Hanseníase - Dermatologia-1
Hanseníase - Dermatologia-1
Hanseníase - Dermatologia-1
A hanseníase é doença infectocontagiosa, de evolução lenta, polimórfica usada pelo Mycobacterium lepra que
acomete principalmente os nervos periféricos e a pele. Pode gerar incapacidades físicas e deformidades se não for
tratada na fase inicial. O tratamento é eficaz e gratuito na Atenção Básica à Saúde. Doença com grande estigma
social, conhecida desde tempos bíblicos.
O bacilo de Hansen é uma bactéria neurotrópica, ou seja, possui grande atração pela bainha de mielina que envolve
os axônios neuronais. Por isso a relação com agressão neural, neuropatias, distrofias periféricas, paralisias e
alteração de sensibilidade. O local de coleta do bacilo é na linfa, pois é lá em que ele se encontra, faz-se uma
compressão local, geralmente em orelha, cotovelos e em lesões suspeitas, pega-se uma lâmina e colhe um pouco de
linfa e manda para estudo. No estudo direto da lâmina o técnico dirá como se encontra o índice baciloscópico (zero,
mas pode variar de 01 a 06).
QUANDO SUSPEITO?
O diagnóstico de hanseníase deve ser suspeitado em indivíduos que apresentem os seguintes sinais ou sintomas:
• Manchas pálidas (hipocrômicas) ou avermelhadas na pele com perda ou redução da sensibilidade.
• Sensação parestésica ou "formigamento" em mãos ou pés.
• Fraqueza em mãos, pés ou pálpebras.
HANSENÍASE 2
Ana Maria Lima – 2018.1
A classificação das formas clínicas é importante para determinar o prognóstico e a possibilidade de transmissão da
doença, além de auxiliar na investigação epidemiológica e na definição de tratamento.
Classificação
Operacional da OMS
Paucibacilar – até 05 lesões. A baciloscopia sempre virá negativa, ainda assim deve ser incluído no
tratamento, pois possui clínica favorável, por 06 meses. Rimfapicina associada a Dapsona.
Multibacilar- mais que 05 lesões. Baciloscopia pode, ou não, vir positiva. O tratamento se estende por 09
meses com Rimfapicina, Dapnosa e Clofamizina.
VIRCHOWIANA: É um polo de anergia imunológica, ou seja, resposta imunológica quase zero frente ao bacilo. Há um
elevado número de lesões e presença de infiltração para mucosa. No teste imunológico de Mitsuda encontra-se zero
de resposta imunológica, zero. Por outro lado, o índice baciloscópico estará extremamente reagente. Os pacientes
possuem uma tendência a anestesia do tipo luva bota, deformidades da face (fácies leonina) com presença de
madarose (queda lateral dos supercílios), nódulos infiltrados na orelha e face deformando completamente a face do
paciente. Essa fácies Leonina é quase que exclusiva da Hanseníase Virchowiana, pois pode ser uma forma de
apresentação no Linfoma, sífilis terciária.
HANSENÍASE E INCAPACIDADES
Os pacientes com Hanseníase podem desenvolver incapacidades decorrentes das lesões cutâneas, neurais e pelos
estados reacionais. Estes se caracterizam pelo estado imunológico pela morte das bactérias, quando os bacilos de
Hansen começam a morrer há formação de restos proteicos que vem das capsulas bacterianas e que agem como
antígenos.
Essa resposta imunológica frente à essa complicação leva o paciente a uma queda do estado geral, febre, cefaleia,
síndrome pseudo-gripal, artralgias, edema em MMII e em região perigenital. O paciente chega depalpebrado, era um
paciente que iniciou com isso após três meses de esquema do tratamento. O que se fazer com esses pacientes?
Entrar com dois imunossupressores potentes: CORTICÓIDE (poupa nervo) E TALIDOMIDA. E isto deve ser associada
com as drogas que fazem parte do esquema já pré-estabelecido para doença.
ESTADOS REACIONAIS: Representam episódios inflamatórios que se intercalam no curso crônico da hanseníase. As
reações seguem-se a fatores desencadeantes, tais como: infecções intercorrentes, vacinação, gravidez, puerpério,
medicamentos iodados, estresse físico e emocional.
TIPO I(resposta imunológica do tipo T): Há sinais de inflamação aguda, tais como dor, eritema, infiltração e
edema de lesões pré-existentes, às vezes acompanhadas de novas lesões. Geralmente, não há
comprometimento sistêmico e os casos muito graves podem cursar com ulceração profunda e necrose
acentuada neural, levando a sequelas irreversíveis.
TIPO II (resposta imunológica do tipo B): Alteração da imunidade humoral, sendo exemplo de reação
imunológica, com predomínio da reação por imuno complexo circulante (Tipo III), na classificação de Coombs &
Gell. Destruição bacilar acentuada, liberação de frações antigênicas de M.leprae e indução da formação do
anticorpo específico, anticorpo anti-glicolipídeo fenólico-1(anti PGL1). Essas alterações imunológicas culminam
com o aparecimento abrupto de nódulos e/ou placas infiltradas, dolorosas, de coloração rósea, que podem
evoluir para pústulas e bolhas, com posterior ulceração e formação de necrose, nas formas mais graves do ENH,
como no “eritema nodoso necrotizante”. Na formação do eritema nodoso hânsenico a Talidomina é muito boa
para essas situações.
Paciente em que foi feito o esquema terapêutico para Hansen de forma correta e volta ao médico com queixas
de novas lesões pense, antes de tudo, que possa ser um estado reacional antes mesmo de indagar sobre uma
recidiva. O estado reacional é mais comum que recidiva, assim, na dúvida, trate com um esquema para estado
reacional.
Os nervos sensitivomotores mais acometidos pela infiltração do M. leprae e a respectiva área de inervação são:
IMPORTANTE!
NERVO LESÃO
ULNAR Garra ulnar (V e porção medial do IV quirodáctilos e
região medial da mão).
MEDIANO Garra mediano ulnar (I, II, III e porção lateral do IV
quirodáctilos e região lateral da mão).
FIBULAR COMUM Pé caído (região lateral da perna) – MARCHA
ESCARVANTE!
TIBIAL Mal perfurante plantar (sensibilidade plantar).
TRIGÊMIO Úlcera de córnea.
FACIAL Lagoftalmo (musculatura responsável pela mímica da
face).
As lesões neurológicas da hanseníase podem ser confundidas, entre outras, com as de:
TRATAMENTO
tratamento e quando houver suspeita de efeitos adversos a medicamentos e/ou nos episódios reacionais:
hemograma, urina, parasitológico de fezes, glicemia, avaliações bioquímica renal e hepática e prova inflamatórias.
1. Esquema terapêutico Paucibacilar: devem ser feitas seis cartelas num período de nove meses. Na cartela há
uma dose mensal supervisionada de Dapsona + Rifampicina (é suficiente para impedir que o paciente infecte
outras pessoas) e uma dose diária de dapsona (auto ministrada).
2. Esquema terapêutico Multibacilar: devem ser feitas 12 cartelas em até 18 meses. A dose supervisionada
contém 2 comprimidos de Rifampicina + 3 cápsulas de Clofazimina + 01 comprimido de Dapsona.
Dapsona
Rifampicina
Cutâneos: rash cutâneo generalizado;
Gastrointestinais: diminuição do apetite e náuseas. vômitos, diarréias e dor abdominal leve;
Hepáticos: mal-estar, perda do apetite, náuseas, podendo ocorrer também icterícia.
Hematopoéticos: trombocitopenia; anemia hemolítica: tremores.
Síndrome pseudogripal: febre, calafrios, astenia, mialgias, cefaléia, dores Ósseas
A coloração avermelhada da urina não deve ser confundida com hematúria.
Clofazimina
Fotossensibilidade; xerose cutâ ea
Pigmentação cutânea de coloração cinza-azulada (regride em cerca de 1 ano após o tratamento);
Vômitos; náuseas; diarreia e dor abdominal.