Oralidade

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 11

Neima Ernesto Cumbi

Numero: 13

Turma: 4

Tema: Método de oralidade

Curso de Formação de Professores do Ensino Primário e Educação de Adultos

Instituto de Formação de Professores de Chicuque

Outubro, 2024
Neima Ernesto Cumbi

Numero: 13

Turma: 4

Tema: Método de oralidade

Segundo trabalho de pesquisa da Disciplina de Línguas


Moçambicanas e suas Didácticas a ser entregue ao
departamento de comunicação e ciências sociais do
IFP de Chicuque para fins avaliativos, sob orientação
da formadora Olga Canuma.

Curso de Formação de Professores do Ensino Primário e Educação de Adultos

Instituto de Formação de Professores de Chicuque

Outubro, 2024
Índice
1.0. Introdução..................................................................................................................................4
1.1. Objectivo geral..........................................................................................................................4
1.2. Objectivos específicos...............................................................................................................4
1.3. Metodologia...............................................................................................................................4
2.0. Método da oralidade..................................................................................................................5
2.2. Desafios enfrentados no ensino da oralidade............................................................................6
2.3. Eficácia dos métodos aplicados na oralidade............................................................................7
2.4. Impacto das actividades orais na participação e no aprendizado dos alunos............................7
2.5. Sugestões para a melhoria da oralidade no contexto educacional.............................................8
2.5.1. Panorama da realidade............................................................................................................8
2.5.2. Formação de professores........................................................................................................9
3.0. Conclusão................................................................................................................................10
4.0. Referências Bibliográficas.......................................................................................................11
4

1.0. Introdução
O desenvolvimento da oralidade é um elemento essencial para o domínio de uma língua quer
como um instrumento de interacção e socializalização, quer como um instrumento propiciador de
processos cognitivos. Sendo a oralidade um elemento essencial no desenvolvimento linguístico
da criança, ela só poderá ocorrer mediante um desenvolvimento vocabular e da metodologia
adequada e, sem o qual a criança fica privada de apreender o seu universo e engajar-se em
práticas discursivas.
A compreensão e produção linguística pressupõem uma conceptualização do real, o qual é
apreendido por palavras que se referem a objectos, acções e qualidades. Assim, o capital lexical
retido pela criança é decisivo para o desenvolvimento da oralidade, pressuposto essencial para o
desenvolvimento adequado da competência linguística. No contexto escolar é ainda mais
relevante, pois a oralidade é um meio importante de ensino-aprendizagem, por facilitar as
interacções na sala de aulas e a aquisição de conteúdos escolares.
1.1. Objectivo geral:
 Analisar o método de oralidade.
1.2. Objectivos específicos:
 Identificar os desafios enfrentados no ensino da oralidade;
 Explicar o impacto das actividades orais na participação e no aprendizado dos alunos;
 Propor sugestões para a melhoria da oralidade no contexto educacional.
1.3. Metodologia
O presente trabalho baseou-se nas consultas bibliográficas, que segundo Lakatos e Marconi
(1992), consiste na colocação do pesquisador em contacto directo com tudo aquilo que foi escrito
sobre determinado assunto, com objectivo de permitir ao cientista o reforço paralelo na análise de
suas pesquisas ou manipulação de suas informações.
5

2.0. Método da oralidade


De acordo com Fiorin (1990), a oralidade é entendida como uma prática social interactiva para
fins comunicativos e que se apresenta sob variados géneros textuais, fundados na realidade
sonora.
Para Marcuschi (2010), oralidade é a prática de uso da língua natural por meio da produção
sonora, em diversos géneros de texto orais, nos mais diferentes contextos e níveis de formalidade.
Nela, estaria inclusa a fala (forma de produção textual por meio de sons articulados e de
significados), acompanhada de outros aspectos como a prosódia, os gestos, a expressão facial, os
movimentos corporais, entre outros.
A oralidade pode ser compreendida como uma actividade mais central na intercomunicação
social, especialmente em culturas menos letradas. Esse objectivo, por si só, justifica seu trabalho
escolar. Ademais, por ser aprendida no ambiente particular de cada falante, ela representa a
origem social e cultural deste, tornando-se, segundo Marcuschi (2010), “[...] um factor de
identidade social, regional, grupal dos indivíduos”.
O método é caminho para se chegar aos fins ou objectivos planificados para uma determinada
acção. Este caminho consiste num conjunto acções, passos, condições e procedimentos que
articulados com a experiência dos professores, levam os alunos a assimilar os conhecimentos
(Libâneo, 2006).
Libâneo (2006) explica ainda que o sucesso da utilização de um método de ensino depende da
experiência do professor e da sensibilidade deste em relação à necessidade de levar os alunos a
aprenderem efectivamente. A categoria didáctica chamada método é fundamental no processo de
ensino-aprendizagem porque a mesma determina o nível de interacção professor-aluno e aluno-
aluno, assim como onde centrar a aula, no professor ou nos alunos.
Diante das abordagens supra apresentadas, Nonato (2017) considera que a oralidade possui um
estatuto autónomo em relação a dois pontos de vista. Do ponto de vista dos objectos de ensino ou
conteúdos, seleccionam-se saberes relativos aos modos de funcionamento sócio-discursivo, à
organização textual e aos recursos linguísticos de:
a) géneros orais (formais e públicos), como o debate, a assembleia e a exposição oral;
b) géneros textuais em que a oralidade é representada pela escrita, como aqueles da cultura
popular ou oral: cordel, mitos, provérbios e lendas;
6

c) géneros textuais em que a oralidade aparece estreitamente combinada com a escrita e com
outros sistemas semióticos (imagens fixas ou animadas, gestos, cores, sons etc.
Do ponto de vista dos métodos de ensino (instrumentos didácticos e actividades), propõe-se que a
abordagem da oralidade ocorra no seio de práticas de recepção e produção que reencontrem e
ampliem as experiências e os repertórios culturais dos indivíduos que chegam à escola. Exemplo
desse esforço é a necessidade que adquire o princípio de contextualização do saber pela
proposição de percursos de ensino e de aprendizagem mais ou menos flexíveis, em sequências ou
projectos didácticos (Nonato, 2017).
2.2. Desafios enfrentados no ensino da oralidade
A oralidade atualmente é estudada por inúmeros pesquisadores, tanto do âmbito educacional
quanto por sociólogos, historiadores e psicólogos, demonstrando uma preocupação e um
envolvimento interdisciplinar sobre o assunto. Entretanto, ainda são grandes os desafios para a
efectivação de práticas didácticas de oralidade.
O primeiro é o tradicionalismo da escola que reforça o prestígio da escrita, levando a
preocupação com a fala a uma certa negligência. Também, além desse factor, segundo Teixeira,
(2014, p. 55), “[...] ainda existe a crença de que a capacidade comunicativa já se acha
suficientemente desenvolvida no aluno quando este chega à escola”, o que nem sempre é uma
verdade, considerando-se as diferenças sociais e culturais da população escolar.
Sobre essa questão, Cagliari, explica que

As crianças pobres têm mais coisas para aprender, ao entrar na escola, do que as
crianças ricas, por causa da história de vida de cada uma e da natureza das nossas
escolas. Isso, no entanto, não deve ser confundido com falta de capacidade mental,
perceptiva, motora, psicológica, ou seja lá o que for. (CAGLIARI, 2009, p. 31).
A super-valorização da escrita, contudo da escrita alfabética, leva a uma posição de supremacia
das culturas com escrita ou até mesmo dos grupos que dominam a escrita dentro de uma
sociedade desigualmente desenvolvida. Separa as culturas civilizadas das primitivas
(MARCUSCHI, 1997).
Além desses factores, existem outros, dentre os quais Teixeira (2014) destaca:
 Dinamismo das actividades orais que expõem diferenças pessoais e de opinião e produz
“barulho e confusão”, ameaçando o controlo que o professor pretende exercer sobre a
turma;
7

 Preocupação do professor de expor o aluno a situações desconfortáveis, quando este


exterioriza seu dialecto ou suas opiniões;
 Inibição recorrente entre os alunos nas exposições orais. (Teixeira, 2014).
Com todos esses empecilhos, uma parte significativa dos alunos continua saindo das escolas sem
ampliar o seu repertório de conhecimentos linguísticos orais e, por sua vez, os cursos de
formação de professores deixam lacunas no preparo de tão importantes profissionais, dentre as
quais, certamente, se encontra a dificuldade didáctica para o trabalho com a oralidade nas salas de
aula.
2.3. Eficácia dos métodos aplicados na oralidade
Os métodos aplicados na oralidade têm um papel fundamental no processo de incremento da
autonomia do aluno na aprendizagem. Elas integram estratégias, técnicas e actividades voltadas a
diferentes situações didácticas vividas em sala de aula, tendo como objectivo propiciar condições
para que o aluno possa se apropriar dos conhecimentos propostos (Jewitt, 2008)).
Nonato (2017) destaca ainda que os métodos aplicados á oralidade influenciam no:
 Engajamento: os alunos se envolvem mais activamente, tornando o aprendizado mais
estimulante;
 Aprendizado significativo: os estudantes aplicam o conhecimento em situações reais, o
que aprofunda a compreensão;
 Autonomia: os alunos se tornam mais independentes e auto dirigidos em sua
aprendizagem Preparação para o futuro: é estimulada a adaptação a um mundo em
constante mudança, por meio da criatividade e do aprendizado contínuo.
2.4. Impacto das actividades orais na participação e no aprendizado dos alunos
Autores como Chaer e Magalhães (2012) esclarecem que o desenvolvimento da expressão oral na
sala de aulas deve ser estimulado através da realização de actividades orais variadas como:
cantar; descrever pessoas, coisas e imagens; narrar acontecimentos vividos ou observados; contar
e recontar histórias ouvidas ou lidas; narrar histórias com o apoio de imagens; fazer
dramatizações; declamar poemas e fazer jogos orais.
Estas actividades têm um impacto na participação e no aprendizado dos alunos pois, segundo
Jewitt (2008), possibilitam a exploração de vários modos de comunicação, como a combinação
da imagem, fala e escrita, o que se designa de multi-modalidade.
8

Outrossim, estas actividades auxiliam os alunos a compreenderem e a usarem diferentes modos


de expressão e permitem atender à diversidade no processo de desenvolvimento linguístico das
crianças considerando, por exemplo, que os diferentes estímulos/inputs podem ter efeitos
diferentes sobre a aprendizagem de diferentes crianças – uns podem reagir melhor à imagem,
outros à fala e outros ainda à escrita.
Dão maior importância às necessidades de comunicação do aluno, como, por exemplo, sugerir,
optar, opinar, trabalhar aos pares, contar histórias de suas experiências relacionadas ao assunto da
aula, etc. Há uma participação activa do aluno no processo de aprendizagem, através de
dramatizações, trabalhos em grupo, rodas de conversa, conto de histórias, debates, (idem).
2.5. Sugestões para a melhoria da oralidade no contexto educacional
Como mecanismos para a melhoria da oralidade no contexto educacional, Leal & Gois (2012)
apresentam dois segmentos fundamentais a destacar: panorama da realidade e a formação de
professores.
2.5.1. Panorama da realidade
O aluno não tem que perder a sua variedade linguística sociocultural. Afinal, ao adentrar a escola,
ele já é um falante competente da língua, utilizando-a de forma eficiente para se comunicar. Mas
é imprescindível que o professor disponibilize a ele as formalidades da língua oral em diferentes
espaços para que, ao chegar em uma apresentação teatral, entrevista, palestra e nas diversas
formas de se expor oralmente em situações sociais, ele saiba agir convenientemente (Leal & Gois,
2012).
Cabe, então, principalmente ao professor especialista no ensino de língua, auxiliado pelos
professores das demais disciplinas que muito têm a colaborar nesse aspecto, criar oportunidades
que possibilitem ao aluno adquirir a capacidade de expressar-se com liberdade e de monitorar sua
língua, oportunizando-lhe aumentar seu vocabulário; adequar convenientemente sua fala; saber
argumentar de forma convincente e ouvir respeitosamente os argumentos contrários; aguardar seu
turno para falar; usar convenientes os recursos extra-linguísticos como tom de voz, ritmo, o
alongamento, a ênfase, a velocidade da fala; controlar sua ansiedade e timidez, tão comuns nas
exposições orais.
Para realizar essa tarefa, o professor terá que criar situações reais de fala, para que a linguagem
oral evolua dentro das possibilidades de cada aluno, em situações motivantes para a expressão
espontânea, num clima emocional favorável. Em um ambiente escolar motivador, a criança
9

certamente se manifestará livremente, sem problemas e sem constrangimento (Leal & Gois,
2012).
2.5.2. Formação de professores
Segundo Leal & Gois (2012), somente a formação inicial, ainda que tenha sido construída de
maneira sólida, não garante eficiência plena para o exercício do magistério. Se o Homem muda, o
mundo muda, as tecnologias evoluem, a postura e as estratégias didácticas do professor devem
evoluir, para estarem sempre ao lado do seu aluno. Por isso, o investimento no crescimento desse
profissional, tanto na sua formação académica quanto nas suas condições de trabalho certamente
reflectirá de maneira positiva no seu desempenho.
Os planos curriculares orientam que, além de uma formação inicial consistente, é preciso
considerar um investimento educativo contínuo e sistemático para que o professor se desenvolva
como profissional de educação. O conteúdo e a metodologia para essa formação precisam ser
revistos para que haja possibilidade de melhoria do ensino.
A formação não deve ser tratada como um acúmulo de cursos e técnicas, mas sim como um
processo reflexivo e crítico sobre a prática educativa. Investir no desenvolvimento profissional
dos professores é, também, intervir em suas reais condições de trabalho.
10

3.0. Conclusão
Finalizando, dispor ao aluno o contacto com diferentes géneros orais, não quer dizer que ele usará
todos, mas, diante da necessidade, terá possibilidades de fazer opções entre os diferentes géneros,
de acordo com as variadas situações. Sendo assim, o papel do professor não se resume em se
trabalhar a oralidade em aulas isoladas.
Uma diversidade de estratégias para o desenvolvimento da oralidade certamente possibilitará que
os alunos tenham a oportunidade de desenvolver sua competência linguística, o que poderá lhes
permitir alcançarem lugares mais prestigiados na sociedade. Negar esse direito ao
desenvolvimento da oralidade é calar o aluno e não lhe permitir as mais significantes
experiências dessa modalidade linguística que a escola tem o potencial de oferecer, quando
investe na formação de professores e, consequentemente, nos sujeitos que estão inseridos nesse
âmbito.
11

4.0. Referências Bibliográficas


Cagliari, L. C. (2009, P. 31). Alfabetizando sem o ba- be- bi- bo- bu. São Paulo: Scipione;
Chaer, M.R. & Magalhães, E.G.A. (2012). A importância da oralidade: Educação infantil e
séries iniciais do ensino fundamental. Pergaminho;
Fiorin, J. L. (1990). Tendências da análise do discurso. Estudos Linguísticos, v.19;
Lakatos, E. M., & Marconi, M. A. (1992). Metodologia do trabalho científico. (4 ed.) São Paulo:
Atlas;
Leal, T. F. & Gois, S. (2012). A oralidade na escola: A investigação do trabalho docente como
foco de reflexão. Belo Horizonte: Autêntica;
Libâneo, J. (2006). Didáctica: Os métodos de ensino São Paulo: Cortez;
Marcuschi, L. A. (2010). Da fala para a escrita: Actividades de retextualização. 10. ed. São
Paulo: Cortez, 2010;
Nonato, S. L. (2017). Oralidade e ensino de língua portuguesa. Na Ponta do Lápis, [S. l.], ano
XIII, n. 29.

Você também pode gostar