Direito Societário - Módulo de Estudo 3

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Direito

Societário
Módulo de Estudo 3
1

DISCIPLINA

Direito Societário
PROFESSOR

Daiane Aguiar

SOCIEDADE LIMITADA
Com o objetivo de estimular investimentos produtivos, em oposição à
segurança do entesouramento de valores, evoluiu o Direito para estabelecer
tipos societários nos quais não há responsabilidade subsidiária dos sócios
pelas obrigações sociais não adimplidas pela sociedade. No Brasil, o Código
Comercial de 1850 tinha a figura da sociedade em comandita simples, onde
apenas os comanditários (que são meros investidores), não respondiam
subsidiariamente pelas obrigações sociais. Apenas 1919, foi regulamentada a
sociedade por quotas de responsabilidade limitada (Decreto 3.708), de forma a
proteger todos os sócios. Em 2002, passou a ser chamada simplesmente
sociedade limitada (artigo 1.052 do Código Civil).
A sociedade limitada representa, com certeza, o tipo societário mais utilizado
na praxe comercial brasileira, correspondendo a aproximadamente mais de
90% dos registros de sociedade no Brasil. A grande presença de sociedades
limitadas no meio empresarial se deve basicamente ao fato de ela ostentar duas
características específicas que a tornam um tipo societário bastante atrativo para
os pequenos e médios empreendimentos:
I. contratualidade
II. limitação de responsabilidade dos sócios.

A contratualidade (conforme estudado em aula anterior), confere aos


sócios maior liberdade na hora de firmar o vínculo societário, podendo – dentro
dos limites legais - escolher os direitos e obrigações a serem observados pelos
sócios, algo que não ocorre, por exemplo, nas sociedades anônimas, cujo
vínculo é estatutário e submetido a um regime legal previamente balizado na lei.
A limitação de responsabilidade dos sócios, como regra geral, os
sócios responderem limitadamente pelas obrigações sociais (integralização da
cota parte), de forma que eventuais dívidas da sociedade/empresa não atingem
o patrimônio pessoal/privado do sócio, assim a limitação de funciona como
relevante fator de redução do risco empresarial.
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Sociedade Limitada – Regime Jurídico


O atual regramento das sociedades limitadas é bem mais extenso. São
36 artigos que a disciplinam especificamente (arts. 1.052 a 1.087 do Código
Civil). Além disso, o próprio Código estabelece, em seu art. 1.053, caput, que na
omissão dessas regras específicas aplicam-se subsidiariamente as normas da
sociedade simples pura (arts. 997 a 1.038 do Código Civil) ou se o contrato
social prever a regência supletiva das normas da sociedade anônima.
Contrato Social: O contrato social da sociedade limitada deve atender
aos requisitos do artigo 997, do Código Civil (já apresentado no módulo
anterior): qualificação dos sócios, que poderão ser pessoas naturais ou jurídicas;
nome (firma ou denominação); objeto social; sede; tempo de duração (prazo ou
termo certos, ou prazo indeterminado); capital social, número de quotas e seus
respectivos titulares; modo e tempo de realização do capital social, sendo
vedada a integralização por meio de prestação de serviços (artigo 1.055, § 2o);
administração social; participação dos sócios nos lucros; previsão de que os
sócios não respondem subsidiariamente pelas obrigações sociais. O contrato
social da sociedade limitada deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo
a registro no órgão competente.

Nome Empresarial

Por nome, a sociedade limitada pode adotar firma (razão) social ou


denominação (conforme estudado na aula sete). Optando por adotar a razão
social, serão observadas as regras aplicáveis ao nome da sociedade em nome
coletivo, atendendo ao princípio da veracidade. Ao adotar denominação
(designação), podem ser usados termos de fantasia, nome de um, alguns ou
todos os sócios, ou de terceiros que o autorize, porém em qualquer caso deve-
se acrescer o objeto social (artigo 1.158, § 2º) Em qualquer caso, é indispensável
que o nome contenha a palavra limitada, por extenso ou abreviada (ltda.), sob
pena de descaracterização do limite de responsabilidade (artigo 1.158, § 3o).

Capital Social
O capital social corresponde ao montante de contribuições dos sócios para a
sociedade, a fim de que ela possa cumprir seu objeto social e pode compreender
dinheiro ou bens suscetíveis de avaliação pecuniária (bens móveis, imóveis ou
semoventes; materiais ou imateriais). Na da sociedade limitada é dividido em
quotas (com valor expresso em moeda corrente nacional) que podem ser iguais
ou desiguais, cabendo uma ou diversas a cada sócio (artigo 1.055).
Observação.: As quotas serão iguais ou desiguais em função de seu valor. É
indiferente se a participação de um sócio em 30% docapital de uma sociedade,
cujo valor total é de R$ 100.000,00, seja
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representada por quota única no valor de R$ 30.000,00 ou 30 quotas no valor de


R$ 1.000,00.

Aumento e Diminuição do Capital Social

Não havendo qualquer objeção em lei especial, e desde que todo o capital
social tenha sido integralizado, é lícito aos sócios, mediante a aprovação de
votos que correspondam a mais de 50% do capital social alterarem o contrato
social para aumentar o capital registrado da pessoa. O capital pode ser
aumentado pelo aporte de valores novos, admissão de novo(s) sócio(s),
incorporação de lucros. Pode concretizar-se tanto pelo aumento do valor de cada
quota, quanto pela ampliação do número de quotas existentes, garantindo-se
aos sócios direito de preferência na subscrição do capital a ser aumentado. Da
mesma forma, é juridicamente possível reduzir o capital registrado, ou seja,
descapitalizar a sociedade, passando o valor correspondente para outras
rubricas de sua escrituração. Essa deliberação pode decorrer do fato de os
sócios considerarem o capital social excessivo ou a existência de perdas
irreparáveis, desde que o capital esteja totalmente integralizado.

QUOTAS

O legislador não criou qualquer limite para o capital social e para a participação
societária, dessa forma, não há capital social mínimo ou máximo; não há
percentual mínimo ou máximo para a participação de cada sócio no capital
social; não há número máximo de sócios (mínimo 2).

Subscrição e integralização das quotas


Definido o capital social da sociedade, deve o contrato social mencionar
a quota de cada sócio no capital social (subscrição) e o modo de realizá-la
(integralização).
SUBSCRIÇÃO: é aquisição quotas da sociedade, ou seja, o sócio através
do Contrato Social assume o compromisso de realizar (pagar/integralizar) pelas
quotas.
INTEGRALIZAÇÃO: é a contribuição (pagamento) do sócio ao capital
social corresponde as quotas que lhe foram designadas. Pode ser feita com bens
(móveis ou imóveis, materiais ou imateriais) ou dinheiro (moeda corrente, crédito,
etc.) devendo a forma e o tempo estarem previstos no contrato social
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Integralização das quotas


Em face da responsabilidade do sócio ser limitada as quotas subscritas, a
legislação traz diversas regras acerca de integralização com o fim de evitar
prejuízo a sociedade e seus credores. A subscrição do capital social não exige
imediata integralização, no ato de assinatura do contrato social ou no ato de
seu registro. Pode-se estabelecer desembolso imediato ou futuro, ainda que
em parcelas cujo pagamento será devido no prazo ou termo fixado pelo ato
constitutivo. Também é lícita, disse, a estipulação de modo – ou forma – para a
realização da quota, não sendo indispensável haver desembolso de dinheiro. Os
sócios podem admitir integralização pela transferência de bens ou de créditos.
Mas é preciso que os bens tenham expressão econômica e quepermitam uma
avaliação, regulando com o valor a ser realizado no capital social, sob pena de
caracterização de fraude. Todos os sócios responderão, solidariamente, pela
exata estimação dos bens que forem incorporados ao patrimônio social para a
realização de quotas, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade)

SÓCIO REMISSO: é o nome dado ao sócio que não integraliza (paga) total ou
parcialmente o valor corresponde as cotas que subscreveu. A sociedade poderá
executá-lo ou os demais sócios poderão decidir excluí-lo. Em caso de exclusão
ou a redução da sua participação societária ao montante já integralizado
(realizado) poderá implicar uma redução do capital registradopara assimilar os
valores não aportados pelo sócio

Quotas – Características

As quotas, por sua vez, apresentam as seguintes características:


Indivisibilidade: Não havendo alteração contratual e repactuação no
número e valor das quotas sociais, a quota não pode ser dividida, retirando, por
tal forma, a validade de qualquer ajuste estranho ao contrato social.
Condomínio de quota: admite-se a figura do condomínio de quota, ou
seja, que mais de uma pessoa (natural ou jurídica) seja titular de uma mesma
quota (cotitularidade). O condomínio de quotas não multiplica a participação
societária e os direitos inerentes à quota serão exercidos como se houvesse
titularidade singular, tendo os condôminos de indicar o seu representante.
Cessão de quotas: A quota é um direito pessoal com expressividade
patrimonial econômica e, assim, comporta transferência, inter vivos ou causa
mortis, desde que atendidos os requisitos legais e contratuais para tanto. Se o
cessionário é outro sócio, a transferência independe de audiência dos demais
sócios, ou seja, dispensa-se não apenas a concordância (anuência), mas mesmo
a consulta (audiência) aos demais sócios. É possível a cessão de quotas a
terceiro, estranho ao quadro societário, se não há oposição de titulares de mais
de um quarto do capital social (artigo 1.057, segunda parte),
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salvo estipulação em contrário, assim a audiência dos outros é indispensável,


certo que sócios que representem a menor unidade acima de 25% podem
recusar o ingresso do terceiro
Usufruto de quota: Quotas são bens jurídicos e, assim, passíveis de
usufruto (artigo 1.390 do Código Civil). A constituição do usufruto submete-se às
regras gerais da cessão de participação societária, incluindo sobre anuênciados
demais sócios, em conformidade com a lei ou o contrato social. Assim, haverá
um nu-titular, ou seja, um sócio a quem corresponderá apenas o direito
patrimonial sobre as quotas sociais, e um usufrutuário, a quem corresponderá o
direito de exercer as faculdades sociais das quotas
Penhor de quota: As quotas sociais podem ser dadas em penhor,desde
que não seja vedado pelo contrato social, bem como, observadas as regras
pactuadas (ex.: necessidade de aprovação pelos outros sócios).
Penhora de quota: Também é possível a penhora de cotas por ordem
judicial. Na penhora e ulterior adjudicação judicial não há cessão, mas
desapropriação judiciária com extinção da relação originária, em prejuízo do
devedor. Todavia, aquele que adjudicou as quotas não tem direito de se tornar
sócio, apenas assume a titularidade patrimonial dos títulos societários.

Órgãos Sociedade Limitada

ADMINISTRAÇÃO: o contrato social deverá definir a administração,


nomeando o(s) responsável(is) ou indicando as regras para a sua escolha,
registradas em documento apartado, público ou privado, devidamente levado a
registro público. A administração será confiada apenas a pessoas naturais
sócios ou não sócios e não estejam impedidos de exercer atividade própria de
empresário. Salvo estipulação diversa, no contrato social ou no ato de
nomeação, a constituição do administrador societário se faz por tempo
indeterminado, permanecendo o administrador societário na função até ser
destituído.

CONSELHO FISCAL: O contrato social pode instituir um conselho fiscal,


composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não,
residentes no País (artigo 1.066 do Código Civil), sendo eleitos na assembleia
anual. Seu funcionamento não prejudica, nem mitiga, os poderesda reunião
ou assembleia de sócios. Cuida-se de figura raríssima na prática do Direito
Societário, não se justificando na esmagadora maioria das sociedades limitadas,
mas sendo útil naquelas que envolvem muitos sócios, além de empresas de
grande porte.
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DELIBERAÇÕES SOCIAIS (ASSEMBLÉIA OU REUNIÃO): A reunião


ou assembleia de sócios é o órgão máximo da sociedade, com poder para
deliberar todas as matérias, nos limites da lei e do contrato, embora devendo
respeitar os percentuais mínimos para aprovação de certas matérias. Mesmo
nas sociedades em que há administração coletiva (designadamente sob aforma
conjunta ou simultânea), são distintos os atos de administração e as
deliberações sociais. Dependem da deliberação dos sócios, além de outras
matérias indicadas na lei ou no contrato (1) a aprovação das contas da
administração; (2) a designação dos administradores, quando feita em ato
separado; (3) a destituição dos administradores; (4) o modo de suaremuneração,
quando não estabelecido no contrato; (5) a modificação do contrato social; (6) a
incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de
liquidação; (7) a nomeação e destituição dos liquidantes e o julgamento das
suas contas; (8) o pedido de recuperação de empresa, dentre outros.
As deliberações sociais são tomadas pela maioria dos votos, contados
segundo o valor das quotas de cada um. A realização do encontro físico dos
sócios (reunião ou de assembleia) é dispensável sempre que todos os sócios
decidam a matéria ou matérias objeto da deliberação por escrito (artigo 1.072,
§ 3o). A reunião é forma mais simples de encontro dos sócios para deliberação.,
inexistindo regras legais específicas, podendo ser um evento informal, se o
contrato nada dispuser a respeito. A assembleia demanda respeito a certo
procedimento. Sua instalação, em primeira convocação, exigea presença de no
mínimo 75% do capital social; não atingido tal quórum, a instalação se fará, em
segunda convocação, com qualquer número de sócios, independentemente de
sua participação societária e será presidida e secretariada por sócios escolhidos
entre os presentes, observando a pauta da convocação e, ao final, lavrado no
livro de atas da assembleia um resumo dos trabalhos.
Convocação: Reunião ou assembleia de sócios devem ser convocadas
pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato. Também
podem convocar: os titulares de mais de um quinto do capital, quando não
atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com
indicação das matérias a serem tratadas; o conselho fiscal, para denunciar os
erros, fraudes ou crimes que descobrirem; se a diretoria retardar por mais de 30
dias a sua convocação anual; ou sempre que ocorram motivos graves e
urgentes.
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O anúncio de convocação da assembleia de sócios será publicado por


três vezes, ao menos, no órgão oficial da União ou do Estado, bem como em
jornal de grande circulação. Entre a data da primeira inserção e a da realização
da assembleia, deverá mediar o prazo mínimo de oito dias, para a primeira
convocação, e de cinco dias, para as posteriores. Não há determinação legal
para que a reunião ou assembleia realize-se com a presença física dos sócios,
sendo lícito realizá-la usando qualquer meio de comunicação, como
videoconferência ou até a Internet.
Participação e votação: Todos os sócios têm o direito, mas não o dever,
de participar (pessoalmente ou por seu representante) das reuniões ou
assembleias societárias. Apenas os administradores têm o dever de
comparecer, salvo os não sócios que sejam dispensados.

DISSOLUÇÃO TOTAL

A dissolução da sociedade limitada ocorre de forma total: a)vencimento do


prazo de duração, embora possa haver imediata prorrogação por prazo
indeterminado quando, vencido o prazo previsto ou verificado o termo assinalado
para a existência social, não entrar a sociedade em liquidação, nem qualquer
sócio se opuser ao prosseguimento de suas atividades;b)deliberação
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unânime dos sócios nesse sentido, esteja contratada por prazo determinado ou
indeterminado; c) a deliberação favorável da maioria absoluta dos sócios
também a extingue, quando contratada por prazo indeterminado ; d) Insolvência
civil ou a falência,

DISSOLUÇÃO PARCIAL

No plano da chamada dissolução parcial, além das causas genéricas das


sociedades contratuais (estudadas no módulo anterior), há uma específica,
qual seja, a resolução da sociedade em relação a sócios minoritários: Prevê o
artigo 1.085 do Código Civil, uma hipótese de exclusão disciplinar,
especificamente para a sociedade limitada, que, quando a maioria dos sócios,
representativa de mais da metade do capital social, entender que um ou mais
sócios estão pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de
inegável gravidade, poderá excluí-los da sociedade, mediante alteração do
contrato social, desde que prevista neste a exclusão por justa causa. A
exclusão, aqui, é extrajudicial, ou seja, concretiza-se por meio de
procedimento privado. No plano formal, a validade da deliberação de resolução
do contrato em relação a um ou mais sócios pela prática de ato ou omissão de
inegável gravidade, pondo em risco a continuidade da empresa, exige a
convocação de reunião ou assembleia especialmente para esse fim, bem como
de ser o sócio especialmente convocado não só sobre a sua realização, mas
também para que, comparecendo, exerça seu direito de defesa São basicamente
os seguintes requisitos a serem observados no procedimento de exclusão
extrajudicial de sócio faltoso:

 que o sócio seja minoritário;

 previsão expressa no contrato social;

 prática de atos de inegável gravidade por parte de determinado sócio;

 convocação de assembleia ou reunião específica;

 cientificação do acusado com antecedência suficiente para possibilitar o


seu comparecimento e defesa; e

 quorum de maioria absoluta.

Liquidação e apuração dos haveres


Após a dissolução total seguem-se as fases de liquidação e partilha,
enquanto à dissolução parcial segue-se as fases de apuração de haveres e
reembolso. O objetivo da liquidação é a realização do ativo e o pagamento do
passivo da sociedade. A liquidação poderá processar-se judicial ou
extrajudicialmente, independentemente da forma assumida pela dissolução.
Durante a liquidação, a sociedade empresária sofre restrição em sua
personalidade jurídica, autorizada apenas à prática dos atos tendentes à
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solução de suas pendências obrigacionais. Nesse período, o órgão responsável


pela manifestação da vontade da pessoa jurídica não será mais o administrador,
e sim o liquidante. Realizado o ativo e pago o passivo, o patrimônio líquido
remanescente será partilhado entre os sócios, proporcionalmente à participação
de cada um no capital social, se outra razão não houver sido acordada - seja no
contrato social, seja em ato posterior. Concluída a partilha, encerra-se o
processo de extinção da sociedade empresária, com a perda de sua
personalidade jurídica. Os objetivos da apuração dos haveres não são os
mesmos que os da liquidação. A sociedadedeve apurar os haveres do sócio
desvinculado e pagar-lhe (nos prazos contratualmente previstos ou à vista, em
caso de omissão do contrato), ou aos seus sucessores, a parte do seu patrimônio
líquido que corresponder à proporção da cota liberada em relação ao capital
social.

DISSOLUÇÃO DE FATO

Na dissolução de fato, os sócios deixam de observar os procedimentos


previstos em lei para encerramento da atividade empresarial, limitam-se a
vender precipitadamente o acervo e encerrar as atividades em prejuízo dos
credores (civis, fiscais e trabalhistas). Tal comportamento é causa de decretação
da falência da sociedade (Lei de Falência, art. 94, III, f), pode configurar crime
falimentar e/ou tributário, bem como, possibilita a responsabilidade solidária
(inclusive com os bens pessoais) pelas dívidas e prejuízos decorrentes deste
comportamento.
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DISCIPLINA

Direito Societário
PROFESSOR

Daiane Aguiar

Conceito
A sociedade anônima é nome dado entidade jurídica (empresa com fins
lucrativos) cujo capital social é divido em ações que conferem aos proprietários
(acionistas) direitos econômicos e/ou políticos, bem como, responsabilidade
limitada ao preço da emissão das ações.

A Lei 6.404/1976
No Brasil, as sociedades anônimas são regidas por lei específica: Lei
6.404/1976, (LSA) que foi editada após um momento bastante delicado da
economia nacional (boom de 1971
http://www.administradores.com.br/artigos/economia-e-financas/o-boom-da-
bolsa-do-rio-de-janeiro/77369/), marcado pela grande especulação que tomou
conta das bolsas de valores e acarretou sérios prejuízos aos investidores
populares. A LSA veio como o objetivo de garantir maior proteção aos
acionistas minoritários e mais segurança para o desenvolvimento do mercado
de capitais, atingido por uma onda de descrédito em decorrência dos
acontecimentos.
Desde sua edição, sofreu apenas algumas alterações em sua redação,
provocadas pelas Leis 9.457/1997, que a preparou para o processo de
privatizações; 10.303/2001, que procurou proteger os interesses dos acionistas
minoritários e tornar o mercado de capitais mais seguro e atrativo para os
investidores; 11.638/2007 e 11.941/2009, que, basicamente, trouxeram novas
regras acerca da elaboração e da divulgação das demonstrações financeiras
desse tipo societário; 12.431/2011 e 13.129/2015, que lhe trouxeram
modificações e acréscimos pontuais (governança corporativa). Numera-se as
alterações para melhor entendimento:
1. Lei 9.457/1997, que a preparou para o processo de privatizações;
2. Lei 10.303/2001, que procurou proteger os interesses dos acionistas
minoritários e tornar o mercado de capitais mais seguro e atrativo para os
investidores;
3. Leis11.638/2007 e 11.941/2009, que, basicamente, trouxeram novas
regras acerca da elaboração e da divulgação das demonstrações financeiras
desse tipo societário;
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4. Leis 12.431/2011 e 13.129/2015, que lhe trouxeram modificações e


acréscimos pontuais (governança corporativa).

Características das sociedades anônimas


Estatuto Social: a disciplina jurídica da sociedade por ações, para além do
que se encontra em lei, deverá ser disciplinada no estatuto social, aprovado
quando da assembleia de fundação da sociedade e levado a registro, dando
surgimento à respectiva pessoa jurídica.
Essência empresarial: Dispõe o Código Civil, em seu art. 982, parágrafo
único, que as sociedades por ações são é considerada uma sociedade
empresária independentemente do seu objeto social. Portanto, ainda que uma
determinada S/A não explore atividade econômica ela será empresária e se
submeterá, pois, às regras do regime jurídico empresarial.
Identificação exclusiva por denominação: outra característica específica da
S/A é a sua identificação exclusiva por denominação (MODULO 6 - NOME
EMPRESARIAL), sendo vedada a utilização de firma social. A legislação é
expressa ao apontar no art. 1.160 do Código Civil e art. 3º da LSA: “a
sociedade anônima opera sob denominação designativa do objeto social,
integrada pelas expressões ‘sociedade anônima’ ou ‘companhia’, por extenso
ou abreviadamente”.
Natureza capitalista: A sociedade anônima é a sociedade de capital por
excelência. Tem como característica intrínseca a sua feição eminentemente
capitalista, ou seja, nela a entrada de estranhos ao quadro social independe
da anuência dos demais sócios. Atualmente não se pode mais afirmar
categoricamente que toda sociedade anônima é necessariamente uma
sociedade de capital, pois é possível que assuma uma feição personalista, por
meio de regras estatutárias, como as que impõem a limitação de circulação de
ações nominativas (art. 36 da LSA) ou por meio de acordos de acionistas (art.
118 da LSA).
Responsabilidade limitada dos acionistas: Os acionistas respondem tão
somente pela integralização de suas ações, não havendo, para eles, a previsão
de responsabilidade solidária quanto à integralização de todo o capital social ou
pelas dívidas da sociedade.
Escrituração formal: Nas S/As a legislação impõe maiores
formalidades/exigências na escrituração mercantil da companhia e as
demonstrações financeiras deverão exprimir com clareza a situação do
patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício, através do: (1)
balanço patrimonial; (2) demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; (3)
demonstração do resultado do exercício; e (4) demonstração dos fluxos de
caixa; (5) demonstração do valor adicionado.
Livros sociais: A companhia deve ter, por estipulação do artigo 100 da Lei das
Sociedades Anônimas, além dos livros obrigatórios a qualquer empresa
diversos outros livros revestidos das mesmas formalidades legais (vide art. 100
da LSA: https://www.jusbrasil.com.br/topicos/11513504/artigo-100-da-lei-n-
6404-de-15-de-dezembro-de-1976)
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Classificação das sociedades anônimas:


Segundo o art. 4.º da LSA, “a companhia é aberta ou fechada
conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não
admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários”.
Aberta: têm seus papéis (ações, debêntures etc.) oferecidos ao
público em geral, sendo negociados no mercado aberto (Bolsa de
Valores, mercado de balcão organizado) e estão submetidas a
registro específico, controle e fiscalização mais rígidos pela
Comissão de Valores Mobiliários – CVM (autarquia federal ligada
ao Ministério da Fazenda que atua, junto ao Banco Central, no
controle e fiscalização das operações realizadas no mercado de
capitais), o que é feito para proteger a economia nacional e os
investidores em geral.
Fechada: os títulos de companhias fechadas circulam de forma
restrita, sem oferta pública. Embora seus títulos possam circular
sem necessitar da aprovação dos demais sócios, não pode haver
oferta dirigida indistintamente ao público em geral, usando meios
de comunicação.
No art. 294 da LSA está prevista a intitulada “ ,
são companhias fechadas ue ostentam menos de vinte acionistas e com
patrimônio l uido inferior a . . , um milhão de reais) e a lei traz
algumas facilidades burocráticas para as atividades sociais.

Instituição (ou Fundação)


Sendo a sociedade anônima, como visto, uma sociedade institucional,
e não contratual, ela se constitui não por meio de um contrato social, mas de
um ato institucional ou estatutário (estatuto social). E mais: ausente a
contratualidade, a fundação da sociedade anônima deve seguir uma série de
requisitos formais previstos na legislação acionária.
Obviamente, pode existir a fundação de sociedades por ações que
rompam com essa lógica (cia fechada familiar), assemelhando-se às
sociedades contratuais, com mútuo reconhecimento e aceitação entre os
sócios, porém essas particularidades não são suficientes para negar o regime
legal aplicável às companhias.
A LSA dividi a fundação em duas etapas distintas: na primeira, devem
ser observados os chamados requisitos preliminares, na segunda, devem
ser observadas algumas formalidades complementares.

Requisitos Preliminares
I – Subscrição, pelo menos por 2 (duas) pessoas, de todas as ações em
que se divide o capital social fixado no estatuto. Trata-se da exigência
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da pluralidade de sócios para a constituição de uma sociedade anônima, não


sendo permitida a criação de sociedade anônima unipessoal, com exceção da
chamada sociedade subsidiária integral, disciplinada pelo art. 251 da LSA. Em
se tratando de companhia aberta, o número é de três pessoas físicas (mínimo
de membros do Conselho de Administração).
II – realização, como entrada, de 10% (dez por cento) (observação: para as
instituição financeiras é exigido 50%), no mínimo, do preço de emissão das
ações subscritas em dinheiro.
III – depósito, no Banco do Brasil S/A., ou em outro estabelecimento
bancário autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, da parte do
capital realizado em dinheiro. O depósito deverá ser feito pelo fundador, no
prazo de 5 (cinco) dias contados do recebimento das quantias, em nome do
subscritor e a favor da sociedade em organização, que só poderá levantá-lo
após haver adquirido personalidade jurídica

Subscrição do Capital
PARTICULAR: Em se tratando de companhias fechadas,
o procedimento é simplificado, uma vez que é realizado por meio de subscrição
particular, sem a captação de recursos junto a investidores no mercado de
capitais e são considerados fundadores todos os subscritores. Podendo ser
adotada: (i) a realização de assembléia dos subscritores ou (ii) a lavratura de
escritura pública em cartório.
PÚBLICA: As companhias abertas se constituem por meio de
subscrição pública de ações. Nessa modalidade de constituição, exigem-se
algumas formalidades específicas, tais como (i) o registro prévio na Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), (ii) a colocação das ações à disposição dos
investidores interessados; e (iii) a realização de assembleia inicial de fundação.
O fundador de uma companhia aberta deverá necessariamente contratar os
serviços de uma instituição financeira para colocar as ações junto aos
investidores e cuidar dos documentos a serem apresentados à CVM: o estudo
de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; o projeto do
estatuto social; (art. 83, LSA) o prospecto, organizado e assinado pelos
fundadores e pela instituição financeira intermediária (art.84. LSA)
Procedimento de subscrição das ações: Os artigos 89 a 93 da LSA
trazem as regras gerais do procedimento de subscrição, seja pública ou
privada:

Art. 89. A incorporação de imóveis para formação do capital


social não exige escritura pública.
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Art. 90. O subscritor pode fazer-se representar na assembléia-


geral ou na escritura pública por procurador com poderes
especiais.

Art. 91. Nos atos e publicações referentes a companhia em


constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláusula
"em organização".

Art. 92. Os fundadores e as instituições financeiras que


participarem da constituição por subscrição pública
responderão, no âmbito das respectivas atribuições, pelos
prejuízos resultantes da inobservância de preceitos legais.

Parágrafo único. Os fundadores responderão, solidariamente,


pelo prejuízo decorrente de culpa ou dolo em atos ou
operações anteriores à constituição.

Art. 93. Os fundadores entregarão aos primeiros


administradores eleitos todos os documentos, livros ou papéis
relativos à constituição da companhia ou a esta pertencentes.

Integralização das Ações


A subscrição é ato por meio do qual o subscritor/acionista se obriga, com
a companhia, a integralizar (pagar) determinado valor para a formação do
Capital Social e, em contrapartida, assume a condição de titular das
respectivas ações.
Integralização por incorporação de bens: O capital social da
companhia pode ser integralizado não só a partir de contribuições em dinheiro,
mas igualmente pela incorporação de qualquer espécie de bens suscetíveis de
avaliação em dinheiro (artigo 7o da Lei 6.404/76). A dação de bens em
integralização segue o seguinte rito: (1) o acionista oferece, por determinado
valor, aos fundadores da companhia; (2) Caso aceitos, será realizada a
avaliação (três peritos ou por empresa especializada); (3) Se o subscritor
aceitar o valor e a assembleia aprovar (bem e respectivo valor), os bens
incorporar-se-ão ao patrimônio da companhia, competindo aos primeiros
diretores cumprir as formalidades necessárias à respectiva transmissão. Caso
a integralização por incorporação de bens imóveis não é necessários Escritura
Pública, bastando levar para o Registro de Imóveis a ata da assembleia que
aprovou.
ACIONISTA REMISSO: Considera-se acionista remisso àquele que está
em atraso com sua obrigação de integralizar o capital, sendo facultado à
companhia executá-lo pelas importâncias devidas, servindo o boletim de
subscrição e o aviso de chamada como título extrajudicial. A companhia
poderá, em lugar de cobrar os valores, optar por mandar vender, em Bolsa de
6

Valores, por conta e risco do acionista, as ações não integralizadas (artigo 107,
II, da Lei 6.404/76). Não se trata de negociação habitual de valores
mobiliários admitidos no mercado aberto, mas de leilão especial na Bolsa de
Valores do lugar da sede social.

Formalidades complementares

A fase denominada pela lei de formalidades complementares da


constituição compreende:
1) REGISTRO NA JUNTA COMERCIAL
Companhia Constituída por Assembleia: deverão ser arquivados no registro
do comércio do lugar da sede: I - um exemplar do estatuto social, assinado por
todos os subscritores ou, se a subscrição houver sido pública, os originais do
estatuto e do prospecto, assinados pelos fundadores, bem como do jornal em
que tiverem sido publicados; II - a relação completa, autenticada pelos
fundadores ou pelo presidente da assembleia, dos subscritores do capital
social, com a qualificação, número das ações e o total da entrada de cada
subscritor; III - o recibo do depósito do capital integralizado com dinheiro; IV -
duplicata das atas das assembléias realizadas para a avaliação de bens
quando for o caso; V - duplicata da ata da assembléia-geral dos subscritores
que houver deliberado a constituição da companhia.
Companhia Constituída por Escritura Pública: bastará o arquivamento de
certidão da Escritura.

2) PUBLICAÇÃO NA IMPRENSA DOS ATOS CONSTITUTIVOS: Caberá à


Junta Comercial examinar se as prescrições legais foram observadas, bem
como, se no estatuto existem cláusulas contrárias à lei, à ordem pública e aos
bons costumes. Deferido o arquivamento, os administradores devem
providenciar a publicação de tais atos na imprensa oficial de sua localidade nos
30 (trinta) dias subsequentes.
Observação.: correndo a negativa do registro, competirá aos primeiros
administradores convocar imediatamente a assembleia geral para sanar a falta
ou a irregularidade, ou, ainda, autori ar as provid ncias ue para esse fim se
apresentarem necessárias.

Capital Social e Ações


A sociedade por ações demanda um patrimônio econômico que viabilize
a realização de seu objeto social: bens materiais (coisas imóveis e móveis) e
imateriais (direitos pessoais patrimoniais com expressividade econômica). Esse
patrimônio forma-se a partir do investimento dos sócios, constituindo o capital
social que, de resto, deverá constar do estatuto social e, ademais, orientar a
escrituração contábil da companhia. As ações são partes (pedaços) do
capital social à qual corresponde uma parcela proporcional do acervo
7

patrimonial, se dissolvida e liquidada a sociedade, além de direitos e deveres


sociais.

Classificação das ações


As ações são os valores mobiliários mais importantes das sociedades
anônimas, porque representam parcela do capital social e conferem aos seus
titulares a condição de acionistas da companhia. Existem duas classificações
importantes das ações de uma S/A: uma que leva em conta os direitos e
obrigações que elas conferem aos seus titulares, e outra que leva em
consideração a forma de transferência.

Classificação (direitos e obrigações)


a) ordinárias: são aquelas que conferem aos seus titulares direitos comuns,
ordinários, dentre outros, o direito de voto, O ordinarialista, como é chamado
o titular de uma ação dessa espécie, não possui, portanto, nenhum direito
especial ou vantagem em relação aos demais sócios, mas também não se
sujeita a nenhuma restrição, como acontece com titulares de outras espécies
de ação.
b) preferenciais: confere ao seu titular, chamado de preferencialista, uma
preferência ou vantagem em relação aos ordinarialistas. Em contrapartida, o
estatuto pode retirar ou restringir alguns dos direitos normalmente conferidos
aos titulares de ações ordinárias, inclusive o direito de voto. No entanto, é
preciso destacar que essas restrições que podem ser impostas aos
preferencialistas e devem vir expressamente consignadas no
estatuto, porém jamais poderão privar o titular da ação preferencial dos seus
direitos fundamentais de acionista. Os art. 17 e 18 da LSA estabelecem que
essas preferências ou vantagens podem consistir: (1) prioridade na distribuição
de dividendo, fixo ou mínimo; (2) prioridade no reembolso do capital, com
prêmio ou sem ele; (3) as duas preferências de forma simultânea; e (4)
vantagens políticas.
b.1) Golden Share: Trata-se de uma categoria especial de ação
preferencial, acrescentada na LSA pela reforma de 2001 (Lei 10.303/2001)
e usada no processo de privatização das companhias estatais brasileiras,
permitindo que o Estado alienasse o controle das companhias, mas
conservasse essas ações preferenciais especiais com direito de veto em
determinadas deliberações
c) de fruição: conferem apenas direitos de gozo ao seu titular, e são emitidas
em substituição a ações ordinárias ou preferenciais que foram
totalmente amortizadas.

Classificação (forma de transferência)


a) ações nominativas: são aquelas que se transferem mediante registro
levado a efeito em livro específico escriturado pela S/A para tal finalidade
(livro Registro de ações nominativas). O registro no livro é condição
indispensável para que se opere validamente a transferência da propriedade da
8

ação, sendo um ato formal e solene o comparecimento do vendedor e do


comprador – ou de seus representantes – à companhia para assinatura do
livro). Caso a ação seja negociada na bolsa de valores, o vendedor será
representado pela corretora
b) ações escriturais, previstas no art. 34 da LSA, são mantidas em contas
de depósito junto a instituições financeiras designadas pela própria companhia.
Estas ações, ao contrário das ações nominativas, não possuem certificado –
na verdade elas sequer se materializam num documento, sendo incorpóreas –
nem exigem muita solenidade para a sua transferência. Elas se transferem
pelo lançamento efetuado pela instituição depositária em seus livros e a
propriedade é comprovada pela exibição do extrato da conta de depósito de
ações que a instituição financeira fornece ao seu titular.
OBS.: Até 1990, as ações, quanto à forma de transferência, podiam ser de
quatro tipos distintos: além das já, havia também as ações endossáveis,
transmissíveis por endosso praticado no próprio certificado, e as ações ao
portador, transmissíveis pela mera tradição desse documento. Todavia, a Lei
8.021/1990 determinou que, no prazo de dois anos a partir da sua vigência, as
ações endossáveis e ao portador fossem retiradas de circulação

Valor da Ação
Para a ação podem ser atribuídos pelos menos cinco valores diferentes:

a) valor nominal: O valor nominal da ação é alcançado por meio de uma


simples operação aritmética: divide-se o capital social total da S/A – calculado
em moeda corrente – pelo número total de ações por ela emitidas e tem-se,
com precisão, o valor nominal de cada uma delas.
b) valor patrimonial (ou real): É apurado levando-se em conta o patrimônio
líquido da sociedade anônima, dividindo-se o patrimônio líquido da companhia
pelo número de ações e obtém-se, assim, o valor patrimonial de cada uma
delas.
c) valor de negociação: É a vontade das partes –
vendedor e comprador – que definirá o valor da ação. o valor de negociação
da ação se subdivide em: (i) valor de negociação privada; e (ii) valor de
mercado. O primeiro se refere às ações negociadas fora do mercado aberto de
capitais. O segundo, também chamado de valor bursítico ou valor de
cotação, refere-se às ações de companhias abertas negociadas no âmbito do
mercado de capitais (bolsa de valores e o mercado de balcão).
d) valor econômico: É aquele que os peritos entendem, após a elaboração
de estudos técnicos específicos, que as ações possivelmente valeriam se
fossem postas à venda no mercado de capitais. Dentre os métodos usados
pelos especialistas para o cálculo do valor econômico da ação, merece
destaque o método do fluxo de caixa descontado.
e) valor de emissão: É aquele estipulado unilateralmente pela companhia
emissora, que também estabelecerá todas as condições para o seu pagamento
por parte do subscritor, ou seja, é o valor que o investidor entrega à sociedade
a título de subscrição/integralização da ação adquirida.
9

VALORES MOBILIÁRIOS
Além das ações, as sociedades anônimas também emitem outros
valores mobiliários. Trata-se do processo denominado securitização, trazendo
vantagens para a EMPRESA (instrumento de captação de recursos no
mercado de capitais) e para os TITULARES (oportunidade de investimento).
Debêntures: é uma espécie de valor mobiliário que conferem ao seu
titular um direito de crédito certo contra a companhia, nos termos do que
dispuser a sua escritura de emissão ou o seu certificado. A grosso modo, um
contrato de mútuo/empréstimo que a companhia faz com os investidores
adquirentes. Assim, diz-se que aquele que subscreve a debênture está
emprestando à sociedade anônima o valor, e esta, a partir do momento em que
emite a debênture, assume o dever de pagar posteriormente a este o valor
acrescido de vantagens, tais como, juros (fixos ou variáveis), participação no
lucro da companhia, prêmio de reembolso e até conversão em ações. Existem
quatro tipos: (i) com garantia real; (ii) com garantia flutuante; (iii) quirografárias;
e (iv) subordinadas.
Partes beneficiárias: são títulos emitidos exclusivamente pelas
companhias fechadas que conferem aos seus titulares (pessoas estranhas ao
capital social) apenas o direito na participação nos lucros anuais e eventual
crédito depende de o resultado da companhia, no respectivo exercício social,
ter sido positivo, pois do contrário não haverá lucros a serem partilhados.
Bônus de subscrição: trata-se de outro valor mobiliário emitido pelas
companhias, menos conhecido do que os demais, o qual assegura ao seu
titular o direito de preferência na subscrição de novas ações. Explica-se: uma
sociedade com muitos investidores interessados em se tornarem seus
acionistas, as suas estarão muito valorizadas. Diante dessa realidade,
sabendo-se que a sociedade irá emitr de novas ações, ela emite estes bônus
de subscrição, captando recursos junto a investidores interessados em adquirir
as futuras ações. O bônus não confere aos seus titulares a ação, mas apenas
um direito de preferência na sua subscrição, e terá de pagar, obviamente, o
preço de emissão da ação.
Notas promissórias: esses títulos têm prazo mais curto, estipulando o
pagamento, habitualmente, para 180 dias a um ano, e estipulam a taxa de juros
que remunerará os investidores/credores, sendo corriqueiro estabelecer um
percentual superior aos índices correntes do mercado, como a taxa paga aos
certificados de depósito interbancário (CDI). As companhias que recorrem a
esse instrumento jurídico de captação de recursos, normalmente, fazem-no
10

tendo em vista a necessidade imediata de captação, pois a emissão de notas


promissórias é bem mais simples do que a emissão de debêntures

Abertura e Fechamento do Capital Social


A abertura de capital de uma sociedade já existente deve atender às
normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários, idênticas as exigidas
para constituição de uma sociedade anônima aberta. A abertura de capital
(conhecida no mercado como IPO, sigla que se refere à expressão initial
public offer) de uma companhia é um importante instrumento de captação de
recursos, e seus participantes não se tornarão credores da companhia, mas
sócios e partes interessadas no sucesso da empresa, pois é dele que advirá o
retorno do investimento feito por eles.
Os administradores e os sócios responsáveis por essa operação devem
ter cuidado para informarem adequadamente o mercado sobre a situação da
companhia e os riscos a que está submetida, transmitindo dados concretos que
tracem uma imagem que corresponda àquilo que é vivido pela empresa, sob
pena de responderem pelos que falsearem, omitirem e, até mesmo, pelo que
não foi completa e adequadamente informado.
É indispensável a realização de auditorias contábeis e diligências para
atestar a veracidade das informações fornecidas para o mercado, respondendo
os auditores pela inexatidão de seus lados. Os danos advindos da inadequação
de informações atingem tanto àqueles que adquiram os títulos, quanto ao
mercado em geral, permitindo a atuação cível, administrativa e penal do
Ministério Público.
A abertura da companhia é reversível, por meio do cancelamento do
registro para negociação de ações no mercado. Aliás, abrir ou fechar o capital
é uma decisão estratégica da coletividade social. O fechamento do capital, com
o cancelamento do registro para negociação de ações no mercado aberto, só
será deferido se for feita oferta pública para aquisição da totalidade das
ações em circulação no mercado, ocupando a legislação atenção especial
aos laudos de avaliação que orientam estas operações.
O artigo 4o-A da Lei 6.404/76 prevê que 10%, no mínimo, das ações em
circulação no mercado (todas as ações menos as de propriedade do acionista
controlador, de diretores, de conselheiros de administração e as em
tesouraria), não importa sua espécie ou classe, poderão requerer aos
administradores da companhia que convoquem assembleia especial dos
acionistas titulares de ações em circulação no mercado, para deliberar sobre a
realização de nova avaliação pelo mesmo ou por outro critério, para efeito de
determinação do valor de avaliação da companhia. Finda a oferta pública, se
11

remanescerem em circulação menos de 5% do total das ações emitidas


pela companhia, a assembleia geral poderá deliberar o resgate dessas
ações pelo valor da oferta, depositando-o em estabelecimento bancário
autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários, à disposição dos seus
titulares.

Mercado de Capitais
O mercado de capitais – ou mercado de valores mobiliários – é o “local”
onde se efetuam as diversas operações envolvendo os valores mobiliários
emitidos pelas companhias abertas. Como a sociedade anônima é, uma
sociedade de capital por excelência, suas ações são o principal valor mobiliário
emitido pelas companhias – são livremente negociáveis. Assim, em razão da
constante negociação das ações e dos demais valores mobiliários que as
companhias emitem, formou-se ao longo dos anos um verdadeiro mercado no
qual essas operações de compra e venda são desenvolvidas. Costuma-se
classificar o mercado de capitais em primário (operações de subscrição e
emissão de ações e outros valores mobiliários) e secundário (operações de
compra e venda desses valores). No Brasil, destacam-se os seguintes
órgãos/entidades:
1. Conselho Monetário Nacional: Para a regulação do mercado aberto de
valores mobiliários, desempenha papel fundamental o Conselho Monetário Nacional,
criado pela Lei 4.595/64, que regulamenta todo o sistema financeiro. Compete ao
Conselho Monetário Nacional definir a política a ser observada na organização e no
funcionamento do mercado de valores mobiliários; regular a utilização do crédito nesse
mercado; fixar a orientação geral a ser observada pela Comissão de Valores
Mobiliários no exercício de suas atribuições; definir as atividades da Comissão de
Valores Mobiliários que devem ser exercidas em coordenação com o Banco Central do
Brasil.
2. Comissão de Valores Mobiliários (CVM): é uma entidade autárquica
federal de natureza especial, com qualidade de agência reguladora., inspirada
na Securities and Exchange Comission do direito norte-americano. A
competência da CVM no controle e na fiscalização do mercado de capitais é exercida,
pode-se dizer, de três diferentes formas: a) regulamentar, uma vez que estabelece o
regramento geral relativo ao funcionamento do mercado de capitais; b) autorizante,
uma vez que autoriza a constituição de companhias abertas e a emissão e negociação
de seus valores mobiliários; e c) fiscalizatória, pois zela pela lisura das operações
realizadas no mercado de capitais, sendo investida, para tanto, de poderes
sancionatórios.
3. Bolsa de Valores: Trata-se de associação privada formada por sociedades
corretoras que, por meio de autorização da CVM, presta serviço de interesse público
inegável, consistente na manutenção de local adequado à realização das operações
de compra e venda dos diversos valores mobiliários emitidos pelas companhias.
4. Mercado de Balcão: Compreende toda e qualquer operação do
mercado de capitais realizada fora da bolsa de valores, ou seja, são as
sociedades corretoras e instituições financeiras autorizadas pela CVM. Há que se
distinguir ainda o simples mercado de balcão (mercado de balcão não
12

organizado), cujas operações são realizadas por sociedades corretoras e instituições


financeiras autorizadas, e o Mercado de Balcão Organizado (MBO), composto no
Brasil pela Sociedade Operadora do Mercado de Acesso (SOMA), companhia criada
especialmente com a finalidade de manter um sistema que viabilize as operações de
compra e venda de valores mobiliários.
1

DISCIPLINA

Direito Societário
PROFESSORA

Daiane Aguiar

SOCIEDADE ANÔNIMA – Parte 2

Estrutura da Sociedade Anônima


A Sociedade Anônima deverá ter uma estrutura organizacional composta
de: ASSEMBLÉIA GERAL, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO (facultativo em
caso de Companhia Fechada), DIRETORIA e CONSELHO FISCAL, que terão,
além das atribuições fixadas na Lei 6.404/76, aquelas determinadas no
ESTATUTO SOCIAL.

Assembleia Geral
A Assembleia geral, regulada pelo art. 121 da LSA, é o órgão máximo
das Sociedades Anônimas e possui “poderes para decidir todos os negócios
relativos ao objeto da companhia e tomar as resoluções que julgar
convenientes à sua defesa e desenvolvimento”. Ela é composta de todos os
acionistas da sociedade que, tendo ou não direito a voto, para ela devem ser
convocados. Ainda, por mais que as decisões tomadas em assembleia geral
sejam fruto da manifestação de vontade dos diversos acionistas nela
presentes, se caracterizando como um processo de tomada de decisão
coletivo, a deliberação em si trata-se de ato singular e unitário da sociedade,
que é praticado por uma só pessoa, qual seja, a própria sociedade.
A legislação prevê a Assembleia Geral Ordinária (AGO) ou
Extraordinária (AGE).

Convocação de Assembleia Geral


COMPETÊNCIA PARA CONVOCAÇÃO DA ASSEMBLEIA: Como
regra geral, a convocação da assembleia geral compete ao conselho de
administração da companhia, se houver, ou aos seus diretores, observado o
disposto no estatuto social.
CONVOCAÇÃO PELO CONSELHO FISCAL: O conselho fiscal poderá
convocar a AGO quando os órgãos da administração retardarem por mais de
30 dias a convocação, e a AGE, sempre que ocorrerem motivos graves ou
urgentes, incluindo na agenda das assembleias as matérias que considerarem
necessárias.
2

CONVOCAÇÃO PELOS ACIONISTAS: Nos casos previstos em lei ou


no estatuto, a convocação da assembleia geral poderá ser feita por qualquer
acionista, quando os administradores retardarem a sua convocação, por mais
de 60 dias. A assembleia geral também poderá ser convocada por acionistas
que representem, no mínimo:

a) 5% do capital social, quando os administradores não atenderem, no prazo de


8 dias, a pedido de convocação que apresentarem, devidamente
fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas;
b)
5% do capital votante, ou 5%, no mínimo, dos acionistas sem direito a voto,
quando os administradores não atenderem, no prazo de 8 dias, a pedido de
convocação de assembleia para instalação do conselho fiscal.

AGO – Assembleia Geral Ordinária


Assembleia-Geral Ordinária (AGO): Todos anos, até 4 (quatro) meses após o
exercício social, deverá ser convocada (pelos administradores da cia) uma
AGO para tratar exclusivamente de:
I - tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e votar as
demonstrações financeiras;
II - deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de
dividendos;
III - eleger os administradores e os membros do conselho fiscal, quando for o
caso;
IV - aprovar a correção da expressão monetária do capital social (artigo 167).
A assembleia-geral ordinária somente terá por objeto as matérias acima. A lei
autoriza que AGE (Assembleia Geral Extraordinária) seja, cumulativamente,
convocada e realizadas no mesmo local, data e hora, instrumentadas em ata
única, com o objetivo de deliberar outras matérias. Para a realização dessa
assembleia certos cuidados devem ser tomados para que não ocorram
nulidades capazes do desfazer o ato. Primeiramente os administradores devem
comunicar, até 1 (um) mês antes da assembleia geral ordinária, por anúncios
publicados na forma prevista no art. 124, que se acham à disposição dos
acionistas: (i) – o relatório da administração sobre os negócios sociais e os
principais fatos administrativos do exercício findo; (ii) - a cópia das
demonstrações financeiras; (iii) - o parecer dos auditores independentes, se
houver; (iv) - o parecer do conselho fiscal, se houver; (v) – os demais
documentos pertinentes a assuntos incluídos na ordem do dia. Além dessa
providência, a companhia deve publicar, até cinco dias antes da assembleia
geral, os documentos acima indicados nos itens (i), (ii) e (iii).
Ressalvadas as exceções previstas em lei, o quórum de instalação da
Assembleia Geral em primeira convocação, com a presença de acionistas que
representem, no mínimo, 1/4 (um quarto) do capital social com direito de voto;
e em segunda convocação instalar-se-á com qualquer número. A confirmação
do quorum para realização da assembleia geral ocorre por meio da assinatura
3

do Livro de Presença. Iniciada a AGO serão lidos (os relatórios da


administração - negocial e financeiro -, os pareceres do conselho fiscal e
auditoria), discutidos e votados.
Quanto ao quórum de deliberação, a lei determina que as deliberações
serão tomadas por maioria absoluta de votos dos acionistas presentes, não
sendo computados os votos em branco. Em sede de companhia aberta, há
exceções previstas em lei quanto a maioria absoluta para aprovação, já nas
companhias fechadas, o estatuto poderá elencar situações e matérias que
exigirá uma maioria ampliada, ou seja, um quórum qualificado para aprovação
de determinadas matérias.
A aprovação, sem reserva, das demonstrações financeiras e das contas,
exonera de responsabilidade os administradores e fiscais, salvo erro, dolo,
fraude ou simulação. Se a assembleia aprovar as demonstrações financeiras
com modificação no montante do lucro do exercício ou no valor das obrigações
da companhia, os administradores promoverão, dentro de 30 (trinta) dias, a
republicação das demonstrações, com as retificações deliberadas pela
assembleia; se a destinação dos lucros proposta pelos órgãos de
administração não lograr aprovação), as modificações introduzidas constarão
da ata.

AGE – Assembleia Geral Extraordinária


Assembleia Geral Extraordinária (AGE), se reúne quando é
necessário deliberar alguma matéria relevante para a companhia naquele
momento. A Assembleia-Geral extraordinária (AGE) tem competência ampla,
podendo-se convocá-la a todo tempo, para apreciar qualquer matéria. Exige a
lei (art. 135, § 3º) que os documentos pertinentes às matérias que serão
debatidas sejam postos à disposição dos acionistas quando do primeiro
anuncio de convocação.

Os arts. 135 e 136 da LSA destacam as principais matérias a serem


deliberadas em AGE:

Art. 135. A assembléia-geral extraordinária que tiver por objeto a reforma do


estatuto somente se instalará em primeira convocação com a presença de
acionistas que representem 2/3 (dois terços), no mínimo, do capital com direito
a voto, mas poderá instalar-se em segunda com qualquer número.

Art. 136. É necessária a aprovação de acionistas que representem metade, no


mínimo, das ações com direito a voto, se maior quorum não for exigido pelo
estatuto da companhia cujas ações não estejam admitidas à negociação em
bolsa ou no mercado de balcão, para deliberação sobre
4

I - criação de ações preferenciais ou aumento de classe de ações preferenciais


existentes, sem guardar proporção com as demais classes de ações
preferenciais, salvo se já previstos ou autorizados pelo estatuto;

II - alteração nas preferências, vantagens e condições de resgate ou


amortização de uma ou mais classes de ações preferenciais, ou criação de
nova classe mais favorecida;

III - redução do dividendo obrigatório;

IV - fusão da companhia, ou sua incorporação em outra;

V - participação em grupo de sociedades (art. 265);

VI - mudança do objeto da companhia;

VII - cessação do estado de liquidação da companhia;

VIII - criação de partes beneficiárias;

IX - cisão da companhia;

X - dissolução da companhia.

Conselho de Administração
O Conselho de Administração (CA) é órgão facultativo de deliberação
colegiada, sendo a representação da companhia privativa dos diretores. Este
órgão estabelece a orientação geral dos negócios da sociedade através da
criação de metas e políticas e as atribuições e poderes conferidos por lei não
podem ser outorgados a outro órgão, criado por lei ou pelo estatuto. Somente
nas companhias abertas e as de capital autorizado é obrigatória a existência
conselho de administração.
Funciona como um ponto de equilíbrio entre a Assembleia dos Sócios e
a Diretoria, mediando eventuais conflitos entre aqueles que detêm a
propriedade e os que detêm o poder de gestão das sociedades. Sempre
pautando sua atuação de modo a perseguir o melhor interesse da companhia,
o Conselho de Administração possui papel fundamental para a convergência
de interesses dos diversos focos de poder existentes na sociedade.
Seus membros, os conselheiros, são escolhidos por assembleia geral e
devem necessariamente ser acionistas. Cabe ao estatuto social da sociedade
determinar (observando o mínimo legal de 3 membros) o número de
conselheiros, podendo optar pelo mínimo ou máximo permitido., bem como,
fixar o prazo de duração do mandato de seus integrantes, nunca superior a 3
anos, sendo permitida a reeleição.

Compete ao conselho de administração, nos termos do art. 142 da LSA:


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I - fixar a orientação geral dos negócios da companhia;


II - eleger e destituir os diretores da companhia e fixar-lhes as atribuições,
observado o que a respeito dispuser o estatuto;
III - fiscalizar a gestão dos diretores, examinar, a qualquer tempo, os livros e
papéis da companhia, solicitar informações sobre contratos celebrados ou em
via de celebração, e quaisquer outros atos;
IV - convocar a assembléia-geral quando julgar conveniente, ou no caso do
artigo 132;
V - manifestar-se sobre o relatório da administração e as contas da diretoria;
VI - manifestar-se previamente sobre atos ou contratos, quando o estatuto
assim o exigir;
VII - deliberar, quando autorizado pelo estatuto, sobre a emissão de ações ou
de bônus de subscrição;
VIII – autorizar, se o estatuto não dispuser em contrário, a alienação de bens
do ativo não circulante, a constituição de ônus reais e a prestação de garantias
a obrigações de terceiros;
IX - escolher e destituir os auditores independentes, se houver.

Diretoria
A Diretoria existirá em qualquer sociedade anônima – aberta ou fechada,
cabendo-lhe praticar todos os atos de gestão dos negócios sociais daquela
sociedade, inclusive, quando a sociedade anônima não possuir um Conselho
de Administração, compete a Diretoria desempenhar as atividades que seriam
atribuídas ao Conselho. É composta, sempre por, no mínimo, 2 diretores
(pessoas físicas) - acionistas ou não - eleitos e destituíveis a qualquer tempo
pelo Conselho de Administração, ou se inexistente, pela Assembleia.
O(s) Diretor(es) não é(são) pessoalmente responsável pelas obrigações
que contrair em nome da companhia e em virtude de ato regular de gestão.
Entretanto, este responderá civilmente, pelos prejuízos que causar quando
proceder – mesmo dentro de suas atribuições ou poderes - com culpa ou dolo
em violação da lei ou do estatuto da companhia. Se inexistir previsão
estatutária, a representação legal competirá a qualquer dos diretores da
companhia (art. 144 da Lei de Sociedade por Ações).

Conselho Fiscal
O Conselho Fiscal é o quarto órgão considerado obrigatório de uma sociedade
anônima. Porém, seu funcionamento é facultativo, ou seja, se os acionistas
consideram desnecessário o seu funcionamento, o órgão fica desativado.
Significa dizer que o estatuto social da companhia prescinde de disposição
específica que se relacione à existência ou não do conselho fiscal, sendo
suficiente a vontade dos acionistas, baseando-se na legislação vigente, para
6

que haja sua eleição e posterior funcionamento. Segundo o art. 163 da LSA,
compete ao Conselho Fiscal:
I - fiscalizar, por qualquer de seus membros, os atos dos
administradores e verificar o cumprimento dos seus deveres legais
e estatutários;
II - opinar sobre o relatório anual da administração, fazendo
constar do seu parecer as informações complementares que julgar
necessárias ou úteis à deliberação da assembléia-geral;
III - opinar sobre as propostas dos órgãos da administração, a
serem submetidas à assembléia-geral, relativas a modificação do
capital social, emissão de debêntures ou bônus de subscrição,
planos de investimento ou orçamentos de capital, distribuição de
dividendos, transformação, incorporação, fusão ou cisão;
IV - denunciar, por qualquer de seus membros, aos órgãos de
administração e, se estes não tomarem as providências
necessárias para a proteção dos interesses da companhia, à
assembléia-geral, os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, e
sugerir providências úteis à companhia;
V - convocar a assembléia-geral ordinária, se os órgãos da
administração retardarem por mais de 1 (um) mês essa
convocação, e a extraordinária, sempre que ocorrerem motivos
graves ou urgentes, incluindo na agenda das assembléias as
matérias que considerarem necessárias;
VI - analisar, ao menos trimestralmente, o balancete e demais
demonstrações financeiras elaboradas periodicamente pela
companhia;
VII - examinar as demonstrações financeiras do exercício social e
sobre elas opinar;
VIII - exercer essas atribuições, durante a liquidação, tendo em
vista as disposições especiais que a regulam.
Para o desempenho de suas funções, o conselho tem poderes para requisitar
informações, examinar documentos e opinar sobre a legalidade contábil dos
atos da administração, tendo ao seu alcance todos os meios indispensáveis ao
exercício de sua competência.

Conselho Fiscal
O conselho fiscal é composto por, no mínimo, três e, no máximo, cinco
membros, acionistas ou não, sendo que os membros da administração e da
diretoria não poderão pertencer ao conselho fiscal. A legislação ainda exige
que “somente podem ser eleitos para o conselho fiscal pessoas naturais,
residentes no País, diplomadas em curso de nível universitário, ou que
tenham exercido por prazo mínimo de 3 (três) anos, cargo de
administrador de empresa ou de conselheiro fiscal.” Serão eleitos conforme
7

a hierarquia dos acionistas: os minoritários e os preferenciais sem direito à voto


poderão eleger dois membros e respectivos suplentes (um para cada grupo de
acionistas), em votação em separado, e os demais acionistas com direito a
voto elegerão os membros restantes e os seus respectivos suplentes.
Os membros do conselho fiscal têm os mesmos deveres dos
administradores e respondem pelos danos resultantes de omissão no
cumprimento de seus deveres e de atos praticados com culpa ou dolo, ou com
violação da lei ou do estatuto. Inclusive, a responsabilidade por omissão no
cumprimento dos deveres é solidária, somente se eximindo o membro
dissidente que fizer consignar sua divergência em ata da reunião do órgão e a
comunicar aos órgãos da administração e à assembleia-geral.

Administração da Sociedade Anônima

A administração da companhia competirá, conforme dispuser o estatuto, ao


Conselho de Administração e à Diretoria, ou somente à Diretoria, aplicando-se,
em ambos os casos, as mesmas normas relativas a requisitos, impedimentos,
investidura, remuneração, deveres e responsabilidades (art. 145 a 160 da
LSA).

Administradores da Sociedade
Requisitos e Impedimentos:
Art. 146. Poderão ser eleitas para membros dos órgãos de
administração pessoas naturais, devendo os diretores ser residentes no País.
Art. 147. Quando a lei exigir certos requisitos para a investidura em
cargo de administração da companhia, a assembléia-geral somente poderá
eleger quem tenha exibido os necessários comprovantes, dos quais se
arquivará cópia autêntica na sede social.
§ 1º São inelegíveis para os cargos de administração da companhia as
pessoas impedidas por lei especial, ou condenadas por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, contra a economia
popular, a fé pública ou a propriedade, ou a pena criminal que vede, ainda que
temporariamente, o acesso a cargos públicos.
§ 2º São ainda inelegíveis para os cargos de administração de
companhia aberta as pessoas declaradas inabilitadas por ato da Comissão de
Valores Mobiliários.
§ 3o O conselheiro deve ter reputação ilibada, não podendo ser eleito,
salvo dispensa da assembléia-geral, aquele que:
8

I - ocupar cargos em sociedades que possam ser consideradas


concorrentes no mercado, em especial, em conselhos consultivos, de
administração ou fiscal; e
II - tiver interesse conflitante com a sociedade
Investidura: Os conselheiros e diretores serão investidos nos seus
cargos mediante assinatura de termo de posse no livro de atas do conselho de
administração ou da diretoria, conforme o caso.
Remuneração: A assembléia-geral fixará o montante global ou
individual da remuneração dos administradores, inclusive benefícios de
qualquer natureza e verbas de representação, tendo em conta suas
responsabilidades, o tempo dedicado às suas funções, sua competência e
reputação profissional e o valor dos seus serviços no mercado.

Administradores da Sociedade

Os membros do Conselho de Administração e da Diretoria possuem deveres


tipificados em Lei:

Dever de diligência (arts. 153 e 154 da Lei de Sociedade por Ações): o


administrador deve agir c observando o cuidado e diligência necessários à
administração do negócio e também exercer sua funções de acordo com o
interesse da companhia, satisfazendo as exigências do bem público e da
função social da empresa.

Dever de lealdade: o administrador não pode se valer de informação


pertinente aos planos ou interesses da companhia e à qual teve acesso em
razão do cargo que ocupa, em proveito próprio ou de terceiro (art. 155 da Lei
de Sociedade por Ações).

Dever de informar: o administrador de companhia aberta tem o dever de


informar qualquer deliberação dos órgãos sociais ou fato relevante que possa
influir, de modo ponderável, na decisão dos investidores do mercado de
compra e venda de valores mobiliários de emissão da companhia (art. 157, § 4º
da Lei de Sociedade por Ações).

De acordo com o art. 158 da Lei de Sociedade por Ações, o administrador não
é responsável pelas obrigações assumidas pela companhia por ato regular de
gestão, mas responderá por ato ilícito seu, pelos prejuízos que causar com
culpa ou dolo, ainda que dentro de suas atribuições ou poderes, ou com
violação da lei ou do estatuto. A companhia pode promover a
responsabilização judicial de seu administrador, por prejuízo que esta lhe tenha
causado, necessariamente mediante prévia deliberação da assembleia geral.
Além da responsabilidade civil e penal, têm os administradores
responsabilidade de caráter administrativo perante a CVM, podendo sofrer
sanções que variam de advertência até inabilitação do cargo.
9

Acionista
O art. 106 da LSA define como principal dever do acionista o de pagar o
preço das ações que subscrever, enquanto o art. 109 da LSA, define os direitos
essenciais (nem o estatuto social nem a assembleia geral poderão excluir) dos
acionistas:

I - participar dos lucros sociais;

II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;

III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;

IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis

em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição

V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.


O direito de voto, não é um direito essencial, posto que existem ações
que não conferem a seus titulares. A lei ainda disciplina o “direito de voto”
coibindo o voto abusivo (visa causar dano a cia ou outro acionista) ou
conflitante (situações onde possui interesse pessoal, p. exemplo, nas
deliberações sobre o laudo de avaliação de bens que pretende integralizar).
ACORDO DE ACIONISTAS: é o instrumento jurídico que possibilita a
convergência dos interesses dos acionistas de uma Sociedade Anônima Aberta
ou Fechada, no sentido de possibilitar o exercício dos direitos provenientes da
condição de acionista, especialmente aqueles relacionados aos seus direitos
políticos perante a Companhia e patrimoniais sobre suas ações. A LSA traz
uma proteção específica (especial) nos casos de: exercício do poder de
controle ou do direito de voto, a compra e venda de ações ou a preferência de
sua aquisição. Nestes casos, a Companhia será obrigada a respeitar os termos
do Acordo que disciplinar as matérias acima desde que regularmente arquivado
na sede social (art. 118, §8º. não computará o voto proferido com infração
de acordo de acionistas devidamente arquivado.)
PODER DE CONTROLE (OU ACIONISTA CONTROLADOR). Entende-se por
acionista controlador a pessoa, natural ou jurídica, ou o grupo de pessoas
vinculadas por acordo de voto, ou sob controle comum, que seja titular de
direitos de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, a maioria dos
votos nas deliberações da assembléia e o poder de eleger a maioria dos
administradores da companhia; e efetivamente use seu poder para dirigir as
atividades. Este acionista controlador responde pelos danos causados por atos
praticados com abuso de poder (tais como, desvio de finalidade, eleição de
administradores sabidamente inaptos, etc), sendo desnecessário provar o dolo
(intenção)

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS
10

Toda companhia tem o dever de, findo o exercício social, levantar um


conjunto de demonstrações contábeis visando demonstrar a situação financeira
e os resultados por ela alcançados, os quais deverão exprimir com clareza a
situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício. O
art. 176 da LSA exige as seguintes demonstrações:

Balanço patrimonial: a demonstração financeira que retrata o ativo, o passivo


e o patrimônio líquido da sociedade anônima. No balanço, as contas serão
classificadas segundo os elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas
de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da
companhia. A LSA, nos art. 178 a 184-a, traça os elementos para correta
demonstração do ativo/passivo no Balanço patrimonial.
Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados: observando os critérios
do ary. 186 da LSA, revela as parcelas dos lucros aferidos pela companhia e
não distribuídos aos acionistas ou os prejuízos não absorvidos por sua receita.
Destacando que deverá indicar o montante do dividendo por ação do capital
social e poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio
líquido, se elaborada e publicada pela companhia

Demonstrações Financeira

Demonstração do resultado do exercício: apresenta os dados sobre o

desempenho da empresa no último exercício social, destacando que o art. 187,

da LSA exige a discriminação da: receita bruta e líquida, as despesas (com

vendas, financeiras, gerais, administrativas, etc), o lucro/prejuízo operacional, o

resultado antes do IR, as participações que não caracterizem despesa e o lucro

ou prejuízo líquido por ação.

Demonstração do fluxo de caixa: tem por objetivo auferir os ingressos e

desembolsos da sociedade anônima (operações, financiamentos e

investimentos – art. 188, I, da LSA), de forma a demonstrar as disponibilidades

líquidas da cia

Demonstração de valor adicionado (art. 188, II, LSA) é a medida contábil da

riqueza gerada pela companhia (obrigatória somente em companhias abertas).

Lucros, Reservas e Dividendos


11

O lucro líquido é o auferido após a absorção de prejuízos acumulados, a


provisão para o Imposto de Renda e o pagamento das participações
estatutárias de empregados, administradores e partes beneficiárias. Assim, o
lucro terá duas possíveis destinações: ficará em mãos da própria sociedade ou
será distribuído entre os acionistas, a título de dividendos. Cabe a Assembleia
Geral a destinação da parcela não obrigatória da divisão dos lucros, aprovando
ou rejeitando a proposta da Diretoria (art. 192 da Lei de Sociedade por Ações).
A esse respeito, temos três possibilidades:
(a) Constituição de reserva de lucro,
(b) Distribuição de dividendos ou
(c) Capitalização (aumento ao capital social).

Reserva e Retenção de Lucros: a LSA – art. 193 a 199 - disciplina 6(seis)


categorias de reserva de lucros:
1) Reserva Legal: A reserva legal tem por fim assegurar a integridade do
capital social e somente poderá ser utilizada para compensar prejuízos ou
aumentar o capital. Assim, do lucro líquido do exercício, 5% (cinco por cento)
serão aplicados, antes de qualquer outra destinação, na constituição da
reserva legal, que não excederá de 20% (vinte por cento) do capital social.
2) Reservas Estatutárias: O estatuto poderá criar reservas desde que indique
a finalidade, fixe os critérios para determinar a parcela anual dos lucros
líquidos que serão destinados à sua constituição e estabeleça o limite máximo.
3) Reserva para Contingências: Trata-se de destinar parte do lucro líquido à
formação de reserva com a finalidade de compensar, em exercício futuro, a
diminuição do lucro decorrente de perda julgada provável, cujo valor possa ser
estimado, devendo indicar a causa da perda prevista e justificar, com as razões
de prudência que a recomendem, a constituição da reserva. (por exemplo,
derrota em ação judicial).
4) Reserva de Incentivos Fiscais: Destina-se parcela do lucro líquido
decorrente de doações ou subvenções governamentais para investimentos,
que poderá ser excluída da base de cálculo do dividendo obrigatório
5) Reserva de retenção de lucros: Normalmente utilizada para prover
recursos para investimentos em exercícios futuros, se retém parcela do lucro
líquido do exercício prevista em orçamento de capital previamente aprovado.
6) Reserva de Lucros a Realizar: Visa impedir a distribuição entre acionistas
de recursos que somente irão ingressar no caixa da sociedade em exercícios
futuros, embora já devam estar contabilizados em razão da adoção legal do
regime de competência.

Além disso, a LSA prevê a possibilidade de RESERVA DE CAPITAL (art. 200),


referente a contas que, embora não integrem o capital social da cia, guardam
alguma relação com ele, tais como o ágio na subscrição de novas ações e o
produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de subscrição. Estes
recursos poderão ser utilizados para absorção de prejuízos que ultrapassarem
os lucros acumulados e as reservas de lucros , resgate, reembolso ou compra
12

de ações, resgate de partes , incorporação ao capital e pagamento de


dividendo a ações preferenciais, quando essa vantagem lhes for assegurada
DIVIDENDOS: são uma parcela do lucro apurado por uma sociedade
anônima, distribuída aos acionistas por ocasião do encerramento do exercício
social. A LSA prevê, nos artigos 202 a 204 os dividendos Obrigatório, de Ações
Preferenciais (ou prioritários) e Intermediários.
• Os dividendos obrigatórios são a parcela do lucro líquido da sociedade que
a lei determina seja distribuído entre os acionistas (art. 202 da Lei de
Sociedade por Ações), ou seja, garante ao acionista minoritário algum retorno
de seu investimento, impedindo que o controlador reinvista todo o resultado. O
estatuto sempre definirá a parcela mínima dos lucros a ser distribuída entre os
acionistas. Na hipótese de omissão deste, a lei prevê a distribuição de pelo
menos metade do lucro líquido ajustado. Existem duas hipóteses onde a
distribuição do dividendo obrigatório não será feita: se os órgãos da
administração informarem à Assembleia Geral Ordinária que a situação
financeira da companhia não é compatível com o seu pagamento; ou por
deliberação da Assembleia Geral de companhia fechada, se não houver
oposição de qualquer dos acionistas presentes. Nesses casos, os lucros não
distribuídos constituirão reserva especial, e serão atribuídos aos acionistas se e
quando o possibilitar a situação financeira da companhia.

Os dividendos prioritários (de ações preferenciais) serão, de acordo com o
estatuto, fixos ou mínimos. O dividendo prioritário é apropriado contabilmente
após a constituição da reserva legal, mas antes das demais reservas. Se o
pagamento consumir toda a parcela de lucros destinada à distribuição, os
titulares de ações ordinárias não receberam qualquer soma naquele exercício,
não configurando violação a obrigatoriedade dos dividendos obrigatórios.

Os dividendos intermediários, se referem as cias que, por força de lei ou de
disposição estatutária, levantar balanço semestral, nessa situação poderá
declarar, por deliberação dos órgãos de administração, se autorizados pelo
estatuto, dividendo à conta do lucro apurado nesse balanço. Além disso, nos
termos de disposição estatutária, levantar balanço e distribuir dividendos em
períodos menores, desde que o total dos dividendos pagos em cada semestre
do exercício social não exceda o montante das reservas de capital

DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO
Conforme preceitua o art. 219 da LSA, a sociedade anônima se extingue
pelo encerramento da liquidação, que se segue à dissolução, ou pela
incorporação, fusão e cisão com versão de todo patrimônio em outras
sociedades. O artigo 206 da LSA, contempla 9 (nove) causas determinantes da
dissolução, agrupada em 3 (três) categorias diferentes.

A primeira se refere às hipóteses de dissolução de pleno direito: a) pelo

término do prazo de duração; b) nos casos previstos no estatuto; c) por


13

deliberação da assembleia-geral (art. 136, X); d) pela existência de 1 (um)

único acionista, verificada em assembleia-geral ordinária, se o mínimo de 2

(dois) não for reconstituído até à do ano seguinte, ressalvado o disposto no

artigo 251; e) pela extinção, na forma da lei, da autorização para funcionar.

A segunda trata da dissolução por decisão judicial: a) quando anulada a sua

constituição, em ação proposta por qualquer acionista; b) quando provado que

não pode preencher o seu fim, em ação proposta por acionistas que

representem 5% (cinco por cento) ou mais do capital social; c) em caso de

falência, na forma prevista na respectiva lei;

A terceira das hipóteses de decisão de órgão público ou autoridade

administrativa competente.

DISSOLUÇÃO E LIQUIDAÇÃO
A liquidação pode ocorrer de forma convencional, promovida pela própria
companhia ou judicial.
A liquidação convencional está prevista no artigo 208 da LSA, sendo
realizada nos termos do estatuto, se ele dispuser a este respeito. Em caso de
omissão, a liquidação será decidida pela Assembleia Geral, que nomeará o
liquidante e manterá os demais órgãos da companhia para que possam
acompanhar devidamente o processo.
A Liquidação Judicial tem cabimento nas duas hipóteses:
c) a pedido de qualquer acionista, se os administradores ou a maioria de
acionistas deixarem de promover a liquidação, ou a ela se opuserem, desde
que haja motivos juridicamente relevantes;
d) a requerimento do Ministério Público, à vista de comunicação da autoridade
competente, se a companhia, nos 30 (trinta) dias subsequentes à dissolução,
não iniciar a liquidação ou, se após iniciá-la, a interromper por mais de 15
(quinze) dias.
Os art. 210 a 218 regulam o processo de liquidação, definindo os
deveres/poderes do liquidante, o funcionamento da Assembleia Geral no
período, o pagamento do passivo e a partilha do passivo, bem como, a
prestação final de contas.

Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão


Os procedimentos de reorganização das empresas que envolvem pelo
menos uma sociedade anônima devem atender à disciplina da LSA.
14

Transformação (art. 220/222): é a operação pela qual a sociedade passa,


independentemente de dissolução e liquidação, de um tipo para outro e exige o
consentimento unânime dos sócios ou acionistas, salvo se prevista no estatuto
ou no contrato social, caso em que o sócio dissidente terá o direito de retirar-se
da sociedade.
Incorporação (art. 227): é a operação pela qual uma ou mais sociedades são
absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigações. A
assembleia-geral da companhia incorporadora deverá autorizar o aumento de
capital a ser subscrito e realizado pela incorporada mediante versão do seu
patrimônio líquido, e nomear os peritos que o avaliarão. Já a sociedade que
houver de ser incorporada autorizará seus administradores a praticarem os
atos necessários à incorporação, inclusive a subscrição do aumento de capital
da incorporadora.
Fusão (art. 228): é a operação pela qual se unem duas ou mais sociedades
para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os direitos e
obrigações. A assembleia-geral de cada companhia, se aprovar o protocolo de
fusão, deverá nomear os peritos que avaliarão os patrimônios líquidos das
demais sociedades. Os administradores convocarão os sócios ou acionistas
das sociedades para uma assembleia-geral, que deles tomará conhecimento e
resolverá sobre a constituição definitiva da nova sociedade, vedado aos sócios
ou acionistas votar o laudo de avaliação do patrimônio líquido da sociedade de
que fazem parte.
Cisão (art. 229): a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu
patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já
existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o
seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. As ações
integralizadas com parcelas de patrimônio da companhia cindida serão
atribuídas a seus titulares, em substituição às extintas, na proporção das que
possuíam; a atribuição em proporção diferente requer aprovação de todos os
titulares, inclusive das ações sem direito a voto.

Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão


Em observância ao direito dos minoritários e os credores da
companhias, a LSA regula, também as questões relativas a estes.
• Direito de Retirada: Nos casos de incorporação ou fusão, o prazo para
exercício do direito de retirada, previsto no art. 137, inciso II, será contado a
partir da publicação da ata que aprovar o protocolo ou justificação, mas o
pagamento do preço de reembolso somente será devido se a operação vier a
efetivar-se.

Direitos dos Debenturistas: A incorporação, fusão ou cisão da companhia
emissora de debêntures em circulação dependerá da prévia aprovação dos
debenturistas, reunidos em assembléia especialmente convocada com esse
fim. A sociedade cindida e as sociedades que absorverem parcelas do seu
patrimônio responderão solidariamente pelo resgate das debêntures.

15

Direitos dos Credores na Incorporação ou Fusão: Até 60 (sessenta) dias


depois de publicados os atos relativos à incorporação ou à fusão, o credor
anterior por ela prejudicado poderá pleitear judicialmente a anulação da
operação; findo o prazo, decairá do direito o credor que não o tiver exercido.

Direitos dos Credores na Cisão: Na cisão com extinção da companhia
cindida, as sociedades que absorverem parcelas do seu patrimônio
responderão solidariamente pelas obrigações da companhia extinta. A
companhia cindida que subsistir e as que absorverem parcelas do seu
patrimônio responderão solidariamente pelas obrigações da primeira anteriores
à cisão.
Associação de esforços empresariais
Algumas sociedade se associam para a realização de atividades comuns,
podendo gerar: os grupos de fato, os de direito e os consórcios.
COLIGADAS: São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha
influência significativa. Considera-se que há influência significativa quando a
investidora detém ou exerce o poder de participar nas decisões das políticas
financeira ou operacional da investida, sem controlá-la, sendo presumida
quando a investidora for titular de 20% (vinte por cento) ou mais do capital
votante da investida.
CONTROLADAS: Considera-se controlada a sociedade na qual a
controladora, diretamente ou através de outras controladas, é titular de direitos
de sócio que lhe assegurem, de modo permanente, preponderância nas
deliberações sociais e o poder de eleger a maioria dos administradores. Nesse
ponto, é importante destacar a figura da SUBSIDIARIA INTEGRAL, ou seja,
uma companhia constituída (mediante escritura pública) ou convertida
mediante subscrição/aquisição, por sociedade brasileira, de todas as ações.
GRUPO DE SOCIEDADES (OU GRUPO DE DIREITO) – art. 265, LSA: É o
conjunto de sociedades cujo o controle é titularizado por uma brasileira
(holding) e mediante convenção se obrigam a combinar recursos ou esforços
para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades ou
empreendimentos comuns. O Grupo não possui personalidade jurídica própria
e, como regra geral, não há solidariedade nas obrigações. Todavia, publicará,
além das demonstrações financeiras referentes a cada uma das companhias
que o compõem, demonstrações consolidadas, compreendendo todas as
sociedades do grupo.
Consórcio – art. 278, LSA: As companhias e quaisquer outras sociedades,
sob o mesmo controle ou não, podem constituir consórcio para executar
determinado empreendimento. O consórcio não tem personalidade jurídica e as
consorciadas somente se obrigam nas condições previstas no respectivo
contrato, respondendo cada uma por suas obrigações, sem presunção de
solidariedade.
Demonstrações Financeiras das coligadas e controladas
As notas explicativas dos investimentos devem conter informações
precisas sobre as sociedades coligadas e controladas e suas relações com a
companhia, indicando:
16

I - a denominação da sociedade, seu capital social e patrimônio líquido;


II - o número, espécies e classes das ações ou quotas de propriedade da
companhia, e o preço de mercado das ações, se houver;
III - o lucro líquido do exercício;
IV - os créditos e obrigações entre a companhia e as sociedades coligadas e
controladas;
V - o montante das receitas e despesas em operações entre a companhia e as
sociedades coligadas e controladas.
A companhia aberta que tiver mais de 30% (trinta por cento) do valor do
seu patrimônio líquido representado por investimentos em sociedades
controladas deverá elaborar e divulgar, juntamente com suas demonstrações
financeiras, demonstrações consolidadas, excluindo as participações de uma
sociedade em outra, os saldos de quaisquer contas entre as sociedades e as
parcelas dos resultados do exercício, dos lucros ou prejuízos acumulados e do
custo de estoques ou do ativo não circulante que corresponderem a resultados,
ainda não realizados, de negócios entre as sociedades.
No balanço patrimonial da companhia, os investimentos em coligadas ou
em controladas e em outras sociedades que façam parte de um mesmo
grupo ou estejam sob controle comum serão avaliados pelo método da
equivalência patrimonial, de acordo com as seguintes normas:
I - o valor do patrimônio líquido da coligada ou da controlada será
determinado com base em balanço patrimonial ou balancete de
verificação levantado, com observância das normas desta Lei, na mesma
data, ou até 60 (sessenta) dias, no máximo, antes da data do balanço da
companhia; no valor de patrimônio líquido não serão computados os
resultados não realizados decorrentes de negócios com a companhia, ou
com outras sociedades coligadas à companhia, ou por ela controladas;
II - o valor do investimento será determinado mediante a aplicação, sobre
o valor de patrimônio líquido referido no número anterior, da
porcentagem de participação no capital da coligada ou controlada;
III - a diferença entre o valor do investimento, de acordo com o número II,
e o custo de aquisição corrigido monetariamente; somente será
registrada como resultado do exercício:
a) se decorrer de lucro ou prejuízo apurado na coligada ou controlada;
b) se corresponder, comprovadamente, a ganhos ou perdas efetivos;
c) no caso de companhia aberta, com observância das normas expedidas
pela Comissão de Valores Mobiliários.

Governança Corporativa
Governança corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais
organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os
relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de
fiscalização e controle e demais partes interessadas. As boas práticas de
17

governança corporativa convertem princípios básicos em recomendações


objetivas, alinhando interesses com a finalidade de preservar e otimizar o valor
econômico de longo prazo da organização, facilitando seu acesso a recursos e
contribuindo para a qualidade da gestão da organização, sua longevidade e o
bem comum.

Princípios Básicos de Governança Corporativa:


Transparência: Consiste no desejo de disponibilizar para as partes
interessadas as informações que sejam de seu interesse e não apenas aquelas
impostas por disposições de leis ou regulamentos. Não deve restringir-se ao
desempenho econômico-financeiro, contemplando também os demais fatores
(inclusive intangíveis) que norteiam a ação gerencial e que conduzem à
preservação e à otimização do valor da organização.
Equidade: Caracteriza-se pelo tratamento justo e isonômico de todos os sócios
e demais partes interessadas (stakeholders), levando em consideração seus
direitos, deveres, necessidades, interesses e expectativas.
Prestação de Contas (accountability): Os agentes de governança devem
prestar contas de sua atuação de modo claro, conciso, compreensível e
tempestivo, assumindo integralmente as consequências de seus atos e
omissões e atuando com diligência e responsabilidade no âmbito dos seus
papéis.
Responsabilidade Corporativa: Os agentes de governança devem zelar pela
viabilidade econômico-financeira das organizações, reduzir as externalidades8
negativas de seus negócios e suas operações e aumentar as positivas, levando
em consideração, no seu modelo de negócios, os diversos capitais (financeiro,
manufaturado, intelectual, humano, social, ambiental, reputacional etc.) no
curto, médio e longos prazos.
1

DISCIPLINA

Direito Societário
PROFESSOR

Daiane Moura de Aguiar

Outros Tipos Societários


Além da Sociedade Limitada (LTDA) e da Sociedade Anônima (S/As),
configurações societárias mais utilizadas na prática, a legislação empresarial
também regula outros tipos, a saber:

 Sociedade Simples
 Sociedade em Nome Coletivo
 Sociedade em Comandita Simples
 Sociedade em Comandita por Ações
 Sociedade cooperativa

Sociedade Simples
Sociedade simples é a que tem por objeto o exercício de atividade econômica
não empresarial (ex. formadas por profissionais intelectuais cujo objeto social é
o exercício da própria atividade intelectual). Ela pode constituir-se de
conformidade com os tipos empresariais e não o fazendo, subordina-se às
normas que lhe são próprias (sociedade “simples pura” ou “simples simples”)
Sociedade Simples

O contrato social deve ser escrito e deverá ser levado a registro no Cartório de

Registro Civil das Pessoas Jurídicas.


Sendo uma Sociedade Contratual se aplicam as regras gerais apontadas no
Módulo 8 em relação as questões acerca do:

Contrato Social (clausulas obrigatórias e facultativas);

Administração,

Distribuição dos Resultados (lucros e prejuízos);

Direitos e Deveres dos sócios

e Deliberações Sociais;
2

Destaca-se, apenas, que em relação ao Capital Social (subscrição e


integralização), na Sociedade Simples é possível de integralização da quota
através da prestação de serviços (art. 1006, Codigo Civil)
Sociedade em Nome Coletivo
A Sociedade em Nome Coletivo é apontada pela doutrina como o tipo
societário mais antigo (era medieval) e está regulada nos art. 1039 a 1044 do
Código Civil. São constituídas por meio de acordo de vontades, mediante
escrito particular ou público, devendo observar os preceitos do art. 968
(empresária) ou 997 combinados com 1.041 (não empresária) do Código Civil e
levado a registro no Registro Público das Empresas Mercantis e Atividades
Afins.
A principal característica é a responsabilidade ilimitada dos sócios que a
compõem, ou seja, esgotado o patrimônio social, os credores podem buscar a
satisfação da dívida com o patrimônio pessoal dos sócios. Além disso, destaca-
se que:

(i)
ela deve sempre adotar firma social como espécie de nome
empresarial (art. 1.041, parte final, c/c o art. 1.157 do CC),
(ii)
não se admite a participação de pessoa jurídica ou incapazes,
(iii)
depende de consentimento dos demais sócios a entrada de
estranhos ao quadro social,
(iv)
a sua administração compete exclusivamente aos próprios sócios,
não se admitindo a designação de não sócio (art. 1.042 do Código Civil),
(v)
Possibilidade de estabelecer a limitação de responsabilidade entre
eles, dando ensejo, por exemplo, ao direito de regresso de um sócio contra
outro.
Sociedade em Nome Coletivo
Diante das características apontadas, evidencia que se trata de um tipo
societário obsoleto e pouco utilizado. Destacam-se as palavras do Prof. Fran
Martins:
“Efetivamente, o legislador que traçou as diretrizes da sociedade em nome
coletivo não teve a oportunidade de fazer a necessária avaliação a respeito de
sua aparente desnecessidade no panorama que representa o cenário de
limitação da responsabilidade e a quebra dos princípios antigos societários.
Desse ponto de vista, a finalidade essencial da empresa, na categoria de
pessoa jurídica regular e formalmente constituída, está na direção de restringir
a responsabilidade e limitar o seu alcance.
A inadaptação da sociedade em nome coletivo à realidade do século XXI é
tamanha que, sob a ótica do leigo, se trata de um tipo societário estritamente
encerrado e sem a menor perspectiva de relevo, na medida em que, ao
contrário do que se propala, busca-se segurança e menor grau de
responsabilidade.”
Sociedade em Comandita Simples
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Sociedade em comandita simples é definida como sendo a entidade constituída


por sócios com diferentes tipos de responsabilidade:
– Comanditados: responsabilidade ilimitada e solidária
– Comanditários: responsabilidade limitada à importância da contribuição
ao Capital Social.
Regulada pelo art. 1.045 a 1.051, do Código Civil, no contrato existe a
obrigação de identificar tanto um como outro tipo de sócio, com o escopo de
mostrar perante terceiros o grau de responsabilidade e o registro da sociedade
para efeito de projetar sua personalidade jurídica.
Sociedade em Comandita Simples
O contrato social observará as cláusulas gerais do art. 997 do
Código Civil. Destaca-se que a cláusula relativa a
administração/gerência é obrigatória pois o(s) sócio(s)
comanditário(s) não podem exercer estes cargos.
A lei considera o sócio comanditário como um prestador de capital,
limitando a sua atuação nas deliberações sociais (participar e votar
em assembleia ou reunião) e fiscalização dos negócios (exame dos
livros sociais), inclusive poderá requerer ao Registro Público que
o(s) seu(s) nome(s) não figure(m) nas publicações e certidões
referentes a sociedade.
Estas sociedades podem, como nome empresarial, usar firma ou
razão social, e só poderá constar os nomes dos sócios com
responsabilidade ilimitada e solidária, acrescidos, sempre, das
palavras & Cia., ou e Cia, ou por extenso.
Sociedade em comandita por ações

É uma sociedade empresária híbrida: tem aspectos de sociedade em

comandita (duas categorias distintas de sócios) e aspectos de sociedade

anônima (capital dividido em ações).


Na sociedade em comandita por ações o acionista diretor (exerce função de
administração da sociedade) responde subsidiária, mas ilimitadamente pelas
obrigações sociais. Havendo mais de 1(hum) diretor, a lei estabelece a
responsabilidade solidária entre eles.
As sociedades em comandita por ações têm a faculdade de fazer o uso de uma
firma ou denominação, em qualquer circunstância, sempre acrescida das
palavras comandita por ações. Na utilização de firma irão figurar os nomes dos
diretores, sob pena de responderem os acionistas, que tiveram os seus nomes
na mesma, de forma ilimitada e solidária, equiparando-se, consequentemente,
aos diretores.
Sociedade em comandita por ações

De acordo com o art. 1.091, § 2.º, do Código (regra que é idêntica à do art.
282, § 1.º, da LSA)
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“os diretores serão nomeados no ato constitutivo da sociedade, sem limitação


de tempo, e somente poderão ser destituídos por deliberação de acionistas que
representem no mínimo dois terços do capital social”.
Assim, diverso das SAs, os diretores não são eleitos pela Assembléia Geral,
mas nomeados pelo estatuto, de modo, que as regras são mais severas quanto
á sua responsabilidade (ilimitada, inclusive por mais 2 anos após a destituição
ou exoneração), bem como, os poderes da Assembléia são limitados (p.ex, não
pode alterar o objeto do social da sociedade, prorrogar o prazo e criar
debentures).
Todavia, salvo as restrições expressas, aplicam-se as regras estabelecidas na
LSA (exercício social, liquidação, livros etc.), inclusive, a possibilidade de abrir
o seu capital e emitir valores mobiliários.
Sociedade Cooperativa

A sociedade cooperativa não é pensada em virtude das pessoas (intuitu


personae) ou do capital (intuitu pecuniae), mas como espaço jurídico e
econômico de contribuição mútua. As cooperativas são pessoas jurídicas de
Direito Privado, organizadas a partir da reunião de pessoas; são, portanto,
coletividades de pessoas mais especificamente, sociedades, já que têm
finalidade econômica, embora não tenham finalidade lucrativa.

O Código Civil, ressalvando as disposições específicas da Lei do


Cooperativismo (Lei 5.764/1971), também disciplinou as cooperativas,
estabelecendo que elas são sempre sociedades simples, independentemente
do seu objeto social e detalhando algumas características, no art. 1.094:
I – Variabilidade, ou dispensa do capital social;
II – Concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a
administração da sociedade, sem limitação de número máximo;
III – limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada sócio
poderá tomar;
IV – Intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estranhos à sociedade,
ainda que por herança;
V – quorum, para a assembleia-geral funcionar e deliberar, fundado no número
de sócios presentes à reunião, e não no capital social representado;
VI – Direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha ou não capital
a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua participação;
VII – distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor das operações
efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao
capital realizado;
VIII – indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso
de dissolução da sociedade.
Sociedade Cooperativa
São órgãos sociais das cooperativas:
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A Assembléia Geral dos associados é o órgão supremo da sociedade, dentro


dos limites legais e estatutários, tendo poderes para decidir os negócios
relativos ao objeto da sociedade e tomar as resoluções convenientes ao
desenvolvimento e defesa desta, e suas deliberações vinculam a todos, ainda
que ausentes ou discordantes.
Diretoria ou Conselho de Administração, com poderes de administrar a
cooperativa, composto exclusivamente de associados eleitos pela Assembléia
Geral, com mandato nunca superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a
renovação de, no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração
Conselho Fiscal, com a incumbência de fiscalizar “assídua e minuciosamente”
a administração da sociedade, constituído de 3 (três) membros efetivos e 3
(três) suplentes, todos associados eleitos anualmente pela Assembléia Geral,
sendo permitida apenas a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus componentes.
Sociedade Cooperativa
Nos termos da Lei 5.764/71, poderão ser classificadas de acordo com o objeto
ou pela natureza das atividades desenvolvidas por elas ou por seus
associados: (1) agrícolas, (2) de consumo, (3) de crédito, (4) educacionais, (5)
especiais, (6) habitacionais, (7) de infraestrutura, (8) minerais, (9) de produção,
(10) de saúde, (11) de trabalho e (12) de turismo e lazer.
Quanto a responsabilidade dos sócios, por expressa disposição legal, poderá
ser limitada ou ilimitada de acordo com o estatuto.
O ingresso nas cooperativas é livre a todos que desejarem utilizar os serviços
prestados pela sociedade, desde que adiram aos propósitos sociais e
preencham as condições estabelecidas no estatuto; é o princípio da liberdade
de adesão. A admissão de um cooperado principia com um pedido de ingresso
formulado pelo interessado, submetido à aprovação pelo órgão de
administração, complementando-se com a subscrição das quotas-partes de
capital social e a sua assinatura no Livro de Matrícula.
Sociedade Cooperativa
Uma vez admitido na cooperativa, a legislação prevê as seguintes hipóteses de
cancelamento da matrícula (saída):
DEMISSÃO: saída a pedido do associado,
ELIMINAÇÃO: sanção disciplinar aplicada em virtude de infração legal ou
estatutária, ou por fato especial previsto no estatuto;
EXCLUSÃO: não se trata de uma sanção disciplinar e será feita: (1) por
dissolução da pessoa jurídica sócia cooperada; (2) por morte do cooperado; (3)
por incapacidade civil não suprida; ou (4) por deixar de atender aos requisitos
estatutários de ingresso ou permanência na cooperativa.
A responsabilidade do cooperado perante terceiros, por compromissos da
sociedade, perdura para os demitidos, eliminados ou excluídos até quando
aprovadas as contas do exercício em que se deu o desligamento.

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