Aula 09

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 Teoria geral do direito societário

 No Código Civil de 2002, as sociedades são


conceituadas no artigo 981 que diz, “celebram
contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente
se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o
exercício de atividade econômica e a partilha, entre si,
dos resultados”.
 Como todo ato jurídico, a constituição das sociedades
para ser válida, deve pressupor a existência de
consenso, objeto lícito e da forma prescrita ou não
defesa em lei.
 O elemento do consenso pressupõe um ato de
vontade manifesto por pessoa capaz ou por meio de
representante de incapaz, quando a participação
destes for permitida.
 Outro elemento geral das sociedades é o objeto lícito.
O objeto da sociedade é o conjunto de atos que a
sociedade se pressupõe a praticar. O objeto social
deve constar expressamente no ato de constituição
da sociedade e deve tratar-se de uma atividade
idônea, ou seja, o objeto deve ser possível, lícito e
determinado, sob pena de não conseguir arquivar o
ato constitutivo.
 O último elemento geral é a forma. O Código Civil
exige a forma escrita apenas para as sociedades que
pretendem gozar de certas vantagens na esfera
tributária e mercantil, mas salvo estes casos, a forma
das sociedades é livre e pode decorrer de um acordo
expresso ou tácito, verbal ou escrito, desde que
estejam presentes os elementos específicos da
configuração da sociedade.
 Além dos elementos gerais, devem estar presentes os
elementos específicos, são eles: contribuição para o
capital social, a participação nos lucros e nas perdas, a
affectio societatis e a pluralidade de partes.

 Como dito anteriormente, as sociedades são criadas


para o exercício de uma atividade econômica, mas,
para tanto, necessitam de um patrimônio inicial, que
será composto pelas contribuições dos sócios. Este
patrimônio inicial é chamado de capital social.
 O capital social possui uma dupla finalidade, pois além
de possibilitar o exercício da atividade econômica
também é uma forma de dar aos terceiros, que virão a
contratar com a sociedade, a necessária confiança de
pagamento pelas obrigações assumidas pela
sociedade, ou seja, também é uma garantia aos
credores.
 A contribuição para o capital social geralmente é feita
em dinheiro, mas também pode ser feita em bens
móveis, imóveis e em trabalho, desde que sejam
suscetíveis de avaliação.
 Após a contribuição, a sociedade se forma e surge
para os que contribuíram um direito pessoal, o status
de sócios, o qual abrange direitos eminentemente
pessoais, como o poder de fiscalizar a gestão da
sociedade e participar da gestão. Além dos direitos
pessoais, surgem também direitos patrimoniais como
a participação nos lucros.
 O segundo elemento específico, como dito, é a
participação nos lucros e nas perdas. Nas sociedades
exercem-se atividades econômicas, que produzem
riquezas. Estas riquezas devem ser repartidas entre os
sócios. Não é necessário a divisão de todo o lucro,
mas é essencial que todos os sócios participem dos
resultados da sociedade.
 O affectio societatis é o traço mais específico de uma
sociedade, pode ser compreendido como a vontade
de atingir um fim comum, é a intenção de se unirem
esforços e recursos para a obtenção de resultados
comuns. Neste tipo de contrato, o ganho de um não
pode se dar em detrimento do outro, aqui as partes
têm um interesse em comum.
 Caso haja a quebra do affectio societatis, a sociedade
deve ser dissolvida, ou, pelo menos, deve ser excluído
o sócio que não possui mais a vontade comum.
 Essa medida drástica tem o condão de dar sequência à
sociedade, possibilitando seu prosseguimento normal.
 Por fim, o último elemento essencial é a pluralidade
de sócios. Pelo próprio conceito de sociedade, é
possível compreender a necessidade de pelo menos
duas pessoas.
 Atenção:
 Apesar de tal regra, o ordenamento jurídico prevê duas
exceções. A primeira é a sociedade subsidiária integral,
sociedade disposta no artigo 251 da Lei de Sociedade
Anônimas Lei nº 6.404/76, que é uma sociedade tendo
por única sócia uma outra sociedade brasileira.
 Além dessa, admite-se, temporariamente, a
unipessoalidade da sociedade, dando a esta um prazo
para que reconstitua a pluralidade de sócios sem que
seja extinta, com o fim de preservar a atividade que
vinha sendo desenvolvida e conservar os empregos, o
recolhimento dos tributos, enfim, os interesses
coletivos.
 Ato constitutivo: teorias anticontratualista x
contratualista.
 Pela teoria anticontratualista, a sociedade não é
formada por contrato, visto que nos contrato
bilaterais as vontades são contrapostas, não se
dirigem ao mesmo fim, como acontece com as
vontades na constituição de uma sociedade.
 Contrários a esta teoria são os que defendem a teoria
contratualista: afirmam que em uma sociedade, muito
embora os sócios emanem à vontade com o mesmo
fim, as vontades não serão sempre paralelas, ou seja,
há uma oposição de interesses, como quando os
sócios discutem sobre o valor dos bens integrados ao
capital social, a distribuição de lucros e a
responsabilidade de cada um.
 Diante desta dificuldade, desenvolveu-se a teoria do
contrato plurilateral. Assim, admite-se que o ato
constitutivo das sociedades seja um contrato, pois há
uma contraposição de vontades, mas não é um
contrato bilateral, é um contrato plurilateral, por meio
do qual todos os participantes são titulares de direitos
e obrigações, não um para com o outro, mas para com
todos.
 Atualmente, a doutrina pátria, quase unânime,
entende que a natureza jurídica do ato constitutivo é
de um contrato plurilateral.

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