Lei de Introdu o S Normas de Direito

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LEI DE INTRODUÇÃO ÀS

NORMAS DE DIREITO
BRASILEIRO

VERALUCIA ALBUQUERQUE
 A LINDB está positivada no Decreto-lei 4.657/1942.

 Trata-se de uma norma de sobredireito, ou seja, uma norma sobre normas (lex
legum).

 Antes de 2010, a Lei de Introdução às Normas de Direito Brasileiro (LINDB)


era chamada de “Lei de Introdução ao Código Civil”.

 A Lei 12.376/2010 alterou sua nomenclatura

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DE DIREITO BRASILEIRO


A QUEM É DIRIGIDA A LINDB?
• Art. 4º. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de
direito.

• Art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que
ela se dirige e às exigências do bem comum
SERVE TÃO SOMENTE PARA O DIREITO CIVIL?

• A lei é multidisciplinar deve ser aplicada para todos os ramos


de direito

• Aplica-se ao Direito público e privado


• Traz as regras básicas do Direito Internacional Público e
Privado, por isso também é conhecida como “Estatuto do
Direito Internacional”.
QUAL O OBJETIVO DA LINDB?

 Elaboração,

 Vigência

 Aplicação de leis
CONTEÚDO DA LINDB

 Formas de integração da norma jurídica


 Regras de aplicação da norma jurídica no tempo e no espaço
 Fontes do Direito
 Regras de Direito Internacional Público e Privado
 Regras de Direito Público
ESTRUTURA DA LINDB

VIGÊNCIA DA NORMA ARTS 1º E 2º

OBRIGATORIEDADE DA NORMA ART 3º

INTEGRAÇÃO DA NORMA ART. 4º

INTERPRETAÇÃO DA NORMA ART. 5º

APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO ART. 6º

APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO ARTS. 7º A 19

EFICÁCIA NA CRIAÇÃO E NA APLICAÇÃO DO ARTS. 20 A 30


DIREITO PÚBLICO
FONTES DO DIREITO

PRIMÁRIA
LEI-CIVIL LAW
SUBSUNÇÃO

FORMAIS (CONSTAM *SÚMULA


NA LINDB) VINCULANTE
PRINCÍPIOS GERAIS
ANALOGIA
DO DIREITO
SECUNDÁRIA
INTEGRAÇÃO
COSTUMES
FONTES DO DIREITO

DOUTRINA

INFORMAIS (NÃO
JURISPRUDÊNCIA
CONSTAM NA LINDB)

EQUIDADE
1. FONTE PRIMÁRIA: LEI

NORMA JURÍDICA
IMPERATIVO
AUTORIZANTE
DOTADA DE OBRIGATORIEDADE
ART. 3º NINGUÉM SE ESCUSA DE CUMPRIR A LEI, ALEGANDO QUE
NÃO A CONHECE. (NÃO É ABSOLUTA)
CLASSIFICAÇÃO DAS LEIS

Normas cogentes (ou de ordem São aquelas que atendem mais


pública): diretamente ao interesse geral,
merecendo aplicação obrigatória, eis
que são dotadas de imperatividade
absoluta.
Normas dispositivas (também São aquelas que interessam somente
chamadas de supletivas, aos particulares, de modo que
interpretativas ou de ordem privada): podem ser afastadas por disposição
de vontade.
FONTES NÃO FORMAIS

DOUTRINA Consiste na interpretação do Direito feita por estudiosos

JURISPRUDÊNCIA É o conjunto de decisões dos tribunais, ou uma série de decisões


similares sobre uma mesma matéria.
Estas decisões servem como referência para a resolução de casos
futuros, proporcionando uma maior previsibilidade e uniformidade na
aplicação do direito.

EQUIDADE É um princípio jurídico que permite ao juiz decidir um caso com base
na justiça, na razão e na igualdade, quando a aplicação estrita da lei
não proporciona um resultado justo ou adequado às circunstâncias
específicas do caso. A equidade busca adaptar a solução jurídica às
particularidades da situação, levando em consideração aspectos
humanos, sociais e morais.
SÚMULA VINCULANTE

• A Súmula Vinculante é uma espécie de jurisprudência consolidada pelo


Supremo Tribunal Federal (STF) com força normativa que obriga todos os
demais órgãos do Poder Judiciário e a administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. As súmulas vinculantes
são editadas para evitar divergências na interpretação e aplicação do
Direito, proporcionando maior segurança jurídica e uniformidade nas
decisões judiciais.
FUNDAMENTO LEGAL DAS SÚMULAS VINCULANTES
• As súmulas vinculantes foram introduzidas pela Emenda Constitucional nº 45/2004, que
adicionou o artigo 103-A à Constituição Federal. Esse artigo dispõe que:

1.Competência para edição: Somente o STF pode editar súmulas vinculantes.

2.Quórum necessário: Para a edição de uma súmula vinculante, é necessário o voto de,
no mínimo, dois terços dos ministros do STF.

3.Matéria de edição: As súmulas vinculantes tratam de matérias constitucionais, com o


objetivo de resolver controvérsias judiciais que tenham se repetido em vários processos.

4.Efeitos: Uma vez editada, a súmula vinculante tem efeito vinculante sobre os demais
órgãos do Poder Judiciário e sobre a administração pública.
EXEMPLO DE SÚMULA VINCULANTE

• Um exemplo conhecido é a Súmula Vinculante nº 13, que trata


do nepotismo na administração pública, proibindo a nomeação
de parentes até o terceiro grau para cargos em comissão e
funções de confiança.
FORMAS DE INTEGRAÇÃO

• Estão previstas no art. 4º da LINDB:

Art. 4o. Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso


de acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito.
ESPÉCIES DE LACUNAS

Lacuna normativa Ausência total de norma para um caso concreto

Lacuna ontológica Presença de norma para o caso concreto, mas que não
tenha eficácia social

Lacuna axiológica Presença de norma para o caso concreto, mas cuja


aplicação seja insatisfatória ou injusta

Lacuna de conflito e antinomia Choque de duas ou mais normas válidas, pendente de


solução no caso concreto
ANALOGIA

Analogia legis Analogia iuris


O juiz compara um caso, não
O juiz compara o caso, sem
previsto em lei, com uma
previsão legal, com todo o sistema
hipótese contemplada na jurídico
legislação.

Comparação entre uma situação


Comparação com outra situação
não prevista em lei e os valores de
prevista em lei
sistema
IMPORTANTE

 A analogia não é admitida nos negócios jurídicos gratuitos, na


fiança, na renúncia e no aval, pois é necessária a interpretação
restritiva (arts. 114 e 819 do CC e súmula 214 do STJ)
COSTUMES
 Podem ser conceituados como sendo as práticas e usos reiterados com
conteúdo lícito e relevância jurídica.
Secundum Legem Praeter legem Contra Legem

Há referência expressa aos Costume integrativo, serve Opõe-se ao dispositivo de


costumes no texto legal. para preencher lacunas uma lei
quando a lei for omissa
Não se fala em integração, não pode ser admitido, por
mas sim em subsunção, eis gerar a instabilidade do
que a própria norma jurídica sistema.
é aplicada
PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO

 Não há consenso na doutrina


 Regras de conduta que não se encontram positivadas no
sistema normativo, mas norteiam o juiz na interpretação da
norma, do ato ou do negócio jurídico. Nelson Nery Jr
ATENÇÃO
 Além disso, com a CF/88 alguns princípios gerais de direito passaram a
ter status constitucional, tendo prioridade de aplicação, mesmo
quando há lei específica sobre a matéria. São exemplos:

a) Dignidade humana (art. 1º, III da CF);

b) Solidariedade social (art. 3º, I, da CF);

c) Isonomia ou igualdade matéria (art. 5º, caput, da CF).


REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA
JURÍDICA NO TEMPO
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o
ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei


vigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular,


ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do
exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida
inalterável, a arbítrio de outrem.

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de


que já não caiba recurso.
PLANO DE JURIDICIDADE

Existência: quando for promulgada

Validade – requisitos formais

Eficácia – aplicabilidade da norma jurídica


VIGÊNCIA

Lapso temporal
Publicação Vigência
Vocatio legis
INÍCIO DA VIGÊNCIA

Art. 1º. Salvo disposição contrária, a lei começa a


vigorar em todo o país quarenta e cinco dias
depois de oficialmente publicada.

§ 1º Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade


da lei brasileira, quando admitida, se inicia três
meses depois de oficialmente publicada. (...)
Lei geral sem especificação A lei entra em vigor após o
prazo de vacatio legis, ou seja,
45 dias no Brasil e em três
meses nos Estados estrangeiros
com os quais o Brasil mantém
relação internacional.

Lei com Vigência na Data A vigência de uma lei na data de sua


de Publicação publicação pode ocorrer se essa
previsão estiver expressamente
indicada no texto da lei ou em casos
especiais regulados pela Constituição
ou legislação específica.
Importância da Data de Vigência

Segurança Jurídica: Saber a data de vigência de uma lei é


fundamental para garantir a segurança
jurídica, permitindo que os cidadãos e
empresas se adaptem às novas normas.

Vacatio legis é destinado a proporcionar tempo para que


todos tomem conhecimento da lei e possam
se preparar para cumprir suas disposições.

Imediatidade Em situações onde a implementação imediata


é necessária para atender a interesses
urgentes ou emergenciais, a previsão de
vigência na data de publicação é utilizada.
FIM DA VIGÊNCIA

Art. 2o Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que
outra a modifique ou revogue.

§ 1o A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare,


quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a
matéria de que tratava a lei anterior.

§ 2o A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das


já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.

§ 3o Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por


ter a lei revogadora perdido a vigência.
LEI COM SENTIDO COMPLEMENTAR

 a lei com sentido complementar não revoga as disposições


anteriores sobre o tema”.

 Cita-se, como exemplo, a Lei 11.804/2008 - trata sobre os


alimentos gravídicos – não revogou nem alterou o Código Civil
e a Lei de Alimentos, apenas tratou do assunto alimentos de
forma complementar.
REPRISTINAÇÃO

 Trata-se do restabelecimento dos efeitos de uma lei, que foi revogada, pela
revogação da lei revogadora.

 Em regra, não é aceita, conforme prevê o art. 2º, § 3º, da LINDB


 A doutrina diferencia a repristinação e o efeito repristinatório. A repristinação
ocorre quando há a restauração da lei revogada, pelo fato de a lei revogadora
ter perdido sua vigência. O efeito repristinatório ocorre quando há a
restauração de uma lei já revogada, porém sem a menção a uma nova lei.
RETROATIVIDADE DA NORMA JURÍDICA

 A irretroatividade é a regra. Logo, a retroatividade é exceção,


pois só é possível quando houver expressa previsão legal e não
prejudicar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa
julgada.
Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral,
respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a
coisa julgada.

§ 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado


segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou.

§ 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o


seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles
cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou
condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de
outrem.

§ 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão


judicial de que já não caiba recurso.
RETROATIVIDADE DA NORMA JURÍDICA

Ato adquirido É o direito incorporado ao patrimônio da


pessoa, inclusive porque já exercido

Ato jurídico perfeito Toda manifestação de vontade lícita e


consolidada no tempo.
Coisa Julgada Decisão judicial da qual não cabe mais recurso
REGRAS DE APLICAÇÃO DA NORMA JURÍDICA
NO ESPAÇO
 As normas jurídicas podem ter aplicação territorial variada,
dependendo de vários fatores, incluindo a natureza da norma, a intenção
do legislador e os princípios de Direito Internacional.

PRINCÍPIO DA As normas jurídicas de Exemplo: Código


TERRITORIALIDADE um país aplicam-se a Penal Brasileiro aplica-
todos os fatos se a crimes cometidos
ocorridos dentro do no Brasil.
seu território.
PRINCÍPIO DA As normas de um Tipos:
EXTRATERRITORIALIDADE país podem ser • Incondicionada: Aplica-se
aplicadas a fatos independentemente de
ocorridos fora de outras condições. Exemplo:
seu território em Crimes contra a vida ou
determinadas liberdade do Presidente da
circunstâncias. República.
• Condicionada: Depende de
certas condições, como a
presença do autor do crime
no território nacional.
Exemplo: Crimes cometidos
por brasileiros no exterior,
se não julgados no país onde
foram praticados.
REGRA GERAL

 Dentro do território brasileiro aplica-se, obviamente, a lei


brasileira. Contudo, a própria LINDB, em situações
excepcionais, admite a aplicação de lei estrangeira dentro do
território nacional (territorialidade mitigada/moderada)
TEORIA DA TERRITORIALIDADE MODERADA
OU MITIGADA
 Ao prever que em determinados casos seja possível a aplicação de lei
estrangeira dentro do território nacional, o Brasil adotou a teoria da
territorialidade moderada/mitigada. Contudo, para que seja possível tal
aplicação, é preciso que haja uma regra de conexão. Trata-se do estatuto
pessoal, pois se aplica a lei do domicílio do interessado.
A LEI DO DOMICÍLIO DO INTERESSADO (ESTATUTO
PESSOAL), DE ACORDO COM A LINDB, SERÁ APLICADA
EM SETE HIPÓTESES.
a) Nome;

b) Personalidade;

c) Capacidade;

d) Direito de família;

e) Bens móveis que o interessado traz consigo;

f) Penhor;

g) Capacidade postulatória
EXCEÇÕES À APLICAÇÃO DO ESTATUTO
PESSOAL
 Existem três casos em que a LINDB admite a aplicação da lei estrangeira
sem a aplicação do estatuto pessoa:

a) Conflito sobre bens imóveis: Aplica-se a lei do lugar em que está situado
o imóvel.

b) Lei sucessória mais benéfica ao cônjuge ou aos filhos.


c) Lugar da obrigação
REQUISITOS PARA HOMOLOGAÇÃO DE
SENTENÇA ESTRANGEIRA
 A decisão judicial estrangeira, a carta rogatória ou laudo arbitral
estrangeiro também podem ser cumpridos no Brasil, desde que se
submetam a homologação no STJ. Assim, para que sejam cumpridos no
Brasil, pressupõem o exequatur do STJ, que irá determinar o seu
cumprimento. Uma vez homologado pelo STJ, o cumprimento das medidas
será feito por um juiz federal de 1º grau
O QUE É NECESSÁRIO PARA QUE O STJ HOMOLOGUE A
DECISÃO JUDICIAL ESTRANGEIRA, A CARTA ROGATÓRIA
OU O LAUDO ARBITRAL?
a) Filtragem constitucional: só podem ser cumpridas as sentenças que sejam
compatíveis com o nosso ordenamento jurídico.

b) Cumprimento das formalidades processuais do art. 963 do CPC, dentre


as quais se encontra a necessidade de ouvida do MP
Art. 963. Constituem requisitos indispensáveis à homologação da decisão:

I - ser proferida por autoridade competente;

II - ser precedida de citação regular, ainda que verificada à revelia;

III - ser eficaz no país em que foi proferida;

IV - não ofender a coisa julgada brasileira;

V - estar acompanhada de tradução oficial, salvo disposição que a dispense

prevista em tratado;

VI - não conter manifesta ofensa à ordem pública.

Parágrafo único. Para a concessão do exequatur às cartas rogatórias,

observar-se-ão os pressupostos previstos no caput deste artigo e no art. 962, § 2º.


IMPORTANTE

 Com o advento do CPC/2015, a sentença estrangeira de


divórcio consensual produz efeitos no Brasil,
independentemente da homologação pelo STJ.
ANTINOMIAS JURÍDICAS OU LACUNAS DE
COLISÃO
 A antinomia é a presença de duas normas conflitantes, válidas e
emanadas de autoridade competente, sem que se possa dizer
qual delas merecerá aplicação em determinado caso concreto.
Critérios para resolução do conflito
Cronológico Norma posterior prevalece sobre a
anterior.

Especialidade Norma especial prevalece sobre a


geral.

Hierárquico Norma superior prevalece sobre a


inferior.
CLASSIFICAÇÃO DAS ANTINOMIAS

As antinomias, quanto ao critério, são classificadas em:

a) Antinomias de 1º grau: É o conflito entre normas que envolve apenas um dos


critérios acima expostos. É resolvida com base nos critérios da especialidade,
hierarquia e cronológico;

b) Antinomias de 2º grau: É o conflito de normas válidas que envolve dois dos


critérios analisados, ou, quando não houver a possibilidade de solucionar um
conflito pelos critérios acima.

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