Teste 2S B2 Lit

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Aluno(a): ________________________________ Nº______ Turma: ______ Unidade: ______

Professor(a): ____________ 2ª Série do Ensino Médio Data: _____/_____/_____

TESTE DE LITERATURA 2º Bimestre Nota: ________

TEXTO I

Tal movimento deriva quase todos os seus critérios de probabilidade do empirismo das ciências naturais. Baseia
seu conceito de verdade psicológica no princípio de causalidade, o desenvolvimento apropriado da trama na
eliminação do acaso e dos milagres, sua descrição do ambiente na ideia de que todo e qualquer fenômeno natural
tem lugar numa interminável cadeia de condições e motivos, sua utilização de detalhes característicos no método
de observação científica – que não despreza circunstância alguma, por mais insignificante e trivial que seja.

(Arnold Hauser. História social da arte e da literatura, 1994. Adaptado.)

1. O texto I refere-se ao movimento

(A) árcade.
(B) simbolista.
(C) realista.
(D) romântico.
(E) modernista.

TEXTO II
“[...] Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.
Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco
palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-
se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do
casco. [...]. O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam
vozes dispersas, mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. [...]. Sentia-se naquela fermentação
sanguínea [...] o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra. [...]. A labutação
continuava. As lavadeiras tinham ido almoçar e tinham voltado de novo para o trabalho. [...] Um calor de cáustico
mordia-lhes os toutiços em brasa cintilantes de suor. Um estado febril apoderava-se delas naquele rescaldo; aquela
digestão feita ao sol fermentava-lhes o sangue”.

(AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1994. Excertos. pp. 35-36; 46).

TEXTO III
TEXTO IV

2. Com base na leitura dos Textos II, III e IV, e considerando as características da prosa de Aluísio Azevedo,
assinale a alternativa CORRETA.

(A) A obra “O Cortiço”, de Aluísio Azevedo, apresenta características do Naturalismo, com ênfase na subjetividade
e no cientificismo na descrição das personagens, as quais se destacam e assumem maior relevância em relação
ao espaço social, como se nota no Texto II.
(B) O trabalho das lavadeiras é apresentado nos Textos II,III e IV, sob perspectivas diferentes: no Texto II, o
narrador apresenta a identificação idealizada entre as personagens e o espaço social; no Texto III, o trabalho
das lavadeiras é enfatizado como pano de fundo para conversas e intrigas sobre a vida dos moradores do cortiço
e, no Texto IV, a cena das lavadeiras mostra o retorno aos padrões neoclássicos com representações
inverossímeis das personagens.
(C) O Texto II apresenta a rotina dos moradores do cortiço, com destaque para a visão determinista que valoriza a
complexidade psicológica das personagens sob o condicionamento do meio social, característica do romance
realista experimental de Aluísio Azevedo.
(D) No Texto II, a repetição da expressão “zunzum” e os detalhes na descrição das ações e dos comportamentos
das personagens revelam o espaço (o cortiço) como elemento vivo e dinâmico na representação da coletividade.
(E) A cena do trabalho das lavadeiras na obra “O Cortiço” (Texto II) ganha dinamismo e movimento na adaptação
para a linguagem dos quadrinhos (Texto III), opondo-se à descrição monótona das individualidades das
personagens da narrativa realista de Aluísio Azevedo.

3. “Tão certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o
cabo na mão.”
Machado de Assis. Quincas Borba, cap. XVIII.

A analogia consiste em um recurso de expressão comumente utilizado para ilustrar um raciocínio por meio da
semelhança que se observa entre dois fatos ou ideias. No excerto acima, a analogia construída a partir da imagem
do chicote pretende sugerir que:

(A) o instrumento do castigo nem sempre cai em mãos justas.


(B) o apreço aos objetos independe do uso que se faz deles.
(C) o cabo é metáfora de mérito, e a ponta, metáfora de culpa.
(D) o mais fraco, por ser compassivo, é incapaz de desfrutar do poder.
(E) o prazer verdadeiro se experimenta no lado dos dominantes.

4. Rubião fitava a enseada, – eram oito horas da manhã. Quem o visse, com os polegares metidos no cordão do
chambre, à janela de uma grande casa de Botafogo, cuidaria que ele admirava aquele pedaço de água quieta;
mas em verdade vos digo que pensava em outra coisa. Cotejava o passado com o presente. Que era, há um
ano? Professor. Que é agora! Capitalista. Olha para si, para as chinelas (umas chinelas de Túnis, que lhe deu
recente amigo, Cristiano Palha), para a casa, para o jardim, para a enseada, para os morros e para o céu; e
tudo, desde as chinelas até o céu, tudo entra na mesma sensação de propriedade.
– Vejam como Deus escreve direito por linhas tortas, pensa ele. Se mana Piedade tem casado com Quincas Barba,
apenas me dano uma esperança colateral. Não casou; ambos morreram, e aqui está tudo comigo; de modo que o
que parecia uma desgraça...
Machado de Assis, Quincas Borba.

O excerto acima foi retirado do primeiro capítulo de Quincas Borba. Nele, percebe-se que o autor já apresenta ao
leitor um elemento que será fundamental na construção do romance:

(A) a contemplação das paisagens naturais, como se lê em “ele admirava aquele pedaço de água quieta”.
(B) a presença de um narrador-personagem, como se lê em “em verdade vos digo que pensava em outra coisa”.
(C) a sobriedade do protagonista ao avaliar o seu percurso, como se lê em “Cotejava o passado com o presente”.
(D) o sentido místico e fatalista que rege os destinos, como se lê em “Deus escreve direito por linhas tortas”.
(E) a reversibilidade entre o cômico e o trágico, como se lê em “de modo que o que parecia uma desgraça...”.

TEXTO V

Correu à sala dos retratos, abriu o piano, sentou-se e espalmou as mãos no teclado. Começou a tocar alguma
coisa própria, uma inspiração real e pronta, uma polca, uma polca buliçosa, como dizem os anúncios. Nenhuma
repulsa da parte do compositor; os dedos iam arrancando as notas, ligando-as, meneando-as; dir-se-ia que a
musa compunha e bailava a um tempo. [...] Compunha só, teclando ou escrevendo, sem os vãos esforços da
véspera, sem exasperação, sem nada pedir ao céu, sem interrogar os olhos de Mozart. Nenhum tédio. Vida,
graça, novidade, escorriam-lhe da alma como de uma fonte perene.

ASSIS, M. Um homem célebre. Disponível em: www.biblio.com.br. Acesso em: 2 jun. 2019.

TEXTO VI

Um homem célebre expõe o suplício do músico popular que busca atingir a sublimidade da obra-prima clássica, e
com ela a galeria dos imortais, mas que é traído por uma disposição interior incontrolável que o empurra
implacavelmente na direção oposta. Pestana, célebre nos saraus, salões, bailes e ruas do Rio de Janeiro por suas
composições irresistivelmente dançantes, esconde-se dos rumores à sua volta num quarto povoado de ícones da
grande música europeia, mergulha nas sonatas do classicismo vienense, prepara-se para o supremo salto criativo
e, quando dá por si, é o autor de mais uma inelutável e saltitante polca.

WISNIK, J. M. Machado maxixe: o caso Pestana. Teresa: revista de literatura brasileira, 2004 (adaptado).

5. O conto de Machado de Assis (Texto V) faz uma referência velada ao maxixe, gênero musical inicialmente
associado à escravidão e à mestiçagem. No Texto VI, o conflito do personagem em compor obras do gênero é
representativo da

(A) pouca complexidade musical das composições ajustadas ao gosto do grande público.
(B) prevalência de referências musicais africanas no imaginário da população brasileira.
(C) incipiente atribuição de prestígio social a músicas instrumentais feitas para a dança.
(D) tensa relação entre o erudito e o popular na constituição da música brasileira.
(E) importância atribuída à música clássica na sociedade brasileira do século XIX.

TEXTO VII
O Bom-Crioulo

Com efeito, Bom-Crioulo não era somente um homem robusto, uma dessas organizações privilegiadas que
trazem no corpo a sobranceira resistência do bronze e que esmagam com o peso dos músculos.
[...]
A chibata não lhe fazia mossa; tinha costas de ferro para resistir como um hércules ao pulso do guardião
Agostinho. Já nem se lembrava do número das vezes que apanhara de chibata...
[...]
Entretanto, já iam cinquenta chibatadas! Ninguém lhe ouvira um gemido, nem percebera uma contorção, um
gesto qualquer de dor. Viam-se unicamente naquele costão negro as marcas do junco, umas sobre as outras,
entrecruzando-se como uma grande teia de aranha, roxas e latejantes, cortando a pele em todos os sentidos.
[...]
Marinheiros e oficiais, num silêncio concentrado, alongavam o olhar, cheios de interesse, a cada golpe.
– Cento e cinquenta!
Só então houve quem visse um ponto vermelho, uma gota rubra deslizar no espinhaço negro do marinheiro e
logo este ponto vermelho se transformar numa fita de sangue.

CAMINHA, A. O Bom-Crioulo. São Paulo: Martin CIaret, 2006.


6. A prosa naturalista incorpora concepções geradas pelo cientificismo e pelo determinismo. No Texto VII, a cena
de tortura a Bom-Crioulo reproduz essas concepções, expressas pela

(A) exaltação da resistência inata para legitimar a exploração de uma etnia.


(B) defesa do estoicismo individual como forma de superação das adversidades.
(C) concepção do ser humano como uma espécie predadora e afeita à morbidez.
(D) observação detalhada do corpo para a identificação de características de raça.
(E) apologia à superioridade dos organismos saudáveis para a sobrevivência da espécie.

7. “Para esse movimento, o Homem só pode pretender compreender e explicar a realidade, partindo da
observação direta e, se possível, também da experimentação, isto é, só pode pretender conhecê-la por via do
conhecimento científico; e todo e qualquer objeto ou fato que se pretenda conhecer exatamente tem de ser
submetido a rigoroso exame crítico, pois o espírito crítico é essencial ao conhecimento exato.”

(Antônio Soares Amora. História da literatura brasileira, 1965. Adaptado.)

O texto refere-se ao movimento

(A) árcade.
(B) modernista.
(C) realista.
(D) romântico.
(E) simbolista.

8. “De acordo com esse movimento, a arte deve valer-se dos métodos científicos de observação e
experimentação no tratamento dos fatos e dos personagens. Tal movimento substitui o estudo do homem
abstrato e metafísico pelo do homem sujeito a leis físico-químicas e determinado pela influência do meio.”

(Afrânio Coutinho. Introdução à literatura no Brasil, 1976. Adaptado.)

O excerto trata do movimento

(A) árcade.
(B) simbolista.
(C) romântico.
(D) naturalista.
(E) modernista.

9. Leia o segmento abaixo, do terceiro capítulo de O cortiço, de Aluísio Azevedo.

Daí a pouco, em volta das bicas era um zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas. (...)
O rumor crescia, condensando-se; o zunzum de todos os dias acentuava-se; já se não destacavam vozes dispersas,
mas um só ruído compacto que enchia todo o cortiço. Começavam a fazer compras na venda; ensarilhavam-se
discussões e rezingas; ouviam-se gargalhadas e pragas; já se não falava, gritava-se. Sentia-se naquela fermentação
sanguínea, naquela gula viçosa de plantas rasteiras que mergulham os pés vigorosos na lama preta e nutriente da
vida, o prazer animal de existir, a triunfante satisfação de respirar sobre a terra.

Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre o segmento.

( ) O segmento apresenta a descrição do cortiço sem destacar um personagem, com ênfase na coletividade para
ações triviais de homens, mulheres e crianças.
( ) O despertar, matéria cotidiana, é figurado como fato rotineiro de pessoas executando seus hábitos higiênicos
matinais.
( ) A linguagem do narrador, preocupado em mostrar a dimensão natural presente nas ações humanas, evidencia-
se em expressões como “prazer animal de existir”.
( ) O objetivo, nesse segmento, é apresentar o cortiço e a venda como empreendimentos comerciais usados no
enriquecimento de João Romão.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é

(A) V – V – F – F.
(B) V – V – V – V.
(C) V – F – F – V.
(D) F – F – F – V.
(E) V – V – V – F.
10. Chega um momento em que a tensão eu/mundo se exprime mediante uma perspectiva crítica, imanente à
escrita, o que torna o romance não mais uma variante literária da rotina social, mas o seu avesso; logo, o oposto
do discurso ideológico do homem médio. O romancista “imitaria” a vida, sim, mas qual vida? Aquela cujo sentido
dramático escapa a homens e mulheres entorpecidos ou automatizados por seus hábitos cotidianos. A vida
como objeto de busca e construção, e não a vida como encadeamento de tempos vazios e inertes. Caso essa
pobre vida-morte deva ser tematizada, ela aparecerá como tal, degradada, sem a aura positiva com que as
palavras “realismo” e “realidade” são usadas nos discursos que fazem a apologia conformista da “vida como ela
é”... A escrita da resistência, a narrativa atravessada pela tensão crítica, mostra, sem retórica nem alarde
ideológico, que essa “vida como ela é” é, quase sempre, o ramerrão de um mecanismo alienante, precisamente
o contrário da vida plena e digna de ser vivida.

É nesse sentido que se pode dizer que a narrativa descobre a vida verdadeira, e que esta abraça e transcende a
vida real. A literatura, com ser ficção, resiste à mentira. É nesse horizonte que o espaço da literatura, considerado
em geral como lugar da fantasia, pode ser o lugar da verdade mais exigente.

Alfredo Bosi. “Narrativa e resistência”. Adaptado.

O conceito de resistência, expresso pela tensão do indivíduo perante o mundo, adquire perspectiva crítica na
escrita do romance quando o autor:

(A) rompe a superfície enganosa da realidade.


(B) forja um realismo rente à vida mesquinha.
(C) forja um realismo rente à vida mesquinha.é neutro ao figurar a vacuidade do presente.
(D) conserva o discurso positivo da ordem.
(E) consegue sobrepor a fantasia à verdade.

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