A Opressão Racial e A Exploração Do Trabalho Na Sociedade
A Opressão Racial e A Exploração Do Trabalho Na Sociedade
A Opressão Racial e A Exploração Do Trabalho Na Sociedade
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO
2 Importante destacar que em linhas gerais realizamos algumas referências a América Latina, entretanto, o
foco principal de nossa produção se mantém no Brasil.
3 Entendemos que “A categoria de grupos subalternos-classes sociais subalternas compreende muitos outros
componentes da sociedade, além da “classe operária” e do “proletariado”. G. não usa “subalterno” ou
“subalternos” como simples substituto de “proletariado”, para se esquivar se esquivar da censura carcerária
ou por outras razões. (...) assim se entregam os mesmos subalternos à periferia da cultura e da política,
classificando-os como bizarros, desequilibrados, atípicos, meras curiosidades”. (LUGORI, Guido; VOZA,
Pasquale, 2017, pp. 746 – 749).
4 Importante destacar que em nosso trabalho abordamos o negro e o indígena nesse primeiro momento por
terem sido esses os que passaram elo processo inicial de escravização nos primeiros anos das
colonizações, entretanto, ao longo de nossas elaborações iremos considerar o racismo antinegro, ou seja, a
forma de racismo desenvolvida contra os negros, pois é esse o foco de nossa produção.
5 Movimento cultural e sociopolítico entre os séculos XVII e XVIII que tinha como principal reivindicação a
transformação da sociedade europeia por meio da razão em oposição ao pensamento religioso.
Como é possível observar, partindo do resgate histórico feito por Valéria Forti
(2013), a ontologia7 possuiu vários significados. Passando pelas interpretações de
Aristóteles, Parmênides e pelas definições da Igreja, a autora demonstra que ao
longo dos séculos variadas foram as compreensões sobre ontologia, entretanto, nos
apresenta uma ideia sobre ontologia que é a que nos interessa para abordar a
centralidade do trabalho na constituição o ser social.
A ontologia do ser social, apreendida por Marx é aquela que de forma mais
6 Realizamos esse recorte por ocasião de o Brasil estar mais diretamente ligado com nosso objeto de tese,
além de ter sido o último país das Américas a abolir a escravidão o que nos revela o caráter escravocrata e
racista dos interesses das classes dominantes nesse território. “o racismo é uma ideologia que “cimenta”
relações sociais particularmente em um país atravessado historicamente por mais de três séculos de
escravização de africanos abolida de forma conservadora tardiamente”. (OLIVEIRA, 2021, p. 64).
A autora nos permite compreender o trabalho como práxis humana. Afirma que
ele, o trabalho é essencial à nossa sobrevivência e é a partir dele que surge o ser
social.
Para atender suas demandas de subsistência o homem passa a realizar o
trabalho, atividade essa diferenciada das práticas dos demais animais da natureza
pela sua especificidade teleológica8.
É preciso em primeiro lugar o homem criar em sua subjetividade o produto de sua
ação para depois executá-la e é justamente essa capacidade a teleológica,
identificada por Marx (2014). Nesse aspecto podemos compreender o homem, no
sentido do ser social, como sujeito que por meio do trabalho passa a ter relações
sociais, as interações entre esses seres se dão por meio do trabalho coletivo.
Com o desenvolvimento do trabalho e sua complexificação, consequentemente a
sociedade se complexifica e resultado do desenvolvimento do trabalho surge a
divisão técnica do trabalho.
As transformações ao longo dos anos na dinâmica da sociedade estiveram
ligadas a essa complexificação das relações de produção e dos próprios processos
produtivos, entretanto, a divisão social do trabalho “(...) entre cidadãos livres e
escravos materializa uma dada legitimidade e diferença no fazer e pensar no
cotidiano das pessoas. O trabalho humano em sua dimensão técnica amplia, e a
divisão social põe em evidência quem é que comanda e quem é comandado”.
(BATISTA, 2020, p. 105). Aqui se encontra a chave para compreender que a divisão
8 “Pressupomos o trabalho sob forma exclusivamente humana (...) o que distingue o pior arquiteto da melhor
abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade”. (MARX, 2014, p.211
– 212).
9 “O caminho do povo brasileiro para o progresso social – um caminho lento e irregular - ocorreu sempre no
quadro de uma conciliação com o atraso, seguindo aquilo que Lenin chamou de ‘via prussiana’ e Gramsci
designou como ‘revolução passiva’. Em vez das velhas forças e relações sociais serem extirpadas através
de amplos movimentos populares de massa, como é característico da ‘via francesa’, a alteração social se fez
aqui mediante conciliações entre o novo e o velho; ou seja, se consideramos o plano imediatamente político,
mediante um reformismo ‘pelo alto’, que excluiu inteiramente a participação popular”. (COUTINHO, 2011, p.
90-91).
10 “No Brasil, o desenvolvimento capitalista não se operou contra o ‘atraso’, mas mediante a sua contínua
reposição em patamares mais complexos, funcionais e integrados” (NETO, 2015, p. 33). Conforme defendo
o autor, podemos afirmar que o Brasil ao desenvolver o modo de produção tipicamente capitalista e
consequentemente a sociabilidade burguesa o fez conjugando o lastro arcaico de forma que fosse
reconfigurado nos padrões do capitalismo.
11 Embora tenhamos consciência de que as desigualdades nos países dependentes são agudizadas pela
subalternização de variados grupos diferentes como mulheres, comunidade lgbtqia+, negros, dentre outros,
nós nos ocupamos, dentro dos limites desse trabalho, com as questões que envolvem raça.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, S. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
ANTUNES, R. O privilégio da servidão: o novo proletariado de serviços na era
digital. São Paulo: Boitempo, 2018.
BATISTA, A. A. A categoria divisão do trabalho em questão. In: Forti, V; GUERRA,
Y. (orgs.). Fundamentos filosóficos para o Serviço Social. Fortaleza: Socialis,
2020.
CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL. Código de ética do assistente
social. 10ª edição. Brasília, 1993.
COUTINHO, C. N. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas.
São Paulo: Expressão Popular, 2011.