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I – Introdução:
A hanseníase tem cura, e a detecção precoce combinada com tratamento oferecido em tempo
oportuno reduzem consideravelmente as chances de a pessoa ter alguma deficiência. O Brasil é
o segundo país do mundo em número absoluto de pessoas acometidas pela hanseníase,
conforme dados da Organização Mundial de Saúde. Houve 127.558 novos casos dessa
enfermidade detectados no mundo em 2020, de acordo com dados oficiais de 139 países das
seis regiões da Organização Mundial da Saúde (OMS). O Brasil possui a maior carga de
hanseníase na Região das Américas e a segunda maior no mundo (ficando abaixo somente da
Índia). Ao todo, de 2016 a 2020, foram diagnosticados 155,3 mil casos novos dessa enfermidade
no país – dos quais 19,9 mil com grau 2 de incapacidade física, que é o mais grave. Ajudar as
pessoas que tem essa doença é uma atitude para todos nós e mais do que um compromisso, é
um dever e estamos fazemos a nossa parte, enquanto saúde pública de forma universal.
II – O que é hanseníase?
Figura 1 – Fotos de uma criança com hanseníase, na fase inicial da doença, e sua evolução lenta e
progressiva ao longo dos anos.
É uma doença crônica, infectocontagiosa, cujo agente etiológico é o Mycobacterium leprae, um
bacilo álcool-ácido resistente, fracamente gram-positivo, que infecta os nervos periféricos e,
mais especificamente, as células de Schwann. A doença acomete principalmente os nervos Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a
superficiais da pele e troncos nervosos periféricos (localizados na face, pescoço, terço médio do maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão. É sabido que a
braço e abaixo do cotovelo e dos joelhos), mas também pode afetar os olhos e órgãos internos susceptibilidade ao M. leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase
(mucosas, testículos, ossos, baço, fígado, etc.). Se não tratada na forma inicial, a doença quase possuem maior chance de adoecer.
sempre evolui, torna-se transmissível e pode atingir pessoas de qualquer sexo ou idade,
inclusive crianças e idosos. Essa evolução ocorre, em geral, de forma lenta e progressiva, Os principais sinais e sintomas da hanseníase são:
podendo levar a incapacidades físicas. Nas imagens abaixo, é possível observar a lenta
evolução natural da doença, desde a fase inicial até a forma disseminada, em uma paciente • Áreas da pele, ou manchas esbranquiçadas (hipocrômicas), acastanhadas ou avermelhadas,
diagnosticada antes da era dos antibióticos e da utilização da Poliquimioterapia (PQT-OMS). Os com alteraçõ es de sensibilidade ao calor e/ou dolorosa, e/ou
pacientes diagnosticados com hanseníase têm direito a tratamento gratuito com a ao tato;
poliquimioterapia (PQT-OMS), disponível em qualquer unidade de saúde. O tratamento
interrompe a transmissão em poucos dias e cura a doença. • Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência – a
pessoa se queima ou se machuca sem perceber;
III
II – Como se transmite a hanseníase? (Como se “pega” hanseníase?)
• Pápulas, tubérculos e nódulos (caroços), normalmente sem sintomas;
A hanseníase é transmitida por meio de contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível
(com maior probabilidade de adoecer) com um doente com hanseníase que não está sendo • Diminuição ou queda de pelos, localizada ou difusa, especialmente nas sobrancelhas
tratado. Normalmente, a fonte da doença é um parente próximo que não sabe que está doente, (madarose);
como avós, pais, irmãos, cônjuges, etc. A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar),
e não pelos objetos utilizados pelo paciente. • Pele infiltrada (avermelhada), com diminuição ou ausência de suor no local.
Além dos sinais e sintomas mencionados, pode-se observar: Hanseníase tuberculóide (paucibacilar):
Todos os pacientes passam por essa fase no início da doença. Entretanto, ela pode ser ou não
perceptível. Geralmente afeta crianças abaixo de 10 anos, ou mais raramente adolescentes e
adultos que foram contatos de pacientes com hanseníase. A fonte de infecção, normalmente um
Queimados, 09 de novembro de 2022.
paciente com hanseníase multibacilar não diagnosticado, ainda convive com o doente, devido ao
pouco tempo de doença.
Figura 3 – A) Criança com lesão anular bem delimitada e totalmente anestésica; B) Adulto com
necrose inflamatória (abscesso) de parte do nervo mediano, causando hipoestesia e atrofia de
músculo da mão.
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Figura 5 – A) Face infiltrada, presença de múltiplos hansenomas (pápulas), assimetria de sobrancelhas
(lesão parcial do nervo facial esquerdo) e rarefação dos pelos das laterais das sobrancelhas (madarose
parcial); B) Falta de sobrancelhas e cílios, osso do nariz alargado e achatado, obstrução nasal.
Figura 4 – A) Lesão avermelhada elevada, mal delimitada, com centro irregular e “esburacado”,
anestésica (perda total da sensibilidade) ou hipoestésica (perda parcial da sensibilidade); B) Presença
de espessamento do nervo fibular superficial na região anterolateral da perna, no terço inferior.
Figura 5 – C) Pele lisa, sem pelos, seca, quase totalmente avermelhada e inchada (menos no meio da
Figura 4 – C) Várias lesões elevadas bem delimitadas, avermelhadas nas bordas e com centro branco, coluna lombar), com vasinhos visíveis; não há manchas; D) Caroços duros nas coxas, que não doem e
com perda total da sensibilidade; D) Várias lesões elevadas bem delimitadas, avermelhadas nas bordas não coçam, alguns ulcerados, de vários meses de duração; note que ainda há pelos.
e com centro branco, com perda total da sensibilidade.
REFERÊNCIA:
Elaboração: Marcos Thadeu Fernandes Lagrotta e Maria das Graças Lins Pessoa.
Instrução: Dr. Arles Martins Brotas, Doutor em Dermatologia Universidade Federal do Rio
de Janeiro, Médico de referência - Coordenação de Vigilância e Controle da Hanseníase
de Queimados/RJ.
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