Apostila - Fundamentos de Psicopatologia Psicanalitica EAD

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 35

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................ 4

HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA ................................................................ 5

CONCEITUANDO A PSICOPATOLOGIA GERAL ........................................ 7

CONCEITUANDO PSICOPATOLOGIA ......................................................... 8

INTRODUÇÃO À PSICOPATOLOGIA PSICANALÍTICA .............................. 9

(RE)CAPITULANDO O "COMPLEXO DE ÉDIPO" ....................................... 13

O ESTÁGIO EDIPIANO .............................................................................. 14

OS TIPOS DE DIAGNÓSTICOS: PSIQUIÁTRICO E PSICANALÍTICO ....... 15

DISTÚRBIOS PSICODINÂMICOS: PSICANÁLISE ................................... 15

IDEIAS PATOLÓGICAS .............................................................................. 16

NOSOLOGIA PSICANALÍTICA FREUDIANA: CLÍNICA PSICANALÍTICA 17

O SINTOMA EM PSICANÁLISE ................................................................... 19

SINTOMAS NA NEUROSE .......................................................................... 23

CONCEPÇÕES DA PSICOSE ...................................................................... 24

SINTOMAS DE PSICOSE ............................................................................. 26

TRANSTORNOS CORRELATOS .............................................................. 26

TIPOS DE PSICOSE ...................................................................................... 27

CONCEPÇÕES DE PERVESÃO ................................................................... 29

O DIAGNÓSTICO NA PERVERSÃO ............................................................. 31

ALGUNS SINTOMAS NA PERVERSÃO ................................................... 32

O DIAGNÓSTICO DA PERVERSÃO NO DSM V ..................................... 33

A PERVERSÃO: PSICOPATIA ..................................................................... 34

Página | 2
Página | 3
INTRODUÇÃO

O início da Clínica Psicanalítica costuma ser desafiador para o


estudante de psicanálise. Você terá acesso a conteúdo: textos, vídeo
aulas, vídeos complementares, podcasts, textos complementares,
imagens e apostilas. O módulo III e IV, oportunizar o acesso aos
conteúdos que são de suma importância para o exercício como
psicanalista.

Caro(a) aluno(a), passados pouco mais de cem anos da inauguração deste


novo campo de saber, insiste a pergunta sobre quais modificações se
operaram, no decorrer deste século se é que de fato ocorreram, na forma
como é tomado o sofrimento psíquico e qual é hoje o estatuto da direção da
cura na psicanálise.

A ocupação e a preocupação com afecções dessa ordem na


contemporaneidade são o norte que orienta as disciplinas desta formação
com intuito de entendermos a “A prática clínica psicanalítica”.

Desde os primórdios da psicanálise, Freud (1904/1948) reconheceu a


importância do estabelecimento de um diagnóstico provisório antes do início
efetivo do tratamento. Esta preocupação manifesta-se explicitamente já em
1904, ocasião em que indica, baseado em sua experiência clínica e nos
conceitos teóricos desenvolvidos até então, alguns critérios para a seleção de
pacientes. Mas será em 1913 que Freud retornará a questão da necessidade
de uma triagem preliminar e ratifica a necessidade de um período prévio de
entrevistas para "...sondagem, e para decidir se ele é apropriado para a
psicanálise, “admitindo que "...existem também razões diagnósticas para
começar o tratamento por um período de experiência deste tipo, a durar uma
ou duas semanas".

Página | 4
HISTÓRIA DA PSICOPATOLOGIA

A psicopatologia percorreu um caminho extremamente difícil até se tornar


uma ciência autônoma. Psicopatologia e Psicologia científica se
iniciaram através de Wundt, Kraepelin e Pavlov e Freud, em momentos
distintos e lugares distintos estes seguiram rumos diferentes.

Não encontrando na Psicologia recursos descritivos e explicativos


suficientes para o comportamento anormal, a psicopatologia
foi buscá-los na Filosofia, na Retórica, na Literatura e na psicanálise,
inclusive, com as ideias propostas por Freud das estruturas clínicas,
tentando encontrar uma linguagem que a Psicologia não
proporcionava.

(...) “não é fácil descobrir a origem do termo


psicopatologia”. É possível que o seu criador tenha sido
Jeremy Bentham, filósofo inglês (Londres, 1748- 1832),
que, ao preparar uma lista das motivações humanas,
reconheceu a necessidade da organização de uma
psychological pathology (1817).

Isaías Paim - Médico Psiquiatra e Psicanalista

Cheniaux (2002) aponta que Esquirol e Griesinger, com seus trabalhos


publicados, respectivamente na França (em 1837) e na Alemanha (em
1845), seriam considerados os criadores da psicopatologia.

Para Hervé Beauchesne, a psicopatologia teria surgido no século XX,


na França, no momento em que a psicologia, enquanto disciplina
científica, começou a se separar da filosofia. “Com algumas raras
exceções, os psicólogos de meu país (França) deixaram aos alemães as
pesquisas psicofísicas, aos ingleses o estudo da psicologia comparada.
Eles consagraram-se quase exclusivamente ao estudo da psicologia

Página | 5
patológica”, escreveu Alfred Binet em 1889, definindo a posição da
psicologia científica francesa. Com efeito, na Alemanha, onde a
psiquiatria era marcada pelo organicismo, a psicologia baseada na
fisiologia era experimental; e na Inglaterra, num espírito empírico, a
psicologia estava fortemente impregnada de estatísticas.

Na França, onde a clínica, embora profundamente racionalista, era


menos marcada pela fisiologia, Ribot iria efetuar, num espírito
científico, a síntese das diferentes correntes e criar a psicologia
patológica.

Utilizaram-se e se utilizam de várias denominações para designar esse


novo campo de estudos como patopsicologia, psicopatologia geral,
psicopatologia clínica, psicologia patológica, psicologia do patológico,
patologia do psicológico, psicologia anormal.

Isto se deve aos diferentes marcos teóricos de referência, as


distintas metodologias, momento histórico e etc. É evidente que ela foi
utilizada com diferentes enfoques, como os biomédicos, psicanalíticos
e psicológicos, mas, principalmente, na psicologia norte-americana e
inglesa a expressão psicologia anormal, marcando que a disciplina se
ocupa da influência dos estados ou condições patológicas, seja qual for
a origem, sobre os processos psíquicos, foi o que preponderou.

Página | 6
(...) O termo psicopatologia, ao contrário, sugere mais o
estudo das influências das variáveis psicológicas sobre
uma enfermidade psíquica.

Alessandro Euzébio - Psicanalista e Professor


Universitário

CONCEITUANDO A PSICOPATOLOGIA GERAL

A psicopatologia no geral é uma ciência autônoma com diversos


conceitos básicos. Estes, por vezes, podem ser confundidos entre si,
como “entrevista”, “anamnese”, “exame mental” e outros. Daí a
necessidade de um glossário simples e objetivo para um melhor
entendimento destes e de outros termos corriqueiramente
distorcidos.

Nessa perspectiva, podemos dizer que a psicopatologia pode ser


definida como estudo descritivo dos fenômenos psíquicos de cunho
anormal, exatamente como se apresentam à experiência imediata, de
forma independente dos problemas clínicos. Ou seja, estudando os
gestos, o comportamento e as expressões de determinados pacientes
além de seus relatos e auto descrições feitas pelos mesmos.

Deste modo podemos dizer que a psicopatologia está ligada a diversas


disciplinas: as psicologias, as psiquiatrias e o corpo teórico
psicanalítico propriamente dito objetivo desta formação.

Página | 7
O estudo desses elementos contribui para o
conhecimento de fenômenos que conhecemos por
nossa própria experiência, fenômenos os quais temos
apenas noções e fenômenos que se caracterizam pela
não impossibilidade de descrição, podendo ser
alcançados apenas por analogias.

Isaias Paim - Médico Psiquiatra e Psicanalista

CONCEITUANDO PSICOPATOLOGIA

Para Psiquiatra e Psicanalista Isaías Paim, o termo psicopatologia


corresponde mais a uma “psicologia do patológico” do que
uma “patologia do psicológico”. Porque a patologia do psicológico se
refere à descrição global da experiência vivida pelo paciente/enfermo
como expressão original da vida interior tal como o doente a constitui.

Portanto, podemos dizer que a psicopatologia pode ser definida como


estudo descritivo dos fenômenos psíquicos de cunho
anormal, exatamente como se apresentam à experiência imediata, de
forma independente dos problemas clínicos. Ou seja, estudando os
gestos, o comportamento e as expressões de determinados pacientes,
além de seus relatos e auto descrições feitas pelos mesmos.

Página | 8
Pensar a psicopatologia a partir da visão da psicanálise é
um desafio constante, uma vez que a
“psicopatologização” da subjetividade humana está cada
vez mais presente no discurso hegemônico na área da
saúde mental.

Alessandro Euzébio - Psicanalista e Prof. Universitário

A psicopatologia passa a ser introduzida na psicanálise quando Freud


abandona a posição de observador neutro dos fenômenos clínicos para
dar ouvido ao drama que os pacientes vivem em torno de algumas
experiências ditas ‘traumáticas’. Ao invés de ‘olhar’ os sintomas ele
‘ouvia’ as queixas que invariavelmente se relacionavam a uma
incapacidade de superar determinadas experiências.

Sigmund Freud inicia um deslocamento da função dos sinais e


sintomas na psicopatologia: antes de ser enquadrado como
uma ‘perda da razão’ e do ‘controle afetivo’, os sintomas passam a ser
pensados como produtos de conflitos inconscientes que o paciente
resiste a enfrentar.

Página | 9
Freud, no fim do século XIX e início do século XX, inovou a perspectiva
da psicopatologia, formulando um corpo de conceitos precisos para
reconhecer a histeria e a conversão histérica, além de trazer à luz a
diferenciação clara da neurose obsessiva e da angústia.

Ao desenvolver a metapsicologia, contribuiu para a atual classificação


das psicopatologias a partir da perspectiva estrutural, a saber:

a) Neuroses de defesa ou transferenciais, nas quais se encontram


as histéricas conversivas e fóbicas, as neuroses obsessivas e as
neuroses de ansiedade;
b) As psicoses;
c) As perversões;
d) As afecções psicossomáticas.

Tais estruturas são determinadas a partir das fixações em fases do


desenvolvimento psicossexual desde os primeiros anos de vida.

Saiba mais: A psicanálise foi uma das primeiras teorias com aspecto
científico que objetivou compreender o fenômeno da psicopatologia.
Fundada por Sigmund Freud, postulava que o comportamento era em
grande medida determinado pelos aspectos inconscientes da
personalidade. Dessa forma, o homem possui menos controle sobre os
seus atos do que gosta de acreditar que tem, e esse pode ser um fator
relacionado com o surgimento e a manutenção dos transtornos
mentais.

No decorrer dos anos a psicanálise foi incorporando e


integrando conceitos a respeito do funcionamento psíquico!

Portanto caro(a) aluno(a) não existe uma forma única de compreender


a psicopatologia pela visão psicanalítica. Pois, o tema é complexo por,

Página | 10
pelo menos, duas razões: à medida em que Freud foi avançando em
sua elaboração sobre o funcionamento psíquico, foi incorporando e
integrando conceitos. Um segundo fator é que por psicanálise
entende-se uma gama ampla de formulações teóricas sobre o
inconsciente; nesse sentido, há autores que são entendidos como
psicanalíticos (como Anna Freud, Melanie Klein e Jacques Lacan) e
outros, dissidentes, que aproveitaram alguns aspectos da psicanálise
freudiana e organizaram suas formulações (como Wilhelm Reich,
Alfred Adler e Carl Gustav Jung).

Página | 11
Na prática clínica, as estruturas podem manter-se, mas seu
funcionamento pode ser transformado. Por outro lado, as
organizações limítrofes podem chegar a se estruturar
verdadeiramente.

O método psicanalítico pode se concretizar por meio de diferentes


técnicas, segundo os propósitos pelos quais se intenta realizar uma
investigação/intervenção psicanalítica, duas facetas indissociáveis

Página | 12
neste campo do saber. Portanto, a interpretação verbal, o manejo
do setting, o uso de procedimentos projetivos em psicodiagnóstico ou
em pesquisa sobre representações sociais. É importante lembrar que,
no âmbito psicoterapêutico, o método psicanalítico deve se
concretizar através de técnicas e estratégias de tratamento diferentes,
segundo a psicopatologia envolvida. Quando está em pauta o
sofrimento neurótico, o método se encarna segundo as modalidades
interpretativas classicamente empregadas por Freud.

(RE)CAPITULANDO O "COMPLEXO DE ÉDIPO"

A partir do Complexo de Édipo, a psique é estruturada de determinado


modo. Cada estrutura exclui a possibilidade de outra. Ou seja, um
sujeito que se encontra em uma estrutura nunca pulará para outra
estrutura nessa vida.

Página | 13
Temos, então, a partir do complexo de Édipo, 3 grandes estruturas:

O ESTÁGIO EDIPIANO

O Estágio Edipiano, é o mais relevante na dinâmica de


desenvolvimento da personalidade, se inicia ao cabo da fase fálica,
perdurando dos três ou quatro anos até os seis ou sete anos de idade.

Nesse estágio, o indivíduo maximiza seu interesse afetivo-sexual pelo


progenitor do sexo oposto e desenvolve uma rivalidade desarticulativa
e extintiva pelo genitor do mesmo sexo, tal qual a narrativa do Édipo.

As interdições sociofamiliares relacionais doutrinam no indivíduo a


proibição dos desejos quanto ao genitor do sexo oposto, ao passo que
particionam ambivalencialmente os sentimentos quanto ao genitor do
mesmo sexo em amor e ódio, numa dicotomia consciencialmente
paradoxal. Porém, possível e coexistentemente realizável a nível
inconsciente. Essa dinâmica edípica dual conduz à ansiedade e à culpa,
provocando e projetando o medo da punição, do castigo.

Estamos diante do Complexo de Castração. Trata-se de uma temerosa


fantasia inconsciente quanto à castração, no caso dos meninos.
Quanto às meninas, que já esboçam um rebaixamento, uma
inferiorização por não possuírem pênis, ocorre o temor de uma

Página | 14
mutilação genital, de um agravamento em seu estado, por uma
sucessiva amputação projetada.

Esse temor feminino, na fase Edipiana, projeta na mulher a inveja do


pênis que, posteriormente instiga a rivalidade social por parte da
mulher com o homem, calcada na amargura pelas prerrogativas
masculinas, em especial, no campo do trabalho.

Não fosse o estágio Edipiano, não chegaria o indivíduo ao dilema do


Complexo de Castração, cuja resolução propulsiona a formação do
Superego, instância fundamental na estrutura do aparelho psíquico.

OS TIPOS DE DIAGNÓSTICOS: PSIQUIÁTRICO E


PSICANALÍTICO

DISTÚRBIOS PSICODINÂMICOS: PSICANÁLISE

• Repressão ou Recalque (“verdrängung”);


• Recusa (“verleugnung”);
• Rejeição ou repúdio (“verwerfung”).

Página | 15
Demais Mecanismos de Defesa: Regressão, negação, deslocamento,
conversão, projeção formação reativa, introjeção, isolamento do afeto
idealização, identificação com o agressor.

Dentre tantas expressões destinadas a virarem conceitos,


selecionamos para a discussão da Verdrängung, Verwerfung e
Verleugnung, por sua importância no campo psicanalítico, – é bem
conhecida a ligação forte entre tais termos e as estruturas psíquicas
basais: neurose, psicose e perversão, e também pela confusa
compreensão dos mesmos a que levam as traduções disponíveis em
português.

IDEIAS PATOLÓGICAS

As ideias patológicas e a delimitação entre o que pode ser considerado


normal e o que deve ser tido como “patológico” é uma questão que
gera constantes discussões conceituais. No terreno da psicopatologia,
essa discussão ainda é mais relevante, já que sua demarcação é muito
mais flutuante e suas fronteiras pouco rígidas. No que tange
a psicanálise, o estudo dos elementos que compõe as alterações do

Página | 16
funcionamento mental podemos destacar três espécies segundo Isaias
Paim (ano):

a) Aqueles que conhecemos por nossa própria experiência;


b) Fenômenos que são acentuações diminuições ou
contaminações de experiências pessoais;
c) Fenômenos que se caracterizam pelo fato de não poderem ser
representados no espermátio espírito de maneira
compreensiva.

NOSOLOGIA PSICANALÍTICA FREUDIANA: CLÍNICA


PSICANALÍTICA

“Etimologia (origem da palavra nosologia). Noso + logia.


É a ciência que trata da classificação das doenças”.

Dicionário Online

Fonte: https://www.dicio.com.br/nosologia/

Página | 17
Na obra “Las estructuras clínicas” a partir de Lacan, Eidelsztein (2008)
reúne e descreve criticamente as estruturas clínicas extraíveis de
Lacan. Propondo uma estrutura das estruturas clínicas – estrutura é um
conjunto covariante de significantes em que a identidade dos termos
é obtida por suas diferenças.

Portanto, caros(as) alunos(as) há tipos clínicos que não estão escritos


em termos de estrutura (matematizados), seja porque não o são, seja
porque Lacan não pôde apreendê-los e colocá-los em relação às
demais estruturas. Serviriam tanto como demonstração da
impossibilidade radical de formalização quanto da insuficiência da
teoria – nem toda a psicopatologia psicanalítica será compreendida
pelo critério de extração do objeto a que organiza o sistema
representado no quadro acima.

Fonte: Eidelsztein, A. (2008). Las estructuras clínicas a partir de Lacan:


Intervalo y holófrase, locura, psicosis, psicossomática y debilidad
mental (2. ed.). Buenos Aires: Letra Viva.

Página | 18
O SINTOMA EM PSICANÁLISE

Já na psicanálise, o sintoma não é entendido necessariamente como


sinal de doença, mas como a marca do sujeito
do inconsciente, podendo ser apreendido apenas dentro da história de
cada indivíduo. Assim, o sintoma não nos remete a uma classificação
de diagnósticos, mas ao próprio sujeito.

Caro(a) aluno(a), o sintoma, para a psicanálise, não é o simples


elemento de uma categoria que representa um transtorno no DSM-IV,
não é o simples índice de uma doença, nem um signo cujo médico veio
para traduzir. O sintoma, para psicanálise, é gozo, é um modo de gozar
pelo sofrimento, é aquilo que se satisfaz e do qual não se
sabe. Portanto, o sintoma deve ser compreendido como o lugar de um
sofrimento que proporciona satisfação sexual para o indivíduo sem
que ele o saiba. Desse modo, a tarefa de uma análise não consiste em
eliminar o sintoma, em calar o grito do sujeito, mas fazer com que o
sujeito conheça os significantes que o determinaram em sua história
para que, destes ele possa se desalienar, escapando de seu poder de
comando. Isso é fazer psicoterapia psicanalítica.

Página | 19
CONCEPÇÕES DA NEUROSE

Caro(a) aluno(a), em 1890 Freud propõe e divide a neurose em dois


conceitos, neuroses atuais e psiconeuroses.

Neuroses atuais: são afecções patológicas que remetem à


frustração sexual, ou seja, é atual, pois a origem da problemática
estaria no atual momento do aparecimento do seu sintoma. Portanto,
Freud descreve a neurastenia como causada por masturbação
excessiva; e a neurose de ansiedade (ou angústia) como uma
estimulação sexual não descarregada.

Psiconeuroses: são afecções patológicas que tinham origens em


traumas sexuais na infância. Entre elas estariam à histeria, à obsessão
(ou neurose obsessiva), e às fobias.

A neurose é uma das maneiras que o organismo psíquico encontra para


se defender de conflitos que não foram passíveis de sofrer total
recalcamento (Nasio, 1991).

Com a ocorrência de um trauma, origina-se no psiquismo uma força


excedente de energia que necessita ser recalcada, contudo, o processo

Página | 20
de recalque também origina força no psiquismo no que tenta dominar
essa carga, de modo que as forças entrem em conflito.

Portanto caro(a) aluno(a), o que acontece no caso das neuroses, é o


fato de que o recalque falha, de modo que a energia excedente
originada pelo trauma, que também podemos denominar de gozo
inconsciente e doloroso, vence a força do recalque, colocando o sujeito
à mercê de profundo sofrimento. De modo que se desenvolve a
neurose como a forma do organismo se proteger, transformando esse
gozo doloroso sem que ele seja totalmente destrutivo para o sujeito.

A palavra “neurótico” tem sido usada pelo senso comum, como


sinônimo de loucura, o que classifica um pensamento impróprio. Na
psicanálise esse sentido, entende-se neurose como uma determinada
forma de subjetividade, ou seja, como o indivíduo reage e interpreta às
situações da sua vida.

Define-se neurose ou psiconeurose como quadros de


origem psíquica que podem estar relacionados a
situações externas na vida do sujeito, os quais provocam
desordem na saúde mental, física ou da personalidade
do indivíduo, podendo gerar angústia e ansiedade em
vários contextos.

Alex Barbosa - Psicanalista e Psicólogo

Página | 21
Por isso caro(a) aluno(a), na neurose será comum no divã, no
consultório psicanalítico, a manutenção do conteúdo problemático
como segredo é o que chamamos recalque ou repressão. O paciente
neurótico esconde de si mesmo o problema, o sintoma ou a dificuldade
que o psicótico encontra fora de si. Ou seja, na neurose há uma cisão
da psique. Alguns conteúdos ficam recalcados, escondidos, em
segredo e causa sofrimento nos sintomas dos quais a pessoa reclama.

Para Freud, é no complexo de Édipo, que se constitui o núcleo


inconsciente de todas as neuroses e psicoses, em torno do qual se
agrupam os restantes complexos e fantasias.

De acordo com a psicanálise, a maioria das pessoas é afetada de


alguma forma pela neurose, seja a partir de uma angústia ou
ansiedade, alguma expectativa desagradável ou ainda um medo sem
causa, indefinível, mas que toma o sujeito completamente.

Os primeiros escritos da obra freudiana categorizavam os transtornos


emocionais em três grupos e Freud os denominava de psiconeuroses.

A princípio, Freud estudou a neurose sobre a perspectiva da teoria do


trauma, cuja natureza estava contida em um trauma sexual vivenciado
pelo sujeito, porém com o abandono dessa teoria, surge o conceito
empírico do Complexo de Édipo no entendimento dessa formação.

Nesse momento, houve uma ruptura em que Freud passou a perceber


a importância do conflito psíquico na produção dos sintomas e
apreendeu que a criança tem sentimentos ambivalentes com seus
pais, que são em parte, reprimidos.

O ser neurótico não significa estar preocupado com algo o tempo


inteiro. A pessoa que tem este transtorno reage de forma incontrolável
quando submetida a determinadas situações. Apesar de não perder o
vínculo com a realidade, ou seja, ela sabe exatamente o que está

Página | 22
acontecendo, não consegue controlar a intensidade de seus atos, nem
atuar dentro do padrão da “normalidade”.

Quem se enquadra nessa estrutura clínica sofre uma intensa angústia


e ansiedade. É marcado por uma perturbação mental, com
manifestações nas esferas física, mental e fisiológica. O
comportamento neurótico é relativamente comum e se manifesta em
quadros de depressão, fobias, desordens de personalidade e
tendências obsessiva-compulsivas.

A neurose ou neuroticismo nunca deve ser confundida com a psicose,


já que nesse último transtorno o paciente perde o contato com a
realidade.

SINTOMAS NA NEUROSE

Os sintomas variam de pessoa a pessoa, mas normalmente estão


ligados ao excessivo e incontrolável. Quem tem neurose pode
manifestar medo frente a situações corriqueiras, preocupação
constante, alterações de humor, fobias diversas, traços histéricos,
medo de ir a determinados lugares, entre outros. Inclusive com certa
frequência, o neuroticismo se confunde com transtornos obsessivos-
compulsivos.

Segundo os especialistas, os sintomas aparecem rapidamente e


devem ser tratados com a mesma velocidade, para impedir que a
pessoa seja prejudicada em sua vida afetiva, social e/ou profissional.

Definem a neurose como uma “afecção psicogênica em que os


sintomas são a expressão de um conflito psíquico que tem raízes
na história infantil do sujeito e constitui compromissos entre o desejo
e a defesa”.

Para a psicanálise, as neuroses podem ter origem a partir de conflitos


interiores, cujo significado inicial lhe escapa, remetendo para os

Página | 23
conflitos infantis recalcados que podem ser acessíveis pelo processo
de transferência.

CONCEPÇÕES DA PSICOSE

Freud expõe que neurose e psicose não são opostas em si mesmas, e


até operam até certo ponto de modo semelhante. A diferença entre
ambas estaria no modo de lidar com a castração, ou seja, a experiência
enigmática do gozo, uma vez que “o Édipo está para todos”.

O indivíduo psicótico encontra fora o que exclui dentro, ele fora-inclui,


inclui fora o que, na neurose representa a dinâmica do recalque. Em
outras palavras, na psicose o problema é encontrado fora, o problema
está sempre fora, nas outras pessoas.

Fator Importante sobre a Psicose: do ponto de vista psicodinâmico, a


psicose nada mais é do que a institucionalização da falência do sistema
responsável pela operacionalização da necessária articulação entre o
programa genético, os programas adaptativos e o ambiente. Este

Página | 24
sistema, que se desenvolve na interação ambiental, é conhecido com
o nome de Ego.

Caro(a) aluno(a) saiba que a clínica da psicose é um desafio, coloca


como foco o acolhimento ao sujeito a partir da escuta daquilo que é
subjetivo. Por trás de alucinações e delírios existe um sujeito, uma
linguagem, corroborando a possibilidade de subjetivação. O discurso
delirante porta uma significação, a emergência do sujeito aponta para
essas questões.

Separamos alguns postos-chaves sobre psicose:

Página | 25
• A psicose não é uma doença em si mesma, é um sintoma;
• Um delírio psicótico comum é a crença de que o indivíduo é uma
figura importante;
• Diagnóstico precoce de psicose melhora os desfechos em longo
prazo;
• A psicose é classicamente associada a transtornos do espectro
da esquizofrenia e, embora, existam outros sintomas, um dos
critérios definidores para a esquizofrenia é a presença de
psicose.

SINTOMAS DE PSICOSE

Os dois principais sintomas da psicose são:

• Alucinações: quando uma pessoa ouve, vê e, em alguns casos,


sente, cheira ou saboreia coisas que não estão lá; um tipo de
alucinação comum é ouvir vozes.
• Delírios: Quando uma pessoa tem crenças fortes que não são
compartilhadas por outras pessoas; uma ilusão comum é alguém
acreditando que há uma conspiração para prejudicá-los.

A combinação de alucinações e pensamento delirante pode causar


sofrimento severo e uma mudança no comportamento. Experimentar
os sintomas da psicose é muitas vezes associado a um episódio
psicótico.

TRANSTORNOS CORRELATOS

Às vezes, é possível identificar a causa do transtorno como uma


condição específica de saúde mental, como:

• Esquizofrenia: uma condição que causa uma série de sintomas


psicológicos, incluindo alucinações e delírios

Página | 26
• Transtorno Bipolar: uma condição de saúde mental que afeta o
humor; uma pessoa com transtorno bipolar pode ter episódios
de humor baixo (depressão) e altos ou humor exaltado (mania).
• Depressão Grave: algumas pessoas com depressão também
apresentam sintomas de psicose quando estão muito
deprimidas.

O transtorno também pode ser desencadeado por:

• Uma experiência traumática;


• Estresse;
• Uso indevido de drogas;
• Uso indevido de álcool;
• Efeitos colaterais da medicação prescrita;
• Uma condição física – como um tumor cerebral.

TIPOS DE PSICOSE

Vários distúrbios podem exibir sintomas psicóticos, incluindo:

• Esquizofrenia: um distúrbio sério de saúde mental que afeta a


maneira como alguém se sente, pensa e age. Os indivíduos
acham difícil distinguir entre o que é real e o que é imaginário.
• Transtorno Esquizoafetivo: uma condição semelhante à
esquizofrenia, que inclui períodos de distúrbios do humor.
• Transtorno Psicótico Breve: os sintomas psicóticos duram pelo
menos 1 dia, mas não mais que 1 mês. Muitas vezes, ocorre em
resposta a um evento de vida estressante. Depois que os
sintomas desaparecem, eles podem nunca mais voltar.
• Transtorno Delirante: o indivíduo tem uma forte crença em algo
irracional e muitas vezes bizarro, sem base factual. Os sintomas
duram 1 mês ou mais.

Página | 27
• Psicose Bipolar: os indivíduos apresentam sintomas de
transtorno bipolar (altos e baixos intensos de humor) e também
experimentam episódios de psicose. A psicose ocorre mais
comumente durante as fases maníacas.
• Depressão Psicótica: também conhecida como transtorno
depressivo maior com características psicóticas.
• Pós-parto (também chamado de pós-natal) Psicose: uma forma
grave de depressão pós-parto.
• Psicose Induzida por Substâncias: incluindo álcool, certas drogas
ilegais e alguns medicamentos prescritos, incluindo esteróides e
estimulantes.

Estas são as principais causas dos sintomas psicóticos, mas a psicose


também pode ser secundária a outros transtornos e doenças,
incluindo:

• Tumor cerebral ou cisto;


• Demência – doença de Alzheimer;
• Doença neurológica – como doença de Parkinson e doença de
Huntington;
• HIV e outras infecções que podem afetar o cérebro;
• Alguns tipos de epilepsia;
• Acidente vascular encefálico.

A abordagem das classes diagnósticas em psicopatologia


psicanalítica exige, de nossa parte, uma precaução
particular, uma vez que nesse campo o diagnóstico altera
o prognóstico.

Alessandro Euzébio - Psicanalista e Psicólogo

Página | 28
CONCEPÇÕES DE PERVESÃO

Queridos(as) alunos(as), vejam que a perversão é um desvio de


comportamento, apontado pela psicanálise como um dos tripés das
psicopatologias, juntamente com a neurose e a psicose.
Popularmente, o termo é utilizado para indicar uma espécie
de “depravação sexual”, mas os especialistas trabalham num campo
muito mais amplo.

A perversão estrutura-se sobre uma vontade de transgredir a ordem


natural das coisas, de perturbar a norma social. Seria sim um fenômeno
sexual, mas também social, físico, político e estrutural.

Conceitualizando a perversão: A pessoa perversa busca o prazer


continuamente, tanto em seus comportamentos como em suas

Página | 29
fantasias. Normalmente, este desvio de comportamento começa a se
estruturar ainda na infância, se desenvolvendo na fase adulta. O
diagnóstico da perversão é complexo, sendo necessário considerar os
sintomas, mas também experiência do paciente. Conceitualmente,
pode ser dividida em dois grandes grupos: perversão social e sexual.

As perversões não são bestialidades nem degenerações no sentido


patético dessas palavras. São o desenvolvimento de germes contidos,
em sua totalidade, na disposição sexual indiferenciada da criança, e
cuja supressão ou redirecionamento para objetivos assexuais mais
elevados — sua “sublimação” — destina-se a fornecer a energia para
um grande número de nossas realizações culturais (FREUD,1905, p. 55-
56).

Caro(a) aluno(a), na sua obra “Três ensaios sobre a teoria da


sexualidade”, Freud (1905) apresenta pela primeira vez o conceito de
perversão. Trata como a permanência na vida adulta de características
perverso-polimorfas, típicas da sexualidade pré-genital infantil, em
detrimento da sexualidade genital por ele considerada normal.

A partir de 1919, Freud começou a relacionar perversão e Édipo nos


textos “Uma criança é espancada: Contribuição ao estudo da origem
das perversões”, “A dissolução do complexo de Édipo”, e “A
organização genital infantil: uma interpolação na teoria da
sexualidade”. Nesses textos, ele procura responder a questão da
perversão a partir da articulação entre o complexo de Édipo e o
complexo de castração, o que proporciona um avanço considerável na
solidificação dos seus estudos.

No entanto, é Lacan (veremos mais na disciplina Clínica Psicanalítica:


Lacaniana ainda neste módulo) que irá inaugurar uma psicanálise na
qual a perversão se coloca como um paradigma estrutural, mesmo que
essa noção não admita uma só interpretação, apresentando o conceito

Página | 30
de estrutura como um “conjunto de elementos que se constituem na
relação, que são exclusivamente interdependentes e que se regem por
determinadas leis que fazem parte de uma constituição interna”.

O DIAGNÓSTICO NA PERVERSÃO

A pessoa perversa busca o prazer continuamente, tanto em seus


comportamentos como em suas fantasias. Normalmente, este desvio
de comportamento começa a se estruturar ainda na infância, se
desenvolvendo na fase adulta.

O diagnóstico da perversão é complexo, uma vez que é necessário


considerar os sintomas, mas também experiência do paciente.
Conceitualmente, pode ser dividida em dois grandes grupos:
perversão social e sexual.

Além disso, segundo seu comportamento, o paciente poderá se


encaixar em um destes três tipos:

• Exagero ou Diminuição de Algo: a pessoa estereotipa


comportamentos, que passam a ser não só desejados, mas

Página | 31
necessários para que haja o prazer. Um exemplo seria o uso de
objetos e acessórios numa relação sexual, como vestir-se como
o sexo oposto. O perverso não o faz de forma eventual, como
parte de uma fantasia, mas depende dele de forma incondicional
e com exagero.
• Inversão e Dissociação: a pessoa nega a norma estabelecida e
toma um “atalho” na hora de viver a sua vida. É marcadamente a
ideia de desvio, e essa negação da norma é a estratégia escolhida
pelo paciente para reafirmar sua força.
• Compromisso com a Transgressão: a pessoa não está disposta a
respeitar a moral, a lei e os costumes. Em seu compromisso de
transgredir perverte a norma, afirmando ou negando um
conjunto de costumes.

ALGUNS SINTOMAS NA PERVERSÃO

Os sintomas podem variar de acordo com o paciente e, obviamente,


com o tipo de perversão. Normalmente, a pessoa perversa é
manipuladora, impulsiva, sedutora e se sente superior.

Mentiras e transgressão das normas fazem parte da rotina e não há


sentimento de culpa. Os perversos desejam poder e podem adotar
práticas sexuais entendidas como “desvios”.

Caro(a) aluno(a), mesmo complexo o tratamento de pacientes


enquadrados nesta clínica, e mesmo no geral dos casos não tendo a
cura. O tratamento psicoterapêutico psicanalítico consiste em
desarticular os sintomas, para que a pessoa perca essa sensação de
gozo e prepotência. Quando o acompanhamento é efetivo e o paciente
também colabore com o processo, o quadro se estabiliza e se controla.

Perversão social: alguns aspectos da sociedade contemporânea, de


modo que retrata o processo pelo qual o sujeito é marcado neste
contexto por traços da ordem da perversão, bem como, tratará da

Página | 32
formação deste conceito, implicando o sujeito neurótico em um
enodamento perverso social que o captura, de modo que em diversas
dimensões, ou organismos sociais, acabam por perverter o sujeito.

O DIAGNÓSTICO DA PERVERSÃO NO DSM V

Em 2013, foi publicado o DSM – V – TM – Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais, em quinta edição, pela Editora
Artes Médicas. Para substituir os “antigos” conceitos, esse manual
inventa a nova denominação de “parafilias”. E as enumera na seguinte
listagem:

• Exibicionismo;
• Fetichismo transvéstico;
• Fetichismo;
• Frotteurismo (tocar ou esfregar-se numa pessoa);
• Masoquismo sexual;
• Pedofilia;
• Sadismo sexual;
• Voyeurismo;
• E, sem outra especificação, escatologia telefônica (telefonemas
obscenos), necrofilia, parcialismo (foco em uma parte do corpo),
zoofilia, coprofilia, clismafilias (enemas) e urofilia (urina).

Com relação ao parceiro, a “parafilia” pode contemplar: um sujeito


(pedofilia, sadomasoquismo); o próprio corpo (transvestismo,
exibicionismo); um animal ou objeto (zoofilia, fetichismo).

Página | 33
A PERVERSÃO: PSICOPATIA

Caro(a) aluno(a), muito se fala sobre psicopatia, seja na TV, nos jornais,
no cinema (serial killers), best-sellers, nas escolas psicanalíticas,
universidades, na área da saúde e etc. Esse tema além de gerar terror
e fascínio, também ganha modificações na ficção e nas repercussões e
gera confusão naquilo que diz respeito ao seu claro entendimento.
Então, por onde ela é compreendida?/o que é a psicopatia e como ela
se apresenta?/quais suas características?/como estudar, diagnosticar,
prever, tratar?

Dentro da ótica psicodinâmica, existem diversos conceitos que já


foram empregados por autores distintos e se relacionam, em algum
nível, com a temática exposta, como: personalidade psicopática,
caráter psicopático, caráter antissocial, caráter impulsivo, organização
psicopática da personalidade, tópica

do psicopata, perversão de caráter, comportamentos dissociais,


tendências antissociais, perversão e perversidade, dentre outros.

Página | 34
Embora os termos variem bastante, eles costumam fazer referência a
um ponto padrão, que é a questão do comportamento antissocial, isto
é, a presença constante de atos que vão contra as normas e instruções
sócioculturais partilhadas por grupos e comunidades. Os atos
delituosos, transgressores e cruéis são considerados antissociais e seu
aparecimento na infância relaciona-se com o conceito de tendências
antissociais, proposto pelo psicanalista inglês D. W. Winnicott (ano) e
fenômeno confirmado com a análise do desenvolvimento de diversos
psicopatas e serial killers.

Neste momento, vale a pena frisar a diferença entre o psicopata e


o serial killer. Quando se fala em psicopatas e psicopatia, ainda que o
termo possa ser observado por diversas e distintas óticas, faz parte da
área da saúde e diz respeito ao funcionamento de personalidade de
acordo com instancias psíquicas, cerebrais e/ou comportamentais. Já
o termo serial killer é próprio do campo da criminologia e diz respeito
a uma modalidade de assassinato. Portanto, caro(a) aluno(a), podemos
encontrar serial killers que não são psicopatas e psicopatas que não
são serial killers.

Uma das curiosidades iniciais é que ao buscar o termo no DSM-IV e


DSM-V, este último, a versão atualizada de uma das principais
referências internacionais para diagnóstico e tratamento das
desordens mentais, a palavra psicopatia não é encontrada enquanto
um transtorno descrito, mas aparece, juntamente à sociopatia,
enquanto sinônimo do Transtorno de Personalidade Antissocial (TPAS).
Sendo assim, percebe-se que a psicopatia guarda uma apontada
relação com o TPAS, mas seriam a mesma coisa?

Para tentar compreender a situação, é necessário voltar à origem do


termo e analisar suas transformações.

Página | 35

Você também pode gostar