1 - Os Vilões Também Amam
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CAPÍTULO 15
“Não me deixe sozinho...”
O sábado amanheceu ensolarado com o
céu ostentando um azul profundo, as
nuvens pareciam ter feito um acordo de
se recolherem para que tudo desse certo
para Jesse. Os pássaros cantarolavam
alegremente em uma dança animada
saboreando a brisa leve, um clima
perfeitamente agradável para um
passeio, um primeiro encontro, melhor
dizendo. Carter acordou
preguiçosamente revirando de um lado
para o outro na cama sem tirar um
sorriso bobo do rosto, fora dormir alta
horas da noite conversando pelo celular
com o Michelangelo sobre o tão
esperado passeio, estavam ambos
ansiosos. Ele era sempre tão gentil e
agradável como ela, tinha o poder de
fazê-la sentir-se especial com uma
simples ligação.
— BOM DIA! — Três vozes gritaram
em uníssono. Com muita preguiça Jesse
levantou o olhar por debaixo do
cobertor do Kiki Butovisk e viu a mãe, a
irmã e a melhor amiga com as mãos
repletas de bolsas entre outros
assessórios, animadíssimas. Com um
sorriso de orelha a orelha, mais felizes
do que ela com aquilo tudo, não que
Jesse não estivesse.
— Bom dia meninas, a benção, mãe!
Para que isso tudo? Vamos viajar e não
estou sabendo? — Jesse sentou na cama
esfregando os olhos, com o cabelo todo
bagunçado, bocejando de sono.
— Para o seu primeiro encontro, mana,
tem que estar perfeita! —Mainara se
encontrava impecável dentro de um
vestido bege justo ao corpo, de mangas
cumpridas realçando suas curvas,
qualquer coisa ficava bem nela,
totalmente diferente da irmã.
— Deus te abençoe, meu amor! Fiz uma
coisa para que usasse neste dia tão
especial, guardo a sete chaves desde que
entrou para o Ensino Médio. Como já
passaram alguns aninhos, a Nayla deu
uma boa ajeitada nele e ficou perfeito,
querida. — A investigadora olhou para a
caixa azul com um laço em cima nas
mãos de sua mãe emocionada assim
como ela, com os olhos brilhando no
canto dos olhos. Maria Joaquim sempre
fora uma ótima mãe, apoiava a filha no
que fosse, quase explodiu de orgulho
quando Jesse contara para ela que
doaria metade do salário mensalmente
para ajudar um lar com crianças soro
positivo. Diferente de outras tantas
mães, acreditava nas filhas mesmo que
não tivessem nenhum motivo para isso,
quando Carter cismou em ser policial,
sabia que a ela não levava jeito nenhum
para isso. Só que as vezes devemos
deixar a pessoa cair sozinha para
aprender com as próprias atitudes,
porque somente assim aprenderá o que
precisa para ser de fato feliz quando
encontrar o caminho certo.
— Obrigada mamãe, eu te amo! —
Sorriu de forma doce para Maria
Joaquin, havia um elo de amor muito
forte entre as duas. Não imaginava o que
poderia ter dentro daquela caixa, mas
independentemente do que fosse já tinha
adorado, porque tinha sido a mãe que
tanto amava que fez apenas e
exclusivamente para ela. Jesse encheu o
peito de ar naquele momento, sentindo-
se importante.
— Desculpe atrapalhar o momento lindo
mãe e filha, mas faltam apenas duas
horas para o Miche chegar. Então, mãos
à obra, meninas! A partir de agora
começa o seu dia de princesa, Jesse
Carter, estamos ao seu dispor madame.
— Brincou Nayla, literalmente
agarrando o braço da amiga e
arrastando-a para o bainheiro e jogando-
a debaixo do chuveiro. Depois de um
banho bem tomado, Mainara ficou por
conta de arrumar o cabelo da irmã.
Escolheu por não tirar o volume que
Jesse tanto gostava, apenas fez uma
texturização nos cachos para obter uma
definição perfeita e tirar o frizz. Secou-
os com cuidado, depois foi abrindo os
cachos, um por um, com a ajuda de um
pente garfo de madeira. Para finalizar
pingou duas gotas de óleo de argam na
palma da mão e passou apenas na região
das pontas.
— Então, irmã, como ficou? — Jesse
perguntou curiosa sentada na cadeira da
penteadeira de costas para o espelho,
louca para ver o resultado, a sensação
leve que sentia sobre as costas era muito
agradável.
— Só vai ver depois que estiver pronta,
maninha, ainda falta o presente da
mamãe e a maquiagem da Nayla. Seja
boazinha e comporte-se, não confia em
nós? — Mainara levou as mãos a cintura
fitando a irmã como uma sobrancelha
arqueada, batendo o salto fino do
scarpim caramelo no chão, ocasionando
um som agudo de tique-taque irritante.
— Está bem, Mai, vou tentar controlar a
minha ansiedade. — Carter suspirou
frustrada revirando os olhos, fazendo
Mainara rir. Então, a irmã saiu do quarto
e foi ajudar a mãe na cozinha preparar
um café fresco, dando a vez para a
estilista que adentrou no quarto
carregando uma maleta de maquiagem
maior do que ela. Vestia um macacão
jeans com uma blusa de mangas curtas
com listras azuis e tênis modernos sem
meia. Os cabelos muito bem divididos
ao meio, com duas tranças, uma de cada
lado muito bem-feitas, sem nenhum fio
solto, sorrindo alegremente para Jesse
que retribuiu de bom grado.
— Posso saber o motivo de tanta
alegria, Nayla? Eu li em uma revista que
as joias roubadas do desfile foram todas
devolvidas, fiquei feliz por você, amiga.
— Fazia dias que Jesse queria perguntar
isso a ela, leu a matéria e realmente não
entendeu o porquê Blade e a equipe dele
roubaram os objetos para devolvê-los
depois. Isso não fazia sentido, mas teve
vergonha de perguntar sobre o assunto
para alguns deles, era mais fácil
perguntar discretamente para a amiga.
— O ladrão enviou as joias para a
empresa Fox, acompanhadas de um belo
pedido de desculpas dizendo o quanto
estava arrependido de ter feito aquilo.
— Nayla sorriu lembrando de como
havia feito Estevão prometer que faria
aquilo, depois de muito reclamar ele
acabou cedendo.
— Que linda a atitude dele, errar é
humano, mas se arrepender é divino, um
belo ato. — Exclamou Jesse, quase
espirrando devido ao pincel de pó que a
amiga dançava pelo rosto dela como
uma valsa romântica, lenta e ágil.
— Mas, o motivo da minha alegria tem
nome e sobrenome. Sabe aquele garoto
da época da escola que voltou? Então,
nós estamos namorando. — Revelou
Nayla eufórica, nunca esteve tão feliz.
Colocando sobre a penteadeira o batom
nude que tinha d acabado de passar em
Jesse, pegando uma máscara de cílios
para finalizar a maquiagem.
— Para tudo! Como assim namorado,
criatura? Um dia desses estava no meu
sofá chorando por causa desse homem,
se ele te magoar eu arranho a cara dele
toda. Aliás quando vou conhecê-lo?
Espero que em breve. — Jesse levou a
mão ao rosto para tirar um cacho
teimoso que insistia em cair sobre o seu
rosto, seu cabelo nunca esteve tão macio
e sedoso.
— Dona Maria pode vir com o presente,
a maquiagem está pronta! —Nayla tratou
logo de mudar de assunto, Estevão não
era muito sociável, namorar um homem
como ele era um campo minado. Nunca
sabia ao certo onde pisar para não fazer
ou dizer nada e assustá-lo, morria de
medo de fazer alguma coisa que o
fizesse desaparecer novamente.
— Alguém chamou por mim? — Maria
Joaquim entrou no quarto sorridente
como sempre, segurando a caixa com
firmeza. — Espero que goste, minha
filha, é simples, mas feito com muito
amor. —Estendeu o presente para que a
filha pegasse, Jesse desfez o laço com
carinho e abriu a caixa com cuidado
quase chorando quando pegou a peça
delicadamente e levantou para que
pudesse ver melhor. Na verdade, a
jovem não apreciava muito os vestidos,
mas a mãe acertara perfeitamente o
gosto dela, tanto na escolha do modelo,
como na cor. Um vestido branco
simples, porém elegante com gola em V
e na altura acima do joelho, meio caído
nos ombros descendo justo até na
cintura, onde havia um cinto feito com
perolas brilhosas, abrindo em uma saia
rodada no restante mais abaixo, sem
muito exagero. Simples igual a ela,
Jesse quase chorou em como a mãe
pensou em tudo o que ela gostava para
criar a peça. Ainda tinha um colar
também branco cheio de pedrinhas
transparentes imitando diamantes, um
pequeno buquê de flores naturais vinho e
um par de sapatilhas no mesmo tom das
flores.
— Que lindo, mamãe! Obrigada por me
amar mesmo não sendo a filha que a
Senhora merece e por viver te dando
desgosto. Ainda vai ter muito orgulho de
mim algum dia, eu prometo! — Abraçou
fortemente a mãe com todo amor que
sentia por ela.
— Eu já tenho, filha! Te amo do jeito
que é e pronto. Sem medidas ou
reservas, vai ser sempre o meu
bebezinho. Agora não chore senão vai
estragar a maquiagem. Coloque logo o
vestido e vamos ver como vai ficar, está
bem? — Maria Joaquim limpou
discretamente uma lágrima que caiu,
estava muito feliz pelas coisas estarem
dando certo para a filha.
— Então, gostaram? — Perguntou uma
Jesse insegura em frente ao espelho, não
estava acostumada com aquele estilo.
— Você está linda, irmã! Deveria usar
vestidos mais vezes, vai ser o centro das
atenções nessa feira. — Mainara
aprovou o resultado, a mãe estava sem
palavras olhando para a filha com as
duas mãos sobre a boca.
— Você está muito gostosa amiga, vai
deixar esse homem doido. — Brincou
Nayla, tampo um tapa na bunda de Jesse.
As quatros gritaram animadas assim que
a companhia tocou, Michelangelo havia
chegado acompanhado de um buquê de
flores. Com o cabelo muito bem cortado,
calça de tecido preta e uma camisa
social verde dobrada até os cotovelos.
Sapatos sociais pontudos e uma câmera
profissional pendurada no pescoço,
assim como a Jesse tinha a dela
semiprofissional caindo aos pedaços,
mas funcionando direitinho e
conservada, levando em consideração o
ano que foi lançada. Debaixo do braço
uma pequena bolsa salmão que Nayla a
obrigou levar para guardar os objetos,
ou alguma lembrança que quisesse trazer
do evento.
— Sempre te achei linda, Jesse, mas
hoje está mais que qualquer outra. —
Elogiou, Michelangelo, sem tirar os
olhos dela em nenhum segundo. Ela
ficou feliz que o rapaz tivesse gostado,
pois também aprovara o look, sentindo-
se bonita pela primeira vez na sua
infeliz vida.
— Obrigada Miche, você também está
muito bonito! Essa camisa realçou a cor
dos seus olhos, iluminando ainda mais o
seu sorriso. —O rapaz quase derreteu-se
diante de tanta graciosidade da moça,
era extremamente gentil com todos.
— Vocês se importariam se eu tirasse
uma foto de vocês? Os dois fazem um
casal tão bonito! Imagino como sairia
linda a mistura dos dois, eu não iria
reclamar se ganhasse um netinho logo.
— Maria Joaquim quase matou a filha
de vergonha, estava no seu primeiro
encontro e a mãe já pensado nos filhos
dos dois. Tal ideia até agradou a Jesse,
afinal seu maior sonho fora ser mãe um
dia e era evidente que Michelangelo
daria um ótimo pai.
— Essa é Maria Joaquin, minha mãe.
Aquelas são Mainara, minha irmã e
Nayla, minha melhor amiga. E, esse é o
Michelangelo, meninas. — Ele acenou
com a cabeça sorrindo educadamente
para elas.
— Prazer, filho, posso tirar a foto de
vocês agora? — Jesse estava se
sentindo na época da escola, mas estava
gostando de ver a mãe animada daquele
jeito.
— Claro que sim, Senhora Maria,
depois quero uma cópia. — O barman
sorriu lindamente mostrando os belos
dentes brancos perfeitamente alinhados,
por um momento a mãe de Jesse teve um
mal pressentimento, o rapaz era
encantador de fato, mas havia alguma
coisa naquele sorriso que a incomodou
um pouco.
Depois de pousarem para algumas fotos
da câmera do celular de Maria Joaquim,
o casal seguiu o caminho para o parque
onde seria a exposição de fotos.
Michelangelo ficou envergonhado no
estado caótico que o seu carro se
encontrava, mas durante o percurso
explicara para Jesse que mandava todo
dinheiro que ganhava para ajudar a
família que ainda estava toda no Brasil.
Quando contara isso, encantou ainda
mais o coração da jovem. Já no local do
evento, os dois estavam se divertindo
muito rindo de tudo, comendo comidas
exóticas nas barraquinhas da área de
alimentação e tirando fotos de tudo que
chamava-lhes a atenção. A melhor parte
foi quando passearam pela exposição
apreciando as centenas de fotos
espalhadas ao ar livre sobre um
gramado verdinho sustentadas por
tripés, uma em especial encantou a
investigadora profundamente, a de uma
tribo indígena de habitantes da Floresta
Amazônica no Brasil, país de onde
Michelangelo veio, isso a fez gostar
ainda mais do retrato.
— Lindo não é mesmo? — Perguntou
Michelangelo vendo a concentração de
Jesse avaliando a foto.
— Muito! Para mim a foto mais bonita
da exposição, coisas simples me
encantam. — Exclamou Jesse ainda a
admirar a obra.
— A mim também. — Revelou o barman
e não estava se referindo a foto. A
jovem notou isso, sentiu o rosto queimar
quando ele segurou sua mão
entrelaçando os dedos aos dela. Foi um
ato tão natural, inocente, que Jesse virou
sorrindo para encará-lo. Os raios do sol
poente refletiam nas duas esmeraldas do
rapaz, realmente tinha olhos lindos.
— Obrigada por me convidar para sair,
estou realmente amando. —Sorriu
tímida abaixando o olhar fazendo alguns
cachos caírem sobre o rosto,
delicadamente ele passou os cabelos
rebeldes de Jesse para trás de seus
ombros, queria uma ampla visão do seu
rosto delicado.
— Tudo para te fazer feliz. Isso é só o
começo, moça! —Jesse não conseguia
medir o quanto estava se sentindo
especial naquele dia, Miche era
naturalmente educado em tudo o que
dizia, diferente de uns e outros que
sentia prazer em fazer o próximo se
sentir mal da forma mais cruel do
mundo.
— Podemos sentar um pouco para
descansar? — Perguntou Jesse ainda
corada pelo comentário dele, apontando
para um banco de madeira de dois
lugares próximo ao lago.
Em volta muitas flores de várias cores e
formas dava mais vida ao lugar, era
romântico e acolhedor.
Consequentemente, ele a conduziu até o
lugar ainda segurando sua mão, que se
dependesse dele não soltaria nunca. Mas
Jesse se adiantou e soltou-se do rapaz e
foi tocar a água do lago, assim que ficou
de pé fechou os olhos para sentir a brisa
leve tocar o seu rosto. Quando abriu
bem devagar notou que estava sendo
fotografada pelo Michelangelo, morta de
vergonha tentou fugir da câmera, gostava
de fotos e não de ser fotografada.
Quanto mais ela se esquivava era
surpreendida por mais e mais flashes,
pareciam duas crianças brincando
animadas sem importarem com quem
estivesse olhando.
— Você é linda, Jesse Carter, não
entendo o motivo de tanta insegurança.
— Comentou Michelangelo sentado ao
lado dela, tão perto que sem perceber a
mão da investigadora estava apoiada na
perna do rapaz, assim com a cabeça em
seu ombro. Ele estava a conferir as fotos
que tirou de Jesse, haviam ficado
delicadas e principalmente espontâneas.
Ela ergueu o olhar para encará-lo e
gostou do que viu. Havia admiração e
sinceridade dentro dos olhos dele,
acompanhado de um sorriso encantador,
não metido ou superior. Então, por um
segundo ela pensou que talvez Miche
gostasse de verdade dela e não tivesse
se aproximado por pena ou qualquer
outro motivo triste.
— Eu não sou linda, Miche, sou
insegura e atrapalhada. Boa em estragar
tudo, se quiser ainda está em tempo de
fugir antes que te dê algum prejuízo. —
Brincou desviando o olhar para sua
velha câmera, com um pingo de verdade
no meio e medo que ele saísse o mais
rápido que pudesse. Em vez disso,
Michelangelo virou o rosto dela para
que pudesse olhar em seus olhos, queria
que entendesse bem o que iria falar.
— Eu não vou embora, Senhorita Jesse
Carter, só se você quiser. – Afirmou
com certeza, pelo menos o suficiente
para a jovem sentir-se segura diante de
tais palavras. — Não e fácil ser um
estrangeiro sozinho nesse país, digamos
que os brasileiros não são muito bem-
vindos aqui. — Miche mudou a
expressão de uma hora para outra, como
se tivesse lembrando de algum momento
difícil. Ela queria abraçá-lo e dizer que
tudo ficaria bem agora, porque não
estava mais sozinho, ou pelo menos
afagá-lo por um instante para que a
sensação ruim fosse embora logo. Mas
percebia que dependendo da sua atitude
só pioraria as coisas, não era boa com
as palavras também, então lhe ofereceu
o melhor sorriso para que ele
percebesse que não estava mais sozinho,
tinha ela para lhe fazer companhia, para
sempre se assim desejasse, acima de
qualquer coisa, eram grandes amigos.
Por um momento o silêncio predominou
entre os dois, respirações ofegantes e
olhares fixos um ao outro. Os olhos de
Michelangelo desviaram dos dela a
procura de sua boca e como um ímã os
rostos foram se aproximando e Jesse
Carter iria enfim dar o seu primeiro
beijo também naquele dia.
— Droga! — Resmungou a
investigadora devido ao celular dela que
começou a tocar insistentemente, um
verdadeiro empata primeiro beijo. Eram
várias mensagens seguidas uma atrás da
outra, realmente havia alguém querendo
falar com ela. Em todas estava escrita a
mesma coisa e isso a preocupou
bastante.
“Emergência, venha para esse
endereço que te mandei agora! Não
demore e não pare para falar com
ninguém, pode ser perigoso. “
Jesse levantou em pulo deixando Miche
assustado, ajeitou a bolsa no ombro e
colocou a câmera no pescoço
novamente.
— Apareceu uma emergência no
trabalho, preciso ir. — Beijou o rosto
dele e saiu correndo, tentou fazer uma
cena sensual como nos filmes de
Hollywood, mas poucos metros a diante
tropeçou em um galho e caiu de joelhos.
Levantou o mais rápido que pode e deu
um sorriso amarelo para Michelangelo
para demostrar que estava bem, ele
acenou sorrindo achando lindo o jeito
atrapalhado da jovem. Jesse assobiou
para um táxi que parou imediatamente,
em pouco mais de uma hora estava
diante do de uma pista de voo fora da
cidade.
— Tem certeza que o endereço é esse,
moça? — Perguntou o senhor de chapéu
com um bigode maior que o rosto dele,
com uma pena enorme de deixar Jesse
sozinha naquele lugar deserto, ela quase
desistiu e voltou para casa. Mas ela era
mais corajosa do que isso, não desistia
fácil.
— Não se preocupe, vou ficar bem. —
Entregou o dinheiro a ele sorrindo
forçada, estava apavorada. Soltou um
gritinho de susto quando o celular tocou
vibrando dentro da sua bolsa anunciando
a chegada de outra mensagem do mesmo
número que dizia: “Olhe para o céu. ”
Era finalzinho de tarde e o sol se
despedia com toda sua majestade se
escondendo atrás das montanhas
deixando um belo rastro alaranjando
conforme ia se pondo. As andorinhas
voando ao sul completavam a beleza
daquela cena, simplesmente esplêndida.
Mas o que chamou a atenção da moça
foi um ponto no céu que foi ficando cada
vez maior conforme se aproximava, era
um jatinho de última geração. A pista se
iluminou como uma árvore em uma
manhã de natal, luzes de todas as cores.
O coração de Jesse batia
aceleradamente, quase saindo pela boca,
ainda mais quando o jatinho estava
pousando a poucos metros do chão e
conseguiu ver quem era o piloto, que
mesmo escondido atrás dos charmosos
óculos de aviador e jaqueta de couro
preta ela o reconheceu imediatamente,
sim! Era Blade Maldonado, mais lindo
do que nunca, com sua presença superior
e charme incomparável. Poderia até ter
muitos parecidos com ele, mas igual
jamais! Era único, o original.
Incrivelmente o medo dela havia ido
embora sentia-se segura como nunca,
protegida. Não pode conter o sorriso
diante daquela imagem avassaladora,
mesmo ainda muito brava com ele, não
teve como não sorrir, não mesmo. Por
outro lado, Blade perdera totalmente o
foco do que estava fazendo quando
olhara para Jesse através da janela de
vidro com os cabelos esvoaçantes
conforme a vontade do vento, assim
como o vestido rodado que ela tentava
inutilmente segurar, ele presenciou uma
cena idêntica à da atriz Marilyn Monroe
no filme “Um dia como este” em mil
novecentos e cinquenta e quatro. Não a
estava vendo como um anjo naquele
momento, com certeza não mesmo.
Assim que pousou, ele tirou os óculos
para avaliar melhor a jovem, fez questão
de começar uma varredura minuciosa
pelas sapatilhas delicadas que parecia
ser de cristal envolvendo os minúsculos
pés. As pernas finas, porém, bem
torneadas e bonitas. Parte das belas
coxas aparecendo devido ao
comprimento desnecessariamente curto
da investigadora, ele também notou
como a peça abraçou perfeitamente as
curvas suaves de seu corpo, em especial
a cintura modestamente curvilínea e os
seios durinhos e empinados. Blade
elevou o olhar notando que ela quase
não usava maquiagem, mas o suficiente
para realçar a beleza natural de Jesse,
que era mais do que a moça pensava.
Duas pinceladas levemente rosadas nas
bochechas que avivava conforme
corava, graciosamente e seus cílios
pareciam ainda mais negros e longos do
que ele se lembrava. Os cabelos não
estavam voando naquele momento, mas
vários cachos caíam delicadamente em
volta do seu rosto. Maldonado nunca
odiou tanto aquele cabelo, se pudesse
obrigaria a prendê-lo e não soltar nunca
mais e a jogar aquele maldito vestido
longe, imediatamente! Não queria que
outro homem sentisse o que estava
sentindo naquele momento olhando para
ela, seria capaz de matar o indivíduo e
jogar o coração aos lobos. De repente
uma raiva tomou conta dele, algo
incontrolável. “ Ela se arrumou assim
para outro, queria ficar atraente para
ele. E conseguiu. ”
— Oi! — Jesse pigarreou baixinho,
rodopiando o anel no dedo
envergonhada.
— Pare com isso. — Ele ordenou
olhando para ela de uma forma
enigmática, mas a voz era estranhamente
suave e gentil até.
— Desculpe, mas o que está
acontecendo de tão urgente que não
poderia esperar até amanhã? Estava um
pouco ocupada quando recebi a
mensagem de vocês. — Jesse resmungou
irritada, estava começando a ventar um
pouco mais fresco.
— Eu vi. — Respondeu rabugento,
tirando a jaqueta de couro e colocando-a
com cuidado demais para um arrogante
cretino sem coração como ele, em volta
do ombro dela a pegando totalmente de
surpresa, tanto que nem prestou a
atenção nas palavras dele.
— Obrigada! — Ela agradeceu
observando-o com uma certa admiração
muda, porém deslumbrada. Deus se
alegra mais com um acerto de um pagão
do que mil de um dos seus servos mais
fiéis.
— O Li analisou os documentos da
emboscada que você pegou onde
mataram os meus pais. — Ele hesitou
por um minuto e respirou fundo antes de
continuar a falar. — Estamos
desconfiados que quem armou para eles
foi um antigo inimigo do meu pai, Carlo
Castelli, chefe da máfia americana,
lembro desse nome devido a uma
discussão entre eles em minha casa
quando era pequeno, eu estava atrás da
porta e ouvi meu pai e minha mãe
dizendo que esse homem nunca aceitou o
fato dela não o ter escolhido como
marido em vez do meu pai, tinha um
amor obsessivo por ela e vivia os
perseguindo. Prometeu de se vingar dos
dois por isso. Juntamos as peças e
chegamos à conclusão que se vingou os
entregando para a Polícia com uma
única condição, que não saíssem vivos,
mesmo depois que se rendessem, assim
que conseguiu o que queria se matou
com um tiro na cabeça deixando a atual
mulher e um filho pequeno como
herdeiro da fortuna e que hoje é o chefe
dos negócios da família. Achamos que é
ele que está querendo vingar a morte do
pai colocando a cabeça do último
Maldonado a prêmio e pelo visto não
vai parar até conseguir.
— Nossa que triste! Sinto muito. Pelos
seus pais e principalmente por você. —
Jesse levou a mão ao rosto dele, que não
se afastou do toque.
— Eu também. — Ele fechou os olhos
diante da sensação agradável do calor
da pequena mão tocando sua pele,
Carter sentiu a barba dele de alguns dias
sem fazer arranhá-la um pouco, mas não
se importou.
— Desculpe! Agi sem pensar, sei que
não suporta que eu o toque, tão pouco a
minha presença. — Recolheu a mão
imediatamente fitando os próprios pés
magoada, lembrando da forma horrível
que ele a tratou recentemente. “ O que
eu havia feito? Ela não iria me perdoar
nunca pela forma que a tratei, mas era
preciso para mantê-la protegida de
mim...”
— Jesse eu... — Tentou falar, mas ela o
impediu antes que começasse alguma
grosseria. Já havia a magoado demais,
fazer papel de trouxa tinha limite.
— Diga em que eu posso ser útil dessa
vez, afinal só me procura quando
precisa. — Jesse foi áspera o atingindo
com um tiro certeiro, ele estava
provando do próprio veneno chamado
desprezo.
— Vou precisar do seu distintivo para
chegar a localidade onde Xing acredita
ser o esconderijo dele, espero que tenha
o trazido. — Blade andava de um lado
para o outro impaciente, ansioso para
ouvir a reposta dela.
— Cuide bem dele e boa sorte! —
Enfiou a mão na pequena bolsa e
praticamente jogou o distintivo na cara
dele e ameaçou ir embora.
— Preciso que venha comigo, não me
deixe sozinho. Li precisa ficar para
analisar com calma os relatórios.
Estevão e Julius têm que manter Bobbi
seguro, nossa maior prioridade é mantê-
lo a salvo enquanto não colocamos as
mãos nesses caras. — Ele revelou
segurando no braço dela, com a voz
arrastada ao dizer tais palavras.
— Você é o incrível, Blade Maldonado,
que resolvi qualquer coisa com as suas
pistolas de ouro. Uma inútil, sonsa e
destratada como eu, só iria te atrapalhar.
— Tentou soltar-se dele, mas não
conseguiu fazer nem cócegas, era como
um grão de areia na mão de um gigante.
— Tem razão, investigadora! Tenho me
virado a minha vida toda sozinho, não
sei porque pensei que agora poderia ser
diferente, esse é o meu destino. Vou ligar
para o Julius e pedir que venha te
buscar, pode ficar tranquila que ainda
vai dar para terminar o que começou
com o seu namoradinho, ele precisa
mais de você do que eu. — Suas
palavras estavam repletas de
ressentimento e sem voltar a olhar para
ela caminhou até o jatinho entrando no
mesmo e pisando firme.
— Posso pelo menos saber para onde
vamos? — Jesse sentou ao lado dele
emburrada, cruzando os braços,
sentindo-se uma verdadeira idiota por
estar fazendo aquilo.
— Tijuana. Fronteira Estados Unidos
com o México. — Respondeu calmo,
olhando para ela pelo canto dos olhos
com uma expressão divertida no rosto.
— Ouvi falar que em Tijuana tudo pode
acontecer, conhecida por ser a cidade do
pecado. — Ela comentou sem querer.
— Eu sei. — Blade tinha um sorriso
calculado no rosto e isso a assustou
profundamente, pensou até em fugir, mas
já haviam decolado.
CAPÍTULO 16
Por Jesse Carter...
Blade pilotando aquele jatinho era a
coisa mais erótica do mundo, de fato a
personificação do sexo em carne e osso
bem diante dos meus olhos. Me
envergonhava muito dos pensamentos
profanos que tinha com ele, fora os
sonhos eróticos que vinha tendo quase
todas as noites desde que o conheci.
Quando olhava para mim era como se
uma onda de calor invadisse todo o meu
corpo irradiando para o meio das
minhas pernas, diferente de quando
estava com o Miche, que mesmo quase
tendo o meu primeiro beijo com ele,
hoje, não consegui sentir nada além do
que carinho e ternura. Se dissesse que
não gostava dele estaria mentindo, mas
não chegava nem perto do que sentia por
Blade. Naquele momento, observava
como ele estava segurando o manche
com força, fazendo os músculos dos
braços crescerem saltando para fora da
manga curta da camisa, aparentando ser
mais forte ainda, e quando o soltou por
um instante para passar a mão no cabelo
de forma naturalmente sexy, queria que
ele deixasse no piloto automático, mas
não, ele era o tipo de homem que
gostava de fazer as coisas bem-feitas e
com as próprias mãos.
— Está com fome? — Ele tirou os
óculos escuros de aviador e olhou para
mim, intensamente.
— Só um pouco e você? — Esfregava
uma perna na outra nervosa, o clima
estava meio tenso dentro daquela
cabine.
— Muita. — Ele olhou para o decote do
meu vestido, umedecendo os lábios com
a língua. Oh! Droga, como eu
conseguiria resistir a Blade Maldonado?
Que engraçado! Naquele momento ele
não parecia mais tão intocável. Talvez
por que até agora não tinha sido grosso
ou gritado comigo como da última vez e
seu semblante não estava azedo como de
costume.
— Coma esse chocolate, por enquanto.
Quando chegarmos levarei você para
comer algo quente e bem gostoso. —
Senhor! Eu sabia que ele estava falando
sobre comida, mas foi como se tivesse
referindo a algo completamente
diferente. Algo que tenha a ver com
sexo, bruto e selvagem. Peguei o
pequeno embrulho marrom da mão dele
morta de vergonha, como se ele pudesse
descobrir a qualquer momento o que eu
estava pensando.
— Obrigada! — Respondi sem jeito,
dando uma mordida generosa no
chocolate. Ele não se preocupou em
manter mais nenhum diálogo durante o
resto da viagem e eu agradeci muito a
Deus por isso. Não queria estragar tudo
ou arriscar ser maltratada novamente.
Pousamos em Tijuana por volta das
vinte e duas horas em uma pista
clandestina no meio do nada. Havia um
senhor muito simpático com uma
caminhonete velha nos esperando para
levar-nos até o hotel onde passaríamos a
noite, segundo Blade iríamos atrás do tal
filho do Carlo Castelli, filho do inimigo
do pai dele, apenas no outro dia.
Blade continuou calado durante o
caminho até o restaurante, era a poucos
metros de onde estávamos hospedados,
na verdade eu não soube decifrar se era
uma boate ou uma casa de "encontros".
Acho que era um pouco de tudo, havia
mulheres dançando uma música com o
ritmo quente quase nuas em um palco
improvisado com homens gritando
algumas coisas em espanhol e jogando
dinheiro para elas. Casais se agarrando
fervorosamente por todo o canto. Fiquei
meio sem jeito naquele lugar, vendo isso
Blade me conduziu até um local mais
discreto nos fundos do lugar, com
apenas uma mesa de dois lugares. A
decoração era rústica e incluía algumas
antiguidades, como estátuas de deuses
da mitologia grega e quadros com fotos
em preto e branco de mulheres dos anos
oitenta, nuas em poses sensuais. Nos
sentamos ali naquela modesta mesa de
madeira de frente para a grande janela
panorâmica, com vista para a loucura
que era Tijuana a noite. Como não fazia
ideia do que estava escrito no cardápio,
Blade fez os pedidos em espanhol e com
uma pronúncia perfeita. Não gostei da
forma que a garçonete olhava para ele
quando veio trazer os pratos, com um
uniforme pelo menos dois números
menores que o adequado para ela se
oferecendo descaradamente e o cretino
dando papo para a oferecida. Apesar de
tudo, tinha que admitir que a comida
estava uma delícia! Principalmente as
tortilhas, o pozole e as bebidas
mexicanas eram viciantes.
— Se eu fosse você ia com calma
investigadora, dizem que El Sotol tem o
efeito afrodisíaco a partir da segunda
doze, pelas as minhas contas essa é a
sexta. — Apontou para o copo vazio em
minhas mãos, tinha acabado de virar em
um gole só. Realmente estava sentindo
um calor fora do normal, mal conseguia
entender o que ele estava falando porque
estava hipnotizada demais olhando para
a boca sensual dele.
— Você tem uma boca bonita, atraente.
— Pensei alto, o estranho foi que não
tinha me arrependido nem um pouco de
ter dito. Era o álcool subindo na cabeça,
ele me olhou surpreso por uns instantes
antes de inclinar o corpo sobre a mesa
ficando bem próximo a mim.
— Você acha mesmo? — Perguntou com
a voz mais grossa que o normal, eu tinha
esquecido como Blade era bonito! E
naquele momento se ele se aproximasse
mais um pouco acho que perderia a
cabeça de vez e roubaria um beijo,
mesmo que levasse um tiro dele depois.
— O que está bebendo? — Mudei de
assunto, apontando para uma garrafa ao
lado do seu prato e sem pedir
autorização levei um gole a boca sem
tirar os olhos dos dele. Não sabia o que
estava acontecendo comigo, não
conseguia pensar antes de agir.
— Cuidado investigadora, isso não é
para garotas como você. —Tomou a
garrafa da minha mão e encostou as
costas na cadeira relaxando o corpo,
dando um gole na bebida sem perder o
contato visual.
— Garotas como eu? — Perguntei
nervosa.
— Virgens e ingênuas! — Deu outro
gole na bebida com um olhar desafiador,
metade da boca se puxando para cima
em um sorriso malicioso. O que tinha de
bonito, sobrava no quesito cretino.
— Você não me conhece, Blade. —
Arranquei a garrafa dele e bebi o resto
em um gole só, está certo que quase
morri engasgada sentindo a minha
garganta queimar, mas engoli tudo.
— Aposto deve estar com a garganta em
fogo, essa bebida foi feita para degustar
aos poucos, assim como certas coisas...
— Disse o cretino mais sexy do que
nunca, estava se divertindo às minhas
custas, as pessoas fazem isso comigo
desde que nasci.
— Como chama essa bebida? Vou
comprar mais dela quando chegar em
Los Angeles. — Menti descaradamente,
nunca mais queria ver outra garrafa
daquela na minha vida. Levei um
garfada do restante da minha comida que
estava mais da metade intacta no meu
prato, estava muito ansiosa ao lado dele.
— É a famosa Tequila, dizem que é
afrodisíaca também. — Fiquei surpresa
dele estar sendo tão ousado e sensual
comigo.
— Que música animada, acho que vou
dançar um pouco. — Levantei meio
tonta tropeçando nós próprios pés e fui
para o meio da pista dançar, nunca na
minha vida teria coragem de fazer aquilo
se estivesse sóbria. Mas faria qualquer
coisa para sumir de perto dele naquele
momento, tinha medo quando era
educado comigo daquela forma.
Era a música de um filme que eu gostava
muito "Lambada, a dança proibida",
fechei os olhos e deixei a batida e o
efeito do álcool me levarem. Mexendo o
quadril lentamente, como uma cobra
sorrateira. Estava me sentindo
totalmente livre e quente. O calor que
me consumia era tanto que tive que tive
que juntar o cabelo com o auxílio das
mãos ao topo da cabeça por uns
instantes, depois os soltei deixando uma
onda de cachos cair feito uma cascata
sobre o meu rosto. Ainda com os olhos
fechados comecei a imaginar como
queria ser tocada pelo Blade naquele
momento ao som daquela música
excitante, podia sentir os seus olhos
sobre mim e isso me instigava ainda
mais.
"Llorando se fue' quien algun dia solo
me hizo llorar
Llorando se fue' quien algun dia solo
me hizo llorar
Llorando estará al recordarse de un
amor
que algun dia no supo cuidar
Estara' llorando al recordarse de un
amor
que algun dia no supo cuidar
El recuerdo estara' con el donde quiera
que vaya
El recuerdo estara' por siempre alla'
donde quiera que vaya yo"
Danza, sol y mar, yo los guardare' en la
mirada
El amor hace perder y encontrar"....
Deslizei as mãos sobre os meus seios
por cima do vestido e os apertei, não
satisfeita as levei até a barra do vestido
e segurei com força como apoio para
continuar, sem me preocupar com mais
nada além de curtir o momento. Nisso
acho que uma parte das minhas coxas
ficou a mostra porque ouvi alguns
homens assobiando a minha volta, não
me importei com isso também, as pernas
eram minhas e eu mostrava para quem eu
quisesse.
— Não, mostra não! — Quando abri os
olhos o Blade estava parado em minha
frente, possesso! Segurando o meu braço
com força, dava para ver o brilho do
ódio em seus olhos que naquele
momento estava em um tom escuro
acinzentado com leve manchas azuis
perdidas naquela escuridão sem fim.
Como ele sabia o que eu estava
pensando? E porque ficou tão nervoso
só por causa de uma dança, isso não
fazia sentindo. Nem um pouco.
— Me solta! Você está me machucando,
vai embora daqui e me deixa dançar em
paz. — Gritei nervosa, tentando me
soltar inutilmente do aperto dele.
— Dançar? Esse ritmo deveria ser
proibido em cartório, todos os homens
deste lugar pararam para ver você e essa
sua apresentação de sexo explícito. —
Exclamou aos berros, quando olhei para
o lado, realmente, a maioria homens
tinha aberto uma roda no salão para me
verem dançar,
— Não exagera, Blade, só estava me
divertindo. — Minha vontade era
chorar, ele estava fazendo uma coisa
inocente parecer um crime. Mas fui forte
e segurei o choro tentando abaixar o
vestido, totalmente sem graça devido a
forma que os homens estavam olhando
para mim com uma expressão
assustadora.
— Agindo feito uma qualquer? Uma puta
barata de esquina. — Ele disse partindo
o meu coração, parecia que uma faca
tinha atravessado o meu peito de tanta
dor era quase insuportável. Tinha
largado tudo para vir com ele para
aquele lugar estranho cheio de gente
maluca, deixando para trás alguém que
gostava de mim de verdade. Para ser
ofendida daquela forma horrenda só por
causa de uma dança, não era justo
comigo.
— De vagabunda você entende não é
mesmo, Blade? Porque só esse tipo
mesmo para aturar a sua grosseria,
porque uma mulher decente jamais
aguentaria um cretino como você. — Sai
correndo meio tonta e chorando muito,
me sentindo a pior pessoa do mundo.
— Quem você pensa que é para falar
assim comigo garota? — Ele conseguiu
me alcançar já no meio do corredor do
hotel, agarrou meu pescoço e me
imprensou na parede me imobilizando
por completo quase me enforcando, com
certeza ficaria marcas depois.
— Pare de me chamar de garota, porra!
Tenho vinte e seis anos, policial
formada e cuido do meu próprio nariz.
Não sou mais uma menina, então pare de
me tratar como tal. — Gritei subitamente
irritada, ele me deixava fora de si.
— Mulher? Não me faça rir, Jesse, não
passa de uma garotinha mimada que vai
começar a chorar a qualquer momento
querendo o colo da mamãe. — Mesmo
nervosa a sensação do peito de Blade se
esfregando em mim era estonteante. Na
verdade, tudo nele era perfeito.
— Se você não tivesse atrapalhado o
meu encontro com o Miche talvez eu
teria me tornado uma mulher nos braços
dele essa noite, mas fui idiota o
suficiente para lagar um homem de
verdade para vir atrás de um moleque.
Porque para mim é isso o que é, Blade,
só tem tamanho e idade. — Quando vi já
tinha falado, só queria feri-lo como
havia me ferido antes.
— Não te obriguei a vir comigo, se
queria tanto estar nos braços dele, agora
porque veio? — Abaixou o tom dessa
vez, a voz quase em um sussurro. Virou
as costas para mim, não queria que eu
visse o seu rosto. Totalmente tonta e sem
condições de me manter de pé sozinha
deslizei as costas na parede até
encontrar o chão, o álcool resolveu
mostrar serviço logo naquele momento.
Não tinha mais noção de nada nem de
ninguém, só queria voltar para minha
casa e chorar até morrer.
— Por que eu sou uma idiota! Que
demorou a vida toda para gostar de
alguém e foi escolher logo um cretino,
arrogante e filho da puta sem coração.
Agora estou em outro país jogada no
chão, bêbada com o coração partido por
ele, em mil pedaços. — Tampei o rosto
com as mãos e comecei a chorar,
compulsivamente.
— Venha, vou te levar para o seu quarto.
— Me pegou no colo como se fosse um
bebê, o cuidado foi o mesmo. —
Escondi o meu rosto em seu peito
chorando baixinho sentindo cheiro
gostoso do seu perfume importado,
queria tanto odiá-lo, mas simplesmente
não conseguia. Me sentou na cama, com
um carinho que pensei que ele não tinha
com ninguém.
— Obrigada! — Agradeci com a voz
chorosa limpando o rosto, não conseguia
conter o choro.
— Quer tomar um banho frio? Vai se
sentir melhor. — Sentou próximo a mim,
até demais que o necessário.
— Não! Eu quero você, Blade! —Tentei
beijá-lo, não estava me importando com
mais nada. Nada me deixaria mais feliz
do que poder tocá-lo, sentir o calor do
seu corpo.
— Chega! Não acha que já se ofereceu o
suficiente por hoje? Não devia ter
bebido tanto, devia ter impedido você
de tomar toda aquela tequila. —
Segurava os meus braços impedido que
me aproximasse dele, como se estivesse
com nojo que o tocasse.
— Não me importo com o que pensa
sobre mim, atrapalhou o meu primeiro
beijo hoje e sua obrigação é reparar
isso. Não sei quando outro garoto vai
querer me beijar novamente, desde a
época da escola eles não olham para
mim, nunca fui a um baile, sabia?
Ninguém queria ser visto com a "Jesse,
a estranha", o primeiro encontro que tive
na vida foi com o Miche, acho que ele
gosta de mim de verdade. — Deitei na
cama sonolenta quase dormindo, mas
não antes de ouvir ele dizer antes de
sair.
— O meu também. — Blade confessou
com a voz suave, por um momento tive a
impressão que iria tocar o meu rosto,
mas não tinha mais forças para abrir os
olhos. — Com você, significa para mim
mais do que parece. — Completou antes
de sair praticamente correndo fechando
a porta atrás dele.
Acordei meio desnorteada com a minha
cabeça parecendo explodir a qualquer
momento, era o resultado infeliz de
tantas tequilas ingeridas na noite interior
em um momento de idiotice. Queria não
lembrar do que houve, mas infelizmente
lembrava de cada minuto. Como fui
boba! Me oferecer para o Blade daquela
forma, em que mundo um homem como
ele iria querer beijar uma garota
estranha feito eu? —Virei para o lado e
fiquei em posição fetal, toda encolhida
tentando engolir o choro. Tinha bebido
demais para provar ser quem não sou e
agora morreria de vergonha quando
encontrasse com ele, com certeza agora
tinha certeza que era de fato uma
qualquer. Depois chorei tudo o que
podia, pensando em como ridícula era a
minha vida, um verdadeiro fracasso.
Meu pai sempre teve razão, deveria ter
nascido morta que não faria falta para
ninguém. Tentei me levantar e acabei
caindo de cara no chão, ainda estava um
pouco tonta. Com muita dificuldade
fiquei de pé e fui tomar o meu banho.
Sem ter o que vestir me enrolei em uma
toalha ridiculamente rosa choque,
horrorosa. Estava penteando o cabelo
com os dedos quando ouvi batidas
insistentes na porta, tremi de medo
imaginando quem poderia ser tão cedo.
— Desculpe, te acordei? — Foi preciso
esfregar os meus olhos para acreditar
que o Blade estava realmente parado na
minha porta as cinco horas da manhã e
ainda por cima se desculpando por ter
me acordado. Esse tipo de gentileza não
combinava com ele, chegava a ser
assustador. Ele estava tão lindo! Usava a
mesma roupa da noite anterior, só que
sem a jaqueta preta de couro que tinha
me emprestado. Aquela maldita calça
jeans escuro moldando o belo corpo
bem composto por músculos bem
definidos, uma camisa branca justa de
mangas curtas exibindo os braços fortes,
uma parte muito sexy do peito estava a
mostra. Os cabelos bagunçados e uma
expressão levemente cansada, como se
não tivesse dormindo. Os olhos em um
azul profundo, duas safiras brilhando
como a luz da lua. Blade era o homem
mais bonito que tinha visto na vida, a
verdadeira imagem do pecado.
— Não precisa se desculpar, aconteceu
algum problema para vir aqui tão cedo?
E sobre ontem, me perdoe por ter
tentado beijar você. Estava sobre o
efeito do álcool, no momento esqueci
que não gosta que toquem em você,
ainda mais eu. —Abaixei o olhar
envergonhada, girando o anel no meu
dedo de um lado para o outro, fazia isso
quando ficava nervosa. Meu coração
estava partido, queria que a ressaca me
fizesse pelo menos esquecer a parte dele
fugindo quando tentei beija-lo.
— Não aconteceu nada, Jesse. — Disse
com aquela voz grossa dos infernos
atento aos movimentos que eu fazia com
o anel, que me fazia derreter com um
simples "oi". Enfiando as mãos no
bolso, por um minuto pensei que
estivesse envergonhado.
— Se não é para brigar comigo pelo que
fiz ontem, porque veio? —Perguntei
confusa o encarando-o fixamente.
Tentando não vacilar diante de tanta
beleza, Blade nunca esteve tão lindo
como naquele momento.
— Porque ontem fui embora deixando
para trás uma coisa que eu queria muito,
mas do jeito que estava bêbada pensei
que não seria justo com você acordar de
manhã sem lembrar do seu primeiro
beijo. O máximo que consegui esperar
foi até o dia clarear, espero que esteja
razoavelmente sóbria agora, porque
passei a noite totalmente embriagado, e
não tem nada a ver com álcool. — Disse
sério me avaliando de cima a baixo,
vindo em minha direção a passos firmes.
— Você me fez chorar a noite toda,
prometi para mim mesmo que seria a
última vez. — Estiquei o braço com a
mão aberta para impedir que se
aproximasse de mim.
— Eu prometi para mim mesmo que
nunca iria atrás de mulher nenhuma na
vida e olha onde estou. — Empurrou a
minha mão para o lado abrindo espaço
para sua passagem, estava mesmo
decidido. —Promessas vem e vão, não
deveria se apegar a essas coisas,
investigadora. — Em seu rosto havia
uma expressão divertida, não entendia o
porquê estava jogando comigo daquela
forma.
— Onde quer chegar com isso, Blade?
Não brinque comigo, você não me
suporta e tem nojo de mim. Me acha
sonsa, burra e odeia o meu cabelo. —
Que naquele momento estava quase
acabando de secar, estando mais alto do
que nunca como uma leoa no cio.
— Nunca ouviu dizer que quem
desdenha quer comprar? — Perguntou
levemente rude e passou os dedos entre
os meus cabelos segurando alguns
cachos.
— Nem você sabe porque está aqui,
Blade, vai embora e vamos esquecer o
que houve. — Estava com tanto medo do
que estava acontecendo, só queria fugir.
Já havia sido magoava por tanta gente na
vida, só queria me proteger do mundo de
agora em diante.
— Estou aqui por... — Ele respirou
fundo. — Estou aqui por causa disso. —
E assim Blade se aproximou mais de
mim me empurrado com cuidado até
achar a parede mais próxima, ele moveu
a mão direita para a parte de trás da
minha cabeça evitando que batesse com
força. Antes que eu pudesse protestar,
ele tomou o meu rosto entre suas mãos e
aproximou o dele até a ponta do seu
nariz tocar o meu. Um toque suave,
gentil, nada ameaçador. Isso me fez
sorrir como uma adolescente
apaixonada, nesse momento percebi que
Blade ficou um pouco perdido e fechou
os olhos encostando a testa na minha.
— Desde ontem, quando vi você com
aquele vestido branco curto. —Enfatizou
bastante a palavra "curto", dizendo-a
com uma certa raiva diria. — Estava
querendo fazer isso, mas tive que me
contentar apenas em imaginar. — Por um
momento pensei ter enlouquecido,
aquele não era o Blade, não mesmo. Só
podia ter fumado alguma droga
mexicana muito forte ou algo parecido.
— Blade! — O nome dela saiu da minha
boca plena de desejo, como se um
encantamento tivesse me dominado, não
conseguia pensar em mais nada. O meu
coração batia cada vez mais rápido
conforme os seus lábios se
aproximavam dos meus, naquele
momento teria o meu primeiro beijo e
seria com Blade Maldonado, o homem
por quem estava apaixonada e que
falava comigo através da Lua. Perdi
totalmente a capacidade de raciocinar e
me deixei levar pela emoção, pelo
momento. Então ele roçou os lábios nos
meus, eram quentes, úmidos e
surpreendente macios. Quando a língua
dele pediu passagem para dentro da
minha boca não sabia ao certo o que
fazer, experiente como era e bem mais
velho do que eu, pressionou o corpo
contra o meu em um gesto firme
apertando a minha cintura com força
para me passar confiança. No começo
nossas línguas se encontraram como
dois jovens se conhecendo timidamente,
tive que ficar nas pontas dos pés para
conseguir alcançá-lo. Para variar quase
desiquilibrei e cai, então envolveu os
braços em volta da minha cintura com
mais força ainda e elevou um pouco o
meu corpo para ficar da sua altura. Sem
querer mordi o seu lábio inferior, o que
resultou em um gemido alto e erótico da
parte dele. Me deixando totalmente
lisonjeada, por ser por minha causa.
Nunca me senti tão viva, desejada. A
minha mão estava apoiada em cima do
seu coração, que batia rápido e
descompassado como o de um beija-
flor. Em momento algum passou do
ponto comigo, poderia aproveitar que eu
estava apenas de toalha e forçar algo
mais, mas não o fez. Foi extremamente
educado e carinhoso, atencioso. Por um
momento pensei que não iria parar mais
e eu estava amando aquilo, poderia
beijá-lo pelo resto da minha vida.
Consequentemente, devido à falta de ar
fomos obrigados parar para respirar um
pouco, sem criar nenhum centímetro de
distância entre os nossos rostos.
— Eu sabia que iria me achar, Anjo... eu
sabia... — Alisou o meu rosto,
suspirado aliviado como se tivesse
encontrado uma coisa que estava
procurando há muito tempo.
CAPÍTULO 17
“Por favor me abrace...”
Havia se passado um certo tempo e eles
ainda mantinham os rostos colados um
ao outro. Blade que não suportava ser
tocado por ninguém, principalmente por
Jesse, simplesmente não conseguia tirar
as mãos dela, poderia abraçá-la pelo
resto da vida se fosse possível. Agira
conduzido pela emoção, era uma pessoa
fria que não sabia lidar com certos seus
sentimentos, nem sabia que os tinha na
verdade. Sentiu como se uma espada
atravessasse o seu peito quando a
investigadora gritou para quem quisesse
ouvir que preferia estar nos braços de
Michelangelo em vez de ter vindo com
ele, de fato a moça fora um pouco cruel
nas palavras, mas ele mereceu ouvir
cada uma delas e sabia disso. Blade
havia ofendido a integridade da moça de
forma planejada e cruel, só porque
estava com ciúmes em vê-la dançando
aquela música quente de forma tão
sensual e provocante. E ela estava tão
bonita naquele vestido branco, de fato a
mulher linda e exótica daquele lugar,
uma mistura de sexy com ingenuidade, o
desejo de qualquer homem, o dele. Não
conseguia fazer outra coisa além de
olhar para Jesse, e os outros homens
presentes também não e isso o irritou
profundamente. Deus! A forma como
tocava o próprio corpo mexendo feito
uma cascavel ameaçando o bote, ágil e
perigosa. Era a cena mais erótica que
vira em toda sua vida profana, repleta
de pecados, orgias e dinheiro sujo.
Maldonado era um demônio e não se
envergonhava nada disso e Jesse Carter
um anjo puro que aos vinte e seis anos
não havia dado nem o seu primeiro
beijo. Essa revelação surpreendeu o
bandido, ainda mais a parte que onde a
mesma citou que se não tivesse viajado
com ele teria perdido a virgindade dos
lábios e de tantas outras partes mais do
corpo, as quais preferiu nem imaginar.
Foi um martírio manter-se firme diante
das investidas de Jesse, tinha que fugir
dali o mais rápido que pudesse, para
bem longe dela. Em seu quarto passou a
noite andando de um lado para o outro
pensando em tudo, principalmente da
conversa que teve com Julius contra a
sua vontade quando estava arrumando
algumas peças de roupas dentro de uma
pequena bolsa para viajar para Tijuana
sozinho, esse era o seu plano inicial.
— Porque não leva a Jesse para te dar
uma força nisso, Blade? — Perguntou o
mexicano, entrando simplesmente no
quarto do comparsa sem ser chamado ou
bater na porta.
— Você ficou louco, Julius? Aquela
garota é um desastre ambulante, vai
matar nós dois antes de chegarmos na
metade do caminho. —Rosnou
Maldonado irritado, passou o dia todo
em um mau humor do cão e ninguém
sabia o porquê. Gritou com Bobbi por
mais de duas vezes sem nenhum motivo,
coisa muito rara de acontecer.
— Não é desse tipo de ajuda que estou
falando, Blade! E você sabe muito bem
disso. Se eu não tivesse sido banido do
México, eu iria no seu lugar e Estevão
não viveria um dia em solo espanhol
com aquela língua afiada dele. — Julius
revirou os olhos suspirando fundo,
lembrando como Estevão sempre
exagerava quando o assunto era
sinceridade. As pessoas exigem sempre
a verdade, mas são poucas que estão
preparadas para ouvi-la.
— Sempre me virei muito bem sozinho,
cuido de mim desde quando meus pais
morreram. Trazer aquele desastre atrás
de mim é séria idiotice, ela é uma louca.
Já reparou nas roupas dela? O cabelo
parece um bandido, vive sempre
armado. Simplesmente Blade falava
enquanto colocava em uma maleta
prateada duas pistolas, três granadas, um
silenciador, um punhal entre outros
acessórios que iria precisar na viagem.
— Nem todas as princesas usam
vestidos chiques, rosa e sapato de
cristal o tempo todo. Muitas estão por aí
usando o seu All Star velho e um jeans
solto, com seu fone no ouvido sendo
magoada por idiotas feito você, que não
sabe aproveitar quando Deus manda uma
coisa boa de verdade na porra dessa sua
vida profana de merda. — Julius foi
direto, sem um pingo de paciência com
ele.
Não era justo Blade julgar uma garota
maravilhosa como a Jesse por conta da
aparência. Fora que não aprovava certos
gostos do parceiro na vida íntima, ele
frequentava certo lugares que não
gostava nem de imaginar o que rolava lá
dentro. Era conhecido como purgatório
devido as orgias que rolavam e o sexo
selvagem e violento com mulheres
amarradas sendo espancadas durante a
relação sexual, e o pior era que elas
sentiam prazer com aquilo, assim como
quem dava os golpes.
— Eu não acredito em Deus, Julius, e se
existe um, porque Ele mandaria uma
coisa boa para um profanado de merda
como eu? Nasci para viver no pecado e
vou morrer nele. — A voz de Blade
soou mais triste do que irritada, era
difícil para ele admitir isso.
— Porque Deus é tão misericordioso
que se preocupa conosco mesmo quando
não merecemos, consegue ver bondade
nos lugares mais sombrios. Então manda
a luz, ou um Anjo da Guarda para
mostrar o caminho certo. — A palavra
anjo nocauteou Blade como um golpe
certeiro, era assim que ele via Jesse em
seus sonhos, com um ser celeste toda
vestida de branco emitindo luz em volta
de todo o corpo.
— Se essa luz a que está se referindo for
a Jesse, prefiro morrer na escuridão. —
Acabou de arrumar a maleta fechando-a
com ignorância, fazendo um barulho
ensurdecedor.
— Uma pena que pense assim, Blade,
sinto muito por isso. É melhor estar
preparado para uma oportunidade e não
ter nenhuma, do que ter uma
oportunidade, não estar preparado para
ela e perdê-la. Apesar de fingir que não
vê, Jesse é uma garota linda e especial e
não vai ficar sozinha por muito tempo
esperando que olhe para ela. Então vai
ser a luz na vida de outro alguém, afinal
a fila anda e o mundo não gira apenas
em torno de você. Boa viagem
Maldonado, se cuida! — Julius saiu
deixando um bandido cruel bem
pensativo, por mais que esforçasse para
ver algo em comum entre os dois não
conseguia, fora que se aproximar dela
seria colocar a sua segurança em perigo
e mesmo não admitindo tinha medo de
errar ou de se machucar. No entanto, as
feridas com o tempo se curam, mas as
oportunidades não voltam. Pela primeira
vez na vida resolveu arriscar, dar um
tiro no escuro. E como nada é
impossível para um coração cheio de
vontade, naquele momento estava em
Tijuana com Jesse Carter em seus
braços, após beijá-la com paixão, o
melhor beijo de sua vida na opinião
dele.
— Acabei de dar o meu primeiro beijo,
acho que estou sonhando. —Jesse
pensou alto sorrindo apaixonada, não
conseguia acreditar que aquilo havia
acontecido, ainda mais com quem.
— Não está! — Mordeu de leve o lábio
inferior de Jesse para provar o que tinha
acabado de falar, resultando em um
gemido agudo da parte da moça um,
misto de dor com prazer que fez o
bandido se perguntar onde uma puritana
apendeu a fazer aquilo, ou melhor com
quem? Ou então ela aprendia rápido, se
lembraria disso mais tarde.
— Por favor, Blade, não brinque
comigo! — Então ela o abraçou,
escondendo o rosto em seu peito
másculo com vontade de chorar.
— Não gosto de brincar com ninguém,
nem mesmo quando criança. — Aquela
revelação fez o coração de Jesse
apertar, em sua mente veio a imagem de
um garotinho triste sentado sozinho em
um banco velho de madeira no jardim
chorando a morte dos pais. Passando
uma infância solitária tendo que se virar
sozinho, sem amor e carinho. E o pior
disso tudo era que o pai dela era um dos
culpados por ter destruído a vida do
homem que ela amava, só não sabia até
onde o Major estava envolvido nisso
tudo, mas iria descobrir em breve.
— Que bom, porque não aguentaria se
estivesse me fazendo de boba. —
Aconchegou-se em seus braços, se
sentia incrivelmente protegida dentro
deles.
— Não preciso fazer, já e de natureza.
— Disse muito sério, Jesse não ficou
chateada pela ofensa, achou foi é graça.
— Preciso me preocupar com o Anão da
Branca de Neve? — Perguntou Blade
com o tom sombrio, mas não zangado.
Então, delicadamente levantou o rosto
de Jesse para que olhasse nos olhos dele
quando respondesse.
— Não o chame mais assim, o nome
dele é Michelangelo e eu gosto muito
dele. — Se zangou com Blade, não
gostava quando debochava da altura do
barman daquela forma maldosa.
— Gosta? — O bandido arqueou uma
sobrancelha ligeiramente desconfiado,
não gostando nem um pouco do rumo
daquela conversa.
— Se eu disser que não gosto dele
estaria mentindo, mas não chega nem
perto do que sinto quando estou com
você. Não pelo o que é, mas sim pelo o
que eu sou quando estou ao seu lado. —
Blade relaxou os músculos, aliviado por
ouvir aquilo.
— Ótimo! Porque se voltar a vê-lo, vou
arrancar o coração dele e comer no
jantar e não pense que eu não faria isso,
porque faria sim. – Disse friamente a
fitando com os olhos escuros e
assustadores como uma noite gelada no
Alasca.
— Eu sou uma pessoa livre, Blade, nem
temos nada ainda e já vem me proibindo
de conversar com os meus amigos.
— Amigos? Então pelo jeito vai ser uma
chacina. Vai ser até bom, porque acabou
de chegar uma pistola de longa distância
que encomendei da Alemanha e eu estou
louco para estrear. Fora que se fosse de
fato amiga dele não teria se arrumando
tanto para sair com ele, nem teria
deixado tentar enfiar a maldita língua
dentro da sua boca. — Disse Blade
irritado, mas animado com a ideia da
chacina.
— Prefiro não falar nada, não quero
estragar esse momento maravilhoso. —
Jesse achou melhor fingir não ter ouvido
aquilo, caso contrário seria o início da
terceira guerra mundial. Então fechou os
olhos e se deliciou com a sensação
maravilhosa do calor do corpo dele tão
próximo ao seu, não sabendo ela que
aquela era a primeira vez que
Maldonado abraçava alguém. Se ele
soubesse que era tão bom teria praticado
o ato mais vezes, os abraços foram
feitos para quando as palavras deixam a
desejar.
— Espero que tenha guardado bem cada
palavra, como eu disse não sou homem
de brincar com nada. — A soltou de
forma rude empurrando-a alguns bons
centímetros para longe dele, como se
não quisesse que Jesse o tocasse mais
naquele momento. — Agora descanse
um pouco, porque vamos sair as oito. —
Completou curto e grosso como sempre,
virando as costas caminhado na direção
da porta sem se despedir, fazendo a
investigadora pensar que o impetuoso
Blade Maldonado estava de volta, firme
e forte.
— Não seria melhor aproveitar que
ainda está escuro e irmos de uma vez
invadir o esconderijo do filho do
inimigo do seu pai? Sob a luz do dia
pode ser perigoso, temos que usar o que
for possível ao nosso favor. —Blade
parou no vão da porta e sorriu meio de
lado surpreso, uma pena ela não ter
visto, foi uma cena mortalmente sexy. —
“ Então ela é mais esperta do que
parece. ”
— Não vamos mexer com isso por hoje,
vou levar você para o seu primeiro
encontro de verdade. — Jesse
literalmente congelou, mesmo de um
jeito mandão estava a convidando para
sair. Não foi despercebido aos ouvidos
da jovem o excesso de ênfase na palavra
“primeiro”, descartando totalmente
qualquer encontro que tenha vindo antes
dele.
Sem dar tempo de Carter dizer mais
nada Blade foi embora, passaram-se
horas e a jovem continuava sentada na
mesma posição sobre a cama totalmente
sem chão enrolada na toalha refletindo
em tudo o que estava acontecendo. O
homem fora da lei deixaria de resolver
algo importante para ele apenas para
levá-la para sair, isso era tão lindo,
perfeito. Assim como tudo na pequena
cidade de Tijuana. o hotel onde se
encontravam hospedados era simples,
mas bem arrumado e esbanjando cores
fortes por toda parte. As paredes
coloridas cada uma de um tom diferente,
entre vermelho, amarelo, verde e azul
profundo. Uma pequena cama de solteiro
no meio, uma cômoda antiga no canto e
um banheiro minúsculo, pelo menos a
água era quente. Faltavam dez minutos
para o horário combinado e ela ainda
estava lá, perdida em seus próprios
pensamentos, confusa. Onde Blade iria
levá-la? Como iria agir em um encontro
com ele? Ou o que vestiria sendo que
não havia trazido nada além da roupa do
corpo, sua câmera velha e uma pequena
bolsa à tiracolo da Nayla com alguns
utensílios de maquiagem da estilista. Foi
tirada do transe por batidas na porta,
abriu só um pouco para ver quem era.
— Tudo bem, sou eu. — Estremeceu ao
perceber de quem se tratava, então abriu
a porta por completo para que Blade
entrasse.
— Bom dia! — Jesse sorriu timidamente
para ele que segurava alguma coisa na
mão esquerda, puxando a toalha para
tampar as pernas de fora totalmente sem
jeito diante dele. Blade estava lindo
como de costume, de banho tomado
trajando seu habitual jeans surrado e
uma camisa branca fina de mangas
longas moldando os músculos, os
cabelos molhados e um perfume que
ficaria cheirando uns quinze minutos no
quarto depois que fosse embora.
— Vista isso. — Blade disse rude
jogando o que estava segurando
praticamente na cara dela, sem nem
responder o bom dia carinhoso da moça.
— Onde conseguiu esse vestido? —
Jesse perguntou desconfiada segurando a
peça, era um azul escuro com flores
brancas, modelo simples de alcinhas
finas na altura do joelho com algumas
pregas na cintura dando um efeito ainda
mais rodado para a saia. Não havia
etiqueta ou algum vestígio que o vestido
havia sido comprado, apenas um cheiro
gostoso de amaciante como se estivesse
sido acabado de lavar e havia sido
colocado no varal para secar, na
verdade ainda estava um pouco úmido.
— Por aí. — Respondeu com desdém,
cruzando os braços sem paciência. Não
apreciava a mania irritante dela de
querer saber o porquê de tudo, era só
vestir o vestido e pronto.
— Por aí onde, Blade Maldonado? Até
porque não deve ter nenhuma loja aberta
em pleno domingo.
— Pare com essa mania irritante de
querer saber o porquê de tudo, não sabe
o trabalho que tive para conseguir isso.
Vista essa porra logo e pare de me
amolar, vou te esperar lá em baixo e não
demore mais de quinze minutos. —
Desceu resmungando alguns palavrões
irritado, se segurando para não brigar
mais com ela.
Jesse fez o que ele mandou, um pouco
chateada com a grosseria desnecessária
dele para com ela, iria demorar um
pouco para se acostumar com o jeito
rude de Blade. O vestido ficara uma
graça nela, mais curto do que ele pensou
quando escolheu entre as roupas de um
varal que achou nas proximidades.
Prendeu o cabelo para o alto com um
palito que achou perdido na gaveta da
penteadeira deixando alguns cachos
soltos, passou um pouco do pó da Nayla
e um leve toque de batons nude nos
lábios, nada de muito exagero. Calçou
as sapatilhas salmão que a mãe lhe
presenteou, e desceu às pressas com a
câmera no pescoço e a bolsa debaixo do
braço. Já vira Blade perdendo a
paciência muitas vezes, e não estava a
fim de presenciar tal espetáculo
novamente.
— Porque prendeu o cabelo? — Foi a
primeira coisa que Maldonado
perguntou assim que pós os olhos sobre
Jesse, como um gavião vigiando a presa.
Mas certo que acertara na escolha do
vestido, parecia ter sido feito para ela.
— Porque está perguntando se não gosta
dele? — Usou da mesma grosseria dele
de instantes atrás, as vezes é bom fazer o
outro provar do próprio veneno.
— Aprendi a gostar. — Se aproximou
dela fazendo charme a desarmando por
completo, gostoso era pouco para
definir aquele homem. Sem pedir se
podia tirou o palito de seu cabelo
fazendo os cachos caírem como uma
cascata em dia de chuva, moldando o
delicado rosto levemente maquiado de
Jesse, detalhe que não passou
despercebido por Blade. — E de todo o
resto também, afinal é o conjunto dos
detalhes que faz a obra ser perfeita. —
Concluiu olhando para ela de cima a
baixo como se tivesse avaliando o
produto, oferecendo uma piscadela para
o lado de Carter, quase a matando do
coração diante de tanta beleza junta.
— Onde vamos? — Jesse perguntou
levemente corada, vivia envergonhava
quando ficava perto dele, sentia-se
intimidada.
— Se eu quisesse que soubesse, já teria
dito. — Disse mal-educado e saiu
andando rápido até um beco mais
próximo, dentro dele debaixo de uma
lona havia uma moto preta com amarelo
turbinada pelo Li com alguns aparelhos
de alta tecnologia e a potência de mais
de quatrocentos cavalos, uma verdadeira
máquina sobre duas rodas. Pendurados
nela tinha dois capacetes, ele em um
raro momento de cavalheirismo ajudou
Jesse a colocar o dela ajeitando com
cuidado para não a machucar.
— Essa maravilha é sua? — Perguntou
Jesse inocente assim que subiu na moto,
sem saber se deveria ou não segurar na
cintura dele. Nunca sabia ao certo
quando tinha autorização para tocar
nele, Blade era muito instável.
— Segure firme em mim, se cair vai
ficar para trás. E se abrir essa boca para
fazer mais uma pergunta seja ela qual for
eu mesmo vou arrumar uma forma de te
calar, entendeu bem? — Jesse apenas
acenou com a cabeça para demostrar
que tinha entendido o recado,
envolvendo os braços em volta da
cintura dele com firmeza.
Blade corria tanto que realmente Carter
teria que ser esperta para não cair, mas a
sensação da adrenalina subindo
correndo em suas veias era maravilhosa.
Depois de mais de uma hora na estrada
chegaram a um estabelecimento amplo
em um lugar mais afastado, um clube
cinco estrelas de tiro clandestino para
bandidos. A investigadora literalmente
pirou quanto entrou no lugar, feito uma
criança em uma loja de doces. Nunca
conseguiu apreender muita coisa nos
cursos oferecidos pela Polícia, agora
teria a chance de aprender com quem
entendia do assunto. Em um tour
detalhado pela loja de armas, onde
Maldonado explicara para ela sobre
cada modelo e potência de cada uma das
armas, a investigadora ouvia tudo
atentamente sem deixar passar uma
vírgula. Quase morreu de vergonha
quando encostou na prateleira e
derrubou uma estante inteira de vidro do
chão, o dono ficou tão encantado com a
graciosidade da moça ao se desculpar
que não cobrou o prejuízo. Mas Blade
pagou cada centavo, não queria ela
devendo favores para ninguém, muito
menos a outro homem. Além de pagar
presenteou Jesse com a arma que ela
escolhesse, que foi um 38KM. Na
parede da loja havia uma pintura antiga
de um Collt, idêntica à que o pai do
Blade segurava na foto do quarto secreto
dele. O vendedor explicou que aquela
arma fazia parte de uma lenda
fantasiosa, e que não existia de fato, uma
história de pescador. Não sabendo o
pobre homem que o herdeiro dela estava
bem na frente dele e que só não estava
na mão do mesmo porque o pai dela
havia se apoderado do objeto
provavelmente de forma ilícita. Mas
Jesse resolveria isso também,
devolveria para o dono na primeira
oportunidade que tivesse e contaria que
era filha de quem a roubou. Na hora de
atirar nos alvos deu foi e graça, a
Investigadora acertava em qualquer
lugar menos onde devia, então Blade
sem muita paciência resolveu ensinar
para moça como é que se faz.
— Primeiro passo, nunca abaixe a
guarda para o alvo e mantenha os braços
bem esticados segurando a arma com
firmeza. Concerte a postura e deixe um
pé uns vinte centímetros mais para trás
levemente elevado para servir como
amortecedor para o impacto quando
puxar o gatilho. — Explicou Blade,
detalhadamente.
— Assim né? Acho que estou indo bem.
— Comentou Jesse, toda torta igual a um
anzol. Parecendo o Corcunda de Notre
Dame. — O bandido suspirou nervoso,
caminhando até ela alinhando o seu
corpo atrás do dela, colado. A jovem se
arrepiou toda com o contato próximo,
um calafrio subiu pela nuca até chegar
nas bochechas que coraram por conta da
sua libido gritar em êxtase.
— Com frio, investigadora? —
Perguntou Blade com a voz rouca,
incrivelmente sexy chegando a boca ao
pé do ouvido da jovem.
— Um pou...co. — Jesse respondeu
gaguejando.
— Engraçado, o clima desse país é
naturalmente quente, muito quente. —
Blade disse aproximando-se mais e
mais, como se fossem um só. Jesse se
perguntou se o que estava cutucando a
bunda dela era uma arma ou se ele
estava mesmo literalmente “armado”.
— Sou frienta. — Mentiu e ele sabia
disso. Jesse podia sentir o sorrisinho
cínico em seu rosto, gostou de saber que
o corpo dela reagia ao toque dele. Como
vingança ela rebolou se esfregando na
“arma” dele, o safado a puxou pela a
cintura para mais perto ainda, então
Jesse notou que ele estava, sim, armado
de verdade, em ponto de bala.
— Pare de tirar a minha concentração,
ficar essa bunda em mim não está
ajudando. — Resmungou Blade
divertido.
— Tem tirado a minha desde que
cheguei, chumbo trocado não dói. —
Empinou a bunda para trás, fazendo-o
gemer de prazer.
“ Então ela não era mesmo tão santa
como parecia, sabia provocar e muito
bem. ”
— Ok! Eu entendi o recado, agora
vamos focar nisso. Mantenha o olhar
para frente, como vai acertar um alvo
que não vê? — Ergueu a cabeça de
Jesse para que olhasse para um boneco
de papel alguns metros longes dela, ela
assim como ele estava com óculos de
plástico para protegerem os olhos e fone
nos ouvidos para se resguardarem do
barulho dos tiros. — Agora acerte a
postura e tente relaxar, está muito tensa.
— Se apoderou das curvas da moça
como se estivesse segurando um violino.
— Agora deixe os braços totalmente
eretos e segure com firmeza. — A
palavra “ereto” trouxe os pensamentos
ínclitos a mente de Jesse novamente, ele
parecia estar fazendo aquilo de
propósito com ela, e estava. Não
sabendo ela que na dele passavam
coisas bem piores, dignas de uma
bofetada bem dada. Bandidos jogam
baixo e Blade era o melhor nisso.
— Acho que não nasci para fazer isso,
Blade, sou muito desajeitada. — A
investigadora desanimou, estava muito
nervosa com as investidas camufladas
dele, um calor fora do normal.
— Alguma coisa me diz que aprende
rápido investigadora, vamos fazer até
você pegar o jeito da coisa. Depois vai
escorregar pelas suas mãos
naturalmente, chegando ao ponto de
arrasar comigo de olhos fechados. Era
incrível como tudo o que ele falava a
fazia pensar em sexo e olha que Jesse
mal fazia ideia do significado dessa
palavra. Definitivamente não! Ele não
estava falando da arma.
— Você acredita mesmo que sou capaz,
Blade? — Jesse perguntou insegura
encolhendo os ombros, como sempre
fazia quando queria se esconder.
— Você é capaz de fazer qualquer coisa,
Jesse, só precisa acreditar nisso. —
Carter suspirou, quase teve o seu
primeiro orgasmo só de ouvir o nome
dela naquela voz grossa dos infernos,
erótica e sexy.
— Obrigada! — A jovem agradeceu
sorrindo confiante para ele, respirou
fundo e atirou. Pela primeira vez na vida
Jesse Carter acertou em cheio bem no
meio do alvo, foi preciso fechar os
olhos e abrir por duas vezes para ter
certeza que aquilo era mesmo verdade.
— Eu acertei! Eu acerteiiiii. — Ela
pulava de um lado para o outro feito
uma louca que acabara de fugir do
manicômio, sem vergonha de mostrar o
quanto estava feliz. Abraçou um senhor
que ia passando e beijou o rosto dele,
que foi embora contagiado com a alegria
dela. Depois começou a fazer uma
dancinha estranha, a da vitória. — “
Ela era uma garota esperta, só
precisava que alguém acreditasse nela.
”
Blade estava encostado na parede
olhando para Jesse em seu pequeno
surto de felicidade, estava com os
braços cruzados totalmente hipnotizado
com aquela cena encantadora e
apaixonante.
Passaram o dia todo no clube de tiro,
depois que Jesse acertou o primeiro tiro
não quis parar mais de treinar. Depois
que almoçaram na praça de alimentação
a jovem não falava em outra coisa além
de como estava feliz de ter aprendido a
atirar. Continuou treinando na parte da
tarde enquanto Maldonado fazia algumas
ligações importantes de longe sem tirar
os olhos dela.
— Então, gostou do nosso seu primeiro
encontro? — Perguntou Blade olhando
para ela pelo canto do olho assim que
chegaram em frente a porta do quarto
dela no hotel. Jesse tinha saído do clube
saltitando como a Chapeuzinho
Vermelho com sua cesta pela a floresta.
Já era noite quando conseguiu tirá-la de
lá, por ela passaria o resto da noite ali.
Mas infelizmente não podiam, tinham
que acordar cedo para pôr em ação o
que realmente haviam vindo fazer em
Tijuana, invadir o esconderijo do filho
do Carlo Castelli.
— Muito obrigada! Hoje foi o dia mais
feliz da minha vida, ainda mais porque
passei com você. — Respondeu Jesse
radiante como uma estrela cadente, o
brilho era o mesmo.
“ Era tão fácil fazê-la feliz, ela é
daquelas que ainda se apaixona por
flores e cartas. ”
— Idem. — Maldonado exclamou baixo,
mas não o suficiente para que Jesse não
ouvisse e sorrisse diante da declaração
dele.
— Boa noite, Blade, vou sonhar com
você! — Na verdade ela queria ter
completado “ não vá sem antes me
presentear com o meu segundo beijo”,
mas ficou com medo dele chamá-la de
oferecida novamente.
— Boa noite, e tente sonhar com coisas
boas, não comigo. — Sem perceber
Blade tocou os lábios dela com os seus
por alguns segundos, segurando o rosto
dela com as mãos. Algo tão natural e
familiar que ele foi embora sem
perceber o impacto profundo que aquele
pequeno gesto significou para ela,
queria tê-la beijado como da última vez,
mas não queria forçar a barra. Jesse
fechou a porta encostado as costas atrás
dela com os olhos fechados levando as
mãos sobre o peito sentindo o coração
palpitar apaixonado. Mas a felicidade
durou pouco tempo, infelizmente. A
primeira coisa diferente que notou no
quarto foi uma folha branca sobre a
cama escrito um recado com letras
recortadas de revista, sobre ele havia
uma rosa vermelho sangue.
“Como foi o passeio dos pombinhos?
Eu sei quem você é Jesse Carter, agora,
imagina como o Blade vai ficar quando
souber que é filha do homem que
participou da emboscada que mandou
os pais dele para o inferno? Mas não
se preocupe porque o seu segredo está
guardado comigo, por enquanto. Como
tenho um bom coração também deixei
alguns presentinhos no quarto do seu
namoradinho, entre eles uma ficha com
todos os nomes dos policias envolvidos
na emboscada, e adivinha qual é o
primeiro da lista? Major Will Carter,
diga adeus para o seu papai. A essa
altura já estou longe sem deixar nem
rastro meu para trás, destruí o meu
esconderijo em mil pedaços assim
como farei com o último Maldonado e
tudo e todos que são importantes para
ele. ”
Ass.
Matteo C.
Ps.: Filho de Carlo Castelli.
Jesse tremia de cima a baixo segurando
aquela folha, em um rompante voltou a
si e saiu correndo o mais rápido que
pode até o quarto do Blade. Paralisou ao
chegar da porta e vê-lo sentado no chão
com as mãos no rosto em choque,
totalmente entregue. As paredes repletas
de fotos coladas em ordem do momento
em que os pais foram detidos na
emboscada depois vendados e
colocados de joelho, e se beijando
minutos antes de serem mortos
estraçalhados por tiros. Eram tantos
policias atirando ao mesmo tempo que
provavelmente o legista não deveria
nem conseguido contar ao certo quantos
disparos foram, parecia estar em uma
guerra lutando pelo país. E o pior,
mesmo mais jovem Jesse reconheceu
perfeitamente o pai entre os atiradores
com um sorriso maldoso no rosto, como
se sentisse orgulho de estar participando
daquilo. Agora era fato! O Major
participara mesmo do covarde
assassinato dos Maldonado. A equipe de
policias de plantão naquele dia havia
destorcido os fatos dizendo que foram
mortos porque reagiram, tudo mentira
para ganhar fama de heróis em cima na
morte de duas pessoas que deveriam ter
sido presas e julgadas corretamente
pelos seus crimes.
— Por favor, me abrace! — Implorou
Blade.
Com os olhos vermelhos assim que
notou a presença dela no quarto, abriu
os braços para que Jesse se aninhasse
dentro deles, a dor era grande demais.
Ela correu até ele e atendeu o seu
pedido, molhando o peito do bandido
com as lágrimas que caíam em silêncio
sem parar. O último Maldonado não
chorou, apenas a abraçou o mais forte
que pode olhando para o envelope sobre
a cama com os nomes dos policias
envolvidos com sede de vingança, só o
que ele não sabia que a única pessoa
que seria capaz de confortá-lo naquele
momento era a filha de um deles.
CAPÍTULO 18
"Quando um homem ama uma mulher."
Jesse chorou nos braços do último dos
Maldonado até adormecer, o próprio,
mesmo com o coração em frangalhos
não soltou uma lágrima sequer. E isso
era realmente preocupante, afinal
aqueles que não demostram a dor são os
que mais a sentem. Blade olhava para
Jesse dormindo serenamente pensando
no que Julius dissera sobre Deus ter
mandando um Anjo para trazer luz a sua
vida sombria, um milagre. Ela era tão
pequena e frágil, mas tinha um peso
imenso e esmagador sobre ele e isso o
assustava muito. Jesse representava a
palavra sensível em todos os sentidos,
desde a estatura física baixa e os traços
delicados à personalidade de uma
adolescente no colegial, principalmente
o coração puro de uma criança. Mas ao
mesmo tempo era sexy, do jeito dela,
mas era, irresistível às vezes. Em outros
tempos o terrível bandido teria pegado
aquela lista contendo os assassinos dos
pais e eliminado todos em uma fração de
segundos, mas por hora Blade não
importava onde estava naquele
momento, desde que fosse com ela em
seus braços. Jesse parecia fazer tudo ser
mais fácil e mais suportável. Dormindo
assim tão tranquila parecia de fato um
anjo, era como o encontro do inferno
com o céu.
— Oi! — Disse Jesse ao acordar
sonolenta, abrindo e fechando os olhos
lentamente com os cílios longos. Estava
entorpecida sentindo a ponta do dedo
indicador de Blade contornar os traços
delicados do seu rosto, da mesma forma
que fizera na noite que estava delirando
de febre.
— Você me assusta demais, Jesse. —
Revelou Blade olhando no fundo dos
olhos dela. No momento contornava os
lábios grossos da investigadora em
formato de maçã, o fruto proibido. Ele a
via assim, como algo que desejava, mas
não podia ter.
— Isso não faz sentido, Blade. Pode me
destruir com um sopro se quiser, em um
piscar de olhos. A maioria das pessoas
me acha burra, e desastrada. — Carter
se remexeu preguiçosamente dentro dos
braços fortes repletos de tatuagens assim
como o peitoral másculo sem camisa, a
segurava com firmeza.
— Mostre a eles que não é, muitos
espertos tentaram me matar e estão
debaixo de sete palmos agora. Se existe
alguém que pode acabar comigo esse
alguém é você, investigadora. — Os
olhos de Blade pairaram sobre a boca
da jovem, que mordeu os lábios
involuntariamente ansiando por um
beijo.
— O que quer dizer com isso? —
Perguntou Jesse com o cenho franzido,
confusa.
— O que eu disse sobre fazer mais
perguntas, Pequena? — Seu tom não era
zangado, nem ameaçador.
— Que iria me calar. — Mas Jesse se
assustou assim mesmo, nunca dava para
saber o que aquele homem estava
pensando. Como instinto se encolheu
toda para se proteger dele.
— E é isso que vou fazer agora mesmo.
— Então Blade a beijou, não como da
primeira vez. Foi mais quente, cheio de
paixão. Ele podia sentir a doçura de
Jesse, ao mesmo tempo quente e intenso.
A jovem quase morreu quando Blade
interrompeu o beijo para olhar para ela
embriagado de prazer.
— Não consigo tirar as minhas mãos de
você, acho que me enfeitiçou. —
Revelou o bandido sendo sincero.
— Então não as tire. — A voz dela saiu
sexy e convidativa.
— Não me provoque, Pequena! — Ele
murmurou essas palavras com a boca
encostada na pele dela, a barba de
alguns dias fazendo cócegas. Blade
desceu pela garganta e beijou a
cavidade da sua clavícula e ela arqueou
para trás desejando que Blade
continuasse. E o bandido continuou o
caminho vagarosamente beijando no V
formado pelos seus seios, Jesse estava a
ponto de enlouquecer a qualquer
momento.
— Oh! Blade, não pare. Ela implorou.
— Eu quero provar você inteira,
lentamente. — Depositou um beijo sobre
o seio esquerdo dela, com o bico duro
debaixo do tecido fino do vestido. —
Mas não aqui, nem agora. — Ele a
abraçou, escondendo o rosto na curva do
pescoço da jovem debaixo de uma
montoeira de cachos rebeldes. Jesse
entendeu o recado e deu logo um jeito de
resolver o problema.
— Feche os olhos querido, não quero
que sofra mais. — Jesse pediu
docemente levando a mão no rosto de
Blade acariciando-o com carinho, ele
fechou olhos com força sentindo o
coração apertando cada vez mais dentro
do peito.
Em um pulo Jesse levantou e começou a
retirar aquelas fotografias horríveis da
parede segurando na pontinha para
proteger as digitais que poderia ter
nelas, as colocou dentro do envelope
junto com os nomes dos Policiais
corruptos, uma por uma. Tirando forças
não sabia de onde, sofrendo como se
fosse a sua mãe que estivesse sido
assassinada covardemente.
— Pode abrir agora. — Quando Blade
abriu os olhos se deparou com a Jesse
de joelhos diante dele com um sorriso
doce no rosto e os olhos cheio de amor.
Era óbvio que pertenciam a mundos
diferentes, talvez ele fosse a dor e ela a
cura. Dois caminhos tortos que se
encontraram por acaso ou por
intervenção divina. Naquele momento
percebeu que tinham que parar naquele
ali enquanto ainda seria fácil. Mas a
verdade era que Blade tinha a sensação
de que já era tarde, fora laçado em um
nó cego.
— Oi! — Disse Blade a observando
meio abobalhado, era o ser mais
encantador que vira na vida. — "Como
ela fazia aquilo? Fazer a dor ir embora
só com um sorriso, nem lembrava mais
o porquê estava nervoso."
— Vamos para a casa agora? Perdemos
a batalha, mas não a guerra. — A voz
dela fora confiante, tanto que contagiou
até quem nunca teve esperanças de nada
na vida. Blade esperava sempre o pior
de tudo.
Quando chegaram na casa de Blade,
estavam todos sentados na sala
esperando por eles. Inclusive uma
mulher muito bonita que não pareceu
muito estranha para Jesse sentada no
sofá ao lado de Bobbi e Julius, Li estava
sentado no chão e Estevão de pé de
braços cruzados próximo a janela. A
desconhecida trajava um vestido rosa
choque exageradamente curto, não que
Jesse tivesse algum preconceito com
isso, com umas pernas bonitas daquelas
tinha mais é que mostrar mesmo, pensou
a jovem. O pior foi quando a tal mulher
abriu um sorriso enorme ao ver Blade,
levantou e veio rebolando com uma
bunda enorme e os seios maiores ainda
explodindo para fora do decote. Era uma
morena, no mínimo uns quinze
centímetros maiores do que Jesse,
cabelos longos e lisos pouco abaixo da
cintura e olhos azuis da cor do mar, uma
pele de pêssego muito bem maquiada.
Agora a investigadora se lembrava dela,
era a mesma mulher que fez o escândalo
no departamento para distrair os
policias enquanto Carter pegava a pasta
do caso dos Maldonado.
— Quando tempo, tigrão, que saudades.
— A mulher cumprimentou Blade com
um beijo na boca, apenas um selinho,
mas o suficiente para deixá-la com
ciúmes. Para a surpresa de Jesse ele
não a afastou ou a impediu de tocar nele
como na maioria das vezes fazia com
ela, ao contrário deixou ser beijado sem
se importar com quem estava vendo.
Isso foi o que mais a magoou, muito
mesmo. Blade disse que não estava
brincando com ela, mas pelo jeito estava
o tempo todo.
— Como vai, Sara? Senti saudades
também. — O que? Além de beijá-la
estava sendo educado com ela também,
isso foi a gota d'agua para Jesse. A
investigadora ficou tão nervosa que
queria arrancar os olhos dele e deixá-lo
cego, para sempre.
— E ela, quem é? — A vampira
sugadora de homens dos outros
perguntou apontando para Jesse a
reparando de cima a baixo, curiosa.
" Eu sou quase namorada dele, então
fique longe sua oferecida."
— Só uma conhecida, está nos ajudando
no caso. — Jesse lançou os olhos na
direção dele como uma flecha, como
assim, só uma conhecida? Ele estava
brincando com ela esse tempo todo
mesmo, usou quando precisou e agora
que tinha chegando algo melhor estava a
descartando.
— Eu sou Sara, você deve ser Jesse, a
Policial atrapalhada. Os meninos me
falaram muito bem de você, inclusive o
Julius. — A investigadora olhou para o
mexicano que dizia "relaxa ela é legal",
então Carter pegou na mão dela e tentou
ser a mais educada possível.
— Prazer em te conhecer Sara, e sim eu
sou a policial atrapalhada e uma grande
idiota que insiste em acreditar nas
pessoas. — Sorriu amarelo, tentando
conter a raiva.
— Bem que me falaram que você é
engraçada, adoro pessoas com senso de
humor já vi que vamos nos dar muito
bem. — Hora ou outra Blade passava os
olhos sobre Jesse, não entendia o porquê
estava sendo tão seca com a Sara que
estava sendo tão simpática com ela.
— Vamos sim, pelo visto temos o
mesmo gosto para algumas "coisas"
também. — Ironizou Jesse, ganhando um
olhar desaprovador de Blade. Além de
cretino, era cínico também. Estava tão
irritada, queria arrancar cada fio dos
cabelos lindos e sedosos da Sara e
deixá-la careca. Porque ela tinha que ser
tão perfeita e alta, e se equilibrar tão
bem em cima daqueles saltos assassinos,
exibindo aquele corpo perfeito?
— Boa noite, irmão, senti a falta do
senhor. — Bobbi veio ao encontro do
irmão e o abraçou. Mas desta vez teve
uma surpresa, Blade correspondera o
abraço. Envolvendo os braços em volta
do caçula com força, afagando os
cabelos castanhos claro do jovem
carinhosamente.
— Eu também, Mascote, você cresceu
nesse final de semana. — Se Jesse não
estivesse tão irritada com Blade teria
rido da forma dele tratar o irmão como
se fosse um bebê, era de admirar que
Bobbi não virou um rapaz mimado.
— Eu te amo tanto Blade, você e os
meus irmãos são a minha vida! – Nesse
momento o coração do bandido doeu,
ele pensou que se a namorada de Bobbi
era tão importante como Jesse estava se
tornando em sua vida não era justo com
o garoto obrigá-lo a ficar longe da
garota que amava.
— E a sua namorada, filho? Porque não
liga para ela e pergunta como está, acho
que devem ter muitas coisas para
colocarem em dia.—Enfiou a mão no
bolso e entregou o celular para ele,
Bobbi saiu perplexo segurando o
aparelho.
— Aleluia, irmãos! — Gritou Li do
fundo da sala, tão perplexo quanto
Bobbi.
— Sai desse corpo que não te pertence e
vá em busca da luz! – Exclamou Estevão
fazendo sinal da cruz na direção ao
Blade, fazendo um ritual exorcista.
— Sejam bem-vindos, Blade e Jesse,
que bom ver os dois juntos. — Se Julius
desse mais um sorrisinho malicioso
daquele para o lado do Maldonado,
ficaria sem os dentes. Para evitar futuros
problemas dentários, guardou só para
ele a alegria de vê-los juntos. O casal
contou tudo o que havia acontecido em
Tijuana, menos a parte dos amassos no
hotel e o primeiro encontro no Clube de
Tiros.
— Preciso que trabalhe nisso para mim,
Li, tente recuperar alguma digital e
descubra o que puder. — Jogou o
envelope contendo as fotos, mas a ficha
com os nomes dos policias corruptos
estava muito bem guardada e protegida
no bolso de sua jaqueta.
— Deixa comigo. — O chinês pegou o
envelope e foi para o seu laboratório
cientifico, mais equipado do que o da
CIA.
— Porque pediu a ajuda da Sara? Ela
chegou aqui dizendo que ligou para ela
pedindo que te esperasse aqui, fiquei até
preocupado. – Perguntou Julius. Então
era com a vampira que ele ficou
pendurado no telefone por horas
enquanto Jesse treinava a mira, foi a
primeira coisa que veio à mente dela. A
cada minuto a raiva só aumentava, mais
um pouco e iria explodir.
— Em Tijuana descobri que o filho do
Carlo tem um cassino de luxo aqui em
Los Angeles e que é o Capanga dele,
Josué Torres, que administra o lugar. O
idiota tem paixões por mulheres bonitas
e atraentes, por isso liguei para a Sara,
ela vai seduzi-lo e depois drogá-lo para
tirarmos dele onde o Matteo Castelli se
esconde. — Nessa hora Jesse morreu,
literalmente. Se encolheu toda, olhando
para o chão devastada. Em nenhum
momento Blade pensou nela para fazer
aquilo, não era bonita e muito mesmo
atraente o suficiente para seduzir um
homem. Não era bem esse o motivo, era
outro bem diferente, só que nervosa
como estava não acreditaria nem se
ouvisse da boca dele.
— E o que vai fazer com ele quando o
encontrar? — Perguntou Estevão, já
desconfiado da resposta.
— Esquartejá-lo vivo, e igualmente
farei com os policias que mataram os
meus pais. Irei executar um por um,
usando os mesmos métodos que eles
usaram. — Os olhos de Blade naquele
momento estavam de uma cor
indecifrável, mas não significava boa
coisa, isso era evidente. Acinzentados
como o céu em um início de tempestade,
simplesmente assustadores.
—Não! — Jesse gritou levantando com
vontade de chorar, está certo que o pai
era uma pessoa horrível. Mas, deveria
pagar pelos seus crimes diante a justiça
e não cruelmente assassinado. Combater
maldade com maldade, só piora as
coisas.
— Porque não bebe um pouco de água,
querida? Parece que não está se sentindo
bem. — Sara pegou um pouco de água
da jarra que estava sobre a mesa e levou
para Jesse com uma expressão
preocupada no rosto, realmente não era
uma má pessoa. E nem tinha nenhum tipo
de relacionamento amoroso com Blade,
na verdade tinha uma dívida eterna com
ele devido a um fato que acontecera há
muitos anos.
— Obrigada! — Assim que ia pegar o
copo Jesse desiquilibrou e derramou
toda a água em cima do Blade que
estava sentado ao lado dela, se tivesse
sido planejado não teria dado tão certo.
— Mas será que você não acerta uma,
Jesse? — Blade levantou nervoso, e
saiu xingando alguns palavrões em
direção ao quarto para trocar de roupa.
Sara seguiu atrás dele, como se ele fosse
alguma criança que precisasse de ajuda
para vestir outra camisa. Pensou Jesse
morta de ciúmes, o coração sangrando.
Infelizmente ela tinha que admitir, os
dois faziam um casal lindo.
— Jesse? — Julius gritou, mas já era
tarde. Ela saiu correndo com o rosto
banhado por lágrimas, mais uma vez
humilhada. Se as pessoas soubessem o
peso das palavras, dariam mais valor ao
silêncio. Ainda mais para um coração
caridoso como o de Jesse Carter, as
pessoas boas são as mais sensíveis.
—Onde está a Jesse? — Foi a primeira
coisa que Blade deu falta quando voltou
para a sala, estava azedo por ter levado
uma bronca daquelas de Sara no quarto
enquanto trocava de camisa. Ela não
achou correto a forma rude que ele
tratou Jesse e ela nem sabia o que estava
acontecendo entre eles, se não a bronca
teria sido maior.
— O que você acha, Tigrão? Ela foi
embora chorando, seu idiota! —Julius
soltou os cachorros em cima dele e com
razão.
Blade saiu correndo atrás de Jesse, mas
não a encontrou em casa e em nenhum
outro lugar. Nem mesmo na residência
dos pais e ele fez vigia na porta dos
Carter por dias seguidos. Na quarta-
feira de manhã viu o pai dela saindo de
carro fardado segurando alguma coisa
embrulhada em um pano velho olhando
para todos os lados assustado, achou
estranho a jovem nunca ter comentado
que o pai também era policial. No dia
que deu uma surra de cinto no Major ele
estava apaisana e um pouco escuro
também, Blade usava uma máscara no
rosto o que atrapalhou um pouco a sua
visão, mas olhando para ele naquele
momento à luz do dia o seu rosto lhe
pareceu bastante familiar. Só que estava
com a cabeça tão cheia de preocupação
com a investigadora que resolveu deixar
para lá, primeiro queria encontrá-la para
ter certeza que estava bem e depois
torcer o pescoço dela por sumir assim
sem motivo nenhum, pelo menos ele
achava que não tinha. Na quinta à noite
Blade estava a ponto de se suicidar
diante de tanto desespero, o celular dela
só dava caixa postal ou fora de área.
Como alguém poderia sumir daquela
forma? Parecia magia negra ou castigo.
Passou a sexta e o sábado todo na cama
em um estado vegetativo, parecia um
mendigo todo barbudo e desalinhado. Se
alguma coisa acontecesse com Jesse ele
não se perdoaria nunca, daria um jeito
de ir para o inferno antes do esperado,
de um jeito ou de outro. Um fio de
esperança apareceu quando o seu celular
tocou, mas não era ela. Estava sentindo
tanta falta dela, só queria pelo menos
ouvir a sua voz.
— Onde você está, porra? — Julius
berrou, ultimamente só se dirigia a
Blade aos gritos.
— Vai para o inferno, Perez, me deixe
em paz. — A voz de Blade saiu fraca,
desde o sumiço de Jesse que não comia
nada.
— Você esqueceu que é hoje que a Sara
vai no Cassino seduzir o capanga do tal
Matteo Castelli? Porra, cara, o que está
acontecendo com você, estamos
repassando o plano a semana toda. Anda
tão disperso, quase não para em casa e
nem tem tomado banho direito. —Blade
revirou os olhos sem paciência, não
estava se importando com mais nada. No
entanto, por outro lado tinha medo de
Jesse estar nas mãos do herdeiro da
máfia, agora mais do que nunca tinha
que colocar as mãos nele.
— Estou indo. — Desligou na cara de
Julius e saiu correndo para a garagem.
Os parceiros estavam em um quarto de
hotel ao lado do Cassino, Li montou
todos os equipamentos necessários para
monitorar os passos de Sara dentro do
lugar, iria entrar no sistema de segurança
da casa de jogos para ter acesso as
câmeras. Durante o caminho, na rádio
começou a tocar a mesma música que
ele dançou com Jesse no baile de
máscaras, tudo que ele não queria
lembrar naquele momento. As palavras
faziam tanto sentido, que parecia ser
escrita para os dois. Deste a parte de
não conseguir pensar em mais nada a
passar a noite na chuva e abrir mão de
tudo por ela.
Quando um homem ama uma mulher
Não consegue manter sua mente em
nada mais
Ele trocaria o mundo
Por uma coisa boa que encontrou.
Se ela for má, ele não consegue
perceber isso
Ela não pode fazer nada errado
Ele vira as costas para seu melhor
amigo
Se o amigo a criticar.
Quando um homem ama uma mulher
Gasta seu último centavo
Tentando agarrar-se ao que ele precisa
Ele abriria mão de todos os seus
confortos
E dormiria lá fora na chuva
Se ela dissesse que esse é o jeito
Que as coisas deveriam ser
Quando um homem ama uma mulher
Ele dá tudo o que tem, yeah
Tenta segurar seu precioso amor
Meu bem, meu bem não me trate mal
Quando um homem ama uma mulher
Bem no fundo de sua alma
Ela pode lhe trazer tal miséria
Se ela está brincando com ele, como se
fosse um bobo
Ele é o último a saber...
"Eu ainda vou achar o cara que fez
essa música e dar um tiro nele!"
— Então, ela já está dentro do Cassino?
— Perguntou Blade quase sem ar de
tanto que correu para chegar ali, estava
ansioso e nem sabia ao certo por que. Li
se encontrava sentado totalmente focado
na tela do seu notebook digitando
ferozmente parecendo ter mais vinte
dedos em cada mão, Julius estava de pé
ao lado do chinês de braços cruzados,
com cara de pouco amigos.
— Estevão acabou de colocá-la para
dentro, está disfarçado de garçom. Xing
está tentando achá-la nas câmeras, deve
ter mais de mil naquele lugar. —
Respondeu sério, não havia nem sinal do
mexicano simpático que costuma ser.
Blade não entendia o porquê ninguém,
além dele estava se preocupando com o
sumiço dela, parecia que todos sabiam
onde ela estava menos ele.
— Oi,Tigrão, você sabe me dizer se
aqui fazem entrega de comida no quarto?
Estou varada de fome. — Sara saiu do
banheiro pisando com um pé só e o
outro enfaixado, pulando feito um
canguru.
— Se você está aqui, quem está dentro
do Cassino? — Blade estava confuso,
sem entender nada.
— Achei! — Gritou Li, vitorioso.
— Isso só pode ser brincadeira. —
Rosnou Maldonado, possesso.
Ao olhar para os monitores instalados
na parede onde conseguia ver Jesse de
vários ângulos, incrivelmente sexy
dentro de um vestido vermelho, curto,
bem colado ao corpo. Os cachos soltos
bagunçados propositalmente, parecendo
uma felina perigosa. Uma maquiagem
muito bem-feita, sombra escura e batom
vermelho. Para completar, nos pés um
salto agulha muito sexy, erótico. Ela
estava a fantasia sexual de qualquer
homem, a de Blade, no caso. Então ele
percebeu que era como no final da
música, exatamente igual.
"Se ela brincar com você, te fazendo de
bobo, será o último a saber...”
CAPÍTULO 19
Por: Blade Maldonado
Naquele momento podia sentir cada
músculo do meu corpo tremendo de tanta
raiva, aquela mulher era a única pessoa
do mundo que conseguia me tirar do
sério de verdade. Tudo nela me irritava,
profundamente. Desde o sorriso
encantador àquela voz doce dos
infernos, havia uma coisa na Jesse que
me atraia muito e que era só dela. Ao
mesmo tempo não suportava a sua
presença, era atrapalhada e sonsa. Mas
quando estava longe sentia a sua falta, a
cada dia mais. O que passou na cabeça
daquela maluca para me afrontar assim?
Tinha conhecimento que jamais a
deixaria participar de algo tão perigoso
e mesmo assim foi agindo pelas minhas
costas. Iria tirá-la de dentro do Cassino
imediatamente e se existia mesmo um
Deus no céu que Ele tivesse piedade
dela, porque eu não teria.
— Eu vou tirar ela de lá, agora! —
Afirmei já partindo em direção a saída,
não sairia daquele lugar sem dar um tiro
no meio da testa de qualquer maldito
que se atrevesse a olhar para a Jesse. Eu
estava irritado, puto, irado, possesso e
com um ódio mortal daquela mulher!!!
— Você não vai a lugar nenhum,
entendeu bem, Blade? — Disse Julius
com a expressão séria, atrevendo- se a
segurar no meu braço com força.
— E quem vai me impedir? — Perguntei
irritado olhando para a mão dele em
mim, seria capaz de arrancar o braço
dele caso insistisse em querer me
segurar.
— Se entrar naquele Cassino agora no
estado que está, Jesse será morta. Se
você quer que isso aconteça, não vou te
segurar. Mas acho que deveria dar uma
chance para a moça, mesmo magoada
com você por ter sido um idiota com ela
não pensou duas vezes em ajudar quando
a Sara torceu o pé ontem e eu liguei de
última hora pedindo socorro. —
Concluiu, me soltando como havia
prometido, Julius sempre foi o mais
sensato do grupo.
'' Então não estava atendendo só as
minhas ligações, a minha raiva por ela
só aumentava mais a cada segundo."
— Isso é por ter colocado a Jesse no
meio dessa porra. E se alguém tocar em
um fio de cabelo dela vai vir muito mais
de onde veio esse, não vou parar até que
o seu rosto esteja irreconhecível. —
Soquei a cara do Julius com força, que
foi direto ao chão devido a intensidade
golpe que não estava esperando. Minha
vontade era matá-lo a base do soco, ter
o prazer de vê-lo sangrando até a morte.
— Não acredito que vivi até hoje para
ver Blade Maldonado preocupado com
alguém ou melhor com ciúmes! Espero
que tenha gostado do vestido vermelho
que ela está usando, escolhi em
homenagem a você, parceiro. — O
mexicano abusado levantou-se do chão
massageando o lugar onde tinha acertado
o soco, com o canto da boca sujo de
sangue.
— Maldito! — Soquei a cara dele
novamente por várias vezes, mas o
desgraçado continuou rindo debochado
como se fosse imune a dor.
— Vocês dois poderiam deixar para
resolverem isso mais tarde? Temos um
problema maior agora, Jesse acabou de
chegar no salão do Cassino e acho que a
presença dela chamou logo de cara a
atenção do Josué Torres, o tal capanga
do Matteo, ele está literalmente babando
em cima dela. — Exclamou Li com os
olhos atentos ao monitor, empurrei o
Julius de qualquer jeito e fui para perto
do chinês, roxo de raiva, conferir com
os meus próprios olhos o que ele havia
dito. E de fato era verdade, não só eles
como todos os homens em volta da mesa
de jogos pararam o que estavam fazendo
para olhar para ela.
— Eu vou matar friamente cada um
deles, ainda essa noite. — Rosnei, fora
de mim.
— Ela realmente está maravilhosa! E
olha que nem exagerei muito na
maquiagem que fiz nela, Jesse é
naturalmente linda e o jeito tímido dela
só a faz mais charmosa ainda. — A
intrometida da Sara comentou com a
boca cheia de alguma coisa que estava
comendo enquanto via tudo de onde
estava sentada na cama, sabia que tinha
o dedo dela naquela produção toda da
investigadora.
— Você consegue me ouvir, Jesse?
Mecha no cabelo se a resposta for sim,
quero saber se o microfone que coloquei
no seu ouvido está funcionando
corretamente. — Li entrou em contado
com ela fingindo não notar a minha
presença, totalmente concentrado no que
estava fazendo. Ela colocou a mão no
cabelo sensualmente, demais para o meu
gosto.
— Ótimo querida, está indo muito bem!
— Ela deu um pequeno sorriso com o
elogio de Julius, ficava feliz com tão
pouco. — O nosso alvo é aquele homem
alto de terno preto de gravata borboleta,
cabelo penteado para trás e barba
grisalha. Não se esqueça que ele gosta
de mulheres sensuais, mas não
oferecidas. — Jesse ouvia atentamente,
como se soubesse mesmo como seduzir
alguém.
— Pare de tentar enganá-la dizendo que
é capaz de seduzir alguém, Julius.
Porque todos presentes aqui sabem que
não! Mande essa idiota sair daí antes
que estrague tudo como sempre faz,
vamos procurar alguém mais adequado
para colocar no lugar da Sara. — Fui
cruel e não me senti nem um pingo de
culpa por isso. A Jesse tinha que
entender que ela não tinha nascido para
aquele tipo de coisa, deveria ser ilegal
um anjo como ela no meio de tanta
luxúria. Para me afrontar a maldita virou
para a câmera arqueando a sobrancelha
e um sorriso perigoso no rosto, muito
sexy. E saiu rebolando em direção à
mesa de jogos onde Josué Torres estava,
se eu pudesse teria atravessado o
monitor e torcido o pescoço dela.
— Aiiii. – Ela gemeu de dor, após dar
dois passos e tropeçar no próprio pé
caindo de joelhos apoiando as duas
mãos no chão chamando a atenção de
todos presentes, principalmente do alvo.
Era óbvio que aquilo iria acontecer, mas
ninguém quis me ouvir, ela poderia até
estar a porra de uma mulher gostosa
para caramba vestida com aquele
pedaço de pano que chamava de vestido.
Mas o que chama de verdade a atenção
de homens como o capanga do Matteo
Castelli são as mais experientes, foi uma
covardia do Julius jogar uma virgem na
mão de um pervertido.
— Não se preocupe Blade, está tudo
sobre controle. Jesse só está sendo ela
mesma, a garota mais amável e doce do
mundo, essas qualidades podem
conquistar até o coração mais frio do
mundo, você não acha? — Lançou os
olhos sobre mim, louco para levar mais
um soco. —Agora, cala a boca e veja do
que ela é capaz. — Completou confiante
cruzando os braços, tanto eu, Li e Sara
estávamos preocupados, mas ele não
estava nem um pouco.
— Ele está se aproximando dela, agora
tudo pode acontecer. — Li levou as
mãos atrás da cabeça nervoso e a Sara
virou o rosto para o lado sem coragem
de olhar qual seria a reação do capanga.
— Você está bem? — Para a surpresa de
todos ele estendeu a mão para ajudá-la a
se levantar, era evidente que o
desgraçado estava interessado nela.
— Obrigada, o Senhor é um homem
muito gentil! — Jesse sorriu para ele,
mas não qualquer sorriso, era o tipo que
iluminava o mundo todo. Isso me afetou,
não gostei de vê-la sorrindo para outro
homem. Era como morrer mil mortes em
vida, uma dor sem fim.
— Sou gentil apenas com as mulheres
que tem o sorriso bonito igual ao seu, é
nova por aqui? Com certeza me
lembraria de uma joia exótica como
você, o seu cabelo é muito atraente e a
sua timidez a coisa mais erótica do
mundo. Sou Josué Torres, o
administrador e sócio do Cassino. — O
desgraçado estava dando em cima dela
descaradamente, assinando a sua
certidão de óbito.
— Sou Naomi Suan, e o prazer é todo
meu, Josué! Obrigada pelos elogios, fico
feliz em saber que ainda existem homens
no mundo que sabem como tratar uma
mulher. — Depositou um beijo no rosto
de um homem que havia acabado de
conhecer, encantada. Não estava
parecendo que ela estava contracenando
e se estivesse não tinha a necessidade
nenhuma de beijá-lo.
— Espero que esteja ciente que eu estou
ouvindo cada palavra que está dizendo,
investigadora. Se eu fosse você não
brincava com fogo, porque o incêndio
pode ser grande depois. — Tentei dizer
o mais calmo que pude, não queria
deixá-la nervosa na frente do inimigo.
— Pode vir quente que eu estou
fervendo, se não sabe brincar não desce
para o play. — A maldita disse
disfarçadamente, para que o capanga
não ouvisse. Julius tentou abafar o riso
tapando a boca com a mão se divertindo
com o acontecido.
— Porque não vem para a mesa de jogos
comigo? Alguma coisa me diz que uma
mulher linda como você vai me dar
sorte, te quero ao meu lado essa noite.
— Piscou para Jesse, cheio de segunda
intenções.
— Nada me deixaria mais feliz! — Eu
estava ficando louco ou ela estava
mesmo flertando com o inimigo? De uma
hora para outra aquela mulher tímida
tinha sumido, dando cena para uma dama
da noite. Se o plano dela era me ferir,
estava se saindo muito bem, até demais.
Depois do idiota ganhar uma fortuna
pedindo que a Jesse escolhesse o
número em qual apostar, ela não errava
uma. Saíram de lá e foram para o bar
comemorar, queria impressioná-la com
dinheiro, como se ela se importasse com
isso. A cada minuto o homem ficava
mais encantado com a simpatia e
espontaneidade da investigadora, não
perdendo uma oportunidade para tocá-
la. E em meio a muitas risadas e fletes
entre os dois, enfim o capanga a chamou
para irem para um lugar mais "íntimo".
— Nunca conheci nenhuma mulher como
você, tão doce e gentil. Ao mesmo
tempo fatal, um poder de sedução fora
do comum e olha que eu entendo bem
quando o assunto são mulheres. Nunca
acreditei em paixão à primeira vista,
mas depois que te conheci, estou
repensando essa questão. Não estava
brincando quando disse que queria que
passasse a noite toda ao seu lado, na
verdade era muito sério. —Chegou a
boca bem próximo ao ouvido dela, que
abaixou a cabeça envergonhada. — No
café da manhã também, podemos passar
o dia todo na cama fazendo sexo
selvagem. — Jesse corou muito.
— Puta que pariu! O cara e bom, até eu
fiquei a fim dele agora. – Brincou o Li,
fazendo Julius e Sara gargalharem.
Enquanto o meu ódio só aumentava, me
sentia um leão enjaulado.
— A missão acabou Jesse, saia daí
agora. Não vai a lugar nenhum com esse
cara, se não sair eu mesmo vou aí dentro
te pegar. — Eu não estava brincando,
não estava nem aí para mais nada! Só
queria tirá-la de perto daquele homem e
de qualquer outro que tentasse se
aproximar dela.
— E o que está me esperando para me
levar para esse tal lugar mais "intimo"?
Mal posso esperar para estar em seus
braços, o dia amanhã promete. — Disse
a oferecida como uma vadia de fim de
festa, uma prostituta barata. Estava com
tanta raiva, louco para atirar em alguém.
— Não brinque comigo, porra, mandei
você sair agora! — A desgraçada nem
deu bola para mim, fingiu mexer no
cabelo e tirou o microfone do ouvido e
jogou discretamente dento da bolsa.
— Eu vou matar os dois! E quem entrar
no meu caminho também. — Quebrei a
tela do monitor com um soco em cima da
imagem dos dois saindo do salão de
mãos dadas trocando olhares de
cumplicidade e indo em direção ao
corredor, com certeza pegar o primeiro
elevador para a cobertura onde ficavam
os camarotes para os clientes vips
levarem suas amantes. Ninguém se
atreveu a tentar me segurar dessa vez,
nem mesmo o Julius. Passei pela porta
da frente do Cassino com uma pistola
em cada mão, entrei no elevador
bufando de raiva parecia que estava
sumindo em câmera lenta. Em um
determinado momento entrou um casal
de velhinhos muito bem vestidos, com
certeza antigos amantes de jogos. O
senhor trajava um terno italiano e
chapéu preto, ostentando uma bengala de
ouro puro. A esposa usava um casaco
legítimo de couro, cheia de joias caras,
trazendo os cabelos grisalhos em um
corte na altura dos ombros.
— A sua mãe sabe que você anda esse
tipo de coisa, filho? Armas são
perigosas, destroem tanto a vítima
quanto quem as usa. — Perguntou o
senhor assim que o elevador começou a
se movimentar, nem um pouco
intimidado de estarem presos dentro de
uma caixa de aço com um homem
armado.
— Na verdade foi presente dela, no meu
aniversário de dez anos. —Respondi
olhando para frente, não dispunha de
muita paciência no momento. A música
de piano tocando não estava ajudando
muito, então dei um tiro na caixa de som
do elevador.
— Se você não fizesse eu teria feito,
odeio essas músicas cafonas. Você viu
que a sua mão está sangrando, querido?
Deixa eu dar um jeito nisso, segure isso
por um instante amor. — A Senhora
pegou a arma da minha mão e entregou
para o marido, nem eu havia percebido
que tinha machucado quando soquei a
tela do monitor. Ela tirou um lenço que
estava em volta do pescoço e enrolou na
minha mão, carinhosamente.
— Não vai dizer a palavrinha mágica?
— Perguntou a Senhora, pensei que
estava brincando, mas não estava.
Estava me olhando com a cara feia, por
um momento pensei que iria puxar a
minha orelha.
—Valeu! — Respondi apenas, contra a
minha vontade. A porta do elevador se
abriu e eles foram embora de braços
dados sorrindo, aquela alegria toda não
era normal.
Estava em frente a porta da suíte
principal pronto para arrombar e entrar
enchendo os dois de tiros, quando a
porta abriu e a Jesse passou por mim
calma fingindo que não estava me
vendo. Peguei no braço dela e a joguei
para dentro de uma suíte do lado, ela
iria ter que me explicar direitinho o que
aconteceu entre os dois dentro daquele
maldito quarto.
— O que você quer? Estou com pressa.
— Cuspiu ela, me fuzilando com o olhar
como se eu fosse o errado da história,
cínica.
— O que aconteceu entre vocês dois
naquela suíte? Deixou que tocasse em
você, entregou a sua virgindade a ele?
Se é que era virgem mesmo, porque do
jeito que te vi se comportando como
uma prostitua barata hoje, não sei de
mais nada. — Eu estava com tanta raiva,
só queria feri-la da mesma forma como
estava ferido.
— Cale a boca, nunca mais fale comigo
assim novamente! — Deu uma bofetada
na minha cara, com vontade.
—Você quer morrer, garota? Nunca
nenhuma mulher ousou bater no rosto de
um Maldonado, deveria te castigar por
isso. — Os meus olhos soltavam faíscas
de raiva e ela não recuou nem um minuto
me enfrentando de nariz empinado.
— Fico feliz em ser a primeira. — Me
enfrentou, como uma onça brava.
— Onde pensa que iria chegar com
isso? Estava querendo chamar a minha
atenção, fazer uma cena? — Gritava tão
alto e ela se encolhia
tanto, que por um momento pensei que
entraria chão a dentro para fugir de mim,
tremia de medo.
— Não, seu cretino! Fiz porque sou uma
idiota, como sempre pensando nos
outros antes de mim. Consegui muita
informação do capanga do Matteo, ele
soltou tudo sobre o chefe depois que
batizei a bebida dele. Está tudo gravado
no gravador dentro da minha bolsa, o
melhor disso tudo que ele só vai acordar
amanhã e sem se lembrar de nada. —
Naquele momento fui obrigado a soltá-
la, tinha que ficar longe para mantê-la
segura de mim, do jeito que estava
nervoso era capaz de fazer alguma coisa
contra a segurança física dela.
— Não abuse do meu autocontrole,
investigadora, devo te alertar que nunca
fui muito bom em controlar a minha
raiva. Então não brinque com a minha
paciência, antes que o pior aconteça
com você. — Tentei me manter calmo
por fora, mas por dentro meu sangue
pegava fogo.
— Eu juro não entendo você, porque
está tão nervoso assim? Consegui o que
vocês queriam, não consegui? Então
pare de fazer drama e me deixe ir
comemorar o sucesso da missão com o
pessoal. — Ela girou o corpo depressa
fazendo a saia do vestido girar, por
Deus! De perto parecia mais curto
ainda, estava praticamente nua.
— Deu certo por sorte, porra! — Berrei
e se ela abrisse a boca mais uma vez
seria capaz de torcer o pescoço dela de
verdade.
— Porque não sou bonita e atraente
como a Sara, não é mesmo? Não tenho
peitos grandes nem uma bunda
avantajada, apenas uma garota normal.
Sinto muito em te alertar que os tempos
mudaram Blade, a beleza atrai, mas é o
conteúdo que conquista. — Jesse
abaixou a cabeça evitando os meus
olhos, que com certeza estavam
brilhando de ódio na escuridão.
— Você é mais tonta do que pensei!
Infantil e mimada. — Não pensei nela
para o plano não porque que não era
capaz ou bonita o suficiente, mas sim
porque eu não queria nenhum homem
tocando ou olhando para o que é meu.
— Ainda bem que você não é o único
homem do mundo, existem muitos outros
por aí que acham essa tonta aqui muito
"interessante". — Ela estava querendo
morrer, só pode!
— Sei que está falando do barman, é ele
que você quer? — A minha voz saiu
aguda, não sei se estava preparado para
ouvir a resposta dela. Jesse remexeu o
anel no seu dedo de um lado para o
outro, um movimento simples, mas muito
excitante.
— Responda, porra! — Ordenei
socando a parede, andava de um lado
para o outro como uma fera enjaulada.
— Miche é um bom rapaz. —
Respondeu apenas, odiava o jeito íntimo
dela chamá-lo pelo apelido.
— E o que mais? — Já que havia
começado a falar, que dissesse tudo logo
de uma vez.
— E mais nada Blade, minha vida
pessoal não é da sua conta! —
Respondeu malcriada levando as mãos a
cintura, se não estivesse tão irritado com
ela teria a beijado naquele momento.
Ficava ainda mais atraente quando
nervosa, uma tentação.
— Não me pareceu nada quando vi
vocês andando de mãos dadas na
exposição de fotos no parque, como dois
pombinhos apaixonados. Não me
pareceu nada quando ele tentou te beijar
e você fechou os olhos para receber o
beijo e para que fique bem claro o nome
dele é Michelangelo e não "Miche".
— Eu juro que tentei Blade, mas você
não faz outra coisa a não ser me oprimir
e me rebaixar sempre que pode. É
cruelmente grosso comigo, já fui muito
humilhada na minha vida por diversas
pessoas, mas isso acabou. Não alimento
mais nada que não seja recíproco,
vamos dar as mãos como duas pessoas
civilizas e cada um segue o seu caminho.
—A frieza dela me assustou muito.
— Como assim cada um seguir o seu
caminho? Já esqueceu tudo o que
aconteceu entre nós em Tijuana, porque
eu não esqueci. — Estava começando a
me desesperar. E se ela estivesse
falando sério? Eu tinha a certeza que
odiava aquela mulher com todas as
minhas forças principalmente o efeito
que a presença dela causava em mim,
até a voz dela me irritava. Ao mesmo
tempo, a desejava feito um louco! Tinha
o poder de fazer a minha dor sumir,
trazia luz aos meus dias mais sombrios.
Me deixava bobo só de olhar para ela,
enfeitiçado, essa era a palavra correta.
— É claro que não esqueci, Blade. Mas
o que aconteceu em Tijuana, fica em
Tijuana. Aqui não passo de uma
conhecida que está ajudando vocês
nesse caso, não é mesmo, Tigrão? —
Jogou as palavras na minha cara,
realmente aquela Jesse em minha frente
não era a mesma de alguns dias atrás.
Estava diferente, muito confiante.
— Se você quer assim tudo bem,
investigadora. Jamais vou ser o príncipe
encantado que procura, merece ficar
com alguém que te venere, mande cartas
e te encha de flores. — Nunca mais
queria sentir aquela dor que estava
sentindo, era como morrer em vida. Ela
havia me destruído por completo.
— Não almejo ser venerada, apenas
amada. Não precisa ser perfeito, apenas
de verdade. — Encarou-me. Como não
tinha reparado antes que a boca dela era
tão atraente? Um sorriso tímido e
sensual, uma mistura que prometia todo
o tipo de prazer.
— Você parece um anjo caído do céu
que veio me enfeitiçar, me destruir. —
Queria poder dizer não sobre o que
sentia por ela, evitá-la a todo custo. Mas
simplesmente não conseguia, era mais
forte do que eu.
— Os anjos normalmente sãos descritos
loiros e dos olhos claros, nunca ouvi
dizer sobre algum Anjo Negro. —
Corrigiu ela.
— Estou diante de um agora. — Diminui
a distância entre nós, mais um
centímetro e os músculos duros do meu
peito estariam contra a maciez dos seios
dela que estavam enrijecidos. Estava
excitada, assim como eu. Naquele
momento esqueci de tudo, éramos só eu
e ela. Quando dei por mim já tinha a
imprensado na parede erguendo-a do
chão, uma das mãos em concha sobre
suas nádegas e a outra a pressionava
pela base da coluna, para junto de mim.
Ela podia sentir a ereção do meu
membro roçando nela louco por sexo
bruto e violento, por um prazer extremo.
As pernas dela se engancharam em volta
da minha cintura, queria mandar tudo
para o inferno e fazê-la minha ali
mesmo. Então, escorreguei a minha
língua para dentro da boca dela,
explorando todo espaço. Os braços de
Jesse rodearam o meu pescoço enfiando
as mãos entre os meus cabelos, os seios
cada vez mais sensíveis pressionando
em mim praticamente implorando que
fossem tocados. A cada momento o beijo
ficava mais exigente, necessitado. Não
sabia ao certo quanto tempo havíamos
ficando nos beijando, talvez horas quem
sabe, o tempo havia parado.
— Jesse! — O nome dela saiu dos meus
lábios como um sussurro, um leve
gemido.
— Estou ouvindo, querido! — Os lábios
dela estavam vermelhos e inchados,
provavelmente os meus também.
— Eu sei que que nunca vou ser o
homem que você merece, nasci para ser
um vilão. Gosto do que faço e não
pretendo mudar nunca, mas posso tentar
melhorar por você se quiser, o que acha
da ideia de ser o meu Anjo para
sempre? — Do nada ela me abraçou
forte e começou a chorar, como se
estivesse se despedindo.
— Vou sentir tanto a sua falta, espero
que um dia possa deixar de me odiar. —
Alisou o meu rosto molhado.
— Não estou entendendo pequena, por
mais que me irrite jamais seria capaz de
odiar você. Porque onde andou todos
esses dias? Fiquei tão preocupado, senti
tanto a sua falta. Mais uns dias e eu iria
morrer, promete que não mais me
assurtar assim. — Encostei a minha testa
na dela.
— Precisava de um tempo para tomar
coragem para te contar um segredo, tem
uma coisa sua que está comigo. — Ela
chorava cada vez mais, estava
começando a ficar assustado de
verdade.
— Por favor, não chore, Anjo. —
Implorei, não aguentava vê-la sofrendo
daquela forma.
— Eu não sou um Anjo, Blade, na
verdade estou mais para a filha do
demônio. — Escorregou dos meus
braços para o chão cabisbaixa, os
ombros curvados como se estivesse
carregando o peso do mundo nos
ombros.
— Fale logo de uma vez, porra, chega
de meias palavras. — Explodi, ela
estava me deixando nervoso.
— Nunca se perguntou o porquê nunca te
falei o meu sobrenome? —Enfiou a mão
dentro da bolsa e tirou um embrulho
igual ao que vi com o pai dela. — Sou
filha do homem que roubou isso da sua
família Blade, o meu pai a pegou no dia
que participou dia da emboscada. O meu
nome é Jesse Carter, carrego o
sobrenome de um policial corrupto e
assassino. Não posso mais continuar
mentindo para o homem que eu amo,
mesmo que isso faça ele me odiar pelo
resto da vida. —Completou me
entregando o Collt, uma arma antiga,
relíquia da família Maldonado passada
de pai para filho. A mesma mulher que
havia me feito descobrir que debaixo de
tanta maldade, dentro do meu peito batia
um coração, o destruiu de uma forma
que jamais teria cura.
CAPÍTULO 20
“ Conversa Definitiva...”
Blade olhava para o Collt em suas mãos,
era a primeira vez na vida que tocava no
objeto, o máximo que chegou perto foi
nas mãos do pai. A arma era montada
por peças intercambiáveis, únicas. Em
seu vasto conhecimento em armas jamais
vira nada igual, nem ao menos parecido.
Um verdadeiro endosso inovador da
arte, uma mistura do rústico com
contornos delicados. Depois de avaliar
detalhadamente a relíquia, seus olhos
voltaram-se para Jesse toda encolhida
no chão chorando, compulsivamente.
Escondendo o rosto por trás das
próprias pernas como uma coelhinha
assustada. Era muita informação para
Blade processar naquele momento, o pai
de quem pensava ser seu anjo havia
destruído a sua família e ainda roubado
algo importante para ele que pensou
estar em qualquer lugar menos nas mãos
da mulher que fazia o seu coração bater
mais forte, que tinha o feito acreditar
que podia ser uma pessoa melhor. Mas
ela havia mentido para ele, havia o
enganado. Então, uma raiva enorme se
apossou do bandido. O sangue correndo
em suas veias como larva fumegante,
grosso e fervescente. Em sua mente
rondavam dúvidas cruéis e letais.
Quando o mal encontra uma pequena
entrada para a alma de alguém por
menor que seja, ele já chega mostrando
serviço colocando coisas onde não tem,
chifres na cabeça de cavalo, como diz o
velho ditado. — " E se ela me enganou
esse tempo todo a mando do pai dela?
Tudo que vivemos juntos não passou de
uma mentira, um doce e encantador
engano onde o meu Anjo não passa de
um demônio com cara de santa."
Então totalmente tomado pelo ódio,
Blade Maldonado segurou o Collt na
cintura e caminhou em direção a ela que
ainda chorava sem parar como a revolta
do mar em meio a tempestade, a passos
firmes que pareciam furar o chão a
qualquer momento, capaz de fuzilar só
com olhos qualquer coisa que ousasse
atravessar o caminho dele. Estava
disposto a arrancar a verdade da filha
do diabo, custe o que custasse. Depois a
mandaria para o inferno onde traidores
como Jesse Carter deveriam morar pela
eternidade queimado no fogo ardente.
Mas bem no meio do caminho o bandido
pisou em algo, era uma mini caderneta
que provavelmente escorregara da bolsa
da investigadora quando tirou o Collt
para devolvê-lo ao verdadeiro dono. Os
olhos escuros de Blade imediatamente
tomaram um tom de azul cor de jacinto,
as nuvens sombrias foram embora dando
passagem para um lindo amanhecer.
Tudo isso por conta do que havia escrito
nas folhas, por mais de uma vez de
forma aleatória. Com uma letra formosa
e delicada, assim como a dona dela. Em
volta havia vários corações pintados
com caneta vermelha, pareciam ter sido
feitos por uma adolescente e não uma
mulher de vinte e seis anos — '' Por
favor não me odeie muito Blade, eu te
amo."
— Não conseguiria te odiar nem se eu
quisesse, isso é impossível! — Disse
mais para ele do que para ela, realmente
Jesse Carter era um ser naturalmente
amável. A jovem parou de chorar no
mesmo momento e o encarou com as
duas esferas cor de canela dançando
dentro de um mar de águas sem fim.
Ela havia quebrado o coração de Blade
de uma forma que jamais teria cura, mas
cada pedacinho dele ainda precisava
dela, desesperadamente,
independentemente de qualquer outra
coisa no mundo, ou além dele talvez,
algo como depois da morte, quem sabe.
— Então você não vai gritar comigo?
Me xingar ou atirar em mim? — Blade
olhou para ela com um certo pesar em
saber que era assim que Jesse a via,
como um monstro. — "O que eu havia
feito com aquela pobre garota? Sempre
esperando o pior de mim."
— Se não fiz isso quando te vi na porra
desse pedaço de pano, por que faria
agora? Deveria pedir o seu dinheiro de
volta, porque a metade do vestido deve
ter ficado na loja. — Ela estava ficando
louca ou Blade estava tentando ser
engraçado? Mas era sério demais para
fazer uma piada, esse tipo de coisa não
combinava com ele.
— Você é o tipo que gosta de brincar
com a vítima antes de matá-las? Como
os gatos fazem com os coitadinhos dos
ratos? Se for saiba que para mim isso é
o último grau da maldade de um ser
humano. — Jesse tinha a voz chorosa,
como uma criança assustada depois que
contara para a mãe que tinha aprontado.
Blade soltou uma gargalhada macabra
achando graça da inocência dela.
— Já passei do último grau de maldade
há muito tempo, investigadora. Mas não
vou mentir que brincar com você não
passou pela minha mente hoje, de várias
maneiras. — Olhou para as pernas da
moça, pousando os olhos mais tempo
que o necessário sobre as coxas. Subiu
lentamente pela cintura, passando a
língua sobre os lábios ao ver a ponta de
um dos seios balançando dentro da
abertura lateral do vestido.
— E você iria gostar muito! —
Completou Blade totalmente malicioso,
cheio de segundas, terceiras e infinitas
intenções. Jesse agradeceu por estar
apoiada na parede senão teria escorrido
ao chão, derretida.
— Não entendi o seu comentário. —
Jesse envergonhada puxou a base da
lateral do vestido na intenção de
esconder o lugar onde ele estava
olhando, fazendo-se de boba. — '' Ela
havia entendido sim, muito bem."
— Venha aqui! — Blade sentou na cama
e estendeu a mão para ela, com uma
expressão estranhamente calma. Jesse
negou com a cabeça permanecendo
exatamente no mesmo lugar que estava,
aquela reação dele era completamente
diferente do que estava esperando.
Contava com no mínimo o massacre da
serra elétrica ou um ataque o Jack
Matador.
— Agora! — Ordenou ele, com uma
expressão não tão calma em seu rosto.
Então, Jesse levantou desconfiada
caminhando cautelosamente e sentou-se
ao lado do bandido na cama a uma
distância consideravelmente segura.
— Pode dizer. — Jesse mexia no anel
em seu dedo demonstrando o quanto a
presença dele mexia com ela, era como
ir do céu ao inferno em uma fração de
segundos.
— Aqui! —Blade bateu a mão sobre o
colo, olhando para ela totalmente
constrangida sem saber o que fazer. Não
sabendo se deveria confiar realmente
naquela calmaria toda, um homem traído
sabe mentir muito bem quando tem sede
de vingança. Sem paciência ele mesmo a
pegou e a colocou em seu colo, sem
nenhum pingo de gentileza.
— Assim está melhor! — Envolveu os
braços em volta da cintura de dela,
trazendo-a mais próximo de si.
— Porque não está bravo comigo? —
Perguntou Jesse intrigada sem coragem
para encará-lo, com os olhos ainda
molhados.
— Olhe para mim! — Não mandou,
pediu de forma gentil até demais. — Me
desculpe por ter mentido para você?
Pelo meu pai ter ajudado a destruir a sua
vida, tirando as pessoas que amava. —
Jesse quase se perdeu dentro daquelas
duas lagoas azuis, lindas e misteriosas.
Um labirinto repleto de mistérios, que
daria tudo para se perder dentro pelo
resto da sua vida.
— O seu pai tirou de mim as únicas
pessoas que eu amei na vida, mas por
outro lado me trouxe você. A dívida
dele está paga comigo para sempre. —
Tirou alguns cachos sobre o rosto de
Jesse que estava encobrindo a visão do
sorriso encantador que veria em... 1, 2,
3... E lá estava ele, iluminando tudo em
volta. Blade sentiu-se honrado por ser o
motivo, envaidecido seria o correto a
dizer sobre o bandido naquele momento.
— " Quero vê-la sempre assim,
sorrindo."
— Obrigada por me perdoar, Blade,
prometo nunca mais mentir para você.
— Jesse envolveu os braços em volta
do pescoço o amado, depositando beijos
castos por toda extensão do rosto de
Blade.
— E que nunca mais vai usar esse
vestido? Só para mim, se quiser fazer
uma dança erótica também não seria
nada ruim. — Fez piada novamente. Ele
até tentou sorrir, mas tinha os músculos
do rosto tensos demais para torná-lo
sincero.
— Que coisa feia querer tudo só para
você, tem que aprender a dividir sabia?
— Brincou Jesse, fazendo carinho no
braço dele sem acreditar que aquilo era
verdade. Blade havia lhe perdoado de
verdade. Se soubesse que essa seria a
reação dele teria contado antes. Odiava
mentiras, porém muita mais a hipótese
de ser odiada por ele.
— Não o que é meu, sou egoísta! —
Disse com a voz sombria, assustadora
na verdade.
— Em se tratando de você eu também
sou, Tigrão! — Era primeira vez que
Blade a vira séria, ficava encantadora
assim também. Jesse tentou sair do colo
dele, mas ele não deixou cravando firme
as duas mãos sobre as coxas dela. — "
Então não era o único possesivo ali,
ela também sentia ciúmes de mim."
— A Sara só me beijou porque você
deixou, da próxima vez faça alguma
coisa quando outra mulher quiser
colocar as garras no que é seu. Se fosse
eu teria explodido o cara antes dele
pensar em se aproximar da minha garota.
— Sua garota? — Perguntou Jesse, em
uma irresistível combinação erótica do
rubor e ingenuidade.
— Quero que seja, mas antes
precisamos conversar. Está na cara que
não sou um bom partido, Jesse, gosto de
matar as pessoas covardemente. Isso me
diverte, me dá prazer! — Dizia
naturalmente, com o semblante calmo.
— Já fiz tudo de errado que você pode
imaginar e não me arrependo de nada.
Minha vida é perfeita do jeito que ela é,
não pense que vou virar um santo do dia
para a noite, porque isso não vai
acontecer. Nascemos em lados opostos.
Até podemos tentar fazer isso dar certo,
mas será quase impossível. Fora que sou
muito mais velho, você é pouco mais
velha que o meu irmão caçula. Mesmo
assim quero tentar, mas se for demais
para você e quiser cair fora, eu entendo.
— Ela escutava atentamente tudo o que
Blade falava.
— Não vai se livrar de mim assim tão
rápido. Blade Maldonado, arrumou uma
cruz para a vida inteira. — Ela deu uma
gargalhada gostosa, estava feliz como
nunca esteve.
— Tem mais uma coisa, a mais
importante de todas. — Blade olhou no
fundo dos olhos dela, afinal aquela seria
a única barreira que poderia separá-los.
Havia uma certa tensão no ar, um
momento decisivo. Ele respirou fundo e
começou a falar, sem tirar os olhos dela.
— Eu jurei nunca ter filhos, Jesse.
Quero que o sangue ruim dos
Maldonado morra comigo, trancado a
sete chaves no inferno. — Foi duro com
as palavras, para que ela entendesse
claramente. Jesse ficou calada por
algum tempo, segundos que parecem
uma eternidade para Blade. Sabia que o
sonho dela era ser mãe, então se
preparou para o pior.
— Não quero ter filhos se você não for
o pai, seremos eu e você contra o
mundo. — Jesse foi sincera, mas com
um sorriso triste nos lábios.
— Nunca imaginei que algum dia teria
uma garota só minha, mas pensei que se
tivesse, ela teria que ser noventa e nove
por cento demônio e um por cento Anjo,
não o contrário.
— Não sou tão santa assim, Blade, já
tive pensamentos impuros com um
homem na adolescência e não foi só uma
vez. — Blade arregalou os olhos pasmo
diante de tamanha revelação, os
músculos do corpo involuntariamente se
contraíram.
— Quem é esse maldito? — Perguntou
nervoso, o pobre individuo estaria
debaixo de sete palmos ainda naquele
dia.
— Antônio Banderas no papel de Zorro,
sempre gostei de homens mais velhos.
— Ela corou.
— Pare com isso. — Ele ordenou com a
voz grave.
— Desculpe. — Jesse abaixou a cabeça,
como uma submissa obediente.
— Se soubesse o que está se passando
em minha cabeça agora... — Mordeu a
curva no pescoço de Jesse, com as mãos
hibernando para a cima da coxa
encontrando o tecido da calcinha de
renda branca. Ele gemeu, só de pensar
se ela estaria molhada ansiando ser
tocada mais intimamente.
— Vai acontecer tudo o que está
pensando e mais um pouco, não aqui e
nem agora. — Uma ideia veio a sua
mente na velocidade da luz, queria dar a
ele uma coisa que nunca teve antes. —
Vamos a um lugar, só confie em mim. —
Levantou em pulo, ficando de pé diante
dele. Parecendo uma boneca com a saia
do vestido todo rodada, os cachos
revoltos caindo charmosamente sobre o
rosto.
— Como aprendeu andar de salto tão
rápido, Sara é boa em ensinar, mas não
faz milagres. — Blade perguntou
olhando para ela desconfiado
observando-a se equilibrar
perfeitamente em cima do belo e
atraente salto quinze vermelho sangue,
que agora de perto havia percebido
algumas pedrinhas transparentes por
cima, um luxo. Arqueou a sobrancelha
curioso, inquisidor.
— Só porque eu não uso não quer dizer
que eu não saiba usar. — Deu uma
piscadela para o lado dele, sorrindo
magnificamente para ele.
— Ok! Mas acho melhor deixarmos para
ir nesse tal lugar outro dia. Temos que
levar o gravador até o pessoal e tentar
extrair o máximo de pistas possíveis do
paradeiro do Matteo Castelli, esse é o
foco da missão, lembra? Não ficar
perdendo tempo passeando por aí,
duvido que possa me levar em algum
lugar que eu goste. — O Blade Chato
havia voltado novamente, com a corda
toda.
— Apenas segure a minha mão, vem
comigo. Que no caminho eu te explico, a
base de um relacionamento é a
confiança. — Ela sabia que um bom
soldado segue o rumo da missão sem
pestanejar e que ainda tinha que contar a
Blade onde esteve todo esse tempo e
como havia sido a conversa tensa com o
pai que foi ameaçado pela própria filha,
que pela primeira vez o enfrentara para
defender o que achava certo,
principalmente o homem que amava.
Mas por hora queria apenas viver uma
noite sem regras, uma noite a dois.
— Hoje você paga a conta. — Assim o
casal mais inusitado do momento saiu de
mãos dadas, para uma noite que
prometia grandes emoções e prazeres
eternos.
CAPÍTULO 21
Jesse estava há mais de meia hora
tentando convencer Blade a deixá-la
dirigir o seu carro até o local onde
queria levá-lo, se fosse outro qualquer
veículo da sua coleção até deixaria. Mas
o Impala era o Impala, não precisava
dizer mais nada. Não deixava ninguém
nele, tão pouco o conduzir. Agora
estavam dois teimosos, que pouco tempo
atrás acabaram de fazer as pazes,
brigando novamente.
— Assim que disse que quer tentar fazer
dar certo? Ótimo! Queria te levar para
conhecer um lugar, mas se quer estragar
a surpresa, tudo bem. Vou dizer qual é o
endereço, fica pouco mais de quarenta
minutos daqui. — Blade olhou para
aquela criatura minúscula na sua frente,
pensando se deixá-la viva tinha sido
realmente uma boa ideia para o bem-
estar do seu psicológico. Só que era
tarde demais para voltar atrás com a sua
palavra, infelizmente.
— Deveria trabalhar com vendas,
sabia? Realmente é boa em convencer as
pessoas, quase chorei agora. — Ironizou
Maldonado, passando por ela de cara
feia. Abriu a porta do veículo com
brutalidade e entrando no mesmo sentou-
se com a postura ereta e elegante no
banco do carona.
— Obrigada Blade, você é muito legal!
— Debochou Jesse, morta de felicidade
em saber que iria dirigir um legítimo
Impala.
A cada curva o coração de Jesse pulava
dentro do peito com medo de fazer
alguma burrice, matar os dois na
próxima esquina ou qualquer coisa do
tipo. Blade, por sua vez, não falava
nada, estava da mesma forma de quando
entrou no carro, com os braços cruzados
emburrado. Mas também não opinava
em nada, simplesmente ficava em
silêncio olhando sempre para frente com
uma expressão inelegível. Pelo canto
dos olhos Jesse viu quando bandido
achou a lua no céu que estava cheia e
brilhante. Ele conseguia ser ainda mais
bonito com a luz dela refletindo em seu
rosto, a forma do pecado em carne e
osso.
— Você conseguia mesmo me ouvir
através da Lua? — A voz grossa e sexy
dele ecoou dentro do carro. Jesse
congelou, as mãos tremiam segurando o
volante. Blade não percebeu o quanto a
sua pergunta havia deixado a jovem
nervosa, estava entretido demais com a
cabeça virada para o lado de fora da
janela inclinada um pouco para cima
namorando a beleza que era o céu à
noite.
— Então você lembra da noite em que
ficou doente e que dormimos juntos?
Tive tanto medo que morresse naquele
dia. — Comentou ela, pensativa.
— De cada palavra e detalhe. —Virou o
rosto para olhar para a Jesse bem no
fundo dos olhos.
— Eu também. — Jesse corou ao
lembrar que dormiram colados um ao
outro seminus, como um casal
apaixonado depois de passarem a noite
toda fazendo amor.
— Obrigado! — Exclamou Blade a
deixando pasma, ele não costumava ser
gentil assim com ela, nem com ninguém.
— Por que? — Jesse estava tentando
fielmente manter a atenção na estrada,
mas com os olhos dele queimando sobre
ela estava um pouco difícil manter o
controle do próprio corpo, imagina de
um veículo inteiro.
— Por ter salvado a minha vida por três
vezes. — A voz de Blade saiu baixa,
mas firme.
— Três? — Jesse lembrava apenas de
duas, da primeira quando quase matou o
parceiro atirando na mão dele que
estava com a arma apontada para Blade
e a segunda na noite quando ficou
doente.
— Sim! A terceira foi quando apareceu
na minha vida, estava morto antes de
você chegar. — Proferiu Blade, sincero.
Com os olhos azuis brilhando como duas
safiras valiosas à luz da Lua,
fascinantes. — Pensou Jesse Carter,
completamente apaixonada.
— Na verdade foi você que salvou a
minha vida, Blade, acreditou em mim
mesmo sabendo que sou um fracasso em
tudo o que faço. — Foi preciso a jovem
piscar várias vezes para conter o pranto,
era bom saber que agora não estava
mais sozinha no mundo. Era como se um
completasse o outro na medida certa. No
entanto, como o relacionamento de um
bandido cruel com uma policial poderia
dar certo? Era como querer juntar um
demônio com um anjo, praticamente
impossível.
— Mas em relação a sua pergunta é sim,
falava com você através da Lua. Era
como o vento, não podia te ver, mas
podia te sentir. — A voz de Jesse saiu
sensível, com um leve vestígio de choro.
— É bom saber que não estava louco, o
meu Anjo de fato sempre existiu. — Ela
podia sentir o coração apaixonado
derretendo dentro do peito. Blade
Maldonado era assim mesmo,
irresistível.
— Gosto quando me chama assim, Anjo.
— Ela corou um pouco. Mas o suficiente
para que Blade notasse o seu
constrangimento, nada passava
despercebido aos olhos dele.
— O seu cheiro ainda está no meu tapete
até hoje, toda vez que vou para o meu
esconderijo aquele é o único lugar onde
consigo dormir. Em frente a lareira, mas
o calor dela não é nada comparado ao
do seu corpo. — Revelou sem coragem
de olhar para ela. Passaram o resto do
caminho sem trocar nenhuma palavra, o
silêncio dizia tudo. A poucos
quilômetros adiante chegaram ao tal
local onde Jesse queria que ele
conhecesse, na verdade o único lugar
onde sentia-se realmente em casa,
amada.
— Que lugar é esse? — Perguntou o
bandido, um tanto curioso. Assim que o
Impala estacionou em frente a uma
antiga casa de madeira, era grande e
antiga, mas conservada, pintada de
branco encardido puxando para um tom
de bege barato. Em volta da mesma
havia um jardim bem cuidado com
diversos brinquedos feitos de madeira,
como chiador, balanço, roda-roda entre
outros.
— Onde sempre venho quando quero
esconder do mundo ou quando sou
magoada por algum idiota, você não é o
único aqui que tem um esconderijo,
Tigrão. — Provocou ela com sucesso.
— Pare de me chamar assim! —
Resmungou com uma expressão azeda no
rosto. Parecendo uma criança mimada
fazendo pirraça.
— Não parece se importar quando a
Sara te chama de Tigrão, não é mesmo?
Ah! Esqueci, vocês têm uma ligação
forte que vem de muitos anos. — Blade
odiava quando Jesse era irônica com
ele, realmente esse tipo de coisa não
combinava com ela.
—Temos mesmo! E isso não é da sua
conta, é assunto meu e da Sara. — Jesse
olhou para ele o encarando por alguns
segundos. Desviando o olhar logo após,
magoada por se maltratada por ele pela
milésima vez, Blade não sabia
conversar civilizadamente com ninguém,
perdia a paciência facilmente. Na
verdade, nunca a teve.
— Talvez não tenha sido uma boa ideia
tê-lo trazido aqui, pode ir embora se
quiser. É evidente que nem queria vir, eu
que fiquei insistindo. Pode seguir o seu
caminho, Blade, boa noite! – Ela saiu do
carro batendo a porta andando rápido
com olhos lacrimejando, mas não
chorou. Nem mesmo quando ouviu o
motor do carro acelerando, Blade estava
indo embora talvez para sempre.
— Engole o choro Jesse, eles não
merecem te ver assim. — Jesse
conseguiu se conter, Blade literalmente
era capaz de levá-la ao céu e ao inferno
na velocidade da luz. Respirou fundo
diante da velha porta de madeira e
segurou na maçaneta que estava com um
lado quebrado, lembraria mais tarde de
comprar uma nova. Conforme foi
abrindo o aroma de pipoca com
manteiga adentrou suas narinas e o calor
do lugar que mais amava no mundo
abrandou as suas dores, como o sol
aparecendo após um dia inteiro chuvoso.
Entrou fazendo o mínimo de barulho
possível, parecendo estar em um campo
minado.
— Surpresa! — Gritou Jesse animada,
assim que chegou na sala. Não tinha
mais vontade de chorar, era incrível
como aquele lugar tinha a capacidade de
curar qualquer tipo de dor seja qual
fosse o tamanho dela. Por isso queria
trazer Blade ali, mas era ignorante
demais para deixar que alguém fizesse
algo de bom para ele.
— Tia Jesse! — As crianças do Lar das
Freiras para Anjos que nasceram com o
vírus HIV gritaram em uníssono, eram
completamente apaixonadas pela
investigadora. No atual momento, o
número de abrigados no lugar era de
vinte crianças, todas muito bem
cuidadas com muito amor e carinho
pelos voluntários do lugar. Jesse se
orgulhava muito de ser uma das
responsáveis por ajudar manter o local
aberto, todo mês entregava pessoalmente
a metade do seu salário e se pudesse o
doaria todo.
—Boa noite, meus amores! — Beijou o
rosto de um por um, com carinho. Era
sábado à noite, dia de ficarem
acordados até mais tarde, não muito,
para a sessão de histórias da Irmã
Florence, diretora do abrigo, comiam
pipoca e brincavam a vontade.
— Que bom que deu para você vir,
querida, por um minuto não pegaria o
começo da história. — A irmã Florence
chegou na sala segurando a pequena
Alice de apenas dez meses no colo e um
sorriso enorme no rosto.
— Pensei que não daria para vir irmã,
mas aqui estou. — Jesse abraçou a
freira depositando um beijo no rosto de
Alice que vivia com a cara fechada, não
aceitava ir no colo de ninguém além da
irmã Florence e não largava a sua
chupeta para nada, só para mamar. A
Freira sensitiva como era percebeu que
a investigadora não estava bem, uma
pessoa quando gosta de verdade da
outra conhece quando está triste.
— E o seu amigo quem é? — Perguntou
a Freira olhando para alguém atrás de
Jesse, a jovem ficou petrificada. Depois
de retomar a razão olhou para trás e lá
estava Blade lindo como sempre com as
mãos nos bolsos da calça jeans,
totalmente sem jeito. Mas a cara azeda
continuava a mesma, porém o que
importava era que ele não tinha ido
embora.
— Ele é o seu namorado, tia? —
Perguntou Thomas, um garotinho ruivo,
de sete anos, cheio de sardinhas
alaranjadas. Usava pijama branco com
desenhos de carrinhos, nos pés meias
com orelhas de gatinhos. A mãe dele era
uma garota de dezoitos anos que morreu
pouco depois de dar-lhe à luz. Ninguém
sabia quem era o pai, por ter nascido
com o vírus da AIDS ninguém da família
quis ficar com o pobrezinho, então o
entregaram ainda bebê para a irmã
Florence.
— Pare de ser intrometido, Thomas,
isso é feio. Deixe a nossa visita em paz
e sente-se no seu lugar, meu amor, daqui
a pouco começarei a contar a história de
hoje. — A Irmã salvou Jesse, não tinha
resposta para a pergunta do garoto.
— Desculpe por ter trazido alguém sem
avisar irmã, mas queria que ele
conhecesse o lugar que mais amo no
mundo. Que me faz sentir em casa,
protegida. — Blade olhou à sua volta
vendo um monte de crianças bagunceiras
falando todas ao mesmo tempo, uma
casa bagunçada com brinquedos
espalhados até no teto. Fora que parecia
um arco-íris de tantas cores que tinha,
um exagero. Pensou ele, não
conseguindo ouvir os próprios
pensamentos no meio daquela bagunça
toda. — “ O que ela vê de tão incrível
nesse lugar? Não conheço o inferno,
mas deve ser melhor do que esse lugar
cheio de monstrinhos falando sem
parar. ”
Blade estava horrorizado! Se não queria
ter filho antes, agora muito menos. Nem
em um milhão de anos, só não saía
correndo sem olhar para trás, por causa
da Jesse. Ainda mais quando viu uma
foto de Jesus pendurada na parede,
olhando para ele como se o estivesse
julgando por estar ousando pisar em
solo sagrado. Para falar a verdade não
entendia o qual a intenção dela em trazê-
lo ali, era evidente que iria odiar logo
de cara.
— Seja bem-vindo a nossa casa, meu
filho, aqui todos são bem-vindos. Assim
como Deus que apenas ama seus filhos
independentemente de qualquer coisa,
não julgamos ninguém. — A irmã
Florence pousou a mão no ombro dele,
olhando para ele como se pudesse ler os
seus pensamentos. Era uma senhora de
mais de oitenta anos, a pele enrugada
cheia de marcas mostrando a
experiência e a sabedoria que tinha,
— Obrigado. — Respondeu apenas,
desconfiado, fitando aquela mulher
trajando o seu costumeiro hábito preto
tapando dos pés até o último fio de
cabelo, a gola era branca e sobre ela a
corrente que pendurava um crucifixo.
— Eu que agradeço, querido! Não temos
muitas visitas aqui, denominam as
nossas crianças como demônios só
porque que nasceram com o vírus HIV,
dizem que tem o “sangue ruim”. —
Naquele momento Blade levou um tiro,
bem no meio do peito acertando o
coração em cheio, a dor era a mesma.
Consequentemente, voltou a olhar a sua
volta, mas com outros olhos. Então ele
se viu naquelas crianças, só que
diferente dele elas tinham umas às outras
e alguém que as amava. Ele não teve
nada disso, teve que se virar sozinho.
Eram felizes mesmo tendo vários
motivos para serem tristes, e
estranhamente sorriam o tempo todo. A
casa não parecia mais uma bagunça e
sim um esconderijo bem equipado para
aqueles não aceitos pelo mundo. —
“Agora entendi o porquê ela me trouxe
aqui, para mostrar que existiam outros
iguais a mim. Mas que sorriam apesar
de tudo, apesar da dor. ”
— Agora se acomodem onde acharem
mais confortável, porque vou contar uma
bela história que cabe perfeitamente no
dia de hoje. Poderia segurá-la para mim,
querido? Acho que ela gostou de você.
—A irmã Florence praticamente jogou a
criança no colo de Blade, que a segurou
no ar com nojo que encostasse nele. A
pequena Alice parou de chupar a
chupeta cor de rosa encarando o
bandido, pelo jeito o charme de Blade
funcionava com o sexo oposto
independentemente da idade. Foi então
que ela sorriu para ele, esticando a
mãozinha para tocar em seu rosto.
— Acho que ela gostou de você, não
gosta de nenhum colo além do da irmã
Florence. — Comentou Jesse sorrindo,
Blade sentiu um alívio imenso ao saber
que ela não estava mais chateada por ele
ter sido um completo idiota pela
milésima vez. — Segure ela direito
porque pode deixá-la cair no chão, não
queremos isso não é Alice? — Fez
carinho no rosto da pequena, ajeitando-a
do jeito corretamente no colo de
Maldonado.
— Pegue-a você, não gosto de crianças!
– Tentou entregar Alice para Jesse, mas
a pequena envolveu os bracinhos
gorduchos em volta do pescoço dele
deitando a cabeça no seu ombro.
Chupando a chupeta, piscando
lentamente, sonolenta. Sem muita
alternativa, sentou com ela agarrada nele
ao lado da investigadora no sofá verde
escuro para ouvir a freira contar a tal
história.
— A história escolhida de hoje é a do
“Bom Samaritano”, onde Deus vem nos
ensinar que a bondade de um coração
muitas vezes está escondida onde menos
parece. — Explicou a irmã Florence em
uma cadeira de balanço com todas as
crianças sentadas no chão em silêncio a
ouvindo com os olhinhos atentos.
Menos uma que estava emburrada
sentada no segundo degrau da escada
que dava para o segundo andar da casa,
era Jeniffer a mais velha entre os
abrigados. Ficava sempre sozinha pelos
cantos, com uma touca preta cobrindo a
metade do rosto e fones nos ouvido com
a música gótica no último volume. As
unhas pintadas de preto, combinando
com o restante de suas vestes que eram
no mesmo tom. Parecia até filha do
Estevão, pensou Blade. Apesar de tanta
personalidade para uma garota de treze
anos, ela tinha um olhar inseguro, triste,
diria ele. Jesse agradeceu a irmã por ter
escolhido aquela linda história para
contar, realmente cabia feito uma luva
para a ocasião.
— Obrigada por não ter ido embora, não
sabe o quanto é importante para mim que
esteja aqui. — Jesse deitou a cabeça no
ombro livre de Blade, já que o outro
estava mais que ocupado com a pequena
Alice que ainda mantinha os bracinhos
em volta do pescoço dele segurando
com força como se tivesse medo de que
alguém a tirasse dali.
— Quando quero uma coisa, não sou de
desistir fácil. — Blade entrelaçou os
dedos dele em meio aos da jovem, que
para ela soou como um “Estou feliz
também de estar aqui com você. ”
“Era uma vez um certo homem que foi
assaltado, o espancaram até cair no
chão. E enquanto ele sangrava passou
um cidadão, era um sacerdote e fingiu
que não o viu pois estava com pressa,
tinha prioridades, mas a verdade é que
lhe faltava amor. No mesmo lugar vai
passando um levita, quem sabe uma
canção para Deus. Ele cantava dizendo
“Eu Te amo acima de tudo! ”, mas não
amou o próximo como se deve amar,
como a si mesmo. Fez a mesma coisa
que o sacerdote e prosseguiu de mãos
vazias e o homem machucado
continuou caído no chão. No mesmo
lugar vem vindo um bom samaritano,
não sei o seu nome ou mesmo a sua
religião. Não sei como ele cantava, se
orava bem, mas sei que suas mãos
estavam ocupadas. Mas dentro dele
havia muita compaixão e quebrando
protocolos se aproximou do homem
ferido. Derramou azeite em suas
feridas, estancou o sangue e o
levantou. O bom samaritano sem
nenhuma obrigação cuidou daquele
homem fazendo da sua vida a essência
dele. Ele não olhou para sua
aparência, nem para o que aquele
pobre homem tinha para oferecer,
apenas o ajudou. Assim é Deus que não
julga as pessoas pela aparência ou
pelo que dizem ser. Mas vê a sua
atitude quando faz as coisas para não
ganhar nada em troca ou quando as faz
sem ninguém estar olhando. ”
No final da história Blade apertava tanto
a mão de Jesse que parecia que ia
esmagar os dedos dela a qualquer
momento. Talvez ainda houvesse alguma
chance para um pagão como ele. A
investigadora não era a única ali a fazer
bom uso do seu dinheiro, os parceiros
de Maldonado não faziam ideia de onde
o mesmo enfiava tanto dinheiro se não
possuía conta bancária em lugar nenhum
e nem tinha muitas propriedades. O que
ninguém sabia era que Blade era como
Robin Hood, roubava dos ricos para dar
aos pobres. Mas o que se dá com uma
mão, a outra não precisa saber, guardava
o segredo só para ele. Logo o bandido
deu pressa de ir embora, também já
tinha passado da hora das crianças irem
para a cama.
— Onde coloco essa coisa? —
Perguntou Blade, com total desdém.
Apontando para a Alice que dormia
serenamente em seu colo, como uma
bonequinha de porcelana.
— No segundo andar a última porta no
final do corredor, pode deitá-la no
berço. — Disse a freira com vontade de
rir, as vezes o mau humor de Blade
chegava a ser engraçado para quem não
o conhecia de verdade. Ele subiu as
escadas resmungando, mas colocou o
bebê no berço com o maior cuidado do
mundo e ainda lhe afagou os cabelos
louros, mesmo não gostando dela tinha
que admitir que as bochechas gordas e
rosadas era uma graça. Na volta
passando pelo corredor topou com
Jeniffer, a projeto de filha do Estevão,
de treze anos. Com a touca na cabeça
quase escondendo os olhos e os fones no
ouvido como som tão alto que o bandido
conseguia ouvir a música de longe e a
cara mais azeda do que a dele.
— Não precisa se esconder do mundo,
muitos não tiveram a mesma sorte que
você tem de morar em uma casa com
pessoas que te amam. Não deixe
ninguém tirar os melhores momentos da
sua vida de você, tome uma atitude antes
que seja tarde. — Exclamou Blade
assim que passou pela garota, sem virar
para olhar para trás ele ouviu o barulho
da touca indo ao chão e os fones sendo
arremessados para longe. Enfim, Jeniffer
resolveu se libertar para o mundo. Blade
e Jesse se despediram da irmã Florence
e foram embora, levando com eles a paz
daquele lugar.
— Vou te levar para a casa. — Proferiu
Blade, entrando no carro do lado do
motorista.
— Isso é seu e melhor entregar antes que
eu esqueça. — Pegou o gravador na
bolsa e entregou para ele já dentro do
carro, sem encará-lo. — Obrigado por
me levar para casa, sei que fica bem
longe da sua rota normal. — Ajeitou-se
no banco carona, puxando o vestido
curto para baixo.
— Não vou te levar para a sua casa. —
Girou a chave fazendo o motor do
Impala roncar e lançou os olhos para as
pernas dela com mais da metade
descoberta. — Vamos para a minha. —
Concluiu com a voz grave e firme.
— O pessoal estará nos esperando lá?
— Perguntou desconfiada, nervosa com
a ideia de ter que ficar sozinha com ele.
— Não estou falando dessa casa, mas
sim do nosso esconderijo nas
montanhas. — Como assim nosso? Se
não tivesse ouvido em alto e bom tom
teria pedido para que ele repetisse
novamente, só para ter certeza que não
estava ficando louca. Quando chegaram
no esconderijo “deles”, o coração dela
parou quando Blade trancou a porta,
pegou na mão dela em silêncio e a
conduziu até o seu quarto, o principal da
casa.
— Boa noite, investigadora! – Ele disse
parado bem na frente dela assim que
chegaram no quarto. — Se precisar de
mim estarei dormindo no tapete em
frente a lareira, sentindo o seu cheiro.
—Esfregou a ponta do nariz na curva do
pescoço de Jesse, fazendo contornos
delicados com a ponta do polegar nas
costas dela. Ela quase gritou pedindo
que não a deixasse dormir sozinha.
— Porque não pode dormir aqui
comigo? A sua cama é grande, cabe duas
pessoas perfeitamente nela. —
Argumentou alisando o rosto dele que
fechou os olhos para desfrutar daquela
sensação maravilhosa.
— Não sei se conseguiria só dormir ao
seu lado, é mais seguro para você que eu
fique na sala. Só te trouxe para cá
porque te quero perto de mim essa noite,
mesmo que não seja em meus braços. —
Os olhos dele escureceram,
perigosamente.
— Não estou falando literalmente em
dormir Blade, agora você que está se
fazendo de bobo. — Resmungou ela,
nervosa.
— Não acho certo que isso aconteça
hoje, seria como se quisesse me dar algo
em troca por ter perdoado você. Além
do mais, devíamos ao menos sair
algumas vezes ou ver alguns filmes
juntos sentados no sofá. Odeio esse tipo
de programa, mas por você eu posso
suportar. Quero fazer disso o mais
normal possível, que seja bom para
você. — Tentou pegar a mão dela, mas
ela não deixou recuado com um passo
para trás.
— Essa escolha não é sua, Blade. —
Afastou um passo para olhar melhor
para ele. — É minha e espero que aceite
a minha decisão. — Completou Jesse,
levando as mãos para trás do corpo à
procura do fecho do vestido.
CAPÍTULO 22
— Precisa de ajuda? — Perguntou
Blade vendo a pobre moça quase
arrancando o fecho do vestido tentando
abri-lo. Já que aquela era a decisão final
dela iria fazer valer a pena tê-la feito.
— Sim, obrigada! – Respondeu com a
cabeça baixa, morta de vergonha.
— Apenas relaxe, prometo ser gentil. —
Blade aproximou a boca do ouvido da
investigadora, com a respiração quente
fazendo cócegas no pescoço dela.
Ele desceu o zíper do vestido,
depositando leves beijos no pescoço de
Jesse. A peça foi ao chão em uma
fração se segundos, desnudando o corpo
frágil. Ela usava um conjunto íntimo
branco de renda com combinações de
três peças, a que mais lhe chamou a
atenção foi a cinta-liga na qual a bainha
encontrava o topo da meia calça bem ao
meio das coxas levemente torneadas.
Blade foi obrigado a recuar um passo
para admirá-la melhor, com calma.
Perdeu o fôlego, Anjo era pouco para
denominá-la naquele momento.
— Você sempre me surpreendendo,
Senhorita Carter. — Blade fez questão
de chamá-la pelo segundo nome, para
toda e qualquer insegurança em relação
a culpa pelo pai dela fosse embora. E
correu os olhos deliberadamente pelo
seu corpo de cima a baixo para que ela
soubesse o quanto a desejava.
— Não gostou? Eu desconfiei que não
iria gostar dessa cor, se eu soubesse que
estaria com você teria escolhido algo
melhor. — Ela corou, cobrindo o corpo
com as mãos.
— Está perfeita, branco é a cor dos
anjos. — Acariciou alguns cachos de
Jesse, depois o rosto. Diminuindo a
distância entre os dois novamente, para
sentir o aroma natural de flores frescas
que vinha dela.
— O seu coração bate forte para quem
diz que não tem um, posso ouvir daqui.
— Correu sensualmente as pequenas
mãos pelo seu peito forte.
— Ele só se manifesta quando estou
com você. — Disse com a voz ardente,
carregada de desejo.
Ela sorriu tímida, sem acreditar que
aquilo realmente estava acontecendo.
Havia valido a pena esperar por tanto
tempo, vinte e seis longos anos. Na
verdade, ela não havia beijado ninguém,
não por falta de pretendente, nem que
eles não existissem, mas nunca tinha
chegado de fato a se interessar por
alguém para chegar em tal ponto.
— Não sei o que fazer, Blade. Dei o
meu primeiro beijo um dia desses. Eu te
quero muito, você é bem mais velho do
que eu e com certeza tem um vasto
conhecimento em sexo, estar comigo vai
ser muito sem graça para você. — Ela
desviou o olhar, constrangida. Não
conseguia manter contado visual com
ninguém por muito tempo, sempre fora
extremamente tímida.
— Também não sei o que fazer, nunca
estive com uma virgem antes. Não vou
mentir para você, gosto de sexo bruto e
selvagem, avassalador. — Apertou a
cintura dela, puxando-a para mais perto
dele, desafiando a lei da física tornando
dois corpos em um só.
— Tenho medo de me descontrolar e
acabar te machucando, as mulheres que
costumo sair gostam de brutalidade. Mas
você é pura demais para algo tão sujo,
na verdade isso que estamos fazendo
não é certo, Pequena. — Virou de
costas para ela, pela primeira vez na
vida tentando fazer a coisa certa.
— Porque não? — Perguntou Jesse,
abraçando as costas dele deitando a
cabeça sobre a mesma com cuidado, não
sabia qual seria a reação dele.
— Nessa história eu sou o Lobo Mau,
Jesse. Lobos são caçadores, não
mandam cartas, presenteiam com flores,
muito menos juram amores. Deveria
dividir esse momento tão especial com
alguém digno e que te mereça de
verdade, o barman talvez. — Ela sentiu
os músculos de Blade ficarem tensos, os
punhos fechados com força. Era
evidente que não estava sendo fácil para
ele dizer aquelas coisas, mas era
preciso.
— É isso que você quer? Que eu me
entregue a outro homem? Pensei que me
desejasse! — Jesse o soltou
imediatamente, insegura.
— Claro que não, porra! Eu quero você,
como nunca quis nada na vida. Mas
acontece que ele é o mocinho dessa
história, sou apenas o vilão, o mais
cruel de todos. — Blade virou de frente
para ela, a encarando com os olhos
carregados como as nuvens no dia no
dilúvio.
— Então pare de me jogar para os
braços de outro, o meu coração dói
quando fala esse tipo de coisa. Se não
me deseja é só falar, não precisa ficar
inventando desculpas para sair fora. —
Abaixou os olhos para os próprios pés,
remexendo o bendito anel de um lado
para o outro no dedo em movimentos
circulares, segurando o choro.
— Se eu me afastar não é por falta
sentimento, é por excesso dele. — Blade
ergueu o rosto dela com carinho e
depositou um beijo no rosto negro
levemente corado, tímido.
— Bom, mudando de assunto. Se você é
o Lobo Mau nessa história, quem sou
eu? — Se a intenção dela era tirar o
clima pesado no ar, tinha conseguido
com louvor. A expressão séria do rosto
de Blade fora embora, deixando uma
mais leve no lugar. Jesse fizera com ele
a mesma brincadeira que o bandido fez
quando se conheceram, no dia quase
morreu de constrangimento.
— A Chapeuzinho Vermelho. — Ele
respondeu com os olhos escuros
faiscando de desejo e luxúria.
— E o que o Lobo Mau faz com a
Chapeuzinho Vermelho? — A voz de
Jesse saiu provocativa, um anjo
brincando de ser demônio, pensou ele,
gostando da ideia.
— Ele a come!!! – Sussurrou baixinho
ao pé do ouvido dela, sedutor. —
Lentamente. — Concluiu a fazendo
gemer.
— Não pense no amanhã. Blade, vamos
viver apenas o agora. — Pegou a mão
dele e colocou sobre o seu coração,
para que soubesse que pertencia a ele e
a ninguém mais.
— Realmente acho que deveria
trabalhar com vendas, é ótima em
convencer as pessoas. — Brincou Blade
sorrindo. Sim! Ele estava sorrindo para
a mulher seminua à sua frente, a única
capaz de fazê-lo realizar tal proeza.
— Eu amo o seu sorriso, assim como
tudo que há em você. — Jesse tomou a
iniciativa de beijá-lo com paixão
envolvendo os braços em volta do
pescoço dele, tendo que ficar na ponta
dos pés para poder tocar-lhe os lábios.
Blade interrompeu o beijo, a jovem
quase enlouqueceu pela falta de contado
físico.
— Não importa quanto tempo eu viva ou
onde vá, vou me lembrar dessa noite a
cada segundo da minha existência. —
Blade a girou para que ficasse de costas
para ele abraçando-a pela cintura,
colando o seu corpo ao dela.
Provocando-a com leves mordidas na
orelha, enquanto abria o fecho do sutiã
com calma, após libertar os seios tocou
os mamilos com os polegares em
movimentos circulares. Dando vários
beijos no ombro dela desceu pelas
costas deixando um rastro de pequenos
chupões, a respiração de Jesse ficava
cada vez mais pesada.
— Posso? — Ele pediu autorização para
terminar de desnudá-la. Jesse não
entendeu o pedido já que havia tirado a
parte de cima. Mas acontece que agora
iria tocar no local mais sensível de uma
mulher, não achava certo fazê-lo sem
perguntar se realmente podia. Ela
assentiu e Blade tirou devagar a sua
meia calça, soltando as presilhas e
enrolando-a lentamente pelas suas
pernas, detendo-se para depositar beijos
nas partes conforme iam ficando
desnudas.
— Você tem belas pernas, Senhorita
Carter. — Jesse nem percebeu quando
Blade se pôs de pé por de trás dela
novamente, mordendo a curva do seu
pescoço a segurando firme pela cintura
esfregando nela o membro duro dentro
da calça. Migrando as mãos para dentro
da calcinha, se livrando dela como um
truque de mágica. Ela ouviu passos em
direção a estante e segundos depois, os
acordes da guitarra da música “Always”
do Bon Jovi tomaram conta do quarto.
— Você é maravilhosa, uma obra de
arte. — Sussurrou baixinho alisando a
barriga dela com as pontas dos dedos,
mantendo-se atrás dela. Jesse estava
começando a ficar nervosa com o fato
de não poder vê-lo, queria ver a
expressão dele enquanto a tocava.
— Por favor Blade, quero olhar para
você quando estiver me tocando. —
Suplicou. — Também queria poder te
tocar, sentir o calor do seu corpo... — A
voz quase falhou, ficando constrangida
depois que falou.
— Ainda não, Anjo, tenha calma e me
deixe admirá-la por mais alguns
instantes. Deite-se na cama, que já estou
indo lhe fazer companhia. — Jesse se
encolheu ao ouvir a palavra cama, então
ele a puxou para mais perto beijando
seus ombros até que relaxassem e se
sentisse segura.
— Porque escolheu essa música? —
Estava curiosa com esse detalhe, mesmo
sabendo que ele não gostava de
perguntas arriscou fazer aquela.
— Porque ela me fez companhia durante
todos os dias que esteve sumida, não é
justo que agora que está em meus braços
a deixe de fora desse momento, o nosso
momento. — Ouvindo aquilo Jesse
perdeu o foco de tudo, nem soube como
teve pernas para caminhar até a cama
deitando-se de barriga para cima sobre
a mesma. O bandido teve que se
concentrar, a imagem da jovem nua em
sua cama o estava convidando a voar
por sobre ela e a possuir de todas as
formas possíveis. No entanto, precisava
se controlar para fazer tudo certo e dar a
ela a primeira vez que toda mulher
merece ter. Sem pressa começou a tirar
a roupa, sem tirar os olhos dela, que o
encarava timidamente.
Always - Sempre (Bon Jovi)
Este Romeu está sangrando
Mas você não pode ver seu sangue
Não é nada além de sentimentos
Que este velho sujeito abandonou
Tem chovido desde que você me deixou
Agora estou me afogando na enchente
Sabe, sempre fui um lutador
Mas sem você, eu desisto.
Saiba que estarei te esperando até as
estrelas não brilharem,
Até os céus explodirem e as palavras
não fazerem mais sentido
Sei que quando eu morrer, você estará
em minha mente
E eu te amo, sempre amei.
O que eu não daria para passar meus
dedos pelos seus cabelos
Para tocar seus lábios, abraçar-te
Quando você disser suas preces, tente
entender
Cometi erros, sou apenas um homem
Eu vou te amar, querida.
E estarei aqui, para sempre e mais um
dia... Sempre.
Se você me dissesse para chorar por
você, eu poderia
Se você me dissesse para morrer por
você, eu tentaria
Olhe para o meu rosto, não há preço
que eu não pague
Para dizer estas palavras a você.
Eu vou te amar, querida
Sempre
E estarei lá, para sempre e mais um dia
Sempre....
Por fim Jesse nem estava prestando
atenção na música mais, a imagem de
Blade caminhando nu em direção a ela
lhe tirou todo e qualquer tipo de
sanidade. Dormindo era grande, mais
acordado era um monstro. — Pensou
Jesse se perguntando se era normal ser
daquele tamanho. E principalmente se
aquilo tudo caberia dentro dela, parecia
algo impossível. Ele era lindo demais,
uma beleza estonteante. Ele subiu sobre
a cama engatinhando como um tigre
prestes a atacar a presa, o peito dela
subia e descia rapidamente, nervosa. O
bandido subiu beijando os pés da jovem,
depois pouco abaixo do joelho trilhando
um caminho entre as pernas dela, quando
chegou a vez da parte de dentro da coxa
Jesse ficou tensa segurando o lençol
com força para o que supôs estar por
vir. Mas para sua surpresa Blade pulou
a parte íntima da jovem beijando o osso
do quadril, ele queria prová-la de todas
as formas sim, só que não queria deixá-
la constrangida logo em sua primeira
vez. Passou a língua na parte debaixo do
seio esquerdo o sugando de leve. Jesse
não conseguia se conter diante de tantas
sensações novas, agarrou os cabelos
dele o puxando para ela totalmente
descontrolada enquanto era sugada sem
pudor.
— Calma, Pequena. — Ele sorriu
olhando para Jesse, sedutoramente.
— Desculpe! — Pediu ela, corada. Isso
só o excitou ainda mais, ao nível
extremo. Blade começou a beijar
suavemente seu pescoço e a região da
clavícula, ao mesmo tempo
massageando os seios que estavam com
os mamilos duros implorando que
fossem tocados por ele. Queria que ela
se sentisse segura e desejada.
— Beije-me! — Ela pediu, precisava ter
certeza que aquilo estava realmente
acontecendo.
— Esse será o seu último beijo como
uma virgem, antes de se tornar uma
mulher nos meus braços. — Sussurrou,
beijando o ombro dela.
Ele se inclinou, colocando-se sobre
Jesse, uma perna entre as suas e a outra
do lado seu corpo, dividindo o peso do
monte de músculos entre os cotovelos
apoiados na cama próximo aos de Jesse.
Sem tirar os olhos dela por nem um
segundo, a seduzindo em silêncio.
— Fico feliz que seja com você, não
imagino sendo com qualquer outro. —
Jesse elevou a cabeça um pouco para
esfregar a ponta do nariz dela no dele,
com carinho.
— Preciso que converse comigo, dizer
se está gostando ou qualquer tipo de
desconforto. Sou um pouco grande e
você é muito pequena e frágil, uma
combinação perigosa ainda mais para
um momento como este. Não quero te
machucar, jamais me perdoaria se isso
acontecesse. Mas preciso que me ajude
a ajudar você, mesmo sendo gentil
acredito que no começo ainda deva
sentir um pouco de dor. — Explicou ele,
sendo maduro.
— Tenho um pouco de vergonha de falar
sobre esse tipo de coisa, não tem
problema se doer um pouco, eu aguento.
— Desviou o olhar, muito
envergonhada.
— De forma nenhuma! Não é mais uma
adolescente, porra, essa não é uma boa
hora para agir como uma. — Disse com
a voz um pouco alterada, mas não com
raiva.
— Desculpe. — Pediu com vontade de
chorar, assustada. Ele sentiu um aperto
no peito ao ver a angústia nos olhos
dela, por um momento esquecera o
quanto era sensível.
— Eu te desejo tanto, Pequena, consegue
entender isso? — Perguntou com a voz
baixa, praticamente um sussurro.
Acariciando os cachos rebeldes
espalhado de forma aleatória e selvagem
pelo travesseiro. Ela sorriu, feliz diante
de tais palavras. — Mas para ser bom
para mim tem que ser bom para você
primeiro, quero te dar todo prazer do
mundo. — Completou olhando no fundo
dos olhos dela, demostrando que estava
falando muito sério.
— Eu prometo dizer se algum momento
me deixar desconfortável, porque só vai
ser bom para mim se for para você
também. — Jesse fez carinho no rosto
dele, sorrindo. O semblante de Blade se
iluminou como o pôr do sol em um dia
de verão, o céu representado pelos
olhos incrivelmente azuis naquele
momento.
— Obrigado investigadora, você é muito
legal! — Brincou ele, aliviado.
Levou a boca até os seios dela,
segurando um com a mão e sugando o
outro com vontade. Queria fazer aquilo
desde que os vira debaixo da camisa
branca dele molhada que estava em
Jesse emprestada na primeira vez que
esteve em seu esconderijo, eram
perfeitos do jeito que imaginou por
diversas vezes. Estava a torturando com
lambidas lentas, mordendo os mamilos
que ficavam cada vez mais rígidos.
— Blade... — Ela gemeu, jogando a
cabeça para trás quando uma mão
atrevida de Blade tocou na sua
intimidade explorando o território
novo. Ele a calou com um beijo
molhado, sedento. O tal último dela
como uma virgem, por isso fez questão
de caprichar. Ainda a beijando ergueu o
braço para pegar uma camisinha na
gaveta do criado mudo ao lado da cama
e a colocou o mais rápido que pode, em
tempo recorde.
— Está pronta? — Ela assentiu, o
bandido a agarrou firme pelos quadris e
pressionou o corpo conta o da jovem.
Encaixou o membro na entrada dela que
parecia ter feito como molde para
recebê-lo, um encaixe perfeito. Quase
perdeu o controle quando percebeu o
quanto ela estava molhada esperando
para ser preenchida e saciada.
— Eu sempre estarei pronta para você!
— Jesse sorriu para ele, que sorriu para
ela de volta.
— Confie em mim, amor! —Jesse estava
tendo alucinações ou ele havia mesmo a
chamado de amor? Não teve muito
tempo para pensar, pois ele a penetrou,
sem avisar. Mas, só um pouco.
Ela fechou os olhos com força sentindo
uma ardência em meio às pernas, era
dolorosamente gostosa a sensação.
Blade estava se segurando para não
entrar rasgando tudo, se fosse com outra
mulher já estaria mole nas mãos dele há
muito tempo. Mas sabia que qualquer
movimento brusco poderia machucá-la,
então permaneceu imóvel até que ela se
acostumasse um pouco com tamanho
dele dando uma atenção especial para os
seios lambendo e chupando na intenção
de distraí-la um pouco da dor, tinha
ciência do seu membro que tinha um
tamanho avantajado e o fato dela ser
muito apertada não estava ajudando
muito, seria doloroso para ela de um
jeito ou de outro.
— Essa parte não vai ser muito
confortável, tente não ficar nervosa. —
Como Jesse apenas assentiu sem abrir
os olhos, ele levou a boca bem próximo
ao ouvido dela.
— Por favor, abra os olhos, amor! —
Ela o abriu na mesma na hora, ela havia
lhe chamado de amor pela segunda vez
naquele dia. Blade a encarava fixamente
sem piscar. Com as duas safiras azuis
fixas nela, brilhando como um farol em
alto mar. — Não sou o melhor homem
do mundo, mas prometo te dar o melhor
de mim. — Completou sério na intenção
de passar o máximo de confiança
possível e tranquilizá-la.
Deu a primeira investida rompendo o
hímen, sentindo as paredes vaginais de
Jesse se contraírem em protesto a aquele
corpo estranho pedindo passagem, para
Blade a melhor sensação do mundo. Ela
arregalou os olhos em uma expressão de
dor, o que excitou ainda mais o bandido.
Involuntariamente a investigadora soltou
um leve gemido, foi nesse momento que
ele percebeu que apesar da dor estava
sendo prazeroso para ela também. Jesse
sorriu ao sentir o homem que amava por
completo dentro dela, de repente uma
onda de calor irradiou por todo o seu
corpo quando ele começou a entrar e
sair em uma lentidão enlouquecedora,
uma deliciosa tortura. A jovem estava
amando o cuidado que o bandido estava
tendo em todos os momentos, se
esforçando para ir com calma para não a
machucar. Contudo, queria mais dele,
muito mais. Ser responsável por fazê-lo
perder a cabeça e amá-la loucamente,
desabar sobre o seu corpo totalmente
sem forças. Pensando assim, decidiu
mostrar que não era tão frágil assim,
sabia ousar às vezes. Em um só
movimento ágil, inesperado para Blade,
Jesse estava sentada sobre ele, com uma
perna de cada lado do seu corpo.
— O que está fazendo? — Perguntou um
bandido confuso, com o cenho franzido
prestes a fechar a cara. Odiava perder o
controle da situação, não estar no
comando.
— Colocando o meu um por cento
demônio em ação. — Ele sorriu
surpreso e malicioso.
— Você não deixa de me surpreender,
investigadora! — Não resistiu e levou
as mãos aos seios dela que estavam
balançando, chamando por ele. Não
satisfeito em apenas tocá-los levou a
boca primeiro um, depois o outro. Eram
médios e redondos que cabiam
perfeitamente dentro das suas mãos,
como de uma adolescente na puberdade,
ela parecia uma. Linda, pura e inocente,
como um Anjo de verdade. Voltou a
deitar as costas na cama para admirar a
bela dela, só agora estava percebendo o
quanto era linda. Os cachos rebeldes
caindo sobre o rosto, a pele negra
levemente corada em um tom vermelho
aveludado escuro. Os lábios que já eram
naturalmente grossos estavam mais
volumosos devido ao inchaço causado
pelos beijos apaixonados protagonizado
pelos dois instantes atrás, que se
repetiria inúmeras vezes mais naquela
noite, dois amantes descobrindo o amor.
Naquele momento, Jesse poderia pedir o
que quisesse que ele daria. Ela o tinha
em suas mãos, de corpo e alma. De uma
forma muito sexy o puxou pelo cordão
do exército em seu pescoço e o encarou
olhando no fundo dos olhos
intensamente.
— Eu sou nova nisso, sabe? Então
preciso que converse comigo, dizer se
está gostando ou se estou fazendo algo
de errado. Se sentir desconfortável pode
falar, temos que trabalhar juntos para
que isso dê certo, essa não é uma boa
hora para ficar tímido. — Blade
assentiu, soltando uma gargalhada
gostosa.
— Sim, senhora! — Disse Blade,
levantou a mão até a cabeça prestando
continência. Como um bom soldado de
guerra dando continência ao seu
superior, sua dona inclinou o corpo para
tocar seus lábios e ele a abraçou forte
por um motivo que nem ele sabia qual.
Não costumava falar durante o sexo, mas
estava achando muito interessante todo
aquele contato físico, os olhares e acima
de tudo o diálogo durante todo o ato.
— Ótimo! — Exclamou Jesse, mandona
o empurrando para trás com a mão
aberta em seu peito, tendo o deslumbre
da imagem de uma parede de músculos
desenhada com belos gominhos bem
definidos. Parecia o corpo de um atleta
olímpico, no auge de sua carreira. Jesse
ergueu o quadril, fazendo Blade prender
a respiração quando ela meio sem jeito
segurou o seu membro encaixando-o na
intimidade dela, e sentou sobre ele, em
um golpe só.
— Por mil demônios. — Gemeu
Maldonado, em êxtase. Ela o estava
levando a um grau de loucura
desconhecido pela ciência, de um jeito
fascinante. Era uma sensação tão forte
que teve que fechar os olhos para
sobreviver ao impacto que causara nele,
parecia ter sido pego por uma onda
gigante.
— Olhe para mim! — Ordenou Jesse,
inclinando o corpo sobre Blade
aproximando o rosto ao dele. Ela o
encarava fixamente quando ele
obedeceu, os olhos em duas nuvens
acinzentadas com manchas azuis
dançando tango dentro delas.
— Quero que seja o primeiro e o último.
— Declarou Jesse em um dos seus raros
momentos de segurança.
— Não haverá nenhuma outra para mim,
nem nessa vida ou qualquer outra que
possa existir. — Exclamou Blade, sem
perder o contato visual.
Eram dois aprendizes na arte de amar e
de serem amados. Ela nunca tinha feito
amor, ele apenas sexo. Era como se um
completasse o outro, a outra metade da
laranja. Blade tentou beijá-la, mas Jesse
não deixou. Começou a rebolar em cima
dele, deixando-o totalmente louco.
Notando a falta de experiência da moça
e um pouco de timidez da parte dela ao
realizar os movimentos, segurou firme
em sua cintura impulsionando a subir e
descer. Ele podia ouvir os gemidos dela
ecoando por toda a casa de tão excitada.
Blade limitou-se apenas em admirá-la,
jogando a cabeça para trás apertando os
próprios seios prendendo o seu lábio
carnudo inferior entre os dentes. Blade
sentou com ela no colo, roubando um
beijo apaixonando aumentando o ritmo
das investidas dentro dela que tinha os
braços em volta do pescoço dele
segurando firme, com desejo. Em
determinado momento ele afastou um
pouco o rosto para olhar para ela, queria
guardar aquela imagem em câmera lenta
em sua mente pelo resto de sua vida,
trancando-a a sete chaves dentro do
coração. Era tanta beleza que as
palavras lhe faltaram, Jesse era uma
mistura perfeita da inocência com o
pecado. Os acordes da guitarra
roubaram a cena, o refrão da música que
não sabiam dizer quantas vezes repetiu,
dizia tudo.
“Saiba que estarei te esperando até as
estrelas não brilharem,
Até os céus explodirem e as palavras
não fazerem mais sentido
Sei que quando eu morrer, você estará
em minha mente
E eu te amo, sempre amei. ”
— Blade eu vou. — Percebendo que a
respiração de Jesse estava cada vez
mais ofegante o esmagando dentro dela e
que estava prestes a chegar ao fim em
um giro a deitou de costas na cama
tampando o corpo da jovem com o seu.
Ele equilibrou sobre o cotovelo,
acariciando o rosto dela. Estocando
cada vez mais rápido, forte. Se tivessem
vizinhos, com certeza ouviriam os
gemidos da jovem, eram altos e
eróticos, o que o deixou ainda mais
excitado, se é que isso fosse possível.
— Goze para mim, Pequena, goze
comigo! — A voz dele era grave,
exalando excitação. Jesse lhe aranhou as
costas, pousando as mãos sobre as
nádegas dele elevando o próprio
quadril, disposta a atraí-lo mais para
dentro dela. Conforme ele aumentava as
estocadas, ela o puxava mais para si
mostrando o seu prazer.
— Eu te amo, Blade! — Declarou Jesse
chegando ao clímax. Gozando de uma
forma alucinante sentindo um prazer que
jamais imaginou experimentar antes,
melhor do que qualquer coisa que já
tivesse provado.
— Você me enfeitiçou! — A voz de
Blade saiu tão intensa quanto a
expressão em seu rosto, rendido aos
encantos dela, realmente enfeitiçado.
Assim os dois gozaram em satisfação
completa, plena. Em uma explosão de
emoções, eram uma combinação
estranha, o encontro do inferno com o
céu. Foi assim que o Anjo Jesse
Carter se entregou ao pecado nas mãos
do demônio Blade Maldonado ou era ele
que estava se rendendo nos braços dela?
Uma pergunta que ninguém tinha a
resposta nem mesmo nenhum os dois.
CAPÍTULO 23
— Oi! — Exclamou Blade inclinando
um pouco a cabeça para olhar para ela,
o sol estava começando a nascer com os
raios entrando pela janela de vidro
refletindo sobre os dois corpos nus em
meio uma bagunça de lençóis.
— Oi! — Jesse respondeu com a voz
fraca e um sorriso leve no rosto, ainda
se recuperando do orgasmo recente.
—Você está bem, Pequena? —
Perguntou Blade, preocupado. Tirando a
montoeira de cachos sobre o rosto de
Jesse, que deu a ele um sorriso
encantador como resposta.
— Nunca estive melhor! — Por mais
incômodo que estivesse sentindo no
meio das pernas com aquela ardência.
Estar com homem que amava olhando
para ela preocupado depois de fazerem
amor, tirava a atenção dela de qualquer
dor que pudesse estar sentindo. Alisou o
rosto de Blade com a palma da mão
aberta, tocando-lhe os lábios em um
beijo casto.
— Foi bom para você? — Blade foi
direto, sem rodeios.
— Superou as minhas expectativas, e
para você? — Ela corou as maçãs do
rosto, desviando o olhar envergonhada.
Blade inchou o peito orgulhoso e
vaidoso.
— Diferente! — Respondeu seco, tinha
dificuldades para falar sobre os seus
sentimentos, com uma expressão
enigmática.
— Entendo. Deve ter sido estranho para
você que está acostumado com mulheres
experientes da sua idade. Maduras e
seguras de si, que sabem satisfazer o
desejo de um homem na cama. — Jesse
rolou o corpo saindo debaixo dele,
tampando-se com o lençol se sentindo
uma completa idiota.
— Disse diferente porque nunca dormi
com uma mulher envolvendo sentimento
no meio, acho que nunca mais vou
querer fazer de outra forma. — A
envolveu pela cintura com apenas um
braço e a arrastou para o mesmo lugar
que estava, onde nunca deveria ter
saído. Inclinando o rosto bem próximo
ao dela, quase tocando os lábios um do
outro. — Com outra além de você! —
Concluiu em um sussurro. O coração de
Jesse palpitou, ele estava se declarando
para ela. Do jeito dele, mas estava.
— Ah! Blade! — As palavras faltaram
para Jesse, que não viu outra saída além
de roubar um beijo apaixonado e quente.
Tomada por um desejo avassalador
fechou um pouco as pernas prendendo o
corpo dele em meio a elas, erguendo os
quadris na tentativa de conseguir o
segundo orgasmo naquela noite.
— Calma diabinha, teremos muito tempo
para isso depois. — Blade interrompeu
o beijo, quase sem ar. Ela estava
aprendendo rápido!
— Pensei que podia fazer mais de uma
vez em uma noite. — Comentou
frustrada, com um biquinho que Blade
achou infantil, mas lindo.
— Podemos fazer quantas vezes você
quiser, por mim viraríamos a noite. —
Mordiscou o ombro dela, depois voltou
a olhar em seus olhos. — Mas não
vamos abusar na sua primeira vez, aqui
embaixo deve estar um pouco sensível.
— Ele levou a mão entre meio as pernas
dela, tocando-lhe leve a intimidade.
— Obrigada por estar sendo tão gentil!
—Jesse agradeceu, piscando os olhos.
Nunca, em mil anos pensou que perderia
a virgindade de forma tão perfeita e
única.
— Venha, vou dar um banho em você. —
Se pôs de pé ao lado da cama e estendeu
a mão para Jesse, que puxou o lençol até
o pescoço com vergonha fingindo que
não estava vendo. Ele queria ter dito que
ela merecia tudo aquilo e muito mais e
que aquela tinha sido a melhor noite de
sua vida. Só que não teve coragem,
achou melhor guardar consigo.
—Vá você, depois eu vou. Posso muito
bem fazer isso sozinha, já sou uma
mulher agora. — Afirmou orgulhosa,
como se tivesse tornado a pessoa mais
responsável do mundo de um dia para o
outro.
"Uma mulher agindo como uma
criança, com vergonha de ficar nua na
minha frente, como se eu já não tivesse
visto tudo."
— Eu sei que pode fazer isso sozinha,
Pequena! — Começou a falar com
calma, para que ela entendesse. — Mas
eu também posso fazer isso, me deixa
cuidar de você? — Jesse assentiu,
amando esse Blade paciente e
cuidadoso. Para não parecer evasivo
Blade enrolou o lençol em volta do
corpo dela e a levou para o banheiro nos
braços, ela podia muito bem andar, mas
se aquela era a forma dele cuidar dela,
iria aproveitar o máximo dessa rara fase
de calmaria do bandido. Colocou Carter
sentada na bancada de granito escuro da
pia do banheiro depositando um beijo
rápido em seus lábios. Se afastou por
um instante para colocar a banheira para
encher, colocou alguns sais de banho
dentro e voltou para buscar o Anjo que
olhava tudo de longe.
— Poderia virar de costas, por favor?
— Ele queria gritar com ela, mas não o
fez. Atendeu o seu pedido resmungando,
cruzando os braços sobre o peito
másculo.
Jesse suspirou diante aquela bela
imagem, o visual de suas costas era tão
bom quanto a frente. Sem uma camada
de gordura e a única parte do corpo sem
tatuagens, uma curiosidade que
perguntaria a ele mais tarde, caso ainda
estivesse de bom humor, uma bunda
redonda e durinha, com músculos
glúteos bem desenvolvidos. Como tinha
pernas bonitas! Fortes! Delineadas! Não
vira muitos homens nus nem na
televisão, Blade era o único na verdade.
Mas com certeza não deveria ter muitos
iguais a ele por aí, não mesmo! E mesmo
com aquela marra toda tentando ser
gentil, parecia incrivelmente ardente. E
era todo dela, pelo menos naquele dia.
— Pode virar agora. — Quando Blade
virou qualquer irritação que poderia
estar naquele momento foi embora, para
bem longe.
Queria guardar aquela imagem para o
resto de sua vida, o dia que viu um Anjo
de verdade em carne e osso bem a sua
frente. Jesse estava sentada dentro da
banheira recostada na ponta e as pernas
esticadas, os braços apoiados um de
cada lado das bordas com um manto de
espuma cobrindo os seus seios. Ela
havia prendido o cabelo em um nó mal
feito ao topo da cabeça, com alguns
cachos perdidos sobre o rosto. As
bochechas levemente coradas, os olhos
cor de canela brilhando ao olhar para
ele. Blade achava a cor da pele dela
linda, um tom de chocolate com leite
perfeito.
— Só um instante, preciso recuperar o
fôlego. — Respirou fundo por pelo
menos três vezes antes de ir fazer
companhia a ela na banheira, onde
depois de admirá-la mais um pouco
sentou-se por trás dela de forma que ela
pudesse encostar as costas no peito dele.
Então aproveitaram para conversar
sobre algumas coisas que ainda
precisavam ser esclarecidas.
— Sério que enfrentou o seu pai por
minha causa? — Indagou Blade,
alisando a coxa dela debaixo d'água com
as pontas dos dedos. Jesse então contou
como tudo havia acontecido, nos
mínimos detalhes. Não fora uma
conversa fácil com o Major, conheceu
um lado dele pior do que imaginava.
— Assassino! — Exclamou Jesse, assim
que entrou no escritório do pai. A mãe
não estava em casa por algum motivo e a
irmã teve que ficar até mais tarde no
trabalho.
— O que você disse? Além de
imprestável ficou louca também, pelo o
que eu sei não é bem-vinda nessa casa
mais. — Ergueu a cabeça para olhar
para ela com total desdém. Estava
sentado em sua mesa lendo alguns
relatórios do trabalho. — Nunca foi, sua
mãe deveria ter seguido a minha vontade
e interrompido a gravidez assim que
descobrimos que seria uma menina. —
Foi cruel, mais do que o de costume.
— Em outros tempos isso teria destruído
o meu coração, mas depois de tudo o
que descobri sobre o Senhor não faz
nem cócegas. — Foi irônica, entrando
sem pedir licença como antes sempre
fazia.
— Então a sonsa aprendeu a ser irônica
agora? O que acha que a sua mãe vai
dizer quando souber que está andando
com má companhia, vai deixar a filhinha
dela de castigo. — Debochou,
encostando as costas na cadeira de
couro preto gargalhando como uma
hiena no cio.
— E o que pensa que a sua esposa vai
dizer quando souber que eu estou
andando como o homem que o Senhor
matou os pais covardemente, depois de
terem se rendido. Vou te entregar para o
seu superior, tenho provas e fotos do dia
que participou do fuzilamento do casal
Maldonado a mando Carlo Castelli, o
antigo chefe da Máfia europeia. —
Mandou tudo logo de uma vez, para
mostrar que não estava de brincadeira e
queria justiça pelo o que o pai fez.
— Você está me dizendo que já esteve
diante do último Maldonado? — Era
primeira vez que Jesse via o pai
chocado de verdade, ainda mais sendo
por causa dela.
— Garanto que foi muito mais de uma
vez, estou vindo da casa dele agora. Ele,
assim como eu, sabe como tudo
aconteceu de fato, o assassinato dos pais
dele não é mais apenas um boato no
mundo do crime. Não reagiram depois
de detidos, foram mortos cruelmente
pela Polícia. — Ela estava disposta a
tudo, custe o que custasse.
— Diga onde esse sangue ruim está, que
vou mandá-lo para junto dos pais nos
quintos dos infernos, onde é o lugar de
gente como ele. – Começou a procurar
alguma coisa na gaveta, a arma. Parecia
um louco, ofegante como um viciado em
craque a mais de um mês sem fazer uso.
— Gente como o senhor, não é mesmo
Major Carter? — Ele parou na mesma
hora o que estava fazendo para olhar
para a filha, tinha o 38MK que havia
ganhado de Blade no dia do primeiro
encontro deles em Tijuana, apontado
para ele.
— Então a mocinha sonsa se apaixonou
pelo vilão? — Soltou uma gargalhada
macabra, daquelas de virar a cabeça
para trás. — Pare de ser idiota garota,
bandidos não amam ninguém além deles
mesmo. E abaixe essa arma, nós dois
sabemos que não sabe usar isso. Então
me dê essa coisa antes que alguém se
machuque. — Jesse olhou para o pai
com a sobrancelha arqueada, disparando
um tiro certeiro no quepe que estava
muito bem alinhado na cabeça do Major.
— Mais um passo e dessa vez o tiro
será certeiro, aprendi com o melhor. —
O Major entendeu o recado, direitinho,
pois se manteve imóvel, com os olhos
arregalados.
— Pode me entregar para o meu
superior se quiser, não me arrependo de
nada. Não faz ideia do que rola no
mundo da Polícia, garota, tem mais gente
perigosa do que no próprio mundo do
crime. Devia estar orgulhosa do seu pai,
o casal Maldonado são apenas dois de
centenas de bandidos que capturamos e
depois mandamos para o inferno e
acobertamos com relatórios falsos. Não
é isso que os mocinhos fazem? Acabam
com os vilões. Não confunda as coisas,
filha, esse bandido está te usando para
chegar até — Proferiu cinicamente, ele
era pior do que Jesse imaginava.
— Pelo jeito, a única diferença dos
vilões para os mocinhos é a cobertura
da mídia, o que ela quer que as pessoas
acreditem. Sempre quis que tivesse
orgulho de mim, era o meu herói.
Quando era pequena achava o máximo
quando saía de manhã para trabalhar
com o seu uniforme, pensava que era sua
armadura. Larguei o meu sonho de ser
fotógrafa para seguir os seus passos na
Polícia, agora tenho vergonha de dizer
que tenho o mesmo sangue que o senhor.
— Eu sempre tive vergonha de você ter
o meu sangue, se sua mãe não fosse tão
honesta poderia jurar que não é minha
filha. Nasceu igual a cobra da minha
sogra, ela nunca gostou de mim e
deixava isso bem claro. — A voz do
Major era de nojo, toda vez que olhava
para Jesse via a imagem da sogra.
— Minha avó sempre teve razão, era a
pessoa mais bondosa do mundo e eu
tenho orgulho de me parecer com ela. E
se ainda estivesse viva, apoiaria a
minha atitude de te entregar para a
justiça. — Dizer isso era doloroso para
Jesse, mas o certo é sempre o certo.
— Só para você saber, não vai dar em
nada porque o meu superior, sua inútil,
assim como eu está envolvido nisso e o
superior dele também e assim
sucessivamente. — Apontou a arma
sobre o peito do pai, prestes a enfrentá-
lo de verdade pela primeira vez. O pior
de tudo era o sorriso debochado que não
tirava do rosto se achando o
espertalhão.
— Você vai pedir o divórcio para a
minha mãe ainda hoje, me entregar o
Collt que roubou do Senhor Maldonado
e sumir do mapa pelo resto das nossas
vidas, se aposentar e ir morar em uma
casa no lago de preferência na China,
estamos combinados? — Foi taxativa,
direta.
— Nunca! Quando era pequeno o meu
avô, que era policial assim como o meu
pai, me contou sobre a lenda do Collt,
eu me apaixonei por ele no mesmo
momento e sabia que seria meu algum
dia. Passei minha juventude estudando
sobre esse objeto incrível, o dia mais
feliz da minha vida foi quando o achei
escondido no porta malas do carro do
casal Maldonado, depois de serem
fuzilados. Ele é a minha preciosidade,
abri mão da minha recompensa na época
para ficar com o Collt. — Disse aos
berros fora de si.
— Ah! Não papai? Só para o Senhor
ficar sabendo, Blade conseguiu a lista
dos policias que participou da morte dos
pais dele e adivinha quem a encabeça?
Sugiro que suma do mapa antes que ele
encontre você, e acredite, ele é bem
mais assustador pessoalmente do que
dizem por aí.
— Fill, você está no escritório? —
Maria Joaquim chegou, à procura do
futuro ex-marido.
— Estou no escritório, mulher. —
Respondeu rude sem tirar os olhos da
filha.
— Se tocar em fio de cabelo dela, quem
vai acabar com você sou eu, tem até
amanhã para me entregar o Collt e sumir
das nossas vidas para sempre. — Girou
a arma no dedo e guardou na cintura,
como uma profissional. Viu em um filme
depois que aprendeu atirar e andou
treinando em casa, todos os dias. Passou
na cozinha para dar um beijo na mãe e
foi embora.
— Não acredito que atirou no seu pai
para me defender e ainda por cima
acertou! — Blade apertou Jesse com
tanta força dentro que os braços
pareciam querer quebrá-la ao meio,
estava orgulhoso dela.
— Sou capaz de fazer qualquer coisa
por você, Blade. — Virou o rosto para
poder olhar para ele, no fundo dos
olhos. — Por que te amo, não importa o
que aconteça, eu juro que será o único
homem da minha vida.
— Não sabe o que está dizendo, Jesse,
isso aqui não está certo. Seu pai está
com a razão em parte, mocinhas não se
apaixonam por vilões. E bandidos não
amam ninguém além deles, haverá uma
hora que terá que escolher em qual lado
ficar. Não quero me iludir achando que
será do meu, já matei mais pessoas do
que você conheceu na vida e
provavelmente matarei muito mais. —
Desviou o olhar, Jesse pensou por um
instante antes de começar a falar.
— Tudo o que eu vejo a minha frente é
um homem real, sem fingimento. Defeito
todo mundo tem, eu mesma sou a rainha
deles. Eu não levo jeito para mocinha,
normalmente são bonitas e bem vestidas
e andam com o cabelo sempre arrumado.
— Aconchegou-se nos braços dele,
encostando a cabeça em seu peito
ouvindo o coração bater forte. Era
incrível como quanto mais Blade tentava
afastá-la, ela se aproximava ainda mais.
CAPÍTULO 26
Jesse passou os braços em volta do
pescoço de Blade durante o beijo,
puxando-o para si. Ele havia a
pressionado com brutalidade contra a
parede, moldando-a ao seu corpo. As
mãos dele deslizavam pelas curvas dela
sem nenhum pudor até pousarem sobre
as nádegas da jovem apertando com
força, com vontade e durante todo esse
tempo, os seus lábios continuavam
colados um no outro em ritmo
avassalador e insaciável. Blade mordeu
a parte inferior da boca de Jesse
fazendo-a gemer, isso fez ele sorrir em
meio ao beijo.
— Você me deixa louco, investigadora.
— Ele confessou quase sem voz e
começou a beijá-la de forma
desesperadora.
— Em qual sentido? — Jesse fez
charme, afastando a boca da dele. Blade
fechou a cara não gostando de perder o
contato físico.
—Todos. — Respondeu rápido na
pretensão de continuar de onde haviam
parado.
— O Senhor também não é fácil, Senhor
Maldonado. — Blade a encarou com o
semblante sério e, imediatamente, Jesse
se preparou para o pior.
— Nunca disse que era. — Seu tom de
voz ficou defensivo.
— Bom como costumam dizer por aí.
Quanto mais difícil melhor, mais
gostoso. — Jesse o desarmou, estava
aprendendo como domar a fera.
— Gostoso é? — Perguntou malicioso
acariciando-lhe os seios de leve,
esfregando os polegares nos mamilos
que começavam a despontar sob o
tecido fino do vestido. Jesse sentiu uma
onda de calor e prazer possuir o seu
corpo.
— Safado! — Jesse suspirou, totalmente
entregue.
— Não viu nada, mas terá a
oportunidade de ver! Ou melhor, sentir
bem forte e fundo. — A última palavra
praticamente sussurrou com os lábios
cerrados aos dela a seduzindo.
— Porque não me mostra agora? — A
resposta dela mesmo que meio insegura
o surpreendeu bastante. Ainda mais
quando Jesse levou a mão no cinto da
calça dele na intenção de abri-lo.
— Precisamos parar, antes que eu faça
alguma idiotice. — Mesmo querendo
muito, Blade sabia que a possuir ali
seria loucura. Alguém poderia pegá-los
em flagrante. A primeira pessoa que
veio à sua mente foi a mãe dela, que,
provavelmente, quando sentisse a falta
da filha sairia a sua procura. Não queria
problemas com a sogra.
— Idiotice? — A insegurança de Jesse
dobrou, agora era ela que não queria
mais. Desviou o olhar chateada.
— Olhe para mim! — Ordenou, mas ela
não obedeceu. Então, Blade virou o
rosto dela obrigando-a olhar nos olhos
dele. — Não sou nenhum adolescente,
Jesse. Para mim você é como uma
dessas garrafas de vinho antigas dessa
adega, valiosa demais e que quero
degustar com calma, de preferência na
minha cama. Já que me fez vir para esse
lugar frio, o mínimo que deve fazer é me
manter aquecido. — Beijou o rosto de
Jesse, depois a abraçou. — A noite toda
e durante o dia também. — Concluiu por
fim, sentindo o coração dela bater forte
contra o seu peito.
— Eu te amo, Blade! — Ela se
declarou, mas não teve resposta da parte
dele. Porém, sentiu sua respiração ficar
suave e os seus braços se estreitarem
mais em volta dela. Jesse não ficou
triste pois não esperava que ele
respondesse. Sabia suas limitações e as
respeitava. Tinha ciência que talvez
nunca ouvisse um "eu te amo", mas para
ela não importava ficar falando. Mais
vale sentir do que falar!
— Pegue algumas peças de roupas para
usar amanhã e deixe um bilhete para a
sua mãe sobre a cama dizendo para não
se preocupar, porque estará comigo. —
Jesse não entendeu tanta confiança da
parte dele em falar com a sua mãe que
passaria a noite e o dia seguinte com um
homem que ela acabara de conhecer, era
quase o mesmo que dizer que a filha
tinha sido sequestrada por um louco
estuprador de garotas indefesas. Jesse
não sabia de nada, estava inocente,
Blade já tinha ganhado a sogra assim
que Maria Joaquim colocara os olhos
nele no hospital segurando a sua mão há
um tempo atrás.
Mesmo sem entender fez o que ele
mandou, obedeceu e colocou algumas
peças de roupas e alguns objetos de
higiene pessoal dentro da mochila. A
ideia que iria acordar do lado dele de
manhã era maravilhosa, perfeita. Fez o
trajeto de ida e volta até o quarto sem
que ninguém a notasse e sorriu quando
encontrou Blade esperando por ela
impaciente, encostado em um carrão
branco novinho em folha. Parecia
aqueles de filme, caro e veloz. Ele tinha
se livrado do casaco e da gravata
ficando apenas de camisa branca de
mangas longas como se não sentisse o
frio congelante do Canadá, de fato era
um homem quente. Ainda mais com as
mãos no bolso, as pernas cruzadas uma
na frente da outra e uma expressão sexy
no rosto, um verdadeiro Deus do
Olimpo.
—Você demorou. — Resmungou abrindo
a porta do lado do carona. Blade era
grosso, mas sabia ser gentil quando
queria.
— Relaxa, temos a noite toda e o dia
também. — Jesse beijou o rosto dele
antes de entrar no carro.
— Para mim é muito pouco. —
Esbravejou o bandido de cara azeda.
— Para onde vamos? — Perguntou
Jesse tentando colocar o cinto, sem
sucesso, Blade ajudou com ignorância.
Se não o conhecesse o jeito dele, teria
ficado magoada.
— Não interessa! — Cortou o assunto
dando partida, saindo em disparada em
direção ao centro da cidade de Toronto.
— Obrigada pelo vestido e os demais
presentes, eu amei! — Sorriu para ele,
tímida. Queria ter dito que mesmo
gostando tanto não iria aceitar,
principalmente as joias. Mas achou
melhor deixar para dizer outra hora,
para não o deixar nervoso e estragar
tudo como depois da primeira vez dos
dois no esconderijo. Blade não
respondeu nada, esticou o braço para o
banco de trás da Ferrari GTC4Lusso e
pegou uma pequena caixa preta com um
laço por cima.
— Aqueles presentes comprei para
você, esse é para mim! — Colocou a
pequena caixa na palma da mão de
Jesse, que a segurou com cuidado. As
bochechas dela coraram quando a abriu,
morta de vergonha. Era uma fantasia
erótica da Chapeuzinho Vermelho, uma
capa com capuz vermelho sangue e a
calcinha fio dental minúscula na mesma
cor. O tecido era tão fino que chegava a
ser transparente, no lado esquerdo do
quadril havia um pequeno laço.
O hotel cinco estrelas que Blade estava
hospedado era o maior e mais luxuoso
da cidade. Não trocaram uma palavra
sequer durante o trajeto do carro até o
elevador, onde esperavam o próximo
para subir até a cobertura, estavam em
total silêncio. Jesse segurava a mochila
nervosa, ainda mais porque sabia que os
olhos dele queimavam sobre ela.
Surpreendeu-se quando sentiu os dedos
da mão direita do bandido deslizarem
entre os dela e não a soltou mais.
— Você está bem? — Perguntou Blade
em um tom preocupado olhando para
ela, que tremia mesmo usando um
casaco grosso de pelos beges sobre o
vestido que pegou quando fora no
quarto, antes de saírem da mansão dos
tios.
— Só com um pouco de frio. —
Encolhe-se fingindo prestar a atenção na
tela fixada na parede que mostrava onde
o elevador estava, vinte e quatro
andares acima. Ele sabia que Jesse
estava mentindo, o tremor tinha outro
motivo, a ansiedade.
— Vai passar quando o seu corpo
estiver debaixo do meu, com minhas
mãos deslizando em cada centímetro
dele. — Maldonado disse naturalmente
num tom de tranquilidade. Ele era
completamente irresistível, em todos os
sentidos. Jesse apenas engoliu em seco
fazendo cara de paisagem como se não
tivesse ouvido o comentário.
De repente, entraram quatro rapazes na
faixa de vinte e poucos anos no
elevador. Pareciam estar voltando de
alguma balada, o cheiro de álcool tomou
conta da grande caixa de aço. Blade
notando a forma que os indivíduos
olhavam para Jesse de cima a baixo,
admirando suas curvas delicadas e bem
moldadas pelo vestido que ele tinha
comprado e escolhido pessoalmente,
puxou a jovem para mais perto de si
imediatamente para que soubessem que
ela já tinha dono e que esse sortudo era
ele. E o jeito como os olhou, os fuzilou
fazendo-os saírem amedrontados no
próximo andar, praticamente voando.
— O que você tem, Blade? — Perguntou
Jesse confusa, sem entender o porquê
ele estava com a cara mais fechada que
o normal. Afinal, ela não havia feito
nada de errado, pelo menos não naquele
momento.
— Ciúmes! — Respondeu apenas, entre
os dentes. Pela expressão dele, achou
melhor deixar o assunto quieto, mas o
sorriso vaidoso estava lá, presente no
rosto de Jesse.
— Alugou uma cobertura inteira só para
você ficar alguns dias aqui? —
Perguntou Jesse, assim que chegaram de
frente a porta.
— Para nós. — Blade tirou um cartão
do bolso destrancando a porta. A jovem
levou a mão na boca encantada com o
que viu.
O apartamento estava todo enfeitado
com flores de todas as cores. No chão
havia um tapete de pétalas de rosas
vermelhas que fazia um caminho até a
suíte principal, a cama com lençóis de
seda branca. No criado mudo ao lado,
uma garrafa de champanhe dentro de um
recipiente com gelo e duas taças de
cristal. O teto era todo espelhado,
podiam se ver enquanto fizessem amor.
As janelas eram panorâmicas, sem
cortinas e dava vista para a cidade de
Toronto tendo como pano de fundo as
montanhas cobertas por uma camada
grossa de neve iluminada pela lua. A luz
era fraca e aconchegante, assim como o
clima do lugar agradavelmente quente e
acolhedor. O luxo estava em toda parte,
desde os móveis modernos a cada
mínimo detalhe da decoração. Ele havia
pensado em tudo para agradá-la.
— Gostou? Não sou muito bom nisso.
E se fosse então? Pensou ela correndo
os olhos pela cobertura. Pela primeira
vez Blade estava inseguro achando que
ela não iria gostar da surpresa que ele
havia preparado com as próprias mãos
antes de ir à casa da família de Jesse a
procura dela.
— Eu amei, obrigada! Pensei que lobos
não mandavam flores, nem fossem
românticos. — Beijou os lábios dele
sorrindo, emocionada.
— Você é a minha exceção, lembra?
— E isso me deixa muito feliz. —
Sorriu de um jeito encantador.
— É preciso de tão pouco para fazê-la
feliz! — Tocou-lhe o ombro com as
pontas dos dedos em movimentos leves.
— Eu não chamaria isso de pouco,
Senhor Maldonado. — Levou o dedo
indicador ao meio do peito musculoso
de Blade sobre o tecido caro do terno
importado.
— O banheiro fica na segunda porta a
esquerda, pode usá-lo para se trocar. —
Blade tinha um sorriso malicioso e
calculado nos lábios.
— Está bem! — Jesse respondeu
envergonhada, olhando para a direção
que ele falou.
— Não demore. — Ordenou, aperando a
bunda dela.
Trinta minutos depois Jesse voltou
usando apenas a minúscula calcinha fio
dental e a capa vermelha. Havia soltado
o cabelo, os cachos estavam mais
rebeldes do que nunca. A delicadeza de
um anjo vestida com a ousadia de um
demônio. Os olhos dela se acenderam de
desejo ao ver Blade em frente a enorme
janela que ia do chão ao teto só com a
calça desabotoada e o fecho aberto,
deixando à mostra a parte bem abaixo
do abdômen. Ele tinha os olhos fechados
sentindo o vento gélido tocar o seu
rosto, a sua expressão era de paz. Assim
que sentiu a sua presença ele os abriu,
virando o rosto para o lado para admirá-
la melhor.
Chegou a encher de ar o peito
perfeitamente tatuado e expirou
lentamente. Começou uma minuciosa
varredura dos pés pequenos descalços
sobre as pétalas de rosas e subiu
devagar até encontrar os olhos castanhos
escuros e tímidos. Em vez de pular em
cima dela como qualquer outro homem
faria no lugar dele, Blade caminhou
tranquilamente até a garrafa de
champanhe e serviu-se de uma taça.
Pensou que o bandido enfim iria tocá-la,
mas ele não o fez. Passou por ela
segurando a sua bebida e sentou em uma
poltrona no canto que dava uma visão
ampla e privilegiada de todo o quarto.
Cruzou as pernas e sorveu um gole, sem
perder o contato visual com a
investigadora.
— Dance para mim, quero que toque o
seu corpo pensando em mim como fez
em Tijuana. — Uma voz grossa e sexy
ecoou pelo quarto. Era evidente que
estava muito excitado. A mesma música
que tocou no bar naquele dia começou a
tocar, a "Lambada - Dança Proibida”.
Jesse permaneceu paralisada,
envergonhada demais para atender o
pedido dele.
— Não podemos pular essa parte? —
Jesse perguntou sem graça.
— Agora! — Mandou tirando uma arma
da cintura destravando-a e colocando
sobre o colo, em forma de ameaça. Jesse
sabia o que ele estava fazendo, queria
puni-la por conta do strip-tease que
fizera para o capanga do Matteo
Castelli. E tinha razão, Blade poderia
deixar passar o abraço com o barman e
o esqui com o primo Tony, mas jamais
deixaria isso passar em branco. O
pequeno episódio com o capanga do
inimigo. Era detalhista e vingativo. Isso
era muita ingratidão da parte dele, não
era justo ser punida por ter arriscado a
vida para ajudá-lo. — " E a boba aqui
pensando que estava sendo romântico
comigo, não passava de uma encenação
para me castigar. Mas se queria brigar,
que aguentasse as consequências."
— Como quiser! — Tirou a capa o
surpreendendo, como sempre. Blade
babou olhando para ela só de fio dental
vermelho, era uma combinação perfeita
com a cor negra de sua pele. O jeito que
a olhou, sabia que estava perdido nas
mãos dela. Jesse fechou os olhos
sentindo o ritmo da música, deixando-se
levar por ela. Começando com um
movimento muito sexy no quadril,
enquanto deslizava as mãos pela lateral
do corpo, nas curvas. Não satisfeita
virou de costas sem parar de rebolar,
segurando os cachos no topo da cabeça
depois soltando-os como uma cascata.
— Santo Deus! — Exclamou Blade fora
de si, ela havia se curvado como se
estivesse reverenciando algum rei,
empinando a bunda. E subiu deslizando
as mãos nas pernas, em algum tipo de
dança erótica e provocante inventada
por Jesse, O que mais o excitava era a
forma delicada com que realizava os
gestos, parecia uma bailarina com tanta
leveza e charme. Para piorar a situação
do bandido, a jovem começou a cantar
com a voz doce junto com a música.
"A recordação vai estar ele para
sempre aonde eu for,
Chorando estará ao lembrar de um
amor
Que um dia não soube cuidar
Canção, riso e dor, melodia de amor
Um momento que fica no ar."
Não bastava parecer com um anjo, tinha
que cantar como um também. — Pensou
Blade hipnotizado como um marinheiro
entregue ao canto de uma sereia.
Virando-se de frente para ele
novamente, com uma mão Jesse apertava
um seio e a outra enfiou dentro da
calcinha, de fato imaginando ser tocada
por ele. Blade remexeu-se na poltrona
tentando ajeitar o volume que havia se
formado dentro da calça, mas estava se
tornando grande demais para manter
escondido.
— Agora já chega, porra! — Blade
praticamente gritou, nervoso. Vendo que
ela estava se virando muito bem na
função de se dar o prazer, que era dele.
Mas Jesse não parou, parecia estar em
algum tipo de estado de transe. Quando
a música enfim terminou, a
investigadora abriu os olhos se
deparando com o bandido diante dela
com uma expressão assustadora.
— Chegou a hora do Lobo Mau atacar!
— Blade a empurrou sobre a cama
arrancando-lhe a calcinha, tirou a calça,
depois a cueca branca dando a ela uma
bela visão do membro incrivelmente
ereto apontando para o teto. Engatinhou
sobre Jesse cobrindo totalmente o seu
corpo frágil com o dele. Um manto que
toda mulher sonhava ter na vida.
— Para que que esses olhos tão grandes,
Lobo Mau? — Brincou ela, percebendo
a forma gulosa que olhava para ela
enquanto tocava-lhe a coxa alisando
com as pontas dos dedos.
— Para te ver melhor, Chapeuzinho! —
Respondeu, olhando no fundo dos seus
olhos. Havia fogo e desejo dentro deles.
— E essa boca grande? — Perguntou
Jesse, sem saber do perigo que estava
correndo indo em frente com aquela
brincadeira. Ele não respondeu nada, a
única coisa que a jovem ouviu foi o
barulho das algemas sendo trancadas em
torno dos seus pulsos.
— Para te comer melhor! — Quando
deu por si, Blade estava com o rosto
enfiado no meio de suas pernas depois
de descer beijando todo o seu corpo.
Jesse estremeceu, não queria nem pensar
o que estava passando na cabeça do
último perigoso e destemido
Maldonado.
— Blade por favor, eu nunca imaginei
ser toca... — Ela se calou,
envergonhada.
— Tudo sempre tem uma primeira vez!
— E beijou-lhe as coxas. Blade não
parou de olhar nem por um instante para
o rosto dela atento a qualquer sinal de
desconforto.
— Anjo, abra as pernas! — Os olhos de
Jesse ficaram apreensivos e
desconfiados. Mas fez o que ele
mandou, se estivesse com as mãos soltas
teria coberto o rosto morta de vergonha.
Blade sabia disso, por isso as prendeu,
queria que ela o visse dando-lhe prazer.