Serras Refugios Da Caatinga No Cariri

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA – UEPB

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ECOLOGIA E
CONSERVAÇÃO/PPGEC

FERNANDA KELLY GOMES DA SILVA

SERRAS: REFÚGIOS DA CAATINGA NO CARIRI PARAIBANO?

CAMPINA GRANDE – PB
2012
FERNANDA KELLY GOMES DA SILVA

SERRAS: REFÚGIOS DA CAATINGA NO CARIRI PARAIBANO?

Dissertação apresentada à Universidade Estadual da


Paraíba, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, para
obtenção de título de Mestre.

Orientador(a): Dra. Dilma Maria de Brito Melo


Trovão (DB/PPGEC/UEPB)

Co-Orientador(a): Dra. Francisca Soares de Araújo


(PPERN/UFC)

Campina Grande- PB
2012
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na sua forma impressa
como eletrônica. Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins
acadêmicos e científicos, desde que na reprodução figure a identificação do autor, título,
instituição e ano da dissertação.

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL – UEPB

S586s Silva, Fernanda Kelly Gomes da.


Serras [manuscrito]: refúgios da caatinga no cariri paraibano?/ Fernanda
Kelly Gomes da Silva. – 2012.
82 f.: il. color.

Digitado.
Dissertação (Mestrado em Ecologia e Conservação) – Universidade
Estadual da Paraíba, Pró-Reitoria de Pós-Graduação, Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, 2012.
“Orientação: Profa. Dra. Dilma Maria de Brito Melo Trovão,
Departamento de Biologia”.
“Co-orientadora: Profa Dra Francisca Soares de Araújo, Ecologia e
Recursos Naturais – UFC”.

1. Serras. 2. Caatinga. 3. Altitude. 4. Diversidade. 5. Intervenção


humana. I. Título.

21. ed. CDD 333.7


FERNANDA KELLY GOMES DA SILVA

SERRAS: REFÚGIOS DA CAATINGA NO CARIRI PARAIBANO?

Dissertação apresentada à Universidade Estadual da


Paraíba, como parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Ecologia e Conservação, para
obtenção de título de Mestre.
Dedico à minha mãe e a todos
aqueles que, perto ou longe,
torceram pela realização deste
sonho.
AGRADECIMENTOS

A Deus, pela realização de mais um projeto.

À professora Dilma Trovão, pela orientação, pelo apoio constante e com certeza pela amizade
e confiança construídas ao longo desses dois anos de coletas e análises fitossociológicas.

Ao professor Iranildo Miranda, pela disponibilidade, carinho e auxílio na identificação


taxonômica. Admiro sua competência e personalidade!

Ao Professor Luiz Carlos Lopez, do Departamento de Sistemática e Ecologia-UFPB, pela


disponibilidade e orientação estatística. Seu auxílio foi fundamental na realização deste
trabalho.

Ao professor Marcos Calixto (PROCAD-UFMG) pelas críticas construtivas, que sem dúvidas,
ampliaram meu olhar sobre a Ecologia.

Ao PPGEC-UEPB, na pessoa do professor Etham Barbosa, pelo empenho e dedicação.

Aos colegas de coleta: Betânia, Aubeny, Adriano, Tiago, Kalina, Álvaro, Mauricélia, Iara,
Aluska, Pedro, Ellen, Bruno e Manu. A participação de vocês foi essencial!

Ao nobre mateiro, Seu Dida.

Aos colegas mestrandos, pelo companheirismo e muito trabalho compartilhado.

Aos queridos amigos: Thaíse, Silvia, Jeferson, Dalvanice, Guilherme, Renato, Michele,
Betânia, Raquel, Antônio, Silvana e Shérmishon. Aos outros que fazem parte da
Biodiversidade em Simbiose, mesmo distante, também agradeço os votos de Boa Sorte.

Ao primo Suliman Sady, pela companhia na coleta em Bodocongó.

A Gustavo, pela presença amorosa.


RESUMO

A compreensão dos padrões de diversidade envolve vários aspectos e processos, tais como
heterogeneidade ambiental, as condições e recursos existentes, as interações bióticas além da
intervenção humana. Nas últimas décadas, os estudos altitudinais têm despertado a atenção
dos ecólogos e são considerados eficazes instrumentos de pesquisa, no entanto, os históricos
de uso e as variações geomorfológicas de cada ambiente devem ser considerados. A caatinga é
caracterizada pela diversidade de fisionomias, no entanto, sua descaracterização remonta os
períodos coloniais e grande parte da cobertura vegetal encontra-se fragmentada e em
diferentes estágios sucessionais. O presente estudo está estruturado em dois capítulos. O
primeiro tem enfoque na influência da altitude (altitude 1:400; altitude 2: 500 e altitude 3: 600
m s.n.m.) na riqueza e estrutura da comunidade vegetal, do Cariri paraibano. Já o segundo
capítulo tem como objetivo testar a hipótese de que as áreas serranas do Maciço da
Borborema abrigam maior número de espécies do componente arbustivo-arbóreo,
configurando como refúgios da caatinga. O estudo foi realizado nas seguintes áreas serranas
do Cariri paraibano: Bodocongó, Arara, Inácio Pereira, Bonita e Fontainha, além das áreas
planálticas do Maciço da Borborema: Fazenda Bodopitá, Caiçara, INSA, Poço de Pedra e
Pocinho. Foram utilizados dois métodos de amostragem: parcelas e ponto-quadrante. Foram
aferidos o nome comum, diâmetro ao nível do solo, altura, hábito e distância da planta ao
ponto. Os parâmetros fitossociológicos, índices de diversidade e equabilidade foram
calculados a partir do programa Mata Nativa 3. A fim de avaliar os padrões de riqueza, foi
utilizado o teste de randomização a partir do programa ESTIMATES 8.2, com a confecção de
curvas coletoras e estimativas não-paramétricas. Foram registrados 2911 indivíduos,
distribuídos em 24 famílias e 70 espécies e 2208 indivíduos, 27 famílias e 71 espécies, no
primeiro e segundo estudo, respectivamente. As famílias mais representativas foram:
Fabaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae e Cactaceae. No primeiro enfoque deste trabalho,
observou-se o incremento da riqueza do componente arbustivo-arbóreo ao longo do gradiente
de elevação estudado. Determinadas espécies foram restritas à altitudes específicas, sendo
encontrada na altitude 3 uma melhor distribuição horizontal das espécies. Também se
constatou que a influência da altitude é indireta, sendo a ação humana o principal fator
responsável pela estrutura da comunidade vegetal em tais áreas. Em relação ao segundo
capítulo, observou-se que as áreas serranas abrigam maior número de espécies se comparadas
às áreas planálticas. Os dados revelam uma matriz circundante mais pobre em relação à
riqueza, equabilidade e diversidade, além de espécies com elevada frequência como Croton
blanchetianus Baill. Conclui-se que a intervenção humana nos ambientes naturais, e não
diferentemente na região semiárida paraibana, tem alterado os padrões de diversidade,
provocando o empobrecimento de áreas e restringido uma maior diversidade do componente
arbustivo-arbóreo nas áreas serranas.

Palavras-chave: Altitude. Diversidade. Intervenção humana.


ABSTRACT

The understanding of diversity patterns and processes involves some aspects such as
environmental heterogeneity, conditions and existing resources and biotic interactions beyond
human intervention. In recent decades, the altitudinal studies has aroused the attention of
ecologists and are considered effective research tools, however, the historical use and
geomorphological changes in each environment should be considered. The savanna is
characterized by the diversity of faces, however, his characterization goes back to colonial
periods and much of the vegetation cover is fragmented and in different successional stages.
This study is structured into two chapters. The first focuses on the influence of altitude
(altitude 1:400; altitude 2: 500 and altitude 3: 600 m a.s.l.) in the richness and plant
community structure, Cariri of the Paraíba. The second chapter aims to test the hypothesis that
the mountainous areas of the Massif of the Borborema have more species of shrub and tree
component, as refuges of savanna setting. The study was conducted in the following areas of
the mountain Cariri: Bodocongó, Arara, Inácio Pereira, Bonita and Fontainha beyond the
areas of the Borborema plateau of the Massif: Farm Bodopitá, Caiçara, INSA, Poço de Pedra
and Pocinho. We used two sampling methods: plot sampling and point-quadrant. We obtained
the common name, diameter at ground level, height, habit and distance from the plant to the
point. The phytosociological parameters of diversity and evenness indices were calculated
from the Mata Nativa 3. In order to assess the patterns of wealth, we used the randomization
test from the program EstimateS 8.2, with the construction of collector curves and
nonparametric estimates. We recorded 2911 individuals belonging to 24 families and 70
species and 2208 individuals, 27 families and 71 species in the first and second study,
respectively. The most representative families were Fabaceae, Euphorbiaceae, Cactaceae, and
Apocynaceae. In the first approach of this study, we observed the increase of wealth
component of shrubs and trees along the elevation gradient studied. Certain species were
restricted to specific altitudes, being found in three altitude greater horizontal distribution of
species. It was also observed that the influence of altitude is indirect, and human action is the
main factor responsible for plant community structure in such areas. On the second section, it
was observed that the mountainous areas have more species compared to the plateau areas.
The data reveal a poorer surrounding matrix in relation to wealth, diversity and evenness, and
species with high frequency such as Croton blanchetianus Baill. We conclude that human
intervention in natural environments, not unlike in the semiarid region of Paraíba, has
changed the patterns of diversity, leading to the impoverishment of restricted areas and a
greater diversity of shrub and tree component in mountainous areas.

Keywords: Altitude. Diversity. Human intervention.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização geográfica das áreas de estudo no semiárido nordestino, Brasil ........23
Figura 2 - Áreas de estudo e fitofisionomias das mesmas (A-E) ............................................25
Figura 3 - Grandes subdivisões da Biodiversidade da Caatinga: ECORREGIÕES ...............26
Figura 4 - Curvas de acumulação de espécies obtidas a partir de 1000 simulações com
reposição. (a) - Riqueza observada (Sobs) nas cotas 1, 2 e 3, com os respectivos intervalos de
confiança (Sobs Lower e Sobs Upper); (b, c, d) - Comparação entre a riqueza observada
(Sobs) e a riqueza estimada (ICE e Jack 2) em cada cota altitudinal .......................................35
Figura 5 - Áreas de estudo localizadas nas unidades de planalto e serras do Planalto da
Borborema, semiárido brasileiro ..............................................................................................49
Figura 6 - Comparação entre curvas de acumulação de espécies das unidades de paisagem do
Planalto da Borborema .............................................................................................................57
Figura 7 - Curvas de acumulação de espécies e respectivas estimativas não-paramétricas,
referentes às unidades de paisagem do Planalto da Borborema ...............................................58
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Relação dos parâmetros fitossociológicos analisados neste estudo, calculados a


partir do programa Mata Nativa 3 ............................................................................................27
Tabela 2 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo, registradas ao longo do
gradiente altitudinal (400 – 600 m s.n.m.) no Cariri paraibano ...............................................29
Tabela 3 - Riqueza, diversidade e equitabilidade nas cotas altitudinais 1, 2 e 3 (400, 500 e 600
m s.n.m.). S: riqueza de espécies; H’: índice de diversidade Shanon-Wiener – nats. Indivíduo -
1; J’: equitabilidade ..................................................................................................................31
Tabela 4 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %)
na altitude 1 (400 m s.n.m.). N - número de indivíduos; AB - área basal; DA - densidade
absoluta; DR – densidade relativa; FA – freqüência absoluta; FR: freqüência relativa; DoA –
dominância absoluta; DoR – dominância relativa; VC – valor de cobertura; VI – valor de
importância ...............................................................................................................................32
Tabela 5 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %)
na altitude 2 (500 m s.n.m.). N - número de indivíduos; AB - área basal; DA - densidade
absoluta; DR – densidade relativa; FA – freqüência absoluta; FR: freqüência relativa; DoA –
dominância absoluta; DoR – dominância relativa; VC – valor de cobertura; VI – valor de
importância ...............................................................................................................................33
Tabela 6 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %)
na altitude 3 (600 m s.n.m.). N - número de indivíduos; AB - área basal; DA - densidade
absoluta; DR – densidade relativa; FA – freqüência absoluta; FR: freqüência relativa; DoA –
dominância absoluta; DoR – dominância relativa; VC – valor de cobertura; VI – valor de
importância ...............................................................................................................................34
Tabela 7 - Relação dos parâmetros fitossociológicos analisados neste estudo, calculados a
partir do programa Mata Nativa 3 ............................................................................................51
Tabela 8 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo registradas nas áreas serranas
do Planalto da Borborema, Cariri Paraibano ...........................................................................52
Tabela 9 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo registradas nas áreas do
Planalto da Borborema, Cariri e Agreste Paraibano ................................................................54
Tabela 10 - Riqueza, diversidade e equitabilidade nas áreas serranas e planálticas. S: número
de espécies; H’: índice de diversidade Shanon-Wiener – nats. Indivíduo -1; J’: equitabilidade
...................................................................................................................................................56
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ...........................................................................................11


2. REVISÃO DE LITERATURA ..................................................................................13
2.1 . Biodiversidade em gradientes altitudinais ...........................................................13
2.2 . Vegetação de caatinga ..........................................................................................14
3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................17

CAPÍTULO 1: INFLUÊNCIA ALTITUDINAL NA RIQUEZA DO COMPONENTE


ARBUSTIVO-ARBÓREO EM ÁREAS DE SAVANA ESTÉPICA DO NORDESTE
BRASILEIRO.

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................21
2. METODOLOGIA ................................................................................................23
2.1. Caracterização da área de estudo ....................................................................23
2.2. Procedimentos de coleta e tratamento dos dados ............................................24
3. RESULTADOS .....................................................................................................28
3.1. Florística ..........................................................................................................28
3.2. Estrutura e Diversidade da Comunidade Vegetal ao longo do Gradiente de
Elevação .................................................................................................................28
3.3. Padrão Altitudinal de Riqueza .........................................................................31
4. DISCUSSÃO .........................................................................................................36
5. CONCLUSÕES ....................................................................................................40
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................41

CAPÍTULO 2: A DIVERSIDADE DA CAATINGA EM DUAS UNIDADES DE


PAISAGEM DO MACIÇO DA BORBOREMA, SEMIÁRIDO BRASILEIRO.

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................46
2. METODOLOGIA ................................................................................................48
2.1. Caracterização da área de estudo ....................................................................48
2.2. Procedimentos de coleta e tratamento dos dados ............................................49
3. RESULTADOS .....................................................................................................52
3.1. Florística ..........................................................................................................52
3.2. Diversidade e Estrutura da comunidade vegetal .............................................54
3.3. Padrão de riqueza nas unidades de paisagem do Maciço da Borborema ........56
4. DISCUSSÃO .........................................................................................................58
5. CONCLUSÕES ....................................................................................................61
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...............................................................62

APÊNDICES
ANEXOS
11

1. INTRODUÇÃO GERAL

Compreender quais os fatores e processos relacionados à presença e distribuição das


espécies é um dos objetivos fundamentais da ecologia, no entanto, tal tarefa não é simples.
Nos últimos anos, vários estudos têm sido realizados no intuito de compreender os padrões de
riqueza, levando em consideração aspectos como: gradientes latitudinais e altitudinais, fatores
climáticos, história da evolução, assim como os processos estocásticos (KESSLER, 2009).
Gaston (2000), ao abordar os padrões globais de biodiversidade enfatiza quatro áreas de
análise consideráveis: gradientes latitudinais, relação energia-espécie, relação entre riqueza
local e regional além da covariância taxonômica na riqueza de espécies.
Em geral, os estudos têm sido conduzidos na tentativa de explicar de que forma os
padrões de diversidade estão relacionados ou respondem aos gradientes ambientais a partir de
variáveis como: nutrientes, água, luz, temperatura, heterogeneidade ambiental e distúrbios. A
maioria das pesquisas tem demonstrado uma relação positiva entre variáveis como
disponibilidade de água, heterogeneidade do habitat e o aumento no número de espécies
(PAUSAS e AUSTIN, 2001). Pianka (1966) ratifica que quanto mais heterogêneo e complexo
for o ambiente físico, mais diversa e complexa será a diversidade de plantas e animais
suportada pelo ambiente. Wang et al. (2009) consideram que a diversidade de espécies
vegetais é fortemente dependente da temperatura, visto que tal variável em condições
elevadas é geralmente associada à altas taxas de produção primária, metabolismo e interações
ecológicas.
Há uma intensa abordagem sobre os padrões latitudinais de riqueza de espécies na
literatura e da mesma forma, a influência do gradiente altitudinal tem recebido considerável
atenção nas duas últimas décadas, podendo ser reveladora e contribuindo para o
desenvolvimento de uma teoria mais geral sobre a diversidade de espécies. Além disso, tais
padrões ocorrem em escalas espaciais menores, o que torna a amostragem em campo mais
viável (KESSLER, 2009; LOMOLINO, 2001; McCAIN, 2007).
Os gradientes altitudinais, de acordo com Chaverri-Polini (1998) e Körner (2007),
estão dentre os experimentos naturais mais eficazes quando se pretende realizar testes
ecológicos e evolutivos frente às influências geofísicas, no entanto, deve-se atentar para o fato
de que todos os dados coletados irão refletir o efeito combinado das peculiaridades regionais e
gerais dos fenômenos de altitude.
Existem basicamente dois padrões relacionados à riqueza de espécies: (1) Efeito
Rapoport, sugerido por Stevens (1992), que compreende uma extensão da regra de Rapoport
12

latitudinal, afirmando que há uma diminuição no número de espécies com o aumento da


altitude e (2) Picos de riqueza em elevações intermediárias, caracterizando um padrão em
forma de domo (BHATTARAI e VETAAS, 2006; RAHBEK, 1995; RAHBEK et al., 2008).
Apesar de tais teorias se aplicarem a estudos altitudinais, deve-se considerar a
amplitude da altitude estudada, a fim de investigar se as cotas de elevação realmente podem
interferir na riqueza e diversidade de determinada comunidade.
Na ecorregião do Planalto da Borborema, definida por Velloso, Sampaio e Pareyn
(2002), a altitude varia de 150 a 650 m em relação ao nível do mar. Em estudos realizados em
outros países, as cotas chegam a 2000, 3000 m s.n.m. Logo, dois questionamentos podem ser
sugeridos: As cotas altitudinais do semiárido Nordestino, por serem pequenas, seriam
realmente responsáveis por algum diferencial na diversidade do componente arbustivo-
arbóreo? Ou em virtude da natureza geográfica de tais áreas serranas e consequentemente do
difícil acesso, a fitodiversidade fica protegida, funcionando aparentemente como “ilhas” de
vegetação em meio à matriz circundante antropizada?
O presente estudo considera que a ação antrópica provavelmente tem forte influência
na riqueza e distribuição das espécies vegetais, em áreas de Savana estépica do Cariri
Paraibano e pretende testar a hipótese de que as áreas serranas constituem “Refúgios da
Caatinga” na região.
Em um primeiro momento, neste estudo, investiga-se a riqueza do componente
arbóreo-arbustivo e a estrutura da comunidade vegetal ao longo de um gradiente de elevação
no Cariri paraibano, semiárido Brasileiro. Tal tema é abordado no capítulo 1, que segue
intitulado: Influência Altitudinal na Riqueza do Componente Arbustivo-arbóreo em Áreas de
Savana Estépica do Nordeste Brasileiro.
Posteriormente, no segundo capítulo, objetiva-se investigar o padrão de riqueza em
duas unidades de paisagem do Planalto da Borborema, semiárido paraibano, considerando que
as áreas serranas abrigam um maior número de espécies do componente arbustivo-arbóreo do
que as áreas não-serranas.
13

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Biodiversidade em gradientes altitudinais

Dentre as várias abordagens sobre o entendimento dos padrões da diversidade, os


gradientes altitudinais representam ferramentas ecológicas relevantes, considerando que
outros fatores ambientais, como temperatura, umidade, precipitação e do solo podem sofrer
variações consideráveis no tempo e no espaço.
Com relação a este aspecto Fleishman, Austin e Weiss (1998) demonstraram que os
ambientes montanhosos são caracterizados por fortes gradientes altitudinais, os quais podem
restringir a distribuição espaço-temporal das espécies que caracterizam determinado bioma.
De acordo com Townsend, Begon e Harper (2010), padrões distintos são descritos quanto à
relação entre riqueza de espécies e altitude, considerando grupos como: aves (Himalaias
nepaleses), formigas (Montanhas Springs - EUA) e plantas (Sierra Manantlán - México).
Em espécies de insetos, Hodkinson (2005) aponta os diversos efeitos da altitude na
composição da comunidade, com decréscimos e acréscimos de riqueza, dependendo do grupo
e das variáveis ambientais. Além disso, a altitude também afeta características morfológicas,
como tamanho da asa e coloração do animal.
Basicamente, dois padrões têm sido descritos nos estudos relacionados à
biodiversidade em gradientes de elevação: o decréscimo monotônico do número de espécies à
medida que a altitude é elevada e picos intermediários de riqueza. O decréscimo de espécies,
também denominado de Efeito Rapoport, configura-se com uma extensão da Regra Rapoport
para gradientes latitudinais, proposta por Stevens (1992). Tal teoria sugere que o decréscimo
de espécies ocorre devido às variações ambientais drásticas e redução dos recursos
disponíveis. Autores como Fisher (1996) e Wolda (1987) corroboram com tal teoria. A
correlação negativa entre a riqueza e elevação durante muito tempo foi bem aceita, porém,
pesquisas recentes têm demonstrado que talvez essa regra não seja aplicada numa escala
regional (RAHBEK, 1995). Os resultados são contraditórios quando são considerados vários
táxons e métodos e o entendimento sobre a relação entre a riqueza de espécies ainda é
bastante imaturo.
Estudos quantitativos realizados por Rahbek (1995) e Rahbek et al. (2008), a partir de
um conjunto robusto de dados, demonstraram que as distribuições de riqueza em picos
intermediários são mais frequentes e fidedignos independente da região, escala e táxon. No
entanto, várias hipóteses têm sido levantadas no intuito de explicar tal padrão, como a
14

produtividade, área, predação e nível de distúrbio (SANDERS, 2002). Também devem ser
considerados os efeitos de dispersão, efeitos de escala e ação antrópica (GRYTNES,
HEEGAARD E IHLEN, 2006; GRYTNES, HEEGAARD e ROMDAL, 2008).
Os resultados obtidos por Rahbek et al. (2008) indicam que a omissão de gradientes e
a extensão da escala tem interferido na interpretação dos padrões altitudinais e que
possivelmente os picos intermediários de riqueza e o decréscimo monotônico reflitam um
único padrão.
Diante do exposto, percebe-se que o entendimento dos padrões de riqueza e
diversidade envolve diferentes aspectos e processos, sendo um tema promissor para estudos,
sobremaneira no semiárido, onde esse tipo de abordagem é pouco explorada.

2.2. Vegetação de Caatinga

A caatinga, na região Nordeste, é um mosaico de arbustos espinhosos e florestas que


cobre a maior parte dos estados do Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia e a parte nordeste de Minas Gerais, no vale do Jequitinhonha
(BRASIL, 2002). Estendendo-se por cerca de 735.000 km², tal formação vegetal é limitada a
leste e a oeste pela floresta Atlântica e Amazônica, respectivamente, e ao sul pelo Cerrado
(LEAL et al., 2005).
Drumond (2000) e Andrade et al. (2009) consideraram que a caatinga constitui um
conjunto de formações vegetais que possuem a caducifolia como característica principal.
Dentre as espécies mais freqüentes, destacam-se as lenhosas e herbáceas, de pequeno porte,
geralmente dotadas de espinhos, principalmente das famílias Cactaceae e Bromelieceae, em
decorrência de variações topográficas, tipologia dos solos e pluviosidade (PRADO, 2003).
Apesar da importância do estrato herbáceo, a maioria dos estudos florísticos e
fitossociológicos inclui apenas o componente arbustivo-arbóreo.
Esse tipo de formação vegetal, predominante na região semiárida é típica do bioma
Caatinga, sendo denominada como savana-estépica (IBGE, 1992), e classificada em várias
fisionomias por diversos autores. Andrade-Lima (1981) propôs uma classificação em 12
tipologias vegetacionais, tendo seu trabalho considerado como o mais compreensivo e
coerente para este tipo de vegetação.
A vegetação de caatinga mais típica da região Nordeste, encontra-se nas depressões
sertanejas, separadas por uma série de serras que constituem uma barreira geográfica para
diversas espécies. Contudo, diferentes tipos de caatinga se estendem até as regiões mais
15

elevadas, incluindo a caatinga arbórea, arbustiva, mata seca, mata úmida, carrasco e as
formações abertas com predomínio de cactáceas e bromeliáceas (VELLOSO, SAMPAIO e
PAREYN, 2002).
No entanto, devido à diversidade de fisionomias e áreas de transição com outros tipos
de vegetação, a conceituação de caatinga como uma vegetação exclusivamente regional deixa
em aberto sua ligação com classificações mais gerais. Há um entendimento geral do que é a
caatinga, seja no sentido vegetacional, seja no mais amplo de bioma. Porém, faltam critérios
exatos e amplamente aceitos que permitam identificar inequivocamente as áreas de caatinga
(SAMPAIO, 2010).
A caatinga tem uma diversidade florística alta para um bioma com uma restrição forte
ao crescimento devido à deficiência hídrica. Apenas as caatingas no seu sentido mais restrito
teriam 1512 espécies com, no mínimo 318 endêmicas. Mesmo nessas caatingas, a diversidade
beta é alta, enquanto a alfa é baixa. Em áreas de poucos hectares, em geral, há grande
dominância de poucas espécies, freqüentemente duas ou três delas englobando mais de 50%
da densidade e da área basal. Assim, índices de diversidade tem valores baixos, como o de
Shannon que fica entre 1,5 e 3 nat individuo-1(SAMPAIO, 2010).
Superposto a toda essa variação natural, vem os efeitos da ocupação humana. A
caatinga se encontra devastada e mais aberta do que era, com árvores baixas, de caule fino em
sua maioria e às vezes de tamanho e forma arbustiva. As causas dessa devastação advêm da
retirada da madeira para construções, cercas, lenha e carvão, além da agricultura intinerante,
aumento significativo dos rebanhos de bovinos, caprinos e ovinos, resultando em
sobrepastejo, seguido de pisoteio (PEREIRA, 2008).
Em um diagnóstico de regiões semiáridas, constata-se que os Estados da Paraíba e do
Ceará tem mais da metade de suas áreas com graves problemas de degradação ambiental. No
Rio Grande do Norte e Pernambuco, os números variam em torno de 30% e cerca de 70% da
área do Bioma Caatinga está submetida ao antropismo em algum grau (PARAÍBA, 2002).
Percebe-se portanto, que a região semiárida apresenta uma vegetação bastante fragmentada.
Apesar da existência de trabalhos relacionados com a vegetação da caatinga, muito
tem a ser feito, pois há a necessidade de realizar levantamentos de espécies, determinação de
distribuição geográfica, abundância e principalmente, compreender a relação com os fatores
ambientais, visto que o maior ou menor número de espécies deve ser resposta a um conjunto
de fatores, tais como: situação topográfica; classe, profundidade e permeabilidade do solo,
sazonalidade climática, além das interações bióticas e ação antrópica (RODAL, 1992). De
acordo com Santos, Araújo e Albuquerque (2008), estudos indicam que na caatinga, a riqueza
16

esteja relacionada aos tipos de solos e precipitação, no entanto, as informações sobre como
esses gradientes afetam os processos ecológicos ou espécies ainda são incipientes.
17

3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRADE, M.V. M.; ANDRADE, A. P.; SILVA, D. S. da; ALCÂNTARA BRUNO, R. L. de;
GUEDES, D.S.. LEVANTAMENTO FLORÍSTICO E ESTRUTURA FITOSSOCIOLÓGICA
DO ESTRATO HERBÁCEO E SUBARBUSTIVO EM ÁREAS DE CAATINGA NO
CARIRI PARAIBANO. Revista Caatinga, v. 22, n.1, p. 229-237, 2009.

ANDRADE-LIMA, D. The Caatingas dominium. Revista Brasileira de Botânica, n. 4, p.


149-153, 1981.

BHATTARAI, K. R.; VETAAS, O. R. Can Rapoport’s rule explain tree species richness along
the Himalayan elevation gradient, Nepal? Diversity and Distributions, p. 1-6, 2006.

BRASIL. MMA (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, DOS RECURSOS HÍDRICOS E


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20

CAPÍTULO 1

INFLUÊNCIA ALTITUDINAL NA RIQUEZA DO COMPONENTE


ARBUSTIVO-ARBÓREO EM ÁREAS DE SAVANA ESTÉPICA DO
NORDESTE BRASILEIRO
21

1. INTRODUÇÃO

Os padrões de riqueza e diversidade biológica são influenciados por vários aspectos


como competição, predação, produtividade primária, variação climática, heterogeneidade
ambiental, distúrbios, fatores abióticos e processos históricos/evolutivos (GUREVITCH,
SCHEINER e FOX, 2009).
Outro fator que deve ser considerado quando lida-se com processos ecológicos é a
escala. De acordo com Gurevitch, Scheiner & Fox (2009), as escalas temporais e espaciais
têm forte influência na explicação da distribuição das espécies. Em escalas menores os
processos ecológicos dominam, enquanto que em escalas maiores, os processos históricos,
metapopulacionais e evolutivos têm maior influência.
Os gradientes altitudinais estão dentre os experimentos naturais mais eficazes quando
se pretende realizar testes ecológicos e evolutivos frente às influências geofísicas, no entanto,
deve-se atentar para o fato de que todos os dados coletados irão refletir o efeito combinado
das peculiaridades regionais e gerais dos fenômenos de altitude (KÖRNER, 2007).
Já para Silva et al. (2008), a altitude não é a variável ambiental que realmente
influencie diretamente na vegetação, mas um gradiente complexo, dentro do qual muitos
fatores ambientais variam e agem em conjunto sobre a estrutura e composição da vegetação.
Entre esses fatores estão a temperatura, precipitação, umidade, velocidade do vento,
luminosidade, topografia e as características físico-químicas do solo. Além disso, as
tendências altitudinais quanto à riqueza variam dependendo do grupo de organismo estudado
e também da área (GRYTNES e McCAIN, 2007).
Os padrões de riqueza mais comumente observados são: decréscimo com o aumento
da elevação e padrão em forma de cume, com picos nas elevações intermediárias (GRYTNES,
HEEGAARD E IHLEN, 2006; GRYTNES e McCAIN, 2007; ODLAND, 2009; DESALEGN
e BEIERKUHNLEIN, 2010). De acordo com Chao (2005) e Sharma et al. (2009), em estudos
de diversidade biológica, a riqueza tem sido considerada como um indicador simples e de
fácil intrepretação. Além disso, o tema é importante para a comparação entre comunidade,
conservação e gestão da biodiversidade, avaliação dos efeitos da perturbação humana e para
tomada de decisões em políticas ambientais.
As áreas montanhosas ou serranas podem constituir centros de diversidade biológica e
endemismo, se considerarmos fatores como: heterogeneidade de habitat e o difícil acesso para
o homem. Martinelli (2007) considera que os altos graus de riqueza e diversidade das espécies
encontradas em montanhas tropicais são atribuídos a fatores históricos e geológicos, impactos
22

ambientais, além dos processos de dispersão da fauna e flora no tempo.


No Brasil, alguns estudos foram realizados com o intuito de investigar a influência da
altitude na composição, riqueza e distribuição das espécies, além das formas de vida, como,
por exemplo, os estudos realizados por: Paciencia (2008) com pteridófitas no Estado do
Paraná em regiões de 1500 m s.n.m.; Santos, Barbosa e Tabarelli (2007) com espécies
arbóreas em florestas contínuas de brejo-caatinga no Estado de Pernambuco; Silva et al.
(2008) enfocando espécies arbóreas em região de Mata Atlântica no Estado de São Paulo e
por Araújo et al. (2011), no centro-oeste do Estado do Ceará, em regiões de caatinga, floresta
decídua e carrasco, em altitudes de 300 a 700 m s.n.m.
Portanto, partindo-se do pressuposto de que a biodiversidade relaciona-se diretamente
com a heterogeneidade de condições e recursos, além de fatores externos como a pressão
antrópica, levantou-se a hipótese de que a riqueza e a estrutura em florestas tropicais secas
sejam variáveis ao longo de um gradiente de elevação, em áreas serranas do Cariri paraibano,
semiárido Brasileiro.
23

2. METODOLOGIA

2.1. Caracterização da área de estudo:

A coleta dos dados foi realizada em cinco áreas serranas pertencentes à microrregião
do Cariri, localizada no Estado da Paraíba, no Nordeste Brasileiro: Serra de Bodocongó
(7º27’6”S e 35º59’41”O), Serra da Arara (7°21’31”S e 36° 23’35”O), Serra Inácio Pereira
(7º31’12”S e 35º 59’59”O), Serra Bonita (7°44’42”S e 36°2’56”O) e Serra da Fontainha
(7°28’74’’S e 36º 23’47’’O), localizadas nos municípios de Caturité, São João do Cariri, Barra
de Santana, Alcantil e Cabaceiras, respectivamente (Figuras 1e 2).
Nestes ambientes, nas regiões menos elevadas, observou-se alta frequência de poucas
espécies, a vegetação apresenta-se geralmente mais aberta (caatinga arbustiva-arbórea aberta)
e com acesso facilitado pela presença de trilhas (Figura 2c).
Já nas áreas mais elevadas, o acesso é mais difícil, a vegetação apresenta-se mais
fechada (caatinga arbustiva-arbórea fechada ou caatinga arbórea fechada), além disso, os
indivíduos possuem porte mais elevado, seja quanto à altura ou área basal (Figura 2d). Foram
observadas espécies de orquídeas e da família Araceae na Serra de Bodocongó (Figura 2b),
Em todos os ambientes serranos, verificou-se a presença do gado e/ou bode nas
proximidades ou nas áreas mais acessíveis, além do corte da madeira, principalmente de
espécies lenhosas.
Figura 1 - Localização geográfica das áreas de estudo no semiárido nordestino, Brasil.

FONTE: Acervo do Laboratório de Ecologia do Semiárido - LABESA (CERES-UFRN).


24

O Cariri paraibano está inserido na ecorregião do Planalto da Borborema (Figura 3),


na qual o clima é semiárido (IBGE, 2002) e a precipitação varia de 400 a 650 mm. Os solos
predominantes na região de coleta são: litólico eutrófico, solonetz solodizado, vertissolo e
bruno não cálcico (EMBRAPA SOLOS, 2006).

2.2. Procedimentos de coleta e tratamento dos dados:

A obtenção dos dados florísticos e fitossociológicos foi realizada nos anos de 2009,
2010 e 2011. Foram plotadas 75 unidades amostrais, 15 em cada área serrana analisada,
distribuídas em três cotas altitudinais com auxílio de aparelho GPS - GARMIN:
- Altitude 1: 400 m s.n.m.
- Altitude 2: 500 m s.n.m.
- Altitude 3: 600 m s.n.m.
Foram utilizados dois métodos de amostragem: Método de parcelas e Ponto –
quadrante. Quanto ao método de parcelas, foram distribuídas 30 parcelas retangulares com
área fixa de 200 m², nas áreas serranas de Bodocongó e Inácio Pereira; nas demais áreas, 45
transectos com 60 m de comprimento foram estabelecidos na totalidade. Cada transecto foi
dividido em seis pontos, os quais distavam 10 m entre si. Em cada ponto, foram aferidos os
quatro indivíduos mais próximos.
A fim de avaliar a composição e estrutura do componente arbustivo - arbóreo em cada
unidade amostral (parcela/transecto), foram aferidos os indivíduos com diâmetro do caule ao
nível do solo (DNS) maior ou igual a 3 cm e altura igual ou superior a 1 m, sendo registrados
os seguintes dados em caderneta de campo: hábito, altura, nome vulgar, diâmetro ao nível do
solo (DNS) e distância do indivíduo ao ponto (especificamente para amostragem por ponto-
quadrante).
Simultaneamente à mensuração dos dados fitossociológicos, foram realizadas coletas
de material botânico (ramos com flores e/ou frutos) para posterior identificação em
laboratório, que foi conduzida com bibliografias especializadas como Giulietti e Queiroz
(2006) e Queiroz (2009), baseando-se no sistema Angiosperm Phylogeny Group II (APG II,
2003), além de consulta a especialista. Em alguns espécimes, não foi possível coletar material
necessário para identificação, permanecendo como “morfoespécie”. Todas as amostras
identificadas foram incorporadas à coleção do Herbário Manuel de Arruda Câmara (ACAM)
da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).
Para caracterizar a estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva, foram calculados para
25

cada espécie os seguintes parâmetros fitossociológicos: Área Basal (AB), Densidade Relativa
(DR); Freqüência Relativa (FR); Dominância Relativa (DoR), Valor de Cobertura, Valor de
Importância (VI), dentre outros (Tabela 1). Foram ainda obtidos os índices de diversidade de
Shannon (H’), riqueza de espécies (S) e índice de equitabilidade de Pielou (J) a partir do
Programa Mata Nativa 3.

Figura 2 - Áreas de estudo e fitofisionomias das mesmas (A-E).


26

A fim de estimar o número de espécies vegetais ao longo do gradiente altitudinal, para


cada altitude, foram construídas matrizes de abundância de espécies, realizando-se em seguida
1000 simulações com reposição no Programa EstimateS 8.2 (COLWELL, 2009). A partir dos
dados obtidos, foram confeccionadas curvas coletoras, considerando a riqueza observada
(Sobs - Mao Tao) e números de indivíduos sorteados. A diferença entre as altitudes foi
avaliada por comparação visual entre as curvas de rarefação e seus respectivos intervalos de
confiança (Sobs 95%), método este realizado por Barlow et al (2007). Também foram
utilizados dois estimadores não-paramétricos descritos por Dias (2004): ICE (baseado no
conceito de cobertura de amostra) e Jacknife 2 (estimador de riqueza baseado na abundância,
neste caso quantifica raridade ou o número de espécies representadas por um ou dois
indivíduos).

Figura 3 - Grandes subdivisões da Biodiversidade da Caatinga: ECORREGIÕES. FONTE: Software


TerraView 3.0
27

Tabela 1 - Relação dos parâmetros fitossociológicos analisados neste estudo, calculados a partir do
programa Mata Nativa 3.

Parâmetros Fórmulas Convenções


Densidade Absoluta (DA) DA = densidade absoluta
DA = ni x 1ha/A
ni = número total de indivíduos amostrados de cada espécie
A = área amostrada, em hectare;
Densidade Relativa (Dr) DR= DAi x 100 DRi = densidade relativa (%) ;
Σ DA
DA = densidade absoluta
ni = número total de indivíduos amostrados de cada espécie
Σ DA = soma de todas as densidades absolutas.
Frequência absoluta (FA) FA = Nu x 100 FA = freqüência absoluta;
NUT
NU = número de unidades amostrais com presença da espécie;

NUT = número total de unidades amostrais;

Frequência Relativa (FR) FR = FA x 100 FR = freqüência relativa;


Σ FA
FA = freqüência absoluta;

Σ FA = soma de todas as freqüências absolutas.

Dominância Absoluta (DoA) DoA = Σ g_ DoA= dominância absoluta em m2/ha;


ha
g = área seccional de cada espécie, encontrada pela expressão:
g = CAP 2/4π ou g = πDAP2/4;
CAP = circunferência a 1,30 m do solo;
DAP = diâmetro a 1,30 m do solo;
π = constante trigonométrica pi = 3,1416;
ha = hectare;

Dominância Relativa (DoR) DoR = DoA x 100 DoR = dominância relativa (%).
Σ DoA
DoA= dominância absoluta em m 2/ha;
Áraa basal (AB) AB = π . D /4
2
AB = Área basal;
D = Diâmetro de cada indivíduo;
π = constante trigonométrica pi = 3,1416.
Valor de Importância (VI) VI = DR+ DoR+ FR VI = valor de importância;
DR = densidade relativa;
DoR = dominância relativa;
FR = freqüência relativa.
Valor de cobertura (VC) VC = DR+ DoR VC = valor de cobertura;
DR = densidade relativa;
DoR = dominância relativa.
28

3. RESULTADOS

3.1. Florística

Foram registrados 2911 indivíduos, distribuídos em 23 famílias e 71 espécies. As


famílias mais representativas foram: Fabaceae, Euphorbiaceae, Apocynaceae e Cactaceae.
Quanto à composição específica da comunidade vegetal, foram amostradas 38 espécies na
altitude 1 (400 m s.n.m.), 41 espécies na altitude 2 (500 m s.n.m.) e 60 espécies na altitude 3
(600 m s.n.m.) (Tabela 2, Apêndice A-B).
Conforme a Tabela 2, percebe-se também que espécies como Sideroxylon sp.
(quixabeira) e Spondias tuberosa (umbuzeiro) foram restritas à altitude 1 (400 m s.n.m.); as
espécies Cordia trichotoma (Louro) e Guettarda sp. foram registradas apenas na altitude 2
(500 m s.n.m.) e as espécies Casearia sp., Croton nepetaefolius (Pau-Leite) e Ruprechtia
laxiflora Meisn., além de 13 morfoespécies, foram amostradas apenas na altitude 3 (600 m
s.n.m.).

3.2. Estrutura e Diversidade da Comunidade Vegetal ao longo do Gradiente de


Elevação

Considerando os dados apresentados na Tabela 3, verificou-se que as áreas de


Bodocongó e Inácio Pereira apresentam elevado número de espécies em todas as altitudes.
Nas demais áreas, constatou-se que a maior riqueza e também equabilidade estão presentes
nas áreas mais elevadas. Tais aspectos da comunidade também favorecem elevados valores de
diversidade.
Também vale ressaltar que a comunidade referente à Serra da Fontainha, altitude 1,
apresenta o menor número e a pior distribuição das espécies do componente arbustivo-
arbóreo, ao contrário da comunidade da Serra Bonita, em sua cota 3, na qual foram registradas
34 espécies e diversidade equivalente a 3,1 nats. Indivíduo -1.
Observando as Tabelas 4, 5 e 6, constata-se que a composição relacionada às espécies
dominantes varia ao longo do gradiente de elevação. Nas áreas de Bodocongó, Bonita e Arara,
espécies como Croton blanchetianus Baill. (marmeleiro), Poincianella pyramidalis (Tul.) L.
P. Queiroz (catingueira) e Tacinga palmadora Britton & Rose (palmatória) se destacam na
comunidade pelo elevado número de indivíduos na cota 1 (400 m s.n.m.). Na altitude 2, estas
espécies ainda se destacam, porém, Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (mororó) já apresenta
29

considerável valor de importância, nas áreas de Fontainha, Bodocongó e Bonita. Também se


percebe que a composição florística relacionada às espécies mais importantes nas áreas de
Bodocongó e Inácio Pereira é diferenciada, constando espécies como: Sapium glandulosum
(L.) Morong (burra leiteira), Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. (barriguda) e Allophylus sp.
(estralador).
Já na altitude 3 (600 m s.n.m.), espécies como Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichl.
(sipaúba), Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. & Cambess.) A.Robyns (imbiratanha)
e Manihot glaziovii Müll. Arg. (maniçoba) estão dentre as espécies com maior valor de
importância, seja pela abundância ou área área basal.
Especificamente, nas Serras da Fontainha e Inácio Pereira, as espécies Croton
blanchetianus Baill. (marmeleiro), Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz (catingueira)
são muito frequentes em todas as cotas altitudinais. Outro aspecto relevante é que mesmo
apresentando abundância relativamente baixa, as espécies Myracrodruon urundeuva Allemão
e Schinopsis brasiliensis Engl., se destacam na comunidade ao longo do gradiente de
elevação, devido à área basal considerável.

Tabela 2 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo, registradas ao longo do gradiente


altitudinal (400 – 600 m s.n.m.) no Cariri paraibano.
Espécies Altitude 1 Altitude 2 Altitude 3
Allophylus sp. x x x
Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm. x x
Anacardium occidentale L. x
Anadenanthera colubrina var. colubrina (Griselb.) Altschul. x x x
Aspidosperma pyrifolium Mart. x x x
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. x x x
Casearia sp. x
Ceiba glaziovii (Kuntze) K. Schum. x x
Cereus jamacaru DC. x x x
Combretum leprosum Mart. x x
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett x x x
Cordia leucocephala Moric. x x
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. x
Croton blanchetianus Baill. x x x
Croton heliotropiifolius Kunth x x x
Croton nepetaefolius Baill. x
Croton sp. x x x
Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl x x x
Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax & K. Hoffm. x
Erythrina velutina Willd. x
Erythroxylum pauferrense Plowman x
Euphorbia gymnoclada Boiss. x
Guettarda sp. x
Morfoespécie I x
Morfoespécie II x
Morfoespécie III x x x
Morfoespécie IV x x
Morfoespécie V x
Morfoespécie VI x
Morfoespécie VII x x
Morfoespécie VIII x
Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo & Iltis x x x
30

Continuação (Tabela 2) - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo, registradas ao longo


do gradiente altitudinal (400 – 600 m s.n.m.) no Cariri paraibano.

Espécies Altitude 1 Altitude 2 Altitude 3


Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.Grose x x
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. x x x
Lantana sp. x x
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P. Queiroz var.
x x x
férrea
Lippia gracilis Schauer x
Manihot glaziovii Müll. Arg. x x x
Maytenus rigida Mart. x x x
Mimosa ophtalmocentra Mart. ex Benth. x x x
Mimosa sp. x x x
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. x x x
Morfoespécie IX x
Morfoespécie X x
Morfoespécie XI x
Morfoespécie XII x
Morfoespécie XIII x
Morfoespécie XIV x x
Morfoespécie XIX x
Morfoespécie XV x
Morfoespécie XVI x
Morfoespécie XVII x
Morfoespécie XVIII x
Morfoespécie XX x
Myracrodruon urundeuva Allemão x x x
Pilosocereus sp. 1 x x x
Pilosocereus sp. 2 x
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke x x x
Pisonia sp. x x x
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz x x x

Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. &


x x
Cambess.) A.Robyns
Ruprechtia laxiflora Meisn. x
Sapium glandulosum (L.) Morong x x x
Schinopsis brasiliensis Engl. x x x
Senna macrantera var. pudibunda (Benth.) H. S.
x x
Irwin & Barneby
Sideroxylon sp. x
Spondias tuberosa Arruda x x
Syagrus oleracea (Mart.) Becc. x x

Tacinga palmadora Britton & Rose x x x

Thiloa glaucocarpa (Mart.) Eichl. x x x

Ziziphus platyphylla Reissek x x


31

Tabela 3 - Riqueza, diversidade e equitabilidade nas cotas altitudinais 1, 2 e 3 (400, 500 e 600 m
s.n.m.). S: riqueza de espécies; H’: índice de diversidade Shanon-Wiener – nats. Indivíduo -1; J’:
equitabilidade.
Áreas serranas S/ H’/ J’ (Altitude 1) S/ H’/ J’ (Altitude 2) S/ H’/ J’ (Altitude 3)
Bodocongó 26/ 2,6 / 0,7 28/ 2,8 / 0,8 30/ 2,8 / 0,8
Inácio Pereira 26/ 2,0 / 0,6 28/ 2,6 / 0,7 31/ 2,7 / 0,7
Bonita 10/ 1,7 / 0,7 13/ 1,7 / 0,6 34/ 3,1 / 0,8
Fontainha 8/ 1,2 / 0,4 12/ 1,5 / 0,7 20/ 2,4 / 0,7
Arara 14/ 2,0 / 0,7 18/ 2,1 / 0,7 21/ 2,6 / 0,8

3.3. Padrão Altitudinal de Riqueza

A partir das curvas de acumulação de espécies (Figura 4a) e considerando a riqueza


observada (Sobs) e seus respectivos intervalos de confiança (95%), foram observadas na
altitude 1, 23 a 34 espécies (com média de 29), entre 21 a 38 espécies na altitude 2 (média de
30) e 51 a 63 espécies na altitude 3 (média de 58). Tais curvas representam o crescimento do
número de espécies à medida que ocorre a amostragem por indivíduos.
Nas demais curvas (Figura 4b-d), consideram-se as riquezas observadas (Sobs), com
os respectivos intervalos de confiança (95%) e o valor estimado pelo ICE e Jacknife 2. Logo,
para a altitude 1, foram estimadas pelo ICE 42,14 espécies; na altitude 2 foram estimadas
43,05 e na altitude 3, foram estimadas 63,73 espécies. Considerando o Jacknife 2, foram
estimadas na altitude 1: 41,43; na altitude 2: 44,15 e na altitude 3: 65,73 espécies. Em ambos
os casos, observa-se que as altitudes 1 e 2 assemelham-se quanto à riqueza do componente
arbustivo-arbóreo; já na altitude 3, constata-se um aumento no número de espécies.
32

Tabela 4 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %) na altitude 1 (400 m s.n.m.). N - Número de indivíduos; AB -
Área Basal; DA - Densidade Absoluta; DR – Densidade Relativa; FA – Freqüência Absoluta; FR: Freqüência Relativa; DoA – Dominância Absoluta; DoR –
Dominância Relativa; VC – Valor de Cobertura; VI – Valor de Importância.

ALTITUDE 1
Nome Científico N AB DA DR FA FR DoA DoR VC VC (%) VI VI (%)
FONTAINHA

Croton blanchetianus Baill. 50 0.1268 3521.368 41.67 83.33 33.78 8.927 32.93 74.597 37.3 108.381 36.13
Mimosa sp. 35 0.083 2464.958 29.17 66.67 27.03 5.844 21.56 50.726 25.36 77.753 25.92
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz 18 0.1058 1267.693 15 43.33 17.57 7.452 27.49 42.489 21.24 60.057 20.02
Aspidosperma pyrifolium Mart. 10 0.057 704.274 8.33 30 12.16 4.015 14.81 23.146 11.57 35.308 11.77
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. 3 0.005 211.282 2.5 10 4.05 0.355 1.31 3.811 1.91 7.865 2.62

Mimosa ophtalmocentra Mart. ex Benth. 57 0.2635 1140 17.43 80 6.56 5.269 14.04 31.469 15.73 38.027 12.68
BODOCONGÓ

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz 35 0.324 700 10.7 100 8.2 6.48 17.26 27.967 13.98 36.164 12.05
Croton blanchetianus Baill. 63 0.174 1260 19.27 80 6.56 3.479 9.27 28.535 14.27 35.093 11.7
Tacinga palmadora Britton & Rose 43 0.0567 860 13.15 60 4.92 1.135 3.02 16.173 8.09 21.091 7.03

Myracrodruon urundeuva Allemão 7 0.2905 140 2.14 40 3.28 5.81 15.48 17.62 8.81 20.898 6.97

Croton blanchetianus Baill. 51 0.1231 1828.496 42.5 70 31.82 4.414 22.99 65.487 32.74 97.305 32.43
BONITA

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 22 0.1142 788.763 18.33 43.33 19.7 4.093 21.31 39.646 19.82 59.343 19.78
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke 19 0.1254 681.205 15.83 33.33 15.15 4.495 23.41 39.241 19.62 54.392 18.13
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz 16 0.1114 573.646 13.33 36.67 16.67 3.995 20.8 34.138 17.07 50.804 16.93
Cereus jamacaru DC. 2 0.0297 71.706 1.67 6.67 3.03 1.064 5.54 7.21 3.6 10.24 3.41

Croton blanchetianus Baill. 224 0.6777 2240 51.85 100 8.93 6.777 27.08 78.931 39.47 87.859 29.29
I. PEREIRA

Anadenanthera colubrina 14 0.5269 140 3.24 80 7.14 5.269 21.05 24.293 12.15 31.436 10.48
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 37 0.1547 370 8.56 80 7.14 1.547 6.18 14.747 7.37 21.89 7.3
Myracrodruon urundeuva Allemão 26 0.18 260 6.02 80 7.14 1.8 7.19 13.211 6.61 20.354 6.78
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz 20 0.1278 200 4.63 60 5.36 1.278 5.11 9.737 4.87 15.094 5.03

Tacinga palmadora Britton & Rose 36 0.0946 724.028 30 80 26.67 1.903 12.19 42.189 21.09 68.856 22.95
ARARA

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz 10 0.2668 201.119 8.33 30 10 5.365 34.37 42.705 21.35 52.705 17.57
Croton blanchetianus Baill. 28 0.0545 563.133 23.33 63.33 21.11 1.096 7.02 30.354 15.18 51.465 17.16
Aspidosperma pyrifolium Mart. 20 0.1308 402.238 16.67 46.67 15.56 2.63 16.85 33.517 16.76 49.073 16.36
Croton sp. 5 0.034 100.559 4.17 10 3.33 0.685 4.39 8.554 4.28 11.887 3.96
33

Tabela 5. Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %) na altitude 2 (500 m s.n.m.). N - Número de indivíduos; AB -
Área Basal; DA - Densidade Absoluta; DR – Densidade Relativa; FA – Freqüência Absoluta; FR: Freqüência Relativa; DoA – Dominância Absoluta; DoR –
Dominância Relativa; VC – Valor de Cobertura; VI – Valor de Importância.

ALTITUDE 2
Nome Científico N AB DA DR FA FR DoA DoR VC VC (%) VI VI (%)
FONTAINHA

Croton blanchetianus Baill. 85 0.1976 3910.851 70.83 100 48.39 9.089 26.96 97.79 48.9 146.77 48.73
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz 5 0.2373 230.05 4.17 13.33 6.45 10.916 32.38 36.542 18.27 42.994 14.33
Aspidosperma pyrifolium Mart. 9 0.0594 414.09 7.5 30 14.52 2.732 8.1 15.603 7.8 30.119 10.04
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 8 0.0389 368.08 6.67 20 9.68 1.79 5.31 11.975 5.99 21.653 7.22
Myracrodruon urundeuva Allemão 1 0.0876 46.01 0.83 3.33 1.61 4.031 11.96 12.789 6.39 14.402 4.8

Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 33 0.1499 660 16.92 100 8.47 2.997 9.81 26.736 13.37 35.211 11.74
BODOCONGÓ

Allophylus sp. 36 0.1178 720 18.46 80 6.78 2.357 7.72 26.177 13.09 32.957 10.99
Schinopsis brasiliensis Engl. 7 0.3253 140 3.59 40 3.39 6.505 21.3 24.89 12.44 28.279 9.43
Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. 3 0.1908 60 1.54 40 3.39 3.816 12.49 14.032 7.02 17.422 5.81

Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 6 0.128 120 3.08 60 5.08 2.56 8.38 11.46 5.73 16.544 5.51

Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke 44 0.1797 1688.204 36.67 70 30 6.894 35.6 72.265 36.13 102.26 34.09
BONITA

Croton blanchetianus Baill. 43 0.125 1649.836 35.83 76.67 32.86 4.795 24.76 60.592 30.3 93.449 31.15
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. 10 0.0749 383.683 8.33 16.67 7.14 2.874 14.84 23.173 11.59 30.316 10.11
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 8 0.0345 306.946 6.67 23.33 10 1.323 6.83 13.499 6.75 23.499 7.83
Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl 2 0.0189 76.737 1.67 6.67 2.86 0.725 3.74 5.409 2.7 8.266 2.76

Croton blanchetianus Baill. 81 0.2551 810 25.63 100 7.25 2.551 7.15 32.778 16.39 40.024 13.34
I. PEREIRA

Schinopsis brasiliensis Engl. 17 0.7951 170 5.38 80 5.8 7.951 22.27 27.645 13.82 33.442 11.15
Sapium glandulosum (L.) Morong 38 0.247 380 12.03 100 7.25 2.47 6.92 18.942 9.47 26.188 8.73
Mimosa sp. 16 0.3932 160 5.06 40 2.9 3.932 11.01 16.074 8.04 18.973 6.32
Tacinga palmadora Britton & Rose 35 0.0521 350 11.08 80 5.8 0.521 1.46 12.536 6.27 18.333 6.11

Croton sp. 39 0.2369 773.546 32.5 70 23.86 4.699 16.42 48.918 24.46 72.782 24.26
ARARA

Tacinga palmadora Britton & Rose 34 0.1189 674.374 28.33 73.33 25 2.358 8.24 36.572 18.29 61.572 20.52
Myracrodruon urundeuva Allemão 8 0.2872 158.676 6.67 23.33 7.95 5.697 19.9 26.57 13.28 34.524 11.51
Aspidosperma pyrifolium Mart. 6 0.1025 119.007 5 20 6.82 2.033 7.1 12.102 6.05 18.92 6.31
Pilosocereus sp. 1 2 0.1689 39.669 1.67 6.67 2.27 3.349 11.7 13.368 6.68 15.641 5.21
34

Tabela 6 - Parâmetros fitossociológicos das espécies com maior valor de importância (VI %) na altitude 3 (600 m s.n.m.). N - Número de indivíduos; AB -
Área Basal; DA - Densidade Absoluta; DR – Densidade Relativa; FA – Freqüência Absoluta; FR: Freqüência Relativa; DoA – Dominância Absoluta; DoR –
Dominância Relativa; VC – Valor de Cobertura; VI – Valor de Importância.
ALTITUDE 3
Nome Científico N AB DA DR FA FR DoA DoR VC VC VI VI (%)
(%)
FONTAINHA

Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz 29 0.3455 1205.318 24.17 70 24.14 14.359 45.22 69.383 34.69 93.521 31.17
Croton blanchetianus Baill. 22 0.0539 914.38 18.33 43.33 14.94 2.239 7.05 25.384 12.69 40.327 13.44
Mimosa sp. 17 0.0841 706.566 14.17 36.67 12.64 3.497 11.01 25.179 12.59 37.822 12.61
Manihot glaziovii Müll. Arg. 12 0.0318 498.752 10 33.33 11.49 1.321 4.16 14.161 7.08 25.655 8.55
Pisonia sp. 7 0.0312 290.939 5.83 20 6.9 1.297 4.09 9.919 4.96 16.816 5.61

Allophylus sp. 44 0.1888 880 24.44 100 7.81 3.777 12.3 36.744 18.37 44.557 14.85
BODOCONGÓ

Myracrodruon urundeuva Allemão 9 0.2969 180 5 80 6.25 5.937 19.34 24.337 12.17 30.587 10.2
Morfoespécie III 2 0.2324 40 1.11 40 3.13 4.647 15.14 16.247 8.12 19.372 6.46
Sapium glandulosum (L.) Morong 11 0.0605 220 6.11 100 7.81 1.21 3.94 10.052 5.03 17.865 5.95

Pisonia sp. 10 0.0908 200 5.56 60 4.69 1.817 5.92 11.473 5.74 16.16 5.39

Sapium glandulosum (L.) Morong 13 0.079 700.236 10.83 33.33 11.11 4.253 7.34 18.178 9.09 29.289 9.76
BONITA

Thiloa.glaucocarpa (Mart.) Eichl. 13 0.0807 700.236 10.83 26.67 8.89 4.347 7.51 18.34 9.17 27.229 9.08
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 12 0.0363 646.372 10 30 10 1.955 3.38 13.376 6.69 23.376 7.79
Pisonia sp. 9 0.0444 484.779 7.5 30 10 2.393 4.13 11.632 5.82 21.632 7.21
Ziziphus platyphylla Reissek 1 0.1787 53.864 0.83 3.33 1.11 9.625 16.62 17.456 8.73 18.567 6.19

Croton blanchetianus Baill. 71 0.2317 710 18.64 100 6.49 2.317 8.05 26.687 13.34 33.181 11.06
I. PEREIRA

Tacinga palmadora Britton & Rose 67 0.1145 670 17.59 100 6.49 1.145 3.98 21.565 10.78 28.058 9.35
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 41 0.22 410 10.76 100 6.49 2.2 7.64 18.404 9.2 24.898 8.3
Anadenanthera colubrina 4 0.5824 40 1.05 20 1.3 5.824 20.24 21.288 10.64 22.587 7.53
Myracrodruon urundeuva Allemão 20 0.2625 200 5.25 100 6.49 2.625 9.12 14.369 7.18 20.863 6.95

Commiphora leptophloeos (Mart.) Gillet 13 0.2373 257.015 10.83 33.33 9.9 4.692 15.48 26.309 13.15 36.21 12.07
ARARA

Manihot glaziovii Muell. Arg. 18 0.1025 355.868 15 43.33 12.87 2.026 6.68 21.684 10.84 34.555 11.52
Pseudobombax marginatum 13 0.1926 257.015 10.83 30 8.91 3.808 12.56 23.394 11.7 32.305 10.77
Anadenanthera colubrina 8 0.2207 158.163 6.67 26.67 7.92 4.363 14.39 21.057 10.53 28.978 9.66
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. 13 0.0861 257.015 10.83 36.67 10.89 1.702 5.62 16.448 8.22 27.34 9.11
35

Figura 4 - Curvas de acumulação de espécies obtidas a partir de 1000 simulações com reposição. (a) - Riqueza observada (Sobs) nas cotas 1, 2 e 3, com os
respectivos intervalos de confiança (Sobs Lower e Sobs Upper); (b, c, d) - Comparação entre a riqueza observada (Sobs) e a riqueza estimada (ICE e Jack 2)
em cada cota altitudinal.
36

4. DISCUSSÃO

Quanto às famílias mais representativas, os resultados corroboram com estudos


realizados por Drumond (2000), Oliveira et al. (2009) em outras áreas serranas do Cariri
paraibano e Santos, Araújo e Albuquerque (2008) em regiões de caatinga em cinco
estados nordestinos.
Já a ocorrência restrita de determinadas espécies pode estar relacionada a
características físico-químicas do solo e eventos estocásticos, como a dispersão, além
das interações interespecíficas. Santos, Barbosa e Tabarelli (2007) consideram que as
interações do tipo animal-planta atuam como dirigentes bióticos na distribuição e
composição das comunidades vegetais ao longo de gradientes físicos. Além de tais
considerações, há variações existentes nas fitofisionomias, mesmo em áreas
aparentemente semelhantes do ponto de vista de clima e solo.
Portanto, considerando a heterogeneidade das áreas estudadas, as condições
diversas de relevo e de solo, é de se esperar que existam fatores restritivos à ocorrência
de determinadas espécies (PAUSAS e AUSTIN, 2001).
A diferenciação na composição das espécies dominantes está também
diretamente ligada à susceptibilidade de antropização de cada área serrana. No decorrer
dos estágios serais, a substituição das espécies é processo típico, envolvendo várias
transformações no ambiente e em vários aspectos da comunidade, dentre estes, está a
diminuição da dominância das espécies ao longo do processo sucessional (RICKLEFS,
2003).
A dominância de uma espécie em uma comunidade vegetal reflete um maior
sucesso na obtenção dos recursos disponíveis, além de depender das interações inter-
específicas e condições do ambiente. O Valor de Importância (VI) constitui uma medida
ponderada e expõe melhor a importância ecológica de cada espécie, consistindo na
soma da freqüência relativa, densidade relativa e área basal relativa das espécies
amostradas em termos de distribuição horizontal (CIENTEC, 2006; GUREVITCH,
SCHEINER e FOX, 2009).
Logo, comparando-se os valores de importância das espécies em cada cota
altitudinal e entre as serras pode-se inferir que, excetuando-se a Serra da Fontainha,
todas as demais apresentaram uma melhor distribuição dos valores de importância na
última cota altitudinal revelando uma tendência a uma equiparação na distribuição das
37

espécies nessa cota. Também é na última altitude, na qual se observa os maiores índices
de diversidade e equabilidade da comunidade vegetal em questão.
As informações sobre sucessão ecológica na vegetação de caatinga ainda são
incipientes, no entanto, a ocorrência de determinadas espécies, como Myracrodruon
urundeuva Allemão (aroeira), Commiphora leptophloeos (Mart.) J. B. Gillett
(amburana) e Cynophalla flexuosa (L.) J.Presl (feijão-bravo) tem sido mais abrangente
em áreas mais protegidas, como observado por Andrade et al. (2005). Pereira et al.
(2001) ratificam que espécies como Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. &
Cambess.) A.Robyns e Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. são indicadoras de
ambientes mais protegidos.
Tais resultados são indicadores da composição específica durante o processo de
sucessão, porém, não conclusivos. Espécies como Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.
Queiroz (catingueira), foi apontada por Magalhães (2011) e Santos et al. (2009), como a
mais abundante, independente do estágio sucessional em região de caatinga no sertão
paraibano e no município de Floresta, em Pernambuco. Já Croton blanchetianus Baill. é
considerada como típica espécie pioneira, invasora de caatingas antropizadas, com
elevada produção de sementes e rápida dispersão (PEREIRA, et al., 2001). Além disso,
a presença de rebanhos e a retirada da madeira nas regiões mais acessíveis,
consequentemente menos elevadas, nos permite afirmar que a comunidade vegetal ali
presente é influenciada pela pressão antrópica.
Analisando os resultados fitossociológicos e a abundância de determinadas
espécies, percebe-se que as áreas de Fontainha e Inácio Pereira enfrentam maior pressão
antrópica que as demais, devido à abundância considerável de Croton blanchetianus
Baill., mesmo na altitude 3. Já a Serra de Bodocongó é a área com melhor distribuição
horizontal das espécies.
Baseando-se nos resultados apresentados na Figura 4, é possível inferir que a
riqueza aumenta em relação à altitude, pois, a não sobreposição das curvas de
acumulação de espécies e respectivos intervalos de confiança (Sobs Lower e Upper),
denota que a altitude 3 (600 m a.n.m.) apresenta um maior número de espécies em
relação às demais, suportando desse modo, a hipótese de que há variação da riqueza ao
longo do gradiente altitudinal em vegetação de caatinga, no Cariri Paraibano.
Como explicar o padrão descrito neste estudo? Deve-se considerar
primeiramente que a amplitude de elevação é pequena, quando comparada com regiões
montanhosas, onde se pode chegar a 3.000 m a.s.l., logo, é muito provável que as
38

condições de temperatura, umidade e edáficas não tenham forte influência na


distribuição das espécies nesssas comunidades, logo, a aplicação das teorias referentes
aos padrões altitudinais (Efeito Rapoport e picos intermediários) se torna ineficaz.
No entanto, analisando os resultados fitossociológicos, os históricos de uso das
áreas e considerando que o acesso das regiões mais elevadas é dificultado pelas
condições de relevo, podemos inferir que as atividades humanas tem influenciado o
padrão de riqueza nas regiões de caatinga do semiárido brasileiro.
De acordo com Kessler (2009) e Rahbek et al. (2008), a ação humana tem
interferido no real entendimento dos padrões de biodiversidade. O crescimento e a
dispersão espacial das atividades humanas tem alterado as paisagens tropicais. Em
regiões de Mata Atlântica, por exemplo, as áreas protegidas e consequentemente com
maior número de espécies, são restritas às regiões mais elevadas, acima de 1200 m
a.n.m (TABARELLI et al., 2010).
Em áreas de Caatinga, a agricultura itinerante criou um mosaico de parcelas com
distintos tempos de regeneração e o gado está presente em quase toda parte e com
lotação excessiva (SAMPAIO, 2010), portanto, acredita-se que nas altitudes superiores,
um maior número de espécies (Figura 4a) esteja também relacionado ao difícil acesso
imposto às atividades humanas por estes tipos de ambientes. Como ratifica Rahbek et al.
(2008), os ambientes montanhosos e a atividade humana estão intimamente conectados.
Alguns estudos chegam a considerar que em regiões áridas, a riqueza seja maior
em elevações superiores, como apontado por Sanders, Moss e Wagner (2003). Os
autores sugerem que as condições de temperatura e precipitação provavelmente
suportem níveis satisfatórios de produção primária e causem níveis mais baixos de
estresse fisiológico. Neste aspecto, Sampaio (2010) ressalta que as serras da região
semiárida, principalmente as que se estendem em longas distâncias, formam linhas de
locais mais úmidos, logo, o balanço hídrico é favorecido, com temperaturas mais
amenas, resultando em taxas menores de evapotranspiração e em condensação noturna.
Talvez, nas áreas aqui estudadas, seja possível considerar os dois efeitos: ação
antrópica e micro-hábitats úmidos, com condições ambientais mais favoráveis, a fim de
explicar o incremento da riqueza.
Ainda é pertinente ressaltar que, as curvas referentes às altitudes 1 e 2
estabilizaram, enquanto a curva da altitude 3 (600 m s.n.m.) ainda tende ao crescimento
à medida que mais indivíduos são registrados. Logo, um maior número de espécies
ainda pode ser registrado na altitude 3 até que a curva se estabilize. O uso destas curvas
39

de acumulação de espécies permite a comparação entre comunidades diferentes ou entre


estudos com esforço amostral diferenciado. Gotelli e Colwell (2001) consideram que a
comparação da riqueza de espécies entre comunidades diferentes ou entre amostragens
diferentes depende do uso de curvas de amostragem, se considerarmos que a
comparação direta do número observado de espécies ignora as diferenças entre esforços
amostrais, o que pode levar a conclusões errôneas.
De acordo com Chao (2005), uma grande vantagem dos métodos não
paramétricos é que eles podem ser aplicados a vários tipos de amostragem, com apenas
pequenas modificações, além de abranger dados de incidência ou abundãncia. Além
disso, tais análises podem compreender o esforço amostral contínuo (área, armadilha do
tempo, volumes) ou tipo discreto (indivíduos, ocasiões de amostragem, parcelas,
número de redes).
Também deve ser considerado que os estimadores utilizados são considerados
robustos, pouco influenciáveis pelo tamanho amostral e pelo grau de agregação espacial
das espécies nas amostras (CHAZDON et al., 1998; SONEGO, BACKES e SOUZA,
2007). Também foram eficientes em estudos de florestas tropicais, como na Costa Rica
(CHAZDON et al., 1998) e em regiões do Brasil como em regiões de floresta tropical
Ombrófila Mista no Rio Grande do Sul (SONEGO, BACKES e SOUZA, 2007), de
floresta tropical Ombrófila Densa Montana em São Paulo (ALVES e METZGER, 2006)
e de cerrado sensu stricto no Estado do Goiás (CARVALHO et al., 2008).
Portanto, considerando a composição específica, dominância e número das
espécies do componente arbustivo-arbóreo ao longo do gradiente de elevação, pode-se
inferir que a influência da altitude é indireta, sendo a ação humana o principal fator
responsável pela estrutura da comunidade vegetal em tais áreas.
40

5. CONCLUSÕES

 A riqueza do componente arbustivo-arbóreo, em florestas tropicais secas do


Cariri Paraibano, aumenta ao longo do gradiente altitudinal.
 A influência da altitude é indireta, sendo a ação humana o principal fator
responsável pela estrutura da comunidade vegetal em tais áreas.
 A distribuição horizontal das espécies está diretamente relacionada à
suscetibilidade de antropização de cada área serrana.
41

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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45

CAPÍTULO 2

A DIVERSIDADE DA CAATINGA EM DUAS UNIDADES DE


PAISAGEM DO MACIÇO DA BORBOREMA, SEMIÁRIDO
BRASILEIRO
46

1. INTRODUÇÃO

A ecologia de paisagem considera a dinâmica e o desenvolvimento da


heterogeneidade espacial, as interações temporais e espaciais, as influências da
heterogeneidade espacial nos processos bióticos e abióticos, além do manejo para o
benefício e sobrevivência do homem (ODUM e BARRETT, 2008).
Essa ciência emergente resultou no aparecimento de novas perspectivas em
relação à paisagem. Segundo Gurevitch, Scheiner e Fox (2009), muitos fenômenos
ecológicos são mais bem estudados no nível de paisagem e as respostas dadas a partir
desta nova abordagem possuem implicações para a conservação e manejo. É notável
que as realidades políticas e econômicas interfiram nas considerações científicas sobre o
estabelecimento de áreas protegidas.
A caatinga é um tipo de floresta seca e vegetação arbustiva típica da região
semiárida do Nordeste brasileiro (SANTOS e TABARELLI, 2002). De acordo com
Andrade et al. (2005) e Silva, Santos e Tabarelli (2002), a vegetação xerófila das
caatingas caracteriza-se pela heterogeneidade fisionômica e estrutural, constituindo uma
das principais forças responsáveis pela distribuição das espécies.
No entanto, a vegetação de caatinga possui um histórico de devastação quase tão
antiga quanto à colonização. Casteleti et al. (2000) considera que a caatinga tem sido
bastante modificada pelo homem, os solos da região estão sofrendo por um intenso
processo de desertificação, principalmente devido à substituição da vegetação natural
por culturas. Além disso, o desmatamento e as culturas irrigadas estão provocando a
salinização dos solos.
As centenas de anos de sobre uso agropecuário, desmatamentos e presença de
caprinos, levaram à aceleração do processo de erosão. Aliado a este cenário, a cobertura
vegetal em sua maioria encontra-se em estágios pioneiros (DRUMOND, 2000;
VELLOSO, SAMPAIO e PAREYN, 2002).
As regiões do Cariri paraibano, por exemplo, estão dentre as áreas de alto risco
ou vulneráveis e alta ocorrência de desertificação. Os processos de agriculturização,
pecuarização, desflorestamento intensivo, uso intensivo do solo e o desrespeito à
capacidade de suporte animal nas pastagens nativas e artificiais têm contribuído para
este cenário (PEREIRA, 2008).
Apesar de escassos, alguns estudos com enfoque na ecologia de paisagem na
região semiárida nordestina foram realizados. Pesquisas desenvolvidas por Silva, Santos
47

e Tabarelli (2003) com espécies lenhosas nos Estados de Alagoas e Sergipe,


demonstraram que dentre cinco unidades de paisagem, os tabuleiros arenosos possuem a
maior riqueza. Estudos realizados por Iannuzzi et al. (2003) e Leal (2003) com
Coleoptera e Hymenoptera, respectivamente, também observaram o mesmo padrão de
diversidade. Tal enfoque objetiva verificar a relevância das unidades de paisagem da
caatinga como preditoras na distribuição das espécies.
Portanto, levando em consideração que as áreas serranas do Cariri paraibano
impõem difícil acesso às atividades humanas, além de suas peculiaridades
geomorfológicas, este estudo objetiva testar a hipótese de que tais unidades de
paisagem, presentes no Maciço da Borborema, Nordeste do Brasil, possuam um maior
número de espécies do componente arbustivo-arbóreo se comparadas com a superfície
aplainada ou Planalto da Borborema, propriamente dito.
48

2. METODOLOGIA

2.1. Caracterização da área de estudo:

A coleta dos dados foi realizada em duas unidades de paisagem (serras e


Planalto) localizadas no Maciço da Borborema, Paraíba, no Nordeste Brasileiro. Em
cada unidade foram selecionadas cinco áreas de vegetação de caatinga, sendo as áreas
serranas: Bodocongó (7º27’06”S e 35º59’41”O), Arara (7°21’31”S e 36° 23’35”O),
Inácio Pereira (7º31’12”S e 35º 59’59”O), Bonita (7°44’42”S e 36°02’56”O) e
Fontainha (7°28’74’’S e 36º 23’47’’O), localizadas nos municípios de Caturité, São
João do Cariri, Barra de Santana, Alcantil e Cabaceiras, respectivamente (Figura 5).
Na superfície aplainada ou Planalto da Borborema propriamente dito, foram
selecionadas as áreas: Fazenda Pocinho, Bodopitá, Fazenda Poço de Pedra, Fazenda
Caiçara e Fazenda INSA (Instituto Nacional do Semiárido), as quais se localizam nos
municípios de Barra de Santana, Queimadas, São João do Cariri e Campina Grande,
respectivamente (Figura 5).
O Maciço da Borborema, na Paraíba, ocorre na forma de escarpas abruptas
(frente oriental), de extensa superfície elevada aplainada (Planalto da Borborema e
ainda na forma de maciços residuais pouco extensos, representados pelas serras e
inselbergues. A superfície planáltica extensa engloba as regiões conhecidas como
Agreste, Cariri e Seridó; já os maciços residuais são áreas bem elevadas, com altitudes
médias entre 500 a 800 m s.n.m., dispostas numa sucessão de cristas (RODRIGUEZ,
2002).
Nas regiões planálticas, observou-se alta frequência de poucas espécies, a
vegetação apresenta-se geralmente mais aberta (caatinga arbustiva-arbórea aberta), com
presença de caprinos e bovinos em meio a vegetação. Também foi registrado o uso da
madeira pelas populações próximas.
Já nas áreas serranas, o acesso é mais difícil devido às condições do relevo, no
entanto, nas áreas menos elevadas ainda foram observados rebanhos, além de algumas
trilhas a fim de facilitar o acesso do homem, seja para retirada de madeira ou para
conduzir os rebanhos. Porém, à medida que a altitude aumenta, a vegetação apresenta-se
mais fechada (caatinga arbustiva-arbórea fechada ou caatinga arbórea fechada), além
disso, os indivíduos possuem porte mais elevado, seja quanto à altura ou área basal.
A área de estudo está inserida na ecorregião do Planalto da Borborema, na qual o
49

clima é semiárido (IBGE, 2002) e a precipitação varia de 400 a 650 mm. Os solos
predominantes na região de coleta são: litólico eutrófico, solonetz solodizado, vertissolo
e bruno não cálcico (EMBRAPA SOLOS, 2006).

Figura 5 - Áreas de estudo localizadas nas unidades de planalto e serras do Planalto da


Borborema, semiárido brasileiro.

FONTE: Acervo do Laboratório de Ecologia do Semiárido - LABESA (CERES-UFRN).

2.2. Procedimentos de coleta e tratamento dos dados

A obtenção dos dados florísticos e fitossociológicos foi realizada nos anos de


2009, 2010 e 2011. Foram plotadas 100 unidades amostrais, sendo 10 em cada área
analisada.
Foram utilizados dois métodos de amostragem: Método de parcelas e Ponto –
quadrante. Quanto ao método de parcelas, foram distribuídas 50 unidades retangulares,
com área fixa de 200 m², nas áreas serranas de Bodocongó, Inácio Pereira e de
superfície planáltica de Pocinho, Caiçara e Bodopitá; nas áreas serranas de Fontainha,
Bonita e Arara, além das áreas de Poço de Pedra e INSA, foram distribuídos 50
transectos com 60 m de comprimento na totalidade. Cada transecto foi dividido em seis
pontos, os quais distavam 10 m entre si. Em cada ponto, foram aferidos os quatro
indivíduos mais próximos.
A fim de avaliar a composição e estrutura do componente arbustivo - arbóreo em
50

cada unidade amostral (parcela/transecto), foram aferidos os indivíduos com diâmetro


do caule ao nível do solo (DNS) maior ou igual a 3 cm e altura igual ou superior a 1 m,
sendo registrados os seguintes dados em caderneta de campo: hábito, altura, nome
vulgar, diâmetro ao nível do solo (DNS) e distância do indivíduo ao ponto
(especificamente para amostragem por ponto-quadrante).
Simultaneamente à mensuração dos dados fitossociológicos, foram realizadas
coletas de material botânico (ramos com flores e/ou frutos) para posterior identificação
em laboratório, que foi conduzida com bibliografias especializadas como Giulietti e
Queiroz (2006) e Queiroz (2009), baseando-se no sistema Angiosperm Phylogeny
Group II (APG II, 2003), além de consulta a especialista. Em alguns espécimes, não foi
possível coletar material necessário para identificação, permanecendo como
“morfoespécie”. Todas as amostras identificadas foram incorporadas à coleção do
Herbário Manuel de Arruda Câmara (ACAM) da Universidade Estadual da Paraíba
(UEPB).
Para caracterizar a estrutura da comunidade arbóreo-arbustiva, foram calculados
para cada espécie os seguintes parâmetros fitossociológicos: Área basal (AB), densidade
relativa (DR); freqüência relativa (FR); dominância Relativa (DoR), valor de cobertura,
valor de Importância (VI), dentre outros (Tabela 7). Foram ainda obtidos os índices de
diversidade de Shannon (H’) na base logaritmo natural, riqueza de espécies (S) e índice
de equitabilidade de Pielou (J) a partir do software Mata Nativa 3.
A fim de estimar o número de espécies vegetais ao longo do gradiente
altitudinal, para cada altitude, foram construídas matrizes de abundância de espécies,
realizando-se em seguida 1000 simulações com reposição no Programa EstimateS 8.2
(COLWELL, 2009). A partir dos dados obtidos, foram confeccionadas curvas coletoras,
considerando a riqueza observada (Sobs - Mao Tao) e números de indivíduos sorteados.
A diferença entre as altitudes foi avaliada por comparação visual entre as curvas de
rarefação e seus respectivos intervalos de confiança (Sobs 95%), método este realizado
por Barlow et al (2007). Também foram utilizados dois estimadores não-paramétricos
descritos por Dias (2004): ICE (baseado no conceito de cobertura de amostra) e Jacknife
2 (estimador de riqueza baseado na abundância, neste caso quantifica raridade ou o
número de espécies representadas por um ou dois indivíduos).
51

Tabela 7 - Relação dos parâmetros fitossociológicos analisados neste estudo, calculados a partir
do programa Mata Nativa 3.

Parâmetros Fórmulas Convenções


Densidade Absoluta (DA) DA = densidade absoluta
DA = ni x 1ha/A
ni = número total de indivíduos amostrados de cada espécie
A = área amostrada, em hectare;
Densidade Relativa (Dr) DR= DAi x 100 DRi = densidade relativa (%) ;
Σ DA
DA = densidade absoluta
ni = número total de indivíduos amostrados de cada espécie
Σ DA = soma de todas as densidades absolutas.
Frequência absoluta (FA) FA = Nu x 100 FA = freqüência absoluta;
NUT
NU = número de unidades amostrais com presença da
espécie;

NUT = número total de unidades amostrais;

Frequência Relativa (FR) FR = FA x 100 FR = freqüência relativa;


Σ FA
FA = freqüência absoluta;

Σ FA = soma de todas as freqüências absolutas.

Dominância Absoluta (DoA) DoA = Σ g_ DoA= dominância absoluta em m2/ha;


ha
g = área seccional de cada espécie, encontrada pela
expressão:
g = CAP 2/4π ou g = πDAP2/4;
CAP = circunferência a 1,30 m do solo;
DAP = diâmetro a 1,30 m do solo;
π = constante trigonométrica pi = 3,1416;
ha = hectare;

Dominância Relativa (DoR) DoR = DoA x 100 DoR = dominância relativa (%).
Σ DoA
DoA= dominância absoluta em m 2/ha;
Áraa basal (AB) AB = π . D2/4 AB = Área basal;
D = Diâmetro de cada indivíduo;
π = constante trigonométrica pi = 3,1416.
Valor de Importância (VI) VI = DR+ DoR+ FR VI = valor de importância;
DR = densidade relativa;
DoR = dominância relativa;
FR = freqüência relativa.
Valor de cobertura (VC) VC = DR+ DoR VC = valor de cobertura;
DR = densidade relativa;
DoR = dominância relativa.
52

3. RESULTADOS

3.1. Florística
Foram registrados 2208 indivíduos, distribuídos em 26 famílias e 72 espécies.
Nas áreas serranas foram registradas 68 espécies (Tabela 8) e nas áreas do Planalto da
Borborema, 42 espécies (Tabela 9). Espécies como Lantana sp. e três morfoespécies
foram restritas às áreas do Planalto; já espécies como Guettarda sp., Ruprechtia
laxiflora Meisn., Syagrus oleracea (Mart.) Becc. e outras 16 espécies foram apenas
registradas nas áreas serranas. As famílias mais representativas foram Fabaceae,
Euphorbiaceae e Cactaceae em ambas as unidades de paisagem.
Tabela 8 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo registradas nas áreas serranas do
Planalto da Borborema, Cariri Paraibano.
Nome Científico Arara Bodocongó Bonita Fontainha I. Pereira
Allophylus sp. x x x x
Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm. x
Anacardium orcidentale L. x
Anadenanthera colubrina var. colubrina
x x x x x
(Griselb.) Altschul.
Aspidosperma pyrifolium Mart. x x x x x
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. x x x x x
Casearia sp. x
Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. x x
Cereus jamacaru DC. x x x
Combretum leprosum Mart. x
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillet x x x x x
Cordia leucocephala Moric. x x
Cordia trichotoma (Vell.) Arrab. ex Steud. x
Croton blanchetianus Baill. x x x x x
Croton heliotropiifolius Kunth. x
Croton nepetaefolius Baill. x
Croton rhamnifolius Kunth. x
Croton sp. x x
Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl x x x x x
Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax & K. Hoffm. x
Erythrina velutina Willd. x
Erythroxylum pauferrense Plowman x
Euphorbia gymnoclada Boiss. x
Guettarda sp. x
Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.Grose x
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. x x x x
53

Lantana sp. x x
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.)L. P. Queiroz
x x
var. férrea
Lippia gracilis Schauer x
Manihot glaziovii Müll. Arg. x x x x x
Maytenus rigida Mart. x x x
Mimosa ophtalmocentra Mart. ex Benth. x

Mimosa sp. x x x
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. x x
Morfoespécie I x
Morfoespécie II x
Morfoespécie III x x
Morfoespécie IV x
Morfoespécie IX x
Morfoespécie V x
Morfoespécie VI x
Morfoespécie VII x
Morfoespécie VIII x
Morfoespécie X x
Morfoespécie XI x
Morfoespécie XII x
Morfoespécie XIII x
Morfoespécie XIV x
Morfoespécie XV x
Morfoespécie XVI x
Myracrodruon urundeuva Allemão x x x x x
Neocalyptrocalyx longifolium (Mart.) Cornejo &
x x x
Iltis
Pilosocereus sp. 1 x x x x
Pilosocereus sp. 2 x x
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke x x x x x
Pisonia sp. x x x x
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz x x x x x
Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. &
x x x
Cambess.) A.Robyns
Ruprechtia laxiflora Meisn. x
Sapium glandulosum (L.) Morong x x x x x
Schinopsis brasiliensis Engl. x x x
Senna macrantera var. pudibunda (Benth.) H. S.
x x x
Irwin & Barneby
Sideroxylon sp. x
Spondias tuberosa Arruda x x
Syagrus oleracea (Mart.) Becc. x x x
Tacinga palmadora Britton & Rose x x x x
Thiloa glaucocarpa (Mar.) Eichler x x x
Ziziphus platyphylla Reissek x
54

Tabela 9 - Lista das espécies do componente arbustivo-arbóreo registradas nas áreas do Planalto
da Borborema, Cariri e Agreste Paraibano.
Nome Científico Bodopitá Caiçara INSA Pocinho P. Pedra
Allophylus sp. x x x x
Amburana cearensis (Allemão) A. C. Sm. x x
Anadenanthera colubrina var. colubrina (Griselb.)
x x x
Altschul.
Aspidosperma pyrifolium Mart. x x x x x
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. x x x x
Ceiba glaziovii (Kuntze) K.Schum. x
Cereus jamacaru DC. x x x
Combretum leprosum Mart. x
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B. Gillet x x x x x
Cordia leucocephala Moric. x x x
Croton blanchetianus Baill. x x x x x
Croton nepetaefolius Baill. x
Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl x x x
Erythrina velutina Willd. x
Erythroxylum pauferrense Plowman x
Handroanthus spongiosus (Rizzini) S.Grose x
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. x x x x
Lantana sp. x x x
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.)L.P.Queiroz var. ferrea x x x
Manihot glaziovii Müll. Arg. x x x x
Maytenus rigida Mart. x
Mimosa sp. x x x x
Mimosa sp. 2 x
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir. x x
Morfoespécie XIX x
Morfoespécie XVII x
Morfoespécie XVIII x
Myracrodruon urundeuva Allemão x x x x
Pilosocereus sp. 1 x x x x
Pilosocereus sp. 2 x x
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke x x x x x
Pisonia sp. x x x x
Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz x x x x x
Pseudobombax marginatum (A.St.-Hil., Juss. &
x x x X
Cambess.) A.Robyns
Sapium glandulosum (L.) Morong x x x
Schinopsis brasiliensis Engl. x x
Sideroxylon sp. x
Spondias tuberosa Arruda x x x
Tacinga palmadora Britton & Rose x x x
Thiloa glaucocarpa (Mar.) Eichler x
Ziziphus platyphylla Reissek x x x x

3.2. Diversidade e Estrutura da comunidade vegetal

Observando as análises da estrutura horizontal das áreas serranas (ANEXO A-


G), constata-se que na Serra da Arara, as espécies Tacinga palmadora Britton & Rose e
55

Croton blanchetianus Baill. foram representadas com o maior número de indivíduos,


sendo as espécies com os maiores valores de importância (VI%): 14,61 e 9,56,
respectivamente. Na área de Bodocongó, as espécies mais importantes foram:
Allophylus sp. e Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz, com VI (%): 8,44 e 7,23.
Na Serra Bonita, as espécies com maior abundância e também mais importantes foram:
Croton blanchetianus Baill. (VI%: 23,13) e Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke
(VI%: 9,36); já em Fontainha, Croton blanchetianus Baill. obteve a maior abundância e
VI(%): 27,36, enquanto que Poincianella pyramidalis (Tul.) L. P. Queiroz obteve o
segundo maior valor de importância, devido à elevada área basal. Finalmente na área
Inácio Pereira, Croton blanchetianus Baill. foi a espécie com maior VI(%): 15,89 e a
espécie Anadenanthera colubrina var. colubrina (Griselb.) Altschul. obteve área basal
considerável, configurando-se como a segunda espécie com maior sucesso na obtenção
dos recursos da área.
A partir das análises estruturais das áreas planálticas (ANEXO H-N), observa-se
que na Fazenda Bodopitá, as espécies abundantes e também importantes foram: Croton
blanchetianus Baill. e Aspidosperma pyrifolium Mart.. Estas também obtiveram maior
valor de importância na Fazenda Caiçara: 19,25% e 10,87%. Na Fazenda INSA, a
espécie Piptadenia stipulaceae (Benth.) Ducke apresentou densidade elevada (DA:
2732,3 ind/ha), sendo por esse motivo a espécie dominante (VI%: 29,05); já em
Pocinho, destacaram-se as espécies: Aspidosperma pyrifolium Mart. e Poincianella
pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz, com elevada abundância e área basal, respectivamente.
Finalmente, na Fazenda Poço de Pedra, duas espécies representam, em conjunto, 42,
37% de importância na comunidade vegetal, sendo elas: Mimosa sp. 2 e Croton
blanchetianus Baill.
Em relação ao número de espécies, diversidade e equabilidade em cada área,
observa-se a partir da Tabela 10, que a área de Bodocongó apresenta a maior riqueza e
equabilidade, consequentemente, maior diversidade dentre as áreas. Dentre as áreas
serranas, a Serra da Fontainha apresenta o menor número de espécies, mesmo se
comparada com outras serras, nas quais foi realizado o mesmo método de amostragem.
Além disso, em Fontainha, também se observa a menor equabilidade e
consequentemente, a menor diversidade.
Dentre as áreas planálticas, as comunidades INSA e Poço de Pedra obtiveram
riqueza e equabilidade baixas e por conseqüência, baixa diversidade. Ao contrário, em
Bodopitá, foram registradas 32 espécies, com elevada equabilidade, registrando-se nessa
56

área diversidade (H’): 2,66 nats. Indivíduo -1 (Tabela 10).

Tabela 10 - Riqueza, diversidade e equitabilidade nas áreas serranas(I) e planálticas(II). S:


número de espécies; H’: índice de diversidade Shanon-Wiener – nats. Indivíduo -1; J’:
equitabilidade.
Áreas (I) S (H') (J') Áreas(II) S (H') (J')
Arara 24 2.66 0.84 Bodopitá 32 2.66 0.77
Bodocongó 40 3.11 0.84 Caiçara 26 2.24 0.69
Bonita 30 2.46 0.72 INSA 18 1.79 0.62
Fontainha 22 2.1 0.68 Pocinho 26 2.76 0.85
Inácio Poço de
39 2.71 0.74 15 1.99 0.73
Pereira Pedra

3.3. Padrão de riqueza nas unidades de paisagem do Maciço da Borborema

Através das simulações realizadas, foram observadas (Sobs-riqueza observada)


em média, 32 espécies nas áreas superficiais planálticas (ASP), variando entre 25 e 38.
Nas áreas serranas, foram observadas 56 espécies, em média, com variação entre 49 e
62. Ambas as curvas atingiram a estabilização e considerando os intervalos de confiança
(Sobs 95% Lower e Upper Bound), observa-se que, ambas não se sobrepõem a partir de
500 indivíduos registrados, indicando que as áreas serranas possuem um maior número
de espécies do que as áreas do Planalto da Borborema, em sua superfície (Figura 6).
Aliado a este resultado, as estimativas de riqueza (ICE e Jack 2) também
corroboram tal padrão (Figura 7). Para as áreas serranas, foram estimadas a partir do
Jacknife 2, 73 espécies e a partir do ICE, 72 espécies; já na unidade de paisagem
Planalto da Borborema, foram estimadas a partir do Jacknife 2, 43 espécies e a partir do
ICE, 41 espécies.
Figura 6 - Comparação entre curvas de acumulação de espécies das unidades de paisagem do
Planalto da Borborema.
57

Figura 7 - Curvas de acumulação de espécies e respectivas estimativas não-paramétricas,


referentes às unidades de paisagem do Planalto da Borborema.
58

4. DISCUSSÃO

Em relação à restrição de determinadas espécies, em maior número nas áreas


serranas, podem estar relacionados fatores como: condições de relevo, fatores
antrópicos, formação de micro-habitats e as condições edáficas possivelmente
diferenciadas. Em uma comunidade, determinadas espécies possuem nichos específicos,
condições diferencias relacionadas à germinação e crescimento, por exemplo.
Considerando que as plantas competem por recursos variados, um ambiente diverso
deve provavelmente abrigar um maior número de espécies (GUREVITCH, SCHEINER
e FOX, 2009).
Analisando os dados relacionados à estrutura horizontal das comunidades
estudadas (ANEXOS A-N), interpreta- se que as áreas de Bodocongó e Arara
apresentam uma melhor distribuição horizontal das espécies, denotando que as espécies
obtêm os recursos disponíveis de forma mais igualitária do que nas outras áreas. Tal
inferência é corroborada pelos resultados de diversidade; ambas as áreas também detêm
os maiores índices de equabilidade e diversidade (Tabela 10). Já a área de Fontainha
apresenta expressiva abundância de uma única espécie na comunidade: Croton
blanchetianus Baill.. Tal resultado indica que esta área é a mais susceptível frente às
atividades impostas pelo homem, como retirada de lenha e sobrepastejo de rebanhos, se
considerarmos que tal espécie é indicadora de ambientes antropizados (PEREIRA et al.,
2001).
Em relação às áreas planálticas, as comunidades INSA e Poço de Pedra
apresentam dominância concentrada em poucas espécies, chegando aos índices de
66,81% (soma de: Piptadenia stipulaceae (Benth) Ducke, Croton blanchetianus Baill. e
Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.) e 73,7% (Mimosa sp. 2, Croton blanchetianus Baill.,
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz e Aspidosperma pyrifolium Mart.),
respectivamente. É possível inferir que em tais comunidades, a probabilidade de se
encontrar as mesmas espécies ao longo de uma breve caminhada é bem elevada, o que
deve ocorrer mais dificilmente em Pocinho, visto que tal área apresenta melhor
distribuição das espécies e maior diversidade dentre as áreas planálticas (Tabela 10).
Uma análise feita considerando a proximidade entre áreas serranas e áreas
planálticas como Serra de Bodocongó e Fazenda Bodopitá; Serra Bonita, Serra de
Inácio Pereira e Fazenda Pocinho (Figura 5) revela uma matriz circundante às serras
mais pobre em relação à riqueza, equabilidade e diversidade. Essa comparação é
59

necessária, pois, a proximidade entre essas áreas demonstra a real situação de cada
fragmento de paisagem no estado da Paraíba e revela também a susceptibilidade das
áreas planas a antropização.
Além disso, analisando as curvas de acumulação de espécies e respectivas
estimativas de riqueza (Figura 6 -7), os resultados suportam a hipótese levantada neste
estudo, de que as áreas serranas abrigam maior riqueza, se comparadas às áreas
superficiais planálticas.
É notório que as condições e recursos diferenciais presentes nos ambientes
serranos possam proporcionar a coexistência de mais espécies, no entanto, também é
bastante provável que a ação antrópica tenha maior influência nas áreas planas, devido à
facilidade de acesso. Um crescente número de pesquisa demonstra que os padrões
espaciais e temporais da biodiversidade são produtos da interação histórica e
contemporânea humana, além dos processos ecológicos (GARDNER et al., 2009).
Aliado a este aspecto, o padrão de distribuição horizontal das espécies em ambas
as unidades de paisagem e a presença do homem, nas áreas menos elevadas sustentam a
explicação de que a ação humana tem interferido no padrão de riqueza na vegetação de
caatinga.
A presença de maciços populacionais de poucas espécies nas áreas planálticas e
nas áreas próximas às serras indica que tais regiões tem sofrido forte pressão antrópica,
seja pelo uso da madeira, pastejo de rebanhos ou agricultura.
Na região semiárida de Xingó, por exemplo, Santos e Tabarelli (2002)
relataram que “as estradas e cidades da região representam enormes fontes de
degradação dos ecossistemas adjacentes no que se refere à ciclagem de nutrientes,
energia, fluxo de água e à composição de espécies.” Os mesmos autores testaram a
hipótese de que a distância de cidades e rodovias está associada à perda e fragmentação
da caatinga.
Logo, a expansão das cidades e das atividades humanas podem resultar em
perdas significativas de biodiversidade, seja em escala local ou regional, devido à
circulação restrita entre as populações, aumento da mortalidade, fragmentação do
habitat e efeitos de borda, além da invasão de espécies exóticas (FINDLAY e
BOURDAGES, 2000).
A diversidade de espécies tem conseqüências funcionais, pois, o número e tipo
de espécies influenciam nos processos do ecossistema. Certas características de
determinadas espécies podem mediar a energia e fluxo de materiais ou pode alterar as
60

condições abióticas. Quando se fala em diversidade, se remete ao número de espécies, à


composição de espécies, suas abundâncias relativas, além das interações
interespecíficas. Além disso, a diversidade influencia na resiliência e resistência do
ambiente frente às alterações ambientais (CHAPIN III et al., 2000).
Percebe-se, portanto, que principalmente em ambientes com fortes restrições
hídricas, como a região semiárda nordestina e onde o homem da zona rural ainda reside
a partir da subsistência e da retirada dos recursos vegetais, necessita-se urgentemente de
uma nova perspectiva sobre a vegetação da caatinga. De acordo com Tabarelli (2010), o
verdadeiro triunfo da humanidade repousa sobre uma mudança radical e ambiciosa na
exploração das paisagens. Caso contrário, se estará condenando as futuras populações
humanas a viver em ambientes biologicamente pobres, frágeis e principalmente com
oportunidades limitadas de suporte de vida.
De acordo com Gardner et al. (2009), o futuro da biodiversidade das florestas
tropicais depende mais do que nunca da efetiva gestão das paisagens modificadas,
apresentando um grande desafio para conservacionistas e gestores do uso da terra. Além
disso, a conservação da biodiversidade pode ser justificada por diferenças regionais
quanto à vulnerabilidade biótica e legados antrópicos. É notório, portanto, que haja um
acoplamento cada vez mais estreito entre a ecologia humana e os sistemas naturais.
61

5. CONCLUSÕES

 Os ambientes serranos abrigam um maior número de espécies do componente


arbóreo-arbustivo se comparados às áreas superficiais do Planalto da
Borborema.
 Nas áreas do Planalto da Borborema e nas áreas mais acessíveis, próximas às
serras, poucas espécies são muito frequentes na comunidade.
 As atividades humanas tem interferido no padrão de riqueza em ambas as
unidades de paisagem.
62

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICES
Apêndice A – Espécies registradas nas áreas serranas ao longo do gradiente altitudinal (400 –
600 m s.n.m.)

1: Croton blanchetianus Baill.; 2a-2b: Mimosa tenuiflora (Willd.) Poir.; 3:Erythrina


velutina Willd.; 4a - 4b: Aspidosperma pyrifolium Mart.; 5a,5b e 5c: Spondias
tuberosa Arruda; 6: Maytenus rigida Mart.; 7a-7b: Jatrhopha mollissima (Pohl)
Baill.; 8a-8b: Guettarda sp.; 9: Syagrus oleracea (Mart.) Becc.
Apêndice B – Espécies registradas nas áreas serranas ao longo do gradiente altitudinal (400 –
600 m s.n.m.)

10a-10b: Anadenanthera colubrina var. colubrina (Griselb.) Altschul.; 11: Commiphora


leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett; 12a-12b: Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz; 13:
Myracrodruon urundeuva Allemão; 14a-14b: Mimosa ophtalmocentra Mart. ex Benth.; 15:
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.; 16: Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl; 17: Tacinga
palmadora Britton & Rose; 18: Ziziphus platyphylla Reissek; 19: Neocalyptrocalyx longifolium
(Mart.)Cornejo & Iltis; 20: Senna macrantera var. pudibunda (Benth.) H. S. Irwin & Barneby;
21: Morfoespécie registrada na Serra de Bodocongó.
ANEXOS
69

ANEXO A - Parâmetros fitossociológicos referentes à área serrana da Arara, município de São João do Cariri, Paraíba

Nome Científico Nome N U AB DA DR FA FR DoA DoR VC VC (%) VI VI (%)


Comum
Tacinga palmadora Britton & Rose Palmatória 48 34 0.154 477.417 20 56.67 17.99 1.533 5.84 25.837 12.92 43.826 14.61
Croton blanchetianus Baill. Marmeleiro 33 22 0.087 328.224 13.75 36.67 11.64 0.868 3.3 17.052 8.53 28.692 9.56
Commiphora leptophloeos (Mart.) Umburana 15 12 0.374 149.193 6.25 20 6.35 3.721 14.16 20.415 10.21 26.764 8.92
J.B. Gillet
Poincianella pyramidalis (Tul.) Catingueira 13 12 0.34 129.301 5.42 20 6.35 3.385 12.89 18.303 9.15 24.652 8.22
L.P.Queiroz
Anadenanthera colubrina var. Angico 11 11 0.275 109.408 4.58 18.33 5.82 2.739 10.43 15.011 7.51 20.831 6.94
colubrina (Griselb.) Altschul.
Aspidosperma pyrifolium Mart. Pereiro 21 15 0.108 208.87 8.75 25 7.94 1.079 4.11 12.856 6.43 20.793 6.93
Manihot glaziovii Müll. Arg. Maniçoba 19 14 0.13 188.978 7.92 23.33 7.41 1.289 4.91 12.824 6.41 20.232 6.74
Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl Feijão Bravo 17 12 0.098 169.085 7.08 20 6.35 0.979 3.73 10.811 5.41 17.16 5.72
Pilosocereus sp. 1 Facheiro 6 6 0.264 59.677 2.5 10 3.17 2.627 10 12.499 6.25 15.674 5.22
Myracrodruon urundeuva Allemão Aroeira 10 8 0.14 99.462 4.17 13.33 4.23 1.39 5.29 9.459 4.73 13.691 4.56
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. Mororó 11 10 0.067 109.408 4.58 16.67 5.29 0.669 2.55 7.13 3.56 12.421 4.14
Pseudobombax marginatum (A.St.- Imbiratanha 8 6 0.155 79.57 3.33 10 3.17 1.539 5.86 9.192 4.6 12.366 4.12
Hil., Juss. & Cambess.) A.Robyns
Morfoespécie VI Sem nome 3 3 0.185 29.839 1.25 5 1.59 1.84 7 8.254 4.13 9.842 3.28
Mimosa sp. Jurema 6 6 0.024 59.677 2.5 10 3.17 0.239 0.91 3.41 1.7 6.584 2.19
Mulatinha
Jatropha mollissima (Pohl) Baill. Pinhão 5 4 0.012 49.731 2.08 6.67 2.12 0.123 0.47 2.552 1.28 4.668 1.56
Sapium glandulosum (L.) Morong Burra Leiteira 2 2 0.049 19.892 0.83 3.33 1.06 0.486 1.85 2.683 1.34 3.741 1.25
Allophylus sp. Estralador 3 3 0.017 29.839 1.25 5 1.59 0.167 0.64 1.887 0.94 3.474 1.16
Mimosa sp. 2 Jurema Branca 2 2 0.027 19.892 0.83 3.33 1.06 0.264 1.01 1.84 0.92 2.898 0.97
Pilosocereus sp. 2 Xique-Xique 1 1 0.049 9.946 0.42 1.67 0.53 0.492 1.87 2.29 1.14 2.819 0.94
Schinopsis brasiliensis Engl. Baraúna 1 1 0.048 9.946 0.42 1.67 0.53 0.48 1.83 2.245 1.12 2.775 0.92
Croton rhamnifolius Kunth. Quebra-faca 2 2 0.008 19.892 0.83 3.33 1.06 0.078 0.3 1.129 0.56 2.187 0.73
Ruprechtia laxiflora Meisn. - 2 2 0.024 19.892 0.84 3.34 1.06 0.238 0.91 1.739 0.87 2.797 0.94
Erythrina velutina Willd. Mulungu 1 1 0.004 9.946 0.42 1.67 0.53 0.044 0.17 0.584 0.29 1.113 0.37

*** Total 240 60 2.639 2387.085 100 315.01 100 26.269 100 200 100 300 100

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