279 Dissert Iraima 2017

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Universidade Federal Fluminense

Instituto de Ciências Humanas e Filosofia


Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra

Dissertação de Mestrado

IRAÍMA SILVA MENDES

ANÁLISE PETROFÍSICA DE PERFIS: ESTUDO DE CASO DO


RESERVATÓRIO TURBIDÍTICO DO CAMPO DE MARIMBÁ -
BACIA DE CAMPOS

Niterói
2017
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da
Terra

IRAÍMA SILVA MENDES

ANÁLISE PETROFÍSICA DE PERFIS: ESTUDO DE CASO DO


RESERVATÓRIO TURBIDÍTICO DO CAMPO DE MARIMBÁ -
BACIA DE CAMPOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


graduação em Dinâmica dos Oceanos e da Terra
da Universidade Federal Fluminense, como parte
dos requisitos para a obtenção do grau de mestre
em Geociências. Nível: Pós-graduação. Área de
concentração: Geofísica.

Orientador: Prof. Dr. Cleverson Guizan Silva


Orientadora: Prof. Dra. Mariléa Gomes dos Santos Ribeiro

Niterói
2017
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do Gragoatá

S587 Silva Mendes, Iraíma.


Título ANÁLISE PETROFÍSICA DE PERFIS: ESTUDO DE
CASO DO RESERVATÓRIO TURBIDÍTICO DO CAMPO DE
MARIMBÁ - / Iraíma Silva Mendes. – [2017].
[69 páginas] f.
Orientador: Cleverson Guizan Silva, D.Sc.
Orientadora: Mariléa Gomes dos Santos Ribeiro, D.Sc
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal Fluminense
Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da
Terra
Bibliografia: f. [68-69].
1 Petrofísica básica; 2 Reservatórios turbidito;3 perfilagem de
poços.
Resistividade-chave. 7. Rio de Janeiro (RJ). Mendes, Iraima
Silva orientador. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto
de Ciências Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 305.896081
Humanas e Filosofia. III. Título. CDD 305.896081
Universidade Federal Fluminense
Instituto de Ciências Humanas e Filosofia
Programa de Pós-Graduação em Dinâmica dos Oceanos e da
Terra

IRAÍMA SILVA MENDES

ANÁLISE PETROFÍSICA DE PERFIS: ESTUDO DE CASO DO


RESERVATÓRIO TURBIDÍTICO DO CAMPO DE MARIMBÁ -
BACIA DE CAMPOS

BANCA EXAMINADORA

.................................................................
Prof. Cleverson, da Silva Guizan, D.Sc. (Orientador)
Universidade Federal Fluminense

.................................................................
Profª. Mariléa Gomes dos Santos Ribeiro, D.Sc. (Orientadora)
Universidade Federal do Rio de Janeiro – LAGEP/PRH-PB 234

.................................................................
Prof. Alfredo Moisés Vallejos Carrasco, D.Sc.
Universidade Federal Fluminense

.................................................................
Prof. Fábio André Perosi, D.Sc.
Universidade Federal do Rio de Janeiro
AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por ter me dado coragem e forças de sempre seguir em


frente mostrando o valor de cada obstáculo encontrado.
Agradeço aos meus país que me educaram sempre ensinando a respeitar o
próximo me dando apoio para realizar meus sonhos e objetivos nunca medindo
esforços para minha educação.
Ao meu marido Laurent Moulin, com quem compartilho a vida, por renovar
as minhas energias, pela compreensão nas minhas ausências e por todo amor e
carinho além da contribuição financeira para que eu pudesse seguir este projeto.
Ao professor Cleverson por ter me aceitado e pela sua paciência me dando
à oportunidade de realizar esta pesquisa no Lagemar-UFF.
A professora e amiga Mariléa da PRH-PB/LAGEP-UFRJ, pelas longas horas
de paciência, me ajudado na execução desta pesquisa.
Ao Bruno Menchio por ter me dado as direções iniciais. Aos meus chefes
Flávio Barros e André Arabe, pela compreensão.
Ao Júlio Kosaka de oliveira (Schlumberger) pela consultoria e
esclarecimento de dúvida do programa TechLog®.
Ao professor Rodrigo bagueira por ceder o UFFLAR para utilizar o programa
TechLog®.
Ao professor Fábio André Perosi, pelo apoio cedendo o Techlog no LAGEP-
UFRJ.
Ao professor Sérgio Bergamischi - UERJ pela gentileza de ceder o
laboratório par finalizar correções com o programa TechLog®.
As minhas amigas Josenilda Lonardelli, Karina Favacho, Luciana Brelaz e
Maira Lima, pelas conversas, troca de idéias, risadas e alegrias durante esses anos,
pelos conselhos e companheirismo nas horas difíceis. E a todos aqueles que de
alguma forma contribuíram seja com gestos e atitudes para concluir este trabalho.

Aos meus pais: Nicanor Pereira Mendes (in memorian) e Carolina Amaral
da Silva Mendes, com amor e carinho. Sem eles eu hoje nada seria, se
desejei sempre subir a montanha, foi por eles me mostraram o valor de
cada passo dado o amor e carinho que me proporcionaram ao longo de
minha vida.

Iraíma Silva Mendes


RESUMO

O uso dos perfis geofísicos de poços na identificação de reservatórios de


hidrocarbonetos tem sido uma grande ferramenta, principalmente durante a
perfuração, porém a interpretação destes perfis deve ser criteriosa no caso de
reservatórios complexos turbidito. A análise desses perfis em conjunto com
descrições de amostra da rocha reservatório (calha, testemunhos e plugues) tem se
mostrado um método eficáz. Seu uso vai além da identificação de hidrocarbonetos,
sendo também utilizados nos cálculos petrofísicos com o uso da suíte básica de
raios gama, porosidade neutrônica, densidade, resistividade, sônico e caliper. Ainda
na fase exploratória é possível realizar cálculos, como o de volume de argila,
porosidade, saturação, permeabilidade e net pay, possibilitando que se obtenha um
melhor conhecimento do potencial do reservatório. Garantindo uma análise criteriosa
na interpretação dos perfis e considerando a presença dos minerais radioativos ou
condutores (ex.: feldspatos, glauconita, pirita) o ambiente de poço (tipo de fluido de
perfuração e seus aditivos do fluido) os problemas de instabilidade do poço seja por
desmoronamentos ou fechamento das paredes do poço causam alterações nas
leituras registradas pelo perfil. Reconhecendo estas interferências, que levam a
incertezas, é preciso ter cautela para não se fazer uma interpretação superestimada
ou subestimada das propriedades petrofísicas dos reservatórios. Quando os
reservatórios turbidíticos apresentam consideradas intercalações argilosas se estas
forem negligenciadas tem-se então outra fonte de incerteza. Como lidar com estes
casos é uma habilidade importante na rotina da análise petrofísica. Os cálculos
petrofísicos dos reservatórios dos dois poços (A e B) do Campo de Marimbá
realizados pela análise quantitativa dos perfis geofísicos de poços, obteve-se valores
respectivamente aos poços A e B valores de 12,5 a 16,5% de argila; porosidade
efetiva média e 28 e 27%; saturação médio de água 15 e 26,7%; permeabilidade
variando de 25 a 700 mD e 35 a 1000 mD; as espessuras de net pay foram de 27 m
para o poço A e 24,8 m para o poço B. Os resultados foram considerados válidos e
confirmando os indícios encontrados em campo, mostrando como reservatórios
argilosos possuem alto potencial de hidrocarbonetos.

Palavras-chave: Petrofísica básica; Reservatórios turbidito; perfilagem de


poços.
ABSTRACT

Geophysical profiles of wells to identify hydrocarbon reservoirs has


established itself as a useful tool, especially during drilling, however, its critical
interpretation is essential for complex reservoirs such as turbidite systems. Analysis
of these profiles in conjunction with reservoir rock sample descriptions (gutter, core
and plug) has been shown to be an effective method. Its use goes beyond
hydrocarbon identification and is also used in the petrophysical calculations using a
basic suite of gamma rays, neutron porosity, density, resistivity, sonic and caliper
logs. Also in the exploratory phase, it is possible to make calculations, such as clay
volume, porosity, saturation, permeability and net pay, enabling better knowledge of
the reservoir potential. By assuring a careful analysis in the profile interpretations and
considering the presence of radioactive or conductive minerals (e.g. feldspar,
glauconite, pyrite), the well environment (type of drilling fluid and its fluid additives)
and likewise well instability problems either by collapsing or closing the well walls can
cause changes in the readings recorded in the profile. Recognizing these
interferences, which create uncertainties, it is necessary to be careful not to make an
over or underestimated interpretation of the reservoir petrophysical properties. When
turbidite reservoirs have clay intercalations, if they are neglected, then this causes
another source of uncertainty. How to deal with these cases is an important skill in
routine petrophysical analysis. The reservoir petrophysical calculations of the two
Marimbá Field wells (A and B) carried out by the geophysical profile quantitative
analyses respectively obtained these values for wells A and B: 12.5 to 16.5% clay;
Average effective porosity is 28 and 27%; Mean water saturation 15 and 26.7%;
Permeability ranging from 25 to 700m D and 35 to 1000 mD; The net pay
thicknesses were 27 m for well A and 24.8 m for well B. The results were considered
valid and confirmed the field evidence, showing how clayey reservoirs have high
hydrocarbon potential.

Keywords: Basic Petrophysics; Turbidite reservoirs; Well profiling.


ÍNDICES

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................12
1.1 Caracterização do Problema ..........................................................................................19
1.2 Objetivo ........................................................................................................................19
2 CONTEXTO GEOLÓGICO.............................................................................................20
2.1 Bacia de Campos ...........................................................................................................20
2.2 Campo de Marimbá.......................................................................................................21
3 MATERIAL E METODOLOGIA......................................................................................22
3.1 Volume de Argila (Vsh) ...................................................................................................22
3.2 Porosidade (ϕ) ..............................................................................................................23
3.3 Saturação de água (Sw) ..................................................................................................23
3.4 Permeabilidade (K)........................................................................................................25
3.5 Net Pay .........................................................................................................................25
4 Ambiente de perfilagem............................................................................................26
4.1 Perfis Geofísicos...................................................................................................................27
4.1.1 Perfil de Caliper (CAL)....................................................................................................28
4.1.2 Perfil de Raios Gama (GR)..............................................................................................28
4.1.3 Perfil de Porosidade Neutrônica (NPHI) .........................................................................28
4.1.4 Perfil de Densidade (RHOB) ...........................................................................................29
4.1.5 Perfil Sônico (Dt) ...........................................................................................................29
4.1.6 Perfil de Resistividade (ILD/SFLU) ..................................................................................30
5 ZONEAMENTO E CORRELAÇÃO DOS POÇO.................................................................31
5.1 Zoneamento dos poços A e B.........................................................................................31
5.2 CORRELAÇÃO DOS POÇOS A e B ....................................................................................32
6 CÁLCULOS PETROFÍSICOS ..........................................................................................35
6.1 POÇO A .........................................................................................................................35
6.1.1 Histograma e Crossplot do Poço A .................................................................................35
6.1.2 Cálculo do Volume de Argila..........................................................................................36
6.1.3 Cálculo das Porosidades Total e Efetiva .........................................................................37
6.1.4 Cálculo da Saturação de Água........................................................................................41
6.1.5 Cálculo da Permeabilidade ............................................................................................44
6.1.6 Net Pay .........................................................................................................................47
6.2 Poço B ...........................................................................................................................49
6.2.1 Histograma e Crossplot do Poço B .................................................................................49
6.2.2 Cálculo do Volume de Argila..........................................................................................50
6.2.3 Cálculo das Porosidades Total e efetiva .........................................................................52
6.2.4 Cálculo de Saturação de Água........................................................................................55
6.2.5 Cálculo da Permeabilidade ............................................................................................59
6.2.6 Net Pay .........................................................................................................................62
7 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS PETROFÍSICOS DOS POÇOS A com B E COM OUTROS
ANÁLOGOS .......................................................................................................................64
8 CONCLUSÕES.............................................................................................................75
9 Referências bibliográficas..........................................................................................76
TABELAS
Tabela 1. Resumo descrições realizadas em campo dos poços A (calha) e B (testemunho).................................31
Tabela 2. Comparação dos resultados de net pay calculados pelo método de analises de crossplots Contreras et
al (2012) e o praticado nos reservatórios cretáceo da formação Carapebus utilizados para a Formação
Carapebus na Bacia de Campos.............................................................................................................................73

Figuras
Figura 1. A sequência de Bouma e os mecanismos de deposição inferidos para os intervalos Ta a Te para uma
corrente de turbidez de baixa densidade desacelerante (figura modificada de Pickering et al., 1986,
incorporando conceitos de Lower, 1982 e Mutti, 1992) aput d’Avila et al, 2008._________________________13
Figura 2. Esquema de classificação preditiva de fácies turbidíticas; B) principais processos de erosão e deposição
de uma corrente de turbidez com sua evolução talude abaixo (Mutti et al.,1992). Apud Mutti et al, 2009. ____17
Figura 3. Localização da Bacia de Campos (Bruhn, 2003). __________________________________________20
Figura 4. Localização do Campo de Marimba (Milani, 2000). ________________________________________21
Figura 5. Ambiente de perfilagem Log interpretation - Schlumberger, 2009. ____________________________27
Figura 6. Zoneamento dos poços A e B. TechLog® v 2014.3- Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________32
Figura 7. Perfil de correlação entre os poços A e B com as curvas de raios gama (GR). TechLog® v2014.3 -
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. __________________________________________34
Figura 8. Histograma de raios gama do poço A. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________35
Figura 9. Crossplot de litologia do poço A. Os pontos fora da linha do arenito são influência de argilas dispersas.
TechLog® v 2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.___________________________36
Figura 10. Perfil do cálculo de Volume de argila no reservatório do poço A. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 –
zonas, 3 – raios gama (RG) e caliper(CAL), 4 – volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e
sônico, 6 – resistividade profunda9 (ILD, 7 – densidade da matriz (RHOMAA). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________37
Figura 11. Perfil do cálculo de porosidades total e efetiva. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios
gama (RG) e caliper (CAL), 4 – volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e sônico; 6 –
resistividade profunda9 (ILD); 7 – densidade da matriz (RHOMA); 8 – cálculo das porosidades total (PHIt) e
efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. _______________39
Figura 12. Histograma de porosidade efetiva do poço A. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense. ________________________________________________________________________40
Figura 13. Crossplot de densidade da matriz (RHOMA) e porosidade efetiva (PHIe) do poço A. A concentração de
pontos no circulo verde são das camadas de arenito com porosidade média entre 23-30%, Na elipse vermelha
são referentes a camadas desmoronadas. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________41
Figura 14. Perfil composto. Tracks: 1- raios gama (GR) e caliper (CAL), 2 litologia, 3 - curvas de resistividade
profunda (ILD) e rasa (SFLU). A linha vermelha tracejada em 2764m marca a divisão das zonas saturada em
hidrocarboneto e saturada em água. Cedido pela ANP. ____________________________________________42
Figura 15. Perfil do cálculo de saturação. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e caliper
(CAL), 4 – densidade, neutrão (NPHI) e sônico (DT), 5 – volume argila (Vsh), (RHOB), 6 – porosidade efetiva
(PHIe), 7 - saturação de água (sw), 8 – saturação de água irredutível (Swirr), 9 – resistividade profunda (ILD).
TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ___________________________43
Figura 16. Crossplot de saturação de água (Sw) versus porosidade efetiva (PHIe) os intervalos 1, 2 e 3 (pontos
verdes) são as camadas portadoras de hidrocarboneto e 4 é a camada onde ocorre o colapso das paredes do
poço (pontos vermelhos), sendo a porosidade e saturação superestimados neste intervalo. TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. __________________________________________44
Figura 17. Perfil do cálculo de permeabilidade. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e
caliper (CAL), 4 – volume de argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), porosidade neutrônica (NPHI), 6 – resistividade
(ILD), 7 – saturação de água (Sw), 8 – saturação de água irredutível (BVWS), 9 porosidades total (PHIt) e efetiva
(PHIe) e 10 - permeabilidade. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ___45
Figura 18. Crossplot de permeabilidade versus porosidade efetiva. A zona saturada em hidrocarboneto (Pontos
em verde) está bem definida da zona saturada com água (Pontos amarelo) e folhelho (pontos em azul) e as
camadas desmoronadas (Pontos vermelhos). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________46
Figura 19. Crossplot de saturação versus permeabilidade. As zonas saturadas em hidrocarboneto com
permeabilidades de 10 a 13000mD. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
________________________________________________________________________________________47
Figura 20. Perfil com net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama
(RG) e caliper, 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade total (PHIt) 6 – Saturação de água (Sw), 7/8 - net gross
(Verde) e 8/9 – Net pay (Vermelho). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
________________________________________________________________________________________48
Figura 21. Histograma de raios gama do poço B. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________49
Figura 22. Crossplot de litologia do poço B. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense._______________________________________________________________________________50
Figura 23. Perfil do cálculo de volume de argila. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e
caliper (CAL), 4 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e sônico, 5 – volume argila (Vsh), 6 – resistividade profunda
(ILD). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________51
Figura 24. Perfil do cálculo de porosidade. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama e caliper
(CAL), 4 – Volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e sônico, 6 – resistividade profunda (ILD) e
rasa (LL), 7 - densidade da matriz (RHOMA), 7 – porosidade total (PHIt) e efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. __________________________________________53
Figura 25. Crossplot de densidade da matriz versus porosidade efetiva do reservatório do poço B. A intercalação
das litologias de arenito arcosiano, siltíto/arenito fino-muito fino e folhelho. TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________54
Figura 26. Histograma de porosidade efetiva do reservatório do poço B. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido
à Universidade Federal Fluminense.____________________________________________________________55
Figura 27. Perfil composto. Tracks: 1- raios gama (GR) e caliper (CAL), 2 litologia, 3 - curvas de resistividade
profunda (ILD) e rasa (SFLU). A elipse azul e seta azul marcam uma camada delgada onde a curva rasa esta com
leitura maior que a profunda, mas em uma camada de folhelho. Perfil cedido pela ANP.__________________56
Figura 28. Perfil do cálculo de saturação de água. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e
caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade neutrônica (NPHI), densidade (RHOB) e sônico (DT), 6 –
porosidade efetiva (PHIe) e total (PHIt), 7 – saturação água (Sw), 8 – saturação de água (Sw) e saturação de
água irredutível (Swirr), 9 - resistividade profunda (ILD) e rasa (LL). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à
Universidade Federal Fluminense. _____________________________________________________________58
Figura 29. Crossplot de Saturação água (Sw) versus Porosidade efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________59
Figura 30. Perfil do cálculo de permeabilidade (k). Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e
caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade neutrônica (NPHI), densidade (RHOB) e sônico (DT), 6 –
resistividade profunda (ILD) e rasa (LL), 7 – permeabilidade (k), 8 - porosidade efetiva (PHIe) e total (PHIt), 9 –
saturação de água (SW), 10 – saturação de água irredutível (BVW). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à
Universidade Federal Fluminense. _____________________________________________________________60
Figura 31. Crossplot de permeabilidade (K) versus porosidade efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________61
Figura 32. Crossplot de saturação água (Sw) versus permeabilidade (K). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido
à Universidade Federal Fluminense.____________________________________________________________62
Figura 33. Perfil com net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – Caliper e
raios gama, 4 - volume de argila (Vsh), 5 – Porosidade total (PHIt), 6 – Saturação água (Sw), 7/8 - Net Trackss
(Verde) e 9/10 – Net Gross e net pay (Vermelho). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense. ________________________________________________________________________63
Figura 34. Comparação dos perfis calculados de argila dos poços A e B com o volume de argila calculado para o
poço do Campo Socororo pela mesmo método (equação 1). ________________________________________65
Figura 35. Crossplot de resistividade (ILD) versus saturação de água(SW). _____________________________67
Figura 36. Crossplot de saturação de água irredutível (Swirr) versus resistividade (ILD) do poço A. TechLog®
v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ___________________________________68
Figura 37. Crossplot de saturação e água irredutível (Swirr) versus resistividade (ILD) do poço B. TechLog®
v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ___________________________________68
Figura 38. Crossplot saturação de água (SW) versus volume de argila (Vsh). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________70
Figura 39. Crossplot porosidade efetiva (PHIe) versus volume de argila (Vsh). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense. ______________________________________________________72
Figura 40. Comparação dos dois perfis net pay do reservatório do poço A. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 –
zonas, 3 – raios gama (GR) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade efetiva (PHIe), 6 –
saturação água (Sw), 7/8 - net Gross (Verde) e 9/10 - net pay (Vermelho). cut offs: a) mais usado regionalmente
na Bacia de Campos (ϕ > 12%; Sw < 60%; Vsh < 50%), b) método de crossplots (Contreras et al., 2012) (ϕ > 12%;
Sw < 50%; Vsh < 30%). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ________74
Figura 41. Comparação dos dois perfis net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 –
zonas, 3 – raios gama (GR) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade efetiva (PHIe), 6 –
saturação água (Sw), 7/8 – net Gross (Verde) e 9/10- net pay (Vermelho). cut offs: a) mais usado regionalmente
na Bacia de Campos (ϕ > 12%, Sw < 60%; Vsh <50%), b) (Contreras et al., 2012) (ϕ > 12%; Sw < 45%, Vsh < 30%) .
TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense. ___________________________74
12

1 INTRODUÇÃO

Em 1846 foi descoberto no Azerbaijão na cidade de Baku o primeiro


reservatório de óleo, que levou as grandes companhias a investir em tecnologias
que fossem capazes de identificar reservatórios econômicos em locais nunca antes
explorados, um exemplo seria os ambientes de águas profundas, que neste caso
requer grandes pesquisas.
A perfuração é uma etapa das mais caras, pois envolve fases de grande
valor econômico, desde o aluguel de uma sonda até sua fase final, visando também
a necessidade de obter o máximo de informação possível do poço (amostragem)
que constata a presença de hidrocarbonetos. Para se ter conhecimento da
viabilidade econômica de um reservatório. Para a petrofísica determinar parâmetros
que irão definir o índice de produtividade da reserva. Os perfis geofísicos de poços
fornecem qualitativamente informações litológicas do reservatório e dos estratos
sotopostos.
Segundo Kuenen et al., (1950), as sequências turbidíticas constituem
importantes reservatórios de hidrocarbonetos no mundo sendo depósitos de
sedimentos e possuindo uma série de eventos erosivos e deposicionais e
geneticamente relacionados formado pelas correntes de turbidez aplicado a rochas
de diferentes idades e em diversas regiões.
Estudos de laboratoriais realizados concluíram que as camadas com
gradação normal, depositadas em contexto marinho profundo seriam o produto da
deposição de correntes de turbidez. A partir deste estudo, as correntes de turbidez
passaram a ser consideradas como os agentes mais prováveis para escavar os
cânions submarinos transportando grandes volumes de sedimento para o mar
profundo.
Kuenen (1957) definiu o termo "turbidito", para as camadas de arenitos
depositadas em ambiente profundo marinho por correntes de turbidez vem a
simplificar o termo “Arenito tipo flysch", a partir daí uma série de fatores
sedimentológicos começaram a ser associados com os turbidito.
Após décadas de observações, Bouma 1962 (Figura 1) publicou a primeira
generalização a respeito de turbiditos, que ficou conhecida como “sequência de
Bouma” onde os depósitos turbidíticos possuem características diferenciadas
segundo a sua deposição, podendo ser proximal ou distal, e ainda descreveu a
13

estrutura interna de um turbidito individual, que de forma geral, é representada por


um pacote de rochas com granulometria decrescente para o topo e espessura
variando entre 0,5 e 1 metro, esta sequência está descrita a seguir:
A) Areia compacta, com base bem definida e topo passando gradualmente
ao nível seguinte;
B) Areia estruturada em lâminas paralelas;
C) Areia afetada por estruturas sedimentares onduladas;
D) Silte e argila depositados em lâminas paralelas; e
E) Argilas correspondentes a acumulação calma e lenta.

Figura 1. A sequência de Bouma e os mecanismos de deposição inferidos para os intervalos Ta a Te


para uma corrente de turbidez de baixa densidade desacelerante (figura modificada de Pickering et
al., 1986, incorporando conceitos de Lower, 1982 e Mutti, 1992) aput d’Avila et al, 2008.

Mutti et al. (1972) observando afloramentos de turbiditos nos Apeninos no


sul dos Pirineus e em alguns turbiditos na Grécia, nos quais foram realizadas as
primeiras classificações para as fácies turbidíticas em ambiente de águas profundas.
Os autores visualizaram os turbiditos se formando em leques submarinos no sopé
de taludes conduzido por cânions, onde os leques foram divididos em duas regiões
principais: um sistema distributário e uma região de deposito (receptor). O sistema
distributário é formado por canais entrelaçados separados por regiões intercanais.
As variações destas fácies permitiam o mapeamento e delineação do modelo de
leques submarinos. Esta classificação fora reformulada por Mutti (1992) que
classificou nove fácies diferentes de estágios de um fluxo gravitacional durante a sua
14

descida em um talude. As 9 fácies de Mutti (1992) (Figura 2) são ainda inseridas em


3 tipos de fácies principais subdivididos em três grupos principais descritos abaixo:
A) fácies de grão muito grosso,
B) fácies de grão grosso,
C) fácies de grão fino
A) Fácies de grão muito grosso, muitas vezes podem ser distinguidas três fácies
principais:
- Fácies F1
Os depósitos são produtos de fluxos de detritos coesivos. As feições que os
caracterizam são:
• A ausência de significantes escavações basais.
• Grandes clastos flotantes na matriz, que relacionados aos depósitos F2 de
mesmo trato de fácies, são mais lamosos e devem mostrar feições
relacionados a fluxos plásticos.
• A tendência de concentrar grandes clastos em direção ao topo e projetá-los
para o topo das camadas.
- Fácies F2
são depósitos interpretados como produtos de fluxos hiperconcentrados produto
da transformação de fluxos coesivos em direção ao talude com progressiva mistura
de fluidos. Estes depósitos são muito comuns em sistemas turbidíticos de grãos
grossos. Em relação a F1, as feições que os caracterizam são as seguintes:
• Ocorrência de pronunciadas escavações basais e grandes clastos tabulares
de mudstone.
• Clastos largos aparecem flotantes na matriz homogênea ou com gradação,
composta de lama, areia e grânulos.
• Largos clastos mostram clara tendência a ocorrer na parte basal das
camadas.
- Fácies F3
os depósitos consistem de conglomerados com arcabouço suportados por
clastos formando camadas que geralmente apresentam limites basais como
superfícies erosivas basais. A organização interna desta fácies é variável e mais
comumente representado por um depósito não estratificado e depósitos de gradação
inversa (grãos grossos em direção ao topo da camada). A organização destes
15

depende do cisalhamento destas camadas de grânulos a partir do fluxo residual


sotoposto abaixo.
B) Fácies de grãos grossos
Este grupo inclui, em direção a bacia, sedimentos WF, F4, F5 e F6, que são
interpretados como produto de correntes de turbidez de alta densidade com
grânulos.
• Sedimentos WF
Consiste de divisões relativamente delgadas, usualmente entre 5-20 cm de
espessura, de areias muito grossas pobremente selecionadas e camadas de
grânulos com laminação ondulada difusa. O comprimento de onda é geralmente
inferior a 50 cm e lâminas individuais tem espessura maior que 1cm. Este
sedimentos tem sido interpretados como regime de fluxo superior, que é
consequência da transformação de um fluxo hiperconcentrado para fluxo mais
fluidos (pois entra mais água no sistema), altamente densos e de correntes de
turbidez supercríticas.
- Fácies F4 e F5
são os sedimentos mais comuns encontrados dentro deste grupo de fácies.
Relativamente espessos e carpetes de tração de sedimentos grossos caracterizam
os depósitos F4.
Os depósitos F5 são desprovidos de estratificação interna e estruturas de
escapes de fluidos são comuns. A menos que o fluxo parental original consista de
sedimentos bem selecionados, camadas de F5 são pobremente selecionados se
comparados a depósitos F8.
- Fácies F6
Depósitos grossos e internamente estratificados representam os sedimentos
F6. Estas camadas são relativamente bem selecionadas e caracterizadas pela
ausência de gradação. Estes sedimentos são considerados como produto de um
salto hidráulico que transforma uma corrente de turbidez de alta densidade
supercrítica em uma corrente subcrítica (de baixa densidade, onde há mais água
que sedimentos em suspensão).
C) Fácies de grãos finos
Este grupo inclui depósitos F7, F8 e F9, ou seja, aqueles sedimentos que são
considerados como produtos de correntes de turbidez de baixa densidade
(subcríticas). Estas correntes começam sua deposição após o salto hidráulico ou por
16

transformação de gravidade, em que os depósitos de F5 são sobrepostos ou


substituídos por um depósito F7 em direção ao talude / fundo de bacia. O final desta
deposição é atingida onde a carga lamosa em suspensão pode se acomodar quase
como um fluxo quase-estático. Estas fácies de grãos finos são geralmente
considerados os melhores sedimentos turbidíticos desde que inclua a sequência
clássica de Bouma e a clássica sequência de turbiditos de Walker.
- Fácies F7
Depósitos das fácies F7 são comuns em muitos sistemas turbidíticos e são
caracterizados por laminações horizontais delgadas e relativamente de grãos
grossos que podem ser facilmente confundidas por tapetes de tração de depósitos
F4 ou a subdivisão de Bouma de camadas F9.
- Fácies F8
Os sedimentos de F8 são considerados como uma divisão genuína da
sequência de Bouma e consistem de areias finas a médias sem estruturação
(maciças). Gradações podem ou não estar presentes. Dentro do mesmo trato de
fácies, uma divisão F8 é sempre de grãos mais finos e considerados bem
selecionados se comparados aos depósitos F5, portanto permitindo uma fácil
distinção entre estes dois tipos de fácies.
- Fácies F9
Depósitos F9 são formados por divisões de laminações de corrente de areia muito
fina a siltito grosso recobertas por uma divisão de mudstone. Estes sedimentos,
comumente referido na literatura como sequência de Bouma ‘sem base’ (sequências
Tb-e, Tc-e, Td-e and Te), constituem os componentes do sistema turbidíticos mais
importantes de turbiditos antigos de preenchimento de bacias.
Estratos F9 podem ser simplesmente definidos como camadas de turbiditos,
depositados por processos de tração – decantação, associada com vários estágios
de sedimentação de desaceleração de correntes de turbidez.
17

Figura 2. Esquema de classificação preditiva de fácies turbidíticas; B) principais processos de erosão


e deposição de uma corrente de turbidez com sua evolução talude abaixo (Mutti et al.,1992). Apud
Mutti et al, 2009.

Os sistemas turbidíticos despertam um grande interesse dentre os


pesquisadores da indústria do petróleo devido a seu potencial como rocha
reservatório, uma vez que as areias e conglomerados são levados a deposição em
ambientes de plataformas marinhas apresentando grande potencial para
acumulação dos hidrocarbonetos (Walker, 1978).
Segundo Mutti (1992) os clásticos grossos de águas profundas provem de
grandes fluxos, desde fluxos de detritos (debris flows), passando pelos fluxos
18

turbidíticos de alta densidade até as correntes de turbidez diluídas. Os turbiditos


chamados clássicos, representam a sequência de Bouma (1962) apud Della Fávera.
Della Fávera (2001), afirma que os turbiditos são depósitos de sedimentação
episódica por excelência, no qual um pulso de corrente de turbidez transportando
expressivo volume de sedimentos pode levar minutos ou horas para percorrer
longos trechos da bacia e depositar sua carga, estes pulsos se sucedem a intervalos
de centenas de anos.
No Brasil, os turbiditos ocorrem durante a fase rift em condições lacustres
profundas e seção marinha a partir do Neo-cretáceo responsáveis pela formação de
importantes reservatórios de hidrocarbonetos com quase 90% da reserva de
petróleo conhecida (Della Fávera, 2001).
Os turbiditos da Bacia de Campos apresentam normalmente a disposição
clássica dos leques de assoalho de bacia. Esta disposição é em geral assumida
pelas bacias de margens passivas. Em cada um desses leques há um acúmulo de
areia em torno de 200 m. As fácies dominantes são de arenito maciço, com sutis
gradações em unidades de 1-1,5 m de espessura, neste sentido a sequência de
Bouma é rara (Della Fávera, 2001).
Em 2002 a produção de petróleo chegou a 1,2 milhões de barris por dia na
Bacia de Campos que corresponde a 88% destes reservatórios turbidíticos de águas
profundas com idades Cretácea a Terciária (Bruhn, 2003).
Cerca de 90% da produção de petróleo do Brasil, descobertas feitas pela
Petrobras estão em turbiditos e fácies associadas com um valor de mercado de
muitas centenas de bilhões de dólares (Gomes et al., 2008).
Bruhn (2008) fizeram estudos mostrando que reservatórios turbidíticos
compreendem diferentes tipos podendo ser complexos e heterogêneos e ainda
serem discriminados principalmente com base no tamanho dos grãos, razão net-to-
gross, geometria externa, processos deposicionais e setting deposicional. Os
autores definem para a Bacia de Campos quatro principais tipos de reservatórios:
1- Canais complexos ricos em areia/cascalho;
2- Calha-confinada que são lobos ricos em areia/cascalho;
3- Lobos não confinados ricos em areia;
4- Lobos ricos em areia e lama.
Os turbiditos da Bacia de Campos apresentam normalmente a disposição
clássica dos leques de assoalho de bacia. Esta disposição é em geral assumida
19

pelas bacias de margens passivas. Em cada um desses leques há um acúmulo de


areia em torno de 200m. As fácies dominantes são de arenito maciço, com sutis
gradações em unidades de 1-1,5 m de espessura, sequência de Bouma é rara (Della
Fávera, 2001).

1.1 Caracterização do Problema

O primeiro obstáculo de um reservatório turbidítico é definir os limites das


camadas arenosas portadoras de hidrocarbonetos intercaladas à camadas de
folhelhos em que sua composição deve ser considerada. Esses folhelhos são em
sua maioria constituídos por quartzo, feldspato, argilas dispersas, laminar e
estrutural (micas) e intercalações de folhelhos; sua granulometria é variada (desde
conglomerado até areia fina) e podem ir de friáveis a compactos; a sua geometria
em geral são camadas tabulares, amalgamadas, espessas ou delgadas e
interdigitadas a siltitos e folhelhos. Não é fácil definir os parâmetros para os cálculos
petrofísicos de volume de argila, saturação da água, porosidade, permeabilidade e
net pay. É necessário considerar todos os fatores que influenciam os cálculos
petrofísicos e em grande parte deles estão as camadas de folhelhos adjacentes e
interdigitadas ao reservatório e o tipo de argila que impactam na avaliação do
reservatório e a longo prazo na produção.

1.2 Objetivos

O objetivo deste trabalho é identificar zonas portadoras de hidrocarbonetos


nas camadas de arenito turbidítico utilizando as curvas básicas dos perfis geofísicos
de dois poços do campo de Marimbá na Bacia de Campos. Utilizando os cálculos
petrofísicos para a porosidade, saturação de água, permeabilidade e o net pay
dentro dos reservatórios, considerando fatores que impactam nas avaliações de
reservatórios turbidíticas: camadas de folhelho adjacentes, argilas dispersas, laminar
e estrutural nas camadas arenosas, geometria das camadas, além da influência do
fluido de perfuração.
Correlacionar os resultados petrofísicos dos poços estudados com dados
físicos de rocha descritos em campo.
Demonstrar a eficácia dos perfis geofísicos em identificar estas zonas
econômicas de hidrocarbonetos.
20

2 CONTEXTO GEOLÓGICO

2.1 Bacia de Campos

A Bacia de Campos é uma das doze bacias orientais marginais brasileiras,


que se estende sobre a planície costeira e talude continental da parte oriental do
Oceano Atlântico Sul, localizada a sudeste do Brasil, no litoral norte do Estado do
Rio de Janeiro e a sul do Estado do Espírito Santo, limitada ao sul pelo Arco de
Cabo Frio e ao Norte pelo Arco Vitória, possui uma área aproximada de 100.000
Km2 dos quais 500 km2 são em área emersa; Bruhn (2003) (Figura 3). A bacia é do
tipo pull apart e sua origem está relacionada com a ruptura do Super continente
Gondwana no Eo-Cretáceo, sua evolução tectônica e sedimentar está ligada ao fim
Neocomiano do Gondwana e posterior abertura do Oceano Atlântico Sul. A sua
evolução tectônica está caracterizada por 3 fases distintas, da base para o topo: 1-
Fase Rift 2- Fase de quiescência tectônica e 3- Pós Rift ou Drift. O embasamento
cristalino da Bacia de Campos é caracterizado por gnaisses de idade pré-Cambriana
pertencente à Província Proterozóica da Ribeira.

Figura 3. Localização da Bacia de Campos (Bruhn, 2003).


21

2.2 Campo de Marimbá

O Campo de Marimbá foi descoberto em março de 1984 com poço 1-RJS-


284 em lâmina d’água de 420 m é considerado o primeiro óleo de água profunda,
teve um volume estimado de 174.18 milhões de barris de óleo de boa qualidade e
alta permeabilidade. Situado na porção sul da Bacia de Campo (Figura 3), possui
uma área de 19 km2, e está localizada aproximadamente 80 km do Cabo de São
Tomé, em profundidade de águas de 320 a 780 m na parte sul do principal trend de
acumulações da Bacia de Campos entre os campos de Línguado, Carapeba e
Vermelho (Horschutz et al., 1992).
Essa unidade sedimentar é formado por arenito arcosiano grosso a fino, com
múltiplos corpos amalgamados com elevada proporção de arenitos/folhelhos.
Secundariamente ocorrem arenitos com estratificação cruzada ou horizontal e
arenitos argilosos bioturbados intercalados a folhelhos e siltitos são as principais
diferenças no reservatório (Horschutz et al., 1992).
Porção superior da Formação Macaé (Membro Outeiro) é intercalada com
margas e folhelhos da sequência hemipelágica. Sua origem se dá pela deposição de
um sistema de canais amalgamados depositados sobre uma discordância.
O arenito é pobremente cimentado por calcita, seleção moderada a pobre,
friável a semi-friável, com características de permeabilidade e porosidade
excelentes. A porosidade e permeabilidade media apresentam valores de 27% e
1700 mD, respectivamente (Horschutz et al., 1992).

Figura 4. Localização do Campo de Marimba (Milani, 2000).


22

3 MATERIAL E METODOLOGIA

O método de estudo utiliza os perfis básicos, raios gama (GR), resistividade (ILD
e SFLU), porosidade (NPHI), densidade (RHOB), sônico (DT) e caliper (CAL) no
formato LAS, ainda conta com os perfis compostos e descrições de campo
(amostras de calha e testemunhos). A pesquisa é aplicada a 2 poços do Campo de
Marimbá na Bacia de Campos. Os dados foram cedidos pelo BEDEP/ANP.
Primeiro carregou-se os dados de perfis no software TechLog® v2014.3
Schlumberger, cedido gratuitamente à Universidade Federal Fluminense para fins de
estudos acadêmicos. A análise da qualidade e confiabilidade dos perfis foi realizada
tendo como referência o perfil de caliper.
Elaborou-se o crossplots com as curvas dos perfis de densidade (RHOB) e
porosidade neutrônica (NPHI), identificando as litologias em correlação com
descrições de amostras de calha e testemunho. Em um passo seguinte foi realizado
os cálculos petrofísicos para determinar o volume de argila, porosidade efetiva,
porosidade total e saturação. Por meio da análise petrofísica estima-se os
parâmetros de net pay, que viabilizaram a interpretação dos resultados petrofísicos
obtidos e a correlação destes resultados para os 2 poços. Para melhor
entendimento, um detalhamento das definições e medidas de cada parâmetro foi
realizado, assim como para as fórmulas utilizadas pelo programa TechLog®.

3.1 Volume de Argila (Vsh)

O cálculo de volume de argila é realizado a partir do valor mínimo da curva


de raios gama (no arenito) e o valor máximo de raios gama (no folhelho), com
algumas exceções, como a presença de minerais radioativos. Os valores são
obtidos a partir do perfil de raios gama corrigido e segundo a Equação 1.

(1)

Onde:
Vsh = Volume de argila
GR= Raio gama do perfil
GRmáx = máximo (Folhelho)
GRmín = mínimo (Arenito)
23

3.2 Porosidade (ϕ)

A porosidade é a porcentagem (em volume) de vazios de uma rocha. Ela


pode ser classificada como porosidade total e porosidade efetiva. A porosidade
efetiva é a relação entre os espaços vazios interconectados que é a porosidade de
produção e o volume total da rocha, excluindo inclusive a água adsorvida das
argilas. A porosidade foi calculada a partir das curvas de densidade (RHOB) e
neutrão (NPHI), do volume de argila (Vsh), densidade do filtrado de fluido de
perfuração (g/cm3) e temperatura, considerando as correções das curvas de
densidade e porosidade neutrônica. Para estimar a porosidade efetiva utilizou-se a
Equação 2 e para a porosidade efetiva e para a porosidade total a Equação 3.

(2)

(3)

Onde:
ϕe= porosidade efetiva
ϕt = porosidade total
ϕsh= porosidade do folhelho
ρma= densidade da matriz
ρbcor= densidade corrigida para hidrocarbonetos
Vsh= volume calculado de argila
DENsh= densidade do folhelho
ρfl= densidade do filtrado da lama

3.3 Saturação de água (Sw)

A saturação de um fluido em um meio poroso é a porcentagem do volume de


poros ocupado pelo fluido (gás, óleo ou água). O modelo de saturação utilizado
depende do conteúdo de argila no reservatório (Contreras et al., 2012).
A saturação de água foi calculada no programa TechLog®, com as curvas
do perfil de resistividade profunda (ILD), curva de volume de argila (Vsh),
resistividade mínima na zona saturada em água e temperatura, por se tratar de um
reservatório com presença de argila e não dispormos de amostras de rocha para
24

testes laboratoriais e sem distinção do tipo de argilosidade, adotamos a equação


Simandoux (1963) (Eq. 4) porque o reservatório é argiloso e a equação representa
um tipo estrutural, laminar e disperso de distribuição de folhelho Vsh > 0; n = 2.
Como desconhecemos os valores dos parâmetros a e m, então estimamos os
segundo a equação de Humble Oil Company onde m = 1,81 e a = 0,81 para arenitos
inconsolidados e utilizamos o volume de argila calculado para substituir o BQv (B =
equivalent conductance of Clay cation (mS/m) e Qv = counter íon concentration
(meq/gm)) que indicam a capacidade de troca catiônica das argilas. A saturação de
água irredutível foi calculada pela equação 5 com as curvas de saturação de água e
porosidade efetiva.
A saturação por Dual Water, de Waxman & Smits introduziram para m novo
conceito na avaliação das formações considerando a influência de argilominerais na
condutividade de reservatórios turbidíticos. Esses modelos são ideais para avaliar
reservatórios argilosos como o caso dos turbiditos intercalados com folhelho, mas
são necessárias amostras de rocha do reservatório (testemunho, plugues laterais)
para estimar os valores “m” e “a”, o tipo de argila para se obter os valores de BQv de
análises laboratoriais, que quantifica o aumento na concentração dos íons
adsorvidos a medida que o volume do eletrólito diminui em função do número fixo
deste íon.

(4)

(5)

Onde
Sw = Saturação de água
Rw = resistividade da água = (0.05 ohm.m) retirado do perfil na zona saturada com
agua.
Rt = resistividade do perfil
ϕe = Porosidade Efetiva
a = 0,81
n = expoente de saturação=2
m = expoente de cimentação =1.81
VSh = Volume de argila = (BQv)
RSh = resistividade do folhelho
Swirr = Saturação de água irredutível
25

3.4 Permeabilidade (K)

Permeabilidade é a propriedade petrofísica de uma rocha permitir o fluxo de


Fluidos (Gás, óleo ou água). A unidade de permeabilidade é o Darcy (D) ou mais
comumente usado o mili-Darcy (mD). A permeabilidade é um parâmetro que pode ir
modificando à medida que a produção no reservatório vai se desenvolvendo.
A permeabilidade foi calculada no TechLog®, segundo a equação de Coates
(1982) (Eq. 6) onde a curva de porosidade efetiva, porosidade total e saturação de
água irredutível são consideradas.

(6)

Onde:
Kc =70, constante de correção definida em experimentos laboratoriais
ϕe= porosidade efetiva
ϕt = porosidade total
Swirr = saturação de água irredutível

3.5 Net Pay

Distingue-se da espessura total (Net gross) do reservatório que corresponde a


distância vertical entre o topo do reservatório e o contato óleo-água, e a espessura
‘’líquida’’ (net pay) equivalente a espessura de reservatório de onde o petróleo pode
efetivamente ser produzido, ou seja, “Net Pay” espessura efetiva de Hidrocarbonetos
presente em um intervalo que deverá proporcionar o retorno do investimento na
pesquisa exploratória e o lucro de quem investiu no projeto (Girão, 2013).
Para determinar o potencial econômico que justifique a produção de
hidrocarboneto é importante definirmos os parâmetros de Cutt Offs. Os parâmetros
definidos nos dois poços analisados neste trabalho, são valores mais praticados nos
reservatórios da Formação Carapebus na Bacia de Campos.
26

4 Ambiente de perfilagem

Para realizar a perfuração de um poço exploratório de petróleo é necessário


a utilização de fluidos de perfuração, que permitem carrear os fragmentos de rocha
até a superfície, sustentam as paredes do poço e evitar a produção de fluidos das
rochas (gás, óleo ou água), a interação do fluido e as rochas é constante.
Esta interação é responsável, muitas vezes, por respostas em perfis
diferentes do esperado. O tipo de fluido utilizado e a interação entre fluido, rocha e
ferramenta de perfilagem é muito importante. A utilização de um determinado fluido
pode limitar o uso de uma ferramenta ou mesmo comprometer as condições
mecânicas do poço.
Uma das principais funções do fluido de perfuração é evitar a produção de
fluidos das rochas perfuradas. Por isso, o fluido de perfuração é geralmente
elaborado com argila e outros componentes químicos em suspensão na água, com
densidade apropriada, produzindo uma pressão hidrostática maior que a pressão
estática da formação. Como resultado deste diferencial de pressão, haverá a
invasão da fração líquida do fluido de perfuração (filtrado de lama) nos intervalos
permoporosos, em direção ao meio de menor pressão. Esta filtração provoca, após
determinado tempo, a formação do reboco, que é uma camada constituída pelos
componentes sólidos da lama (argila, barita, etc.), com espessura variando de
milímetros a poucos centímetros, que impede a continuidade da invasão. A
profundidade de invasão é diretamente proporcional ao diferencial de pressão e às
mobilidades dos fluidos da formação e do filtrado e inversamente proporcional à
porosidade da rocha (Figura 5).
27

Figura 5. Ambiente de perfilagem Log interpretation - Schlumberger, 2009.

As zonas concêntricas são conhecidas como:


Lama: resistividade Rm
Reboco: resistividade Rmc
Zona lavada: resistividade Rxo
Zona de transição: interface entre a zona lavada e a zona invadida.
Zona não invadida: resistividade Rt

4.1 Perfis Geofísicos

A representação gráfica entre as profundidades e as propriedades


petrofísicas é denominada Perfil Geofísico. Para tanto, o cabo das unidades de
perfilagem, por meio do qual são descidos nos poços os mais variados tipos de
sensores, são calibrados e monitorados para um limite máximo de erro da ordem de
1m para cada 1.000m de poço. Deste modo, o intérprete de perfis tem a certeza de
que seus cálculos quantitativos, necessários para a avaliação da potencialidade
comercial do poço.
28

4.1.1 Perfil de Caliper (CAL)

O caliper é uma ferramenta que registra o diâmetro do poço e fornece


indicações das condições do poço em um determinado intervalo. Também é
aplicado no cálculo do volume de cimento para tampões ou cimentação do
revestimento, apoio a operações de teste de formação, sendo o principal controle de
qualidade dos perfis. Alguns perfis possuem uma espécie de centralizador ou patins
que ficam em contato com a parede do poço. O diâmetro do poço dependerá do
diâmetro da broca e da litologia atravessada (interação do fluido de perfuração e a
rocha). Problemas de instabilidade sejam por desmoronamentos ou fechamento da
parede do poço. A presença de fraturas que aliadas ao estresse tectônico podem
criar desabamentos pela queda de fragmentos da parede (Serra, 2004) apud Bayão,
2004.

4.1.2 Perfil de Raios Gama (GR)

Perfil que mede a radioatividade natural das rochas com base no


decaimento dos átomos entre isótopos acompanhada por emissão de partículas α, β
e γ. São ondas eletromagnéticas de alta energia emitidas por elementos radioativos:
232U, 40K e 238Th. O perfil de raios gama é utilizado para cálculo de volume de
argila ou argilosidade, identificação de litologias, a correlação poços, identificação de
minerais radioativos, correlação para intervenção e completação de um poço,
correlação de poços vizinhos e identificação de discordâncias geológicas, e arenitos
ricos em glauconita, arenitos arcosianos com feldspatos potássicos e sais
potássicos.

4.1.3 Perfil de Porosidade Neutrônica (NPHI)

A ferramenta faz a leitura primária da quantidade de hidrogênio ou índice de


hidrogênio na formação. O princípio de funcionamento consiste no bombardeio
contínuo da formação por nêutrons de alta energia com o auxílio de uma fonte
radioativa, estes nêutrons quando se chocam com os núcleos dos átomos da
formação perdem energia resultando em choque inelástico, choque elástico e
absorção, o perfil fornece uma estimativa indireta da porosidade das rochas. Devido
à presença de hidrocarbonetos leves ou gás por sua expansividade diminuindo a
presença de hidrogênio nas camadas. Devido à proximidade de índices de
29

hidrogênio óleo e água são difíceis de diferenciar nesse perfil. Perfil importante para
a detecção de porosidade, litologia, detecção de hidrocarbonetos leves ou gás e
geomecânica. É importante ressaltar que este perfil pode superestimar a porosidade
de rochas argilosa ou micáceas; o índice de hidrogênio também é influenciado por
elementos químicos de cloro, boro e lítio porque funcionam como absorvedores de
nêutrons, sendo que o cloro contido em águas salgadas, além de atuar como
absorvedor de nêutrons, ocupa o espaço do hidrogênio reduzindo o índice de
hidrogênio. A porosidade neutrônica também pode ser influenciada pelo diâmetro do
poço, espessura do reboco, salinidade, peso do fluido de perfuração, pressão e
temperatura do poço.

4.1.4 Perfil de Densidade (RHOB)

Este perfil possui uma fonte radioativa de césio-137 que emite para a
formação uma radiação gama de energia, esta energia interage com os elétrons
orbitais dos átomos resultando em radiações. As radiações são captadas por 2
detectores denominados cintilômetros que montado sobre um patim de tungstênio
que minimiza os efeitos do poço. Possui 3 modos distintos de interação: 1) produção
de par: um raio gama de alta energia interage com o átomo produzindo um par de
elétrons (negatron e positron); 2) efeito compton: os Raios gama desalojam elétrons
e são defletidos em relação as trajetórias de colisão proporcionando um
espalhamento dos raios gama na formação; 3) fotoelétrico: o fóton incidente de
baixa energia, transfere toda a sua energia para o elétron atingido. O fóton incidente
desaparece e o elétron e ejetado. Este perfil fornece a densidade das camadas,
permite o cálculo da porosidade que se baseia na detecção de raios gama emitido e
a identificação das zonas com gás (neste caso, combinado com o perfil de nêutrons
ocorre o efeito espelho), identificação de litologias e correlação estratigráfica.

4.1.5 Perfil Sônico (Dt)

O princípio da ferramenta constituída de material magneto estrictivo emite


pulsos de ondas acústicas com frequência de 20 a 40 KHz com repetições de
períodos curtos. As ondas sísmicas geradas se propagam esfericamente pela lama
e pelas rochas até atingirem dois receptores piezoelétricos de cerâmica, que
transformam as ondas sísmicas em pulsos elásticos. O ∆t medido correspondente
ao tempo transcorrido entre a detecção do primeiro sinal nos dois receptores.
30

O perfil sônico é um dos mais utilizados na pesquisa de hidrocarbonetos,


mede a diferença nos tempos de trânsito de uma onda mecânica através da rocha,
ou seja, tempo de trânsito (∆t). O perfil sônico possibilita: determinar a porosidade da
formação, checar seção sísmica e correlação com outros poços, identificar fraturas
permeáveis, associando a outros perfis, identifica a presença de fluido; anisotropia
elástica, permeabilidade.

4.1.6 Perfil de Resistividade (ILD/SFLU)

O perfil de ILD (resistividade profunda) quantifica a resistividade da formação


após emitir um campo magnético na rocha que por sua vez induz uma corrente
elétrica nos fluidos e esta, por fim, desenvolve um campo magnético secundário. A
relação entre a intensidade dos campos magnéticos primário e secundário dá
informações sobre a condutividade elétrica da rocha portadora do fluido: quanto
menor a condutividade da rocha, menor o campo secundário.
A resistividade mostrada no perfil de indução, medida em ohm.m, é utilizado
para identificar os fluidos presentes na rocha e calcular a saturação.
Os macroperfis de resistividades visam investigar grandes volumes de rocha
para a obtenção da resistividade das zonas virgens das camadas (Rt), investiga
apenas as zonas próximas às paredes do poço (Rmc e Rxo). Existe uma total
analogia entre os princípios físicos, configurações e medições das macro e micro-
ferramentas. O principal micro perfil de resistividade é esférico focalizado (MSFL),
denominado perfil de Rxo, (Ribeiro, 2015 - notas de aula UFRJ).
O perfil de SFLU (resistividade rasa) adquirida por ferramenta do tipo
laterolog, mostra o valor de resistividade rasa, com uso de equipamento de baixa
penetração que mede a diferença de corrente elétrica emitida e recebida após
passar pela formação. Ao confrontar esta curva, com outra de diferente profundidade
de investigação, pode se ter uma rápida interpretação qualitativa sobre a água de
formação: se um intervalo exibe separação contínua, pode-se atribuir a diferença de
resistividade à invasão de fluido (resistivo ou condutivo) e consequentemente indica
um intervalo com rocha porosa e permeável. (Bayão, 2014).
31

5 ZONEAMENTO E CORRELAÇÃO DOS POÇO

5.1 Zoneamento dos poços A e B

Carregado as curvas de raios gama (GR) caliper (Cal) e sônico no


TechLog®, fez-se a análise conjunta dos perfis com as descrições litológicas de
campo no perfil composto e delimitou-se as zonas com base nos registros de raios
gama e sônico que caracterizam bem as mudanças litológicas. Foram definidas 5
zonas distintas: A, B, C, D e E (Figura 6), para os dois poços (A e B) alvo desse
estudo.
A zona A pertence a M. Jeribá da F. Ubatuba, apresenta intensa intercalação
de folhelhos, margas, arenitos, calcilutitos e calcarenitos, como podemos observar
no padrão serrilhado do perfil, neste intervalo as litologias estão com forte influência
carbonática. Na zona B o trend de raios gama tem aumento significativo em função
da presença de folhelhos mais radioativos intercalados a camadas mais delgadas de
arenitos e siltitos, tornando-se mais carbonática ao fim desta sequência com
diminuição gradativa da curva de raios gama, esta zona pertence ao Membro
Tamoios da F. Ubatuba. A zona C é formada por camadas de arenito espessos a
delgados, com intercalações de camadas de folhelho; esta zona apresenta
características que a classifica como reservatório. Em D temos os folhelhos do
Membro Tamoios com camadas mais delgadas que da zona B. Por fim a zona E é
composta por uma intercalação de margas, calcilutitos e calcarenitos da formação
Quissamã. A Tabela apresenta um resumo das litologias descritas nos dois poços.

Tabela 1. Resumo descrições realizadas em campo dos poços A (calha) e B (testemunho).


Zonas Poço A (calha) Poço B (testemunho)
A Follhelho carbonático intercalado a Follhelho siltoso, carbonático intercalado
marga, arenito, calcilutito e calcarenito. a marga, arenito, calcilutito e calcarenito.
B Predominância de folhelhos Predominância de folhelho muito micáceo
intercalado a marga e algumas e carbonático com delgadas camadas de
camadas delgadas de arenitos. arenito.
C Arenito arcosiano intercalado a Arenito arcosiano intercalado a siltíto e
delgadas camadas de folhelho e folhelho.
marga.
D Folhelho com intercalações delgadas Folhelho com arenito, fino a grosso e
de arenito. margas cinza claro.
E Intercalações de marga e calcilutito. Intercalações de marga e calcilutito.
32

Poço A Poço B

Figura 6. Zoneamento dos poços A e B. TechLog® v 2014.3- Schlumberger cedido à Universidade


Federal Fluminense.

5.2 CORRELAÇÃO DOS POÇOS A e B

A correlação de perfis permite observar as variações litofaciológicas dos


corpos sedimentares, facilitando a interpretação geológica dos tipos de ambientes
sedimentares em camadas de possíveis reservatórios (Contreras et al., 2012).
Da correlação dos perfis de raios gama dos poços A e B em conjunto com as
descrições litológicas realizadas em campo (Tabela 1), pode-se dizer que o topo do
reservatório Carapebus de idade Cretáceo no poço A está na profundidade de
33

2732,5m e o reservatório do poço B na profundidade de 2804,8m (Figura 7) estando


assim a 72,3m abaixo do reservatório do poço A.
Os Registros de raios gama podem ser interpretadas como tendências de
tamanho de grão, por sedimento e associados a ciclos. Uma diminuição no valor de
raios gama irá indicar o aumento do tamanho de grão visto que os grãos menores
correspondem a valores mais altos de raios gama. Os sedimentos levam a uma
correlação direta entre as formas de fácies e o perfil de raios gama (Omoboriowo et
al, 2012).
O reservatório do poço A apresenta um padrão do perfil de raios gama (GR)
de cilindro serrilhado, as camadas de arenito são espessas e tabulares intercaladas
a folhelho/marga. Em amostras de calha foi descrito de 2732,5 m a 2772 m mais ao
topo do reservatório um arenito fino a grosso, quartzoso, desagregado, micáceo,
piritoso, granatífero, desagregado; fragmentos de arenito cinza claro, fino a grosso,
quartzoso, micáceo calcífero e semi friável. No intervalo de 2772 m a 2796 m ocorre
um arenito médio também fino a muito grosso, quartzoso, feldspático, piritoso,
granatífero, desagregado; fragmentos de arenito cinza claro fino a médio, micáceo,
calcífero, compacto a semi friável. De 2796 m a 2817 m ocorre arenito grosso,
também fino a conglomerático quartzoso, feldspático, granatífero, piritoso,
desagregado; fragmento arenito cinza claro, fino a médio, quartzoso, micáceo,
calcífero, compacto a semi friável. No intervalo 2817 a 2826m o arenito é médio,
também fino a grosso, quartzoso, feldspático, granatífero, piritoso, desagregado;
fragmentos de arenito cinza claro, fino a médio, quartzoso, micáceo, calcífero,
compacto a semi friável. No último intervalo do reservatório (ao topo) o arenito é
grosso, também fino a conglomerático, piritoso, granatífero, desagregado;
fragmentos de arenito cinza claro, fino a médio, quartzoso, micáceo, calcífero,
compacto a semi friável.
O reservatório do poço B é mais delgado e o padrão da curva de raios gama
na camada 2 é em forma de funil serrilhado que indica a diminuição de argila com
camadas delgadas de arenito com a tendência para camadas tabulares mais
delgadas, na camada 4 na base do reservatório passa a ser em forma de caixote, a
forma de funil indica uma tendência ascendente coarsening.
Nos testemunhos foram descritos dentro dos ciclos estrutura gradacional
com o desenvolvimento da sequência: Ta – ciclos maiores com arenito maciço com
areia grossa, média a fina com gradação em coarse tail, predomínio de quartzo e
34

feldspato e subordinadamente mica, provavelmente depósitos de canais


divergentes; Tb - marcado pelos minerais micáceos, formando estruturas planares ;
Tc – mais ao topo de alguns ciclos ocorrem climbing ripples e estruturas de escapes
de fluidos; e Td – laminações de siltito/arenito argiloso muito fino a fino. Os indícios
foram descritos em todo intervalo do reservatório, mesmo nas camadas mais
argilosas. Identifica-se fácies de arenito castanho escuro (saturado em óleo) muito
grosso a fino, com gronodecrescência para o topo com bioturbações e laminações
cruzadas indistintas na parte inferior.

Figura 7. Perfil de correlação entre os poços A e B com as curvas de raios gama (GR). TechLog®
v2014.3 - Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
35

6 CÁLCULOS PETROFÍSICOS

6.1 POÇO A

6.1.1 Histograma e Crossplot do Poço A

Pela análise do crossplot e do histograma foi possível identificar as litologias e


a ocorrência de duas modas nos dados. O histograma do poço A (Figura 8), mostra
as frequências para o arenito entre 40-85° API (colunas amarelas) e para o folhelho
70-110° API (colunas azuis). O trend mais elevado de raios gama no arenito é em
função de sua composição quartzo-feldspática, além de argilas dispersas.
Já o crossplot mostra (Figura 9) que existe uma dispersão dos pontos amarelos
fora da linha do arenito que é devido a presença de argilas dispersas. Os pontos
próximos da linha do calcário ocorrem devido o cimento calcífero em alguns níveis
do arenito; os pontos em azul são as camadas de folhelho com matriz carbonática.
O trend de porosidade nas camadas de arenito, no crossplot, apresentam valores de
10 a 45% e nas camadas argilosas, uma variação entre 15 a 30% em função da
água irredutível das argilas e laminações de arenito interdigitadas a estas litologias.
Efeitos de gás não são observados neste crossplot.

Figura 8. Histograma de raios gama do poço A. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à


Universidade Federal Fluminense.
36

Figura 9. Crossplot de litologia do poço A. Os pontos fora da linha do arenito são influência de argilas
dispersas. TechLog® v 2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.1.2 Cálculo do Volume de Argila

O cálculo de volume de argila no reservatório foi realizado conforme a equação


1. O perfil com volume de argila (Figura 10) nas camadas do reservatorio do poço A,
ficou em torno de 10 a 15 % de argila, que é um efeito das argilas dispersas que
pode ser observado no crossplot (Figura 9) e argila laminar e estrutural devido a
presença de mica.

As camadas de folhelho interdigitado ás camadas arenosas do reservatório são


bem definidas na curva de raios gama e volume de argila, podemos comparar
inclusive com o volume de argila da zona B (folhelho carbonático) e zona D (folhelho
siltoso menos carbonático).
37

Figura 10. Perfil do cálculo de Volume de argila no reservatório do poço A. Tracks: 1 – profundidade
(m), 2 – zonas, 3 – raios gama (RG) e caliper(CAL), 4 – volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB),
neutrão (NPHI) e sônico, 6 – resistividade profunda9 (ILD, 7 – densidade da matriz (RHOMAA).
TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.1.3 Cálculo das Porosidades Total e Efetiva

Calculou-se as porosidades efetivas e total com as curvas de densidade


(RHOB), neutrão (NPHI), volume de argila (Vsh) e peso do filtrado de lama com 1,18
g/cm3. O cálculo das porosidades efetiva foi realizado pela equação 2 e porosidade
total pela equação 3. No perfil com os cálculos das porosidades (Figura 11) o arenito
tem uma média de 28%, sendo que a porosidade efetiva está próxima da porosidade
total (30%) indicando que os poros são interconectados.
38

Os intervalos de 2769,4 m a 2785 m onde ocorrem camadas de arenito com


alta porosidade efetiva em torno de 45% não foram consideradas para efeito de
cálculo, porque o poço com diâmetro de 12 ¼” teve severos desmoronamentos, em
particular nas camadas de folhelho e intercalações delgadas de folhelho/arenito,
como pode ser observado no aumento do caliper (círculo vermelho na Figura 11),
que afetou os registros dos perfis porque a ferramenta fica em contato com o fluido
de perfuração e não com a rocha, influenciando sobretudo as leituras das
ferramentas de porosidade neutrônica (NPHI) e densidade (RHOB) e
consequentemente nos cálculos de porosidade.
39

Figura 11. Perfil do cálculo de porosidades total e efetiva. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3
– raios gama (RG) e caliper (CAL), 4 – volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e
sônico; 6 – resistividade profunda9 (ILD); 7 – densidade da matriz (RHOMA); 8 – cálculo das
porosidades total (PHIt) e efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense.

O histograma apresentado na Figura 12 mostra a distribuição da porosidade


no folhelho (colunas em azul) e no arenito (colunas em amarelo). O folhelho com
uma frequência média de 10% de porosidade chegando a 20%, isto devido ao efeito
das argilas no perfil de porosidade neutrônica (água irredutível das argilas) e, já o
arenito apresenta porosidade efetiva que varia em torno de 23 a 30%.
40

Figura 12. Histograma de porosidade efetiva do poço A. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à
Universidade Federal Fluminense.

O crossplot de densidade da matriz (RHOMA) versus porosidade efetiva


(Figura 13) mostra a distribuição de pontos (círculo verde) das duas primeiras
camadas de arenito (pontos amarelo) do reservatório com porosidade média de 25%
e densidade da matiz de 2.67 g/cm3; os pontos dentro da elipse em vermelho são
das camadas onde ocorreram colapsos da parede do poço, como observado no
caliper (Figura 11), os pontos dispersos entre folhelho (pontos azuis) são as
camadas de arenito com cimento calcífero. No caso do folhelho apresenta forte
influência carbonática com densidade da matriz variando de 2.7 a 2.8 g/cm3
compatível com densidade de carbonato.
41

Figura 13. Crossplot de densidade da matriz (RHOMA) e porosidade efetiva (PHIe) do poço A. A
concentração de pontos no circulo verde são das camadas de arenito com porosidade média entre
23-30%, Na elipse vermelha são referentes a camadas desmoronadas. TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.1.4 Cálculo da Saturação de Água

A saturação de água foi calculada segundo a equação de Simandoux


(Equação 4) por ser um reservatório argiloso, utilizando como inputs 0.05 ohms.m
(2820m), temperatura de 172° F, resistividade dos folhelhos de 1,8 ohm.m, Vsh > 0;
n= 2, m= 1,81 e a= 0.81(arenitos inconsolidados), e por não dispormos de amostras
de rocha para testes laboratoriais e sem distinção do tipo de argilosidade a
saturação foi calculada pela equação de Simandoux(1963) foi a mais adequada
porque utiliza o volume de argila (Vsh) no cálculo como substituição do BQv (B =
equivalent conductance of clay cation (mS/m) e Qv = counter ion concentration
(meq/gm) das argilas. No cálculo a equação de Archie variou pouco nas camadas
mais limpas em relação à Simandoux, porém nas camadas argilosas foram
superestimadas.
O gradiente geotérmico e salinidade da formação medidos durante a
perfilagem a cabo foram de 34.5° F e 150.000 ppm respectivamente na zona
saturada com água. O perfil composto (dado cedido pela ANP) mostra a zona de
saturação de água e hidrocarbonetos bem definidos pelas duas curvas de
42

resistividade rasa e profunda (Figura 14). As camadas de arenito saturadas com


óleo são apresentadas pela curva de resistividade profunda (ILD) que apresentam
valores maiores que a curva rasa (SFLU) indicando à presença de hidrocarbonetos
no intervalo abaixo da profundidade de 2764 m. Estas curvas de resistividade
apresenta uma inversão onde a rasa (SFLU) passa a valores mais elevados que a
profunda (ILD) indicando zona saturada em água considerando que o fluido de
perfuração é a base água.

Figura 14. Perfil composto. Tracks: 1- raios gama (GR) e caliper (CAL), 2 litologia, 3 - curvas de
resistividade profunda (ILD) e rasa (SFLU). A linha vermelha tracejada em 2764m marca a divisão
das zonas saturada em hidrocarboneto e saturada em água. Cedido pela ANP.

Pode-se observar na Figura 15 que as camadas saturadas em óleo são:


camada -1 (2732,6 a 2741 m), camada – 2 (2743 a 2758,6 m) e camada - 3 (2761 a
2764 m) que é uma zona de transição. As zonas saturadas em água estão entre as
profundidades de 2769 m e 2859 m, o contato de óleo e água ocorre na
profundidade de 2764m.
A saturação de água (Sw) média obtida nas camadas 1 e 2 foi de 15%com
uma saturação de água irredutível (Swirr) média de 10% e na camada 3, 40% e 15%,
respectivamente. Os cálculos de saturação para o poço A mostraram, para as
camadas portadoras de hidrocarbonetos, excelentes resultados.
43

Figura 15. Perfil do cálculo de saturação. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama
(RG) e caliper (CAL), 4 – densidade, neutrão (NPHI) e sônico (DT), 5 – volume argila (Vsh), (RHOB), 6
– porosidade efetiva (PHIe), 7 - saturação de água (sw), 8 – saturação de água irredutível (Swirr), 9 –
resistividade profunda (ILD). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense.

O crossplot da Figura 16, mostra o comportamento da saturação versus


porosidade efetiva. Podemos visualizar as camadas 1, 2 e 3 do arenito saturadas
com hidrocarboneto que vai até o contato dos fluídos óleo e água.
44

Figura 16. Crossplot de saturação de água (Sw) versus porosidade efetiva (PHIe) os intervalos 1, 2 e
3 (pontos verdes) são as camadas portadoras de hidrocarboneto e 4 é a camada onde ocorre o
colapso das paredes do poço (pontos vermelhos), sendo a porosidade e saturação superestimados
neste intervalo. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.1.5 Cálculo da Permeabilidade

A permeabilidade foi calculada segundo a equação de Coates (1982)


(Equação 6) onde utilizou-se como input a porosidade efetiva, porosidade total e
saturação de água irredutível. A permeabilidade média encontrada no poço A foi de
450 mD. O perfil da Figura 17 com o cálculo da permeabilidade é mostrado ao longo
das camadas saturadas em hidrocarbonetos marcadas em verde no perfil.
Na Figura 18 a permeabilidade versus porosidade efetiva observamos que
as camadas portadoras de hidrocarbonetos também apresentam porosidade entre
23 e 30% e a permeabilidade entre 10 a 1500 mD.
45

Figura 17. Perfil do cálculo de permeabilidade. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios
gama (RG) e caliper (CAL), 4 – volume de argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), porosidade neutrônica
(NPHI), 6 – resistividade (ILD), 7 – saturação de água (Sw), 8 – saturação de água irredutível (BVWS),
9 porosidades total (PHIt) e efetiva (PHIe) e 10 - permeabilidade. TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense.
46

Figura 18. Crossplot de permeabilidade versus porosidade efetiva. A zona saturada em


hidrocarboneto (Pontos em verde) está bem definida da zona saturada com água (Pontos amarelo) e
folhelho (pontos em azul) e as camadas desmoronadas (Pontos vermelhos). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

No crossplot de saturação versus permeabilidade (Figura 19) observamos


que nas camadas saturadas por hidrocarbonetos a permeabilidade é maior que nas
camadas saturadas em água, isto porque a zona saturada em água possui camadas
cimentadas (calcita).
47

Figura 19. Crossplot de saturação versus permeabilidade. As zonas saturadas em hidrocarboneto


com permeabilidades de 10 a 13000mD. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense.

6.1.6 Net Pay

Dos valores obtidos para o volume de argila, porosidade total e saturação de


água, calculou-se a espessura econômica do reservatório do poço A. O programa
Techlog® utiliza um método aritmético pegando dos valores acima calculados e
registrados como perfis e os Cutt Offs que são previamente determinados e
inseridos para realizar os cálculos e determinar esta espessura. Utilizamos os Cutt
Offs de: ϕ > 12%; Sw < 60%; Vsh < 50%, estes valores são usados para os arenitos
da Formação Carapebus na Bacia de Campos.
O cálculo da espessura econômica foi concordante com os cálculos de
porosidade e saturação identificadas nas camadas do arenito turbidítico da formação
Carapebus como mostrado na Figura 20. As camadas (1, 2 e 3) saturadas com
hidrocarbonetos apresentam respectivamente 8,4 m, 15,3 m e 3,30 m. A camada 3
mais delgada, assim como a camada 1 sofre forte influência das camadas de
folhelho adjacente o que pode-se observar na curva. O reservatório do poço A tem
um net pay de 27 m, apesar de observarmos camadas contabilizada net pay na zona
48

saturada em água, isto devido a influência dos desabamentos que ocorreram nestes
intervalos que podemos observar no perfil caliper.

Figura 20. Perfil com net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 –
raios gama (RG) e caliper, 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade total (PHIt) 6 – Saturação de
água (Sw), 7/8 - net gross (Verde) e 8/9 – Net pay (Vermelho). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense.
49

6.2 Poço B

6.2.1 Histograma e Crossplot do Poço B

O histograma do poço B (Figura 21) apresentou maior frequência para o


arenito arcosiano entre 40 e 120° API (colunas amarelas) em função de sua
composição quartzo-feldspática. As intercalações de arenito argiloso fino a muito
fino (colunas em marrom) apresentaram valores de 55 a 120° API em função da
argilosidade, as camadas de folhelho entre 90-122° API (colunas azuis).

Figura 21. Histograma de raios gama do poço B. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à
Universidade Federal Fluminense.

As camadas de arenito (arcosiano pontos amarelo) no crossplot (Figura 22)


apresentam grande concentração de pontos fora da linha do arenito indicando a
presença de argilas dispersas e a porosidade média nestas camadas varia de 22 a
27% com densidade entre 2.1 e 2 .2 g/cm3, deve-se observar os pontos do arenito
entre as linhas do calcário e dolomito, devido ao cimento calcífero. As intercalações
de arenito argiloso fino a muito fino e siltíto estão presentes fora da linha do arenito
até próximo da linha do dolomito, mostrando a influência de argila dispersa,
estrutural e laminar (micas), de densidade entre 2.15 a 2.45 g/cm3 o que indica que a
matriz carbonática no siltito, a argilosidade e cimento calcífero nos arenitos.
50

A porosidade nestes intervalos variam muito em função das intercalações


variando de 17 a 30%; por fim as camadas de folhelho pelo crossplot apresenta
influência da matriz carbonática entre o calcário e o dolomito e também os níveis
arenosos dentro do folhelho (dispersão de pontos próximos da linha do arenito), com
porosidade variando de 17 a 25%, sendo a porosidade neutrônica influênciada pelas
argilas (dispersa, estrutural ou laminar) em função da presença de água retida na
superfície de argilominerais ou nas estruturas dos minerais de argila.

Figura 22. Crossplot de litologia do poço B. TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense.

6.2.2 Cálculo do Volume de Argila

O cálculo do volume de argila calculado para o reservatório do poço B


(Figura 23) apresentou valores maiores nas camadas delgadas de arenito argiloso
fino a muito fino (em marrom) interdigitadas a camadas de folhelho (em azul), que
mostra a influência de minerais de argila dispersos e laminar e estrutural, pode-se
perceber a presença de minerais micáceos que ocorrem não somente nos folhelhos
mas também nas camadas de arenito argiloso intercado ao folhelho. A camada 4 de
arenito arcosiano mais espessa na base do reservatório apresentou volume de
argila, praticamente 0, embora o trend de raios gama apresente valor de 40° API,
51

este valor é devido a presença de feldspato potássico. Nas camadas da parte


superior os valores variaram de 0 a 15%. Nas descrição de testemunho (dados
cedidos pela ANP) foi identificado um arenito arcosiano maciço com laminações
composto por quartzo e feldspato com camadas argilosas e delgadas no topo das
camadas.

Figura 23. Perfil do cálculo de volume de argila. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios
gama (RG) e caliper (CAL), 4 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e sônico, 5 – volume argila (Vsh),
6 – resistividade profunda (ILD). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal
Fluminense.
52

6.2.3 Cálculo das Porosidades Total e efetiva

O Cálculo das porosidades efetiva e total foi realizado a partir das curvas de
densidade (RHOB), neutrão (NPHI), volume de argila (Vsh) e peso do filtrado de
lama com 1,2 g/cm3. Na Figura 24 observa-se os valores das porosidade efetiva e
total onde na camada mais espessa do arenito arcosiano na base do reservatório, a
porosidade efetiva está próxima da porosidade total com variação de 30 a 35%; já
as camadas mais delgadas de arenito intercaladas com arenito argiloso fino/siltíto a
variação ocorre entre 15 a 28% entre os intervalos das profundidades 2825-2826 m
e 2831-2837 m (camadas em rosa) em zona de desmoronamentos como observado
no perfil de caliper (Figura 24). Nestes intervalos as curvas de porosidade neutrônica
(NPHI) e densidade (RHOB) foram afetadas em função do aumento do diâmetro do
poço, como visto anteriormente, apresentando valores elevados de porosidade. A
densidade da matriz (RHOMA) versus porosidade efetiva (PHIe) na Figura 25
observamos a distribuição da porosidade ao longo das camadas. A densidade da
matriz para as camadas de arenito arcosiano foi de 2.6 g/cm3 compativel com o
quartzo, nas intercalações de arenito e siltito/arenito fino a muito fino varia de 2.68 a
2.75 g/cm3 o que mostra a influência do cimento calcífero no arenito e matriz
carbonatica nas camadas de siltito e folhelho. Os indícios de hidrocarbonetos
ocorrem em todas as camadas de arenosas do reservatório descritos em
testemunho (dados cedidos pela ANP). O crossplot não apresentou efeitos de gás
na distribuição dos pontos.
53

Figura 24. Perfil do cálculo de porosidade. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios gama e
caliper (CAL), 4 – Volume argila (Vsh), 5 – densidade (RHOB), neutrão (NPHI) e sônico, 6 –
resistividade profunda (ILD) e rasa (LL), 7 - densidade da matriz (RHOMA), 7 – porosidade total (PHIt)
e efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
54

Figura 25. Crossplot de densidade da matriz versus porosidade efetiva do reservatório do poço B. A
intercalação das litologias de arenito arcosiano, siltíto/arenito fino-muito fino e folhelho. TechLog®
v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

No histograma de porosidade (Figura 26) pode-se observar os valores de 25


a 35% de porosidades nas camadas de arenito. No intervalo mais intercalado de
siltito/Arenito fino a muito fino e folhelho a porosidade máxima chegou a 20% e, no
intervalo com intercalações de siltíto/arenito fino a muito fino obteve-se uma
porosidade variando de 25 a 30%.
55

Figura 26. Histograma de porosidade efetiva do reservatório do poço B. TechLog® v2014.3


Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.2.4 Cálculo de Saturação de Água

A saturação de água calculada pela equação Simandoux (1963), também


utilizamos o cálculo de volume de argila substituindo o BQv das argilas como no
cálculo do poço A por não dispormos de dados laboratoriais com valores de BQv. No
perfil composto (cedido pela ANP) observamos o afastamento das curvas de
resistividade profunda (ILD) e rasa (LL) onde a curva profunda apresenta maior valor
de leitura em relação a curva rasa o que é um grande indicativo de zona de
saturação de hidrocarboneto (Figura 27) em todas as camadas arenosas não
ocorrendo uma camada espessa de arenito saturado com água, não foi possível
determinar a resistividade mínima da água pelo perfil de resistividade, sendo assim,
utilizou-se a resistividade do poço de correlação mais próximo, no caso do poço A
que foi de 0.05 ohm.m, a temperatura registrada de perfilagem foi de 168°F, a
resistividade do folhelho adjacente ao reservatório foi de 1,6 ohm.m, Vsh> 0; n= 2;
m= 1,81 e a= 0,81. O fluido de perfuração foi a base de água com salinidade de
90.000ppm.
56

Figura 27. Perfil composto. Tracks: 1- raios gama (GR) e caliper (CAL), 2 litologia, 3 - curvas de
resistividade profunda (ILD) e rasa (SFLU). A elipse azul e seta azul marcam uma camada delgada
onde a curva rasa esta com leitura maior que a profunda, mas em uma camada de folhelho. Perfil
cedido pela ANP.

Analisando as curvas de resistividades profunda (ILD) e rasa (LL) no perfil


de cálculo de saturação de água (Figura 28), identificamos para o poço B quatro
intervalos saturados de hidrocarbonetos nas profundidades: 1- ( 2804.6 – 2807.2 m
verde claro); 2- (2808 – 2824.5 m em verde musgo); 3- (2827.3 – 2829.6 m em lilás)
e 4- (2838.7 – 2849.3 m em azul). Em todos os intervalos a porosidade é
intergranular (descritos no testemunho– dados cedidos pela ANP).
O intervalo (1) no topo do reservatório apresenta as curvas de resistividade
profunda e rasa muito próximas, porém a curva profunda ainda é um pouco maior
57

que a curva rasa indicando à presença de hidrocarbonetos. A saturação de água


varia de 30 a 50% onde identificou-se arenito friável a semi friável, com matriz
argilosa e concentração de minerais micáceos (descrições de testemunho) além da
presença de folhelho adjacente e que influênciam o perfil de resistividade, devido a
capacidade de troca catiônica (CEC) das argilas e minerais de argila (micas)
produzindo o efeito de diminuir os registros elétricos e aumentando a condutividade
afetando assim os registros no perfil de resistividade uma vez que, os argilominerais
e argilas dispersas retém agua tanto na superficie do mineral como dentro de sua
estrutura cristalina, diminuindo assim a resistividade.
O intervalo (2) tem o predomínio de camadas arenosas com granulometria
de areia fina a média intercaladas com arenito fino argiloso, a saturação neste
intervalo foi em média 15%, as curvas de resistividade rasa e profunda estão
próximas mas nas camadas com pouca ou nenhuma argila o afastamentos das
curvas formaram picos num padrão serrilhado, a curva profunda apresenta leitura
maior que a rasa.
No intervalo (3) pouco espesso onde se observa uma intercalação maior de
camadas argilosas de arenito muito fino/siltito e folhelho com uma saturação de
água de 20% no entando, as curvas de resistividade rasa e profunda se unem
sugerindo uma zona pouco permeável. Esta camada esta entre camadas de
folhelho, que influência o perfil de resistividade devido a capacidade de troca
catiônica (CEC) das argilas e minerais de argila como explicado acima.
O intervalo (4) de arenito arcosiano maciço apresenta um afastamento bem
definido das curvas de resistividade rasa e profunda, com a curva profunda
apresentando leituras maiores que a rasa indicando zona saturada em
hidrocarbonetos, com saturação média de água de 18%. Não foi possível definir um
contato óleo/água ou zona de transição da zona saturada em hidrocarbonetos em
nenhum dos intervalos.
58

Figura 28. Perfil do cálculo de saturação de água. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios
gama (RG) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade neutrônica (NPHI), densidade
(RHOB) e sônico (DT), 6 – porosidade efetiva (PHIe) e total (PHIt), 7 – saturação água (Sw), 8 –
saturação de água (Sw) e saturação de água irredutível (Swirr), 9 - resistividade profunda (ILD) e rasa
(LL). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

No crossplot de saturação versus porosidade efetiva (Figura 29) tem-se as


camadas 2 e 4 com saturações baixas em torno de 20% e altas porosidades
variando de 25 a 35%, a saturação de agua irredutivel foi de 15%. As camadas 1 e 3
com uma maior saturação entre 25 a 35% e porosidades de 12 a 35% possivelmente
isto é devido a influência das argilas dispersas, laminar e estrutural, mesmo assim a
saturação de água irredutível não passou de 5%.
59

Figura 29. Crossplot de Saturação água (Sw) versus Porosidade efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.2.5 Cálculo da Permeabilidade

A permeabilidade foi calculada segundo a equação de Coates (1982)


(Equação 6) no qual utilizou-se dados das curvas calculadas de porosidade efetiva,
porosidade total e saturação de água irredutível. A permeabilidade no poço B (Figura
30) variou de 10 a 13000 mD.
60

Figura 30. Perfil do cálculo de permeabilidade (k). Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 – raios
gama (RG) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade neutrônica (NPHI), densidade
(RHOB) e sônico (DT), 6 – resistividade profunda (ILD) e rasa (LL), 7 – permeabilidade (k), 8 -
porosidade efetiva (PHIe) e total (PHIt), 9 – saturação de água (SW), 10 – saturação de água
irredutível (BVW). TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

O padrão serrilhado no perfi ocorre devido aos níveis com concentração de


minerais micáceos e argilas dispersas diminuindo a permeabilidade nestes níveis,
Da analise do crossplot de permeabilidade e porosidade efetiva (Figura 31)
de cada intervalo analisado, no intervalo 1 a permeabilidade encontrada está na
faixa de 4 a 80 mD e da porosidadade efetiva de 12 a 27%, isto porque as argilas
dispersa e laminar fecham a garganta de poros diminuindo a permeabilidade; no
intervalo 2 a permeabilidae média chegou a 600 mD com picos de 13000 mD e
porosidade entre 25 e 35%, o intervalo 3 que é uma camada fina (2,3m) esta entre
61

camadas de folhelho, a permeabilidade média foi de 80 mD com porosidade de 22 a


30%; o intervalo 4 apresentou permeailidade média de 450 mD e porosidade media
de 33%. Os intervalos 2 e 4 apresentaram as maiores porosidades e
permeabilidades.

Figura 31. Crossplot de permeabilidade (K) versus porosidade efetiva (PHIe). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

No Crossplot de saturação versus permeabilidade (Figura 32), observamos


as o trend da curva de permeabilidade e a saturação em cada um dos intervalos
descritos acima, sendo os intervalos 2 e 4 com maior permeabilidade.
62

Figura 32. Crossplot de saturação água (Sw) versus permeabilidade (K). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

6.2.6 Net Pay

Os cálculos de volume de argila, porosidade total e saturação de água foram


utilizados para calcular as espessuras econômicas no reservatório. Utilizamos os
Cutt Offs de: Ø > 12%; Sw < 60%; Vsh <50%, estes valores são usados para os
arenitos da Formação Carapebus na Bacia de Campos.
O cálculo da espessura econômica do poço B foi concordante com os cálculos
de porosidade e saturação identificadas nas camadas do arenito turbidítico da
formação Carapebus (Figura 33). As camadas 1, 2, 3 e 4 saturadas com
hidrocarbonetos (indícios observados nos testemunhos do poço) apresentam
respectivamente 2,70 m, 16,5 m, 2,30 m e 10,7 m. O reservatório do poço B tem um
net pay de 32,2 m de espessura.
63

Figura 33. Perfil com net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade (m), 2 – zonas, 3 –
Caliper e raios gama, 4 - volume de argila (Vsh), 5 – Porosidade total (PHIt), 6 – Saturação água (Sw),
7/8 - Net Trackss (Verde) e 9/10 – Net Gross e net pay (Vermelho). TechLog® v2014.3 Schlumberger
cedido à Universidade Federal Fluminense.
64

7 APLICAÇÃO DA METODOLOGIA PARA DETERMINAR PARÂMETROS DE


CORTE PARA GARANTIR A PRODUÇÃO COMERCIAL.

Por não encontrar trabalhos na área de perfilagem referentes ao campo de


Marimbá que falasse sobre parâmetros de corte utilizou-se o trabalho de Contreras
et al., (2012), realizado no reservatório de arenito arcosiano em um poço do campo
de Socororo na Venezuela, onde usaram um modelo de saturação segundo o
conteúdo de argila nos níveis-reservatório de interesse. Os autores calcularam o
volume de argila (Vsh) com o perfil de Raio Gama (GR) utilizando o índice de
argilosidade no campo de Socororo.
O cálculo de volume de argila calculados aqui para os poços A e B do
Campo de Marimbá foram bem próximo ao que Contreras et al, (2012) encontraram,
pela utilização da equação do cálculo do volume de argila (Equação 1). Na Figura 34
comparamos os resultados de volume de argila encontrado para os poços A e B com
os resultados obtidos Contreras et al., (2012). Os volumes de argila nas camadas de
arenito do poço do campo de Socororo foram de 20%, 22,5% e 20%
respectivamente.
Para a camada 1 do poço A no campo de Marimbá o volume de argila foi de
17% e nas camadas 2 e 3 de 10%. Já no poço B para a primeira camada foi
encontrado um valor de 40%, na camada 2 o valor encontrado foi de 25%, na
camada 3 obteve-se 20% e na camada 4 o percentual encontrado foi de,
praticamente, 0% de argila.
65

Volume de argila nas Volume de argila nas Volume de argila no poço do


camadas do poço A camadas do poço B campo Socororo (Venezuela)
Contreras et al (2012)

Figura 34. Comparação dos perfis calculados de argila dos poços A e B com o volume de argila
calculado para o poço do Campo Socororo pela mesmo método (equação 1).

Contreras et al., (2012) utilizaram a equação de Simandoux para calcular a


saturação de água e com os valores de a = 0,81 e m = 2 no campo Socororo
provenientes de análises petrofísicas de arenitos arcosianos da região com idade
Cenozóica.
Neste trabalho optou-se por usar valores de a = 0,81 e m = 1,81 na equação
de Simandoux devido a litologia ser arenitos arcosianos inconsolidados tanto no
poço A como no poço B.
Para a definição dos parâmetros de corte do net pay os autores utilizaram
análise de crossplot, onde construíram curvas de tendências para as relações de
resistividade profunda (ILD) versus saturação de água, no qual eles consideram o
máximo dos pontos um valor de R = 8 ohm.m e rebatendo na curva encontraram o
valor de Swmin = 24 %, sendo a Swirr = 10 % (Figura 35).
Em nossa análise para os poços A e B utiliza-se a técnica de análise de
crossplot (R x Sw) na Zona C que definiu-se como reservatório de pesquisa.
No poço A estão localizadas as camadas 1, 2 e 3 de arenito que estão
separadas por camadas espessa de folhelho (aproximadamente 3 m). Considerando
os reservatórios (camadas 1, 2 e 3) e tomando a resistividade mínima, no que
66

podemos considerar a base da camada 3, R = 3 ohm.m. que é a nossa resistividade


mínima de produção, visto que os dados de campo nos fornece boa produção até os
dias atuais. Encontrou-se os valores de Swmax = 45 % e Swirr = 15 % dentro do
reservatório. A saturação mínima de água encontrada determina que até 45 %
temos a capacidade econômica de produção o que diferencia do valor encontrado
pelos autores Contreras et al. (2012) por eles não considerarem as argilosidades de
cada camada, o que aparentemente eles consideram uma camada única sem as
intercalações dos folhelhos.
No poço B estão localizadas as camadas 1, 2, 3 e 4 de arenito que estão
separadas por camadas espessa de folhelho (variando de 2 a 15 m). Considerando
os reservatórios (camadas 1, 2, 3 e 4) e tomando a resistividade mínima, no que
podemos considerar a base da camada 3, R = 3 ohm.m. que é a nossa resistividade
mínima de produção, visto que os dados de campo nos fornece boa produção até os
dias atuais. Encontrou-se os valores de Swmax = 45 % e Swirr = 10,5 %, dentro do
reservatório. A saturação mínima encontrada determina que até 45 % temos a
capacidade econômica de produção. Toda esta análise pode ser vista na Figura 35
67

Contreras et al, 2012. - Campo Sorococo, Venezuela

Poço A Campo de Marimba.

Poço B Campo de Marimba.

Figura 35. Crossplot de resistividade (ILD) versus saturação de água(SW).


68

Se considerássemos o método gráfico realizado pelos autores Contreras et


al. (2012) os valores da saturação irredutível seria para o poço A no máximo de 5%
e para B máximo de 2%. No nosso caso, os cálculos deram maiores visto que
calculamos a Swirr pela Equação 5 que nos gerou os crossplot da Figuras 36 e 37.

Figura 36. Crossplot de saturação de água irredutível (Swirr) versus resistividade (ILD) do poço A.
TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

Figura 37. Crossplot de saturação e água irredutível (Swirr) versus resistividade (ILD) do poço B.
TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
69

Contreras et al. (2012) utilizando o cálculo de saturação de água e o cálculo


do volume de argila fizeram um crossplot Sw x Vsh (Figura 38), onde eles definem
uma reta de tendência no qual eles projetam o valor da saturação mínima (Swmin =
24 %) encontrada no gráfico anterior e ao encontrar na reta de tendência rebatem
para encontrar no eixo de Vsh o valor máximo de argila aceitável dentro de uma
reservatório produtor (17 %). Como eles consideram todo o reservatório sem
distinção das camadas de folhelhos (espessas ou delgadas) podem estar
subestimando o potencial do reservatório. Contudo, este campo não chegou a
produção encontrada por eles. Um estudo conservador, porém positivo.
No poço A do Campo de Marimbá, que é o nosso trabalho. Utilizando o
mesmo método de Contreras et al 2012) encontramos um valor de Vsh máximo de
30 % de argila aceitável dentro de uma reservatório produtor. No poço B
encontramos o mesmo valor de 30 % de argila aceitável. O que neste caso estamos
subestimando o valor produzível destes reservatórios que pelos dados analisados
durante a exploração (indícios de campo) constatamos que os parâmetros de corte
podem ainda ser melhor definidos, pois a produção existente permite que isto seja
realizado. O que sugere que este estudo é positivo e que tem viabilidade operacional
(Figura 38).
70

Contreras et al, 2012. - Campo Sorococo, Venezuela

Poço A Campo de Marimba.

Poço B Campo de Marimba.

Figura 38. Crossplot saturação de água (SW) versus volume de argila (Vsh). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
71

Partindo dos valores definidos do volume de argila anteriormente pelos


autores, Contreras et al. 2012) e do valores de porosidade obtidos pela curva de
perfil (o que não está bem claro no trabalho dele), a porosidade mínima que
encontraram para o campo de Socororo é de 20 %, o que consideramos muito alta
para um valor de corte mínimo de porosidade do reservatório já que 12 % de
porosidade é considerado um valor mínimo positivo de corte dentro da indústria do
petróleo (Figura 39).
Para nossa análise do poço A definimos a porosidade a partir do volume de
argila e pela curva de tendência a porosidade mínima encontrada é de 15 %, o que
está dentro do limite aceitável de corte mínimo, o que com correlação de dados
petrofísicos (dados laboratoriais) isto pode ser facilmente avaliado se neste poço o
corte mínimo seria 15 % ou 12% como de forma geral da indústria, o nosso erro na
verdade não ficaria tão elevado.
Para nossa análise do poço B definimos a porosidade a partir do volume de
argila e pela curva de tendência a porosidade mínima encontrada é de 16 %, o que
está dentro do limite aceitável de corte mínimo, o que com correlação de dados
petrofísicos (dados laboratoriais) isto pode ser facilmente avaliado se neste poço o
corte mínimo seria 15 % ou 12% como de forma geral da indústria, o nosso erro na
verdade não ficaria tão elevado.
72

Contreras et al, 2012. - Campo Sorococo, Venezuela

Poço A Campo de Marimba.

Poço B Campo de Marimba.

Figura 39. Crossplot porosidade efetiva (PHIe) versus volume de argila (Vsh). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.
73

Tabela 2. Comparação dos resultados de net pay calculados pelo método de analises de crossplots
Contreras et al (2012) e o praticado nos reservatórios cretáceo da formação Carapebus utilizados
para a Formação Carapebus na Bacia de Campos.
Poço A
Parâmetros usados para a F. Carapebus. Metodologia de crossplots (Contreras et al (2012)
Cutt Offs: Φ >12%; Sw <60%; Vsh <50%. Cutt Offs: Φ >15%; Sw< 50%; Vsh <30%.
Net Gross: 91,30m Net Gross: 87,6m
Net Pay: 27,0m Net Pay: 24,8m
Poço B
Parâmetros usados para a F. Carapebus. Metodologia de crossplots (Contreras et al (2012)
Cutt Offs: Ø>12%; Sw < 60%; Vsh <50%. Cutt Offs: Ø >16%; Sw< 45%; Vsh <30%.
Net Gross: 39,0m Net Gross: 35,60m
Net Pay: 32,20m Net Pay: 27,70m

O net pay calculado utilizando os parâmetros encontrados pelo método


análise de crossplot (Contreras et al, 2012) foram conservadores, na Tabela 2
podemos comparar o método utilizado na indústria petrolífera da Bacia de Campos e
o método utilizado pela análise dos crossplots segundo o trabalho de Contreras
(2012) para o arenito Carapebus de idade cretácea. As espessuras econômicas
encontradas pelos dois métodos para os poços A e B, estão nos perfis das Figuras
40 (a e b) e 41 (a e b) .
74

Figura 40. Comparação dos dois perfis net pay do reservatório do poço A. Tracks: 1 – profundidade
(m), 2 – zonas, 3 – raios gama (GR) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade
efetiva (PHIe), 6 – saturação água (Sw), 7/8 - net Gross (Verde) e 9/10 - net pay (Vermelho). cut offs:
a) mais usado regionalmente na Bacia de Campos (ϕ > 12%; Sw < 60%; Vsh < 50%), b) método de
crossplots (Contreras et al., 2012) (ϕ > 12%; Sw < 50%; Vsh < 30%). TechLog® v2014.3
Schlumberger cedido à Universidade Federal Fluminense.

Figura 41. Comparação dos dois perfis net pay do reservatório do poço B. Tracks: 1 – profundidade
(m), 2 – zonas, 3 – raios gama (GR) e caliper (CAL), 4 - volume de argila (Vsh), 5 – porosidade
efetiva (PHIe), 6 – saturação água (Sw), 7/8 – net Gross (Verde) e 9/10- net pay (Vermelho). cut offs:
a) mais usado regionalmente na Bacia de Campos (ϕ > 12%, Sw < 60%; Vsh <50%), b) (Contreras et
al., 2012) (ϕ > 12%; Sw < 45%, Vsh < 30%) . TechLog® v2014.3 Schlumberger cedido à Universidade
Federal Fluminense.
75

8 CONCLUSÕES

Da análise criteriosa para se identificar os fatores de corte com o menor


graus de incerteza necessário que viabilize condição de se superestimar ou
subestimar os valores de porosidade e saturação para determinar a viabilidade
econômica do reservatório. Desta análise percebeu-se a importância de se
identificar o tipo de argila presente nestes reservatórios. E estas argilas podem
apresentar anomalias de baixa resistividade e de baixo contraste no próprio campo
de estudo. Contudo, o valor alto de argila presente no reservatório não o define
como inviável para a produção, mas que requer estudos petrofísicos mais
detalhados que avaliem o grau de complexidade do reservatório. A determinação
das camadas argilosas e do tipo de argila presente no reservatório auxilia o
processo de produção no que diz respeito a determinação do tipo de ataque para
elevar a produção, bem como, na determinação dos melhores pontos para o
canhoneio. O que se faz necessário uma análise comparativa dos resultados
petrofísicos obtidos por testes laboratoriais correlacionados com os registros de
perfis para que se tenha melhor definição dos parâmetros de Cutt Off à serem
usados no cálculo das espessuras econômicas do reservatório (Net Pay).
76

9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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