Cei 1177
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https://books.openedition.org
Fourni par Lilongwe University of Agriculture and Natural Resources, Bunda College of Agriculture
RÉFÉRENCE NUMÉRIQUE
Langa, Elsa Maria. « Desafios da formação dos Professores em Moçambique ». COOPEDU IV —
Cooperação e Educação de Qualidade, édité par Clara Carvalho et al., Centro de Estudos Internacionais,
2019, https://books.openedition.org/cei/1177.
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1. INTRODUÇÃO
1 O Desenvolvimento do país em todas as vertentes depende de vários factores, dentre os
quais a qualidade de ensino e aprendizagem assegurado pelo professor. Neste contexto,
a gestão de professores, desde a sua formação até ao exercício das suas funções é
importante e deve ser acompanhada e merecer toda atenção. Dentre os vários factores
que contribuem para a relevância e qualidade do processo de ensino-aprendizagem
consta o professor qualificado, consciente, criativo e motivado de modo a atingir as
metas estabelecidas pela política e programa do Governo.
2 Segundo o estudo Holístico da situação do professor em Moçambique (2017), a
qualidade de Educação de um país deve ser estudada, analisada com profundidade e
numa esfera globalística, deve-se tomar como ponto de partida, o que define
Moçambique em termos sócio-económicos, políticos, demográficos e culturais. É
importante saber como é que os intervenientes deste processo percebem este processo,
que aspirações eles têm, quais as barreiras que precisam transpor para se sentirem
valorizados e contribuírem de forma eficiente na melhoria da qualidade ensino.
3 Para responder aos vários desafios da melhoria da formação dos professores é
fundamental a autonomia e a capacidade de acção dos professores. Em Moçambique,
para se adquirir autonomia, necessita duma entrega e criatividade dos agentes
educativos. Vários debates indicam a pertinência do desenvolvimento de políticas que
promovam uma prática docente que consolide a teoria e a prática através de
capacitações visando a melhoria da qualidade de ensino e do desenvolvimento
profissional dos docentes.
4 Na minha experiência como professora, a falta de criatividade e autonomia tem se
observado na planificação das aulas, em que o professor torna-se refém do manual do
Formação de professores do
(5º ano do Liceu + anos); Básico
Magistério primário
Formação de professores de
(4ª classe + 4 anos); Básico
posto escolar
Faculdade de
Formação de professores 9ª + 1 ano Básico
educação. UEM
11 De salientar que esses modelos vão evoluindo com o tempo, o exemplo disso são os
cursos de licenciatura na UP que actualmente tem a duração de 4 anos.
Eles apontam muitos constrangimentos para essa formação como tempo muito
reduzido para o aprofundamento dos conteúdos, falta de vocação dos formandos, eles
chegam a formação de professores por falta de opção e que os formadores não são
qualificados.
13 Na região Centro do país, dos 6 professores entrevistados, 5 correspondentes 83.3%
afirmaram que a formação dos professores é fraca isso pode se explicar pelas condições
de formação e formadores que não são qualificados e 1 dos entrevistados considera a
qualidade da formação razoável.
14 Na região Norte, 5 dos 6 professores entrevistados correspondentes a 83,3% afirmaram
que a formação dos professores é fraca e 1 dos participantes diz que é boa.
“A formação dos professores está sendo muito lacunosa, dado que os formadores
também são forçados a ter 100% de aproveitamento pedagógico… não há muita
responsabilidade por parte dos alunos, talvez porque a preparação no ensino
secundário é fraca. (Prof, zona centro).”
15 Niquice (2006) diz que formadores com lacunas no domínio científico psico-pedagógico
e didáctico constituem o factor mais importante que põe em causa a qualidade de
formação de professores. No mesmo contexto, os professores da zona sul formados
pelos IFPs consideram esta formação mais eficiente no IFP em relação a UP porque os
professores tornam-se bons profissionais quanto entram em contacto com a realidade
do ensino Primário e em contrapartida outros consideram a formação superior (UP)
melhor, pois existe a componente de pesquisa que melhora a bagagem dos formandos.
16 Olhando para esses resultados é notório que tanto os IFPs assim como a UP precisam
incrementar os investimentos em termos de programas, metodologias e condições de
trabalho que propiciam um ensino-aprendizagem de qualidade.
17 Em relação a mesma questão, os formadores dos IFPs de todas as regiões do país
divergem nas suas opinões, 3 dos 6 entrevistados, correspondentes a 50%, na região
centro afirma que é boa e outros 50% dizem que é deficitária
18 Na região norte 3, correspondentes a 60%, dos 5 entrevistados afirmam que formação
de professores não é boa, e 2 correspondentes a 40% deles dizem que é boa pois usam-se
métodos participativos embora existam grandes desafios para o melhoramento.
Fonte: Questionários
31 Estas questões levantadas pelos professores de todas as regiões do país também são
observadas na prática e o relatório Holístico da situação do professor, trás esta
realidade, mas constitui um dado novo a relação deficitária entre os gestores das
escolas e o corpo docente, como uma dificuldade para o exercício da docência nas
escolas Moçambicanas.
32 No entanto, para o melhoramento da realidade analizada nos centros de formação de
professores, os professores e formadores participantes são unânimes em afirmar que os
gestores da educação devem ter em consideração os seguintes aspectos:
• Programas de formação pelos Institutos e Universidades adequados a realidade,
observando as questões de tempo de formação, critérios de selecção dos
candidatos, condições materiais nos centros de formação e programas de
formação;
• Mudança de política de formação, política de incentivos na carreira docente,
incremento de investimentos na escola que propiciem um ensinoaprendizagem de
qualidade;
• Interação entre escola IFPs e a UP;
• Mudança de política de formação, política de incentivos na carreira docente,
incremento de investimentos na escola que propiciem um ensinoaprendizagem de
qualidade;
• Estágio prolongado por parte dos formandos e devidamente acompanhados pelo
tutor (6 meses a um ano);
• Bibliotecas apetrechadas nas escolas e materiais didácticos
• (acesso a meios básicos como computador, internet);
• A selecção dos candidatos deve ser justa; rigor na selecção
• (exames de admissão); exames psicotécnicos;
• Supervisão pedagógicas por pessoas abalizadas na matéria;
• Melhores condições de trabalho;
• Melhores condições de vida (transporte, habitação, etc).
33 No mesmo contexto, para a qualidade do aluno deve-se investir igualmente as
condições de trabalho: as escolas, devem despor de meios apropriados para cada
disciplina (laboratórios); Condições para aprofundamento de conhecimento e reflexão
promovidos pelas escolas e Direcções da Educação (seminários e capacitações);
Valorização do professor; Salário compensatório e num dia fixo; Redução do rácio
professor/aluno; Capacitação constante; Acréscimo de número de aulas por semana;
Autonomia no que diz respeito a troca e posição dos conteúdos na dosificação; Provisão
de planos de estudo, monitoria e supervisão pedagógica; Auscultação das preocupações
dos professores.
34 Esse levantamento de desafios no entender dos formadores e professores está em
consonância com o estudo Holístico da situação do professor em Moçambique, que
considera verdadeiros desafios para a melhoria da qualidade do professor formado e
consequentemente o aluno que este professor forma: A necessidade de adoptar uma
Política clara de formação de professores do Ensino Primário; Não inclusão de
disciplinas gerais; Falta de um plano de formação dos formadores; Falta de motivação
de alguns dos intervenientes; Pouca rigorosidade no Critério de selecção dos
Formandos; Curta duração do curso (tempo insuficiente para uma formação sólida);
Falta de material e Bibliografia; Falta de regulamentação do acompanhamento de
práticas pedagógicas; Disponibilização tardia dos orçamentos e exiguidade dos mesmos.
CONCLUSÕES
35 A formação de professores pelos IFPs, e UP não satisfaz as aspirações dos professores
das três regiões do país, carece de um grande investimento tanto em termos de
programas de formação e condições de trabalho;
36 Os formadores consideram que os programas de formação de professores são bons
embora necessitem de melhorar alguns aspectos no que diz respeito as condições de
trabalho e programas de formação;
37 Apesar das dificuldades que o sector da educação enfrenta houve uma expansão da rede
escolar no diz respeito ao número de IFPs e estabelecimentos do ensino Superior o que
contribuir para o crescimento do sector;
38 A formação dos professores tem um impacto directo na formação dos alunos, o que
significa que a deficiência na formação do professor reflete-se na formação do aluno;
39 Os programas de formação dos professores sofrem mudanças repetidas e não se
adequam a realidade do país, os professores consideram que os programas de formação
são fracos, carecem de uma melhoria;
40 Os professores encaram várias dificuldades como: a fraca preparação pelos dos IFPs e
UP o que os torna pouco reflexivos e sem autonomia, Fraca capacidade de investigação
dos conteúdos por leccionar; Condições de trabalho deficitárias (salas superlotadas,
materiais didácticos); Salário injusto e sem dia fixo; Falta de reconhecimento do
professor, incentivo; Mudança de carreira deficiente; má relação entre professores e
gestores;
41 Os professores e formadores identificam alguns desafios para a melhoria da realidade
analisada como a criação das condições necessárias para uma boa aprendizagem,
programas de formação, condições de trabalho, motivação dos professores.
BIBLIOGRAPHIE
Gil, C. A. (1999). Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. São Paulo. Disponível em: https://
ayanrafael.files.wordpress.com/2011/08/gil-a-c-mc3a9todos-e-tc3a9cnicas-de-
pesquisa-social.pdf
Hill, M. (2005). Investigação por Questionário (2ª Ed.). Lisboa.
INDE. (2010). Situação da Formação de Professores do Ensino Primário. Maputo. Mazula, B
(2010). Formação de professores e os desafios da qualidade de Educação. Maputo.
MC Daniel, C & Gates R. (2004). Pesquisas de Marketing (2ª Ed.). São Paulo. Ministério de
Educação (MINED) & Direcção Nacional de Planificação Física (DNPF) (2011).
Apresentação sobre desafios da formação de professores em Moçambique. Maputo.
Ministério de Educação (MINED) (2006). Estratégia para a Formação de Professores. Maputo.
ANNEXE
RÉSUMÉS
Este trabalho teve como objectivo analisar as percepções dos professores em relação aos desafios
na formação de professores pelos Institutos de Formação de Professores (IFPs) e Universidade
pedagógica (UP) em Moçambique e o impacto dessa formação na qualidade dos alunos formados.
O estudo foi qualitativo com abordagem fenomenológica e quantitativo transversal realizado ao
nível do país. Foram entrevistados e responderam ao questionário 30 professores e 18
formadores. Os resultados desta pesquisa revelam que a formação pelos IFPs e UP é deficiente, o
que tem um impacto negativo na formação dos alunos; a criatividade e a reflexividade não são
práticas correntes no processo de ensino e aprendizagem, pois entende-se que estes dependem
das condições de trabalho e de abertura que as direcções das escolas oferecem aos mesmos. São
várias as barreiras que desmotivam os professores, desde a superlotação das salas de aulas, falta
de material dictático, a falta de receptividade das ideias dos professores, falta de capacitações dos
professores. No entender dos formadores para se atingir a qualidade necessária precisa-se de
melhorar alguns aspectos no que diz respeito as condições de trabalho e programas de formação.
The objective of this research work was to analyze the teachers’ perceptions in relation to the
challenges in training teachers by the Institutes of Teacher‘s Training (IFPs) and the Pedagogic
University (UP) in Mozambique and the impact of this training on the quality of the students
trained by these institutions.
The study was qualitative with a phenomenological and transversal quantitative approach
carried out at the country level: in the South, Centre and North Regions of the country. Thirty
teachers and eighteen trainers were interviewed and they also answered to the questionnaire.
The data shows that the training by the IFPs and UP is deficient, which has a negative impact on
student training; the creativity and reflexivity are not current practice in the teaching and
learning process, as they are understood to be dependent on the working conditions and
openness that the directions of the schools offer to them. There are several barriers that
discourage teachers, from the overcrowding of classrooms, lack of teaching material, lack of
acceptance of teachers’ ideas, lack of teachers’ training. In the view of the trainers to achieve the
necessary quality, there a need on improving some aspects with has to do with the working
conditions and training programs.
Teachers and trainers in Mozambique perceive that there are great challenges in teachers
training, considering the following, the question of means and teaching materials, training
programs.
INDEX
Keywords : Education, Teachers’ training, Creativity, Reflexivity
Palavras chaves : Educação, Formação de Professores, Criatividade, Reflexividade.
AUTEUR