados.
3. A Antropologia na escola
Como disse Guimarães Rosa “Mestre não é quem de repente ensina, mas quem
de repente aprende” 4. Essa frase pode parecer sem sentido dentro da discussão, mas no
momento que estamos apontando para o fato de que dentro das sociedades existe uma
pluralidade enorme de saberes, temos que estar atento para o tipo de educação que será
apresentado aos alunos da escola básica, logo essa outra questão nos remete a formação
do professor, pois este, antes de ir pra sala de aula precisa ter compreendido que o agir
de cada individuo se relaciona com o universo a qual o mesmo pertence.
Procurar desenvolver o entendimento da alteridade dos sujeitos não é tarefa
fácil, pois para que o educando consiga dialogar, ou seja, “trocar algo”, conhecimento,
informação com o seu aluno, ele precisa reconhecer as qualidade particulares de cada
interlocutor. “O perigo é o educador pensar seu trabalho unicamente em termos de
preencher lacunas ou corrigir deficiências no seu público alvo”, (FONSECA 1993,
p.29).
Claudia Fonseca em sua experiência de 10 anos pesquisando os grupos
populares de Porto Alegre mostra que aquilo que aos nossos olhos, num primeiro
momento transparece ser uma desorganização familiar, nada mais é do que outra forma
de organização social, entretanto nossa recusa em enxergar este outro universo como
outro modo de organização, só pode ser entendido como uma “defesa nossa”, (Id).
4
Disponível em:< http://kdfrases.com/autor/guimar%C3%A3es-rosa> acesso 20 mai. 2014
modelos. Qualquer coisa que não se encaixava era, por definição, “caótica”.
O grande avanço da Teoria do Caos não foi como pensam muitas pessoas, a
declaração da vitória do caos. Era, pelo contrário, insistir em mostrar que
tudo aquilo que nós considerávamos caos, tem uma ordem – só que é uma
ordem que foge de nossos modelos convencionais. A descoberta de novas
lógicas, inesperadas, imprevisíveis, é a grande viagem da ciência
contemporânea. É uma viagem que se nega a tomar refúgio em modelos
abstratos, e que insiste em enfrentar o desafio da rica e variada realidade em
que vivemos. (FONSECA, 1993, p.34)
5. Considerações Finais
BOAS, Franz. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2006.
VÍCTORA et al. Pesquisa Qualitativa em Saúde. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2000.
Caps. 4. A construção do objeto de pesquisa.