Sequencia Lenilza

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES – DLA


COLEGIADO DE LETRAS E ARTES

ANA LUIZA NASCIMENTO DE AQUINO


DANIELA MACEDO DOS SANTOS

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

ILHÉUS/BAHIA
2024

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SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Sequência didática apresentada a disciplina


Sociolinguística e ensino, ministrada pela
professora Lenilza Teodoro, do Curso de Letras,
da Universidade Estadual de Santa Cruz.

ILHÉUS - BAHIA
2024

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO…………………………………………………………………… 4
2 OBJETIVOS GERAIS…………………………………………………………………5
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS…………………………………………………..…...5
3 JUSTIFICATIVA………………………………………………………………………..5
4 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA………………………………………………………6
5 METODOLOGIA………………………………………………………………………..8
6 REFERÊNCIAS………………………………………………………………………..13

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APRESENTAÇÃO

A presente sequência didática, destinada aos alunos do 7º ano do Ensino


Fundamental II de escolas públicas, aborda o tema "Preconceito Linguístico:
Desenvolvendo as Capacidades Argumentativas através da Produção de um
Podcast". Este projeto surge da necessidade de conscientizar os estudantes a
respeito do preconceito linguístico, uma vez que, em muitas escolas públicas
brasileiras, os alunos são provenientes de contextos sociais e culturais diversos,
refletindo uma rica variedade de expressões linguísticas. No entanto, essa
diversidade nem sempre é valorizada como deveria. Em vez disso, prevalece o
preconceito linguístico que discrimina aqueles que se desviam do padrão culto da
língua portuguesa, muitas vezes promovido pelos próprios colegas, professores e
pela sociedade em geral. Esse preconceito não apenas coloca o estudante nesse
local de marginalização, mas também interfere em seu aprendizado e em sua
capacidade de participar ativamente da vida escolar. Então, ao explorar essa
temática, a sequência propõe estimular o respeito e a valorização da diversidade
linguística, incentivando a criticidade e as capacidades argumentativas dos
estudantes. Dessa forma, a produção de um podcast surge como uma oportunidade
dos alunos desenvolverem (1) o ato de pesquisar, (2) discutir e (3) expressar suas
opiniões de maneira estruturada e criativa. Assim, o projeto não apenas amplia a
compreensão dos alunos sobre a importância da diversidade linguística, mas
também lhes proporciona uma plataforma para que suas vozes sejam ouvidas e
respeitadas.

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OBJETIVOS

Objetivos gerais:
- Promover a conscientização dos alunos sobre o preconceito linguístico e
suas implicações sociais e culturais;
- Desenvolver as capacidades argumentativas e críticas dos alunos através da
pesquisa, discussão e produção de conteúdos multimodais;
- Incentivar o uso de tecnologias digitais na construção do conhecimento e na
expressão das ideias dos alunos;
- Fomentar o respeito pela diversidade linguística, valorizando as variações da
língua portuguesa falada no Brasil.

Objetivos específicos
(EF69LP55) Reconhecer as variedades da língua falada, o conceito de
norma-padrão e o de preconceito linguístico;

(EF35LP11) Ouvir gravações, canções, textos falados em diferentes variedades


linguísticas, identificando características regionais, urbanas e rurais da fala e
respeitando as diversas variedades linguísticas como características do uso da
língua por diferentes grupos regionais ou diferentes culturas locais, rejeitando
preconceitos linguísticos;

JUSTIFICATIVA

A elaboração e implementação desta sequência didática possui relevância


significativa tanto no contexto universitário quanto no escolar. No âmbito
universitário, particularmente no curso de Letras, a realização de uma intervenção
pedagógica como esta permite aos futuros educadores explorar, na prática,
metodologias ativas e inovadoras de ensino, ao mesmo tempo em que aprofunda a
compreensão de um tema crucial para a formação cidadã e crítica dos alunos.
Destarte, a realização desta sequência didática se justifica pela sua capacidade de
proporcionar uma formação integrada tanto para os futuros professores quanto para
os alunos do ensino fundamental. No contexto universitário, permite a aplicação
prática de conceitos teóricos, desenvolvendo competências pedagógicas e críticas
essenciais para a formação docente. Enquanto no escolar, promove a

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conscientização sobre o preconceito linguístico, desenvolve capacidades
argumentativas e digitais, e fomenta valores de respeito e inclusão. Assim, esta
intervenção se configura como uma ferramenta poderosa para a transformação do
ensino e da aprendizagem, contribuindo para a construção de uma sociedade mais
equitativa.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

A sociolinguística surge em meados de 1960 como reação às correntes


estruturalistas e gerativistas que tendiam a focar a língua como um sistema
abstrato,ignorando os contextos sociais e históricos em que era utilizada. Segundo
Lopes (2018)

A sociolinguística considera os fatores históricos e sociais pelo fato


do falante de Língua Portuguesa fazer parte de uma determinada
comunidade linguística e dela traz as variedades da língua
pertencente desse grupo social. A sociolinguística educacional surge
como forma de combate ao preconceito linguístico nas salas de aula.
(LOPES, 2018, P.89)

A sociolinguística emerge como uma disciplina fundamental que desafia as noções


tradicionais de uma língua estática e uniforme. Como destaca Mollica (2003), a
compreensão da linguagem vai além de simplesmente seguir um padrão prescrito;
ela abrange a compreensão de que a língua é dinâmica, sujeita a variações
temporais, regionais e sociais. Nessa perspectiva, é crucial reconhecer que não
existe uma única forma 'correta' de falar, e que as variedades linguísticas refletem a
diversidade e complexidade das interações humanas. O campo da sociolinguística
educacional ajuda a perceber as diferentes realidades linguísticas que existem no
âmbito social e por isso é papel do professor desmistificar e ajudar os alunos a
perceberem que certas variações ou expressões são apropriados em determinadas
situações.

Essa corrente, além de levar em conta os fatores inerentes a toda


mobilização da linguagem, como questões fonológicas,
morfológicas e sintáticas, considera os fatores

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externos, como a faixa etária, a classe social, a escolaridade, o
sexo e a cultura, dentre outros. Esses elementos extrínsecos
contribuem em grande proporção com a compreensão do
funcionamento da língua como um todo.( VANZ, 2016, P.00)
Reconhecer a importância de incorporar diversas variedades linguísticas no
currículo escolar e nas práticas pedagógicas é um passo crucial para a
sociolinguística educacional na promoção de ambientes educacionais inclusivos e
equitativos. Dentro desse contexto, a argumentação surge como uma ferramenta
essencial para lidar com nossas diferenças e facilitar a convivência social
(PLANTIN, 2018). A argumentação transcende a mera expressão de ideias; é uma
atividade interacional vital na sociedade, utilizada para influenciar, persuadir ou
dissuadir de maneira decisiva. Seja em debates políticos, discussões filosóficas,
tomadas de decisões jurídicas ou em simples interações do dia a dia, a capacidade
de argumentar desempenha um papel fundamental na construção coletiva de
conhecimento e na convivência harmoniosa (AZEVEDO, 2016; ALVES LIMA, 2021).
Diante disso, torna-se imprescindível introduzir práticas sociais eficazes no
ambiente escolar, visando capacitar os estudantes não apenas a desenvolver
habilidades argumentativas dentro da escola, mas também a aplicá-las de forma
significativa em suas vidas além dos muros escolares.

Além de nos basearmos nas habilidades da BNCC, listadas anteriormente, a


presente sequência didática se fundamenta-se em uma base teórica sólida e
interdisciplinar, que abrange os estudos de Dolz, Noverraz e Schneuwly(2004) sobre
sequências didáticas e os conceitos de preconceito linguístico de Marcos Bagno.
Segundo os teóricos, as sequências didáticas são "um conjunto de atividades
escolares organizadas de maneira sistemática, que permite ao aluno enfrentar
progressivamente dificuldades em situações de comunicação específicas e
variadas". Essa abordagem pedagógica visa promover um aprendizado significativo,
contextualizado e articulado com os desafios linguísticos e comunicativos dos
alunos. A utilização de sequências didáticas possibilita uma progressão nas
habilidades de linguagem, tanto orais quanto escritas, proporcionando uma
formação integral do aluno.

No que se refere ao preconceito linguístico, Marcos Bagno (1999) define-o como


uma forma de discriminação que desvaloriza as variedades não prestigiadas da

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língua, associando-as a características negativas dos seus falantes. Bagno ressalta
que essa forma de preconceito está profundamente enraizada na sociedade e é
frequentemente reforçada por instituições educacionais que privilegiam uma norma
culta em detrimento das variedades populares. Assim entendemos que abordar o
preconceito linguístico em sala de aula é, portanto, uma ação pedagógica
fundamental para promover o respeito à diversidade linguística.

METODOLOGIA

Esta sequência didática foi elaborada para desenvolver as capacidades


argumentativas e desenvolver a oralidade em alunos do 7º ano, com foco na
temática do preconceito linguístico. Através da criação de um podcast, os alunos
serão introduzidos a diferentes aspectos da linguagem e da argumentação,
promovendo uma compreensão crítica e prática do assunto. Perpassando por uma
introdução ao gênero podcast,onde os alunos exploram seus conhecimentos prévios
um debate sobre preconceito linguístico, no qual será possível aplicar técnicas de
construção de argumentos apresentadas em aula e culminando na gravação do
podcast, onde os alunos formam grupos, escolhem temas, distribuem papeis e
criam roteiros. Assim, conseguiremos fazer uma avaliação processual, envolvendo
momentos diagnósticos, formativos e somativos, podendo dessa maneira,
acompanhar o desenvolvimento dos alunos ao longo das atividades.

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Atividade/Carga horária Materiais

● As duas primeiras aulas serão destinadas a


apresentação da proposta didática, para isso
falaremos um pouco sobre o gênero podcast,
bem como faremos alguns questionamentos
como: “você sabe o que é um podcast?”
“Você já assistiu ou costuma assistir
podcast’s” a fim de sondarmos os
conhecimentos prévios dos alunos a respeito
do gênero podcast (15 min)
01 ● Posteriormente pegaremos “o gancho” das Quadro,
Momento respostas dos alunos para explicarmos o que apagador e
são podcast’s, como apoio utilizaremos projetor
alguns trechos de podcast’s como forma de
exemplificar. (20 min)
● Após apresentarmos a proposta e
introduzirmos o gênero podcast
entregaremos para os alunos um texto sobre
Preconceito Linguístico (tem que escolher o
texto) no qual os alunos deverão fazer a
leitura buscando observar os seguintes
pontos: “Quem é o autor do texto”, “Quantos
pontos de vista são possíveis encontrar no

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texto em questão e quais”, “Qual o tema do
texto?” “Você concorda ou discorda com a
opinião expressa no texto” (todas as
perguntas estão expostas no quadro) (30
min)
● Após a leitura guiada, pediremos que os
alunos compartilhem suas opiniões a
respeito do texto com base nas respostas
das questões, aproveitaremos o momento
de discussão para falarmos sobre o que é o
preconceito linguístico (35 min)

● Iniciaremos esse encontro falando sobre


argumentação, utilizaremos novamente o
recurso da sondagem para sabermos quais
conhecimentos prévios os alunos detêm
sobre, ainda nesse momento explicaremos
que a argumentação é inerente ao ser
humano (ou seja, já nasce conosco) para
isso utilizaremos o vídeo da menina Ayla
como exemplo. (20 min)
● Seguidamente, mostraremos algumas
imagens cotidianas nas quais a
argumentação se faz presente, assim as Quadro,
professoras poderão explicar para os alunos apagador e
02 como a argumentação é utilizada em projetor,
Momento diferentes contextos (acadêmico, caderno,
profissional, pessoal e dentro do próprio caneta, lápis
podcast) (15 min). etc
● Após isso, apresentaremos as técnicas
básicas de construção de argumentos (como
estruturar um argumento, uso de evidências,
argumentos de autoridade), tal qual a
importância de ter perspectivar um assunto,
assim ensinaremos como podemos
desenvolver e encontrar esse assunto em
questão. (15)

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● Após as explicações teóricas a respeito do
assunto, pediremos que a turma se divida
em dois grupos(um pro e um contra) para um
debate a respeito do tema: “A Correção da
Linguagem dos Outros é uma Forma de
Preconceito Linguístico?”. Para sustentar
seus argumentos os alunos precisam utilizar
as técnicas ensinadas anteriormente. (50
min)

● Esse 3 encontro será destinado ao


planejamento da gravação do podcast, para
isso os alunos serão orientados a formar 5
grupos com 5 componentes cada no qual
eles deverão decidir o tema do podcast com
base no assunto em questão - preconceito
linguístico. (15 min)
● Com os temas decididos , os alunos deverão Quadro, piloto,
fazer a distribuição de papeis entre si quem caderno,
03 (2 oponentes, 2 proponentes e 1 mediador). caneta, lápis,
Momento (5 min) borracha etc.
● Brainstorm: Os grupos deverão se organizar
de acordo com seus papeis actanciais, para
discutir sobre o tema, formular seus
argumentos/estratégias, bem como deverão
fazer um roteiro para gravação. Em todo o
processo os alunos terão a supervisão e
auxílio das professoras (40 min)
● Após a realização do roteiro os alunos terão
os 40 minutos finais para ensaiar para
gravação e aproveitar para reformular ou
adequar pontos no roteiro que eles ou a
professora ache necessário. (40 min)

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● Inicialmente os alunos deverão se organizar
com os grupos e organizar a sala para a
gravação do podcast. (15 min)
● Após organizados as professoras farão as
gravações dos podcast de cada grupo,para
04 Celular,
ser publicado no aplicativo Spotify, através
Momento roteiro, quadro
do perfil criado pelas professoras
piloto.
exclusivamente para a turma (1h)
● Feedback Imediato: Após a gravação, haverá
discussão para entendermos o que
funcionou bem e o que poderia ser
aperfeiçoado. (35 min)

A avaliação será feita de forma diagnóstica


Avaliação (momento 1 e 2), formativa (momento 2 e 3) e
somativa (momento 4). Dessa forma, conseguimos
fazer uma avaliação processual.

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Referências

ALVES LIMA, SheylaFabricia. As capacidades argumentativas como objeto de


ensino da argumentação. EID&A – Revista Eletrônica de Estudos Integrados em
Discurso e Argumentação, v. 22, n. 2, p. 154-174, 2022.Disponível em:
https://doi.org/10.47369/eidea-22-2-3484. Acesso em: 08 jul. 2024.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo:


Loyola, 1999.
BERTO, Elisangela de Fátima; GREGGIO, Saionara. As potencialidades do gênero
podcast no desenvolvimento e aprimoramento da habilidade de compreensão oral
na aprendizagem de língua inglesa. Ilha do Desterro, v. 74, n. 3, p. 183-203, 2021.
DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEUWLY, Bernard. Sequências
didáticas para o oral e a escrita: apresentação de um procedimento. In: DOLZ,
Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard e colaboradores. Gêneros orais e escritos na
escola. Trad. E Org. de Roxane Rojo e Glaís Sales Cordeiro. Campinas, SP:
Mercado das Letras, 2004.
LOPES, Maria Ailma Ferreira; CAVALCANTE, Maria Auxiliadora da Silva. A
Importância da Sociolinguística Educacional: Reflexões sobre o ensino de língua
portuguesa. Anais–FLIPA. Disponível em: https://www. unirios. edu.
br/eventos/flipa/anais/arquivos/2018/a_importancia_da_sociolinguistica_educa
cional. pdf. Acesso em, v. 6, 2024.
MOLLICA, Maria Cecilia. Relevância das variáveis não linguísticas. In:______.
Introdução à sociolinguística: o tratamento da variação. São Paulo: Contexto,
2003, p. 27-32.

PLANTIN,Christian.“Nãosetratadeconvencer,masdeconviver”:aerapós-persuasão.
Tradução: WeslindeJesusSantosCastroeEduardoLopesPiris.EID&A – Revista
Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e
Argumentação,v.15,n.1,p.244-269,2018. Disponível em:
https://doi.org/10.17648/eidea-15-2066. Acesso em: 08 jul. 2024.

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VANZ, F. A.; DIEDRICH, M. S. VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: UMA PERSPECTIVA DA
SOCIOLINGUÍSTICA EDUCACIONAL. Línguas & Letras, [S. l.], v. 17, n. 37, 2016.
Disponível em: https://saber.unioeste.br/index.php/linguaseletras/article/view/12714.
Acesso em: 04 jun. 2024.

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