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http://dx.doi.org/10.1590/S1982-21702016000300026
Artigo
Resumo:
Embora o método de posicionamento GNSS tradicionalmente utilizado em redes geodésicas seja
o relativo. O nível de acurácia obtido com o método de Posicionamento por Ponto Preciso (PPP)
abre uma nova perspectiva. No PPP são utilizados dados de apenas um receptor GNSS e é
fundamental o uso de efemérides e correções dos relógios dos satélites, ambas com alta precisão.
Neste artigo é apresentada uma metodologia de desenvolvimento de rede utilizando dados GNSS
processados pelo método de PPP e a verificação da sua potencialidade em aplicações geodésicas.
Os dados utilizados são de estações GNSS pertencentes à RBMC/IBGE. O serviço de
processamento de PPP utilizado é o fornecido pelo IBGE. A partir dos resultados foram feitas
análises para verificar a aplicabilidade da metodologia descrita em rede com dados GNSS de 24,
6 e 4 horas de rastreio. Após o ajustamento, os testes global e data snooping foram aplicados e
também foi analisada a confiabilidade da rede com o objetivo de avaliar o método proposto,
além de verificar a influência do tempo de rastreio nos resultados.
Palavras-chave: rede GNSS, PPP, confiabilidade.
Abstract:
The relative GNSS positioning method is traditionally used in geodetic networks. Other GNSS
positioning method is the Precise Point Positioning (PPP). In the PPP data from only one GNSS
receiver are used and the use of precise ephemeris and satellite clocks corrections are essential.
This paper presents a methodology for network development using GNSS data processed by the
PPP method and checking their potential in geodetic applications. GNSS data from some
RBMC/IBGE stations were used. The PPP processing service used is the provided by IBGE.
From the PPP result analyzes were performed to verify the applicability of the methodology
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described in GNSS network with data by 24, 6 and 4 hours of tracking. After GNSS data
adjustment, the global and data snooping testing were applied and also analyzes of the network
reliability in order to evaluate the proposed methodology and to verify the influence of tracking
time in the results.
Keywords: GNSS Network, PPP, reliability.
1. Introdução
2. Fundamentos do PPP
De acordo com Monico (2008), no PPP são utilizadas as observáveis pseudodistância e/ou fase
da onda portadora, coletadas por receptores de simples ou dupla-frequência, efemérides precisas
e correções dos relógios dos satélites precisas. Segundo Leick (2004) o PPP refere-se ao
posicionamento com GNSS utilizando dados de apenas um receptor, com precisão em torno do
centímetro quando se considera o modo estático e um longo período de coleta de dados até a
precisão da ordem de alguns decímetros, quando utilizado o modo cinemático. Nesses casos,
para atingir este nível de qualidade, deve-se considerar como observável no processamento a
combinação linear livre da ionosfera (ion-free) para a fase da onda portadora e/ou código (Leick,
2004; Hofmann-Wellenhof et al., 2008), o que obviamente implica no uso de receptor de dupla-
frequência. Quando utilizados receptores de simples frequência, devem-se minimizar os efeitos
da ionosfera com emprego de algum modelo da ionosfera disponível (Matsuoka et. al., 2009 e
Rocha et al., 2014).
Ainda segundo Monico (2008), nas efemérides precisas, ou pós-processadas, a órbita (posição) e
o erro do relógio (tempo) dos satélites são determinados com alta precisão por algum serviço e
disponibilizados por algum meio de comunicação, como, por exemplo, a internet. Essas
informações têm sido produzidas e disponibilizadas pelo IGS (International GNSS Service) e
centros associados, sem nenhum custo. O IGS produz três tipos de efemérides e correções para o
relógio dos satélites denominadas de efemérides IGS, IGR e IGU, cuja descrição detalhada pode
ser obtida em https://igs.org/products.
A qualidade das coordenadas estimadas no PPP está relacionada principalmente aos erros
considerados no ajustamento de observações, cuja remoção parcial ou completa dos seus efeitos
é realizada através dos modelos matemáticos (Rosa, 2008). Quando se utilizam dados de
receptores de dupla frequência, tanto de pseudodistância quanto de fase, os modelos matemáticos
envolvidos no PPP que descrevem as observáveis depois de realizada a combinação linear ion-
free, são normalmente dados por (Leick, 2004; Monico, 2008):
Em que:
PDsr(IF) = pseudodistância resultante da combinação linear ion-free;
sessões de rastreio GNSS. Por linhas-base independentes entende-se que nenhuma delas é
combinação linear das outras. Na prática, para se garantir linhas-base independentes, pode-se,
por exemplo, tendo como base um circuito fechado de três linhas-base, obter os dados dos pontos
de duas linhas-base em um mesmo período de rastreio e a dos pontos da terceira linha-base em
um período diferente.
Planejada a rede, o levantamento e processamento dos dados GNSS são realizados pelo método
de PPP. Esse processamento pode ser realizado em serviços disponibilizados de forma gratuita e
de processamento on-line (alguns já supracitados). Com o processamento dos dados GNSS pelo
método do PPP são obtidos, dentre outras informações, para cada ponto levantado, as
coordenadas cartesianas geocêntricas (X, Y, Z), os desvios-padrão e correlações entre as suas
coordenadas. A MVC das coordenadas é obtida a partir dos valores de desvios-padrão de cada
coordenada estimar e correlações associadas entre as coordenadas.
Para formar a Matriz Variância Covariância (MVC) das coordenadas de cada ponto, os
resultados de desvios-padrão e correlação dessas coordenadas são convertidos em variância e
covariância. A MVC de cada ponto processado por PPP é uma matriz de dimensão 3x3 (três
linhas e três colunas).
Para a formação da rede, para posterior ajuste, é necessário obter as componentes de cada linha-
base (ΔX, ΔY e ΔZ) e sua respectiva MVC. As linhas-base entre os vértices da rede são
determinadas a partir das diferenças entre as coordenadas X, Y e Z, dos vértices, advindos do
processamento PPP. Assim, considerando dois vértices i e j tem-se respectivamente, as
coordenadas Xi, Yi, Zi e Xj, Yj, Zj obtidas por PPP e, consequentemente as componentes das
linhas-base são:
A MVC de cada linha-base é obtida por meio da aplicação da Lei de Propagação de Variância e
Covariância (Gemael, 1994). Para o exemplo dos vértices i e j, a partir da MVC , bloco
diagonal, contendo as variâncias e covariâncias dos dois vértices pertencentes à linha-base, de
dimensão 6x6, e da matriz dos coeficientes lineares (G), de dimensão 3x6, é obtida a MVC das
componentes da linha-base , com dimensão 3x3, pela Lei de Propagação de Variância
e Covariância:
sendo:
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Após o ajustamento pelo MMQ ter sido realizado, dois dos testes estatísticos mais utilizados para
a detecção e a identificação de erros (outliers) nas observações, são aplicados, respectivamente,
o teste global do ajustamento e o procedimento de teste data snooping (DS), ambos propostos
por Baarda (1968). O teste global do ajustamento é aplicado para a detecção de erros no conjunto
de observações e/ou no modelo matemático, e mais detalhes sobre o mesmo podem ser obtidos
em Baarda (1968), Kavouras (1982), Gemael (1994) e Teunissen (2006). O procedimento DS é
aplicado para identificação de observações com erro grosseiro, no qual as observações são
consideradas individualmente, sendo assim, o procedimento é repetido até que todas as
observações que contenham erros grosseiros sejam identificadas e retiradas do conjunto de
observações e o ajustamento seja aceito no teste global. Mais detalhes sobre o teste DS são
encontrados em Baarda (1968), Teunissen (2006) e Klein (2012). O poder do teste global e do
DS deve ser o mesmo. Entretanto, como os graus de liberdade destes dois testes são diferentes, o
nível de significância do teste global deve ser obtido em função do nível de significância que foi
arbitrado para o DS. Uma discussão mais detalhada do tema pode ser obtida em Baarda (1968),
Kavouras (1982), Machado e Monico (2004), Teunissen (2006) e Klein (2012).
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Collischonn, C; et al 459
A teoria convencional de confiabilidade é baseada no teste DS, assim assume-se que apenas uma
observação está contaminada por erros por vez. A confiabilidade interna de uma observação se
refere ao módulo do menor erro detectável (minimal detectable bias – MDB) desta observação,
segundo os níveis de probabilidade que foram assumidos para o teste estatístico de identificação
de erros (DS). Desta forma, para cada observação, o módulo do seu menor erro detectável
(MDB) depende do parâmetro de não centralidade do modelo, que expressa a separação entre a
hipótese nula (ausência de erros grosseiros na observação) e a hipótese alternativa considerada
(presença de erros grosseiros na observação).Como a magnitude dos erros que contaminam as
observações é desconhecida na prática, o verdadeiro valor para o parâmetro de não centralidade
do modelo não pode ser determinado, mas pode ser obtido em função dos níveis de
probabilidade assumidos e do número de graus de liberdade do teste estatístico em questão
(Teunissen, 2006).
A confiabilidade externa, por sua vez, expressa a influência de um possível erro não detectado
em uma observação, nos resultados finais do ajustamento, ou seja, no vetor dos parâmetros
ajustados (Oliveira e Dalmolin, 2008). Para cada observação, a confiabilidade externa pode ser
obtida substituindo o vetor das observações pelo modelo de erro, considerando o MDB, no
estimador por mínimos quadrados dos parâmetros. Outra medida de confiabilidade é a razão
tendência-ruído (bias to noise-ratio- BNR) da confiabilidade externa (ver, por exemplo, Klein
(2012) e Teunissen (2006)) que é uma medida de confiabilidade externa que resulta em um único
escalar para cada observação, facilitando as análises. O BNR é adimensional e quanto maior o
BNR menor é a confiabilidade da rede.
Além dessas medidas tem-se o número de redundância local de cada observação, que
corresponde à contribuição de cada observação para a redundância total do sistema de equações
(Kavouras, 1982), e indica a fração de um possível erro grosseiro na observação que é
diretamente refletida no resíduo desta observação, obtido com o ajustamento pelo MMQ.
Analogamente, o número de absorção local é o complemento do número de redundância e indica
a fração de um possível erro grosseiro na observação que é absorvido nos parâmetros incógnitos,
não sendo refletido no respectivo resíduo desta observação. Para a identificação de um erro em
uma observação é desejável um alto valor para o número de redundância, pois os testes para a
identificação de erros apresentados dependem da magnitude dos resíduos ajustados. Mais
detalhes sobre a confiabilidade convencional e os números de confiabilidade podem ser obtidos,
por exemplo, em Teunissen (2006) e Klein (2012).
A rede por PPP realizada neste estudo, com base no método proposto, é avaliada nesse artigo
com base no teste global, no DS, na confiabilidade interna e externa, no número de redundância
e no BNR, todos descritos anteriormente. A formulação matemática envolvida em cada um deles
não é descrita neste artigo por ser um assunto já consagrado na área da Geodésia e podem ser
encontrados mais detalhes nos trabalhos que foram citados.
5. Experimentos
No presente artigo a proposta de desenvolvimento de rede por PPP é aplicada em uma rede
GNSS constituída por dados das estações ILHA (Ilha Solteira/SP), SPAR (Araçatuba/SP), OURI
(Ourinhos/SP), PPTE (Presidente Prudente/ SP), SJRP (São José do Rio Preto/SP) e ROSA
(Rosana/SP) da RBMC do IBGE de 1 à 12 de fevereiro de 2010. O comprimento médio das
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linhas-base da rede é de 200 km. De acordo com IBGE (2008), para linhas-base maiores do que
100 km, o tempo de rastreio mínimo em cada par de vértices ocupado simultaneamente deve ser
de 4 horas. Os dados GNSS disponíveis no site do IBGE, para cada estação da RBMC, são
referentes a 24 horas de rastreio, com taxa amostral de 15 segundos. Com o auxilio do software
gratuito Teqc (http://www.unavco.org/software/data-processing/teqc/teqc.html), para cada
arquivo de cada estação, foram gerados dois novos arquivos de dados, contendo 6 e 4 horas de
rastreio. Os arquivos com 4 e 6 horas de rastreio compreendem, respectivamente, o intervalo das
8-12 horas (hora local) e 8-14 horas (hora local).
Dessa forma, os experimentos apresentados configuram três cenários de rede, mantendo a
mesma configuração de vértices, mas com diferentes tempos de rastreio. O primeiro cenário com
24 horas de rastreio, o segundo com 6 horas e o terceiro com 4 horas de rastreio, de acordo com
a Tabela 1.
Tabela 1: Cenários analisados de acordo com os tempos de rastreio GNSS
Vale enfatizar que o período dos dados utilizados nos experimentos, em termos de atividade
solar/ionosférica, correspondeu a um período de baixa atividade solar, o que diminui a influência
dos erros de segunda e terceira ordem da ionosfera sobre os resultados (os de primeira ordem são
eliminados ao utilizar receptores de dupla frequência).
As estações SJRP e ROSA foram consideradas pontos de controle da rede, injuncionadas de
forma absoluta no ajustamento a partir das coordenadas oficiais (SIRGAS2000) destas estações.
As demais estações foram consideradas vértices desconhecidos da rede, cujas coordenadas
cartesianas geocêntricas (X, Y, Z) devem ser estimadas. A Figura 1 apresenta a rede geodésica.
Analisando a Figura 1 verifica-se que a rede é constituída de seis vértices e onze linhas-base:
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6. Resultados e Análises
Para a verificação dos erros de fechamento dos circuitos fechados, as componentes ∆X de cada
linha-base foram somadas, procedimento repetido para ∆Y e ∆Z, de todas as linhas-base que
compunham cada circuito das redes com os três cenários. A Tabela 2 apresenta o erro de
fechamento linear (em ppm – partes por milhão) para cada circuito e para cada cenário (4, 6 e 24
horas).
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Tabela 2: Erro de fechamento linear da rede (em ppm) em cinco circuitos fechados para os três
cenários de rede (tempos de rastreio de 4, 6 e 24 horas).
Analisando a Tabela 2 verifica-se que o menor erro de fechamento foi para o circuito 4 com 24
horas de rastreio, de 0,010 ppm. O maior erro de fechamento foi de 0,061 ppm para o circuito 5
com 4 horas de rastreio. Em geral, os resultados de erro de fechamento de circuito foram
menores nos tempos de rastreio de 24 horas quando comparados aos de 6 e 4 horas. Exceto para
o segundo circuito, cujo erro de fechamento foi cerca de quatro vezes maior que para o resultado
obtido em 4 horas. O teste de hipóteses foi realizado e as diferenças encontradas entre os
resultados de erros de fechamento de circuito para os três tempos de rastreio analisados não é
significativa (com nível de significância de 0,05).
Figura 2: Desvios-padrão (em mm) dos vértices da rede para os três cenários.
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Collischonn, C; et al 463
Analisando na Tabela 3 verifica-se que a estatística de teste global calculada resulta em 21,94
para o primeiro cenário (24 horas), 5,97 para o segundo cenário (6 horas) e 2,66 para o terceiro
cenário (4 horas). Dessa forma, como a estatística calculada é menor que o valor crítico teórico,
em todos os três cenários, a hipótese nula do teste global do ajustamento não é rejeitada ao nível
de significância de 0,033 e o ajustamento é aceito pelo teste global, em todos os cenários. Como
o ajustamento não foi rejeitado pelo teste global, seguindo o procedimento do método de Baarda
(1968) não é necessário aplicar o teste DS. Porém, apenas para confirmação, aplicou-se o DS e
de fato nenhuma observação foi identificada com nível de significância de 0,001, nos três
cenários.
Ainda analisando a Tabela 3 os valores de fator de variância a posteriori, para 21 graus de
liberdade, verifica-se para o primeiro cenário o valor 1,04 demonstrando que nesse caso a
precisão das observações está adequada. No segundo e terceiro cenários o fator de variância a
posteriori foi, respectivamente, de 0,28 e 0,13. Ou seja, menor que para o primeiro cenário, além
do valor do terceiro cenário ser menor que do segundo. O fator de variância a posteriori nesses
casos demonstra que a precisão das observações é menos realística que no primeiro cenário, e a
precisão dos parâmetros (coordenadas dos vértices da rede) pode ser melhor que as já obtidas no
ajustamento.
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Analisando a Tabela 4 verifica-se que o MDB máximo encontrado para o terceiro cenário é cerca
de 7 vezes maior que para o primeiro. E o segundo é cerca de 3,6 vezes maior que o primeiro,
também com relação ao valor máximo de confiabilidade interna. Com relação aos valores
mínimos de MDB encontrados em cada cenário verifica-se que o segundo e o terceiro cenários,
respectivamente, são cerca de 3,9 e 2,7 vezes maiores que os do primeiro cenário. Analisando os
valores médios de MDB nota-se aproximadamente a mesma proporção entre os cenários obtida
pra os valores mínimos de MDB. Assim, com maior tempo de rastreio verifica-se melhora na
confiabilidade interna da rede. A Tabela 5 apresenta os valores máximos, mínimos e médios de
número de redundância encontrados para os três cenários.
Tabela 5: Valores máximos, mínimos e médios de número de redundância em cada cenário.
Na Tabela 5 verifica-se que a média de número de redundância nos três cenários foi o mesmo, de
0,64. Além disso, os valores mínimos encontrados em cada cenário são aproximadamente de
mesma magnitude e maiores que 0,5. Com relação aos valores máximos de redundância, o maior
valor encontrado é para o cenário intermediário, de 6 horas de rastreio. No primeiro cenário, com
maior tempo de rastreio verifica-se mais homogeneidade nos valores, sendo a média igual a dos
demais cenários. A Tabela 6 apresenta os valores máximos, mínimos e médios de razão
tendência-ruído (BNR) encontrados para os três cenários.
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Collischonn, C; et al 465
Ao analisar a Tabela 6 verifica-se que a média de BNR é menor para o primeiro cenário, ou seja,
o maior tempo de rastreio melhorou a confiabilidade externa da rede. O menor valor de BNR
mínimo é para o cenário 2. Com relação aos valores máximos se verifica maior BNR para o
cenário3, com menor tempo de rastreio, sendo cerca de 1,8 vezes maior que no primeiro.
Para cada cenário foram realizadas análises dos parâmetros de confiabilidade conjuntamente,
relacionando os maiores, menores e valores intermediários de MDB com relação à confiabilidade
externa da rede.
6.5 Cenário 1
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6.6 Cenário 2
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Collischonn, C; et al 467
Verifica-se também que o MDB intermediário de 5,22 centímetros quando não detectado causa
um erro de 2,1 centímetros na coordenada YSPAR. Ainda nesse sentido, analisando a influência
do menor MDB, de 2,41 centímetros quando não detectado causa um erro de 9milímetros na
coordenada ZSPAR. Isso faz sentido, considerando também o número de redundância local desta
observação que é de 0,61.
6.7 Cenário 3
7. Considerações e Conclusões
O foco principal deste artigo foi apresentar, aplicar e avaliar uma proposta de método de
desenvolvimento de rede utilizando dados GNSS processados por PPP. O método foi aplicado
em três cenários de rede geodésica, variando os tempos de rastreio GNSS nos vértices. O
primeiro cenário com 24 horas de rastreio, o segundo com 6 horas e o terceiro com 4 horas de
rastreio. A rede em questão possui seis vértices, sendo dois deles injuncionados, resultando em
33 observações e 12 parâmetros incógnitos.
Os dados GNSS de cada cenário e de cada vértice foram processados pelo método de PPP no
serviço IBGE-PPP. As componentes ΔX, ΔY e ΔZ de todas as linhas-base foram determinadas a
partir dos resultados do PPP. A MVC das linhas-base foi obtida por meio da aplicação da Lei de
Propagação Variância e Covariância. Com as linhas-base e suas respectivas MVC determinadas
foi realizado o ajustamento da rede através do MMQ utilizando o método paramétrico.
Antes do ajustamento foi realizada uma pré-análise da rede, com a verificação dos erros de
fechamento de circuitos fechados em cada cenário. Em geral, os resultados de erro de
fechamento de circuito foram menores nos tempos de rastreio de 24 horas quando comparados
aos de 6 e 4 horas, sendo da ordem de 0,02 ppm. O teste de hipóteses foi realizado e as
diferenças encontradas entre os resultados de erros de fechamento de circuito para os tempos de
rastreio analisados não é significativa (com nível de significância de 0,05).
Após a realização do ajustamento da rede para os três cenários, o teste global foi aplicado, sendo
o ajustamento dos três cenários aceitos, com nível de significância de 0,033. A partir da análise
do fator de variância a posteriori verificou-se que no primeiro cenário, com 24 horas de rastreio,
a precisão das observações foi mais realística que com relação aos cenários com 6 e 4 horas de
rastreio. Nesses outros dois cenários a precisão pode ser melhor do que a estimada, o que mostra
que o resultado do PPP para 6 e 4 horas de rastreio pode estar sendo mais conservador do que a
real precisão (o que não gera um problema – na verdade, o contrário seria complicado). Mesmo
tendo o ajustamento passado no teste global, o teste DS também foi aplicado e nenhuma
observação identificada, conforme o esperado, com nível de significância de 0,001, nos três
cenários. Os valores de desvios-padrão para as coordenadas obtidas a partir da MVC dos
parâmetros do ajustamento mostram que a precisão dos vértices da rede é cerca de 3 vezes menor
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Collischonn, C; et al 469
para o tempo de rastreio de 4 horas com relação a 24 horas e de 2,3 vezes menor para 6 horas
com relação aos resultados para 24 horas, em média.
Analisando a confiabilidade interna da rede para os três cenários verifica-se que o MDB máximo
encontrado para o terceiro cenário é cerca de 7 vezes maior que para o primeiro. E o segundo
cenário é cerca de 3,6 vezes maior que o primeiro, também com relação ao valor máximo de
confiabilidade interna. Com relação aos valores mínimos de MDB encontrados em cada cenário
conclui-se que o segundo e o terceiro cenários, respectivamente, são cerca de 3,9 e 2,7 vezes
maiores que o primeiro. Analisando os valores médios de MDB se verifica aproximadamente a
mesma proporção entre os cenários obtida para os valores mínimos de MDB.
Com relação à redundância da rede verificou-se que a média de número de redundância nos três
cenários foi o mesmo, de 0,63 e os valores mínimos encontrados em cada cenário são
aproximadamente de mesma magnitude e maiores que 0,5. Com relação aos valores máximos de
redundância, o maior valor encontrado é para o cenário intermediário, de 6 horas de rastreio. No
primeiro cenário, com maior tempo de rastreio verifica-se mais homogeneidade nos valores,
sendo a média igual aos demais cenários.
No terceiro cenário os valores máximos e mínimos de confiabilidade externa foram,
respectivamente, 4,8 e 0,8 centímetros. No segundo cenários os valores máximo e mínimo foram
de 2,7 e 0,6 centímetros, respectivamente. Enquanto que no primeiro cenário, com 24 horas de
rastreio, os valores de confiabilidade externa se encontraram entre 0,9 e 0,2centímetros.
A vantagem do método de rede GNSS utilizando o PPP com relação a somente o PPP para os
pontos GNSS individualmente é a possibilidade de ajustar a rede e, a partir dos resultados do
ajustamento, a possibilidade de aplicação de controle de qualidade da mesma, conforme
apresentados nesse artigo.
O experimento foi realizado com dados de um período de baixa atividade solar, sendo
interessante aplicar o método proposto para um período de alta atividade solar, sendo
recomendado para trabalhos futuros.
Para trabalhos futuros também pretende-se comparar os resultados de uma rede a partir de um
posicionamento relativo e a partir de um PPP de acordo com a metodologia apresentada nesse
artigo.
AGRADECIMENTOS
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