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Teoria geral do direito societário
No Código Civil de 2002, as sociedades são
conceituadas no artigo 981 que diz, “celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”. Como todo ato jurídico, a constituição das sociedades para ser válida, deve pressupor a existência de consenso, objeto lícito e da forma prescrita ou não defesa em lei. O elemento do consenso pressupõe um ato de vontade manifesto por pessoa capaz ou por meio de representante de incapaz, quando a participação destes for permitida. Outro elemento geral das sociedades é o objeto lícito. O objeto da sociedade é o conjunto de atos que a sociedade se pressupõe a praticar. O objeto social deve constar expressamente no ato de constituição da sociedade e deve tratar-se de uma atividade idônea, ou seja, o objeto deve ser possível, lícito e determinado, sob pena de não conseguir arquivar o ato constitutivo. O último elemento geral é a forma. O Código Civil exige a forma escrita apenas para as sociedades que pretendem gozar de certas vantagens na esfera tributária e mercantil, mas salvo estes casos, a forma das sociedades é livre e pode decorrer de um acordo expresso ou tácito, verbal ou escrito, desde que estejam presentes os elementos específicos da configuração da sociedade. Além dos elementos gerais, devem estar presentes os elementos específicos, são eles: contribuição para o capital social, a participação nos lucros e nas perdas, a affectio societatis e a pluralidade de partes.
Como dito anteriormente, as sociedades são criadas
para o exercício de uma atividade econômica, mas, para tanto, necessitam de um patrimônio inicial, que será composto pelas contribuições dos sócios. Este patrimônio inicial é chamado de capital social. O capital social possui uma dupla finalidade, pois além de possibilitar o exercício da atividade econômica também é uma forma de dar aos terceiros, que virão a contratar com a sociedade, a necessária confiança de pagamento pelas obrigações assumidas pela sociedade, ou seja, também é uma garantia aos credores. A contribuição para o capital social geralmente é feita em dinheiro, mas também pode ser feita em bens móveis, imóveis e em trabalho, desde que sejam suscetíveis de avaliação. Após a contribuição, a sociedade se forma e surge para os que contribuíram um direito pessoal, o status de sócios, o qual abrange direitos eminentemente pessoais, como o poder de fiscalizar a gestão da sociedade e participar da gestão. Além dos direitos pessoais, surgem também direitos patrimoniais como a participação nos lucros. O segundo elemento específico, como dito, é a participação nos lucros e nas perdas. Nas sociedades exercem-se atividades econômicas, que produzem riquezas. Estas riquezas devem ser repartidas entre os sócios. Não é necessário a divisão de todo o lucro, mas é essencial que todos os sócios participem dos resultados da sociedade. O affectio societatis é o traço mais específico de uma sociedade, pode ser compreendido como a vontade de atingir um fim comum, é a intenção de se unirem esforços e recursos para a obtenção de resultados comuns. Neste tipo de contrato, o ganho de um não pode se dar em detrimento do outro, aqui as partes têm um interesse em comum. Caso haja a quebra do affectio societatis, a sociedade deve ser dissolvida, ou, pelo menos, deve ser excluído o sócio que não possui mais a vontade comum. Essa medida drástica tem o condão de dar sequência à sociedade, possibilitando seu prosseguimento normal. Por fim, o último elemento essencial é a pluralidade de sócios. Pelo próprio conceito de sociedade, é possível compreender a necessidade de pelo menos duas pessoas. Atenção: Apesar de tal regra, o ordenamento jurídico prevê duas exceções. A primeira é a sociedade subsidiária integral, sociedade disposta no artigo 251 da Lei de Sociedade Anônimas Lei nº 6.404/76, que é uma sociedade tendo por única sócia uma outra sociedade brasileira. Além dessa, admite-se, temporariamente, a unipessoalidade da sociedade, dando a esta um prazo para que reconstitua a pluralidade de sócios sem que seja extinta, com o fim de preservar a atividade que vinha sendo desenvolvida e conservar os empregos, o recolhimento dos tributos, enfim, os interesses coletivos. Ato constitutivo: teorias anticontratualista x contratualista. Pela teoria anticontratualista, a sociedade não é formada por contrato, visto que nos contrato bilaterais as vontades são contrapostas, não se dirigem ao mesmo fim, como acontece com as vontades na constituição de uma sociedade. Contrários a esta teoria são os que defendem a teoria contratualista: afirmam que em uma sociedade, muito embora os sócios emanem à vontade com o mesmo fim, as vontades não serão sempre paralelas, ou seja, há uma oposição de interesses, como quando os sócios discutem sobre o valor dos bens integrados ao capital social, a distribuição de lucros e a responsabilidade de cada um. Diante desta dificuldade, desenvolveu-se a teoria do contrato plurilateral. Assim, admite-se que o ato constitutivo das sociedades seja um contrato, pois há uma contraposição de vontades, mas não é um contrato bilateral, é um contrato plurilateral, por meio do qual todos os participantes são titulares de direitos e obrigações, não um para com o outro, mas para com todos. Atualmente, a doutrina pátria, quase unânime, entende que a natureza jurídica do ato constitutivo é de um contrato plurilateral.