Bella Love-Wins - 01 - Uma Virgem para o Bilionário (Oficial)
Bella Love-Wins - 01 - Uma Virgem para o Bilionário (Oficial)
Bella Love-Wins - 01 - Uma Virgem para o Bilionário (Oficial)
Love-Wins, Bella
Uma Virgem para o Bilionário/ Melissa Elaine Lima; tradução de Elaine Lima. Rio de
Janeiro: Cherish Books, 2023.
Tradução de:
ASIN
Dahlia
O bilionário mandão quer me fazer pagar.
Na primeira vez em que vi Jackson Knight, o vizinho bilionário mandão, ele me deu aquela
olhada intensa de fazer molhar a calcinha, com seus olhos azuis hipnotizantes e severos.
Na segunda vez, eu havia acabado de invadir a varanda de sua cobertura para recuperar um
Shih Tzu rebelde e temperamental que eu estava tomando conta para a vizinha dele.
Jackson me avisou para nunca mais fazer isso, ou da próxima vez me puniria e me faria pagar.
Bem, cachorros farão cachorrices.
Então aconteceu de novo.
Com isso, descobri que ele não estava mentindo sobre me castigar.
Agora estou nua e amarrada à cama de Jackson. Porém, a qualquer momento, vou precisar
contar a ele que sou virgem.
*Notas da autora:
O bilionário e a virgem é um livro de volume único, sem ganchos e com final feliz garantido.
Este é um romance de estilo: bilionário bad boy encontra garota virgem.
PRÓLOGO
JACKSON
Dahlia é minha desde o segundo em que a vi.
A minha boneca.
Ela abriu a boca para sussurrar algo, mas a impedi ao tomar seus lábios com um beijo, o qual
esperei a semana inteira para dar. Envolvo a cintura dela com uma mão, agarrando a parte
inferior de suas costas enquanto minha língua separa seus lábios. Ela se molda em meu peito o
máximo que suas amarras permitem, cedendo a cada golpe da minha língua enquanto exploro
todos os contornos de sua boca. Prová-la pela primeira vez é mais intenso do que eu esperava.
Quero cobrir cada centímetro do seu corpo com o meu e fodê-la com força e sem restrições.
Aprofundando-me no beijo, apoio meu peso com um braço e me estico ao lado dela. Ela não é
capaz de virar o corpo em minha direção, mas faz o que pode com as pernas, deslizando uma
para cima e para baixo pelo meu tornozelo e panturrilha por cima das minhas calças. Preciso me
afastar ou vou acabar arrancando as minhas roupas e enterrando o meu pau nela. Temos a noite à
nossa frente, então planejo tomar o meu tempo e provar cada centímetro dela antes de me
afundar nela com força.
Afasto-me do nosso beijo e sorrio enquanto ela recupera o fôlego e passa a língua pelo meu
lábio inferior, ansiosa para continuar. Assim como também estou pronto para devorar aqueles
lábios de novo. Ergo-me da cama e me posiciono entre os joelhos dela, separando-os para abrir
espaço enquanto enterro minhas mãos em suas longas tranças de cabelos pretos e inclino sua
cabeça para cima de modo brusco, esmagando minha boca sobre seus lábios.
Seus pés deslizam pela cama e ela pressiona as coxas contra o lado de fora das minhas pernas.
O calor irradia do seu centro e, num instante, estou duro feito pedra. Agarrando-a de novo com
uma mão, abaixo o tronco e os quadris até seu corpo, deixando todo o meu peso repousar sobre
ela enquanto esfrego meu pau em sua boceta beirando a ilegalidade, apenas minha boxer e calça
nos separando.
Dahlia mal respira, sobrevive só com o ar que compartilhamos, mas consegue soltar um
gemido que soa como palavras. Quero abafar o som para continuar o beijo, mas ela volta a
balbuciar.
— Desculpa, o quê? — pergunto, afastando-me de sua boca para deixá-la falar.
— Eu disse, nunca estive com um homem… assim. Só quero que você saiba.
Não há como parar o zumbido no meu ouvido, soando como se eu estivesse preso no meio de
uma sala durante um incêndio alarmante. Erguendo-me do corpo dela, estudo seu rosto.
— Você acabou de dizer que é…
— Virgem — responde, terminando a minha frase. — Sim. Eu sou… isso.
Uma série de perguntas começa a surgir em minha mente. Ao mesmo tempo, dois impulsos
batalham entre si em cada célula do meu corpo. Sendo que o com ligação direta com meu pau
quer acabar com seu status de virgem agora mesmo. Bem aqui na minha cama.
CAPÍTULO 01
DAHLIA
— Sejam bonzinhos, ouviram? Ou nada de petiscos especiais para os meus queridinhos. Dá
um beijo aqui, bebês. Dá um beijinho na mamãe. Amo todos vocês.
Vivian não vai sair daqui nunca.
Concordo com a cabeça várias vezes, um sorriso educado curvando meus lábios. Essa é a
minha tentativa de manter um semblante profissional enquanto minha chefe de meio expediente,
Vivian Chandler, agacha-se para dar abraços e beijos em seus pequeninos no corredor do lado de
fora da porta da frente de seu apartamento na cobertura. Bem, nem todos são tão pequeninos. Ela
ainda tagarela instruções para mim sobre seus bebês peludos antes de precisar partir para pegar o
voo para uma viagem de três semanas pela Europa. Preston, um dos porteiros mais antigos do
prédio, espera de maneira paciente ao lado da montanha de malas de grife de Vivian, empilhadas
em um carrinho de bagagem dourado e brilhante parado na parede oposta ao elevador.
Depois de mais alguns abraços, os cachorros mimados voltam ao que estavam fazendo.
Vivian descansa sua bolsa de grife Salvatore Ferragamo na soleira e começa a vestir seu casaco
creme de pele. Isso é um progresso.
— Todos os números de emergência estão no e-mail que lhe enviei e na gaveta superior ao
lado da geladeira — ela me lembra de novo. — Também deixei lá em cima no quarto dos
cachorros.
— Eu os tenho bem aqui no meu celular — digo a ela, puxando o aparelho do bolso da minha
calça de moletom. — E o aplicativo de monitoramento dos cães está instalado desde as últimas
vezes em que estive aqui. Mesmo enquanto estiver no campus, saberei o que estão fazendo e
estarei perto o suficiente para chegar aqui bem depressa se precisarem de alguma coisa.
— Ótimo, e não hesite em colocá-los na sala de brinquedos se precisar ficar na faculdade por
mais de algumas horas. É uma das poucas portas que Daisy ainda não consegue abrir sozinha.
Basta lembrar de encher os dispensadores de comida e água, e eles podem ficar por lá um bom
tempo.
— Claro. Farei isso.
— Mas certifique-se de tirá-los de lá após comerem e beberem. Queremos minimizar
quaisquer acidentes… em especial nos meus tapetes persas no corredor.
— Entendido.
Vivian lança um olhar demorado para os seus três animais de estimação. Sheba, um Shih Tzu
de pelo amarronzado, está na extremidade da ampla área de estar do apartamento, saltando
algumas vezes do chão enquanto bate as patinhas na porta deslizante de vidro que dá para a
varanda. Bailey, uma Bull Terrier branca, está esperando no meio do hall de entrada de mármore,
sentada de modo obediente ao lado de Daisy, a Dogue Alemão branca com manchas pretas que
tem quase 1,65 m de altura. Como eu disse, nem tão pequenos assim.
— Vou cuidar muito bem deles, sra. Chandler — digo pela centésima vez. — Prometo.
— E tem certeza de que não se importa de dormir aqui enquanto eu estiver fora? —pergunta
com preocupação, enquanto pega a bolsa outra vez, os olhos fixos em seus animais de estimação
ao mesmo tempo que desliza de maneira distraída as alças de couro sobre o ombro.
— De jeito nenhum — respondo, sorrindo. E minha expressão também é autêntica, afinal,
quem não gostaria de ficar em uma cobertura multimilionária em vez de um apartamento
pequeno e apertado no Brooklyn por algumas semanas? — Na verdade, vai ser ótimo para mim.
Esse prédio fica a 15 minutos da Columbia. Então vai me poupar os 50 minutos que levo de trem
tanto de ida quanto de volta para o Brooklyn. Confie em mim, pretendo ficar aqui sempre que
não estiver nas aulas. O tempo todo. Dia e noite. Não se preocupe, sra. Chandler. Eles ficarão
bem.
— Vou sentir saudades de vocês, meus bebês — choraminga, quase derramando lágrimas. —
Muito mesmo! Mas voltarei em algumas semanas com todas as suas guloseimas importadas
favoritas, meus amores.
Daisy, Bailey e Sheba meio que a ignoram. Estão acostumados comigo por perto. Venho
prestando serviços de babá de pet para Vivian há mais de um ano e meio. Isso é quase o tempo
que se passou desde a minha mudança de Cedar City, Utah, para Nova York, para completar
minha graduação em Ciências Veterinárias na Universidade de Columbia. Esses cães são
praticamente minha família. Também sou a única pessoa em quem Vivian confia para cuidar
deles. É por isso que consegui esse bico.
No entanto, esta é a primeira vez que ficarei com eles assim dia e noite. A última vez que
Vivian precisou sair da cidade, ela os deixou no spa para cachorros. Eles estavam bem, mas
Vivian não ficou feliz por Bailey ter perdido alguns quilos enquanto ela estava fora. Ela quase os
processou por negligência, mas mudou de ideia quando a lembrei que Bailey tem um histórico de
ser exigente quanto alimentação, e o veterinário disse o mesmo.
Meu Deus, espero que ela não me processe no final desse bico.
Pois, com certeza, Vivian está me pagando o suficiente para isso. Esta será a maior grana que
já ganhei trabalhando. Cinco mil dólares. Ainda não consigo acreditar que ser babá de pet em
período integral paga tanto. Se bem que Vivian gastou mais que o dobro para mantê-los no spa
da última vez. Ter três animais de estimação aqui em Manhattan é bem caro. As taxas diárias de
embarque por cão podem chegar às centenas. Para mim, os cinco mil vão me ajudar muito, muito
mesmo. Minhas mensalidades já estão garantidas, graças a bolsas de estudos e tal, e meus pais
em casa me enviam o que podem, mas cubro o meu próprio aluguel e outras gastos. Mesmo no
Brooklyn, as despesas não são baratas.
De qualquer forma, amo esses cachorros tanto quanto Vivian, então planejo garantir que
estejam felizes enquanto cuido deles.
O badalar do antigo relógio de pêndulo no escritório chama a nossa atenção.
— 14h em ponto — Vivian diz. — É melhor eu ir. Vejo vocês em breve, meus bebês. A
mamãe vai sentir falta de vocês. E, por favor, obedeçam a Dahlia, entenderam?
— Tenha uma boa viagem, sra. Chandler — digo a ela.
— Obrigada, Dahlia. Ah! Antes que eu esqueça. Temos um novo vizinho. Jackson Knight.
Lembra-se desse nome.
— Jackson Knight. Entendi.
— Ele é um jovem muito bonito. Mas você sabe como são os bilionários que vivem neste
edifício, não é?
Concordo com a cabeça, mas Vivian, uma bilionária de fundos fiduciários, também faz parte
do grupo deles. Então, não sei ao certo o que ela quer dizer.
— Todo profissional. Tão frio quanto gelo. Curto e grosso. Odeia cachorros. Sheba já invadiu
sua varanda e ele não gostou nem um pouco disso, por isso fique de olho nele. Sheba, quero
dizer, não o vizinho — ela diz com as sobrancelhas levantadas.
— Farei isso — respondo com um aceno de cabeça. — Até mais, sra. Chandler. É melhor se
apressar ou perderá o seu voo!
— Sim, preciso mesmo ir. Cuide bem deles.
— Cuidarei — asseguro a ela. — Tudo vai ficar bem.
Vivian suspira, virando-se para caminhar até o elevador e o porteiro à espera.
Permaneço na porta, aguardando com a porta entreaberta até o elevador abrir. Com uma
última onda para seus cães, ela permite que o porteiro role o carrinho de malas para dentro e
entra no elevador ao lado dele, e enfim, ambos partem.
Finalmente! Luxo por todos os lados me espera, e tudo o que preciso fazer por três semanas
esplêndidas é cuidar de três peludinhos que amo de coração. Os cinco mil é apenas a deliciosa e
doce cereja no topo do bolo.
É só quando tranco a porta e me viro que percebo que Bailey é a única sentada no hall. Daisy
conseguiu abrir a porta da varanda, e tanto ela quanto Sheba estão brincando no piso de granito
lá fora. É a coisa mais fofa de se ver. Daisy é tão grande quanto um pônei, enquanto Sheba quase
cabe nas minhas mãos. Apressando-me pelo hall e sala de estar, chego ao terraço bem a tempo de
ver o traseiro de Sheba se espremendo por um pequeno espaço sob a divisória de privacidade…
para a varanda do vizinho.
— Sheba, volte aqui, garoto — chamo, semicerrando os olhos pela estreita abertura entre a
parede externa e a divisória de vidro fosco. Sheba não faz o menor barulho, então vou até o
grosso corrimão de calcário na borda do terraço e olho ao redor do vidro opaco para procurá-lo.
— Sheba?
Sheba começa a latir de forma animada. Então ouço a batida dos sapatos masculinos contra o
chão de granito. Olhando para a direção de onde vem o som, congelo. É quando vejo um homem
não tão feliz, porém gostoso pra caramba, na altura de vinte e poucos anos, vestido com um terno
azul-marinho sob medida com camisa branca por baixo e segurando o celular a um centímetro de
sua orelha.
Aposto que deve ser o tal Jackson Knight.
E ele está olhando para mim.
Não, na verdade, está mais para me encarando.
CAPÍTULO 02
JACKSON
Droga.
Este vira-latinha insignificante outra vez.
São 14h, e acabei de chegar em casa depois de uma reunião de negociação de quase vinte e
três horas infernais. Estou exausto pra cacete. O meu celular não para de tocar. Não preciso de
um incomodozinho coberto de pelo latindo sem parar por aí… e lambendo meus sapatos ainda
por cima. Estes bebês são da grife Testoni, caramba.
Abro a boca, prestes a gritar algumas boas coisas para a minha vizinha, Vivian, para mandá-la
colocar uma coleira no canino fugitivo dela, quando dou de cara com uma garota que nunca vi
antes.
Cabelos lisos e pretos emoldurando seu rosto em forma de coração, grandes olhos azuis
cinzentos quase escondidos por sua franja grande, pele pálida e sedosa, ligeiramente corada de
vergonha e sem uma única mancha, e aqueles lábios rosados e cheios que sequer consigo tentar
ignorar. Não consigo ver muito do seu corpo, mas seu pescoço comprido, clavícula estreita e a
leve curvatura de seus seios cobertos pelo suéter revelam sua pequena estrutura. Por uma fração
de segundo, eu gostaria que ela não estivesse mais escondida pela divisória de vidro entre a
unidade de Vivian e a minha, os dois únicos apartamentos no andar da cobertura.
— Peço mil desculpas — ela diz com o sotaque mais caipira que ouvi em eras, fazendo o
“peço mil desculpas” soar como: “peçu mi disculpa”. Só que ela pronunciou aquelas palavras
com seus lábios cor-de-rosa sensuais, que já têm um efeito no meu pau. — Não tenho certeza de
como Sheba conseguiu passar por baixo partição. Pode passá-lo para mim?
“Nah ten certez” em vez de “não tenho certeza”.
“Consegui”, não “conseguiu”.
“Patiçãn” não “partição”.
“Podi passá-lo pá mi?”
Porra, odeio o sotaque dela, mas o meu pau adora.
Ela estende uma mãozinha delicada com a palma para cima. Ela acha mesmo que vou tocar
naquele monstrinho? Mais importante, faz ideia de que estamos no topo de um prédio com mais
de quarenta andares? O vento pode pegar o cão minúsculo e sua queda não seria nada bonita.
— Não — respondo de forma brusca.
Minha paciência já estava no limite há vinte e duas horas. Neste momento, é inexistente. A
garota dá um pequeno salto para trás, seu rosto corando para um tom mais profundo de vermelho
ao som da minha voz, ou pode ter sido o meu tom. Porra, talvez ela esteja nervosa. De qualquer
forma, não dou a mínima. Este cão precisa de sair do meu terraço, e esta bela distração em forma
de garota precisa recuar bem devagar. Com sorte, nunca mais a verei. Ou a esse pequeno vira-
lata.
Só que os dois são os meus novos vizinhos. Pelo menos, acho que ela é. Nunca a vi antes.
Talvez seja a irmã mais nova de Vivian ou alguma parente do interior, não que sejam parecidas.
As duas não agem da mesma forma. Vivian já estaria com as patas em cima de mim, enquanto
esta garota do interior parece estar com um medo genuíno de mim.
Ela é exatamente o tipo de mulher com quem gosto de transar.
Tímida, um pouco assustada e cheia de tendências submissas arraigadas.
Exceto o sotaque caipira.
— Não é seguro para ela, boneca — explico sem rodeios, sentindo uma nova dose de remorso
por ter comprado esse apartamento. Escolhi este lugar porque gosto da minha privacidade. —
Venha até a minha porta da frente. Você mesma pode pegar a sua bola de pelos.
— Ele, e é cabelo — ela diz. — Sheba é um cão macho. E é coberto de cabelos, não de pelos.
Puta merda. Ela parou mesmo para me dar uma lição sobre esses encrenqueiros de quatro
patas? E por que diabos estou duro como granito agora?
— Então, venha à minha porta e pegue ele, a pequena bola de cabelo.
— Ah, certo, obrigada, senhor — ela diz animada, chamando-me de “senhor” como se eu
fosse um velho geriátrico, como meu pai. — Já vou aí.
A garota do interior que meu pau adora, é como vou chamá-la agora, logo desaparece do lado
do terraço que pertence a Vivian. O corretor que me vendeu este lugar tem sorte por eu tê-lo
pagado à vista. É privado, ele havia dito. Reclusão perfeita no Upper West Side. Aquele idiota
mentiroso, exagerado e trapaceiro. Chutaria sua bunda e me mudaria se tivesse apenas alugado.
Voltando para dentro para atender a porta, sou seguido pelo vira-lata barulhento. Faço questão
de tomar todo cuidado para não pisar nele. Afinal… sapatos Amadeo Testoni, droga. Não vou
estragar os meus calçados de vinte mil dólares por causa desse vira-lata. Não que me importe
com o dinheiro, mas estes são feitos sob medida, importados e confortáveis pra caramba. Eu teria
que esperar pelo menos uma semana para substituí-los.
A criatura começa a latir mais alto quanto mais me aproximo da porta da frente.
— Fica calado troço! — rosno de volta para ele, mas ele me ignora e aumenta o volume.
Estou chegando no limite da minha paciência quando destranco a porta. Então recebo outro
choque quando a abro.
Bem, dois.
Primeiro, a garota do interior que meu pau ama é bem desleixada, mas é mais linda do que
jamais imaginei ser possível. Está usando um suéter cinza-claro enorme sobre uma calça de
moletom mais folgada ainda, que pode muito bem caber mais três garotas do tamanho dela lá se
ela desfizesse o cordão pendurado na bainha do suéter e que bate quase nos joelhos. Mas o que
se destaca é sua franja longa, suas madeixas grossas e onduladas bem pretas, que passam de seus
ombros e descem até quase na altura de sua cintura. Quanto às pantufas cor-de-rosa choque com
cabeça de cachorro nos pés dela, bem, não faço ideia do porquê alguém usaria aquilo. O mais
preocupante é que posso dizer pelo caimento de suas roupas que ela é uma coisinha pequena com
curvas delicadas por baixo daquilo tudo.
E é sexy pra caralho.
Meu pau está tendo um dia e tanto nas minhas calças, e estou grato por ter usado cuecas
confortáveis hoje, em vez de boxers folgadas, caso contrário, precisaria cobrir a tenda que estaria
se formando agora.
A segunda surpresa, que percebo ser a provável razão pela qual o cão estava latindo tanto, é
que Gerald Buchannan está ao lado dela na minha porta. O mesmo Gerald Buchannan que me
manteve acordado a noite toda negociando este acordo de aquisição. Ele é o investidor sócio
mais carente e chato do Knights Capital Management Group, a empresa de investimentos que
administro com meu irmão mais velho, Jace, e nossos melhores amigos: Caleb, Dylan e Foster.
Só o aceitamos como sócio como um favor ao meu pai, e por ele ser muito rico. E por muito rico,
quero dizer uma cacetada mais rico do que o meu pai, cujo patrimônio líquido está na casa dos
bilhões.
É um choque vê-lo aqui na minha porta, pois ele não deveria saber onde moro. Ninguém além
do meu pai, irmão e amigos mais próximos têm este endereço. Diabos, nenhum dos meus
funcionários sabe que moro aqui.
— Gerald, eu não estava à sua espera — respondo, tentando manter a calma.
— Precisamos conversar — ele dispara. — Livre-se dela, pode ser? — Ele entra, empurrando-
me de lado e olhando feio para o cachorro enquanto passa por ele. — Isso é importante.
A raiva começa a queimar em meu peito e cerro os punhos. Essa garota não significa nada
para mim, mas a combinação da minha exaustão, a intromissão inesperada de Gerald e a rudeza
dele com ela me deixa perto de perder a cabeça.
Ninguém fala assim com a minha vizinha. Exceto eu.
Passando uma mão agitada pelo meu cabelo, olho nos olhos dela.
— Sinto muito por isso, mas ele está certo. — Dou um passo para o lado e gesticulo para o
amigo peludo dela. Quer dizer… cabeludo. Ah, sei lá. — Mantenha o filhote do lado de Vivian
do terraço, tudo bem?
— Sheba é um cão adulto — ela me informa de um jeito nervoso. Seus olhos temerosos se
prendem aos meus enquanto se ajoelha para pegar o cão. Porra, olhar para ela por este novo
ângulo me deixa perto da insanidade. Aqueles lábios estão tão próximos do meu pau que quase
consigo senti-la o tomando em sua boca. — E eu vou… mantê-lo longe de você… quero dizer,
longe da sua casa. desculpa por isso.
— Quem é você afinal? — pergunto. O suspense está me matando. Preciso saber. — Prima de
Vivian ou algo assim?
Ela nega com a cabeça.
— Me chamo Dahlia — diz e estende o braço direito para um aperto de mão.
— Olá Dahlia.
— Sou a babá dos pequenos. Babá de pet, quero dizer — gagueja. — Vivian vai ficar fora por
algumas semanas, então estou aqui… para cuidar dos cães.
Quero apertar a mão dela, mas se o fizer, será fim de jogo. Se tocá-la, terei que tê-la, e o fato
de ela ficar por perto por um tempo, significa que preciso manter distância. Além disso, ela
sequer parece ter terminado de passar pela puberdade.
— Isso não vai atrapalhar suas aulas no ensino médio? — pergunto de forma intencional, para
ter uma noção da idade dela.
— Não. Não estou no ensino médio. Estudo na Universidade Columbia.
Estou a deixando nervosa?
Nenhum de nós diz outra palavra enquanto ela se vira e vai embora. Pelo menos ela é maior
de idade.
Talvez.
— Venha logo, Jackson.
Droga. Gerald está aqui.
Fechando a porta da frente, sigo a voz dele até a minha sala de estar.
— Sobre o que precisa discutir? — pergunto. — Você mudou de ideia desde… — Paro de
falar para verificar as horas no meu celular. — Desde trinta minutos atrás?
Ele se senta no sofá da minha sala e apoia os pés na minha mesinha de centro como se fosse o
dono do lugar.
— Claro que não — resmunga.
— Então por que está aqui, Gerald? E quem lhe disse onde moro?
As sobrancelhas dele franzem.
— O seu pai. Por quê? Este lugar é secreto ou algo assim? Ou tem a ver com a menor de
idade sexy correndo solta por aqui?
— Esqueça que perguntei. Diga-me, por que veio? — ordeno, mas mantenho o meu pedido
num tom mais ou menos respeitoso. Afinal, ele é um sócio. E um dos amigos mais próximos e
bem relacionados do meu pai.
— Precisamos que este contrato seja assinado em uma semana. Duas no máximo. Se fosse por
mim, estaria assinado amanhã mesmo, antes do final do dia. Os meus apoiadores não estão
confortáveis com o seu tratamento em relação à Mont Blanc, ou com estas novas exigências. Não
é razoável. Certifique-se de transmitir aos parceiros que estamos prontos para cancelar a
proposta. Chega de concessões. Precisam assiná-la como está agora ou pulamos fora.
Pressionando os lábios, sento-me na poltrona oposta a ele.
— Você não está falando sério.
— Claro que não, mas esses caras da Mont Blanc precisam saber que não estamos os
enrolando. A gente precisa deles. Eles precisam de nós. Certifique-se de articular esse ponto
quando voltarmos para a mesa de negociação esta noite.
— Tenho forçado esse ponto na goela deles por vinte e três horas! — grito, então percebo que
ele deixou passar uma nova informação. — Espera, você disse esta noite? Não nos
encontraremos novamente até amanhã de manhã às 8h.
— Não mais — ele me informa, levantando-se do meu sofá. — Não podemos dar-lhes tempo
para explorar o nosso acordo com a concorrência. Isso só daria munição para exigirem mais.
Preciso de você em Masa esta noite às 19h em ponto. Vamos levá-los para jantar, beber e depois
voltar para o escritório para continuar o processo e fechar este negócio com um belo laço. Hoje à
noite, se possível.
Balanço a cabeça, mas a verdade é que ele tem razão. Arrastamos o acordo demais, já são
meses de negociações. Precisamos fechar este negócio em breve.
— Tudo bem — digo a ele, irritado que agora com o novo compromisso, só terei cerca de
quatro horas e meia para descansar, tomar banho, vestir algo e dirigir até a ponta sudoeste do
Central Park, onde o restaurante Masa está localizado. — Estarei lá, mas tente lembrar que
estamos trabalhando nisso há meses. Se leva alguns dias para fecharmos o acordo… ou até
mesmo semanas… é um tempo bem gasto.
— Concordo, no entanto, quanto antes, melhor.
Sigo com ele até a porta da frente, nos despedimos e eu o deixo sair.
Enquanto espero que Gerald entre no elevador, o cheiro de baunilha e amêndoa da garota do
interior permanece no ar, atraindo-me outra vez. Ela deixou uma marca no meu cérebro que não
consigo esquecer. Assim que este acordo com a Mont Blanc acabar, farei algo a respeito.
Como me afastar de Dahlia antes que eu a devore inteira.
Dahlia.
Minha boneca.
Tenho certeza de que vou arruinar a florzinha delicada que ela é.
Mas não ligo.
Agora que a vi, preciso tê-la.
CAPÍTULO 03
DAHLIA
Aqui é o céu.
Estou na casa de Vivian há alguns dias. Até agora, o meu tempo com os cães passou sem
incidentes, e só posso imaginar que vai ficar cada vez melhor, agora que o fim de semana está
quase aqui.
Para começar, este prédio fica a uma curta caminhada do edifício principal de ciências
veterinárias do campus. Não precisar fazer minhas viagens de metrô desde o Brooklyn significa
não ter que me enfiar em um vagão lotado apenas para conseguir chegar nas minhas aulas
matinais, além de nada de atrasos na hora do rush ou odores estranhos no meu nariz, ameaçando
me fazer vomitar ou desmaiar por todos os quarenta e cinco minutos que mais parece uma vida
inteira.
Só de não precisar ir até o Brooklyn já é uma dádiva divina, e não estou me referindo às
partes agradáveis da cidade. Dividir o aluguel com minhas colegas de quarto, Emily e Rose, mal
dá para pagar o apertamento de dois quartos e meio localizado no que Rose chama de a “axila
problemática de Nova York”. Com isso, nem preciso dizer que o nosso apartamento não fica na
melhor das vizinhanças. Até mesmo homens hesitariam em andar sozinhos à noite por lá. Os
assaltos acontecem regularmente, a prostituição é desenfreada e costumo me esquivar da pessoa
de aparência esquisita que passa o dia do lado de fora do meu prédio.
Este bico de babá de pet 24 horas no palácio paradisíaco de Vivian, são como três semanas de
férias de ter que me esquivar do perigo todos os dias. Além de não ser obrigada a subir cinco
lances de escadas quando estou exausta depois da aula, e poder dar um tempo do aperto de viver
naquele ovo de apartamento com Emily e Rose… que, a propósito, estão babando com as fotos
que mandei para elas da minha casa dos sonhos temporária.
Os cães não são problema nenhum. São adoráveis de se estar por perto desde a primeira vez
que cuidei deles. Dá para ver que sentem falta de Vivian, pelo menos um pouco, mas estive com
eles o tempo todo, a não ser quando estou no campus. Mesmo enquanto estou nas aulas e no
laboratório, o aplicativo de monitoramento de pet me mantém conectada a eles.
Quem inventou este aplicativo devia ter alguém como eu em mente. Fico conectada a uma
transmissão de vídeo e áudio bidirecional através do Wi-Fi do apartamento e posso ver o que
estão fazendo. Além de me enviar um alerta de algum latido alto ou de outros ruídos que fazem
se estiverem aprontando algo. A transmissão de vídeo ao vivo mostra toda a atividade na sala dos
cachorros, que é onde os deixo enquanto estou fora.
Há também uma configuração para eu deixar uma mensagem pré-gravada para ajudar Bailey a
se acalmar. Ela é a única dos três que tende a ter problemas de ansiedade de separação quando
ninguém está em casa. Não uso muito o recurso para falar com eles ao vivo, já que só os deixo
sozinhos para ir assistir as aulas. Ainda assim, o recurso está lá se eu precisar.
Amo esse trabalho. É pura felicidade.
Até Sheba não escapou mais para lado de Jackson da varanda. Também não vi o vizinho, o
que provavelmente é uma coisa boa. Ele é o tipo de homem que qualquer mãe alerta às filhas a
ficarem longe.
Como se fosse o próprio diabo.
Suave e tentador do lado de fora, e pura maldade quando você cava mais fundo.
Quando ele falou comigo na porta da frente no outro dia, sua voz bonita e profunda retumbou
em sua garganta, reverberando através de mim. A maneira como pronunciou com toda calma o
meu nome, tão pensativo, quase de uma maneira calculada, acariciando cada letra antes de deixá-
la sair de sua língua, bem, não foi nada parecido com o que eu esperava. Foi como ouvir meu
nome pronunciado da forma correta pela primeira vez… da maneira como deveria ser falado.
Mas por que meu coração disparou o tempo todo enquanto ele me olhava de cima a baixo,
não me deixando sequer formar um pensamento coerente?
Ele me inspecionou e dissecou apenas com os olhos, mas parecia apreciar cada centímetro do
que viu. Era como se pudesse ver através de mim, como se eu estivesse nua e exposta.
Preciso me manter longe dele.
Até agora, ficar longe dele tem sido fácil, porque, tirando aquele encontro, não vi nem ele,
nem ninguém neste andar desde o dia em que Vivian partiu.
Que fim de semana dos sonhos será este. Começando com a banheira de hidromassagem para
duas pessoas com jatos no meu quarto de hóspedes. Mas primeiro, preciso alimentar Bailey,
Sheba e Daisy, levá-los para fora para poderem esticar as pernas e fazer suas necessidades, e
deixá-los se acalmar para que eu possa desfrutar de um longo e ininterrupto banho.
Alimentá-los é o processo de sempre. Cada um dos cães tem a sua própria dieta especial.
Sheba prefere fígado bovino embalado ou rim do açougueiro, que ele gosta aquecido a exatos 82
graus ou nem toca na carne. Desde que eu prepare o prato dele primeiro, as refeições ocorrem
sem problemas. Daisy prefere o frango com arroz enlatado, e Bailey gosta de ração seca direto
do saco, então ela é fácil. Hoje, o jantar foi tranquilo, então pego suas coleiras e os levo para o
parque canino privado adjacente ao prédio. O lugar não chega a ser grande o suficiente para
comportar todos os animais de estimação dos três edifícios do complexo do condomínio, mas
como os levo para uma longa caminhada no Central Park todas as manhãs, o parque é suficiente
à noite.
Voltamos para a casa de Vivian meia hora depois. Estão alimentados, calmos e abanam o rabo
de forma alegre. Levo-os para o quarto deles no segundo andar, que, aliás, é quase o dobro do
tamanho de todo o meu apartamento no Brooklyn. Depois separo os seus brinquedos de morder
especiais e coisas de brincar que eles gostam, escureço as luzes e fecho a porta atrás de mim.
Nem sequer me dão olhares suplicantes esta noite.
Então, chegou a minha hora.
Enchendo a jacuzzi, coloco meus sais de banho de aromaterapia de amêndoa e mel e acendo
algumas velas perfumadas para entrar ainda mais no clima. Meu roupão de banho está bem
dobrado com algumas toalhas no banco ao lado da banheira, com minhas pantufas confortáveis
por perto. E apenas no caso de eu precisar dele, o aplicativo de monitor de pet está aberto e com
o som alto no meu celular. Observo o banheiro mais uma vez. Venho ansiando por isso há tanto
tempo que o momento precisa ser perfeito.
Está tudo calmo lá fora. Tudo pronto aqui.
Um sorriso pacífico surge nos meus lábios. Apago as luzes acima. Saio do jeans, livro-me do
casaco e a camisa, tiro o sutiã e a calcinha de algodão, deixando-os em uma pilha no chão ao
lado das pantufas. A leve umidade no ar beija minha pele nua, deixando-me relaxada. Com uma
mão segurando o suporte do box, mergulho um dedo do pé na água. Excelente temperatura.
Respirando fundo, entro na banheira e afundo aos poucos na água aquecida. Estendo a mão e ligo
o temporizador para os jatos, fecho os olhos e embarco no meu refúgio.
É perfeito.
Até não ser mais.
Só tenho cerca de dez minutos de relaxamento até escutar um baque alto no corredor, seguido
por um alarme sonoro do aplicativo de monitoramento de pet no celular. Sentando-me na
banheira, pego o telefone e ligo o vídeo. Bailey está na cama dela, mas Sheba e Daisy não estão
no quarto, ao menos pelo que posso ver na tela.
— Sheba? Daisy? — chamo.
Sei que podem me ouvir através da porta do banheiro porque a deixei entreaberta. No entanto,
desta vez não vêm até mim.
— Sheba, Daisy, aqui cachorrinhos!
Nem um barulho. Está silencioso de novo, mas não posso arriscar que estejam brincando pela
cobertura sem vigilância, quem sabe quebrando as coisas da Vivian. Objetos caros que não posso
substituir.
Gemendo, desligo os jatos a contragosto e saio da banheira.
— Aqui, Sheba! Aqui, Daisy! — grito, secando-me um pouco e colocando o roupão de banho.
Se eu for rápida em localizá-los e levá-los de volta ao quarto, a água ainda pode estar quente o
suficiente para religar e retornar à minha sessão de relaxamento.
Mas os dois não estão em nenhum dos quartos lá em cima. Subindo as escadas do lado de fora
do quarto principal de Vivian, olho em volta no corredor do lado de fora da sala de jantar formal.
É só quando atravesso o hall para verificar a cozinha que vejo o motivo de não atenderem ao
meu chamado. A porta da varanda está bem aberta, Daisy está sentada ao lado dela, abanando o
rabo.
Sheba não está com ela.
— Fique, Daisy — digo, correndo para ela. — Não se mexa. Daisy má. Como você abriu esta
porta? Tenho certeza de que a tranquei — digo a ela, repreendendo-a com um dedo que já
deveria estar todo enrugado se eu ainda estivesse na jacuzzi. Ela enfia a cabeça sob uma pata e
faz alguns gemidos suaves e apologéticos enquanto olho ao redor do terraço em busca de Sheba.
— Sheba? Aqui, Sheba. Seja um bom garoto e venha aqui.
Por favor, por favor, não o deixe estar no lado do terraço do vizinho, rezo em minha mente,
mas o som de seus latidos está vindo exatamente de lá.
Verifico a varanda de Jackson da beira do corrimão e me encolho quando vejo Sheba
brincando ao lado de um dos vasos de flores de terracota.
— Pare, Sheba! Vem cá, garoto — chamo o diabrete, estalando a língua para dar ênfase.
Estou nervosa e frustrada. Ele tem sido tão obediente até agora. Por que não vem? Sheba vira
a cabecinha fofa e olha para mim, mas não se mexe nem um centímetro. Corrigindo. Ele dobra as
pernas traseiras, depois a cauda se levanta em desafio enquanto uma perna traseira se eleva.
Não… ah, não. Ele não está prestes a fazer o que estou pensando.
Droga. Sim, ele vai fazer isso.
Sheba começa a fazer xixi ao lado do vaso, deixando uma poça quente e fumegante bem no
meio do terraço de Jackson. Solta fumaça porque aqui está muito frio, e tudo o que estou
vestindo é um roupão de banho. Nem pensei em calçar minhas pantufas.
— Sheba! Cachorro mau! Venha aqui agora mesmo! — sibilo.
Em meu estado de pânico, agarro-me à divisória e jogo uma perna, depois a outra, sobre ela
para pisar na varanda de Jackson. Verificando meu bolso, solto um suspiro de alívio quando
minha mão agarra um pacote de lenços que guardei lá na última vez que usei meu roupão. Graças
aos céus. Preciso limpar essa bagunça e levar esse cachorrinho safado de volta para a casa de
Vivian antes que o vizinho mal-humorado apareça e acabe comigo…
— Que porra está acontecendo aqui?
O som da voz de Jackson vindo de sua porta de correr atrás de mim me faz congelar, bem
quando meus dedos segurando os lenços começam a absorver a arte que Sheba aprontou.
Merda.
— Eh, eu… eh, sinto muito, sr. Knight — digo, virando apenas a cabeça para olhar para ele
da minha posição inclinada. — Parece pior do que de fato é. Sheba escapou outra vez e teve um
pequeno… acidente.
Consigo limpar tudo, dobrando os lados mais secos dos lenços ao redor para cobrir o centro
mais úmido. Então percebo as gotas de água que pingaram do meu cabelo molhado. Aff. Talvez
ele não veja.
— Pronto — digo animada. — Está tudo bem agora. Se não se importar que eu volte em
alguns minutos, vou limpar e higienizar o local com um desinfetante de pinho.
Ele não diz uma palavra. Apenas me encara, os olhos estreitos e um brilho gelado no olhar.
Posso dizer que não está nem um pouco feliz. Uma de suas mãos está cerrada ao seu lado,
enquanto a outra aperta com força a maçaneta da porta de correr.
Estou em sérios apuros.
Então Sheba se supera, piorando as coisas para mim ao correr até Jackson e lamber seus
sapatos caros. Em seguida, passa a montar no tornozelo de Jackson.
Pronto, ele vai me matar.
— Venha aqui agora, Sheba! — sibilo com os dentes cerrados.
Jackson olha feio para Sheba, mas permanece frio e silencioso. Ele provavelmente está
xingando uma série interminável de palavrões na cabeça, e sua carraca deixa isso bem claro.
Aproximo-me dele e pego Sheba com a minha mão livre.
— Sinto muito por isso, sr. Knight. Não vai acontecer de novo — asseguro-lhe, embora não
tenha como saber como cumprirei tal promessa, a não ser barricar a porta de correr e assim Daisy
não possa abri-la para Sheba sair outra vez.
Enquanto me endireito com Sheba seguro em uma mão e os lenços de papel com seu pequeno
acidente molhado na outra, percebo que os olhos de Jackson se movem do meu rosto até o nível
dos seios. Meu corpo estremece com o olhar dele. Ou talvez seja por causa do frio.
Aham, é o frio.
E a nudez parcial.
Aah, inferno.
Na pressa de cuidar do que Sheba acabou de aprontar, o cinto o roupão se soltou da minha
cintura e expôs quase todo o meu corpo, do pescoço ao joelho. Não consigo nem pensar em
conter o meu constrangimento. O calor queima as bochechas quando me lembro que estou com
as mãos ocupadas. Pigarreando e engolindo em seco, faço o que posso para, pelo menos, cobrir
um pouco da minha nudez usando o antebraço e o cotovelo para empurrar o tecido felpudo para
frente. Jackson não é nem um pouco tímido quanto a isso. Seus olhos continuam deixando uma
trilha quente pelo meu corpo, até os meus pés, depois volta para cima, parando nos meus quadris,
barriga e seios antes de se conectar com os meus olhos de novo.
— Leve o seu vira-lata para casa. Agora.
Afastando-me dele, começo a atravessar o terraço em direção ao lado da varanda de Vivian.
— Não por aí, pelo amor de Deus! — vocifera, passando os dedos masculinos, mas bem
cuidados, através de seu cabelo grosso, escuro e perfeitamente penteado para trás. — É perigoso.
Não posso ter ninguém morrendo porque despencou da minha varanda.
— Mas, foi por aqui que vim — eu o informo, nervosa e ignorando seu comentário sobre
minha possível morte. Atiro o maço de lenços de papel para o lado da Vivian, para poder
descartá-lo assim que estiver segura no lado correto deste terraço. Fechando o roupão, viro-me
para ele. — Sr. Knight, desculpe, mas não poderei voltar ao apartamento de Vivian se passar pela
porta da frente. Está trancada… não pensei direito quando passei para cá. Céus, sinto muito por
isso.
— Ah, pelo amor de Deus! — ele grita. — Apenas entre. Vou ligar para a recepção. Eles têm
uma chave mestra para cada apartamento.
Ele dá um passo para o lado, deixando espaço suficiente para eu sair do frio. Olhando para o
lugar luxuoso, minha primeira impressão é que o apartamento dele deve ser duas vezes maior do
que o de Vivian. É enorme e decorado com bom gosto, cheio de tons masculinos neutros de
creme, marrom e castanhos.
Ao colocar um pé para dentro, meu cotovelo roça as costas da mão dele apoiada na porta.
Minha respiração fica presa na garganta. O que foi isso? No momento em que o toquei, algo se
transfere da pele dele para a minha e me atinge como um trem de carga, espalhando eletricidade
através de mim de forma tão inesperada que dou um salto. Não consigo explicar o que foi.
Talvez seja atração. Ou luxúria. Ou desejo. É a primeira vez que sinto isso. Não experimentei
algo assim nem mesmo quando dei uns amassos com Noel Ashton, o único cara com quem
namorei no ensino médio. O máximo que chegamos foi ele me apalpar. Uma vez. Talvez seja por
isso que nunca mais tentamos. Não tínhamos a menor química.
Jackson me surpreende ainda mais ao estender o braço através da abertura da porta,
bloqueando a minha entrada.
— Esse é o seu último aviso — diz num barítono ameaçador.
— Como? — pergunto quase num sussurro.
— Mantenha o seu vira-lata fora da minha propriedade. Isso não é um pedido.
— Farei isso — asseguro-lhe.
— Bom, porque se acontecer de novo, de uma forma ou de outra, vou garantir que você
pague.
Como eu deveria responder a isso?
— Último aviso — repete. — Ou você será punida.
— Eu… não tenho certeza se entendi — gaguejo.
Mantendo o braço estendido, ele inclina apenas a cabeça em minha direção, tão perto que
posso sentir o cheiro da colônia cara flutuando de algum lugar ao redor de sua mandíbula.
— Não deixe que isso aconteça novamente, boneca. Ou não hesitarei em fazê-la pagar.
Nenhuma resposta adequada vem à mente. Quero dizer, esse cara rico entende que sou uma
estudante, batalhando para obter uma educação e que os meus pais são agricultores simples,
quase sem posse alguma em comparação aos padrões dele? Ainda assim, a ameaça dele tem um
efeito grande sobre mim. Prometo a mim mesma que assim que voltar para a casa de Vivian, as
portas da varanda vão ser barricadas. Não estou nem aí se tiver que usar correntes, cadeados,
cerca de arame de galinheiro.
O que for preciso para evitar a ira de Jackson Knight.
CAPÍTULO 04
JACKSON
Ela está provocando o destino só de estar aqui.
Quero dizer isso a ela, mas preciso manter o pensamento para mim mesmo enquanto observo
seu corpo nu sob aquele roupão de banho entreaberto. Com seus pés descalços, toda vulnerável e
linda. Será que ela sabe o que está fazendo comigo, ali parada, com o cabelo pingando, o corpo
perfumado como mel e doce inocência, e aqueles olhos cheios de culpa, implorando-me para
perdoar o fato de ter invadido a minha propriedade?
Tirando o braço do caminho dela, deixo-a entrar e fecho a porta atrás de mim.
— Me siga. — Tiro o celular do bolso e encontro o número da portaria na minha lista de
contatos. — Sente-se — digo a ela quando passamos pela sala de estar e seu cachorro pula em
seu colo quando ela se senta.
Ela escolheu um péssimo momento para aparecer, considerando que o meu irmão, Jace, está
me esperando no meu escritório. Deixá-los sozinhos aqui é a única opção. Jace com certeza está
prestes a invadir minha casa e exigir que eu largue tudo para me concentrar na razão de ele estar
aqui. Faço uma ligação breve e a pessoa que atende na recepção me garante que vão enviar
alguém com as chaves para deixar Dahlia entrar no apartamento de Vivian. Depois de desligar,
vou para o escritório.
Jace me dá um olhar duro quando retorno.
— Temos um maldito problema.
— O quê?
— A Mont Blanc Holdings não é tudo o que se diz ser. É mais.
— O que você quer dizer com isso? Ser mais não é algo bom?
Ele me entrega o celular.
— Às vezes, “mais” pode significar ser pior. Como nesse caso. Lembra do investigador
forense que Dylan me disse para contratar para podermos examiná-los mais de perto? Olha só o
que ele encontrou.
Corro os olhos através do relatório na tela do celular de Jace, mas nada faz sentido.
— Que droga eu devia ler aqui?
— A Mont Blanc é uma das únicas empresas de fundos multimercado que conheço que
possuem duas subsidiárias não financeiras, exceto que ambas estão enterradas sob três camadas
de corporações de fachada. Pantheon Research e Triple Shield Security Group. Adivinhe o que
essas empresas fazem?
— Segurança é o meu palpite para a Triple Shield. Não tenho certeza sobre a Pantheon.
— Veja só. A Pantheon é uma empresa farmacêutica especializada em tratamentos genéricos
de radioterapia e medicamentos.
— Você não quer dizer…
— Tratamentos de câncer — ele termina a frase para mim, pois sabe o quanto o grande C me
abala, desde que roubou qualquer chance de ter uma mãe após meus 17 anos.
— Não entendo. Por que a Mont Blanc teria total propriedade de uma empresa como essa?
Jace não tem a chance de responder por que a campainha toca.
— Espere aqui — digo a ele. — Vou me livrar da garota.
Jace se inclina para a frente no assento.
— Que garota? Tem alguém aqui? Como você consegue pensar em transar num momento
desse?
Levanto-me e começo a caminhar em direção à porta mais próxima do hall de entrada.
— Quer calar a boca? Não se trata disso. Vou explicar num minuto.
Dahlia já está atendendo a porta da frente quando chego ao corredor. Segurando o cachorro
nos braços, ela olha para mim, depois me dá um aceno hesitante e sai com o mensageiro.
— Certo, eles se foram — digo a Jace, que está de pé no outro extremo do hall, olhando para
Dahlia.
— Eles? Havia mais de uma pessoa?
— Não, né. Era só a babá de pet da vizinha, tá bem? O maldito bando de cães da Vivian não
consegue ficar do lado deles da porra do terraço. Apenas deixe isso para lá. Quero saber o
motivo de a Mont Blanc querer colocar as mãos nas operações diárias de uma empresa
farmacêutica.
O Jace aceita a minha explicação sobre Dahlia e volta a focar no nosso acordo de aquisição.
— Provavelmente pela mesma razão que possuem a Triple Shield Security.
— Que é…?
— Não faço a menor ideia. — Ele se inclina para a frente na poltrona e cruza as pernas,
apoiando a cabeça de cabelos loiros tipo areia com uma mão na têmpora enquanto pensa. — O
fato de eles possuírem a Triple Shield é um mistério ainda maior. Esta empresa de segurança tem
um monte de contratos com órgãos de defesa do governo. Desenvolvimento de armas,
tecnologias geoespaciais, até mesmo um equipamento que treina milícias privadas na Europa
Oriental, África Central e algumas partes do Oriente Médio.
— Isso não faz sentido nenhum — digo. Esta nova informação me pega de surpresa. Choque
e confusão não chegam perto de descrever o que está passando pela minha cabeça agora.
— Exato. O que uma empresa de fundos multimercados está fazendo no ramo de fabricação
de medicamentos contra o câncer? Como diabos pode estar relacionada com uma cadeia de
fornecimento de armas ou de equipamentos militares? A Triple Shield praticamente abastece
exércitos privados internacionais. Isso não faz sentido. Não podemos adquirir uma empresa que
está colorindo fora das linhas.
— Jace, caramba, isso nem é mais colorir fora das linhas. Jogaram fora a caixa de giz de cera
e a tela, e estão atirando armas de paintball na porta da Comissão de Valores Mobiliários dos
EUA. Tem certeza de que esse perito não recebeu informações erradas?
— Positivo.
— Merda. Não consigo compreender nada disso. O nosso pai sabe?
— Ainda não. Mas pretendo deixá-lo a par disso. E Gerald também. — Ele estica o braço para
mim. — Passa o meu celular. Vou dizer a Gerald para se encontrar comigo na casa do papai.
Vamos acabar logo com isto. Hoje à noite.
— Espere, Jace — murmuro, enquanto entrego o aparelho dele. A menção do nome de Gerald
bagunça ainda mais os meus pensamentos confusos. — Aquela empresa de consultoria que
Gerald costumava administrar… não tinha uma seção inteira dedicada à consultoria de segurança
para o governo dos EUA?
Ele assente com a lembrança enquanto olha o celular, com certeza procurando o nome de
Gerald na lista de contatos.
— Sim, tinha. E o escritório de advocacia que ele usa há anos gerencia empresas
farmacêuticas e de pesquisa médica.
— Não sei se gosto da coincidência.
Jace me encara, quase incrédulo enquanto conecta os pontos.
— Merda. Você não acha que…
— Só pode ser isso. Gerald ou alguém em sua empresa de consultoria deve saber sobre essas
subsidiárias da Mont Blanc.
— Pirou de vez? O que você está sugerindo é algo… muito fodido.
— Acha que ele não seria capaz disso? Se Gerald sabe e continua forçando a aquisição, há
apenas uma razão pela qual faria isso.
— Você está sugerindo que um dos amigos mais antigos do nosso pai está armando para nós?
— Jace se levanta e começa a andar de um lado para o outro na frente da lareira. — Não. Isso
é… Não posso aceitar isso.
— Vamos lá, pensa bem.
— Mas se Gerald quisesse nos foder, poderia ter feito isso anos atrás. Mas, agora? Não faz
sentido. Ele ganhará uma boa quantia na aquisição. Isso pode prejudicá-lo tanto quanto a nossa
empresa.
— Tudo o que estou dizendo é que Gerald deve saber de alguma coisa — digo a ele. — E se
ele sabe, precisamos descobrir por que não revelou nada, além do motivo de ainda querer fazer
parte disso e qual o seu objetivo final.
— Mais uma razão para ele e o papai estarem na mesma sala que nós, para podermos chegar
ao fundo disso.
— Essa é uma má ideia. Vamos lá, Jace. Sabe como Gerald reage quando é confrontado.
Ainda mais na frente do nosso velho.
— Não há nenhuma boa razão para não abandonarmos este acordo agora. — Jace dá um soco
na palma da própria mão com o outro punho. — Nunca confiei naquele cretino presunçoso e
calculista.
— Também não, mas o nosso pai confia. E se confrontarmos Gerald na frente dele, o nosso
querido papai vai ficar do lado dele. E este acordo será assinado, selado e entregue em pouco
tempo.
— É verdade — concorda, olhando de modo distraído para um ponto da cornija da lareira. —
Como acha que devemos abordar isso?
— Peça ao investigador para fazer mais algumas pesquisas. Talvez tenhamos sorte e
encontremos algumas dessas respostas… e algumas informações sobre como Gerald está
envolvido.
— Certo.
— E nós dois vamos continuar enrolando na mesa de negociação — acrescento, com as
sobrancelhas levantadas.
— Bom. — Ele verifica o relógio na parede acima das minhas estantes de livros. — Merda.
19h15min. Tenho reservas no Chez Gigi’s.
— O quê? Um encontro com Cherry? — provoco.
— Vá se ferrar. — Jace ignora a minha pergunta. Sequer olha para mim, afinal, anda saindo
em segredo pela cidade com a assistente do nosso pai, que também é a filha mais nova de Gerald.
Em circunstâncias normais, o namoro deles talvez não fosse um grande problema, mas o nosso
velho sempre teve regras sobre misturar negócios com nossas vidas pessoais. Cherry está fora
dos limites.
— Ei, talvez ela saiba algo sobre essa palhaçada da Mont Blanc.
— Nem pensar! Gerald não conta nada a ela sobre como gere o negócio dele. Sabe que ele é
da velha escola. Da mesma forma como nosso pai age às vezes.
— Ele vai descobrir o que você está fazendo em breve, sabe? — aviso.
— Bem, nem eu, nem Cherry, estamos falando disso para ninguém, então ele só vai descobrir
se você disser alguma coisa.
Balanço a cabeça.
— Pareço alguém que dá a mínima se você está comendo a secretária do papai? Só estou
dizendo. Manhattan não é assim tão grande. Você quem está sendo bem estúpido em se encontrar
com ela em público e levá-la para lugares onde tanto o nosso pai quanto os amigos dele
frequentam. É só uma questão de tempo até que alguém te veja e diga a ele, ou vocês dois
acabarem se sentando em mesas adjacentes ao do nosso pai, no mesmo restaurante, na mesma
noite.
— Isso não vai acontecer.
Eu o sigo enquanto ele se dirige para o corredor principal e se vira, apressando-se para a porta
da frente.
— Espero que não, para o seu bem. Ou pelo bem de Cherry. Nosso pai não hesitará em
despedi-la se descobrir.
— Parece que você tem muito tempo livre para ficar pensando nos problemas dos outros,
irmão. Talvez devesse se concentrar nas suas próprias merdas. Como quem quer que seja aquela
babá de pet, a que apareceu no seu terraço.
— Ela não é ninguém.
— Até parece — zomba. — A maneira como ela brotou aqui é da mesma forma que as
últimas cinco ou seis mulheres com quem você namorou surgiram, e estou usando o termo no
sentido bem amplo, pois sei que você não namora. Você brinca com as mulheres. E quando não
está se divertindo com elas, está as traçando.
— Você não sabe do que está falando. Dahlia é a babá de pet de Vivian. Não faço a menor
ideia de quem a garota é.
Ele abre minha porta da frente e se vira enquanto sai para o corredor.
— Dou setenta e duas horas.
— Setenta e duas horas para o quê?
Ele estreita os olhos para mim e me dá um sorrisinho malicioso.
— Você sabe do que estou falando. Até mais, irmão.
Solto a maçaneta da porta e a deixo fechar sozinha.
Disso não tenho dúvidas, eu a terei antes das setenta e duas horas acabarem.
CAPÍTULO 05
DAHLIA
Eu já devia saber que não era para deixar Sheba, Daisy e Bailey saírem da coleira em nenhum
lugar do Central Park.
Especialmente Sheba.
Saímos para uma caminhada mais longa, pois é manhã de sábado e precisam de exercício e ar
fresco, assim como eu. O circuito externo da grande área possui vários quilômetros, então,
mesmo com um ritmo apressado, levaria mais de uma hora para voltar para casa. Faço uma
parada supercurta na parte do parque que permite deixá-los sem coleira, na ponta sudeste do
Central Park, e o que acontece?
Sheba apronta, é óbvio.
Ele é o alfa desta matilha e nunca deixa que eu ou Daisy esqueçamos isso. Bailey, por outro
lado, é descontraída a ponto de ser indiferente. Não há muito que a incomode.
Solto Sheba da coleira por um segundo, e o que ele faz? Ele foge, perseguindo o que creio ser
um esquilo muito azarado. Nem sequer tenho a chance de remover as coleiras de Daisy e Bailey
antes que a própria Daisy saia atrás de Sheba, arrastando Bailey e eu com ela.
— Senta, Daisy! — grito, mas ela está mais interessada em alcançar Sheba, que atravessa um
conjunto de arbustos e poças de lama, latindo alto enquanto persegue seu alvo.
No momento em que Sheba desacelera, estamos todos cobertos de folhas, lama gelada e
detritos de Nova York. Ele para na calçada ao lado do Columbus Circle e se senta ao lado do
meio-fio, a cauda balançando com animação enquanto late para os veículos na rua que estão
esperando o sinal abrir. Daisy enfim para de arrastar Bailey e eu, e se senta ao lado de Sheba.
Grata pela breve oportunidade de colocar a coleira de volta em Sheba, eu o tomo em meus
braços.
— O que está fazendo, garoto? — pergunto, ofegando enquanto ele lambe um pouco de lama
do meu rosto. — Por que fugiu assim?
Enquanto coloco a coleira no colarinho dele, fico me perguntando por que Sheba parou aqui.
Então vejo a resposta. A vergonha me atinge quando percebo para quem ele e Daisy estão
abanando o rabo. A janela traseira de um carro preto de luxo rola para baixo, revelando Jackson
Knight com um olhar de diversão no rosto.
— Você… — diz para mim.
Limpo o rosto com a mão livre, mas percebo que estou espalhando mais lama nele.
— Eu tenho um nome, sr. Knight.
— Você costuma levar esses cães para passear assim tão longe do condomínio? — pergunta,
sorrindo. — Ou são eles que estão te levando?
— Estamos indo para casa agora — digo, ciente de que ignorei sua pergunta e desejando que
o semáforo mude logo para o motorista do carro de luxo de Jackson poder enfim acelerar e levá-
lo para onde quer que estejam indo.
Um olhar inesperado de preocupação passa por seu rosto por uma fração de segundo. Ele se
vira para a frente, diz algo ao motorista e depois volta a olhar para mim.
— Você não pode caminhar todos aqueles quilômetros desse jeito — comenta.
— Não precisamos de ajuda — respondo, mas a porta se abre e ele sai. Os semáforos mudam
e o carro dele sai com o resto dos veículos à espera.
— Você já deu uma boa olhada em si mesma? — ele me pergunta.
— O quê? — pergunto de forma defensiva. — É só um pouco de lama.
Ele tira o paletó dos ombros e a coloca de forma protetora em volta dos meus.
— Não é só lama. Você está encharcada. E congelando.
— Não é nada de mais. Sério, eu…
— Apenas venha comigo — diz, interrompendo-me. — Você e os vira-latas de Vivian podem
se secar no meu escritório.
— Está tudo bem — tento convencê-lo, mas já estamos a meio caminho da faixa de pedestres.
Daisy e Bailey não ajudam em nada, seguindo ao meu lado com zero resistência. Até a cauda de
Sheba está balançando no meu braço.
Ele gosta desse cara?
As luzes da faixa de pedestres mudam e Jackson passa um braço pelos meus ombros,
guiando-me através do canteiro até a entrada de um prédio empresarial.
— Sterling é o meu motorista. Ele está procurando uma vaga no estacionamento subterrâneo
agora. Pedirei para te levar para casa assim que estiver limpa.
— Agradeço o gesto, sr. Knight, mas estamos bem. Além disso, nada no seu escritório pode
tirar essas manchas de lama. E vai levar horas para as minhas roupas secarem. Estamos bem, de
verdade.
— Você vai se secar, pegar uma muda de roupa emprestada e meu motorista vai levá-la para
casa — repete com mais firmeza, enquanto passa o cartão de acesso ao prédio por um controle de
entrada.
— Mas eu… — começo, no entanto, ele me lança um olhar que me diz que não vai ceder à
minha resistência. Jackson gesticula em direção à porta de entrada de vidro, então sigo os olhos
dele naquela direção. — O quê?
— Só dê uma olhada no seu reflexo.
Focando no vidro refletor escuro desta torre de escritórios ultramoderna, examino-me e
preciso cobrir a boca para conter o arquejo terrível que escapa da minha garganta.
Meu Deus.
Não estou só uma bagunça. Estou um desastre. Meu cabelo está pingando, há folhas marrons
e lama por toda parte, e merda, um pequeno pedaço de galho de árvore saindo de um lado da
minha cabeça, logo acima da minha orelha.
— Tudo bem — digo a ele, e a mais pura vergonha por ele me ver assim me atinge com força.
Abaixo a cabeça e mantenho os olhos focados em Sheba e nas coleiras na minha mão.
— E não tem de quê — ele anuncia, inclinando-se para mim com os lábios perto da minha
orelha.
— Certo. Obrigada pela… ajuda.
Jackson acena com a cabeça para os dois seguranças no balcão de informações do saguão do
prédio. Eles acenam de maneira educada para ele, fazendo o seu melhor para não reagir à minha
visão. Pegamos a primeira de duas divisórias para os elevadores de mármore lado a lado e
entramos no que está à espera. Usando seu cartão de acesso outra vez, assim que todos entram,
ele pressiona o botão para o 50º andar. Não consigo olhar diretamente para ele, mas sei que ele
está olhando para os cães e para mim, e achando aquilo tudo bem engraçado.
— Todos os seus colegas da graduação de veterinária fazem esses tipos de bicos torturantes
de babá de pet, ou é algo que você gosta de fazer? — pergunta quando estamos a meio caminho
do andar dele.
— Não é tortura.
Suas sobrancelhas se erguem, acentuando a expressão interrogativa dele.
— Certo. Perigosa.
— Cuidar dos cães de Vivian também não é perigoso. Claro, Sheba dá um pouco de trabalho,
mas são bem-comportados na maior parte do tempo.
Ao ouvir seu nome, Sheba enruga o focinho e estica o corpo na direção de Jackson. É a sua
maneira de deixar as pessoas saberem que ele gosta delas e quer que o acariciem. Mas Jackson
nem liga para ele.
— Sheba é o que dá trabalho? — Jackson pergunta. — O filhotinho? Não este enorme que é
quase tão grande quanto um cavalo?
Concordo com a cabeça.
— Daisy só imita o que Sheba faz.
— Você está desviando do assunto, mas tudo bem. Me siga.
O nome da empresa, “Knights Capital Management Group”, aparece escrito em letras
enormes e prateadas assim que os elevadores se abrem para o andar. Ele me leva a uma grande
área de recepção de conceito aberto, que está vazia, e presumo que seja porque estamos aqui num
sábado.
— Gemma, você está por aqui? — Jackson chama, ao virar a primeira curva para uma fileira
de grandes escritórios de estilo aquário, salas desprovidas de qualquer privacidade, onde todas as
quatro paredes são feitas de vidro.
— Sim, sr. Knight. — Vem uma voz no final do longo corredor. — Bom dia.
Uma loira de meia-idade do meu tamanho emerge de um dos aquários e nos avista. Estou
esperando que ela me avalie com um olhar frio e julgador. Afinal, estou no corredor de um
escritório elegante e caro, molhada, deixando uma trilha de lama suja e tenho três cães comigo,
não apenas um. As sobrancelhas da mulher se erguem quando fazemos contato visual, mas
relaxo de imediato porque seu rosto mostra preocupação genuína mais do que qualquer outra
coisa. Ela olha para mim e sorri de maneira educada.
— Bom dia, senhorita.
— Olá.
— Gemma, você não tem medo de cães, não é?
— Hmm, isso mesmo, sr. Knight — ela responde.
— Ótimo. Esta é Dahlia. Dahlia, Gemma.
— Prazer em conhecê-la, senhorita — Gemma me cumprimenta.
— É um prazer conhecê-la também, srta. Gemma — respondo.
— Por favor, pegue os animais de estimação da minha vizinha e ajude a limpá-los para mim,
pode ser?
— Claro, sr. Knight. — Ela estende a mão e pega as coleiras de Daisy e Bailey da minha mão,
depois me dá um aceno de cabeça enquanto embala Sheba em um braço. — Oi cachorrinho —
diz a Sheba, que vai de bom grado. — Estarei na sala de descanso. Eles parecem sedentos.
— Ótimo. Obrigado. Jace já chegou?
— Sim, senhor. Está no escritório dele.
— Obrigado, Gemma. — Jackson volta para o lugar de onde viemos. — Venha comigo,
boneca — ele me instrui.
— Eu não deveria deixá-los sozinhos — digo a ele, enquanto passamos pelos elevadores e
fazemos uma curva por outro corredor. Este é revestido com paredes de vidro fosco e portas de
mogno, com salas de reuniões de um lado e escritórios maiores e mais privados do outro.
— Os cães não estão sozinhos. Estão com a minha assistente. — Ele para em frente a um
escritório com o nome gravado em uma placa na porta. Jackson Knight. VP Sênior, Estratégia de
Investimento. Empurrando-a, afasta-se para me deixar entrar. — Preciso cuidar de algumas
coisas. Verifique o armário à esquerda, lá tem algumas camisas limpas e calças. Não vão caber
direito em você, mas é melhor do que o que está usando agora. A porta ao lado do armário é o
meu banheiro privado. Espere aqui quando terminar de se ajeitar. Volto em alguns minutos.
Não sei o que dizer a ele quando faço contato visual com seus olhos azuis penetrantes que me
fitam, mas as palavras “obrigada” saem de algum jeito, e passo de forma tímida por ele para me
limpar e me recompor.
Jackson sai e a porta do escritório se fecha atrás de mim. Estou sozinha em seu escritório, uma
mistura incomum de vidro, móveis de couro moderno, estantes de mogno clássico e uma
escrivaninha enorme.
Assim como ele explicou, abro a porta à esquerda e encontro um closet com vários ternos em
sacos de lavanderia de um lado. Há também uma coluna de prateleiras com meias, produtos de
higiene pessoal e camisas sociais ainda em suas embalagens. Pegando uma camisa, um par de
meias e uma das sacolas de lavanderia, eu os carrego para o banheiro privado e os penduro no
gancho atrás da porta.
Antes de me despir, ligo a torneira da pia, deixando a água aquecer.
Não suporto me olhar no espelho, mas também não consigo não olhar. É pior do que eu
imaginava… Se há um Deus, ele vai me dar a honra de abrir o chão e me engolir para me salvar
do constrangimento extremo de ter que enfrentar Jackson e sua assistente de novo. Mas isso não
acontece comigo. Tiro depressa o meu agasalho e roupas, mantendo meu sutiã e calcinha, os
únicos itens que não estão enlameados ou encharcados em mim.
Puxando uma das duas toalhas de mão limpas da prateleira próxima, coloco-a no balcão ao
meu lado e lavo bem as mãos antes de abaixar a cabeça sob a água morna. Leva alguns minutos
para limpar toda a lama, folhas e água da chuva do Central Park. Enquanto limpo a sujeira, já
estou imaginando que vai me custar um braço e uma perna para levar estas roupas emprestadas
de Jackson para a lavanderia. Não que eu tenha escolha agora.
Uma vez que termino com o meu cabelo, enrolo a toalha em torno da minha cabeça e me ergo
para começar a secá-lo. Meu cabelo grosso, até à cintura, vai precisar de muito mais do que esta
pequena toalha pode suportar, mesmo sendo a coisa mais macia e cara que já entrou em contato
com o meu corpo. Ao pegar a segunda toalha na parede, percebo algo que me faz congelar por
um momento onde estou, vestindo apenas meu sutiã e calcinha.
Não estou sozinha.
CAPÍTULO 06
JACKSON
Não pretendia encontrar a Dahlia seminua aqui, mas agora, não consigo desviar os olhos. Ela
está no meu espaço e a porta está aberta. A garota é deslumbrante, por isso não paro de olhá-la,
mesmo que devesse. Quem usa um banheiro com a porta aberta? Pelo visto, Dahlia usa. Não
que eu esteja reclamando, agora que estou a observando e de forma alguma consigo parar.
Como se fosse uma deixa, o meu pau lateja nas minhas calças. Meu pênis gostou de vê-la
naquela primeira vez, e ela estava vestida. Na segunda, bem, ela estava encharcada e de roupão.
No meu terraço, em meu domínio. Como não amar isso? Então, é claro, ele está se esforçando
para sair das minhas calças agora que ela está no meu maldito escritório, vestida apenas com
sutiã e calcinha de algodão simples, parecendo como se todas as curvas e características de seu
corpo estonteante e rosto lindo tivessem sido feitos apenas para o meu deleite.
Dahlia leva um longo minuto para perceber que estou aqui, e quando o faz, quase salta da
própria pele.
— O que você… pensei que estava sozinha — diz, desculpando-se, usando o pequeno
retângulo de toalha de mão para cobrir a frente de seu corpo perfeito.
É tarde demais, porque não posso deixar de ver o que ela já me permitiu.
— Você poderia tentar fechar a porta para conseguir isso — menciono, sorrindo de satisfação
enquanto volto meu foco para o arquivo que estava procurando na minha escrivaninha. — Além
disso, vi muito mais ontem à noite.
— Você não tinha que olhar — sibila, empurrando a porta com um pé para fechá-la.
— É aí que se engana, boneca — digo alto o suficiente para ela me ouvir através da porta
fechada. — Nenhum macho sexualmente ativo vai desviar os olhos de uma mulher linda e pouco
vestida. Além disso… meu escritório, minha vista.
Não entendo o que ela diz em resposta, mas estou atrasado para uma reunião com Jace, que já
está me esperando. Ele me acusa de ser um viciado no trabalho sempre que pode e sabe que não
dou a mínima para estar no escritório num sábado. Jace, por outro lado, está com pressa para dar
o fora. Meu irmão mais velho odeia a ideia de precisar vir no fim de semana, ainda mais depois
dos incontáveis dias de doze a vinte e quatro horas de sessões de negociação que tivemos com a
Mont Blanc Holdings, Gerald e os advogados esta semana.
— Se for demorar mais, Gemma está no final do corredor — informo. — Ela pode mostrar a
você o andar do estacionamento.
— Posso encontrar o caminho de casa sozinha — diz Dahlia ao reabrir a porta do banheiro.
Fico surpreso com a minha própria reação quando a vejo lá, de pé na porta vestindo as minhas
roupas. Eu não deveria achar isso atraente, já que a camisa azul clara e as calças escuras teriam
engolido sua estatura minúscula se ela não tivesse dobrado as mangas e as pernas da calça. Ainda
assim, não posso deixar de soltar um grunhido profundo na parte de trás da minha garganta. Os
meus dedos coçam para se enterrar no cabelo úmido dela.
Cada instinto em mim quer acabar com o espaço entre nós, puxá-la para os meus braços e
pressionar sua cabeça contra o meu peito enquanto minhas mãos exploram cada curva dela e
meus lábios a tomam. A imagem de colocá-la sentada na minha mesa, separando suas pernas e
envolvendo-as na minha cintura vem à minha mente. Se eu não a tirar do meu escritório agora
mesmo, vou acabar me enfiado nela, fodendo-a com força naquela escrivaninha.
Devia estar me afastando, mas me vejo aproximando dela. Dahlia puxa o cabelo por cima de
um ombro e começa a secá-lo com a toalha na mão. É um movimento inocente da parte dela, mas
caramba, isso expõe as curvas delicadas e longas de seu pescoço e clavícula sob a minha camisa,
e agora estou de volta sob o seu feitiço. Voltando a encará-la, vejo uma mancha escura quase
imperceptível na base do lóbulo da orelha. Ela muda aos poucos de forma enquanto olho,
arredondando na parte inferior e alongando no local onde toca a orelha. A gravidade separa a
gota da base do lóbulo e ela cai na borda do colarinho da camisa, o colarinho da minha camisa.
Sangue.
— Você está ferida — disparo, com o que sinto ser uma preocupação muito maior do que o
necessário, mas não consigo evitar. Estou na frente dela uma fração de segundo depois.
— O quê? — pergunta, confusa e talvez um pouco assustada também. — Não, não estou
ferida. Sério, estou bem.
— Você está sangrando. Não se mexa.
— O quê? Onde? Não sinto nada.
— Shhh. — Tirando a toalha da mão dela, fico ao seu lado e pressiono o pano de leve para
ver com que tipo de perda de sangue estamos lidando. Uma pequena faixa de vermelho
reaparece, mas o sangue não se acumula desta vez. — Parece um arranhão.
— Ah… Sim, provável que seja daquele último trecho onde Sheba acabou saindo do caminho
e nos levou pelos pinheiros em miniatura perto da saída do parque.
Passo por ela no banheiro e abro o armário de remédios para pegar a caixa de curativos.
— Vivian devia adicionar uma taxa de periculosidade a seja qual for o valor do seu
pagamento — digo a ela, enquanto tiro um adesivo da caixa.
— Eles são bem bonzinhos na maior parte do tempo — tenta explicar, seus olhos fixos em um
ponto na parede à sua frente enquanto tiro a fita de trás do curativo.
Dahlia parece prender a respiração quando estendo a mão, e seus cílios tremulam enquanto
meus dedos pressionam a bandagem sobre sua pele para cobrir o arranhão.
— Eu não mordo — sussurro, mas agora meu rosto está tão perto do lado de sua cabeça que
não consigo me conter e roço os lábios no topo da orelha. Por um instante, Dahlia se inclina em
direção ao meu toque, mas antes que eu possa reagir, ela se afasta de repente.
— Eu deveria ir verificar os cães — diz nervosa.
— Você deveria — digo em um grunhido. — Minha assistente vai acompanhá-la quando
estiver pronta — acrescento e me viro para sair antes que acabe levando as coisas longe demais.
É o meu espaço, mas isso não pode acontecer. Apresso-me a sair de lá, sentando-me no
escritório de Jace sem fechar a porta. Enfim, consigo voltar a pensar direito e me concentrar na
razão pela qual estou aqui.
CAPÍTULO 07
DAHLIA
O motorista de Jackson está prestes a parar na calçada em frente ao prédio quando meu
celular começa a vibrar no meio do meu bolo de roupas molhadas e enlameadas. Atrapalho-me
para atender a tempo, e vejo que é Emily me ligando, uma das minhas colegas de quarto.
— Ei, Em — atendo. — Estou entrando no prédio. Posso ligar daqui a pouco?
— Claro, mas preciso das suas papilas gustativas. Você se importa se eu aparecer aí?
— Pode ser — digo a ela, enquanto o motorista abre a porta para me ajudar a sair. —
Obrigado, sr. Sterling.
— Com quem está falando? — ela pergunta. — Ele é bonito?
— É o motorista do meu vizinho. Longa história, mas vou te contar. — Saio e guio Bailey e
Daisy para a calçada, mantendo Sheba em meus braços, pois não estou pronta para repetir a cena
de algumas horas atrás. — Quando chegará aqui?
— Por volta das 14h? Ainda estou preparando alguns dos aperitivos.
— Parece ótimo. Estarei te esperando. Apenas me mande uma mensagem quando estiver
perto e eu desço.
— Maravilha. Até breve, Dahl.
Desligando, vou para o saguão. Tudo o que quero agora é tomar um banho e descansar um
pouco, mas me certifico de que os cães sejam alimentados primeiro e os levo de volta ao
parquinho cercado para poderem esvaziar suas entranhas e bexigas. Quando chegamos ao
apartamento de Vivian, logo se acomodam no quarto deles para uma soneca muito necessária.
Pouco depois de tomar banho e ter algum tempo para relaxar, Emily me envia uma mensagem
para me informar que ela acabou de chegar na entrada do metrô a alguns quarteirões de distância.
Eu a encontro do lado de fora das portas giratórias do saguão. Emily está carregada de sacolas de
compras e uma bolsa grande que usa para transportar seu material e utensílios de cozinha
favoritos.
— Ei, Em — cumprimento. — Espere, é melhor você não usar as portas giratórias com todas
essas sacolas.
— Puta merda, este lugar é incrível! — ela comenta, enquanto mantenho a porta lateral de
vidro aberta, acenando com a cabeça para o porteiro quando chego a ela entes dele. — Posso me
acostumar com isso. Meu Deus, amei este lobby. Todas essas luxuosas decorações douradas e
vermelhas seriam uma ótima combinação para uma área de jantar.
Olho em volta, tentando enxergar através dos olhos dela, como se fosse a minha primeira vez
ali.
— Tire algumas fotos para o seu quadro de visão do restaurante — digo a ela. Emily sonha
em ter o próprio restaurante desde antes de eu conhecê-la. A julgar pelo seu quadro de visão, que
ocupa uma parede inteira do quarto dela, é tudo o que ela quer no mundo.
— Minhas mãos estão ocupadas — ela me lembra, os olhos ainda absorvendo todos os
detalhes. — Vou tirar algumas fotos mais tarde. Onde fica o elevador? Vamos ver com que tipo
de cozinha irei trabalhar nesta sessão de testes de sabor.
Aponto para as baias do elevador à esquerda e olho para ela, um pouco surpresa.
— Você não preparou tudo de antemão?
— Claro que não. Isso iria contra o objetivo. Preciso que me dê a sua opinião sobre os pratos
quando eles estiverem na temperatura ideal. Isso não seria possível se eu precisasse empacotá-los
e carregá-los pela cidade através de toda a poluição do trânsito, do ar no metrô e das pessoas. Sua
chefe não vai se importar se eu usar a cozinha dela, não é?
Um elevador chega e nós entramos nele.
— Não vai — digo, pressionando o botão para o nível da cobertura. — Mas se prepare para os
cães ficarem pairando e implorando por restos a tempo todo.
— Um pequeno preço a pagar pelo luxo —murmura com um falso sotaque britânico, dando-
me uma piscadela enquanto joga para trás suas longas madeixas loiras, afastando-as de um lado
do rosto.
— Ah, e cuidado. Daisy consegue abrir as panelas em cima do fogão, só para te deixar
informada.
— Merda. Sério?
Faço que sim com a cabeça.
— Ela é grande o suficiente… e bem habilidosa para conseguir. Só não me pergunte se ou
quando ela vai tentar. Pelo que vi, Sheba é o líder. Ainda não consigo descobrir os padrões dele.
Sendo sincera, é um mistério para mim se ele apenas fica com vontade de aprontar e encoraja
Daisy a fazer o que ele quer.
Emily sorri e inclina a cabeça para um lado.
— Não consigo imaginar essa coisinha fofa sendo uma má influência.
— Você devia ver o que ele me fez passar esta manhã.
— O que ele fez?
A vergonha de Sheba me levar direto a Jackson faz minhas bochechas queimarem de novo.
— Nada demais. Ele apenas se certificou de que, no final, eu estivesse coberta de lama da
cabeça aos pés, antes de me colocar de cara com o vizinho bilionário mal-humorado, que, aliás,
odeia cães.
— O quê? Tão ruim assim, hem? — pergunta, enquanto o elevador se abre no nível da
cobertura.
— Longa história. — Gesticulo para ela sair primeiro, depois a sigo. — Vou te contar tudo
enquanto você me faz um pouco de comida caseira.
Bailey, Daisy e Sheba estão no hall esperando por nós enquanto entramos.
— Sentiram o cheiro da comida, não foi? — pergunto. — Se vocês se comportarem, posso
deixá-los provar. Vão ser boas meninas? E um bom menino, Sheba?
Sheba salta sobre a minha perna, abanando o rabo e esticando a língua para lamber minha
mão.
— É melhor você ser bonzinho hoje, garoto — digo, acariciando o topo da cabeça dele. — A
cozinha é por aqui, Em.
— Este apartamento é fabuloso — diz, suspirando e ofegando toda vez que passamos por um
dos amplos corredores até a cozinha personalizada. Ela coloca as sacolas no balcão da cozinha e
percebe a vista da área de estar de um lado do grande espaço. — E tenho sorte o suficiente de ter
a chance de completar a preparação desses aperitivos deliciosos com uma vista perfeita do Upper
West Side! Sinto como se tivesse morrido e ido para o paraíso dos chefs celebridades!
— Fico feliz que tenha gostado — digo a ela, caindo nos bancos almofadados do balcão na
área principal da cozinha, cercada por meus três cachorrinhos mosqueteiros. — Mas se apresse
com esses aperitivos saborosos, pode ser? Estou faminta.
— Espere só um pouco. Estarão prontos em breve.
— Precisa de ajuda?
— Não, já deixei tudo arrumado. Talvez, enquanto isso, você devesse me contar o que
aconteceu com o vizinho gostosão.
Enquanto Emily espalha seus vários sacos de congelamento, tigelas, tábuas de corte,
assadeiras, facas e outros recipientes na ilha do centro da cozinha para começar a preparação,
conto sobre o mau comportamento de Sheba, desde o primeiro dia quando Vivian estava saindo,
até sua peripécia dessa manhã.
— Caramba, parece que Sheba está tentando te jogar para cima do sr. Cheio da Grana — Em
diz.
— Por que acha isso?
— Não sei. Parece-me que ele só sai no terraço se o seu vizinho estiver por perto. E aquele
pequeno passeio que ele fez Daisy te levar esta manhã… talvez Sheba estivesse correndo pelo
parque para vê-lo. — Ela abre a geladeira para colocar alguns itens dentro. — Oooh, uma
geladeira de aço inoxidável de porta dupla com uma máquina de gelo, um compartimento de
freezer embaixo e outro para verduras e legumes também? E com espaço de sobra! Você é
sortuda pra caramba, Dahl.
— Isso é temporário para mim, esqueceu? Se duvidar, só vai me deixar superdeprimida
quando eu tiver que voltar para o Brooklyn — lamento.
— Aproveite enquanto pode, amiga. — Ela se agarra à porta da geladeira e se vira para olhar
para mim. — Ah… Isso me faz lembrar. Posso voltar amanhã para trabalhar aqui de novo?
Dou de ombros.
— Hmm… claro. Você quer me engordar ou algo assim?
— Bem, claro, também tem isso. Mas não te contei? Sou nada mais, nada menos que um dos
três únicos estudantes do programa culinário selecionados para ajudar o Blair Rasmus em um
evento de gala para arrecadação de fundos que vai ser servido para a nata da elite de Nova York.
— Uau. Não, você não tinha me contado isso…, mas estive aqui a semana toda, então vou
deixar essa passar. Parabéns, Em!
Ela acena com orgulho, colocando um pouco de creme azedo e outros frascos nos espaços
livres da geladeira que tinha apenas algumas coisas, depois se move para o forno e brinca com as
configurações de calor para ligá-lo.
— Obrigada! Adivinhe onde ele será realizado?
— Você está tão animada, só fala logo — digo com um sorriso.
— No Loft Six-Twenty! São os jardins da cobertura do Rockefeller Center.
— Isso é incrível, Em. Esse espaço para eventos é lindo! Mesmo que seja como assistente de
um chef, você será uma das poucas pessoas a pisar naquele lugar.
— Obrigada, Dahl. — Ela abre um dos recipientes que trouxe e começa a retirar o que parece
ser massa de bolinho em uma assadeira antiaderente. — Então, podemos voltar ao assunto do
vizinho gostosão?
— Não há muito mais para compartilhar — respondo, sem admitir nada mais do que preciso.
Não que haja de fato muito mais.
— Ele te convidou para sair?
— O quê? Não, Por que ele faria isso?
— Bem, porque parece que ele talvez esteja a fim de você.
— De jeito nenhum.
— Você está pelo menos no radar dele.
— Não, Sheba o irritou, e se ele continuar assim, quem vai pagar caro sou eu. — Olho para
Sheba, Bailey e Daisy descansando no chão ao meu lado. Sheba choraminga e levanta a cabeça
do chão. — Você ouviu isso, não é, Sheba?
Ele choraminga de novo e volta a descansar a cabeça nas patas dianteiras, abanando o rabo
enquanto espera pacientemente para provar os aperitivos de Emily.
— Não acho que seja só isso — Emily diz, colocando a assadeira no forno. — Que nativo rico
e ocupado de Manhattan faria uma pausa no seu dia para convidá-la para o escritório assim? E
não me diga que ele estava apenas sendo amigável.
— Não sei, amore. — Soltando um suspiro, balanço a cabeça e me levanto, sentindo-me
cansada. Não vou jogar mais lenha na fogueira admitindo a atração que sinto por Jackson. —
Tenho uma tonelada de leituras e três relatórios de laboratório para terminar neste fim de
semana. Espera aqui um minuto. Vou pegar meu material de estudo lá em cima.
Ela sorri e começa a trabalhar em algum tipo de mini salsichas.
— Fique à vontade. Estou só começando.
Levo alguns minutos para pegar minha mochila e cadernos do quarto no andar de cima, e
quando volto para baixo, a porta do terraço está bem aberta.
— Emily? Você está na varanda? — chamo, correndo pelo corredor para verificar a porta.
— Ainda estou trabalhando nos aperitivos — ela grita de algum lugar na direção da cozinha.
— Bailey e Daisy estão comigo. Bem, Daisy saiu por um minuto e voltou. Não vejo Sheba aqui.
Todo tipo de alarme soa na minha cabeça e o pânico se instala. Droga.
— Sheba, eu juro! Você não vai receber nenhuma guloseima esta noite se tiver escapado de
novo!
Enfio a cabeça para fora através da porta de correr aberta. Sheba me vê de seu ponto na
divisória de vidro para a seção de Jackson, late de forma descontrolada por um segundo e assim
que estou quase o alcançando, ele se abaixa pela abertura.
— Não, Sheba! Volte aqui — chamo e começo a resmungar baixinho.
Não esperava que Jackson estivesse em casa. Pensei que ele estava lidando com algo
importante no escritório. Tempo passado. Estava lidando. Porque no momento, ele está do outro
lado da divisória e Sheba está aos pés dele.
— Você me deve agora, boneca — Jackson diz com um sorrisinho arrogante.
— Sr. Knight, eu… eu estava no andar de cima por um minuto. Não pensei que Daisy fosse
abrir a porta para Sheba sair. Por favor, ele não fez nenhum estrago. Posso ir até a porta da frente
pegá-lo?
Ele balança a cabeça.
— Você pode vir pegar seu vira-lata — responde de modo grosseiro. — Mas o seu pedido de
desculpas não vai colar. Não desta vez.
— Mas ele acabou de ir para o seu lado.
— E avisei que se ele fizesse isso de novo, você teria que pagar. Eu estava falando sério
quando disse que você seria punida.
Cruzo os braços, nervosa, enquanto ele se aproxima do corrimão do terraço. Ele não pode
estar falando sério sobre apresentar queixa contra mim por causa de Sheba. Pode?
— Quanto? — pergunto. — O que devo a você? E espero que perceba que não tenho muito.
— Você tem bastante, boneca — diz, arrastando o olhar através das partes do meu corpo que
pode ver a partir de seu ponto.
— Na verdade, não — discordo. — Curso a faculdade através de empréstimos estudantis e o
dinheiro que Vivian está me pagando para ficar aqui nessas poucas semanas já tem destino.
O irmão de Jackson aparece à sua porta e sai, mas não me vê de imediato.
— Por que diabos você está aqui fora quando temos coisas para discutir… — ele diz, depois
para quando nossos olhos se encontram. — Ah… Oi.
— Olá — respondo. — Me chamo Dahlia.
— Ei. — Ele devolve o olhar para o irmão. — Então, eh, tenho que sair em breve — ele diz a
Jackson com um sorriso malicioso. — Estarei no escritório.
— Estou indo. — Jackson se vira para mim. — Venha para a porta da frente pegar o seu
filhote. Vou pensar na sua oferta e voltarei a falar com você.
Atravesso o apartamento e chego à porta da frente. Jackson já está à minha espera. Sheba salta
para cima e para baixo em torno dos pés dele enquanto me aguardam.
Ele puxa o celular do bolso, desbloqueia a tela e o entrega para mim.
— Coloque o seu número aí — pede.
Pego o aparelho e, sem dizer nada, adiciono meu número, depois passo o telefone de volta
para ele.
— Poderia reconsiderar, por favor, sr. Knight? — imploro. — Não posso pagar muito, e não
possuo nada, então não faz sentido tentar me processar.
— Você vai pagar o que eu lhe disser para pagar — diz com confiança, voltando-se para a
porta da frente dele para entrar. — Entrarei em contato.
Aah, inferno. Estou tão ferrada.
CAPÍTULO 08
JACKSON
Jace é um touro numa loja de porcelana quando tem uma ideia na cabeça. É cedo no domingo
de manhã, e em vez de dormir até tarde por causa da semana louca que tivemos com a sessão de
negociações, estamos indo para o Country Club em carros separados para jogar um pouco de
golfe com nosso pai. Sendo que isso é ideia de Jace. Ele quer dar algumas dicas sobre as
irregularidades da Mont Blanc, de um jeito bem sutil, e ver como nosso pai reage.
Não é uma má ideia, exceto que prefiro passar minhas manhãs de domingo sem usar estampa
xadrez ou morrendo de frio. Jace sabe que podemos muito bem nos encontrar com o papai para
um café da manhã mais tarde, embora seja menos provável ele estar de bom humor até lá. O
velho sempre quis ter Jace e eu ao seu lado, participando do seu esporte favorito, em vez de
compartilhando os ovos Benedict. Aparecer enquanto ele está jogando ajudará a garantir que não
descarte a conversa mesmo se o nome de Gerald acabar na mistura.
Nosso pai já está no campo de golfe há mais de uma hora, por isso, quando chegamos,
encontramos o caddie dele o levando de volta no carrinho de golfe para dar início a uma segunda
rodada de nove buracos. Não faço ideia de como ele conseguiu não perder um membro por
hipotermia nesse clima. Há partes cobertas de gelo e neve por toda a parte. Caramba, a relva
estala debaixo dos meus pés quando começamos a andar até o carrinho de golfe. De jeito
nenhum vou conseguir aguentar uma rodada completa, nem quero.
— E aí meu velho! — chamo por ele. — Alguma chance de fazermos dessa uma visita à área
de treinamento?
Meu pai me dá um olhar duro.
— Não está tão frio, filho. Veja, esse tipo de clima vai deixá-lo mais duro para as rodadas de
inverno. — Ficar duro nunca foi meu problema, mas guardo meu comentário para mim e espero
até ele mudar de assunto. Ele olha para Jace. — E quanto a você? Eu criei um covarde, ou dois?
Jace sabe que não se deve dar cordas para as provocações do nosso pai. Ele levanta as
sobrancelhas e pressiona os lábios numa linha fina.
— Nenhum, pai. Não está sentindo esse vento? Isso aqui parece o Ártico. Na verdade, prefiro
jogar squash agora. Ou uma refeição quente lá dentro. E café. Então a área de treinamento soa
como um meio-termo. Que tal?
— São dois covardes mesmo — nosso pai diz. — Vamos para a área de prática, então.
Jace e eu não concordamos em tudo, mas quando se trata de enfrentar o nosso pai, sempre
apoiamos um ao outro, sem exceção. Não é como se o nosso velho fosse o inimigo, mas ele é da
velha guarda, um bilionário que deixou sua marca no ramo de petróleo no Texas. Ele é severo
pra caramba e não hesitará em arrebentar nossas bolas só para deixar claro seu ponto de vista.
O caddie dele nos coloca em uma extremidade da área de treinamento, arranjando para cada
um de nós uma baia de tacadas e um grande balde de bolas. Nosso pai está posicionado entre
nós, e ele não perde um segundo. Observamos enquanto escolhe seu taco favorito, posiciona-se
no pedaço de grama coberta de gelo dá a tacada, acertando sua primeira bola de golfe.
— Boa — Jace diz.
Papai se prepara para outra tacada, mas reconsidera e olha para cada um de nós.
— Parem de enrolação, garotos. Qual de vocês está planejando me dizer o motivo de estarem
aqui?
— Temos algumas perguntas! — grito através do vento forte.
Ele faz o seu balanço e dá uma tacada perfeita.
— Sobre o quê?
— Coisas bem gerais. Estou curioso, pai, o senhor já viu muitas de empresas de fundos
multimercados que têm uma participação de cem por cento em empresas privadas?
— É sobre a Mont Blanc? — ele pergunta com mais interesse.
— Isso é hipotético por enquanto, então digamos, talvez. O senhor já se deparou com muitos
casos como esse? — repito, nem que seja para desviar sua atenção da conexão disso com a Mont
Blanc.
Ele troca de tacos e pega um Nº 9 de ferro, e recomeça a jogar.
— Apenas se a subsidiária tiver um IPO em andamento, mas a controladora precisa se
desfazer de toda a propriedade pelo menos alguns anos antes de a subsidiária abrir o capital.
Caso contrário, a Comissão de Valores Mobiliários acabará envolvida e, uma vez que colam em
seu traseiro, não espere que saiam de mãos vazias.
— Que imagem mental agradável pai, mas isso faz sentido. E se não abrirem o capital?
— Então você pode apostar seu último dólar que a empresa de fundos multimercados tem
planos de cortar a subsidiária e vendê-la por partes. Pensa bem, garoto. Empresas como a nossa
não têm razão para se meter nas operações diárias de ativos em nossos registros. É
contraproducente.
Aceno para Jace que, como eu, ainda não atingiu um único alvo.
— Entendi. IPO ou falência.
Nosso pai para de praticar o seu swing e se vira para mim.
— Vocês, rapazes, precisam de me dizer alguma coisa? — Não digo uma palavra, então ele se
volta para Jace. — Qualquer coisa que seja?
— Não — Jace mente, colocando o taco de golfe de volta no estojo.
— Acha que sou tolo, garoto? Vocês não se levantam cedo assim há anos, muito menos vêm
ao campo de golfe me ver. Que diabos está acontecendo?
— É muito cedo no jogo para dizer, pai, mas o senhor será a primeira pessoa com quem
falaremos assim que verificarmos algumas informações.
— Certifique-se de não se meterem tão fundo a ponto de precisarem que eu os salve.
Jace se afasta da pista e dá um joinha para o nosso pai.
— Pode deixar.
— Espere um pouco. Verei vocês dois na festa de caridade que sua tia Jenna organizou, não
é?
— Quando? — pergunto, preparando-me para partir.
— Hoje à noite.
— Sim, eh, claro.
— Bom. Tratem de ir acompanhados. Muitas das minhas conexões importantes estarão lá.
Para homens da sua idade, ter uma mulher ao seu lado é tão crucial quanto o seu patrimônio
líquido. Essas pessoas querem saber que você é uma pessoa estável — murmura em toda sua
glória sulista.
— Acompanhantes. Mulheres. Entendi — digo a ele.
Jace acrescenta:
— Eu não pretendia levar ninguém, pai. Talvez eu precise convidar de última hora uma…
pessoa que conheço.
Sorrio quando ele diz isso. Essa “pessoa” é, sem dúvida, Cherry, a assistente do nosso pai. E
eles são muito mais do que conhecidos. Mal posso esperar para ver a reação do velho quando
descobrir.
Papai acerta outro alvo.
— Espero que essa pessoa seja do gênero feminino. Pedirei a Cherry para reenviar os seus
convites por e-mail. Não se atrasem.
Jace engole em seco enquanto voltamos para os nossos carros.
— Acha que ele notará se eu não aparecer?
— Com certeza. Apenas vá com ela.
Ele clica no controle remoto de seu Maserati vermelho estacionado ao lado do meu bebê, um
Bugatti Veyron prateado de edição limitada.
— Tá, que seja.
— Ele vai superar.
— É fácil para você dizer. Quem você vai levar?
Posso ligar para várias mulheres na minha lista de contatos, sendo a maioria capaz de se
misturar com facilidade em um evento formal com um grupo de socialites ricas. Mas não quero
isso. Tenho apenas uma pessoa em mente.
— Você vai descobrir — digo a ele e pulo no banco do motorista. — Nos vemos à noite.
CAPÍTULO 09
DAHLIA
Descubro que o meu fim de semana, e possivelmente toda a minha vida, está prestes a mudar
durante o processo de dar a Sheba seu banho habitual programado.
Emily enfia a cabeça na porta, mostrando-me a tela bloqueada do meu celular.
— Ei, vou terminar em alguns minutos, mas seu telefone estava vibrando. Acabou de chegar
uma mensagem de texto.
— Quem mandou? — questiono, sem desviar o olhar de Sheba, que se eu vacilar, sairá do
banho e espalhará espuma e água por todo o apartamento.
— Não sei. O número não está na sua lista de contatos.
— O que diz a mensagem?
— Um segundo. Vou verificar. — Ela desbloqueia a tela e abre a mensagem. — Oh,
interessante! Quem você conhece que lhe enviaria uma mensagem dizendo: “Olá, boneca. Tem
planos para a noite?”
Sei muito bem quem é.
— Me dê um segundo — peço, evitando a pergunta. — Vou checar e responder quando
terminar aqui.
— Por acaso é algum pretendente gato do curso de veterinária?
— Não exatamente.
— Quer que eu responda? Prometo não dizer nada demais.
— Pergunte quem é primeiro — instruo, apenas no caso de não ser Jackson.
Ela digita uma mensagem curta e, um minuto depois, solta um gritinho.
— A resposta diz que ele é seu vizinho gostoso!
— O quê? — Não esperava que ele dissesse algo assim num texto. Não quando ele tem sido
tão distante e um pouco ameaçador. Bem, tirando o meu acidente no Central Park. Eu me esforço
para enxaguar Sheba e tirá-lo do banho, envolvendo-o numa toalha quente. Limpando a espuma
das costas da minha mão, estendo o braço. — Me passa o celular. Eu mesma respondo.
Eu: Olá, sr. Knight. Como vai?
Ele: Me chame de Jackson. E tudo bem. Espere um
pouco. Vou ligar para você.
Meu toque soa um minuto depois.
— Alô — atendo, e Emily acena de modo frenético para eu colocar no viva-voz, então eu
faço. — O que você tinha em mente para esta noite?
— Há um evento formal hoje — murmura, naquele barítono rouco e masculino que é muito
mais profundo por telefone. — Quer ir como meu par?
Ignoro o calor que se espalha a partir do meu núcleo e tento me concentrar.
— E você pensou em mim?
— Claro. Pense nisso como uma maneira de me pagar por deixar o cão de Vivian correr solto
várias vezes na minha varanda.
— Muito sutil, Jackson. Está falando sério?
— Tão sério quanto ser assaltado no Central Park. Ou um ataque cardíaco? O que preferir.
Começo a pensar no que vou vestir, quanto tempo tenho para me preparar e se preciso fazer o
cabelo e as unhas. Emily está balançando a cabeça para cima e para baixo bem depressa e
murmurando a palavra “sim” repetidas vezes.
— A sua acompanhante original te deixou na mão?
— Não. Minhas acompanhantes não me deixam na mão. Nunca. Eu não tinha uma, e agora
quero uma. Você.
Céus, ele não deixa mesmo a abordagem direta de lado, nem por um momento, não é? Minhas
bochechas começam a aquecer com a declaração dele.
— Onde vai ser mesmo? E quando?
— Hoje à noite, às 20h. Rockefeller Center.
A boca da Emily se escancara e os olhos saltam da cabeça porque ela vai trabalhar lá esta
noite, possivelmente para o mesmo evento.
— Isso é meio que de último minuto — murmuro como uma desculpa fugaz.
— Quer ir ou não? — resmunga.
Fico louca para recusá-lo. É a coisa mais inteligente a fazer, mas também quero ter uma ideia
do quão formal o evento é. E como são as festas das pessoas ricas.
— Claro. Adoraria ir.
— Excelente.
— Precisarei encontrar algo para vestir na minha casa, mas devo ter tempo suficiente para
fazer isso.
— Não se preocupe com isso. Essa parte já está arranjada. Esteja preparada para receber o
pessoal às 17h, e vou pedir ao meu motorista para buscá-la às 19h30.
— Quem você quer dizer com “o pessoal”?
— Não faço ideia. Acho que é cabelo, maquiagem e roupa. Quem quer que Gemma envia
para essas coisas.
— Estarei aqui.
— Mal posso esperar, boneca. Te vejo lá.
Emily está saltando para cima e para baixo ao meu lado, como se tivesse bebido da tigela de
água de Sheba.
— Ah meu Deus! Seu vizinho gato te convidou para um encontro! Ele é mesmo gostoso? Não
acredito que ele vai te levar ao mesmo evento em que serei chef assistente esta noite! Estou tão
animada por você! E vão enviar uma equipe inteira para te preparar! É assim que a outra metade
vive. Está animada?
Estou acostumada com a verborragia dela e as divagações habituais, então sorrio e aceno com
a cabeça.
— Estou curiosa.
— Você esbarrando os ombros com a nata da alta sociedade de Nova York — ela cantarola
com um falso sotaque britânico, o que não faz sentido algum.
— Contanto que não precise agir de forma diferente, ficarei bem.
— Se ele te convidou, isso significa que gosta de quem você é, não precisa mudar. Raios, não
os verei fazendo a magia deles em você. Tenho que estar no local às 15h para começar a preparar
os itens do menu. Dá para acreditar que é uma refeição de nove pratos mais aperitivos? Ah,
espera! A que horas mesmo ele falou para você ir?
— 20h.
— Certo, isso significa que você vai pular o jantar no Loft. Ele começa às 18h. Depois
reservaram o jardim do telhado para beberem socialmente, e a habitual troca de conversa e
dança. Você vai se divertir muito. Tenho certeza!
Ela desaparece e retorna alguns minutos depois, segurando um prato com amostras dos hors
d’oeuvres que ela preparou do zero.
— Aqui, experimente isso — oferece, pressionando o que parece ser um cogumelo recheado
nos meus lábios enquanto seco Sheba com a toalha.
Emily está animada por nós duas. Mas não vou negar que estou intrigada. Principalmente por
que não sei o que esperar. Enrolo Sheba em outra toalha quente e chamo por Daisy. Se eu ficar
sem tempo, posso deixar para dar banho em Bailey depois da faculdade amanhã.
Tenho um encontro com um bilionário.
Não sei como reagir a isso.
***
Esta parte, a de me arrumar, faz-me sentir como um cão indo para o seu primeiro concurso de
beleza canina.
O que não é nada divertido.
Duas horas e meia de pessoas me jogando de um lado para o outro, puxando o meu cabelo e
queimando o couro cabeludo, além de arrancando os pelos das sobrancelhas e aplicando cílios
falsos, fazem dessa Dahlia aqui uma garota irritadiça e desconfortável. Essa era para ser uma
equipe de beleza, não um revezamento de tortura. Indo de divas sabe-tudo a pessoas que adoram
abraçar, são gentis até demais e sem senso de espaço pessoal, elas trabalham no meu cabelo,
unhas e rosto enquanto discutem qual vestido de baile combina com o par certo de sapatos e
acessórios de grife.
Eu não deveria reclamar. Isso pode vir a ser uma experiência única na minha vida. Mas é
muito dolorosa. Alguém precisa lembrar a essas senhoras que nasci com um sistema nervoso.
Que minhas cutículas doem quando são cortadas ao ponto de arrancarem um pedaço da carne. E
meus olhos ficarão lacrimejantes quando cutucados tantas vezes. Nem me faça começar a falar
sobre depilar as sobrancelhas e o buço. Fico muito orgulhosa por impor um limite quando a
cabeleireira tira sua caixa de cerca de oito pares de tesouras. Ninguém vai tocar no meu cabelo
com tesouras só para me deixar bonita para uma noite fora. Ela não fica muito feliz com a minha
resistência e, por sorte, empilha meu cabelo em um coque elaborado em vez disso.
O esquadrão de beleza finalmente termina comigo e me entrega à estilista para escolher a
minha roupa.
De todos as profissionais, gosto mais dela. A loira de trinta e poucos anos que atende pelo
nome de Zoe, leva cinco minutos para fazer o que ela chama de “leitura” em mim, não apenas
quanto ao meu tamanho, que ela acerta em cheio, mas também considerando minha
personalidade e origem mais simples. Não tivemos que passar por dezenas de roupas. Ela me
passa um vestido preto e me instrui a entrar nele, para evitar um acidente de maquiagem. O
vestido que ela escolhe para mim é deslumbrante. É um vestido de coquetel preto, justo, até ao
joelho, com enfeites de lantejoulas, costas em V e mangas compridas. Conservador e não muito
revelador. Combinando-o com brincos de gota de diamante, saltos Christian Louboutin
brilhantes de tiras, e uma bolsa de mão também com brilhos, dá à minha aparência geral apenas a
elegância suficiente para ser considerada formal.
Todas elas murmuram e falam sobre o quão bonita tudo ficou em mim, e embora eu quase não
me reconheça, posso admitir que a transformação delas me deixa como a versão mais elegante de
mim sem me transformar por completo em outra pessoa. Estou satisfeita, elas estão em êxtase, e
espero que Jackson fique em algum lugar entre os dois.
Perto das 19h15min, elas juntam as coisas e saem assim que o motorista de Jackson telefona
para me avisar que está aqui. Jogando minhas chaves, celular, carteira de motorista e meu cartão
do banco na bolsa, tranco o apartamento e saio, saltos de grife clicando no chão de mármore. É o
meu primeiro encontro desde que me mudei de Utah e vim para o Leste.
Talvez ele me seduza…
Isso se ele não me castigar como prometeu.
***
Não passo de uma garota do interior que precisa mais é encontrar o caminho de volta para a
fazenda de onde veio.
Estou fora do meu elemento.
Muito mesmo.
Tipo, se isso fosse um jogo de beisebol, meu lugar seria atrás dos banheiros químicos, e os
outros participantes do baile de gala estariam no meio de campo.
O motorista de Jackson, sr. Sterling, vira o carro na entrada oeste do Rockefeller Center e
minha boca despenca com a visão. É deslumbrante, iluminado como um castelo vitoriano,
completo com efeitos de iluminação que emulam muros altos, uma torre, fossos e uma ponte
levadiça rebaixada.
A estrada tem uma fila interminável de Rolls Royce, Bentleys, edições personalizadas e
limitadas de quase todos os veículos de luxo que existem, além de limusines. Os manobristas
vestidos de vinho e preto ajudam os passageiros sofisticados a sair de seus veículos, depois se
afastam para abrir espaço para mais. Os hóspedes atravessam a ponte levadiça de mentirinha para
entrar. Estão trajados a rigor, e eu talvez faça parte da minoria das mulheres que não estão em
vestidos longos requintados.
Estou tão absorta com o festival de imagens e sons que quase não ouço o toque da mensagem
de texto no meu telefone. Distraída, eu o tiro da minha bolsa, levo o meu tempo para desbloquear
a tela e abrir a mensagem. É Emily, querendo saber onde estou.
Eu: Acabei de chegar na
entrada.
Emily: Ai meu Deus!
Eu: Não é?
Emily: Ei, vou procurar vc mais tarde.
Eu: Perfeito.
Emily: Procure os meus aperitivos!
Eu: Farei isso. Até
mais, Em.
Sr. Sterling para o carro enquanto coloco meu celular de volta e se aproxima do lado do
passageiro, abrindo a porta para mim. Ele me entrega o seu cartão para poder telefoná-lo quando
estiver pronta para ir embora. Após agradecê-lo, eu me junto à onda de pessoas que entram e
pego meu celular de novo, aumentando o volume. Jackson nunca me encontrará nesta multidão.
Os porteiros mantêm a porta enorme e ornamentada aberta e acenam com a cabeça para cada
hóspede enquanto a atravessam.
Quando entro, vejo-o.
O meu acompanhante gostosão bilionário.
CAPÍTULO 10
JACKSON
O maremoto de smokings, gravatas-borboleta brancas e faixas de cintura de cor creme aqui
me faz lembrar do porquê o meu pai sempre precisou me implorar, obrigar ou me subornar para
participar desses eventos. Os incentivos extras para estar nesta festa em particular têm a ver com
o fato de que alguém, talvez o próprio Gerald Buchannan, convidou os proprietários da Mont
Blanc. Então, Jace e eu estamos no modo trabalho, cumprimentando os convidados, nos
misturando e fazendo as nossas partes. Dylan, Caleb e Foster também estão aqui, socializando
com a multidão e aproveitando ao máximo os vinhos e destilados que fluem à vontade.
Estou conversando com um cliente de longa data quando Dahlia entra pela porta principal. Ela
está com um vestido justo, mas de bom gosto, que mostra seu corpo lindo e delicioso, e pernas
que não terminam mais naqueles saltos sexy.
Meus olhos estão fixos em cada… Uma. De. Suas. Curvas.
A minha boca fica seca, as minhas mãos esquecem o que deviam estar fazendo, e o meu pau
ganha vida dentro das minha calça.
Dahlia está deslumbrante.
Não sei bem como atravesso a sala, mas estamos cara a cara em um instante.
— Fico feliz que tenha vindo — digo a ela.
— Olá Jackson. Obrigada por me convidar.
Dedico algum tempo para absorver todas as características do seu rosto e mover meus olhos
por seu corpo lindo enquanto ela me encara com aqueles olhos e aquela inocência do campo que
estou começando a amar. Um garçom passa e abaixa a bandeja com taças de champanhe na
nossa frente, oferecendo uma para mim e para Dahlia, que está de mãos vazias. Dahlia recusa.
— Não gosta de champanhe? — pergunto depois que o garçom se afasta. — Posso te oferecer
outra coisa.
— Não, obrigada. Eu não deveria beber hoje à noite, apenas no caso de pedirem para ver
minha identidade.
— Mas você não é menor de idade… certo? — questiono para ter certeza.
— Não. Tenho quase 20 anos.
Feliz por ter me safado dessa, pego a mão dela e a conduzo pela multidão até um local com
mais espaço para respirar. Somos recebidos por uma das funcionários do buffet, que parece
conhecer Dahlia. A loira esbelta puxa Dahlia para um canto, onde elas compartilham um abraço
rápido e uma breve conversa misturada com risinhos antes de a loira se afastar.
— Aquela era Emily, minha colega de quarto — ela me informa quando retorna. — É uma
coincidência estranha que ela esteja trabalhando aqui esta noite.
— Sua amiga está em boa companhia, se Blair a tiver na equipe de eventos dele esta noite.
— Em é muito talentosa — concorda, observando as pessoas ao nosso redor. — Ela está
como assistente do chef.
Descanso a mão em suas costas e percebo que ela não se encolhe. Inclinando a cabeça para a
dela, sussurro ao seu ouvido:
— Só para ter certeza de deixar isso bem claro, você está deslumbrante.
Mordendo o lábio inferior, ela suga uma respiração trêmula e se inclina em minha direção.
— Obrigada. Você também.
Não quero nada mais do que tirar Dahlia daqui só para poder fazer o que quero com ela, mas a
hora da brincadeira precisa esperar.
Dahlia navega pelo evento com toda elegância, acenando de maneira educada e conversando
enquanto a apresento ao meu irmão, que a viu algumas vezes agora, e aos nossos amigos, assim
como aos clientes e associados com quem nos deparamos. Ou ela possui um talento nato para
socializar, ou tem desempenhado muito bem o papel de uma linda garota do interior todo esse
tempo. A essa altura, não me importo. Ela se encaixa bem aqui. Até o meu pai pareceu
impressionado.
Ela pede licença para ir até o banheiro, e enquanto ela está fora, Dylan vem até mim.
— Onde a encontrou?
— Ela é meio que uma espécie de vizinha.
Ele toma um gole de uísque, a única coisa que bebe.
— É uma vizinha bem gata. Meio jovem, mas gostosa. Quem era a amiga chef dela?
— Não faço ideia. Quer que eu pergunte?
— Não, posso descobrir.
Concordo com a cabeça.
— Sei bem até que ponto você chega só para pegar uma gostosa.
— O que for preciso — diz com um sorriso. — Não é como se o seu irmão fosse muito
diferente. Viu que ele trouxe Cherry esta noite?
— Sim. Ele é corajoso.
— Vamos ver quanto tempo o seu pai deixa isso durar.
— E Gerald. Ele é o pai dela.
— Caramba, tinha me esquecido disso. De qualquer forma, tente manter o seu pau gigante nas
calças enquanto está aqui. Seu velho não vai gostar de precisar te arrastar para fora de uma
convidada como daquela última vez.
— Esqueceu de como se faz conta, seu cretino? Isso foi há quase uma década — digo com um
tom um tanto quanto defensivo. Ele está trazendo à tona uma história antiga.
— Parece que foi ontem.
— Então sua memória está ruim, porque eu tinha 17 anos, pelo amor de Deus.
Dylan ri e me dá um tapinha no ombro.
— Ah, enquanto tenho um minuto com você, o que acha do vice-presidente de gestão de
riscos da Mont Blanc?
— Como assim?
— Fiz algumas perguntas gerais a ele sobre a Pantheon. O cara ficou nervoso pra caralho.
— Tem mais coisa envolvida nessa história. Só que estão escondendo. Você pode fazer mais
algumas pesquisas sobre o porquê?
— Claro.
Dylan consegue ser um mago da internet, então acrescento:
— Apenas não seja pego.
Ele me dá um aceno de cabeça e vai embora para continuar a socializar. Ando em direção aos
banheiros mais próximos para procurar Dahlia.
Não sei a razão, mas quanto mais tempo passo com ela, mais a quero.
Mas apenas uma vez.
Então posso esquecê-la. Assim como as outras. A beleza dessa situação é que, se eu dormir
com ela, não que vá ter muito sono envolvido, isso não quebrará minha regra de: não cague onde
você dorme. Não é como se ela fosse minha vizinha de verdade. Ela só vai ficar no apartamento
até Vivian voltar. Até gosto da melhor parte disso tudo. Ela me deseja pra caramba, só que ainda
nem sabe. Consigo notar pela maneira como sua respiração falha sempre que olho para ela. Suas
inspirações tornam-se superficiais e suas pupilas dilatam, e o calor sobe pelo pescoço até o rosto.
Como agora, enquanto ela se aproxima de mim. O que faz um sorriso raro surgir nos meus
lábios. Vou gostar de tomá-la. Possuí-la por uma noite. Governar seu corpo e mente. E meu
palpite é que ela também vai adorar.
Embora tenho certeza de que ela não saberá o que a atingiu.
Na verdade, a inocência que ela emite está me assustando agora.
— Divertindo-se até agora? — pergunto.
Seu rosto fica vermelho outra vez quando ela acena com a cabeça.
— Espere até eu te levar para casa.
Uma expressão de medo atravessa o rosto dela. Isto é quase fácil demais. Dahlia se endireita e
tenta disfarçar o gemido que escapa dos lábios.
— Só porque concordei em sair com você, isso não significa que haverá mais — ela diz
nervosa.
Eu a puxo para perto de mim e movo minha mão para a base de suas costas.
— Não me diga que não consegue sentir isso.
— Sentir o quê? — gagueja, depois que sua respiração falha com o meu toque.
Sorrio enquanto ela congela no lugar e suas bochechas coram para um tom ainda mais
profundo de vermelho. Mantendo os olhos fixos nos dela, deslizo as mãos para baixo
percorrendo os lados de seu corpo, depois subo.
— Você quer isso.
Dahlia para minha mão, cobrindo-a com a dela, e olha de um jeito nervoso em volta para os
outros convidados perto do corredor.
— Não sei se percebeu, mas há pessoas ao redor e elas conseguem ver isso que você está
fazendo se repararem de perto. Sabe disso, não é?
Limpo a garganta.
— Não dou a mínima para o que alguém aqui pensa.
— Nem mesmo eu?
A pergunta capta minha atenção por algum motivo desconhecido. Ou talvez seja o tom dela.
— Ficaria ofendido se eu dissesse que nem mesmo você? — indago, então percebo o quão
ilógica é essa pergunta.
Eu não perguntaria se ela ficou ofendida se não ligasse para o que ela pensava. E ela parece
perceber isso também, pois aquele brilho em seus olhos aparece do nada. Mordendo o lábio
inferior rosado e cheio, ela desvia o olhar. Droga. Esses lábios me matam. Toda. Vez. Não quero
esperar mais para prová-los, para esmagar minha boca na sua e roubar sua respiração, e possuir
seus lábios até ela se esquecer do próprio nome.
— Vamos sair daqui — sussurro ao seu ouvido, com a intenção de afetá-la, mas acaba
tornando meu pau duro como ardósia.
Percebo o sorriso quase imperceptível no canto de seus lábios enquanto ela considera o que eu
disse. Algo sobre isso é divertido para ela. Ela inspira uma lufada irregular de ar, mas balança a
cabeça.
— Isso não foi um pedido — acrescento.
A declaração a impressiona. E isso faz com que eu a queira ainda mais. Ela olha para mim, os
olhos arregalados de curiosidade e uma pitada de medo. É uma combinação intoxicante para
mim, desfazendo aos poucos o desejo que tenho de controlá-la. No entanto, pela primeira vez,
acho que essa sensação de desequilíbrio bem… intrigante. Ainda assim, preciso recuperar algum
nível de controle antes de a atirar por cima do ombro e fodê-la até cansar em umas bancadas do
banheiro. A última coisa que esta doce e inocente garota do interior precisa é que eu perca a
cabeça e a pegue com força. Ou talvez seja exatamente disso que ela precisa.
— Certo — ela sussurra depois de algum tempo, mas o som de um latido abafado faz com que
Dahlia puxe o celular da bolsa em sua mão. — Me dê licença por um segundo — pede e
desbloqueia o aparelho para verificar sabe-se lá o quê.
— Isso foi um latido?
— É um aplicativo no meu celular que me mantém conectada aos cães. É como um monitor
de bebê, mas com vídeo e áudio.
— São cães, não bebês.
— Eu sei, mas você viu o que podem fazer. Imagine o quanto são capazes de aprontar quando
estão desacompanhados.
— Eles latem e você pula? Vivian te treinou bem.
— Não é assim… nem um pouco. — Ela me mostra a tela do celular. — Vê? Esse é o quarto
deles. Ainda estão lá dentro, o que é uma coisa boa. As vasilhas de água e comida estão cheias, e
se você olhar no canto distante do quarto, verá as caminhas deles e todos os três descansando
nelas.
— Certo. Então o que foi o latido de agora?
— O app me envia atualizações a cada hora de como estão. Estão bem. Vê?
Ela levanta o celular mais perto do meu rosto. Assentindo, pego o dispositivo dela e o coloco
em meu bolso.
— Ótimo. Então não há necessidade de verificá-los por mais uma hora.
Ela olha para mim com um semblante otimista.
— Você não estava falando sério sobre me fazer pagar por causa de Sheba, não é? Quero
dizer, por que me convidaria para este evento tão sofisticado se ainda tivesse planos de me
punir?
Não posso deixar de sorrir um pouco. Dahlia vai descobrir em breve que eu estava falando
sério.
— Está preparada para aprender o que acontece quando dou a minha palavra sobre alguma
coisa? Deixe-me soletrar para você, boneca. A sua vinda ao baile foi uma oportunidade para nos
conhecermos melhor. Não tem nada a ver com a minha promessa.
— Pode ao menos me dizer o que pretende fazer?
— Prefiro mostrar a você.
O sangue escorre do rosto de Dahlia. Nunca vi ninguém empalidecer tão depressa antes. Do
que ela tem tanto medo?
— O que quer de mim? — gagueja a pergunta.
— Contar nunca é tão bom quanto mostrar.
— Como assim? Prefere anotar o número? É uma quantia em dólares, não é?
— Alguns podem até colocar um valor monetário nisso, mas eu não.
— Então não é dinheiro?
Aperto os lábios e balanço a cabeça.
— Você vai pagar, mas não com dinheiro.
— Com o quê, então?
— Você vai descobrir em breve.
— Tudo bem, acho. — Ela se afasta de mim. A dor se mistura com a confusão em seus olhos
e cria uma distância entre nós. — Vá em frente e se divirta aqui. Preciso ir para casa… se ainda
estiver tudo bem para o seu motorista me levar de volta.
— E por que quer ir?
— Para começo de conversa, para mim, não é nada fácil estar aqui, muito menos me divertir
quando sei que você está prestes a lançar uma bomba, e parece realmente gostar de saber que me
colocou em uma posição vulnerável.
— É aí que se engana. Você se colocou nessa posição sozinha. Bem, o cão de Vivian fez isso,
e você é a responsável por ele no momento.
— Talvez você tenha uma tara por fazer joguinhos com os fracos e impotentes.
— Sim e não. Eu não faço joguinhos. Eu ganho.
— E isso quer dizer…?
— Você cruzou uma linha e há consequências para isso.
— Gostaria que me dissesse exatamente o que quer de mim.
Um largo sorriso repuxa os meus lábios. O meu pau não poderia estar mais excitado. Antes do
fim da noite, Dahlia vai descobrir.
CAPÍTULO 11
DAHLIA
Estou amarrada à cama dele e completamente nua.
Curiosidade, desejo e uma pitada de medo me colocaram nessa situação.
Provável que precisarei implorar para ele me desamarrar.
Não há explicação para eu ter permitido que as coisas chegassem tão longe. Ele não disse uma
palavra enquanto me conduzia para fora do terraço e fomos embora do baile. Ficamos sentados
em silêncio na parte de trás de sua limusine, cada um de nós em lados separados do veículo,
evitando a energia que vibrando no ar entre nós por toda a viagem de volta até o apartamento.
Nós não falamos durante a curta caminhada até o elevador ou na subida até o nosso andar, e
quando ele pega minha mão e me leva até a porta dele e não a de Vivian, vou com ele de bom
grado.
Talvez eu devesse resistir ou objetar de alguma forma, mas as palavras não vêm, e há uma
parte de mim que não queria sair do lado dele.
O vestido está agora em uma pilha amassada perto da porta do quarto, junto ao meu sutiã e
calcinha. Porque estou na cama de Jackson sem nada no corpo. Viro minha cabeça para cima
para olhar as fitas sofisticadas de seda vermelha que Jackson usa para amarrar meus pulsos às
colunas da cama. Olhar nessa direção é um pouco melhor do que a alternativa, porque olhar para
baixo do meu corpo só me fará lembrar que fiquei parada na porta do quarto de Jackson,
congelada como uma boneca enquanto ele me despia.
Ele está de pé ao lado da cama, os olhos percorrendo o meu corpo de maneira apreciativa. O
contraste da minha nudez absoluta em comparação com ele ainda estar vestido com seu smoking
aumenta o poder que ele tem sobre mim. Mas a culpa é minha. Dei a ele esse poder assim que
cheguei aqui. Não me arrependo de entregá-lo a Jackson, mas estou curiosa sobre como ele vai
usá-lo. Curiosa e esperançosa. E mais excitada do que nunca. Tudo o que posso fazer agora é
apertar as coxas e esperar. Bem, há algumas coisas que posso fazer, e outras mais que eu deveria
fazer, mas preciso admitir, o meu estado mental atual é de pura antecipação misturada com a
falha em meu juízo. Entregar-me ao momento e me deixar ser conduzida ao bel-prazer de
Jackson parece estranhamente certo.
Jackson sai pela porta de onde viemos e uso o tempo para olhar ao redor do enorme quarto
decorado em tons de marrom-claro e chocolate. As luzes estão apagadas, projetando sombras nas
duas poltronas de couro creme estilo clube perto das janelas de vidro indo do chão ao teto com
vista para o norte do Central Park. As persianas estão levantadas e o luar misturado com as luzes
da cidade flui através do vidro, fazendo o lugar parecer mais brilhante agora que meus olhos se
ajustaram. Levantando a cabeça para uma visão melhor, tento aproximar os cotovelos do corpo
para obter apoio e me lembro de que minhas mãos ainda estão amarradas. Descanso a cabeça no
travesseiro, imaginando todas as coisas que Jackson fará comigo. Mas uma coisa é certa de
acontecer em algum momento ao longo do caminho. A qualquer momento, vou precisar contar a
ele que sou virgem.
Um suspiro fraco escapa dos meus lábios quando Jackson retorna ao quarto alguns minutos
depois. O casaco do smoking, o colete e a gravata-borboleta desapareceram. Ele desfez os
primeiros botões da camisa e parece muito mais relaxado agora apenas com a camisa e as calças.
Parado ao pé da cama, segura duas taças de vinho com uma mão. Na outra, agarra a alça de um
balde de prata caro cheio de gelo que cobre metade de uma garrafa de vinho tinto. Ele apoia as
taças na mesa de cabeceira mais próxima dele e pega o vinho do balde de gelo.
Abrindo a garrafa de vinho com um abridor elétrico bem elegante, ele enche as duas taças e
devolve a garrafa para esfriar no gelo. Começo a me perguntar se Jackson vai desamarrar uma
das minhas mãos para eu poder beber com ele. Mas logo em seguida, ele responde a minha
pergunta silenciosa sentando-se ao meu lado. Deslizando uma mão firme sob o meu pescoço,
levanta meu torço com delicadeza antes de pegar uma das taças de vinho.
— Tome alguns goles. Isso vai ajudá-la a relaxar — ele me instrui.
Faço o que diz, olhando em seus olhos enquanto tomo dois pequenos goles, com cuidado para
não derramar vinho em seus lençóis caros de listras brancas intercaladas que parecem de cetim.
O líquido gelado percorre minha língua, infundindo seu sabor semidoce e um pouco cítrico ao
longo de seu caminho até minha garganta, e eu engulo. Ele afasta a taça dos meus lábios e a
coloca na mesa de cabeceira outra vez, depois desliza levemente a parte de trás da mão pelo lado
da minha bochecha. Meus olhos se fecham e minha cabeça se inclina para o toque caloroso dele,
desejando mais. Então Jackson abaixa o rosto a poucos centímetros do meu.
— Você está quieta agora, mas a farei implorar, boneca.
Engulo em seco e minha garganta solta um gemido não intencional. É o primeiro do que, com
certeza, serão muitos exemplos do meu corpo me traindo, revelando o quão excitada estou agora.
Estou tomada pela luxúria, do meu núcleo a cada formigamento ao longo da minha pele. E ele
mal me tocou ainda. Calor e necessidade estão se acumulando entre as minhas pernas, meus
mamilos estão duros pelo ar frio e a exposição, e minha pele deve estar pelando devido à
explosão de todas essas sensações.
Jackson não me conhece nem um pouco, então não sei como informá-lo de que não vou
implorar por nada. Ou talvez eu esteja prestes a descobrir que estou muito errada.
Abro a boca para formar uma resposta, qualquer coisa, mas minha tentativa é colocada em
espera por suas mãos passando pelo meu pescoço, pela minha clavícula e parando a poucos
centímetros dos meus mamilos. Ele vai prolongar isso. Tenho certeza, mas não vou reclamar.
Quanto mais tempo Jackson leva para chegar ao ponto principal desta noite lasciva, mais tempo
tenho para reunir a coragem de admitir que ele será o primeiro homem a estar dentro de mim.
Supondo que cheguemos tão longe.
Meus lábios se estendem pelos meus dentes ameaçando trazer um sorriso ao meu rosto por um
momento, enquanto me imagino ainda amarrada à cama dele daqui a uma semana. No ritmo em
que ele vai, ainda vou ser virgem até lá. Ele levanta as mãos da minha pele em um ritmo
meticulosamente lento e minhas costas arqueiam na cama, ansiando que ele se aproxime dos
meus seios.
Eu devia estar com medo. Aterrorizada. A verdade é: estou correndo risco aqui, deixando-me
levar por um homem que mal conheço.
Jackson estende a mão e a passa ao longo do lado da minha cabeça, colocando alguns fios de
cabelo perdidos atrás da minha orelha. Estremeço com a faísca de eletricidade que se espalha dos
dedos dele e me atinge como um raio. Será que ele sente isso também, ou este zumbido, anseio e
falta de ar só está acontecendo na minha cabeça? Hesito em fazer essa pergunta em voz alta.
Ele me encara. Em algum lugar, brincando em suas feições, está a minha resposta. Não devia
confiar nele, mas confio. Olhando para seus olhos azuis-claros, inclino o queixo em direção a
ele.
— Diga-me o que você quer — ele murmura.
Talvez esta noite seja exatamente como deve ser. Pensando nos meus anos de ensino médio e
no ano passado na faculdade, não me lembro de tomar a iniciativa para nada além dos meus
estudos. Saí em encontros com os garotos que me convidaram e fiz amizade com as garotas que
vieram até mim, mas nunca tive coragem de dar o primeiro passo. A parte triste sobre esta
realização é que não posso nem reclamar. Não tenho uma única lembrança de um momento em
que eu queria fazer algo diferente. Não há nenhum cara que eu gostaria de ter beijado e nunca
consegui. Não há arrependimento sobre uma amizade que nunca se concretizou, ou que terminou
antes do que deveria.
Nunca pedi por muito na vida. E o pior é que nunca tive que lutar por nada.
É como se eu estivesse sendo levada pela minha existência como uma boneca de pano sem
vida.
Credo, não é de se admirar que eu ainda seja virgem.
Esta noite precisa ser diferente.
Se bem que, Jackson me despiu e me amarrou à cama dele, por isso, de certa forma, já
exerceu um certo controle sobre mim. Ele já fez de mim a sua boneca. Mas a sugestão dele
ressoa nos meus pensamentos. Precisarei implorar pelo que quero. Nada vai acontecer se eu não
pedir.
— Me beije.
Mal consigo ouvir as palavras saírem dos meus lábios e Jackson confirma isso quando me
pede para repetir o que eu disse e para me certificar de pedir de maneira educada.
Pigarreando, separo os lábios outra vez.
— Por favor, me beije, Jackson.
Ele desliza a mão para a base do meu pescoço e agarra meu cabelo, aproximando os nossos
rostos. Meus olhos se fecham enquanto ele roça os lábios nos meus.
— Claro que vou beijar o que é meu, boneca — sussurra contra meus lábios.
Meu núcleo contrai, e o calor se espalha do local, fazendo meus joelhos ficarem fracos, e
estou quase feliz por estar amarrado a esta cama, ou moldaria meus lábios aos dele.
CAPÍTULO 12
JACKSON
Devia fazê-la esperar mais um pouco, mas não há como me conter agora.
A garota do interior disse a única frase que eu estava esperando todo esse tempo para ouvir.
Além disso, pediu com educação.
Dahlia abre a boca para sussurrar algo, mas a impeço ao tomar seus lábios com o beijo que
queria dar nela a semana inteira. Envolvo a cintura dela com uma mão, agarrando suas costas
enquanto minha língua separa seus lábios. Ela se molda em meu peito o máximo que suas
amarras permitem, cedendo a cada golpe da minha língua enquanto exploro todos os contornos
de sua boca. Prová-la pela primeira vez é mais intenso do que eu esperava. Quero cobrir cada
centímetro do seu corpo com o meu e fodê-la com força e sem restrições.
Mas onde está a diversão em apressar isso?
Aprofundando-me no beijo, apoio meu peso com um braço e me estico ao lado dela. Ela não
consegue se virar para me encarar, mas faz o que pode com as pernas, deslizando uma para cima
e para baixo entre o tornozelo e a panturrilha através da minha calça, até eu ter que me afastar
para não acabar arrancando minhas roupas e enterrando meu pau bem fundo em seu corpo.
Temos a noite à nossa frente, então planejo tomar o meu tempo e provar cada centímetro dela
antes de me afundar nela com força.
Afasto-me do nosso beijo e sorrio enquanto ela recupera o fôlego e passa a língua pelo meu
lábio inferior, ansiosa para continuar. Assim como também estou pronto para devorar esses
lábios de novo. Erguendo-me da cama, posiciono-me entre os joelhos dela, separando-os para
abrir espaço enquanto enterro minhas mãos em suas longas tranças de cabelos pretos e inclino
sua cabeça para cima de modo brusco, esmagando minha boca sobre seus lábios.
Seus pés deslizam pela cama e ela pressiona as coxas contra o lado de fora das minhas pernas.
O calor irradia do seu centro e, num instante, estou duro feito pedra. Agarrando-a de novo com
uma mão, abaixo o tronco e os quadris até seu corpo, deixando todo o meu peso repousar sobre
ela enquanto esfrego meu pau em sua boceta beirando a ilegalidade, apenas minha boxer e calça
nos separando.
Dahlia mal respira, sobrevive só com o ar que compartilhamos, mas consegue soltar um
gemido que soa como palavras. Quero abafar o som para continuar o beijo, mas ela volta a
balbuciar.
— Desculpa, o quê? — pergunto, afastando-me de sua boca para deixá-la falar.
— Eu disse, nunca estive com um homem… assim. Só quero que você saiba.
Não há como parar o zumbido no meu ouvido, soando como se eu estivesse preso no meio de
uma sala durante um incêndio alarmante. Erguendo-me do corpo dela e estudo seu rosto.
— Você acabou de dizer que é…
— Virgem — responde, terminando a minha frase. — Sim. Eu sou… isso.
Uma série de perguntas dispara em minha mente. Ao mesmo tempo, dois impulsos batalham
entre si em cada célula do meu corpo. Sendo que o com ligação direta com meu pau quer acabar
com seu status de virgem agora mesmo. Bem aqui na minha cama. O outro, aquele que parece
estar abafando todos os outros pensamentos, quer que eu a desamarre e a mande embora.
O meu cérebro ganha.
Meu pau perde.
Eu a tenho fora da minha cama, vestida e do outro lado da minha porta da frente em poucos
minutos. Se eu quisesse levar uma virgem para a cama, teria que ser nos meus termos. Compraria
uma num leilão como fez o meu amigo, Foster.
CAPÍTULO 13
DAHLIA
Como uma palavra, “constrangida” não é suficiente.
Nem “humilhada”.
Ou mesmo uma série de adjetivos como envergonhada, mortificada, corada, desconfortável,
encabulada, desconcertada, desgostosa, desajeitada, autoconsciente, agitada, tímida, chateada,
depreciada, rejeitada, perturbada ou angustiada fazem o truque.
Não, elas não são suficientes para descrever o que estou sentindo agora, parada do lado de
dentro da porta da frente de Vivian e tentando encontrar o meu rumo. Em um instante, Jackson
está me beijando e trazendo à tona desejos que eu nunca soube estarem em mim. No outro, está
quase me exorcizando da casa dele.
Quero desaparecer, ou voltar para Utah e me esconder no meu antigo quarto por um ano.
Talvez dois. Há também a descrença. O que há de errado em ser um pouco inexperiente? Tudo
bem, completamente intocada, mas tanto faz. Mesmo assim, não precisava me descartar como se
eu fosse lixo.
Respirando fundo, tranco a porta da frente e subo a escada principal para o segundo andar.
Minha primeira parada é o quarto dos cães, onde os encontro descansando com toda
tranquilidade. Grata por serem bons cachorros enquanto estive fora, vou para o meu quarto, tiro o
vestido, de novo, e caio na cama.
Este dia precisa acabar logo.
***
Acordo com o som de alguém batendo à porta. Meus olhos demoram uma eternidade para
abrir, ainda mais porque estou exausta, mas também devido à crosta que se formou ao redor do
rímel que não limpei do meu rosto quando arrastei minha bunda para a cama. Quando eles enfim
abrem, a primeira coisa que percebo é que ainda está escuro do lado de fora da minha janela.
Alcançando o meu celular para verificar as horas, minhas mãos encontram a superfície da mesa
de cabeceira fria. Não há nada nela além do despertador. Droga. O meu celular ainda deve estar
no bolso das calças de Jackson. Aposto que é ele quem está quase arrombando a porta da frente.
A imagem aparece na minha cabeça, dele parado lá com o meu telefone pendurado entre os
dedos, enojado por haver um remanescente de mim que deixei para trás em seu apartamento.
Jogando um roupão de banho sobre o meu sutiã e calcinha, desço as escadas às pressas. Com
uma rápida inspiração para me preparar para ver Jackson logo após sua rejeição abrupta, abro a
porta e pego o celular de sua palma aberta.
— Obrigado — agradeço, mantendo a interação breve e já fechando a porta sem nem o
esperar falar algo. Mas não sou rápida o suficiente. Jackson para a porta com o pé. Levantando
os olhos do pé dele, subindo por seu corpo até o rosto, inclino a cabeça para um lado. — Posso te
ajudar com alguma outra coisa?
— Por que esperou tanto tempo para me contar? — exige saber.
Não estou mais envergonhada, só com raiva.
— Olha, foi tudo um erro, tá? Esqueça o que aconteceu. Se eu lhe devo algum dano por causa
de Sheba, basta colocar um bilhete debaixo da porta com o valor. Vou encontrar uma maneira de
pagar. Desculpa, está tarde. Preciso descansar agora, então, por favor, se puder se afastar da
porta, isso seria ótimo.
Jackson tira o pé, mas não sai por completo. Ele fica ali, olhando para mim com um brilho
curioso nos olhos enquanto empurro a porta e a tranco. Ele pode estar interessado agora, mas eu
não. Todo o fascínio que ele tinha, desapareceu horas atrás, quando agiu como se eu fosse uma
pária por ser uma garota virgem do interior.
Com a raiva continuando a aumentar e transbordar, marcho até a despensa de Vivian perto da
cozinha. Procuro qualquer coisa que possa usar para trancar o terraço. Numa prateleira de cima,
os meus dedos tocam num longo invólucro de plástico. Puxando-o para a frente, encontro
exatamente o que preciso: abraçadeiras reforçadas. Do tipo grossa e forte que os polícias usam
quando ficam sem algemas.
Não estou nem aí para o porquê de Vivian ter algo assim em sua posse. Indo para as portas de
correr que Daisy já virou expert em abrir, olho para a largura do espaço entre as duas maçanetas.
Estes envoltórios vão funcionar, e com isso não vou ter que ver o rosto de Jackson pelo resto do
meu tempo aqui. A hora das necessidades pode ser deixada para quando formos ao parque
canino.
Passo e prendo uma braçadeira em torno de cada alça e uso uma terceira para conectá-las.
Depois puxo cada extremidade com força, quase vibrando de felicidade quando os pequenos
dentes de plástico se encaixam e apertam até que as portas não possam se mover nem um
centímetro. Não tem como isso se soltar, mas, só por precaução, adiciono mais três peças às
alças. Mesmo que Daisy tente mastigar as abraçadeiras, terei tempo mais do que suficiente para
impedi-la de sair.
Sentindo-me realizada, pego meu celular no saguão e volto para a cama. São quase 4h quando
fecho os olhos outra vez. Enquanto adormeço, meu único desejo é que meu cérebro limpe a
imagem de Jackson ajoelhado entre minhas pernas, beijando-me de modo apaixonado, prestes a
tirar minha inocência.
CAPÍTULO 14
JACKSON
Cometi um erro ontem à noite.
Dahlia vai me fazer pagar por ter estragado a noite dela.
Esse é o monólogo que não para de repetir na minha cabeça quando entro na nossa sala de
conferências no escritório. Mas não posso fazer nada quanto a isso gora.
O dever chama, então aqui estou eu.
Jace ainda não chegou. Nossos amigos mais próximos e parceiros da nossa empresa de fundos
multimercados me dão um aceno de cabeça de seus assentos em torno da mesa da sala de
reuniões. Dylan Worthington, o melhor amigo de Jace e nosso Diretor de Investimentos, está
com o notebook aberto na frente dele. Ele está com uma carranca enquanto olha para a tela.
Dylan tem mestrado em modelagem econômico-financeira, formado no MIT, e tenho certeza de
que se eu verificar o seu notebook, vou encontrar alguma análise de regressão de investimento
em que ele está trabalhando. Meus dois melhores amigos desde o ensino médio, Caleb Mitchell e
Foster Evans, ambos vice-presidentes de Relações com Investidores, estão mexendo no celular,
verificando e-mails.
— Quando é que o menino de ouro planeja nos agraciar com a sua presença? — Caleb
pergunta, erguendo os olhos do telefone apenas o tempo suficiente para fazer contato visual.
— A qualquer momento.
Caleb balança a cabeça com sua apatia habitual e coloca o celular na mesa. Ele nunca gostou
da direção que estamos tomando para adquirir a Mont Blanc, e não tem nenhum problema em
declarar sua objeção sempre que pode.
— Ele sabe que estamos aqui esperando? Ainda preciso atravessar a cidade para me encontrar
com um dos Carrington. Se assinarmos com este cara, teremos cerca de trezentos milhões em
ativos líquidos para trabalhar. Dinheiro é o que manda neste negócio, e não ficar nos rastejando
como temos feito só para pagar os olhos da cara por um concorrente de merda.
— Por que não nos diz como você se sente de verdade? — Dylan diz de maneira irônica sem
tirar os olhos da tela do notebook.
Estou sentado mais perto da porta da sala de reuniões, então sou o primeiro a escutar a
campainha do elevador abrindo no corredor antes de os outros perceberem.
— Relaxa. Ele está chegando.
Jace aparece. Ele está carregando uma pasta preta elegante enquanto caminha ao longo do
amplo corredor que corre perpendicularmente ao comprimento total desta ala de escritórios
executivos e algumas salas de conferências.
— Senhores — Jace nos cumprimenta quando entra, fechando a porta atrás dele.
Virando minha cadeira giratória, dou-lhe um olhar cúmplice enquanto ele se senta na
cabeceira da mesa.
Dylan ergue os olhos do seu lugar do outro lado de Jace.
— Qual é o veredito?
— Nada bom.
— O que aconteceu? — Caleb pergunta, olhando para ele.
— Este acordo está desmoronando, senhores. Um pedaço de cada vez. É brutal, mas estou
quase grato por estarmos enfrentando isso agora, em vez de limpar uma bagunça enorme se
deixássemos ele fechar como está.
— Estamos acostumados com Dylan exagerando as coisas — Caleb diz, passando a mão
sobre o cabelo loiro despenteado, muito mais bagunçado pelo corte de quinhentos dólares do
qual ele sempre se gaba. — Você vai ter uma porra de um colapso agora? É por isso que adiei
minha reunião com um dos Carrington?
— Acalme-se e o deixe falar — Dylan murmura.
— Estou calmo, porra! — Caleb grita. — Só tenho trabalho a fazer que não pode ser feito
sentado atrás de um computador, monitorando malditas tabelas de análise de risco.
— Vocês crianças podem parar a briguinha e deixar Jace nos atualizar sobre o caso? —
vocifero.
Eles se recostam nas cadeiras, virando-se para Jace.
— Certo. A única vantagem de toda essa situação descoberta pelo nosso perito é que Gerald
não teve a chance de falar com o nosso CEO para convencê-lo de que estamos exagerando.
— E o que ele descobriu? — Foster pergunta. — Caleb e eu estamos por fora do assunto, já
que não estamos na mesa de negociações.
— Exatamente, porque estamos ocupados enchendo o cofre com novos negócios, em vez de
esvaziá-lo com aquisições caras — Caleb acrescenta.
Jace descansa os cotovelos na mesa e abaixa a cabeça para as mãos, esfregando as têmporas.
Ele parece exausto e espera um pouco para enfim voltar a falar.
— Bem, lamento que ainda estamos descobrindo essas informações tão tarde no jogo…, mas
isso aqui fala sobre o escopo dessa compra enorme. — Ele desliza um arquivo grosso pela mesa
para Dylan. — Só tenho uma cópia, então dê uma olhada nas três páginas com abas e depois
passe adiante.
Dylan foca nas páginas e, quando está na metade do caminho, seus olhos começam a
arregalar.
— Como isso não foi sinalizado durante as nossas pesquisas? — ele pergunta, examinando
rápido as outras duas páginas antes de passá-las para Foster.
As reações de Foster e Caleb são idênticas. Descrença, então um leve pânico.
— Estamos fodidos — Foster diz.
A essa altura, estou ansioso para me debruçar sobre a página, mas quando paro para lê-la,
gostaria de não ter feito isso.
— Nos explique todos esses detalhes — digo a Jace.
— O que há para explicar? — Caleb protesta. — Gerald Buchannan tentou nos vender uma
pilha de merda pelo preço de ouro. E o pior é que Pantheon e Triple Shield podem ser apenas a
ponta do maldito iceberg. — Ele olha para o seu relógio da marca Patek Philippe de ouro rosa.
— Não tenho tempo para isso. Vamos apenas descobrir o que podemos fazer sobre essa situação.
— Digo para saltarmos fora — Dylan anuncia, puxando o arquivo pela mesa para dar outra
olhada. — Ou pedimos para alienarem a empresa de fachada que possui esses dois navios
afundando.
— Não farão isso.
Todos nós olhamos um para o outro em silêncio por alguns longos momentos.
— Tenho uma reunião — Caleb repete.
— Todos nós temos merda para fazer — Dylan dispara.
Jace ergue o olhar para teto enquanto Dylan pega o notebook e sai da sala de reuniões. Caleb
e Foster fazem o mesmo.
— Temos que apresentar isso para o nosso pai — geme Jace.
Fico de pé com um pulo.
— Não. Vamos até Gerald.
— Isso só o dará tempo para tirar o dele da reta com o nosso pai.
Pego o celular e encontro o nome de Gerald na minha lista de contatos.
— Mesmo assim, precisamos tentar. Tem como separar uma hora para resolver isso agora?
— Não, mas dou um jeito.
Aperto o botão de chamada e ligo o alto-falante. E depois de alguns toques, Gerald atende.
— Alô?
— Gerald. É o Jackson falando. Estou aqui com Jace no viva-voz. Precisamos passar no seu
escritório em, digamos, vinte minutos?
— Estou a caminho de outra reunião. Isso não pode esperar?
— Não, não pode. Você consegue dar uma passada no nosso escritório?
— Depende de quanto tempo vai levar. Do que precisa falar? — ele sonda.
— Só dê um jeito de vir. Explicaremos tudo quando estiver aqui.
— Tudo bem — diz com hesitação. — Me dê cerca de quinze minutos para lidar com esse
congestionamento ridículo da cidade.
Jace me dá um olhar duro quando encerro a chamada.
— Espero que saiba o que está fazendo.
— É a única maneira. — Verificando as horas no meu celular, começo a caminhar até a porta.
— Preciso cuidar de algumas coisas. Direi a Gemma para instruir a recepcionista para pedir a
Gerald que nos encontre no meu escritório.
Ele me segue e vira na direção oposta do meu escritório.
— Peça para ela me chamar quando Gerald chegar.
***
— Foi por isso que me chamou aqui? — Gerald pergunta quando Jace entrega a pasta com
toda a sujeira da Pantheon e Triple Shield.
Jace balança a cabeça em descrença.
— Está tentando nos dizer que pretendia que descobríssemos sobre essas bombas prestes a
explodir? Você chama isso de devida diligência?
— Não estava escondendo isso.
— Meu pai confia em você, Gerald — lembro ao velho idiota. — Este é o tipo de coisa que
ele esperaria que você trouxesse no início de uma negociação. Nenhum dos advogados de nossos
escritórios apontou isso como um risco, e essa merda é significativa.
— É apenas uma besteira — diz com desdém. — Não afeta nada. Você deveria estar mais
interessado na conversa que tive com o CEO da Mont Blanc.
Nesse momento, o celular de Jace toca. Ele surpreende a ambos, desculpando-se para atender
a chamada.
— Ele te ligou? — pergunto, lançando um breve olhar para Jace enquanto ele se dirige para o
corredor com uma expressão terrível no rosto.
— Claro, ele me ligou. Ou eu telefonei para ele. Qual é a diferença quando estamos prestes a
fechar o acordo? O que importa é que estão começando a duvidar se este negócio vai se
concretizar afinal. Já avisei há uma semana que não podemos deixá-los esperando por muito
tempo.
— Por quê? O que aconteceu? Estão sondando a nossa oferta na concorrência?
— E se estivessem?
— Depois de tudo? Talvez devessem mesmo pedir a outra pessoa para comprá-los. Eles
vieram até nós por uma razão e você precisa lembrá-los de que precisam de nós, e não o
contrário. Que empresa de fundos multimercados de Wall Street que se preze olharia para eles
duas vezes se os detalhes da Pantheon e da Triple Shield estivessem na primeira página de seu
prospecto?
— Você e seu irmão estão exagerando, seu pai nunca perderia meu tempo com esses
pormenores… — Ele estuda minha reação enquanto fala, depois acena com a cabeça com um
novo entendimento. — Joseph sabe que me contatou sobre isso?
Acabo demorando uma fração de segundo a mais para começar a elaborar minha resposta
verbal.
— Então ele não sabe. Escute o meu conselho. Não desperdice o meu tempo — Gerald avisa,
virando-se para sair do meu escritório. — Se você falar comigo ou com alguém da Mont Blanc
sobre este arquivo de novo, encontrarei pessoalmente outro comprador e seu velho será o
primeiro a saber que você e Jace foderam o melhor negócio da cidade.
Jace e Gerald se cruzam do lado de fora do meu escritório, mas Gerald não se dá ao trabalho
de parar para falar com ele.
— O que ele disse? — Jace pergunta, enquanto entra.
— Ele quer que a gente apenas engula o sapo.
— Pro inferno com isso.
Sento-me à minha mesa e viro minha cadeira giratória em direção à janela do escritório.
— Ele também ameaçou começar a procurar outros contatos para vender a Mont Blanc.
— Acha que ele está blefando? — Jace pergunta por trás de mim.
— Não sei.
— Gerald só pensa em proteger o que é dele.
— Bem, então é melhor começarmos a pensar como ele — respondo, pronto para sair e não
voltar ao escritório pelo resto do dia, algo que nunca fiz em todo esse meu tempo como sócio
desta empresa.
— É hora de proteger o que é nosso — ele concorda.
Algo sobre como essa declaração soa me faz pensar. Viro para encará-lo.
— É isso.
— O quê?
Verifico outra vez se o meu celular está no bolso e vou para a porta com pressa.
— Tive uma ideia. Pode deixar comigo.
CAPÍTULO 15
DAHLIA
Eu amo Emily. Ela tem uma maneira de me ajudar a colocar as coisas em perspectiva.
Recebo uma mensagem dela no meio da minha aula de Ciências Animais do segundo ano. Em
geral, meu celular fica mudo quando estou em classe, mas hoje deixei no vibrador o dia inteiro
enquanto estou no campus. Meu plano era verificar os cães usando o aplicativo, ouvir quaisquer
alertas incomuns e só voltar para o condomínio se fosse necessário.
A mensagem de Emily muda tudo.
Emily: Então…? Como foi? Caramba,
aqueles caras eram gatos!
Eu: Estou na sala de aula. Falamos mais tarde?
Emily: Certo, mas vai perder.
Eu: O quê?
Emily: A melhor notícia do mundo! Além disso, fiz
almoço pra vc. Posso levá-lo na sua mansão no céu? Por
favor, diz que sim.
Estou tentada a recusar. Minha hora de almoço não me dará muito tempo com ela, porém, até
que gosto dessa restrição de tempo. Isso significa que posso me empanturrar com comida
enquanto ela me conta suas boas notícias, depois levar os cães para um passeio rápido, e se eu
tiver sorte, vou precisar sair para minha aula da tarde antes que ela me encurrale para obter
detalhes sobre a noite de merda que tive.
Eu: Rose pode vir também? Não a vejo há
séculos.
Emily: Provavelmente não. O super
estágio dela não está indo tão bem.
Eu: Ah, certo. Vejo vc às 12h15min. Não
se atrase, tá? Tenho aulas.
Emily: Estarei lá! Preparando os seus
favoritos.
***
Emily chega adiantada. Atravesso a rua até a entrada do prédio do condomínio para encontrá-
la abrindo a vasilha de comida que está em suas mãos. Ela oferece ao porteiro uma amostra do
que preparou para mim. Felizmente, sua vasilha de comida é apenas uma das várias na sacola
térmica pendurada sobre o seu ombro, então ainda vou poder comer até não aguentar mais.
— Oi, Dahl! — ela me cumprimenta, envolvendo o braço livre em torno de mim quando me
aproximo dela.
— Ei, Em.
Ela se afasta e dá uma rápida olhada em meu rosto.
— Você está bem? Está com uma aparência péssima.
— Não dormi muito — digo, sem me estender no assunto.
— Ah, é? — Ela sorri. — Então a vinda para casa com o seu bad boy bilionário foi boa?
— Não exatamente.
— Eita, mal posso esperar para ouvir como as coisas correram depois que você saiu. Já
mencionei o quanto te invejo agora? A propósito, é assim que as nossas vidas vão ser? Você
como convidada nos eventos em que trabalharei? Consigo até imaginar: Dahl no centro do palco,
enquanto a probrezinha da Em se mata de trabalhar em uma cozinha pequena, quente e mal
ventilada, coberta de ingredientes e cheirando a alho e filés de salmão de dois dias enquanto
prepara as melhores iguarias já provadas pela nata de Manhattan…
Emily divaga, enquanto vamos até a casa de Vivian. Não me importo. Quanto mais ela
tagarela, menos vai fazer perguntas. O que é ótimo para mim. Ela me informa sobre Rose, a
nossa outra colega de quarto. Rose também estuda em Columbia, cursando o último ano de
Administração de Empresas, e planeja fazer seu MBA no próximo outono. Embora o prédio do
curso dela fique a alguns quarteirões de onde a maioria das minhas aulas acontecem, raramente
nos vemos. O que é algo em que preciso trabalhar, porque ela é uma das poucas pessoas que
conheço e gosto de verdade aqui na cidade grande. Emily explica que o estágio obrigatório para
o qual Rose foi designada pelo curso não está indo muito bem. Algo sobre o chefe dela ser um
idiota e um filho da mãe antiético, mas com a longa noite que tive, minha atenção para reter
detalhes é muito pequena.
Então do nada, nós duas tomamos o maior susto ao entrar no saguão do apartamento de
Vivian.
Flores.
Dálias, para ser mais exata. Algumas são lilases, mas a maioria é rosa.
Estão por toda parte.
— Puta merda, Dahl! Elas são lindas! — Emily coloca a bolsa térmica e a vasilha de comida
no chão e enterra o nariz no arranjo floral mais próximo da porta da frente. — Nunca vi tantas
flores num só lugar. Nem mesmo naqueles casamentos elegantes que ajudei durante toda a
primavera passada. — Ela inclina o vaso para um lado e puxa o cartão preso entre as flores. —
Você deve dar uma olhada neste bilhete.
— Vá em frente e leia — digo a ela, porque já posso adivinhar que são de Jackson.
— Diz: Desculpa por ter reagido mal, boneca. Vou te recompensar, começando pelas flores.
JK. — Ela se vira para mim, intrigada. — Do que ele está arrependido?
— Nada importante — respondo com desdém e atravesso a floresta de buquês em direção à
cozinha, onde ainda mais dálias aguardam. Sou recebida por um Sheba entusiasmado, seguido
por Daisy e Bailey, que devem ter nos ouvido entrar.
— Sei que esses caras ricos gostam de exagerar, mas tudo isso? — Gesticula ao redor com o
braço livre. — Não pode ser sobre algo bobo. Desembucha.
Caindo sobre uma cadeira, estendo a mão para os cães e acaricio Bailey, que está mais perto
da minha perna.
— Não importa sobre o que foi. Tudo isso vai voltar para onde veio.
Balançando a cabeça, ela tira o avental de um bolso lateral da sacola e o coloca. Deve ser
novo, pois nunca vi Em o usando antes. É branco e nele está escrito em vermelho na altura do
peito: Mantenho as melhores sobremesas debaixo deste avental, então nunca confie no outro
chef. Sabe, né? Aquele com os quadris finos…. O que é engraçado, porque Emily é a chef mais
magra que já vi.
— Ei, estou faminta — digo a ela. — Podemos comer ou não? E quero ouvir a sua notícia.
— O quê? — ela persiste, tirando as vasilhas da sacola térmica. — Ah, não… Quero os
detalhes, Dahl. Minha novidadezinha não chega nem aos pés do que aconteceu após você ir
embora da festa ontem à noite.
— Vocês têm sido tão bonzinhos! — falo com os cães, ignorando a pergunta da Emily. —
Vivian treinou vocês para ficarem longe das flores dela, não foi? — Esticando o braço para o
frasco de petiscos selado no balcão, eu o abro e distribuo guloseimas para Bailey, depois para
Sheba e Daisy. — Boas garotas. E você também, Sheba. Você está se comportando tão bem!
Emily liga o forno, depois uma boca do fogão e começa a aquecer o nosso almoço.
— Vamos lá, Dahl. Me conta. Nem que seja um resumo.
— Você primeiro — insisto. — Qual é a sua novidade?
Balançando a cabeça, ela enfim cede, e sua expressão se ilumina.
— Blair Rasmus me contratou para fazer parte da equipe dele!
— Isso é incrível. Parabéns, amore!
— Obrigada. É um emprego de meio período, mas ao menos não é só um bico, Dahl. São três
noites por semana no Gauche, no restaurante dele no Soho.
— Uau. Aquele lugar é supercaro.
— Sofisticado, querida. Não caro.
— Certo. Entendi.
— Mas, falando sério, você sabe o que isso significa? É um sonho se tornando realidade,
Dahl! Não há um item no menu dele por menos de trezentos dólares. Esta sou eu jogando na
primeira divisão! Tudo o que sempre desejei está começando a acontecer… bem diante dos meus
olhos.
— Estou tão feliz por você, amiga! — digo com o máximo de entusiasmo que posso
expressar.
Não é que eu não esteja em êxtase por ela. Estou. Só não consigo sentir muita coisa desde
ontem à noite. Nem mesmo com todas essas malditas flores que Jackson comprou para mim. Na
verdade, elas só pioraram as coisas. São mais lembretes sobre o que poderia ter acontecido e não
aconteceu. Sobre uma rejeição tão grande que me deixa sem entender por que Jackson reagiu
daquela maneira. Ser virgem aos 19 anos não é nada demais de onde venho, mas ele agiu como
se tivesse uma praga, ou algo pior. Nesse momento, uma parte de mim deseja que não tivesse
dito nada para ele. A noite não teria terminado de maneira tão abrupta se eu ficasse calada, e essa
melancolia anticlimática de agora não me faria sentir tão entorpecida.
E eu não seria mais virgem.
Mas não, confiei em Jackson e paguei um preço pior do que se tivesse deixado Sheba cagar na
varanda dele.
— Dahlia?! — Emily grita para chamar a minha atenção.
— O quê?
— Onde sua mente estava agora? Você está meio fora de si, amore. Não ouviu a campainha?
Tem alguém na porta.
— Vou atender.
— Não, pode deixar que eu vou. — Ela me passa um prato de pepino com endro e pedaços de
tomate. — Aqui. Você precisa comer. Comece com isso.
Emily se vai e volta em menos de um minuto, mas não aparece sozinha. Com ela, está a
última pessoa que quero ver. Jackson surge ao lado dela com o amigo de óculos de ontem à
noite. Dylan, acho.
— Tem uma visita para você — ela diz, rindo como uma colegial enquanto gesticula para eles
e volta para o fogão.
— Oi, Dahlia — Jackson diz para mim. — Não sei se você se lembra de Dylan da noite
passada.
Aceno de maneira educada.
— Sim. Olá, novamente — digo a Dylan do outro lado da sala, mas ele parece muito mais
interessado no que Emily está trabalhando.
É melhor assim, porque não estou com o melhor humor. Estar no mesmo cômodo que Jackson
não é uma boa ideia. Coloco um pedaço de pepino na boca e fico de pé.
— Minha aula começa em quinze minutos, então este não é um bom momento. Mas Emily
está aqui. Ela acabou de fazer o almoço. Sintam-se livres para ficar e comer. — Volto-me para
Emily. — Vou deixar as chaves. Você poderia deixá-la na recepção depois de trancar?
— Sem problema. Obrigada por me deixar ficar — Emily agradece animada.
— Podemos trocar uma palavra em particular? — Jackson me pergunta, seguindo-me para
fora da cozinha.
Há um propósito nos meus passos enquanto me apresso para pegar minhas coisas ao lado da
porta.
— Infelizmente, estou sem tempo. Aproveite para almoçar. A comida de Emily é fantástica.
Acho que a viu no baile de gala ontem à noite. Ah, obrigada pelas flores, mas prefiro que as leve
de volta. De preferência antes de eu voltar para casa da aula hoje à noite.
— Vim aqui para me desculpar. Ontem à noite foi… eu… você me deixou desnorteado, sabe?
Não parecia certo…
— Olha, não precisa se explicar e é melhor nem tentar mesmo, pois só está me fazendo sentir
pior. Acho que entendo por que não pareceu certo para você.
— Não foi isso o que quis dizer. Se me deixar terminar, posso…
— Ah, você quer que eu te deixe terminar. Sério mesmo. Por favor. Nem mais uma palavra.
— Pego a minha mochila. — Emily, pode se certificar de colocar os cães de volta no quarto
deles no andar de cima antes de ir? Falo com você depois! — grito para ela.
— Pode deixar. Te vejo mais tarde! — responde da cozinha.
— Dahlia.
— Não. E não me siga — digo com os dentes cerrados.
Não penso duas vezes quando fecho a porta com Jackson lá dentro e vou para os elevadores.
Uma onda de satisfação me atinge durante a minha viagem para o térreo. Percebo ter um novo
nível de audácia em mim que eu não tinha antes. Um poder assertivo que nunca havia usado.
E é frio como gelo.
Posso agradecer a Jackson por libertar este novo lado meu.
CAPÍTULO 16
JACKSON
Dahlia está furiosa pra caramba.
Não posso culpá-la. Fui eu quem a tirei da cama quando devia tê-la deixado amarrada e ido
até o fim. E ela não me deixará esquecer isso.
Porque o inferno não conhece fúria como…
Pelo menos Dylan conseguiu o número de telefone da loirinha chef durante o almoço. Entre
provar sua comida e comê-la com os olhos toda vez que ela estava no fogão, deu para ver que os
dois têm uma conexão. Não entendo, mas quem sou eu para julgar? Afinal, estou preso à ideia de
ser dono de Dahlia, mesmo agora que estraguei tudo a ponto de não ter mais conserto.
Dylan e eu deixamos a casa de Vivian e começamos a fazer o nosso caminho através do
tráfego do meio-dia de volta para o escritório em seu Audi A6 preto. É o que ele gosta de chamar
de seu carro do dia a dia, pois possui muitos modelos de luxo e limitados superfaturados que
sequer pode dirigir fora dos meses de verão.
Estamos perto do escritório quando o número do meu irmão aparece no painel do carro de
Dylan, conectado ao celular.
— Como está indo a negociação? — Dylan pergunta, enquanto atende a chamada.
— Gerald está cuidando disso hoje — Jace explica. — E Foster está lá também para proteger
nossos interesses. Jackson está com você?
Posso dizer só pela voz que ele está em pânico.
— Estou aqui — digo a ele. — E você está no viva-voz. Que diabos está acontecendo?
— Estamos pulando fora deste acordo com a Mont Blanc.
— O quê? Quem decidiu isso?
— Eu acabei de decidir! — ele grita ao telefone, a raiva clara em seu tom. — E eu não dou a
mínima para Gerald ou mesmo para o que o meu pai vai fazer. Não vamos fechar o acordo.
— Jace, cara — Dylan interrompe. — Acalme-se e respire fundo. O que aconteceu?
— Estou calmo, porra, está bem?! — vocifera, mas eu o conheço. Meu irmão mal está
conseguindo dizer duas palavras sem ofegar com força como se estivesse numa briga.
— Pode nos encontrar no escritório? — pergunto. — Estamos perto. Vamos conversar sobre
isso pessoalmente.
Jace começa a murmurar algo ininteligível e me pergunto se ele estava bebendo. Mas ele
nunca toma bebida durante o dia.
— Jace? Só nos diga onde você está, cara. Vamos até você.
— Eles a mataram, Jackson — ele dispara.
Caralho, agora sei que Jace estava bebendo mesmo.
— O quê? De quem você está falando?
— Pantheon. Apenas venha para a casa do nosso pai — ofega, parecendo exausto. Depois
desliga.
A casa do nosso pai?
Que diabos está acontecendo? Quem a Pantheon matou? Estou tão nervoso que o meu crânio
está latejando. Com a direção toda cuidadosa de Dylan, vai levar uma eternidade para atravessar
a cidade. E se Jace estava ligando da casa do nosso pai, o meu instinto me diz que isto pode ser
mais pessoal do que negócios, mesmo com ele mencionado a Pantheon.
— Continue indo para o escritório — digo a Dylan. — Vou deixar você e pegar o seu carro
emprestado para buscá-lo. Algo não está certo.
— Tem certeza?
— Positivo. Na verdade, pare o carro. Você pode andar o resto do caminho. Pare agora.
Dylan me lança um olhar de descrença.
— O que raio deu em você e no seu irmão hoje?
— Eu disse para parar o maldito carro, idiota. Você ouviu como Jace estava. O escritório fica
a poucos quarteirões. Isso é urgente.
— Está bem. — Balançando a cabeça, Dylan dá a seta e encosta no primeiro espaço
disponível perto do meio-fio. Coloca o câmbio em neutro e salta para fora. — Nos informe sobre
o que está acontecendo assim que descobrir — ele me diz, enquanto sobe na calçada.
Saio e mudo depressa de lugar.
— Farei isso — confirmo, depois dirijo a toda velocidade.
Hora de obter algumas respostas.
***
Chego à casa do meu pai em Long Island e encontro Jace do lado de fora. Ele está sentado no
chão e apoiado contra o pneu dianteiro do lado do motorista do carro dele, desgrenhado, com
metade da bainha da camisa saindo das calças e sem paletó ou blazer. Saindo do carro de Dylan,
corro até ele e o ajudo a ficar de pé.
Este não é o meu irmão. Jace é sempre o epítome da compostura e do autocontrole.
— Jesus, Jace. O que aconteceu? Onde está papai?
— Ele ainda não chegou em casa. Não vou embora até convencê-lo de que este acordo está
cancelado.
— Entre no carro de Dylan e comece do início. Ainda não sei o que diabos está acontecendo.
Quem a Pantheon matou? — pergunto, bem consciente de que a frase não faz o menor sentido.
Ele se senta no banco do passageiro e demora um pouco para falar. Ligando o motor, coloco
os aquecedores no máximo, ligo aquecedores de assento e espero. Seja lá o que o deixou
abalado, deve ser algo grande.
— A empregada do papai está aqui? — pergunto. — Talvez você devesse se aquecer lá
dentro. Tomar um café ou algo assim.
— Acabei de sair de lá.
— Pode só me contar logo? Está me assuntado, Jace. O que aconteceu?
— Certo — diz, respirando fundo. — A droga usada para quimioterapia da Pantheon matou a
nossa mãe.
Não tenho certeza se o ouvi direito.
— Como?
— Aquele investigador que contratamos pagou alguém que trabalha lá e acabaram
desenterrando os ensaios clínicos antigos da empresa. Os efeitos colaterais da quimioterapia
causaram a insuficiência cardíaca da nossa mãe. Eles a mataram, Jackson. Nossa mãe foi uma
das participantes enquanto a droga ainda estava na fase experimental. E a empresa sabia sobre os
efeitos colaterais mesmo antes disso, mas enterrou os resultados de seus ensaios clínicos para
empurrar a droga para conseguir aprovação do departamento de saúde.
Minha mente fica dormente com cada nova informação. Não consigo pensar. Mal sou capaz
de falar, mas consigo perguntar a ele se o nosso pai sabe.
— Pai não sabe ainda. É por isso que não vou embora até que ele descubra.
— Tem certeza de que não foi um erro? — murmuro. — Alguma coincidência estranha? O
estado da mamãe era terminal, Jace. As pessoas não se recuperam de um câncer em estágio
quatro. E tivemos alguns anos extras com ela antes disso, quando entrou em remissão.
Jace acena com a cabeça para o carro dele.
— Vá pegar o relatório e leia você mesmo. Está no banco de trás.
Para ser sincero, não sei se tenho a coragem mental, emocional ou intestinal para analisar o
relatório que Jace quer que eu veja. Não sem no final querer matar alguém de verdade. Apenas
sei que não podemos nos dar ao luxo de estarmos fora de controle se e quando dermos a notícia
ao nosso pai.
— Vou levá-lo de volta para a sua casa — digo, decidido. — Sterling pode trazer seu carro de
volta mais tarde. Por enquanto, vou te deixar na sua casa para poder se recompor. Então vou para
minha casa, leio o relatório, e se eu concordar com você, vamos confrontar o nosso pai, juntos, e
anular esse maldito acordo com a Mont Blanc.
Ele assente. Isso basta para mim. Com o relatório que estava em seu carro agora guardado no
banco de trás do veículo de Dylan, levo Jace até o condomínio dele em Midtown e volto para a
minha casa.
Levo quase uma hora para reunir a coragem de abrir o relatório, e quando eu enfim faço isso,
gostaria de não ter lido o que tinha nele.
Tudo o que Jace disse estava certo.
Estou furioso o suficiente para matar.
De repente, há latidos incrivelmente altos e choramingos de vários cães na minha porta da
frente, seguidos de batidas.
Se for Dahlia, ela escolheu um momento péssimo para aparecer, como sempre.
CAPÍTULO 17
DAHLIA
Os cães estão descontrolados. Estavam bem quando voltei da aula, mas agora, é puro caos.
Presumo que estejam agindo assim porque estiveram presos o dia todo. Levá-los para uma
caminhada bem longa parece uma escolha sensata, então coloco suas coleiras, guardo a bolsinha
com os aperitivos e suprimentos, o celular e as chaves no bolso do meu casaco de inverno, e abro
a porta da frente para irmos pegar o elevador.
Só que não é isso que eles fazem.
Sheba, Daisy e Bailey disparam através da porta e me arrastam pelo corredor antes que eu
possa tentar fechá-la. Vão na direção oposta aos elevadores e só param quando chegam na frente
da porta de Jackson.
— Minha nossa, o que raios deu em vocês três? — pergunto, olhando para eles.
Claro, não espero uma resposta, mas Daisy começa a choramingar e gemer, Bailey começa a
uivar e Sheba se junta com os seus latidos insuportavelmente altos e agudos. No ângulo em que
Daisy está contra a parede, seu rabo bate sem parar contra a porta de Jackson. Puxo as coleiras
deles com um pouco mais de força. Não o suficiente para machucá-los, apenas para lembrá-los
de seu treinamento.
Nem saem do lugar.
— Venham cá, cachorrinhos — imploro, pois este é o último lugar em que quero estar agora.
Mas não se movem. Chamo, assobio e tento suborná-los com petiscos. Nada funciona. Eu não
entendo. Este comportamento não é nada característico deles. Torcendo para algo funcionar,
solto as coleiras deles, volto para a porta de Vivian e a abro, chamando-os de volta para dentro.
Nadinha. Não vão sair de lá. Na verdade, fazem ainda mais barulho agora. Voltando paro o lado
deles, pego Sheba nos meus braços, esperando poder trazê-los de volta para Vivian nem que
fosse um por um.
Qualquer coisa para atraí-los para longe da porta de Jackson.
Mas Sheba rosna para mim, agindo como se fosse me morder a qualquer momento por
arrancá-lo da porta de Jackson.
Que merda é essa?
— Vai ficar tudo bem — digo a eles, como se pudessem me entender. — Não sei o que deu
em vocês, mas vou levá-los para suas caminhas e garantir que estejam bem alimentados, e vocês
vão se acalmar, certo? Tudo vai ficar bem.
Ele mais ou menos se acalma, então agarro o colarinho de Bailey e tento persuadi-la a vir
comigo.
Bailey não se mexe.
Bailey não se mexe?
Muito estranho. Ela é a calma dos três, a que vai com o fluxo, mas, de repente, parece ter
desenvolvido um gosto pelo apartamento de Jackson também.
Estou perplexa e não faço ideia do que fazer a seguir, mas o destino parece tomar a decisão
por mim. Jackson abre a porta com um pouco mais de força do que o necessário. Ele sequer tem
a oportunidade para abrir a boca ou gritar comigo, porque Sheba se debate em meus braços e
salta para o chão. Então os três cães correm para ele. Daisy se levanta nas patas traseiras e apoia
as dianteiras no peito de Jackson, lambendo o rosto dele, enquanto Bailey se senta ao seu lado. E
Sheba, bem, ele é uma bolinha saltitante agora, tentando lançar-se nos braços de Jackson.
Se Jackson quis me amarrar pelo que Sheba fez na semana passada, não consigo imaginar
como ele me fará pagar por isso.
— Me desculpa — digo sem rodeios, embora, por mais arrependida que esteja, não há
nenhum sinal do remoço que costumava transparecer em minha voz. — Sabe que nunca os traria
aqui se tivesse escolha. Não sei o que deu neles. Começaram a ficar agitados assim há meia hora
e não param. Eu estava prestes a levá-los para passear, mas vieram para cá e se recusaram a sair
da sua porta. Então você a abriu.
Ele apenas fica ali parado com um ar severo. É mais do que apenas sério, e embora eu não
consiga dizer o motivo, sei que algo está errado.
— Está tudo bem?
— Tire seus cães daqui — resmunga, mas Sheba corre para o saguão e desaparece em algum
lugar dentro do apartamento, seguido de perto por Bailey, depois Daisy.
Será que todos eles enlouqueceram de vez?
— Vou pegá-los. Vai demorar um pouco, mas vou começar com Sheba e tirá-los do seu pé
um por um. Mais uma vez, sinto muito por isso, Jackson.
Eu o sigo enquanto ele percorre cada cômodo até parar no escritório.
— Estão aqui.
Ele espera na porta com os braços cruzados sobre o peito enquanto passo por ele e vou para o
lado do sofá de couro onde os cachorros, ao que parece, passaram a residir. Estendo a mão para
Sheba e ele chega a mostrar os dentes para mim. Essa é mensagem bem clara. Ele quer que eu
me afaste, e está me avisando antes de se tornar mais agressivo.
— Que raios é isso? — Olho para Jackson e estico o braço para agarrar a coleira de Sheba. —
Ele nunca se comportou assim.
Jackson provavelmente já está de saco cheio de nós. Ele entra na sala e se senta no sofá,
inclinando-se para o lado para agarrar o colarinho de Bailey. É quando Sheba salta para o colo
dele e Daisy vai para o outro lado. Bailey descansa a cabeça no joelho de Jackson e Daisy lambe
o lado do rosto dele.
Estão protegendo Jackson?
O que é mais estranho é que Jackson não está os afastando.
— Sente-se — diz, e me pergunto se ele está se dirigindo aos cães, ou a mim.
— O quê? — questiono sem olhar para ele.
— Melhor se sentar. Eles vão embora quando estiverem prontos.
Estou prestes a desconsiderar as últimas vinte e quatro horas, porque diabos, devo ter entrado
em uma realidade alternativa.
***
— O que há com você hoje? — pergunto, depois de ficarmos sentados em silêncio no sofá
pelo que parece uma eternidade. Sua expressão é sombria, mortalmente séria. O olhar que ele me
dá envia um calafrio repentino pela espinha. Se eu puder me concentrar o suficiente para
aguentar mais um pouco, não terei que sentir o olhar dele em mim outra vez.
— Nada. Tudo. É complicado.
— Desabafe comigo.
Ele zomba com uma risada fraca.
— Você não querer saber.
— Deve ser bem ruim. Quero dizer, isso o afetou a tal ponto que os cães devem estar sentindo
que você precisa de conforto.
Ele levanta as sobrancelhas e balança a cabeça como se eu estivesse errada.
— Cachorros não são tão inteligentes.
— São mais espertos do que você pensa. Por que mais viriam a até você?
Jackson inclina a cabeça para um lado, as sobrancelhas franzidas em confusão. Mas é até
engraçado o fato de ele estar cético agora, com uma Dogue Alemão, um Shih Tzu e uma Bull
Terrier aconchegados nele como se fossem seus animais de estimação. Jackson se inclina para
trás e volta a descansar a cabeça no encosto do sofá, cruzando os braços acima das cabeças dos
cães. Aqueles braços musculosos que ficavam sempre escondidos sob o terno, camisas de
mangas compridas e smoking.
Até agora.
Não consigo evitar que meus olhos fixem na manga de tatuagens dele em cada braço, ou o
contorno de seu peitoral enorme enquanto ele me estuda, colocando distância entre nós com seus
olhos quase ilegíveis. Seu olhar silencioso é intenso demais. Não consigo mais aguentar isso,
então bato a palma contra o meu joelho para ver se os cães estão prontos para voltar a me
obedecer. Aff. Eles nem sequer olham na minha direção.
Então Jackson descruza os braços e coloca a mão sobre a minha.
— Você não me deve nada — diz de repente.
O quê? Esse assunto de novo?
— Está de brincadeira, não é? — questiono entredentes.
— Não. É por isso que te deixei ir.
A fúria toma conta de mim. O calor sobe pelo meu pescoço até o meu rosto. Meu coração
começa disparar, o sangue martelando em meus ouvidos e meu estômago dá uma guinada de
náusea… ou outra coisa. Ele é o homem mais rude, mais desagradável, arrogante e sexy que já
conheci na minha vida. Não sei por que os cães gostaram tanto dele. Por um momento, a questão
do porquê ele tem esse efeito sobre mim toma conta da minha mente. Além disso, eu deveria
estar muito mais ofendida que isso. E estou, mas também me sinto… atraída por ele. Sacudo a
cabeça com o pensamento. Respirando fundo, lembro-me de que não preciso disso. Afinal, até
ele mesmo acabou de confirmar que vai deixar a questão da invasão de lado.
Droga. Queria muito que Sheba não tivesse colocado as patas no terraço dele.
Minha mão trêmula empurra a dele para longe do meu joelho. Com minhas pernas ainda
funcionando, levanto-me para sair. Desde que Jackson não mande os cães para o canil, podem
ficar lá por algumas horas.
— Você tem o meu número. Me ligue quando eu puder vir pegá-los.
— Espera. Isso não é fácil para mim.
Ele gesticula para que eu volte a me sentar. Não volto para o lado dele, mas me sento na
poltrona acolchoada creme a alguns metros de distância.
Então ele respira fundo e me conta tudo. Desde o que aconteceu no trabalho dele nessas
poucas semanas, aos detalhes sobre sua infância, à maneira como mantém todos a uma distância
emocional. Que é uma das razões para ele ter me mandado embora quando descobriu que sou
virgem. Jackson realmente pensou que eu acabaria me apegando a ele. Certo, talvez eu fosse me
apegar mesmo.
De qualquer forma, é comovente vê-lo sob essa nova luz, mas meu coração se parte quando
ele me conta sobre esse acordo de aquisição que estão trabalhando para fechar, e sobre o que
Jace acabou de descobrir em relação a mãe deles. Uma parte de mim quer desabar em lágrimas.
Que a droga experimental que levou a mãe deles a entrar em remissão do câncer de mama
também é a causa dos efeitos colaterais que a mataram dois anos depois. A empresa enterrou
ilegalmente os dados e removeu seus resultados dos testes para poderem conseguir a aprovação
do departamento de vigilância. E é essa mesma empresa que está no grupo de subsidiárias que a
firma dele está negociando para adquirir.
Olhando para Jackson agora, não consigo nem imaginar como ele é capaz de lidar com a
tragédia e a ironia de tudo isso. Não estou só triste por ele. Estou com raiva. Sua família merece
justiça. Alguém precisa pagar.
Procuro algo para dizer, mas as palavras não vêm. Nada parece adequado.
Jackson desliza a cabeça dos cães do colo dele e se levanta. Aproxima-se de mim em apenas
algumas passadas e a próxima coisa que percebo é ele me colocando de pé, suas mãos segurando
ambos os lados do meu rosto e seus olhos intensos me fitando.
CAPÍTULO 18
DAHLIA
— Fique — ele sussurra o comando, mas não me dá a chance de responder.
Esqueço-me de tudo o que estava pensando. Mal posso esperar pelo que vai acontecer a
seguir. O tempo para consolar Jackson com palavras já passou. Por enquanto, só quero senti-lo
perto de mim. Seus lábios encontram os meus e caramba, todo o meu corpo se ilumina em
chamas. Inclinando-me para ele, levanto-me na ponta dos pés ainda com os tênis e levo minhas
mãos para sua nuca, usando meus dedos para agarrar o cabelo dele em busca de apoio. Ele
esmaga os lábios nos meus, beijando-me com fome.
Sinto como se seu toque fosse muito mais que luxúria, mas o que eu saberia sobre isso?
Afinal, meu único parâmetro é uma sessão de amassos quando estava no ensino médio e alguns
beijos de caras que agora sei serem ou amadores, ou não estavam muito a fim de mim. Jackson e
eu temos algo mais. Quase me assusta que eu esteja começando a gostar tanto dele. O fato de
termos tão pouco em comum faz o medo atravessar o meu corpo por um instante. Ele deve sentir
parte da minha hesitação porque recua o tempo suficiente para olhar nos meus olhos outra vez.
Seus olhos examinam os meus com uma pergunta. É isso mesmo que quero? Posso não ter
certeza sobre muita coisa, mas tenho dessa.
Quero que Jackson Knight seja o meu primeiro.
Estava certa disso quando o deixei me amarrar à cama dele na noite anterior. Mas agora,
depois conhecê-lo melhor, não tenho dúvidas de que ontem à noite aconteceu exatamente como
estava destinado a acontecer. Faço que sim com a cabeça e sei que ele também entende essa
verdade. Ele pressiona a parte inferior das minhas costas, puxando-me para perto, tanto que
posso sentir cada músculo de seu abdômen sarado, a ereção grossa entre nossas roupas e seu
coração acelerado batendo contra meus seios. Essa combinação apenas intensifica o latejar
insistente no fundo do meu núcleo.
Sentir a firmeza da mão de Jackson nas minhas costas elimina qualquer hesitação que me
restou. Quero isso. Não vou a lugar nenhum até que ele me mostre o que tanto venho esperando
para experienciar. Meus olhos se fecham quando ele coloca a mão no meu cabelo e morde de
leve o meu lábio inferior, puxando-o entre os dentes. Solto um suspiro de desejo em sua boca e
Jackson grunhe um som primitivo. Ele me beija de modo selvagem, seu toque quente contra mim
enquanto nossas línguas se conectam e se saboreiam. Jackson prende a minha língua com a dele.
Estou tão imersa no momento que posso sentir cada poro e crista enquanto ele reivindica a minha
boca da maneira que sem dúvida vai possuir o resto do meu corpo.
Intenso. Confiante. Magistral.
Ele se desloca um pouco para um lado, colocando o joelho entre as minhas coxas, o que
aumenta a pressão de sua ereção rígida no topo do meu monte de Vênus. Pisco para afastar a
tontura causada pela pura necessidade de sentir mais a sua pele nua em mim. Dentro de mim. O
desejo é tão forte que levanto uma perna ao longo de sua panturrilha enquanto ele esfrega o
quadril contra meu clitóris latejante. Desejando de repente que pudéssemos voltar para a noite
passada, nus em sua cama.
Todas estas roupas precisam desaparecer de nós dois. Inclino os quadris, desesperada para
encontrar o alívio desse anseio que sinto desde o segundo em que o vi. Jackson deve estar
tomado pela necessidade também. Com as duas mãos nos meus quadris, ele me pega com
facilidade, envolvendo minhas pernas ao redor dele para me levar a algum lugar no final do
corredor. Talvez para um quarto de hóspedes, ou uma sala de estar mais confortável. Não me
importo muito, e nem os cães, porque não nos seguem para fora do escritório.
Estou dominada pelo desejo. Se o meu clitóris estava latejando antes, está martelando agora,
dolorido pelo aperto contra ele e por estar tão próximo da dureza que preciso tanto dentro de
mim, para enfim ser preenchida como nunca antes. Como eu suspeitava, chegamos a um quarto
de hóspedes e ele fecha a porta atrás dele com um chute. Quando Jackson me coloca no centro da
cama, abre a boca para dizer alguma coisa, mas coloco minha mão sobre os lábios dele. Sei o que
ele quer perguntar. A minha resposta é sim.
Quero isso.
Estou pronta. Eu o perdoo por ontem à noite. Estou certa disso.
Ele se abaixa sobre mim, cobrindo-me com um calor perverso que irradia de sua pele,
restringindo minha capacidade de me mover e sobrecarregando meus sentidos. Não sei a razão,
mas amo essa sensação de estar de alguma forma presa. Ou talvez eu tenha gostado da maneira
como ele me amarrou à sua cama mais do que gostaria de admitir.
Com uma mão apoiando a parte superior do corpo, Jackson levanta o tronco e o afasta do
meu. Começo a alcançar a bainha da minha blusa, mas ele me impede.
— Não precisa ter pressa, boneca — ele me diz com aquela voz rouca profunda, vindo da
parte de trás da garganta. — Temos a noite toda.
— Eu esperei por você. — Ouço as palavras saírem da minha boca e quase não acredito que
acabei de dizer isso.
— Porra… nós dois vamos aproveitar mais se me deixar cuidar de você. Não se arrependerá
de me permitir ser o seu primeiro. Isso eu prometo.
Ele desliza minha blusa para cima do meu corpo bem devagar, centímetro por centímetro,
beijando-me ao longo da barriga com o toque mais suave de seus lábios. Puxando a blusa sobre a
minha cabeça, ele a joga para o lado da cama e alcança minhas costas, soltando meu sutiã e o
lançando na mesma direção de onde quer que minha blusa tenha ido. Jackson leva um momento
para se afastar e olhar para mim, isso me faz perder o calor de seu corpo contra o meu, enquanto
minha barriga, seios e ombros são atingidos com força pelo frio do quarto.
Seus olhos correm pelo meu corpo e ele geme enquanto desliza os dedos firmes ao longo da
minha clavícula, entre o meu decote e pela minha barriga até a cós das minhas calças. Dedos
habilidosos de uma mão abre o botão e desliza o zíper. Com um movimento rápido, puxa a calça
pelos meus quadris, empurrando-a pelas minhas pernas até passarem pelas panturrilhas, ponto
em que a arrasto pelo resto do caminho.
Jackson ainda não tira a minha calcinha. Ele agarra os lados do tecido, enquanto deixa uma
trilha de beijos indo da minha barriga até o meu monte de Vênus por cima do tecido da minha
calcinha. Inspiro fundo para tentar controlar o meu desejo. O que ele está fazendo comigo é puro
prazer e tortura. Seu toque espalha fogo em minha pele, enquanto a barreira entre a nossa pele
desperta um anseio profundo em mim, fazendo meus quadris se contorcerem e arquearem na
cama. Quero enrolar as minhas pernas em sua cabeça para ter mais contato com seus lábios.
Quero a ereção em meu corpo. Estou desesperada para tê-lo enterrado bem fundo em mim. Mas
não vou a lugar nenhum, não com seus braços fortes prendendo meus quadris à cama.
Sua língua golpeia a ponta do meu botão mais sensível, e estou pronta para implorá-lo para
arrancar essas calcinhas encharcadas de mim.
E eu imploro.
O som da minha própria voz suplicante se registra na minha cabeça, e ele grunhe uma risada
suave. Jackson move as mãos para a parte de trás dos meus joelhos e me abre, nunca permitindo
que sua boca se afaste do meu centro. Quando penso que vou morrer de necessidade, ele fecha a
mão num dos lados da minha calcinha e a arranca de mim, atirando os pedaços de tecido para
longe da cama. Ele me encara, seu olhar é intenso enquanto reconecta os lábios ao redor do meu
clitóris. Meus olhos se fecham de prazer, mas o meu êxtase não dura. O calor do seu toque
desaparece da minha pele cedo demais, fazendo-me olhar para ele de novo.
— Não feche os olhos, boneca — sussurra. — Preciso ver a expressão em seus olhos quando
te fizer gozar. Quero que saiba quem está levando o seu corpo ao clímax.
— Hmmm — murmuro.
Com os olhos fixos em mim para ver a minha reação, desliza a língua para baixo através de
um lado dos meus grandes lábios e para cima do outro, provando meu centro molhado enquanto
faz movimentos lentos e circulares que me aproximam da insanidade erótica. Não consigo
segurar o gemido que escapa dos meus lábios quando ele volta a dar atenção ao meu botão
inchado e sensível. E enquanto achata a língua e chicoteia a ponta, ele enterra dois dedos grossos
bem fundo em mim.
— Oh, Deus! — grito, quando um orgasmo poderoso se apodera do meu corpo, afogando-me
com mais prazer do que eu jamais senti.
Minhas pernas começam a tremer. Faíscas explodem por trás do meu ventre agora que
entreguei todo o controle ao momento.
Que o entreguei a Jackson.
A essa altura, meus olhos estão abertos, mas não vejo nada na minha frente. Tudo não passa
de luz branca e manchas de todas as cores que obscurecem minha visão enquanto ele me fode
com o dedo e faz meu orgasmo explodir para além de qualquer sensação que já experimentei.
Balanço os meus quadris no mesmo ritmo dos dedos e a língua hábil dele, prologando o
momento até que a exaustão me domina e eu não consigo me mover mais um centímetro.
CAPÍTULO 19
JACKSON
Só estou começando.
A ideia de que vou ser o primeiro homem a estar dentro de sua boceta virgem repete na minha
mente como um disco quebrado, mas me obrigo a tomar o meu tempo.
Eu me movo para cima na cama e relaxo ao lado dela por um tempo, permitindo que ela
recupere o fôlego. Dahlia abre a boca para dizer alguma coisa, mas acaricio seu lábio inferior
com o polegar. A respiração dela no meu dedo faz meu pau latejar, e começo a me perguntar se
sou forte o suficiente para aguentar por muito mais tempo.
Então ela me implora, suplica para eu a foder, e com isso, sela o acordo.
Saindo da cama, tiro as roupas, os olhos absorvendo cada centímetro do corpo dela e sua
cabeça no meu travesseiro. Abaixo-me avidamente na cama e não perco tempo. Separando as
pernas dela, olho para seus pelos aparados e a boceta rosada… que nunca foi tocada. Cada
segundo é uma batalha em minha mente. Pau ou boca? Fodê-la com força, ou a chupar bem
gostoso e devagar? Decido por um meio-termo. Penetrar seu calor apertado com dois dedos e dar
mais atenção ao clitóris irá desfazê-la aos poucos.
Meus instintos são certeiros. Dahlia rebola os quadris nos meus dedos e grita meu nome
enquanto toma cada impulso firme. Acelero um pouco, afastando os dedos dentro dela, esticando
as paredes para prepará-la para o que certamente a alargará muito mais. Sorrindo enquanto ela
estremece através de outro clímax, tiro os dedos bem devagar e deslizo pelo seu corpo. Encontro
um preservativo, abro o pacote e o coloco, então, lentamente, empurro minha ponta na abertura
dela.
Dahlia continua presa em seu último orgasmo, com seus quadris rebolando enquanto enfio
meu pau grosso nela. Deixo os movimentos dela controlarem o ritmo. Ela é quente e tão
apertada, envolvendo-me com força, fazendo-me agarrar o seu ombro com uma mão e a cama
com a outra para manter o controle.
Mergulho nela um pouco mais. Desta vez, seu corpo endurece e as pernas congelam no lugar.
Dói-me parar, mas tenho certeza de que a ela também.
— Machuquei você? — pergunto, olhando para baixo entre nós, aquela pequena parte de mim
desejando testemunhar o sangue virgem dela no meu pau.
— Não — responde, movendo os quadris de novo e cravando os dedos no meu tríceps. — A
sensação é tão gostosa. Por favor, não pare.
Beijo sua bochecha e continuo, mais devagar desta vez, mas ela me implora para tomá-la com
mais força. Retirando-me, estudo o seu rosto novamente, e quando geme outra súplica, enfio nela
com força. Dahlia se agarra a mim a cada movimento para dentro, depois para fora, enchendo o
seu centro que abraça meu pau, depois puxando para trás e me enterrando nela mais uma vez.
Com uma mão apoiando meu peso, deslizo a outra por baixo dela e aperto uma de suas
nádegas. O movimento bruto faz seu ventre contrair. Dahlia solta um gemido agudo enquanto
goza com força. Ela está fraca e tremendo, caindo em exaustão quando a pressão nas minhas
bolas se torna poderosa demais para continuar me segurando. Enterro a minha cabeça no pescoço
dela, deixando o meu corpo relaxar enquanto gozo.
Ela se agarra a mim enquanto tomamos nosso tempo para recuperar o fôlego, e uma vez que
Dahlia relaxa o aperto nos meus braços, saio de dentro dela, descarto a camisinha usada e me
deito ao seu lado.
Minha boneca.
Minha e só minha.
Ela pode não saber ainda, mas sou dono dela, e não vou deixá-la ir.
CAPÍTULO 20
DAHLIA
Acordo com a luz do sol entrando pela abertura entre as cortinas da janela, e o calor do corpo
de Jackson prensado contra as minhas costas. Semicerrando os olhos, levanto a cabeça e olho
para ele. Está dormindo, mas mesmo agora, seu comprimento substancial pressiona a parte
inferior das minhas costas. Viro-me para aninhar ao peito dele e olho para o seu pau. Credo, é
enorme. Não sei como todo esse músculo rígido se encaixou em mim ontem à noite, mas foi tão
bom.
Meu núcleo aperta só de pensar nisso, e tudo o que posso fazer para aliviar a onda de
necessidade é cruzar minhas pernas e pressionar minhas coxas com força uma na outra. O
gemido que deixei escapar dos meus lábios deve ter acordado Jackson. Com as mãos na minha
bunda, rola de costas, abrindo minhas pernas aos lados do seu corpo enquanto me leva com ele.
— Bom dia, boneca — geme debaixo de mim.
Sorrio para ele, passando a mão através de seu cabelo.
— Bom dia.
— Como está se sentindo?
— Ótima.
— Bom. Não se preocupe com os cães — diz e suas palavras me deixam sóbria de imediato,
pois havia me esquecido deles. — Acordei mais cedo. Eles comeram. E eu os deixei no terraço
por um tempo.
Empurro meu corpo com as mãos e me sento em pânico.
— Caramba, os cães! O que eles comeram? Onde é que dormiram?
— Restos de comida chinesa, e estão no escritório.
— Não deixe Vivian saber com o que você os alimentou — aviso, aliviada por ele não ter
dado cereais matinais ou algo pior.
Jackson agarra minha cintura e me levanta, libertando sua rigidez. Estendendo a mão para a
mesinha de cabeceira, ele encontra uma camisinha, tira-a do pacote e a coloca.
— Senta na sela e cavalga, boneca do interior — comanda com a voz rouca, os olhos
brincalhões, mas ainda tão intensos.
— Está zombando de mim? — pergunto com a voz fraca.
Meus olhos se fecham enquanto as mãos dele cobrem meus seios, massageando minha carne
enquanto os polegares deslizam sobre cada mamilo.
— Sem falar. Apenas suba a bordo.
Deslizo para trás para me dar algum espaço para ver o que estou fazendo, sorrindo enquanto
envolvo meus dedos em torno de sua ereção grossa e enorme. Se eu pudesse, passaria algum
tempo o tocando, mas como ele disse, haverá tempo para isso. Com uma mão em seu tanquinho,
levanto os quadris e uso a outra mão para posicionar sua ponta suave e aveludada na minha
abertura. Abaixo meu corpo, sentindo cada delicioso, grosso e satisfatório centímetro, e
permitindo que ele me preencha. Minhas paredes internas esticam. Estou um pouco dolorida,
mas é muito bom para não querer mais.
— Você é tão apertada — sibila.
Minhas palmas alcançam os músculos do abdômen dele para equilíbrio. Devagar, eu me movo
para cima e para baixo no pau dele, deleitando-me neste passeio tão pecaminoso e sexy. Repleta
de desejo e, para ser honesta, tomada por uma coragem inesperada, movo uma das mãos dele
para o meu clitóris inchado e latejante que precisa desesperadamente de alguma fricção. Os
lábios de Jackson se curvam num sorriso. Ele me apalpa lá e massageia um ponto que leva todo o
meu corpo a se contrair e convulsionar em um orgasmo tão avassalador que tenho certeza de que
vou desmaiar. Não sei o que me atinge, mas é com força, roubando o ar dos meus pulmões e
cada grama de energia dos meus músculos.
Ele desliza uma mão pelas minhas costas e a outra agarra meu quadril. Estou pressionada
contra o peito dele, encharcada de suor e ofegante enquanto ele me beija. Rolando os quadris, ele
estoca em mim e atinge meu útero com cada impulso. Repetidas vezes, cada investida estende
meu prazer até que parece se misturar com o dele à medida que ele goza.
A sensação inebriante retorna, esvaziando minha mente enquanto ele passa as mãos pelo meu
cabelo. Logo há apenas o som de nossas respirações e uma experiência de calma que acho que
nunca conheci. Mal posso esperar para me sentir assim novamente.
CAPÍTULO 21
JACKSON
Cerca de uma semana depois, estou no meio de uma reunião interna durante o dia inteiro para
falar de estratégia com Jace, Dylan, Foster, Caleb e o advogado de contratos da nossa firma,
quando Gemma entra de fininho na sala de reuniões.
— O que foi? — pergunto, enquanto ela fica parada na porta, esperando Caleb terminar de
falar. — O meu pai já chegou?
— Não, sr. Knight. O senhor tem uma visita não agendada.
— Pedi para cancelar todos os compromissos do dia, Gemma — digo com firmeza. — Esta é
uma reunião urgente.
— Entendo, mas… podemos falar no corredor por um momento? É um assunto pessoal, eu
acho.
Gemma é a melhor assistente executiva que já tive, depois de muita tentativa e erro. Ela
trabalha para mim há anos, e sabe que não devia interromper a minha reunião. O que me deixa
ainda mais curioso sobre por quem ela escolheu correr o risco de vir aqui.
— Continuem, senhores — digo por cima de um ombro e a sigo até o corredor, puxando a
porta e a fechando atrás de mim. — Do que diabos isso se trata? — demando saber.
Gemma move o queixo em direção à entrada principal.
Dahlia está de pé no corredor, vestindo um cardigã rosa-claro, uma minissaia preta e um par
de botas de cowboy de tom rosado. E segurando os cães dela.
— Ei — eu a cumprimento e meu pau ganha vida. Estou curioso para saber o que deve ser tão
urgente para ela aparecer no meu escritório sem avisar, mas já estou feliz por ela ter vindo. —
Está tudo bem?
— Olá, Jackson. Tentei telefonar para você e depois enviei algumas mensagens de texto.
— Sim, deixei meu celular no escritório.
— Podemos conversar em particular? Vou ser rápida.
— Claro. — Volto-me para Gemma. — Se não se importar, teria como cuidar dos cães para
nós?
— Claro, sr. Knight.
— E avise ao meu irmão que posso demorar um pouco. Além disso, se o meu pai aparecer,
mande-o para a sala de reuniões.
Guiando Dahlia pelo corredor, eu a levo até o meu escritório e fecho a porta, trancando-a atrás
de mim com um clique audível.
— E aí?
Ela se aproxima de mim e envolve os braços em volta da minha cintura, descansando a cabeça
no meio do meu peito.
— Isso vai soar como se estivesse vindo do nada, mas, por favor, me ouça.
— Claro — digo a ela e beijo o topo de sua cabeça.
Nós dois nos sentamos em duas cadeiras para visitas, de frente uma para a outra. A
curiosidade está me matando, mas a roupa dela faz o meu pau apertar contra o meu zíper. Mal
posso esperar para ela me dizer logo o motivo de estar aqui e assim eu possa chegar à parte boa e
meter em sua boceta doce e apertada, aqui mesmo no meu escritório.
— O que houve? — pergunto.
— Acha que você ou Jace, ou alguém da sua empresa, pode se encontrar com a minha colega
de quarto? Não é Emily. É para Rose. Você ainda não a conheceu.
— Não sei. Sobre o que seria exatamente?
— Ela está completando um estágio como parte de sua graduação em administração de
empresas, e há um problema que acho que você deve saber. A trabalho dela lá não está dando
muito certo. Pensei que talvez você pudesse ajudar.
A tentação de dizer a ela que estamos um pouco cedo demais no jogo para eu contratar suas
amigas como um favor faz cócegas na minha garganta.
— Ajudá-la como? — pergunto em vez disso.
— Ela está preocupada com algo que ouviu. Não sei muito bem todos os detalhes.
— Não tenho certeza de como posso… — começo a dizer, mas Dahlia me interrompe, os
olhos arregalados e insistentes.
— Pode haver uma conexão entre o lugar onde Rose trabalha e o que você me contou sobre
aquela empresa farmacêutica.
— O quê? Nunca mencionei nenhum nome de empresa.
— Eu sei. Poderia apenas conversar com ela?
Passo a mão pela mandíbula, imaginando se há ou não algo que eu possa fazer pela amiga
dela.
— Onde ela trabalha?
— Levine Holdings.
A minha mão voa até as minhas têmporas. Isso deve ser algum tipo de presente dos deuses.
— Sua colega de quarto faz estágio na Levine Holdings?
Ela concorda com a cabeça.
— Qual o nome dela?
— Rose Burnell.
— Quando podemos nos encontrar com ela? Espere, deixe-me colocar Jace e Dylan na
conversa — digo, pressionando a discagem rápida no telefone do meu escritório para a mesa de
Gemma. — Gemma?
— Sim, sr. Knight? — ela atende.
— Espere, quem está cuidando dos cachorros?
— Marina — responde, referindo-se à assistente do departamento de Caleb e Foster.
— Certo. Conecte-me à sala de reuniões por um segundo e os coloque no viva-voz. — Ela faz
o que peço, e após esperar alguns momentos, a linha se conecta. — Jace, aconteceu algo. Antes
de entrar em detalhes, peça ao advogado que se retire por um minuto.
— Certo.
Espero que ele me dê o sinal verde, então pergunto:
— Podemos usar alguma ajuda discreta de alguém da Levine Holdings para este acordo da
Mont Blanc?
— Aqui é Dylan falando, Jack tarado — diz Dylan com uma risada, sem saber que Dahlia está
aqui comigo. — E sim, com certeza podemos. Tem alguém em mente?
— Tenho, e eu não estou sozinho aqui, a propósito.
— Qual é o nome do funcionário? — Jace pergunta.
— É uma estagiária. Rose Burnell — respondo. Então o som de alguém tossindo e quase
sufocando na sala domina as outras vozes. — O quê? Algum de vocês a conhece?
— Isso seria Caleb — Jace diz. — Ele ouviu o nome e começou a tossir um pulmão.
— Importa-se de explicar? — Dylan pergunta a ele.
— Longa história — Caleb responde, pigarreando.
— Dylan, pode assumir a liderança nesta tarefa? Caleb deve ter um histórico com a srta.
Burnell — digo com um encolher de ombros, apenas para o benefício de Dahlia.
— Ele tem um histórico com toda a população feminina de sua alma mater pelos quatro anos
que frequentou a Universidade de Columbia — Dylan brinca. — E espionagem corporativa?
Claro, assumo a liderança. É provável que um de nós seja preso e enviado para uma prisão do
federal, mas é por uma causa digna.
— Entendo agora por que você queria que o advogado interno esperasse do outro lado da
porta da sala de reuniões — Jace acrescenta.
— Sim. Foi para a proteção de todos. Enviarei os detalhes daqui a pouco, senhores —
comunico, encerrando a ligação.
— Uau — Dahlia diz. — Eu meio que arrisquei, esperando que me ouvisse, mas aprecio de
verdade que esteja disposto a verificar isso com Rose. Obrigada por confiar em mim.
— Obrigado a você por ser persistente. Avise a sua amiga que vamos marcar algo. Ah, fale
também sobre Caleb, para que ela não acabe sendo pega de surpresa mais tarde.
— Farei isso.
Eu a puxo para o meu colo e passo a mão para cima e para baixo em suas pernas nuas.
— Agora que já tratamos de negócios, devemos arranjar tempo para o prazer.
Ela envolve os braços em volta do meu pescoço, deixando as mãos penduradas nas minhas
costas.
— Bem aqui no seu escritório? — geme ao meu ouvido.
— Nada mais justo, boneca — digo a ela, beijando o lóbulo de sua orelha enquanto enterro
minha mão em seu cabelo sedoso. — A porta está trancada. Ninguém vai nos interromper.
Ela se mexe no meu colo, subindo a saia para montar nas minhas pernas.
— Parece arriscado.
— Para eles — rosno, os olhos fixos nos dela.
Esmago minha boca na sua, para um beijo severo e faminto que deixa seus lábios inchados e
vermelhos. Estou ficando mais duro a cada segundo com ela gemendo em minha boca.
Deslizando as mãos para as pernas dela, arrasto sua saia pelos quadris e seguro sua bunda por
cima da calcinha. Meus dedos encontram a costura e deslizam para baixo entre as coxas por trás,
puxando o tecido para o lado.
— Caramba. Você está molhada pra caralho — rosno em sua boca, enquanto mergulho dois
dedos pelas dobras, afundando-os em sua boceta apertada. Nossos dentes colidem, as línguas
emaranhadas e, com um movimento rápido, solto meu pau, esfregando-o entre as pernas dela,
enquanto a fodo com o dedo com força.
— Jackson — geme. Esfregando-se em minha mão e pau. Depois sussurra o quanto me quer
contra meus lábios.
Porra. Meu pau não pode esperar mais um segundo para estar dentro dela. Puxo os dedos para
fora e com um empurrão preciso, enterro meu pau bem fundo em sua boceta apertada e quente.
Dahlia se afasta do nosso beijo e coloca a mão sobre a boca, abafando os gemidos enquanto eu a
fodo com força. Saber que sou o único que já a penetrou assim me deixa louco, e tomá-la de
jeito, aqui no trabalho, bem… é tesão pra caralho.
Continuamos assim por um tempo, e eu arrasto o suéter dela para cima, movendo o sutiã para
o lado para chupar e provocar seus seios. Enquanto giro minha língua em torno de cada mamilo,
seu núcleo começa a contrair e pulsar em torno do meu pau, deixando-me saber que ela está
perto sem sequer falar nada. Agarrando sua bunda outra vez, enfio nela, empurrando-me para
dentro e para fora.
Poderia ficar assim por uma eternidade, fodendo-a em cada móvel e em todas as posições
imagináveis. Mas o problema é que estamos no meu escritório, e embora a porta esteja trancada,
sei que há atividades suficientes acontecendo, a ponto de não poder prolongar isso por muito
tempo. Alguém é capaz de nos interromper, e se for pertinente à Mont Blanc, será importante
demais para ignorar. Por mais que odeie ser responsável num momento como este, é melhor
terminar logo isto antes de ser chamado.
— Goze para mim, boneca — sussurro ao seu ouvido.
Ela crava as unhas nos meus ombros através da minha camisa, segurando firme enquanto
balança os quadris. Com um gritinho, seu corpo se contorce através de seu clímax. Sua boceta
apertada parece invocar o meu pau para gozar dentro dela. Não consigo resistir. Um momento
depois, explodo a minha libertação no fundo do seu núcleo.
Nós ofegamos com dificuldade para recuperar o fôlego, e depois de um curto período, fico de
pé enquanto ela ainda está conectada a mim e a carrego para o meu banheiro privado.
— Sabe o que isso significa? — pergunto, enquanto a coloco de pé no chão.
— O quê?
— Você precisa trazer o seu belo traseiro para o meu escritório com mais frequência. Usando
essas botas de cowboy sexy.
Ela sorri, puxando a saia para baixo.
— Veremos.
Assim como previa, há uma batida dura e exigente na porta do meu escritório.
— O que foi agora, Gemma?! — grito. — Estou ocupado.
— Isso não é maneira de falar com sua secretária — diz uma voz masculina muito familiar
vinda do outro lado do meu escritório.
É o meu pai.
— Merda.
— Quem é? — Dahlia pergunta, nervosa.
— Meu pai. Não se preocupe, vou me livrar dele — digo a ela, agarrando uma toalha de mão
para me limpar. Coloco meu pau de volta nas calças, fecho o zíper e lavo as mãos rápido. — Vá
em frente e se ajeite.
Caminhando depressa até a porta, eu a abro alguns centímetros. Quase sou atropelado pelo
meu pai, que entra e passa depressa por mim, indo até a minha mesa. Ele veste um terno de
listras de três peças e está com o cabelo grisalho cuidadosamente penteado para trás.
— Precisamos conversar — resmunga e descansa a mão no encosto da cadeira onde acabei de
dar uma na Dahlia.
Ele não percebe que ela está de pé no meio do meu banheiro, e Dahlia está nervosa demais
para chamar a atenção para si fechando a porta.
Não tenho medo de que o meu pai descubra que tenho feito atividades extracurriculares no
meu escritório. Afinal, é o meu escritório. O que sei, porém, é que ele vai estar muito interessado
no objeto da minha luxúria. Dahlia não vai sair daqui sem que o meu pai a reencontre. E ele vai
querer saber mais sobre ela. O que pode ser tanto bom quanto ruim para ela.
Meu pai me olha da cabeça aos pés.
— Desde quando você anda pelo escritório com essa aparência? Metade da sua camisa está
para fora da calça… e conserte essa maldita gravata.
— Vamos conversar numa das salas de reuniões — digo a ele.
— O quê? — pergunta, depois cheira o ar com desconfiança.
— Pai — começo, porque gostaria de evitar ouvi-lo dizer algo muito prejudicial. As roupas da
Dahlia estão em ordem, então aceno para ela. — Lembra da minha acompanhante do baile?
Dahlia, este é o meu pai, Joseph Knight. Pai, Dahlia Dawson.
— Ah — ele diz e faz uma volta completa em direção a ela, estendendo o braço para um
aperto de mão. — Sim, prazer em conhecê-la novamente, srta. Dawson — cumprimenta de
maneira educada, enquanto seus olhos perspicazes fazem sua avaliação habitual de corpo inteiro.
— O prazer é meu, sr. Knight — Dahlia responde.
— Filho, por que não me disse que estava aqui com a sua… amiga?
Balanço a cabeça e passo a palma da mão pela nuca.
— Tenho certeza de que Gemma lhe disse que eu estava ocupado.
— Ela falou. Só não pensei que, bem… ahh, agora entendi. — Suas sobrancelhas se levantam
e o reconhecimento do que ele acabou de interromper começa a aparecer no sorriso de lado em
sua expressão de divertimento. — Estarei naquela sala de reuniões como pediu. Não demore
muito — ele me diz, enquanto caminha até a porta. — Prazer em vê-la de novo, mocinha.
Dahlia dá um sorriso apertado.
— Até mais, sr. Knight.
— Você se safou fácil — digo a ela, depois que o meu pai sai.
— Acha que ele sabe o que a gente estava fazendo? — pergunta com uma risadinha ansiosa.
— Claro que sabe. Meu pai não é bobo. — Dou um passo até ela e a puxo para os meus
braços. — E ele sabe que não sou nenhum santo. De qualquer forma, preciso ir conversar com
ele.
— Entendo. Obrigada outra vez por concordar em ajudar Rose… e pelos extras. — Ela ri.
— O prazer foi todo meu — murmuro, dando um beijo breve em seus lábios. — Me encontre
na minha casa mais tarde. Vou mandar uma mensagem assim que eu chegar.
— Claro. Parece ótimo.
— Quero você na minha cama, boneca. De joelhos. Vou espancar sua bunda até ficar em
carne viva.
Isso chama a atenção dela.
CAPÍTULO 22
DAHLIA
Horas depois, Sheba levanta a cabeça do seu lugar ao lado do meu pé e começa a latir sem
motivo aparente, tirando a minha atenção da tarefa do curso de Introdução à Microbiologia.
Daisy e Bailey choramingam de onde estão descansando no chão, mas não se movem. Quase ao
mesmo tempo, meu telefone começa a vibrar no bolso da frente da minha mochila. Assumindo
que é apenas mais uma coincidência e que ninguém está de fato na porta, puxo o celular e
destravo a tela.
A mensagem de Jackson diz:
Jackson: Ei, boneca. Já comeu?
Eu: Oi, Jackson. Sim, Emily esteve aqui
mais cedo. Separei um prato para você.
Jackson: Obrigado. Parece bom. Quando
vou te ver?
Esta tarefa do curso é para amanhã, mas estou excitada há horas. A verdade é que não consigo
pensar em nada além de Jackson desde a nossa transa no escritório dele. Agora que ele está
disponível, o trabalho da faculdade pode esperar. Então respondo.
Eu: A hora que quiser.
Jackson: Venha.
Eu: Quando?
Jackson: Agora. Estou em casa. A porta
está aberta.
Eu: Certo.
Jackson: Bom. Quero você nua e de
joelhos.
Não tenho uma réplica inteligente para o anúncio dele. Não agora, quando a ordem dele deixa
a minha calcinha encharcada e meu núcleo apertado em segundos. Meu dedo paira sobre o emoji
do rosto sorridente com olhos de coração, mas nenhum emoji fará justiça.
Eu: Estou indo.
Termino de digitar e coloco meu celular no bolso enquanto chamo os cães e os guio até o
quarto para dormirem a noite toda.
Atravesso a porta da frente de Jackson alguns minutos depois e o encontro encostado na
parede de uma das extremidades do hall de entrada. Prometi a mim mesma que a primeira coisa
que faria quando o visse esta noite seria o agradecer por concordar em ajudar Rose. Pelo jeito,
isso não vai acontecer. A expressão cheia de luxúria em seus olhos escurecidos e rosto intenso
me faz mudar de ideia.
Ele está na minha frente antes que a porta se feche atrás de mim. Suas mãos enterram no meu
cabelo, levantando o meu rosto em direção ao seu. Meu corpo se inclina contra o dele. Sem uma
palavra entre nós, ele esmaga a boca sobre a minha, roubando minha respiração em um beijo
possessivo e faminto. Cada giro de sua língua e cada passagem de seus dedos pelo meu cabelo
pausam meus pensamentos, substituindo-os pelo desejo inevitável de ter sua pele na minha e seu
pau enterrado bem fundo em mim.
Jackson faz uma pausa no nosso beijo, mas apenas o tempo suficiente para me levantar,
envolver minhas pernas em torno de sua cintura e bater minhas costas com força contra a porta
da frente. Logo seus lábios voltam aos meus, e tudo o que quero agora é menos roupas entre nós.
Nada me satisfará mais do que ter o seu calor ardente irradiando através de mim. Prendendo-me
à porta com a força de seus quadris, suas mãos viajam das minhas costas para o topo da minha
camisa de botões. Com um puxão forte, ele a rasga, enchendo o hall com o eco de tecido se
rompendo e meu pequeno suspiro de choque.
Ele desliza os dedos por baixo do meu sutiã de renda, segurando um seio enquanto a outra
mão puxa o tecido para o lado com uma força que o material não deveria suportar. Inclinando-se,
desliza a boca sobre o meu mamilo exposto, depois suga minha pele entre seus lábios. Enrolo os
braços em volta de sua cabeça e aperto as pernas em volta da cintura, roçando-o enquanto ele
suga e me prova, pressionando meu clitóris latejante em seu abdômen inferior quente pra
caramba através das nossas roupas, o que encharca ainda mais a minha boceta. O contato não
está perto o suficiente, o que só piora a necessidade crescendo no meu núcleo como um animal
faminto desesperado para se alimentar.
E a besta em mim não quer esperar nem mais um segundo.
Nem Jackson, porque ele levanta a cabeça do meu peito e se vira, atravessando o hall. Ele me
carrega pelas escadas até seu quarto e, ao me deixar em pé, desliza minha camisa agora rasgada
pelos meus ombros.
— Quero você nua, boneca — diz com a voz rouca. — Quero você na minha cama. De
joelhos. Agora.
Assentindo, começo a fazer depressa o que ele diz, mas decido que antes, estou com muito
mais vontade de fazer outra coisa. Meus olhos arrastam pelo corpo dele e param na protuberância
grossa na calça. Então, caio de joelhos em sua frente.
— Dahlia — Jackson rosna meu nome em um aviso, as mãos já apoiadas nos meus ombros.
Seus olhos se fecham por um segundo enquanto lambo os lábios e o pau dele lateja na calça.
Abro o zíper e estendo a mão para a abertura, fechando-a ao longo do final de seu comprimento
grosso. A cabeça do seu pau está molhada com a pré-ejaculação quando passo o polegar por ela,
e juro que isso me deixa tão molhada que estou pingando entre as pernas. Puxando o pau dele
para fora, deslizo uma mão ao redor da base e lambo a ponta antes de levá-lo para a minha boca.
Jackson grunhe tão alto que o som enche seu quarto. Suas mãos agarram meu cabelo e, um
segundo depois, seus quadris se movem ao meu encontro no mesmo ritmo em que meus lábios
deslizam para cima e para baixo em seu comprimento. Levo o pau dele o mais fundo que posso.
Nenhuma quantidade de desconforto pode me impedir de querer ainda mais. Levanto o olhar
para encontrar os olhos dele. Ele está adorando, mas tenho a certeza de que serei castigada ainda
mais por tomar as rédeas assim.
Não que eu me importe.
Jackson está perto de gozar, entrando e saindo enquanto fode minha boca, controlando cada
impulso com os quadris e o aperto no meu cabelo. Quero provar a libertação dele na minha boca,
mas mesmo agora, ele está no controle. Jackson só irá gozar depois de eu ter tido pelo menos um
ou dois orgasmos. Sem exceções.
— Adoro foder sua boquinha sexy, boneca — rosna. — Mas é melhor parar… antes que se
arrependa de me desobedecer. Suba. Na. Cama. Agora.
Dou um breve aceno com a cabeça, mas demoro um pouco para me afastar.
Ele não faz ideia de como me tornei viciada nas suas punições.
Bem, talvez ele tenha alguma ideia.
CAPÍTULO 23
JACKSON
Dahlia está pedindo para ser punida enquanto rasteja nua pela minha cama. Minhas roupas
não podem deixar meu corpo rápido o suficiente, mas logo estou livre delas, meu pau rígido
balançando na minha frente enquanto me deleito com a visão da minha presa.
Dahlia. Minha boneca.
Indo para o lado da cama, inclino-me para a frente e dou um tapa forte em sua bunda com a
palma da mão aberta. Ver a marca vermelha brilhante da minha mão que deixo para trás me
deixa ainda mais excitado. É outro lembrete de que sou o único homem que já a tocou, entrou
nela, possuiu o seu corpo e a fez gritar com prazer e necessidade primal. Minhas as bolas se
contraem e meu pau está duro como pedra.
Ela é minha e só minha.
Dahlia gostar de apanhar tanto quanto eu gosto de ver a minha marca em sua pele é apenas a
cereja do bolo. Ela não podia ser mais perfeita para mim. Estou até contente que ela se arriscou
hoje cedo e veio falar comigo sobre a amiga dela. Ainda assim, ela precisa ser punida. Não
estava brincando mais cedo quando disse que quando eu acabasse, essa sua bundinha linda e
redonda estaria em carne viva.
— Me diga por que preciso espancar esse traseiro, boneca — ordeno.
— Porque… — ela geme. — Tenho sido uma garota tão má, Jackson.
— Sim, você foi má.
— E eu preciso ser castigada — ela acrescenta em um gemido sexy, separando as pernas para
me dar uma visão melhor de sua boceta doce, rosa e raspada.
Porra. Estou perto de renunciar a essa sessão de palmadas em favor de me posicionar atrás
dela e meter fundo, mas uma respiração profunda me ajuda a me recompor. Ela precisa disso. Eu
preciso também.
— Sim — murmuro. — Bem. Nesse. Maldito. Instante. — Cada palavra é acompanhada por
uma palmada forte em uma nádega, depois na outra e por assim vai. Elas se acumulam em cerca
de uma dúzia ou mais, alternando enquanto minha palma se lança sobre o traseiro vermelho-vivo
dela.
— Céus, sim! — Dahlia sibila um grito, estimulando-me.
Paro para admirar o meu trabalho, e ela olha para mim por cima de um ombro.
— Por favor, Jackson — gagueja, empinando a bunda um pouco mais. — Preciso de você
dentro de mim.
Tenho todo o direito de fazê-la esperar, mas porra, ela acabou de dizer as palavras que sabe
que gosto de ouvir. Agora mal consigo impedir o meu pau de ir em direção a ela.
Não posso e não vou.
Subindo na cama atrás dela, sou bruto enquanto amasso suas nádegas e pressiono a cabeça
inchada do meu pau na abertura. Com um empurrão forte, enfio todo o meu comprimento dentro
de sua boceta quente e apertada, e gemo de satisfação com o sibilo que ela solta em resposta. Sua
boceta se contrai ao redor do meu pênis, pulsando e me convidando para ir mais fundo. Cada
impulso dentro dela me deixa ainda mais duro. Cada som que ela emite nos aproxima do clímax.
É mais urgente agora do que quando comecei. Eu sou implacável, golpeando em seu calor
molhado até que ela grita o meu nome.
Ela está tão perto.
Dahlia abaixa o rosto para o travesseiro ao qual estava segurando, mudando o ângulo das
minhas investidas e também revelando seu buraco apertado. Não consigo evitar. Meu polegar
desliza sobre o quadril dela até circular seu buraquinho, dando as roçadas que a levam ao limite.
Seu clímax faz todo o corpo dela tremer. O gozo dela cobre meu pau e um pouco escorre pela
parte interna das coxas. É sexy pra caralho vê-la gozar em mim e me lambuzar todo.
A sensação de Dahlia apertando o meu pau logo se torna mais do que posso aguentar.
Cavando meus dedos em seus quadris para apoiá-la em seus membros oscilantes, pego o que é
meu, estocando-a de forma brutal e sem dó até ejacular com tanta força que meus olhos reviram
para dentro da minha cabeça e todos os músculos do meu corpo ficam tensos ao mesmo tempo.
Nós dois estamos tremendo e fracos, encharcados de suor e desprovidos de energia. As pernas
dela cedem, e com o meu peito contra suas costas, abaixo-me em cima dela com todo o meu
peso, do jeito que ela gosta.
Dahlia é toda minha.
E agora ela sabe disso.
CAPÍTULO 24
JACKSON
Essa é hora. Cerca de uma semana depois, Jace e eu colocamos tudo em ordem. Todos os que
precisam de estar presentes estão sentados à mesa de reuniões. Até mesmo o meu pai
compareceu. Ele sabe de tudo agora e, embora não tenha reagido de modo tão violento quanto
Jace e eu, dá total apoio ao nosso plano.
Estamos prontos para enfrentar a Mont Blanc. E Gerald, o cérebro por trás da maior parte
deste encobrimento.
— Senhoras e senhores — meu pai diz da cabeceira da mesa. — Nosso acordo está em
andamento e acho que é a melhor notícia que tive em todo o ano.
Gerald se inclina para a frente em seu assento, os olhos iluminados como se fosse Natal.
— Vamos assinar o acordo? — ele pergunta com entusiasmo. — Agora mesmo?
Meu pai concorda com a cabeça.
— Os advogados redigiram um acordo um pouco diferente. Temos o consenso de que não há
diferenças significativas entre o novo contrato e o original. Também não há alterações materiais
nos termos ou custos de aquisição. Jackson, poderia explicar os detalhes?
— Com prazer — digo, depois espero Cherry e Gemma distribuírem uma cópia do novo
contrato para cada pessoa presente. — Vocês notarão na página setenta e três, seção nove, linha
quatorze que o nome de uma empresa, a Levine Holdings, foi adicionado a uma cadeia de
propriedade ajustada — explico.
Não me surpreende quando Gerald fica desconfortável no seu lugar e se vira para o meu pai.
— Joseph, podemos trocar uma palavra lá fora? — pede, fazendo o seu melhor para disfarçar
a ansiedade em sua voz.
— Claro — meu pai concorda. — Vamos dar a todas as partes tempo suficiente para rever os
ajustes. Enquanto isso, Gerald, meus filhos têm uma melhor compreensão das nuances dessas
revisões. Nós quatro podemos conversar no meu escritório.
Após pedirmos licença, atravessamos o corredor para o escritório dele, fechando a porta atrás
de nós. Isso não vai acabar nada bem.
— Alguém pode me ajudar a entender o que diabos está acontecendo? — Gerald pergunta. —
Por que a Levine Holdings foi incluída sem me consultar?
— Simples — Jace cospe. — Vingança é uma vadia.
Aproximo-me ao lado dele.
— Gerald, o que Jace está tentando explicar é que você tentou colocar dois grandes fatores de
risco em nosso acordo de três bilhões de dólares, esperando que todas essas camadas de
propriedade atrasassem nossa descoberta até que fosse tarde demais.
Gerald se inclina para trás e cruza os braços no peito.
— Do que diabos está falando, garoto?
— A Pantheon Research está prestes a enfrentar uma ação judicial coletiva enorme e você
sabe disso, não negue. Eles alteraram os resultados de seus ensaios clínicos para receber a
aprovação do departamento de vigilância, e agora um efeito colateral está matando pessoas.
Além disso, a tecnologia e a fábrica do Triple Shield Security Group estão prestes a serem
transferidos para o México. O conselho de administração não teve o senso comum ou o
compromisso de transferir qualquer pessoa com experiência para garantir uma transição que
preservasse a qualidade.
— Sabe o que isso significa? — Jace acrescenta. — Significa que você esperava nos foder,
Gerald. Com areia e sem lubrificante.
Papai se aproxima de mim e agarra Gerald pelas lapelas do terno. Ele empurra o homem que
costumava ser um dos seus amigos mais antigos e o bate contra uma parede próxima.
— Você tem muita coragem, pensando que poderia me apunhalar pelas costas depois de todos
esses anos.
— As coisas são como são — Gerald diz, levantando o rosto num sorriso malicioso, agora
que foi descoberto.
— Por que diabos faria isso comigo? — meu pai exige saber.
— São apenas negócios, Joseph. Você faria o mesmo comigo se fosse o contrário.
— Jamais me rebaixaria. Mas é aí que você e eu somos diferentes, seu pedaço de merda
dissimulado.
— Só tem um detalhe — Gerald murmura. — Eu não vou assinar.
Meu pai intensifica o aperto no terno de Gerald.
— Nem se iluda. Você vai assinar sim.
— Como é mesmo que planeja me forçar a fazer isso? Vai colocar uma arma na minha
cabeça?
— Você assinará porque é a única maneira de manter sua empresa de consultoria de meio
bilhão de dólares por ano.
— O que quer dizer com isso? — ele pergunta com os olhos estreitos.
— Consultoria Buchannan, Stein e Reiland — papai rosna. — Jackson, por favor, diga a este
arrogante filho da mãe o que queremos dizer.
— Pelo visto, seu CEO renunciou e o CEO interino convenceu o conselho a aceitar um acordo
de fusão com a Levine Holdings. Então… ainda quer manter a consultoria Buchannan, Stein e
Reiland, sua galinha dos ovos de ouro? Se quiser, você está preso à Levine Holdings, Pantheon e
Triple Shield.
— Você não ousaria.
— Nós já fizemos — digo. — Vá falar com o seu CEO interino. E, a propósito, se você não
assinar, ele assinará.
A cara de Gerald cai quando o choque e a compreensão o atingem.
— Seus cretinos presunçosos.
— Sim. Somos mesmo. Mas não se preocupe. Já demos um jeito em todas as coisas
necessárias para mudar o cenário ao nosso favor. Na próxima semana, a Pantheon Research vai
se reunir com o time jurídico e os autores da ação coletiva. Planejam fazer uma oferta justa,
incluindo o compromisso de dedicar alguns recursos para compensar os efeitos colaterais
adversos dessa droga. E o Triple Shield Security já votou para fazer ofertas de realocação para
cinquenta por cento de sua equipe de tecnologia e fabricação. Vai te custar algumas centenas de
milhões para conseguir tudo isso. Mas precisa admitir, é uma bagatela em comparação à
alternativa.
Gerald empurra meu pai para o lado e sai do escritório.
— Isso até que foi muito melhor do que eu pensava — Jace diz com um sorriso.
— Ele não está nada feliz — nosso pai diz, olhando para a porta. — Mas ele é esperto. Gerald
sabe quando admitir uma pequena derrota. O quadro geral é que ele vai assinar. — Ele endireita
o terno e se vira para sair. — Vou garantir que a gente mantenha a pressão sobre ele. Obrigado,
meninos. Não tinha tanta emoção assim em anos.
— Sempre que quiser, pai — Jace responde.
— E olha só, você nem precisou admitir nada sobre seu relacionamento com Cherry — digo
para Jace depois que o nosso pai sai.
— Nem vem. Eles não precisam saber.
— Você não pode esconder esse seu segredinho por muito tempo, irmão.
— O sujo falando do mal lavado.
— Como assim?
— Você e a babá de pet da sua vizinha? Vai ser uma bela de uma notícia.
— Nosso pai já sabe.
— Está de brincadeira, não é?
— Não. Ele flagrou nós dois… depois do ato. Irmão, é você quem precisa se cuidar com
Cherry. Não espere muito. Ainda mais agora que Gerald se tornou o inimigo número um.
— Merda.
— Exatamente — digo. — É melhor botar a cabeça no lugar e cuidar das suas merdas. Estão
juntos há tempo suficiente para saberem que o que vocês têm é real, Jace. Não faça nada
estúpido para estragar tudo.
— Não me passe sermão sobre fazer loucuras. É você quem tem um monte de complexos
estranhos.
— Eu? Estou bem.
— Não, nem um pouco. Você teve traumas maternais durante toda a sua maldita vida.
— Não mais do que os seus.
Ele dá uma risadinha como se isso fosse novidade para qualquer um de nós.
— Não somos um par e tanto? Eu sou de me apegar demais, e você não consegue formar uma
ligação emocional nem para salvar a própria vida.
Não concordo mais que esse seja o caso, agora que tenho Dahlia. Mas ele não tem ideia do
quanto eu e ela nos aproximamos, e nesse momento não estou preparado para mergulhar nos
detalhes do meu relacionamento ainda recente.
— Não vou conversar com você sobre isso, mano! — vocifero para ele, tentando fazê-lo se
recompor. — Temos uma aquisição de negócios para fechar.
Jace se vira e sai, e eu o sigo para finalizar o acordo histórico.
EPÍLOGO
DAHLIA
Seis meses depois…
O último do sol do verão queima meu pescoço e ombros enquanto saio para a calçada após
terminar as minhas aulas do dia. Meu terceiro ano de graduação está bem encaminhado. Com
precisão, meu celular toca quando estou prestes a fazer uma curta caminhada até a estação de
trem em direção ao Brooklyn. Tirando-o do bolso da frente da minha mochila, vejo uma
mensagem de Jackson.
Jackson: Ei, boneca. Como foi a aula?
Eu: Oi, amor. O de sempre. A caminho do
metrô agora. Trabalhando muito?
Jackson: Sim. Ei, pode passar no meu
apartamento?
Eu: Claro. Por quê?
Jackson: Estou esperando uma entrega.
Mas não vou chegar a tempo.
O concierge de Jackson está acostumado a assinar para todas as encomendas de correio dos
residentes, mas ele não me pediria para fazer isso a menos que tivesse um bom motivo.
Eu: Não tem problema.
Jackson: Está com a chave da minha
casa?
Dou um sorriso. Se fosse pela vontade de Jackson, eu usaria esta chave todas as manhãs
quando vou para a faculdade e todas as noites quando retornasse para casa. Ele tem me pedido
para me mudar por meses, especialmente desde que convenceu Vivian a vender o apartamento
dela para que ele possa ter a privacidade e reclusão que tanto gosta. Exceto os cães. Eu ainda
cuido dos cães para Vivian de vez em quando. Ela se mudou para três andares abaixo dele no
mesmo prédio, então vejo Daisy, Sheba e Bailey com frequência. E embora a ideia de viver lá
seja atraente por várias razões práticas, assim como algumas bem pecaminosas e satisfatórias,
morar junto é um grande passo para mim.
Eu: Sim, estou.
Jackson: Bom. Entrando numa reunião.
Te vejo mais tarde, boneca.
Chego ao apartamento dele logo depois, e deixo uma mensagem de voz para Emily e depois
Rose, avisando para não me esperarem voltar para casa hoje à noite. Tenho mais do que uma
escova de dentes no apartamento de Jackson. Se ele chegar em casa antes da encomenda, não me
deixará sair. Não que fosse querer também.
Estou na metade da leitura do meu material de Microbiologia quando o concierge telefona
para me avisar que a encomenda chegou. Pelo visto, Jackson deixou instruído para entregarem na
porta do apartamento. Não tenho problemas com isso, então vou para o hall esperar. Abro a porta
quando há uma batida alguns minutos depois. O entregador sorri para mim e segura um
dispositivo de assinatura portátil e uma caneta acoplada em uma mão.
— Boa tarde. Assine aqui, por favor.
— Oi. Claro. — Pego a caneta e começo a assinar, mas ele ainda não me entregou nada. — Só
para confirmar, pelo que estou assinando?
Ele levanta uma caixa de transporte de plástico azul do tamanho de uma mala de mão.
— Aqui está, senhora.
— Ah. Maravilha. Obrigada.
O entregador vai embora tão rápido quanto chegou, deixando-me na porta com a caixa.
Presumindo que seja algo relacionado a negócios, eu a levo para o escritório. Mas o peso na
caixa muda para um lado, depois para o outro. Então há um pequeno barulho vindo de dentro. E
de novo.
Isso foi definitivamente um latido.
Levo a caixa para a sala de estar e a coloco no chão, que é quando percebo uma trava muito
discreta bem abaixo da alça. Parte de mim quer ligar para Jackson para descobrir se isso é um
erro. Ele não é o maior fã de cães, mesmo que Daisy, Bailey e Sheba o amem. Clicando no
fecho, abro o recipiente que por dentro, definitivamente, parece mais um transportador de pet.
E tem um cachorrinho lá dentro!
O Havanês cinza e branco mais adorável que já vi está sentado na parte de trás da caixa de
transporte. Seu pelo é tão comprido que mal consigo ver os olhos.
— Olá, pequenino! — digo baixinho. — Ou pequenina. Está com sede?
O cachorrinho corre para a frente da caixa, abanando o rabo todo animado enquanto o pego no
colo. Há um barulho do hall naquele momento e Jackson aparece na porta com um sorriso
enorme.
— Surpresa? — pergunta, vindo se sentar ao meu lado.
Dou um beijo rápido nele.
— Que agora você tem um cachorrinho? Sim, muito.
Jackson passa a ponta dos dedos sobre a cabeça do rapazinho e ele a inclina para cima,
lambendo e cheirando a palma da mão de Jackson.
— Isso é muito cabelo. E ele não é para mim. Ele é para você — admite.
— Ohh, querido. Amei o gesto, mas não há espaço na minha casa para um cachorrinho fofo
como você — digo, mudando meu foco de Jackson para o cachorro, que solta um choramingo.
— Podemos resolver isso. Há muito espaço aqui. Para Buddy… e você também, quando
estiver pronta.
— É esse o nome dele? — Jackson faz que sim com a cabeça. — Esse é um excelente nome
para um amiguinho Havanês. — Olho para Jackson de novo. — Você sabe que eles são
chamados de cão de velcro, não é?
— Ah, sim, eu me lembro. Esta raça é perfeita para a cidade, gosta de ficar dentro de casa,
não cresce a ponto de ser tão grande quanto um cavalo e tem muita energia. É a combinação de
algumas das melhores qualidades de todos os cães de Vivian. — Ele levanta a mão para colocar
uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Então… qual é o veredicto?
— Hmm, eu hã — gaguejo, de repente sem saber o que dizer. — Cães são uma grande
responsabilidade, mas você sabe o quanto os amo. Obrigada por um presente tão doce, querido,
mas…
— Vamos lá, olhe para ele. Ele gosta de você e quer ficar.
— Está me pedindo para morar com você?
— Não — diz com confiança. — Mas Buddy pode viver aqui até você sentir que está pronta.
— Ele beija o ponto no meu pescoço que sabe que tem conexão direta com meu centro. — Ou
quando eu me cansar de esperar — sussurra.
— Mesmo? — gemo, já molhada de desejo.
— Mesmo. Não pense que não sou capaz de um dia ir até o Brooklyn, te jogar por cima do
ombro e arrastar você e suas coisas para cá, boneca. Além disso, você está prestes a perder uma
colega de quarto a qualquer momento.
Eu o encaro, confusa.
— Como assim?
— Adivinhe — diz, inclinando a cabeça de lado.
Emily namora Dylan há meses. Já suspeitava que estavam ficando mais sérios, mas a menção
de Jackson sobre os dois é interessante.
— Espere, ele está prestes a pedi-la em casamento?
Ele assente.
— Você não ouviu isso de mim. Por enquanto, o que acha? Vamos ficar com o Buddy?
Como posso dizer não a esta gracinha? Jogo meus braços em volta do pescoço de Jackson e o
puxo o mais perto possível de mim sem apertar Buddy.
— Sim. Ele é irresistível. Assim como você.
Jackson se inclina para trás e dá um beijo firme nos meus lábios.
— Boa garota. — Ele olha para o nosso novo bebê peludo. — E vamos continuar trabalhando
para convencê-la a se mudar para cá, não é, Buddy? Vamos ajudá-lo a se instalar. — Ele pega
Buddy nos braços e o carrega com o transportador de pet, mas para e se vira do outro lado da
sala para olhar para mim. — Você vai passar a noite aqui.
— Claro — digo.
— Isso não foi uma pergunta, boneca.
— Não? Como pretendia me manter aqui se eu dissesse não?
Sorrindo amplamente, balança as sobrancelhas e sai da sala.
Conheço esse olhar.
***
Horas depois…
O som do Jackson saindo do banheiro principal me faz perder o fôlego. O desejo de olhar para
ele é avassalador, mas não posso agora. Ele me vendou e amarrou meus pulsos nas colunas da
cama. Com exceção dos meus saltos finos Christian Louboutin brilhantes, estou nua. O meu
corpo está frio e estou encharcada por ele. O calor de suas pernas fortes e musculosas se
acomodando entre as minhas envia uma chama ardente por todo o meu corpo. Só de saber que
ele, sem dúvida, já está duro, sua ereção espessa tão perto do meu núcleo latejando por ele,
deixa-me a ponto de implorar.
Já fizemos isso várias vezes antes, e embora ame a sensação, meus braços nunca se
acostumam a ser amarrados. Há sempre um ponto em que quero envolvê-los em torno dele e
moldar-me ao seu corpo. Como agora, só que é difícil sequer erguer a cabeça da cama, quanto
mais mexer os braços.
O peso de Jackson muda para a frente na cama, e um segundo depois, seu hálito quente está
na minha orelha.
— Diga-me quem é o seu dono, boneca — rosna ao meu ouvido.
— Você — ofego.
Ele se abaixa em cima de mim, sua ereção quente e rígida pressiona a parte inferior do meu
corpo, fazendo o meu núcleo se contrair enquanto levanto meus quadris e o esfrego contra ele.
— Você vai se mudar para cá. Neste fim de semana.
— O quê?
— Diga — ordena, deslizando a mão para um mamilo, torcendo-o e causando uma mistura
perversa de prazer e dor.
— Oh, Deus. Sim. Vou me mudar neste fim de semana — gemo.
— Isso mesmo. — Ele solta uma risada. — E vou pegá-la como eu quiser. Quando eu quiser.
— Sim — gemo.
— Diga.
— Você pode me pegar como e quando quiser.
— Exatamente — sussurra, pairando os lábios perto da minha orelha.
Engulo o nó na garganta, mas isso não impede meu corpo de reagir à voz dele. Enrolo a perna
em volta dos quadris de Jackson, desejando mais contato com seu pau, e as mãos dele deslizam
bem devagar pela parte de fora das minhas pernas até a cintura, depois passam pelos meus seios
e pescoço, até que ele enterra uma mão no meu cabelo.
— Implore por isso — comanda, estendendo a outra mão para segurar a minha bunda.
Jackson sabe o poder que tem sobre mim. Ele também sabe o quanto anseio por ele.
— Por favor — choramingo, apertando as minhas pernas em volta de sua cintura. Minhas
paredes internas pulsam, desesperadas para ele me preencher e me esticar. — Por favor, Jackson.
Me coma com força.
Em um movimento fluido, ele se posiciona na minha abertura com uma mão, aperta a minha
nádega com a outra e enfia o pau bem fundo no meu núcleo. O som do meu sibilar ofegante se
mistura com o grunhido dele. Enquanto entra e sai de mim, meus saltos altos cravam em suas
costas e meus dedos dos pés se curvam dentro dos sapatos.
Jackson continua se enterrando em mim até a base, levando-me à beira daquela onda intensa,
para aquele ápice esmagador que estou desesperada para experimentar outra vez. À medida que
ganha velocidade, o som e a sensação de suas bolas batendo na minha bunda me aproximam
ainda mais desse êxtase. Com um movimento do polegar contra o meu clitóris, uma onda intensa
de prazer me percorre, levando-me a um clímax ofuscante que quase me faz gritar.
— Não se segure. Grite meu nome — ele me ordena, metendo em mim com mais força do
que antes.
— Ah, Deus, Jackson! — grito.
Ele solta um grunhido doloroso e seu corpo endurece enquanto explode dentro de mim. Com
a testa pressionada contra a minha, os quadris dele se movem através do orgasmo, diminuindo a
velocidade enquanto a liberação quente me preenche. Um tempo depois, ele solta minhas
amarras, tira a minha venda e me puxa para os seus braços. Jackson reivindica minha boca com
um beijo firme e exigente, depois joga bem devagar a cabeça para trás.
Há um brilho brincalhão e perverso nos olhos dele.
— Você não pode voltar atrás — diz com uma risada.
Enterro a cabeça em seu peito e solto uma risadinha fraca.
— Eu estava sob coação.
— Eu te amo e você vai se mudar para cá, boneca.
Assentindo com a cabeça no peito dele, aperto-o com mais força.
— Sim. Vou morar com você. E eu te amo também.
EPÍLOGO ESTENDIDO
DAHLIA
Seis meses depois…
Levanto-me da cadeira giratória no que era o antigo escritório de Vivian. Agora o espaço faz
parte da casa de Jackson, já que as reformas para converter todo o andar em um apartamento
único e independente estão completas. Indo para a cozinha, preparo um lanche rápido para comer
e me acomodo em uma banqueta acolchoada do balcão da ilha. Estive mergulhada nos meus
livros o dia todo, apenas parando para ter certeza de que Buddy está alimentado e feliz. Os
exames finais estão perto. Não posso me dar ao luxo de ter qualquer contratempo. Se tudo correr
bem, vou terminar o programa do curso de graduação pré-veterinária e começar o programa de
bacharelado de veterinária neste outono. Continuando a minha jornada para fornecer cuidados
médicos aos animais, assim como sempre sonhei em fazer.
Ouço Buddy latindo no corredor. Estranho, porque o deixei trancado no quarto de pet no
andar de cima.
— Aqui, Buddy — chamo, virando-me para olhar para o corredor.
Nosso pequeno Havanês agitado vira a esquina, abanando o rabo com toda animação, e fico
curiosa no mesmo instante. Ele tem uma única flor de dália desabrochada por completo
pendurada em um lado do rosto, com o caule preso entre os dentes, e uma larga fita rosa
combinando está amarrada à metade inferior do caule.
— Onde encontrou isso, garoto? — pergunto em voz alta, descendo do banco e me inclinando
para o chão para dar uma olhada mais de perto.
Buddy solta a flor na minha mão. Fecho os olhos, pressionando o nariz na flor para cheirar.
Sorrindo, pergunto-me em silêncio há quanto tempo Jackson está em casa. Só pode ser ele,
embora também poderia ter instruído uma das funcionárias de limpeza para fazer isso. Buddy se
ergue nas patas traseiras, apoiando-se com as dianteiras no meu joelho, depois trazendo a cabeça
para o meu braço para que eu possa acariciá-lo. É quando noto uma luxuosa caixa de joias de
veludo preto pendurada no colarinho.
— E o que é isso?
— Abra. — Ouço a voz de Jackson da entrada da cozinha.
Meus olhos atravessam o cômodo e logo se concentram nos dele.
— Oi, amor. Mais presentes?
— Poderia dizer que sim…
— O que é? — pergunto de novo, mordendo o lábio inferior com tanta força que sinto um
pouco de gosto de sangue. A última joia que ele me deu foi um par de brincos de diamante rosa
e, antes disso, um colar de ouro rosa com um pingente de diamante rosa combinando. Adoro
como ele é generoso, mas se continuar assim, vai me estragar com tanto mimo.
— Vou te mostrar. — Jackson se aproxima de mim, colocando-me de pé. Ele faz o som estalo
que usa para chamar Buddy, que vira o corpo e olha para Jackson agora.
Com os olhos fixos em mim, ele me dá um sorriso que aquece até a minha alma. Então apoia
um joelho no chão e tira a caixa de joias do colarinho de Buddy.
Oh meu Deus!
Mal consigo respirar enquanto Jackson levanta a caixa para mim e a abre para me mostrar o
enorme diamante rosa cravado em um anel de ouro rosa.
Um anel de noivado.
Ele vai fazer a pergunta.
Ah meu Deus, ele está mesmo fazendo isto!
— Isso é um… — começo a sussurrar com um som trêmulo, incapaz de controlar minha voz,
ou até mesmo os meus membros. Porque minhas mãos estão tremendo, meus joelhos estão fracos
e estou tão tonta que posso desmaiar a qualquer momento.
— É sim, boneca. Sei que não é a coisa mais romântica que já disse, mas você me conhece.
Eu te amo mais do que qualquer discurso que eu possa fazer. Case-se comigo.
Ele olha para mim com a expressão mais sincera e amorosa em seus olhos que me engolem
inteira. É um esforço inútil tentar conter as lágrimas nos meus olhos que não ainda não fluíram
livremente. No tempo desde que o conheci, ele se tornou meu amigo mais próximo, o único
homem com quem estive, mas o único amante que sempre sonhei em ter. A proposta dele é
inesperada, mas não tenho dúvidas.
— Sim! — grito, assentindo de maneira enfática enquanto me inclino para a frente e o agarro
pelo pescoço. — Eu te amo muito, Jackson. Sim. Sim. Aceito me casar com você!
Ele consegue se afastar, beijando meus lábios por um momento. Então pega minha mão
esquerda e dá um beijo no interior do meu pulso antes de deslizar o anel pelo meu dedo.
— Você é oficialmente minha agora, boneca — diz, abrindo um sorriso enorme.
Eu o puxo para perto para o nosso primeiro beijo como um casal noivo.
—Sim — sussurro contra seus lábios. — Sou sua.
Sempre pertenci a Jackson, muito antes de conhecê-lo. Foi preciso apenas um bico de babá de
pet, um Shih Tzu, uma Dogue Alemão e uma Bull Terrier para nos unir.
— Caramba, preciso telefonar para os meus pais! E Rose, e Emily. Jace sabe?
— Ele saberá quando eu contar amanhã. Há muito tempo para compartilhar a notícia com
todos. Juntos.
— Certo — digo, os olhos fixos na nova joia na minha mão. Mas não é apenas uma joia. É
uma promessa. O início da nossa vida como um.
— Neste momento, preciso que leve essa bunda sexy para o meu quarto — diz num rosnado
profundo e sexy. Então acrescenta: — Nosso quarto.
FIM
SOBRE BELLA LOVE-WINS
Bella é uma autora best-seller do Wall Street Journal e USA Today, que adora escrever
histórias de romance bem quentes e com muita ação sobre bad boys, atletas, bombeiros,
bilionários e machos alfas que sabem o que querem e não têm medo de reivindicar as mulheres
que capturam seu interesse.
Ela gosta de um final “felizes para sempre”, além de ler, caminhar, visitar o campo e viajar
para destinos intocados pelo turismo comercial, como Las Vegas.
Como tantos personagens em seus romances, Bella fica se coçando toda em busca de ação,
romance e conexões amorosas inesperadas que a deixem sem fôlego. Por enquanto, você vai
encontrá-la em Toronto, conspirando e escrevendo sobre suas últimas histórias em seu MacBook.