Entrevistas com os espíritos
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Entrevistas com os espíritos - Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
CAPÍTULO 1
OBSESSÃO
Obsessão é a ação normalmente persistente de uma pessoa sobre outra, estando encarnada ou desencarnada.
Zefo recebeu orientação numa sessão de desobsessão, durante a reunião de um grupo em um centro espírita. Uma jovem, sofrendo com a obsessão, pediu ajuda. Zefo, na outra encarnação, amou essa moça. Ela voltou a reencarnar, ele não. Levou anos a procurando e, quando a encontrou, resolveu tê-la para si fazendo com que tivesse medo de tudo. Médicos diagnosticaram sua condição como pânico. Alerto que esta jovem estava sendo obsediada e tinha sintomas da enfermidade, não estava doente, mas, se a obsessão continuasse, com certeza ficaria enferma, seu físico seria atingido. Pelas obsessões, pode-se adoecer fisicamente. O obsessor, tentando impedi-la de sair, atingia seu objetivo: a garota não se envolveria amorosamente com ninguém.
Ele falou pouco durante o tempo em que ficou no centro espírita e, quando se aproximou de uma médium para conversar com o doutrinador do Plano Físico, disse que odiava a garota e queria se vingar. Aconselhado a perdoar e oferecido um abrigo, concordou, após uns minutos de conversa. O trabalho de orientação terminou, e Zefo pediu para conversar comigo. Aí houve a entrevista.
– Ela reencarnou, esqueceu o passado, quis recomeçar, refazer sua vida. Por que não seguiu seu exemplo?
– Não consigo e nem quero esquecê-la – respondeu Zefo. – Penso em seguir minha vida somente depois de me vingar. Ela sempre teve nomes pomposos, e eu sou somente Zefo. Essa mulher me maltratou, brincou comigo, com meus sentimentos.
– Você tem certeza de que quer se vingar? Fazê-la sofrer? Ou...
– O senhor sabe a resposta? – perguntou Zefo me olhando.
– Deduzo somente – respondi. – Trabalho há muitos anos tentando ajudar os seres humanos, meus irmãos, e aprendi a conhecê-los. Você a ama mais do que odeia.
Zefo chorou. Esperei em silêncio, olhando-o com carinho.
– Você não vai me pedir para não chorar? – perguntou Zefo.
– Lágrimas nos dão alívio. Você sofre! – afirmei.
– Não acha justo essa jovem sofrer?
– Zefo, somente sabemos da história toda quando ouvimos as partes envolvidas. Conte-me o que aconteceu – pedi.
– O senhor sabe que não tenho intenção de ficar aqui, não é? Na primeira oportunidade, saio, como já fiz outras vezes. O que escutei esta noite é bonito, me comoveu, mas tenho a minha história e vou contá-la, se quer ouvi-la. Quando nasci, já existia a Lei do Ventre Livre. Não fez diferença para mim: meus pais eram escravos e fui criado como um. No sertão, longe das cidades, a lei era dos senhores das fazendas. Morávamos em senzalas ou em pequenas casinhas, e havia até castigos. O dono da fazenda em que morava ficou viúvo, os dois filhos homens foram embora para a cidade e as duas filhas se casaram. Ele viajou e voltou casado com uma jovem. Quando a vi, apaixonei-me e procurava vê-la escondido. Ela teve o primeiro filho. Sentia que a Sinhá era infeliz morando naquela fazenda isolada com um esposo mais velho. Numa viagem que o marido dela fez, eu fiquei encarregado de vigiar a casa e tive a oportunidade de conversar com a sinhazinha. Eu não tinha instrução, não sabia ler nem escrever, falava errado, mas a senhora pareceu não notar. Fiquei perdidamente enamorado e ela se envolveu comigo, dizia me amar e nos tornamos amantes. Quando o marido voltou da viagem, ficou mais difícil nos encontrarmos, mas dávamos um jeito. Ela ficou grávida, teve o segundo filho. O fazendeiro viajava sempre, ia a negócios ou visitar os filhos e aí nos víamos mais. Ela ficou grávida novamente. Depois que teve esse filho, enjoou de mim. O marido falava em se mudar para a cidade. Ela deve ter se entusiasmado com a mudança e, querendo terminar nossa relação, o fez da pior maneira possível. Contratou três homens, bandidos que faziam trabalhos para os senhores, como matar, sequestrar, surrar, etc. Pegaram-me, levaram-me para um local isolado, amarraram-me e me deram o recado: não deveria nunca ter olhado para uma sinhá e que seria morto. Disseram ainda que havia sido a senhora quem os havia contratado porque era uma mulher honrada. Chicotearam-me e, para morrer com dores, deixaram-me amarrado e muito machucado. Desencarnei dois dias depois, com muita sede, formigas me comendo, sentindo dores alucinantes e revoltadíssimo. Meu corpo físico morreu, continuei com ódio e me perturbei. Dois caçadores, passando por onde estava, enterraram meu corpo carnal, e um grupo de espíritos, quase todos ex-escravos, me levaram para o umbral e cuidaram de mim. Fiquei anos perturbado. Quando entendi que havia desencarnado, esforcei-me para ficar bem. Sentindo-me refeito, voltei à fazenda. Mas os anos tinham passado, o fazendeiro havia desencarnado. Soube que seus inimigos, eram muitos, o tinham levado para o umbral e que a senhora também havia voltado para o Além. Quem me informou disse achar que os bons espíritos a haviam levado. Perguntei muito e não a encontrei. No umbral, aprendi muitas coisas; trocando favores, aprendi a ler, escrever, cursei a escola de vingadores e, prestando serviços para receber outros, acabei por encontrá-la. E você acha que irei simplesmente deixá-la depois de tantos anos de procura?
– Você a ama! – exclamei.
– Amei, agora quero ensiná-la a respeitar os sentimentos alheios.
– Você sabe a história dela? Escutou sua versão? – perguntei.
– Agora ela esqueceu. Se pudesse escutá-la, iria mentir como sempre fez – lamentou Zefo.
– Como você se sente vivendo a vida de outra pessoa?
– Não entendi sua pergunta. Estou vivendo a minha vida, faço o que quero – Zefo se alterou.
– Neste tempo em que estudou no umbral, deve ter aprendido e visto que nossas ações têm reações.
– Você está querendo me dizer que ajo errado e receberei o sofrimento como resposta? Essa moça me fez sofrer e deve ser castigada.
– Sua desencarnação dolorosa pode ter sido uma reação por atos indevidos. Já pensou nisso? Ter nascido naquela fazenda, tido pais escravos e vivido como um, ter sido torturado, sofrido por amor...
– Por amor, não! Sofri pela traição, é diferente! – Zefo me interrompeu.
– Não traíram o marido? – perguntei.
– O senhor faz perguntas indiscretas. O marido merecia ser traído.
– Será que ele pensava assim? Que merecia? – Como Zefo não me respondeu, continuei a questionar: – Você sabe de seu passado? O que aconteceu em sua existência anterior? Lembra-se?
– Não me interesso – Zefo respondeu se aborrecendo.
– Não mesmo? Você lembra, não é?
– Está bem, me recordo. Fui o avô deste marido. Homem rico, dono de escravos e agi muito errado. Mas isso não tem nada a ver com este caso. É da traição que me vingo.
– Vamos analisar a situação – pedi. – Você a conheceu já casada ao chegar à fazenda. Você sabe o porquê de sua amada ter se casado com este homem?
– Nos poucos momentos em que podíamos ficar juntos, preferíamos falar de nós. Ela me disse ter sido obrigada a se casar – contou Zefo.
– Você já veio aqui, nesta casa espírita, outras vezes. Pedimos-lhe para perdoar e se afastar desta jovem. Não nos atendeu. De fato, esta moça esqueceu de você ao reencarnar e é bom que não recorde. Porém, fui me informar o que de fato aconteceu com vocês dois. Quer saber o que descobri?
– Não fará diferença – disse Zefo, tentando ficar indiferente.
– Sua amada tinha dezesseis anos – contei – quando seu genitor se arruinou com dívidas. Este fazendeiro pagou as dívidas do pai dela em troca de recebê-la por esposa. Casou, mas nunca gostou do marido. A vida dela mudou muito, e para pior, estava longe da família, sentindo-se uma mercadoria, vindo morar numa fazenda isolada. Ela também, assim que o viu, apaixonou-se. Foi um reencontro do passado, vocês já estiveram juntos em outras reencarnações. Esqueceram, porém, que haviam prometido não se envolverem novamente, não trair e resgatar erros para, no futuro, poderem ficar juntos sem a mácula das maldades cometidas. Amaram-se. Ela o amou. Ao ter o terceiro filho, este nasceu negro, era seu filho. O marido traído se enfureceu, bateu nela, depois pegou o recém-nascido pelos pés e ameaçou matá-lo com um facão se a esposa não contasse quem era o amante. Ela contou. Assim mesmo, o fazendeiro matou o neném na sua frente, cortou-o em pedaços. A coitada adoeceu, enlouqueceu e não conseguiu se recuperar, louca e presa dentro de casa, desencarnou cinco anos depois. O marido ficou doente e voltou para o Além meses depois. A filha dele levou os dois órfãos para seu lar e os criou. Sua amada, ao mudar de plano, foi socorrida e demorou a se recuperar, mas, quando se sentiu bem, tentou saber de você, não conseguiu vê-lo porque estava no umbral. Quis esquecer e pediu para reencarnar.
Zefo me escutava atento, ficou emocionado, não ousou falar que eu mentia. Os acontecimentos estão escritos, marcados, o tempo não apaga. Sentiu ser aquela a verdade. Chorou.
– Como lhe disse – voltei a esclarecê-lo –, devemos saber o porquê de o outro ter agido de determinada maneira. Você sofreu nestes anos todos que esteve vagando, por orgulho. Se não tivesse ficado revoltado, seu retorno ao Plano Espiritual teria sido diferente, não teria sido atraído para a zona umbralina, socorristas bondosos o teriam socorrido e logo teria conhecimento do que havia ocorrido. Odiou, sentiu-se traído sem ter sido. E, mesmo se isso tivesse de fato acontecido, como pensava, teria sido melhor perdoar e ter seguido sua vida, pensando em você.
Zefo chorou alto. Quando se acalmou, ajoelhou-se diante de um quadro de Jesus orando no Jardim das Oliveiras, pediu perdão e clemência. Mais tranquilo, foi levado ao posto de socorro.
Três semanas depois, encontrei-me com Zefo. Ele havia voltado para perto da moça encarnada e a equipe de socorristas do centro espírita fora buscá-lo.
– Por quê? – perguntei, simplesmente, ao vê-lo.
– Não consigo ficar longe dela – Zefo respondeu com sinceridade.
– Você quer reencarnar?
– Só se for para ficar perto do meu amor.
– Como filho?
– Ela me amará! Quero! – exclamou Zefo, esperançoso.
Essa moça foi consultada. Com ajuda da equipe dos trabalhadores do Plano Espiritual, afastamos seu espírito enquanto ela dormia e foi lhe indagado se queria ser mãe, receber um ser que gostava como seu rebento. Ela o amara muito por três encarnações e aceitou contente. Foram feitos os preparativos. A jovem, ex-obsediada, quis ser mãe e, de um relacionamento, engravidou e Zefo reencarnou. O amor continuará, porém, de outra maneira, fraternal.
Não existem causas justificáveis para odiar, para querer se vingar, para obsediar. Mas são inúmeros os motivos para nos amarmos.
A equipe desencarnada laboriosa de um centro espírita ofereceu a Jin auxílio, abrigo, uma maneira digna de viver desencarnado. Ele resolveu, mais por curiosidade, aceitar somente o convite para conhecer o posto de socorro ligado à casa espírita e ver o que os trabalhadores do bem faziam lá dentro. Sabendo que ele obsediava uma pessoa, um adversário de tempos passados, fui conversar com ele, pedi para entrevistá-lo e expliquei os motivos:
– Quero organizar um trabalho por meio de perguntas e respostas para conhecer as várias maneiras de viver no Plano Espiritual tendo por reação atos cometidos, vividos quando encarnado. Sei que você está se vingando de alguém. Posso saber o motivo?
– Pode – respondeu ele.
Jin me olhou, sorrindo cinicamente. Respondeu à minha pergunta e silenciou, deliciando-se com sua resposta. Pedi:
– Então, por favor, conte-me o motivo para tanta mágoa.
– Mágoa é pouco, é ódio mesmo – afirmou Jin. – A história é longa. Ele me maltratou e nem me pediu perdão; se pedisse, também não iria perdoá-lo. Nossa guerra particular vem de anos, séculos. O que ele me fez, naquela época, foi um absurdo! E, quando desencarnei, juntei-me a outros que foram também prejudicados por ele para castigá-lo, mas não conseguimos atingi-lo. Ele era protegido por um ser maligno, chefe daquele pedaço do umbral. Quando este meu desafeto veio para o Além, um espírito trevoso o levou para sua cidade e ainda nos maltratou. Trabalhadores de Cristo nos socorreram, tiraram de nós as marcas das torturas, nos ajudaram. Porém, nada é perfeito: pediram-nos para perdoar. Infelizmente, alguns fracos o perdoaram e foram para um abrigo. Não os vimos mais. Fiquei com sete companheiros na zona umbralina e aguardamos. Nosso ódio aumentou e entendemos que a vingança devia ser planejada sem pressa. A espera foi longa e anos se passaram. A cidade que abrigava nosso inimigo foi devastada por outro trevoso, mas não o encontramos, ele sumiu. Então, resolvemos, meus amigos e eu, reencarnar no mesmo lugar. Foi uma vida difícil, com ódio no coração, fui uma pessoa amarga. Nós, os sete, nos encontramos e nos tornamos amigos; cometemos juntos ações indevidas e fomos presos. Sofremos na prisão. Soltos, fomos nos juntar a um grupo de rebeldes. Ficamos bem durante um tempo. Fomos perseguidos por uma autoridade, um ser maldoso que, quando nos venceu, nos deu uma morte terrível. Novamente no Além, para minha surpresa, descobri que esta autoridade era o mesmo espírito do passado que havia nos torturado. Desta vez, assim que consegui entender que continuava vivendo no Plano Espiritual, quis me vingar. O grupo diminuía, éramos somente quatro. Nós o vigiávamos e ele desencarnou dois anos depois. Fomos todos para o umbral, porém ele nos enfrentava, lutava, revidava e não conseguimos nos vingar como desejávamos. Ele, esperto, pediu socorro, parece que se arrependeu, quis mudar a forma de viver e sumiu. Meus companheiros, cansados daquela vida, pediram auxílio aos bons e foram com eles. Fiquei vagando sozinho, procurando-o. E quem procura acha: encontrei-o reencarnado neste país e agora estou me vingando. Tenho ou não tenho razão?
Jin me olhou desafiador. Tranquilo, pedi:
– Gostaria de conhecer sua vítima.
– Vítima? Vítima sou eu! Ele é o carrasco! Vou levá-lo para vê-lo.
Volitamos, entramos numa casa simples de um bairro pobre. Vi o encarnado, um homem de trinta anos, magro, doente, confuso, e dois desencarnados ao seu lado, perturbando-o.
– Aqui está ele! – mostrou Jin. – Gosta do que vê?
– Não – respondi –, não estou gostando. Boa tarde! – cumprimentei os dois espíritos.
Eles responderam, observando-me, e um deles perguntou a Jin:
– Quem é ele?
– Um boboca dos iluminados. – Riu, me olhou e completou: – Ele é um trabalhador do bem. Pediu-me para responder algumas perguntas e eu vim lhe mostrar esta peste! – referiu-se ao obsediado.
– São seus ajudantes? – perguntei, dirigindo meu olhar aos dois.
– São meus amigos – respondeu Jin. – Estão aqui para aprender comigo como se vingar de quem odiamos.
– Vocês o odeiam? – perguntei aos dois.
– A entrevista não é comigo? – indagou Jin.
– Certamente – respondi. – Quero saber por curiosidade.
– Odiamos! – exclamaram eles juntos.
– Por quê? – insisti.
– Ele fez maldades a Jin – respondeu um deles.
– Vocês não cometeram nenhuma maldade? Nunca agiram errado? – perguntei. Os dois não me responderam, então continuei: – Se não fizeram, estão fazendo agora! Ninguém tem autoridade para castigar alguém. Nossos atos nos pertencem e vocês serão responsáveis por estas ações.
– E ele, que fez a maldade, como fica? – tentou justificar um deles.
– Estão seguindo o exemplo dele? Acham que maltratando o estão fazendo pagar? E se alguém pensar isto de vocês, como será?
– É melhor voltarmos ao posto – sugeriu Jin. – Já viu a coisa, este homem.
Volitamos, nos acomodamos novamente nas poltronas da sala de recepção do posto de socorro. Jin me indagou:
– O que achou dele?
– Sofrido – respondi.
– Sente dó?
– De todos vocês.
– Da gente? – admirou Jin. – Normalmente nós, os obsessores, somos alvos de outro tipo de sentimento. Por que você sente piedade de mim?
– Você maltratou e foi maltratado – falei, e Jin sorriu satisfeito, pensando que iria concordar com ele. – Pela Inquisição, julgou e torturou, depois foi julgado e torturado.
Bastou querer ajudar Jin para ler em sua mente, nos seus arquivos de memória, os acontecimentos importantes de suas existências passadas. Ao falar na Inquisição, Jin se remexeu na poltrona, empalideceu, sentiu uma angustiosa inquietação. Fui falando devagar o que via.
– Você foi uma pessoa importante dentro da Igreja. Prendeu famílias, condenou pessoas. Vejo-o descer para as masmorras, batendo os pés com força nas pedras da escada, suas vestes longas esbarram nas pedras. Numa cela, você estuprou duas mocinhas na frente do pai preso a correntes. Primeiro, ele o olhou suplicante; depois, com ódio. Muitos desencarnaram por sua ordem, a maioria o perdoou, como estas duas jovens inocentes. O pai até tentou perdoá-lo para ser socorrido. As filhas o ajudaram, e ele quis retornar ao Plano Físico, ser sacerdote e tentar acabar com a Inquisição. No começo de seu sacerdócio, até que tentou ser justo, mas, ao vê-lo preso, seu ódio aflorou. Descontou. Porém, Jin, ele, quando desencarnou sendo este pai, era inocente. Foi preso por cobiça e intriga. Mas você, não! Foi preso porque era um fora da lei, certamente não deveria ter sido tratado daquele modo. Quando foi julgado e torturado, você roubou a igreja e assassinou um padre. Na terceira vez que se encontrou com ele, você era um perigoso ladrão e assassino.
Jin torcia as mãos, me olhava atento e permaneceu calado.
– Por que odeia Jesus? – perguntei.
– Por