A Gata Do Infortunio
A Gata Do Infortunio
A Gata Do Infortunio
Eu apareci nesse plano do nada. Não faço a mínima ideia do que vim fazer aqui de fato. Eu?
Eu sou descendente de criaturas abissais. Sou o que chamam de “espírito maligno”, ou algo do
tipo. Eu nunca tive um nome, nem nada. Só tinha meu cérebro. Meu corpo, extremamente
fraco, parecia que não ia aguentar um segundo sequer aqui. Eu andei, caminhei, caminhei
muito, tentando procurar ajuda. Mas quem em sã consciência ajudaria um espírito das trevas?
Apenas outra criatura que entendesse esse lado, obviamente. Foi o que ocorreu…cultistas de
deuses malignos consideravam a minha existência como “um presságio de nossa grande
divindade”. Para eles, eu era um presente que a Tormenta tinha trazido, ou sei lá. Essa seita
macabra sacrificava pessoas em prol dessa divindade. Eu fugi? Não. Era incapaz disso. Meu
corpo era fraco. Mas quando chegou a minha vez de cumprir meu papel, isso não ocorreu. É,
parece que eu fracassei e fui descartada de novo. E nesse momento, eu fui morta. Mas não fui.
Dias depois, eu acordei na costa de um rio. Foi lá onde encontrei uma pessoa. Um homem
chamado Desmond Thorne, psiquiatra. Um médico, ora essa. Parece que ele estava de
passagem, naquele dia chuvoso, e viu um corpo caído na margem de um riacho próximo. Pelo
jeito, o juramento dele falou mais alto. Ele me levou pra sua casa, me deu um copo de leite
quente e uma manta para me aquecer. Perguntou meu nome. Eu não tinha um. Nunca tive. Os
cultistas me chamavam de “besta atormentadora”, “gato do infortúnio” e um me chamou de
“bakeneko”. Bom, ele disse que eu deveria dar meu jeito na vida, mas quando pus os pés para
fora, desmaiei. Meu corpo continuava fraco. E quando acordei, ele disse que eu tinha dormido
por 4 dias. Ele achou que eu tinha morrido, mas…não foi o que ocorreu. Será que as pessoas
desse plano que vim não…podem morrer? Porque se você acha que é uma bênção, tá mais
para uma maldição. Cada vez que eu morria, as memórias torturantes dos cultistas voltavam à
minha mente. Parece que a única vida que eu nunca vou esquecer é a minha primeira.