Capítulo 01 - 1 SÉRIE

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Reinvenção Vem a lua, vem, retira

Cecília Meireles as algemas dos meus braços.


Projeto-me por espaços
A vida só é possível cheios da tua Figura.
reinventada. Tudo mentira! Mentira
da lua, na noite escura.
Anda o sol pelas campinas
e passeia a mão dourada Não te encontro, não te alcanço...
pelas águas, pelas folhas... Só — no tempo equilibrada,
Ah! tudo bolhas desprendo-me do balanço
que vem de fundas piscinas que além do tempo me leva.
de ilusionismo... — mais nada. Só — na treva,
fico: recebida e dada.
Mas a vida, a vida, a vida,
a vida só é possível Porque a vida, a vida, a vida,
reinventada. a vida só é possível
reinventada.
O QUE É LITERATURA?
A LINGUAGEM LITERÁRIA
• O que caracteriza a Literatura é o trabalho com a linguagem, por meio de
seleção vocabular, organização das palavras no texto, possibilidade de
significação dos vocábulos e capacidade de criar imagens;

• Ao tratar de Literatura, não importa apenas o que se diz, mas como se diz.

• “Todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis


de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos
folclore, lenda, até as formas mais complexas e difíceis da produção escrita das
grandes civilizações.” (Antonio Candido)
PARA QUE SERVE A LITERATURA?
Literatura

Capacidade de
Pensamento crítico apreensão de
conteúdos diversos

Presente/Passado/
Futuro
Literatura para quê?

• Para a formação do cidadão crítico e autônomo, ou seja, capaz


de conhecer a si e ter uma visão crítica acerca do contexto no
qual está inserido;

• Para impulsionar a busca da identidade, por meio da função


catártica, presente nos textos literários;

• Para possibilitar uma reflexão, antes de aceitar como certa uma


informação, fato ou opinião;

• Para olhar para o passado, refletir sobre o presente e repensar o


futuro.
Primeira lição – Ana Cristina César

Os generos de poesia sao: lírico, satírico, didatico, epico, ligeiro.


O genero lírico compreende o lirismo.
Lirismo e a traduçao de um sentimento subjetivo, sincero e pessoal.
É a linguagem do coraçao, do amor.
O lirismo e assim denominado porque em outros tempos os versos sentimentais eram
declamados ao som da lira.
O lirismo pode ser:
a) Elegíaco, quando trata de assuntos tristes, quase sempre a morte.
b) Bucólico, quando versa sobre assuntos campestres.
c) Erótico, quando versa sobre o amor.
O lirismo elegíaco compreende a elegia, a nênia, a endecha, o epitáfio e o epicedio.
Elegia e uma poesia que trata de assuntos tristes.
Nenia e uma poesia em homenagem a uma pessoa morta.
Era declamada junto à fogueira onde o cadaver era incinerado.
Endecha e uma poesia que revela as dores do coraçao.
Epitafio e um pequeno verso gravado em pedras tumulares.
Epicedio e uma poesia onde o poeta relata a vida de uma pessoa morta.
Além dos
conceitos

Literatura
Apreciação

Ler e sentir

Fruição
Epílogos – Gregório de Matos

Que falta nesta cidade?................Verdade Dou ao demo os insensatos,


Que mais por sua desonra?...........Honra dou ao demo a gente asnal,
Falta mais que se lhe ponha..........Vergonha. que estima por cabedal
Pretos, Mestiços, Mulatos.
O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta, [...]
numa cidade, onde falta
Verdade, Honra, Vergonha. E que justiça a resguarda?.............Bastarda
É grátis distribuída?......................Vendida
[...] Que tem, que a todos assusta?.......Injusta.

Quais são os seus doces objetos?....Pretos


Tem outros bens mais maciços?.....Mestiços
Quais destes lhe são mais gratos?...Mulatos.
Engajamento

Literatura
Defesa de ideais

Universalidade

Atemporalidade
Eu
Florbela Espanca

Eu sou a que no mundo anda perdida


Eu sou a que na vida não tem norte
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa ténue e esvaecida


E que o destino amargo, triste e forte
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...


Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,


Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!
GÊNEROS LITERÁRIOS
GÊNEROS LITERÁRIOS

• Na Antiguidade Clássica, Aristóteles, na obra Poética, propôs uma


categorização dos textos literários de acordo com o conteúdo e a forma.

• Essa organização resultou na distinção dos gêneros literários épico,


dramático e lírico;

• Essa divisão foi reconhecida e continua sendo usada até hoje. No entanto,
essas formas se renovam, atualizam-se e tornam tênues as fronteiras nas
classificações de manifestações artísticas.
GÊNEROS LITERÁRIOS
Lírico

Épico

Dramático
GÊNERO LÍRICO

• Poesia pra ser cantada ao som da lira – o que deriva o nome


lírico;

• Objetiva criar e dar vazão ao mundo interior e subjetivo do


EU;

• Apresenta um trabalho com as emoções, sensações,


impressões;

• É marcado pela manifestação do Eu lírico;


GÊNERO LÍRICO

• Poema: gênero textual escrito em versos e estrofes;

• Poesia: uso da linguagem, não limita-se ao poema;


Soneto
Elegia
Lírico Ode
Haicai
SONETO

• Estrutura fixa:
• 14 versos;
• 4 estrofes – 2 quartetos e 2 tercetos;
• Versos decassílabos ou alexandrinos (10 ou 12 sílabas
poéticas).

• A rima quase sempre é empregada.


Soneto de fidelidade – Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento


Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento


E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):


Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
ELEGIA

• Poema de tom funesto, melancólico e pessimista;


• A descrença presente nas elegias pode aparecer associada:

• Questão particular, como uma decepção amorosa;


• Questão social, política, econômica (temáticas como a seca
nordestina, as guerras mundiais, as perseguições durante os
períodos ditatoriais, a dizimação da cultura indígena, a
preocupação com o futuro da humanidade diante do
crescimento descomedido e da modernização).
Elegia 1938 – Carlos Drummond de Andrade

Trabalhas sem alegria para um mundo caduco,


onde as formas e as ações não encerram nenhum exemplo.
Praticas laboriosamente os gestos universais,
sentes calor e frio, falta de dinheiro, fome e desejo sexual.

Heróis enchem os parques da cidade em que te arrastas,


e preconizam a virtude, a renúncia, o sangue-frio, a concepção.
À noite, se neblina, abrem guarda-chuvas de bronze
ou se recolhem aos volumes de sinistras bibliotecas.

Amas a noite pelo poder de aniquilamento que encerra


e sabes que, dormindo, os problemas te dispensam de morrer.
Mas o terrível despertar prova a existência da Grande Máquina
e te repõe, pequenino, em face de indecifráveis palmeiras.
Caminhas entre mortos e com eles conversas
sobre coisas do tempo futuro e negócios do espírito.
A literatura estragou tuas melhores horas de amor.
Ao telefone perdeste muito, muitíssimo tempo de semear.

Coração orgulhoso, tens pressa de confessar tua derrota


e adiar para outro século a felicidade coletiva.
Aceitas a chuva, a guerra, o desemprego e a injusta distribuição
porque não podes, sozinho, dinamitar a ilha de Manhattan.
ODE

• Poema construído com o objetivo de elogiar alguém ou algo;

• Apresenta uma linguagem grandiloquente, exaltatória,


entusiasta;

• Alguns poetas empregam o termo “ode” de maneira irônica. O


conteúdo do poema, nesse caso, será paródico e sarcástico.
ODE AO BURGUÊS – MÁRIO DE ANDRADE
HAICAI
• O haicai, em sua origem oriental, apresenta uma forma fixa (formado
por três versos: o primeiro com cinco sílabas, o segundo com sete e o
terceiro com cinco);

• Geralmente, retrata cenas da natureza, principalmente as estações do


ano. O poeta japonês Matsuo Bashô é o mestre dessa forma lírica.

• Ao serem traduzidos, os versos não apresentam a forma fixa comum do


gênero;
Noite de primavera
As cerejeiras! Para elas
A aurora despontou

Matsuo Bashô
• No Brasil, o haicai passou a ser escrito principalmente a partir do
século XX e, no que se refere ao aspecto formal, adquiriu variações
métricas;

• À linguagem concisa e dinâmica do haicai e do epigrama, os


modernistas acrescentaram a ironia e a sátira. Por isso, os poemas
breves dos modernistas passaram a ser chamados de poema-piada
ou poema-minuto.

• Alguns poemas de Oswald de Andrade, presentes em seu livro Pau-


Brasil, exemplificam essa influência do haicai no Modernismo
brasileiro.
Amei em cheio
meio amei-o trânsito parado
meio não amei-o. os mesmos olhares
e ninguém se olha
--
--
pelos caminhos você deixou tudo a tua cara
que ando só pra deixar tudo
um dia vai ser com cara de saudade
só não sei quando

Leminski Alice Ruiz


ÉPICO / NARRATIVO

• Os textos narrativos, especialmente em prosa,


geralmente são constituídos por:

• Uma história (enredo)


• Contada por alguém (narrador)
• Sobre determinadas pessoas (personagens)
• Que se encontram em determinado local (espaço)
• Em uma época específica ou não (tempo)
• P - PEROSNAGEM
• E - ENREDO
• N - NARRADOR
• T - TEMPO
• E – ESPAÇO
PRIMEIRA
PESSOA NARRADOR
PERSONAGEM

NARRADOR TERCEIRA NARRADOR-


PESSOA OBSERVADOR

NARRADOR
NARRATIVAS ONISCIENTE
POLIFÔNICAS
Fábula
Romance

ÉPICO
Conto
Crônica
Novela
Epopeia
FÁBULA

• Narrativa de cunho didático e pedagógico;

• Personagens são animais personificados;

• Presença da “moral da história”;

• Atualmente, percebe-se tais características em


desenhos animados.
ROMANCE

• Narrativa extensa;

• A estrutura do romance é constituída por: o enredo


principal e as cenas secundárias;

• Devido à sua extensão e à sua divisão em núcleos, o


romance tende a apresentar de modo mais
explorado, desenvolvido, todos os elementos
narrativos .
CONTO:

• Narrativa concisa, centrada apenas em um núcleo;

• Há poucas personagens; tempo e espaço restritos; poucas


ações, concentrando-se, normalmente, em apenas uma
intriga; e descrições superficiais;

• Enquanto o romance pode ser comparado a um filme, o


conto se assemelha à fotografia: o contista, assim como o
fotógrafo, capta uma situação, tentando explorar o máximo
dela.
CRÔNICA:

• Gênero híbrido: articula Literatura e informação;

• Publicada inicialmente nos jornais;

• O tempo é fator crucial na composição deste gênero;

• Os episódios são relatados em uma ordem sequencial, progressiva,


como o arrastar das horas, dos dias, dos meses ou das estações do
ano na realidade;

• O cronista é um observador sensível dos fatos do cotidiano.


NOVELA:

• É mais extensa do que o conto e menor que o romance;

• Estruturada em um núcleo narrativo;

• Difere-se da telenovela, que é uma das mais recentes


espécies do gênero dramático.
EPOPEIA

• Poemas narrativos de grande extensão;

• Tradicionalmente apresentam cinco partes:


1. Proposição: Apresentação do tema;
2. Invocação: Apelo às divindades ou pedido de inspiração para
conseguir narrar a epopeia;
3. Dedicatória: Agradecimento e a uma dedicatória destinadas aos
mecenas que financiaram a composição da obra;
4. Narração: Ocorre a narrativa das andanças e das façanhas do
herói;
5. Epílogo: trecho em que o narrador retoma, sucintamente, todo o
enredo da epopeia e retrata o desfecho.
GÊNERO DRAMÁTICO

• A palavra drama, em sua etimologia, significa ação, por isso


predomina a ação sobre a narração;

• Há o emprego do tempo presente;

• Estruturado em diálogos;

• Presença das rubricas.


Tragédia

DRAMÁTICO
Comédia
Drama
Auto
TRAGÉDIA:

• Representa acontecimentos que causavam no público


terror e compaixão;

• O herói é levado a sacrificar a si ou a própria família,


para proteger ou salvar a sociedade como um todo;

• Objetivam provocar a catarse: purificação das emoções


dos espectadores.
COMÉDIA:

• Aborda cenas humorísticas e leves;

• Personagens caricatas – bufões e clowns – expõem o que há


de ridículo e patético nas pessoas e na sociedade;

• A comédia ensina por meio do humor grotesco, a


ridicularização.
DRAMA:

• Estava diretamente vinculado à burguesia emergente;

• Diferentemente do que ocorre na comédia e na tragédia,


no drama, as personagens assemelham-se às pessoas do
cotidiano;

• As ideias de destino, estagnação e manutenção de


normas são substituídas pela força de vontade e pela
liberdade.
AUTO:

• Peça curta que retratam assuntos religiosos;

• No Brasil, foi o gênero utilizado pelo Padre Anchieta


para o processo de catequização dos indígenas;

• Os autos mais contemporâneos rompem e até


ridicularizam os moralismos de certos representantes
da fé católica, ainda que permaneçam sustentando o
caráter moralizante desse gênero.

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