DISERTAÇÃO
DISERTAÇÃO
DISERTAÇÃO
Rio de Janeiro
2017
Marcelle Jacomelli Ramos
Rio de Janeiro
2017
Catalogação na fonte
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
Biblioteca
Evaluation of the microbiological tests carried out in a clean room and elaboration of
an environmental monitoring plan for the manipulation of injectables used in anti-
cancer therapy
Marcelle Jacomelli Ramos
Aprovada em _____/_____/_____
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________________________
Maria Helena Simões Villas Boas (Doutora)
Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
___________________________________________________________________
Erica Louro da Fonseca (Doutora)
Bio–Manguinhos
___________________________________________________________________
Verônica Viana Vieira (Doutora) – Orientadora
Instituto Oswaldo Cruz
___________________________________________________________________
Priscila da Nobrega Rito (Doutora) – Co-orientadora
Instituto de Tecnologia em Fármacos
Dedico este trabalho à minha família,
que sempre ao meu lado, me deu
apoio e incentivo para conquistar
todos os meus sonhos.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, orgulhos da minha vida, por toda dedicação e confiança na busca
dos meus sonhos.
Á minha amiga e co-orientadora Prof.ª Dra Priscila Rito pelas palavras de incentivo e
contribuição durante o trabalho.
Á minha orientadora, Prof.ª Dra Verônica Vieira, pelo acolhimento como sua aluna e
acompanhamento deste trabalho. A sua calma foi fundamental nos meus momentos
de ansiedade.
"Faça o teu melhor, na condição que você tem, enquanto você não tem condições
melhores, para fazer melhor ainda!"
Mario Sergio Cortella
RESUMO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 20
1.1 O CÂNCER E O PAPEL DE UM HOSPITAL NO TRATAMENTO
ONCOLÓGICO.............................................................................................. 20
1.2 TERAPIA ANTI-CÂNCER............................................................................. 21
1.3 MANIPULAÇÃO DE SOLUÇÕES INJETÁVEIS............................................ 22
1.4 AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA E O PAPEL
REGULADOR SOBRE A MANIPULAÇÃO MAGISTRAL E OFICINAL......... 23
1.5 LEGISLAÇÕES SOBRE BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO DE
INJETÁVEIS.................................................................................................. 25
1.6 ÁREA LIMPA.................................................................................................. 29
1.6.1 Legislação e normas para classificação de área limpa............................. 30
1.6.2 Parâmetros de um sistema de área limpa................................................. 33
1.6.2.1 Sistema de filtragem................................................................................ 34
1.6.2.2 Número de trocas de ar e distribuição do ar............................................ 34
1.6.2.3 Diferencial de pressão............................................................................ 35
1.7 REQUALIFICAÇÃO E MONITORAMENTO DE PARTÍCULAS TOTAIS NO
AMBIENTE..................................................................................................... 37
1.7.1 Plano de monitoramento de partículas não viáveis................................... 41
1.7.1.1 Contagem de partículas.......................................................................... 41
1.7.1.2 Diferencial de pressão............................................................................. 43
1.7.1.3 Temperatura e umidade relativa.............................................................. 44
1.8 MONITORAMENTO DE PARTÍCULAS VIÁVEIS NO AMBIENTE................ 44
1.8.1 Plano de monitoramento microbiológico..................................................... 47
1.8.1.1 Amostragem do ar.................................................................................... 48
1.8.1.1.1 Amostragem ativa do ar........................................................................ 48
1.8.1.1.2 Amostragem passiva do ar................................................................... 49
1.8.1.2 Amostragem da superfície....................................................................... 50
1.8.1.3 Análise dos funcionários.......................................................................... 52
1.8.1.4 Meios de cultura e período de incubação............................................... 54
1.8.1.5 Plano e frequência de amostragem......................................................... 56
1.9 PLANO DE AÇÕES CORRETIVAS E PREVENTIVAS................................. 59
1.10 JUSTIFICATIVA........................................................................................... 59
2 OBJETIVO GERAL.......................................................................................... 61
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................... 61
3 METODOLOGIA............................................................................................... 62
3.1 AVALIAÇÃO DAS PRÁTICAS DE AMOSTRAGEM DE PARTÍCULAS
VIÁVEIS REALIZADA PELA EMPRESA PRESTADORA DE SERVIÇO E
COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS COM OS DO ESTUDO........................... 62
3.1.1 Realização da amostragem de partículas viáveis no estudo...................... 62
3.1.2 Materiais utilizados nas amostragens realizadas no estudo....................... 64
3.1.3 Amostragem ativa do ar............................................................................. 64
3.1.4 Amostragem passiva do ar......................................................................... 65
3.1.5 Incubação das amostras............................................................................. 65
3.1.6 Análise estatística dos resultados da amostragem do ar realizadas no
estudo e pela empresa......................................................................................... 66
3.2 ESTABELECIMENTO DOS LIMITES DE ALERTA E PROPOSTA DE
AÇÕES NO CASO DO RESULTADO NO MONITORAMENTO AMBIENTAL
EXCEDER O LIMITE DE ALERTA...................................................................... 67
3.3 ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL........ 68
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 71
4.1 AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO DAS PRÁTICAS DE
AMOSTRAGEM MICROBIOLÓGICA REALIZADA PELA EMPRESA
PRESTADORA DE SERVIÇO............................................................................. 71
4.2. REALIZAÇÃO DA AMOSTRAGEM MICROBIOLÓGICA NO PRESENTE
ESTUDO E COMPARAÇÃO COM OS RESULTADOS OBTIDOS PELA
EMPRESA............................................................................................................ 76
4.2.1 Amostragem ativa do ar ............................................................................. 76
4.2.1.1 Avaliação dos resultados da análise do ar realizados pela empresa ..... 76
4.2.1.2 Avaliação dos resultados da análise do ar realizados no
estudo.................................................................................................................. 78
4.2.2 Amostragem passiva do ar ........................................................................ 87
4.3 ESTABELECIMENTO DOS LIMITES DE ALERTA E A ELABORAÇÃO DE
UM PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL ............................................. 95
5 CONCLUSÃO................................................................................................... 106
6 PERSPECTIVAS.............................................................................................. 108
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 109
ANEXO A- PLANTA BAIXA DA ÁREA LIMPA COM OS PONTOS DE
AMOSTRAGEM ATIVA DO AR.......................................................................... 120
ANEXO B - PLANTA BAIXA DA ÁREA LIMPA COM OS PONTOS DE
AMOSTRAGEM PASSIVA DO AR..................................................................... 121
APÊNDICE A - PLANO DE MONITORAMENTO AMBIENTAL DE UMA ÁREA
LIMPA DE MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS ANTI-CÂNCER, DE
SUPORTE E NUTRIÇÃO PARENTERAL............................................................ 122
20
1 INTRODUÇÃO
Área limpa é uma área física restrita e apropriada com controle rigoroso de
partículas, temperatura, umidade e com grau de diferenciação de pressão entre as
salas. Deve ser projetada, construída e utilizada de forma a minimizar a introdução,
geração e retenção de partículas viáveis e não viáveis, fornecendo um ambiente de
qualidade para a produção de soluções estéreis (FARMACOPEIA..., 2010).
A redução de partículas totais (viáveis e não viáveis) em uma área limpa é
atribuída principalmente ao sistema de aquecimento, ventilação e ar condicionado
(HVAC – heating, ventilation, air conditioning). O sistema HVAC é um complexo
sistema de tratamento de ar e contém como parte da sua estrutura uma unidade de
tratamento de ar (UTA) que consiste de ventilador mecânico, elementos de
aquecimento, resfriamento, elementos de filtragem, atenuadores de ruído, grelhas
de admissão, saídas de ar, dutos de captação, distribuição e retorno do ar. A
manutenção de todos esses componentes é fundamental para o pleno desempenho
do sistema de tratamento de ar em uma área limpa (ANVISA, 2013).
O sistema HVAC permite o controle da temperatura e umidade garantindo
condições necessárias ao bom desempenho dos equipamentos, auxílio no controle
30
continuam a ser utilizados como referência para a produção asséptica em área limpa
(PINTO; KANEKO; PINTO, 2015, WHYTE, 2003).
O Quadro 1 correlaciona as classes ISO 14644-1 com outras classificações
de área limpa "em repouso". O número máximo de partículas em suspensão no ar
permitido para condições “em repouso” e “em operação” está definido no Quadro 2.
O Quadro 3 correlaciona a classificação da área com os limites máximos aceitáveis
de partículas viáveis de vários guias e normas de boas práticas de produção.
Cada etapa do processo de produção de estéreis exige uma classificação da
área conforme a atividade desempenhada e o Grau de risco de contaminação do
produto decorrente dessa atividade (ANVISA, 2010, EUROPEAN COMISSION,
2008), assim as áreas são classificadas em:
Grau A (ISO classe 5) – área de alto risco operacional. Onde é realizado o
envase, abertura de ampolas e conexões assépticas. Operação geralmente feita em
sistema de fluxo unidirecional.
Grau B (ISO classe 5) – área circundante à área Grau A. Área de preparação
e envase asséptico.
Grau C e D (ISO classe 7 e 8) – áreas onde são realizadas etapas menos
críticas. Área onde o produto não está diretamente exposto.
Quadro 3 - Número máximo de partículas viáveis permitidas para cada tipo de monitoramento
durante o processo de produção.
Classificação da
Tipo de EU GMP; Anvisa (2013); FDA
área limpa USP
monitoramento WHO Annex 6 GMP
(Grau)
A <1 1 >1
Amostragem ativa B 10 7 ND
3)
do ar (UFC/m C 100 10 > 10
D 200 100 > 100
A <1 1 ND
Amostragem
B 5 3 ND
passiva do ar (placa
90 mm) (UFC/4 h) C 50 5 ND
D 100 50 ND
A <1 ND >3
Placas de contato
B 5 ND ND
(placa de 55 mm)
(UFC/placa) C 25 ND >5
D 50 ND > 100
A <1 ND >3
Teste de contato B 5 ND ND
das luvas (5 dedos)
(UFC/luva) C ND ND ND
D ND ND ND
EU GMP = EU Guidelines to Good Manufacturing Practice; Anvisa = Agência Nacional de
Vigilância Sanitária; WHO = World Health Organization; FDA GMP = FDA Guidance for Industry –
Sterile Drug Products Produced by Aseptic Processing – Current Good Manufacturing Practice;
USP = United States Pharmacopeia; UFC = Unidades formadoras de colônias.
fonte: elaborada pela própria autora ND – valor não definido
WHYTE, 2003). Essa velocidade do ar através dos filtros promove uma perda de
carga (queda de pressão) entre 120-170 Pa. Uma perda superior a 2,5 a 3 vezes o
limite esperado requer limpeza ou substituição dos filtros HEPA (WHYTE, 2003).
Esse aumento da perda de pressão ocorre pela saturação do filtro por acúmulo de
partículas (ANVISA, 2013).
O rigor de uma área quanto ao número de partículas totais está relacionado
ao número de trocas de ar. Esse parâmetro indica quanto de ar limpo é necessário
ser insuflado em uma área para renovar e expulsar o ar contaminado. Portanto,
quanto maior a classificação exigida para a área, maior a taxa de troca de ar
necessária (PEYTON; ABDOU, 1995, WHYTE, 2003). Uma área limpa para atingir
uma classificação específica deve ter uma taxa de troca de ar capaz de remover a
quantidade de partículas geradas durante o processo de produção devido às
atividades dos funcionários, equipamentos e característica do produto, capaz de
neutralizar a carga térmica e manter em equilíbrio o sistema de insuflamento e
exaustão a fim de assegurar o diferencial de pressão necessário entre os diferentes
ambientes da área limpa (USP, 2016c, ANVISA, 2013, WHYTE, 2003).
A taxa mínima de troca de ar em áreas limpas varia de 20 a 600 trocas de ar
por hora, de acordo com o rigor de partículas no ar necessário para o ambiente de
produção (PEYTON; ABDOU, 1995).
Antecâmara
Antecâmara
Quadro 5 - Frequência e estado de ocupação para a realização dos principais ensaios para
comissionamento, qualificação e requalificação de uma área limpa de produtos estéreis
farmacêuticos.
Intervalo
máximo Estado de ocupação da
Ensaios Classificação da área
sugerido área
(ISO 14644-2)
≤ ISO classe 5 6 meses * Repouso, construído e
Contagem de partículas
> ISO classe 5 12 meses * em operação
Volume de ar (nº de trocas Repouso, construído e
> ISO classe 5 12 meses*
de ar) em operação
Velocidade e uniformidade Repouso, construído e
ISO classe 5 12 meses*
do fluxo de ar em operação
Repouso, construído e
Diferencial de pressão Todas as classes 12 meses*
em operação
Vazamento do filtro
Todas as classes 24 meses** Repouso e construído
instalado
Ensaio e visualização do
Todas as classes 24 meses* Repouso e construído
sentido do fluxo de ar
Não recomendado
Recuperação para fluxo unidirecional 24 meses* Repouso e construído
e ISO classe 8 e 9.
Integridade da contenção ≥ ISO classe 6 24 meses* Repouso e construído
Repouso, construído e
Temperatura e Umidade Todas as classes Não especificado
em operação
*Os ensaios devem ser realizados no intervalo sugerido ou após ações corretivas e interrupção do
fluxo de ar. ** Os ensaios devem ser realizados no intervalo sugerido, após ações corretivas,
interrupção do fluxo de ar e após troca dos filtros finais.
fonte: adaptada pela autora a partir da ISO (2000) e ABNT (2009).
Umidificador e serpentinas de
Desencrustação semestral e limpeza trimestral
aquecimento e resfriamento
Grau C Semanalmente
esperado tende a ser reduzido. Porém, mesmo que a significância seja reduzida, a
determinação dos limites de alerta e ação permite acompanhar a evolução do
ambiente de produção e estabelecer condutas a serem realizadas na investigação e
resolução até o restabelecimento do controle.
O conhecimento qualitativo da microbiota quanto ao gênero e/ou espécie em
uma área limpa é uma ferramenta importante, pois permite criar um banco de dados
com os micro-organismos encontrados na área limpa e avaliar as tendências de
ocorrência e mudanças dos principais grupos da microbiota e níveis e tipos de
micro-organismos presentes no monitoramento realizado como rotina (PDA, 2014,
PINTO; KANEKO; PINTO, 2015, USP, 2016b).
Embora a caracterização e a identificação da microbiota presente na área não
sejam obrigatórias, e sim uma orientação, principalmente quando os limites de ação
são excedidos, recomenda-se que a identificação faça parte do programa de
monitoramento, pois essas informações permitem conhecer as características dos
micro-organismos quanto à capacidade de resistência e patogenicidade, identificar
as possíveis fontes de contaminação e correlacionar com práticas de limpeza,
desinfecção e higiene dos funcionários, permitindo o planejamento de ações efetivas
(PACHECO; PINTO, 2010, USP, 2016b). Pode ser estabelecido um esquema de
caracterização e identificação dos micro-organismos a partir da classificação da área
e o limite (alerta ou ação) atingido no monitoramento. Em ambientes menos
rigorosos, Grau C e D, pode ser realizada a caracterização microbiana quando
atingido o limite de alerta e a identificação quando atingido o limite de ação, e em
ambientes críticos, Grau A e B, deve ser realizada a identificação dos micro-
organismos, independente do limite atingido (PDA, 2014).
A identificação dos micro-organismos deve estar atrelada à classificação da
área, a atividade desempenhada e ao item amostrado (vestimenta, mão do
funcionário, água, ar e superfície), para que possíveis migrações de micro-
organismos possam ser identificadas a fim de se estabelecer uma relação causal
(FDA, 2004, SANDLE, 2011).
Estudos mostram que os micro-organismos mais encontrados em áreas
limpas industriais de diferentes partes do mundo são as bactérias Gram-positivas.
Dentre estas, os gêneros mais isolados em áreas limpas são Micrococcus spp.,
Staphylococcus spp. e os formadores de endósporos do gênero Bacillus spp.
(FAVERO et al, 1966, HALLS, 2003, PACHECO; PINTO, 2010, PARK et al 2013,
47
SANDLE, 2011, WU; LIU, 2007). Em menor número estão as bactérias Gram-
negativas e, em seguida, os fungos. A presença de bactérias Gram-negativas está
relacionada a áreas com presença de água, umidade, deficiência na limpeza e
desinfecção (PACHECO; PINTO, 2010, SANDLE, 2011) e higiene pessoal dos
funcionários, sendo geralmente mais comum em áreas com menor Grau de
classificação de ambiente, em que o controle de partículas não é tão rigoroso. Por
isso, nesses ambientes, é esperado e aceitável uma maior diversidade da microbiota
(SANDLE, 2011). A diferença de uma área limpa com maior Grau de classificação de
ambiente de uma com menor classificação, não é apenas o número de colônias
formadas, mas sim, os tipos de micro-organismos identificados nessas áreas
(FAVERO et al, 1966).
O método convencional, ainda muito empregado, para o monitoramento
ambiental descrito nas Farmacopeias (Americana, Brasileira, Europeia e Japonesa),
assim como na legislação nacional (RDC Nº 17/2010) e normas internacionais (FDA
GMP e EU GMP) são baseados na recuperação de micro-organismos em meios de
cultura após um período de incubação. Esses métodos, por limitação da própria
técnica, não são capazes de quantificar todos os micro-organismos presentes no
ambiente (USP, 2016b). Além disso, há os micro-organismos viáveis, mas não
cultiváveis (viable but non-culturable – VBNC), que entram em estado de latência em
resposta a condição de estresse que são submetidos, não sendo, recuperados nos
meios de cultura e temperatura de incubação usualmente empregada no
monitoramento ambiental (OLIVER, 2014).
1.8.1.1 Amostragem do ar
fungos e leveduras, porém, outros meios equivalentes podem ser utilizados. Para
pesquisa de bactérias anaeróbias ou outros micro-organismos não comumente
encontrados em áreas de produção de injetáveis, meios de cultura e período de
incubação específicos devem ser empregados (FARMACOPEIA..., 2010,
JAPANESE PHARMACOPEIA, 2011, USP, 2016b). As condições de incubação
sugeridas para a identificação de bactérias aeróbias são temperatura de 30-35ºC por
um período de 2 a 3 dias, e incubação em 20-25ºC por 5 a 7 dias para identificação
de fungos (FDA, 2004; PINTO; KANEKO; PINTO, 2015; USP 2016c).
Pode ser empregado um único meio de cultura não seletivo, geralmente TSA,
com alternância do tempo e da temperatura de incubação a fim de favorecer a
identificação de bactérias aeróbias e fungos (FARMACOPEIA..., 2010, SANDLE,
2014a, USP, 2016b), contudo, não há um consenso da ordem de incubação ao se
utilizar esses meios. A incubação inicial dos meios de cultura a 20-25°C favorece o
crescimento de fungos, o que pode dificultar a identificação e a contagem de
colônias de bactérias. A incubação inicial do meio a 30-35°C favorece o crescimento
de bactérias, porém, a alta temperatura pode inativar as enzimas do fungo e impedir
a sua recuperação favorecendo um resultado falso negativo. Portanto, a escolha da
ordem de incubação a ser empregado no monitoramento deve privilegiar a
recuperação dos micro-organismos mais prevalentes em cada ambiente da área
limpa (SANDLE, 2014a).
Em áreas GRAU A, como a incidência de fungo esperada é baixa, admite-se
o uso do meio não seletivo com dois esquemas de incubação. A vantagem no uso
do meio não seletivo se deve a menor intervenção humana durante o processo de
produção devido a utilização de um número reduzido de placas, menor
contaminação do ambiente com resíduo do meio de cultura, além, da redução de
custos (GORDON; BERCHTOLD; STAERK, 2014, SANDLE, 2014a).
Em área limpas, quando não se conhece a microbiota presente ou há um
crescimento significativo de fungos é preferível utilizar meios seletivos ao invés de
meios não seletivos no monitoramento. Em ambientes bem controlados e com
conhecimento da microbiota é possível definir o uso do meio não seletivo e a ordem
de incubação que favoreça a identificação do micro-organismo prevalente naquele
ambiente. É possível também associar, de acordo com a microbiota, os diferentes
regimes de incubação (meio seletivo e não seletivo) para o monitoramento do ar,
56
Área não adjacente à área critica Uma vez ao dia Uma vez ao dia
1.10 JUSTIFICATIVA
2 OBJETIVO GERAL
3 METODOLOGIA
ano. Os pontos 8a, 9a e 10a não foram amostrados, pois a CSB 3 não foi utilizada
para a manipulação durante o período do estudo. A amostragem nas salas de
manipulação de medicamentos quimioterápicos e de suporte foi realizada durante as
atividades de manipulação.
Na sala de manipulação de nutrição parenteral, a amostragem foi realizada
nos pontos 1a, 2a, 3a, 4a, 5a, 6a e 7a no período de 7 de junho de 2016 a 26 de
julho de 2016. A amostragem na sala de manipulação de nutrição parenteral foi
realizada imediatamente após a limpeza e desinfecção da sala, na ausência de
funcionários e materiais, conforme rotina do setor.
Para determinação dos limites de alerta por amostragem ativa do ar das salas
de manipulação da nutrição parenteral, quimioterapia, medicamentos de suporte e
BCG e suas respectivas antecâmaras e das superfícies das salas de manipulação
foram utilizados os resultados históricos das amostragens realizadas pela empresa
prestadora de serviço. O período coletado para análise dos resultados do ar e da
superfície foi de agosto de 2015 a setembro de 2016.
Os limites de alerta para cada ponto amostrado na área limpa do estudo
foram calculados pelo método Cutoff Value Approach, um dos métodos descritos no
Guia PDA Technical Report Nº13 - Fundamentals of an Environmental Monitoring
Program publicado em 2014 e também utilizado pela empresa Bio-manguinhos.
Os valores acima do limite máximo estabelecido pelas agências reguladoras
foram excluídos dos cálculos, pois poderiam gerar valores de limites de alerta altos,
inclusive acima do máximo especificado pela legislação.
Para o cálculo foi necessário estabelecer a frequência absoluta para cada
valor encontrado, seguido de cálculo da frequência relativa e posteriormente a
frequência relativa cumulativa. O resultado correspondente ao percentil 95% foi
determinado como o limite de alerta.
68
Farmacopeias:
- International Organization for Standardization (ISO, 2015a, ISO, 2015b, ISO, 2000
e ISO, 2003);
*
Benchmarking – Consiste no processo de busca das melhores práticas numa determinada indústria e
que conduzem ao desempenho superior. É visto como um processo positivo e através do qual uma
empresa examina como outra realiza uma função específica a fim de melhorar a forma como realiza a
mesma ou uma função semelhante.
**
Brainstorming – (tempestade de ideias) - A técnica propõe que um grupo se reúna e utilize a
diversidade de pensamentos e experiências para gerar soluções inovadoras, sugerindo qualquer ideia
que vier à mente a respeito do tema tratado. Com isso, espera-se reunir o maior número possível de
ideias, visões, propostas e possibilidades que levem a um denominador comum e eficaz para
solucionar problemas e entraves que impedem um projeto de seguir adiante.
71
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
extensão do filtro absoluto. Para a sua execução era necessária grande intervenção
do funcionário da empresa no ambiente de produção. Como o método “varredura”
não está documentado em nenhuma literatura, não há estabelecido tempo e volume
de amostragem, não tendo sua eficiência comprovada.
Uma forma de avaliar a qualidade microbiológica do ar proveniente de um
filtro absoluto em uma área Grau A, bem como verificar a sua eficiência, ocorre
através da realização do monitoramento ambiental de partículas viáveis e totais com
o ambiente em repouso, de acordo com a literatura consultada. Segundo a Anvisa,
na Resolução RDC nº 17/2010, esses ensaios devem ser realizados após o tempo
de recuperação da área limpa. A WHO (2011) e Sandle (2012) descrevem que, o
ensaio em repouso permite avaliar a eficiência do sistema de filtragem no
restabelecimento da qualidade do ar e conhecer o nível de biocontaminação do
ambiente sem a interferência humana, de materiais e de atividades no momento da
amostragem.
A Farmacopeia Americana descreve os riscos de contaminação em uma área
Grau A, com possível consequência de contaminação do produto ou de um
resultado falso-positivo, devido aos métodos manuais e dependentes da intervenção
humana para a amostragem. Nesses casos, quando o risco excede o benefício, é
possível eliminar a amostragem, desde que justificada (ANVISA, 2013). No entanto,
procedimentos considerados invasivos e sem respaldo na literatura são
injustificáveis. Diante dos dados, foi recomendada a exclusão do método “varredura”
no plano de monitoramento ambiental da área limpa em estudo.
Outro método avaliado na rotina de monitoramento foi a amostragem das
luvas dos funcionários em áreas Grau C. O laudo emitido pela empresa descrevia
como limite máximo permitido até 20 UFC/placa, referenciado pela USP-30 (2007).
Foi realizada uma busca nas edições da Farmacopeia Americana e visto que até
2011, o capítulo <1116> aceitava um limite máximo de crescimento de micro-
organismos nas luvas dos funcionários em área Grau C de até 10 UFC/placa e não
20 UFC/placa, como referenciado no laudo da empresa. Em 2012, o capítulo <1116>
foi completamente revisado e com a atualização foi proposta uma análise diferente
para a tomada de ações em casos de desvios, de forma a considerar a taxa de
incidência da contaminação durante um determinado período e excluído os limites
aceitáveis com valores absolutos para crescimento de micro-organismo nas
amostragens realizadas no ar, superfícies e pessoal.
75
3
A escala de umidade é a mesma escala de contagem microbiana (UFC/m ).
3
A escala de umidade é a mesma escala de contagem microbiana (UFC/m ).
artigos citados acima foi concluído que a sala de nutrição parenteral consegue
manter baixo o nível de partículas viáveis, mesmo com a umidade alta da sala
(média 75%). Esse resultado foi atribuído ao bom desempenho do sistema HVAC,
ao alto rigor da limpeza e desinfecção da sala e dos mobiliários, ao estado de
ocupação (em repouso) da sala no momento da amostragem e as condições
rigorosas de paramentação, alinhada ao domínio das condutas assépticas
praticadas pelos funcionários (ABREU; PINTO; OLIVEIRA, 2003). Porém, é
considerado fundamental conhecer o nível de contaminação por partículas viáveis,
na sala de manipulação (Grau C) e no EFU (Grau A) durante o processo de
manipulação. O resultado desse tipo de amostragem, não elimina os riscos de
contaminação do produto manipulado, indica apenas que o sistema de filtragem está
qualificado para uso. Os ensaios de monitoramento do ambiente de produção em
operação são considerados essenciais e têm o objetivo de verificar o nível de
partículas viáveis alcançado durante as atividades permitindo avaliar o desempenho
dos equipamentos de filtragem e o grau de comprometimento do ambiente e do
produto durante o processo de manipulação proveniente do fluxo de materiais,
pessoas e condutas dos funcionários (FARMACOPEIA..., 2010, SANDLE, 2012).
Logo, diante do exposto considera-se primordial a revisão dos procedimentos de
monitoramento no ambiente de manipulação de nutrição parenteral a fim de incluir a
amostragem do ar em operação.
Na sala de manipulação de medicamentos de suporte foram amostrados os
pontos 16a, 17a, 18a e 22a no período de junho a setembro de 2016 (Anexo A). Os
pontos 19a, 20a, 21a e 23a não foram amostrados, inicialmente, por limitação de
placas com meio de cultura disponíveis e tempo para amostragem. Com a
interrupção da amostragem na sala de manipulação de nutrição parenteral em
27/07/2016, iniciou-se a amostragem desses pontos em 02/08/2016.
Os resultados obtidos nos pontos 16a e 19a (Grau A) mostraram ausência de
crescimento de colônias, conforme esperado para um ambiente com essa
classificação (ANVISA, 2013, EUROPEAN COMISSION, 2008).
A comparação estatística dos resultados obtidos no estudo e pela empresa
nos pontos 17a, 18a, 20a, 21a e 23a foram colocados na tabela 1. Nesta
comparação adotamos o teste bilateral uma vez que tínhamos como objetivo avaliar
se os resultados eram estatisticamente iguais.
81
17a 0,6142
18a 0,3546
20a 0,1563
21a 0,8339
23a 0,674
*teste Wilcoxon–Mann Whitney, teste bilateral, α=0,05
Foi verificado que nos pontos 17a, 18a e 20a, a recuperação de colônias de
bactéria no estudo foi mais eficiente que o da empresa (α=5% teste unilateral à
direita). Já ao comparar a recuperação fúngica, observa-se pelo p-valor que não é
possível comprovar a maior eficiência na recuperação de fungos no estudo (α=5%
teste unilateral à direita). Essa maior recuperação de bactérias no estudo pode ser
justificada pelo maior tempo de incubação das placas em temperatura a 30-35°C.
Nos pontos 21a e 23a, não há comprovação de que a recuperação de
colônias de bactérias e fungos no estudo tenha sido mais eficiente do que a
recuperação feita pela empresa. No entanto, devido aos poucos resultados obtidos
durante o estudo nos pontos 20a, 21a e 23a, os dados estatísticos obtidos não
podem ser considerados conclusivos, apenas indicativos.
A amostragem no ponto 22a foi realizada somente no estudo do período de
14/06/2016 à 24/08/2016. Esse ponto não fazia parte da rotina no monitoramento da
área limpa, porém, foi decidido amostrá-lo por ser um ponto de alto fluxo de pessoas
e materiais e, a partir do dia 31/08, a empresa iniciou a amostragem desse ponto,
sendo realizada junto com a amostragem realizada no estudo. Devido aos poucos
resultados obtidos pela empresa, não foi possível realizar o tratamento estatístico
para comparação dos resultados nesse ponto.
Foi observada a prevalência de fungos no ponto 22a amostrado no estudo e,
a partir do dia 31/08 (data que a empresa inicia a amostragem desse ponto),
também pela empresa. A presença de fungos pode estar relacionada à proximidade
desse ponto a portas e pass-throughs e a maior quantidade de materiais e fluxo de
pessoas na sala, já que a mesma estava sendo utilizada para a manipulação de
medicamentos de suporte e medicamentos quimioterápicos.
Outro fato observado foi que embora a sala de manipulação de medicamentos
de suporte tenha a partir do dia 31/08, reduzido o número de funcionários e
materiais na sala devido à transferência da manipulação dos medicamentos
quimioterápicos para a sala de origem (sala de manipulação de medicamentos
quimioterápicos), não foi observada redução no número de contagem de colônias
totais nos pontos 17a, 18a, 20a, 21a e 22a, provavelmente devido aos poucos
resultados obtidos após essa data.
O gráfico 3 mostra o resultado das amostragens realizadas no ponto 23a.
83
40
30
20
10
0
2/8 3/8 9/8 17/8 24/8 31/8 6/9 14/9 21/9
Data de amostragem
UFC estudo
Temperatura°C
50 18,5
UFC/m³
18
40
17,5
30 17
20 16,5
16
10 15,5
0 15
31/8 6/9 14/9 21/9
Data da amostragem
UFC estudo Umidade Temperatura
3
A escala de umidade é a mesma escala de contagem microbiana (UFC/m ).
18
40
17,5
30 17
20 16,5
16
10 15,5
0 15
31/8 6/9 14/9 21/9
Data da amostragem
UFC estudo Umidade Temperatura
3
Legenda: A escala de umidade é a mesma escala de contagem microbiana (UFC/m ).
Resultado com crescimento confluente na placa do estudo.
85
Temperatura°C
50 18,5
UFC/m³
18
40
17,5
30 17
20 16,5
16
10 15,5
0 15
31/8 6/9 14/9 21/9 28/9
Data da amostragem
UFC estudo Umidade Temperatura
Legenda: Resultado com crescimento confluente na placa do estudo.
Figura 3 - Placa com meio SBD amostrada no estudo com crescimento confluente (referente ao ponto
13a).
A partir da análise dos dados do estudo foi possível verificar uma maior
recuperação de colônias (média de 39 UFC) em pontos próximos a portas e a pass-
throughs da sala de manipulação de medicamentos de suporte e quimioterápicos
(pontos 14a, 17a, 18a e 22a). Já em pontos mais distantes das portas e pass-
throughs há uma tendência de menor crescimento microbiano, média de 18 UFC
(pontos 12a, 13a, 20a e 21a).
Os pontos amostrados nas antecâmaras tendem a ter um baixo crescimento
de colônias, devido à baixa circulação de pessoas. Foi possível identificar no gráfico
3 (ponto 23 da sala de manipulação de medicamentos de suporte), que a conduta
errada de uma funcionária, ao deixar a porta aberta no sentido de uma área de
menor classificação, refletiu em alto crescimento de colônias nas placas.
A partir do somatório de colônias de bactéria e fungos recuperadas no estudo
por amostragem ativa nos pontos 12a, 13a, 14a, 15a 17a, 18a, 20a, 21a, 22a e 23a
(Tabela 3), foi verificada a prevalência de fungos na área limpa estudada. Esse
resultado pode ser justificado pela alta quantidade de material nas salas, como
embalagens de papel e plástico, utilizados na manipulação e pelo descontrole da
temperatura e principalmente da umidade na área limpa. Embora durante a
amostragem da sala de manipulação de medicamentos de suporte não tenha sido
registrada a umidade, o registro histórico da sala mostra uma variação de umidade
entre 65-70%. Na sala de manipulação de medicamentos quimioterápicos a média
da temperatura, durante o estudo, foi 17,8°C e da umidade 73,4% e, na sala de
nutrição parenteral a média da temperatura foi de 17°C e da umidade 75,8%.
87
Bactéria Fungo
Estudo 929 1652
pontos 5p e 6p
14 25
12
20
UFC/placa/4 horas
Temperatura°C
10
8 15
6 10
4
5
2
0 0
19/7
14/6
15/6
21/6
22/6
29/6
12/7
13/7
20/7
26/7
27/7
24/8
9/8
Data de amostragem
ponto 5p ponto 6p temperatura
(zero UFC/placa) no ponto 5p. Essa baixa recuperação pode ser explicada pela
limitação do método quanto à dependência da ação da gravidade e tamanho da
partícula. Em áreas dinâmicas com alto fluxo de ar, tanto turbulento quanto
unidirecional, as partículas tendem a seguir o fluxo de ar e não se depositarem sobre
as placas (ANDON, 2006, GEBALA; SANDLE, 2013). Para ocorrer a sedimentação
de partículas, geralmente as de maior diâmetro, tem que vencer o fluxo de ar para
se depositarem (JAPANESE PHARMACOPEIA, 2011, SANDLE, 2015).
O resultado estatístico da comparação desses dois pontos mostrou um p-
valor de 0,001577, indicando que a média de recuperação do ponto 6p foi superior
ao ponto 5p (α= 0,05, teste unilateral à direita). Esse resultado pode ser justificado
pelo ponto 6p estar localizado em um ambiente de maior circulação de pessoas e
materiais do que o ponto 5p.
Conforme Andon (2006), em áreas Grau A, onde as partículas tendem a ser
de pequeno diâmetro e o fluxo de ar alto, esse método pode ter baixa eficiência, não
sendo capaz de recuperar a verdadeira biocontaminação presente no ambiente. E à
medida que o grau de classificação da área torna-se menos rigoroso, é previsto um
aumento na recuperação dos micro-organismos nas placas. Porém, em áreas limpas
modernas, bem controladas e com o emprego de novas tecnologias em vestuário e
materiais, é esperada uma menor quantidade de partículas de grandes diâmetros
suspensas no ar e consequentemente, uma menor recuperação por esse método.
Conforme o Guia do FDA GMP (2004) e Sandle (2015), o método por
amostragem passiva não deve ser utilizado de forma isolada em um plano de
monitoramento ambiental. O não crescimento de colônias em placas de amostragem
por esse método não indica um ambiente livre de contaminação e sim a
impossibilidade desses contaminantes se depositarem sobre as placas (ANDON,
2006, FDA, 2004, ISO, 2003, JAPANESE PHARMACOPEIA, 2011). Logo, o uso
isolado não é recomendado por ser um método que pode gerar uma sensação falsa
de segurança e de ambiente com baixo risco de contaminação (ANDON, 2006).
A Farmacopeia Americana não descreve o uso desse método, porém o Guia
da Anvisa (ANVISA, 2013), Farmacopeia Brasileira (FARMACOPEIA..., 2010), Guia
de boas práticas de fabricação da Europa (EUROPEAN COMISSION, 2008) e da
OMS (WHO, 2011), recomendam a sua realização sempre associada ao método
ativo.
90
A justificativa para o emprego desse método por esses guias é que embora
esse método tenha limitações quantitativas, é considerado um indicador de práticas
assépticas durante todo o período de produção, diferente do método ativo, que
amostra o ar por um determinado período, deixando descoberto um período da
produção. Portanto, mesmo com as limitações do método, este foi considerado
fundamental em um plano de monitoramento a fim de se adequar às exigências da
legislação nacional, além de ser um método de baixo custo, não invasivo e o único
disponível para o monitoramento contínuo de partículas viáveis durante todo o
processo de manipulação. Porém, considera-se importante um estudo amplo para a
avaliação do método de amostragem passiva a fim de fundamentar a real
obrigatoriedade de tal método pela legislação nacional.
A prevalência de fungos em diversos pontos amostrados na área limpa do
estudo diverge dos dados encontrados na literatura. Diversas publicações
descrevem a prevalência bacteriana na microbiota de uma área limpa para fins
farmacêuticos, bem como descrevem a microbiota bacteriana humana como a mais
importante fonte de contaminação (FAVERO et al, 1966, HALLS, 2003, PACHECO;
PINTO, 2010, PARK et al, 2013, SANDLE, 2011, WU, 2007).
Porém, segundo Vijayakumar, Sandle e Manoharan (2012), a porcentagem de
recall de produtos contaminados por fungos e leveduras aumentou de 5% para 21%
em 12 anos. Além disso, esse estudo destaca que a contaminação fúngica e o seu
risco são subestimados pelas empresas farmacêuticas. Historicamente, há um maior
interesse na identificação de bactérias em área limpas, e os poucos estudos sobre a
microbiota fúngica mostram que os gêneros mais prevalentes são Aspergillus spp.,
Penicillium spp., Trychophyton spp. (SANDLE, 2011, VIJAYAKUMAR; SANDLE;
MANOHARAN, 2012); LOPOLITO; BARTNETT; POLARINE, 2007), Fusarium spp.,
Cladosporium spp., Alternaria spp. e Curvularia spp. (VIJAYAKUMAR; SANDLE;
MANOHARAN, 2012).
Em 2012, a contaminação fúngica de um produto farmacêutico para uso
injetável manipulado em uma farmácia de manipulação nos Estados Unidos resultou
na morte de 61 pessoas (SMITH et al, 2013), sendo considerado o caso mais grave
já existente. A contaminação do lote do produto foi predominantemente pela espécie
Exserohilum rostratum cuja infecção é considerada de difícil tratamento por
apresentar resistência a vários antifúngicos. Essa espécie apresenta baixa
identificação em áreas limpas e pertence ao grupo dos Dematiáceos, cuja
91
*
Micro-organismos psicrofílicos – são organismos extremófilos capazes de se desenvolverem e
reproduzirem em baixas temperaturas (menor que 15°C).
92
Quadro 10 - Número máximo de partículas viáveis para cada tipo de monitoramento durante o
processo de produção.
Tipo de Classificação da EU GMP; ANVISA FDA
USP
monitoramento área limpa (Grau) (2013); WHO Annex 6 GMP
A <1 1 >1
Amostragem ativa do B 10 7 ND
3)
ar (UFC/m C 100 10 > 10
D 200 100 > 100
A <1 1 ND
Amostragem passiva
do ar (placa 90 mm) B 5 3 ND
(UFC/4 h) C 50 5 ND
D 100 50 ND
A <1 ND >3
Placas de contato
(placa de 55 mm) B 5 ND ND
(UFC/placa) C 25 ND >5
D 50 ND > 100
A <1 ND >3
Teste de contato das
B 5 ND ND
luvas (5 dedos)
(UFC/luva) C ND ND ND
D ND ND ND
Quadro adaptado pela autora a partir das referências FDA (2004), USP (2016c), EUROPEAN
COMISSION (2008), WHO (2011) e ANVISA (2013).
*Amostras de áreas Grau A deveriam normalmente não ter nenhum contaminante microbiológico.
Todo o período de Uma vez Todo o período Uma vez Uma vez
Grau A
produção por turno de produção por turno por turno
Quando houver
Grau B Diária Diária Diária Diária
produção
Grau C Semanal Semanal Semanal Semanal NR
Grau D NR Mensal Mensal NR NR
Quando houver Uma vez Uma vez por Uma vez Uma vez
EFU em área Grau B
produção por turno turno por turno por turno
EFU em área Grau C Semanal Semanal Semanal Semanal Semanal
EFU em área Grau D Mensal Mensal Mensal Mensal Mensal
NR - Não Requerido
EFU – Equipamento de fluxo Unidirecional
fonte: adaptada pela autora a partir de ANVISA (2013).
Tabela 4 - Limites de alerta de contaminação do ar, por ponto de amostragem (amostragem ativa), e
das superfícies da área limpa.
Grau de Limites de alerta
Área de
Pontos de amostragem classificação da Ar (Ativa) Superfície
amostragem 3
área (UFC/m ) (UFC/placa)
parenteral
Antecâmara C 25 7
9a C 53 7
10a C 60 7
Quimioterapia
12a C 35 7
13a C 40 7
14a C --- 7
15a C 25 7
BCG
Centro da sala D 55 7
Tabela 5 - Limites de alerta de contaminação do ar, por sala (amostragem ativa), e das superfícies da
área limpa.
Limite de alerta
Pontos de Grau de classificação do
Área de amostragem Ar (ativa) Superfície
amostragem local de amostragem
(UFC/mᶟ) (UFC/placa)
parenteral
Sala de manipulação C 20
Nutrição
7
Antecâmara C 25
Quimioterapia
Sala de manipulação C 45
7
Antecâmara C 25
BCG
Sala de manipulação D 55 7
5 CONCLUSÃO
6 PERSPECTIVAS
REFERÊNCIAS
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Environmental Monitoring Programs. PDA J Sci and Tech., v. 60, n. 6, p. 350-355,
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British Columbian hospitals pre- and post-cleaning. J Oncol Pharm Practice, v. 18.
n. 1, p. 46-51, 2011.
DIAZ, B.R. et al. Strategies for the assessment of Disinfection and Cleaning on
Biopharmaceutical Cleanroom. ABER, v. 2, p.18-27, 2014.
112
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tragic lessons of the past. Am J Health-Syst Pharm., v. 70, p. 1415-1427, 2013.
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2015. Disponível em:
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119
23a 15a
17a 3a
7 14a 10a 3 7a 1
1a
16a 22a 8a
18a 9a 2a
6 20a 13a 4 6a 2
19a 11a 4a
12a 5a
21a
Área Grau C
7 1
4p 3
7p
6p
3p 142p
6 4 2
5p 1p
9
Área Grau C
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO....................................................................................... 126
LISTA DE APÊNDICES
1. INTRODUÇÃO
contaminação ao produto, como teto, parede e chão, podem ser incluídos no plano de
amostragem de forma aleatória29,32.
Os resultados do monitoramento permitem criar ferramentas como gráficos de
tendência histórica, estabelecer e atualizar os limites de alerta e ação para os
parâmetros que se quer acompanhar, estabelecer condutas corretivas e preventivas no
caso dos níveis de contaminação exceder esses limites e investigação quando for
identificada contaminação pontual ou sequencial16,20,25.
Para determinação dos limites de alerta do ar e das superfícies de uma área
limpa é recomendado utilizar os resultados históricos das amostragens realizadas na
área. Na elaboração desse manual foram considerados, no mínimo, 100 resultados
para cada ponto ou área amostrada. Os limites de alerta foram calculados pelo método
“Cut off Value Approach” – Abordagem de Valor de Corte, um dos métodos descritos
no Guia PDA Technical Report Nº13 - Fundamentals of an Environmental Monitoring
Program de 2014. Os valores acima do limite máximo estabelecido pelas agências
reguladoras foram excluídos dos cálculos, pois poderiam gerar valores de limites de
alerta altos, inclusive acima do máximo especificado pela legislação.
Para o cálculo foi necessário estabelecer a frequência absoluta para cada valor
encontrado, seguido de cálculo da frequência relativa e posteriormente a frequência
relativa cumulativa. O resultado correspondente ao percentil 95% foi determinado como
o limite de alerta.
Os Guias de Monitoramento Ambiental (FDA GMP, EU GMP, JP GMP, USP <
1116>, WHO TRS 961) e Guia de Qualidade da ANVISA (Guia da qualidade para
sistemas de tratamento de ar e monitoramento ambiental na indústria farmacêutica)
sugerem a frequência mínima e os locais considerados críticos para o monitoramento
de partículas viáveis, embora não haja definição do número de pontos para a
amostragem de rotina. A definição da frequência, número de pontos a serem
amostrados e os locais críticos para o processo de produção devem ser baseados,
preferencialmente, em uma análise de risco4,9,20. A avaliação de risco em uma
determinada área de processamento asséptico torna o programa de monitoramento
ambiental mais significativo e permite orientar a amostragem para locais do processo
onde o risco de contaminação é maior. A partir dessa avaliação, é possível estabelecer
a frequência de amostragem baseada nos níveis de risco para cada área ou
processo22.
130
*
Requalificação do sistema HVAC – testes necessários para assegurar que o sistema ou equipamento
tenha sido projetado, construído e opere dentro dos limites de aceitação de acordo com as regras de
Boas Práticas de Fabricação. A qualificação deve ser executada em operação e em repouso (ANVISA).
Os ensaios de requalificação estão descritos nos Apêndices H e I.
132
Deve haver validação dos agentes desinfetantes utilizados na área limpa 17,26;
*
Qualificação do funcionário – treinamento teórico e prático das condutas assépticas durante as
atividades de manipulação, cuidado com a higiene pessoal, revalidação dos procedimentos de
antissepsia das mãos, calçar as luvas, paramentação e media-fill (USP e PDA)
133
As placas com meio de cultura para amostragem devem estar à temperatura ambiente
a fim de evitar crescimento confluente devido à condensação20;
*
Requalificação do sistema HVAC – testes necessários para assegurar que o sistema ou o equipamento
tenha sido projetado, construído e opere dentro dos limites de aceitação de acordo com as regras de
Boas Práticas de Fabricação. A qualificação deve ser executada em operação e em repouso (ANVISA).
Os ensaios de requalificação estão descritos nos Apêndices H e I.
135
3.1. OBJETIVO
É um método baseado na pressão dos dedos das duas mãos com luvas em
uma placa de contato (RODAC)* para pesquisa de bactérias e fungos8,21,29.
Com a placa aberta dentro do equipamento de fluxo unidirecional (EFU) e das
cabines de segurança biológica (CSB), o manipulador deve fazer uma leve pressão dos
cinco dedos de uma das mãos com luva, com apoio das digitais, no meio de cultura por
ao menos 10 segundos, sem quebra do meio 21,29. Repetir o mesmo procedimento para
a outra mão utilizando uma nova placa RODAC11,29. Em seguida, ainda dentro do EFU
e da CSB, a placa deve ser tampada.
A amostragem da luva do funcionário de suporte deve ocorrer na sala de
manipulação.
Após a amostragem, os meios devem ser incubados por 5 a 7 dias a
temperatura de 20-25 °C e a 30-35°C por 2 a 3 dias, para detectar a maioria das
bactérias e fungos9,21,29.
*
RODAC - placa de contato de 50 mm de diâmetro com meio de cultura não seletivo (TSA) com
polissorbato 80 e lecitina de soja.
136
A amostragem deve ser realizada na superfície dos cinco dedos de cada mão
com luva do manipulador dentro do EFU ou da CSB (área Grau A)4,7,9,11,29 e do
funcionário de suporte (área Grau C)28, conforme descrito no Apêndice A. No uso de
duas luvas durante a manipulação, a luva externa deve ser amostrada 4.
Luva do
28
funcionário de C 5 10 UFC/placa
suporte
137
4.1. OBJETIVO
*
RODAC - placa de contato de 50 mm de diâmetro com meio de cultura não seletivo (TSA) com
polissorbato 80 e lecitina de soja.
138
Antebraço
A < 1 UFC/placa
Centro do tórax
Antebraço
C 25 UFC/placa
Axila
*Nesse estudo, os limites de alerta para o centro do tórax, antebraço e axila não foram estabelecidos,
pois a amostragem do vestuário não fazia parte da rotina de monitoramento. Porém, é importante
realizar o monitoramento do vestuário e estabelecer o limite de alerta com os dados históricos de
amostragem.
139
5.1. OBJETIVO
*
RODAC - placa de contato de 50 mm de diâmetro com meio de cultura não seletivo (TSA) com
polissorbato 80 e lecitina de soja.
140
A amostragem das superfícies deve ser realizada, no mínimo, uma vez por
semana em área Grau A e C.(ANVISA), e em cada turno de manipulação.
Em área Grau D, o guia da ANVISA4, não exige amostragem de superfície.
Para sala de manipulação de BCG (área Grau D), foi estabelecida nesse
manual, a frequência semanal de amostragem seguindo os mesmos critérios das
demais salas de manipulação (Grau C).
C 7 UFC/placa 25 UFC/placa
D 7 UFC/placa 50 UFC/placa
142
6.1. OBJETIVO
A amostragem deve ser realizada dentro do EFU e da CSB (Grau A), na sala de
manipulação (Grau C) e nas salas adjacentes (Grau D), conforme descrito no Apêndice
B.
Não há definição nas diretrizes de monitoramento ambiental do número de
pontos e dos locais para a amostragem. Inicialmente pode-se estabelecer os locais
próximos à área de manipulação (área crítica), onde o produto está mais exposto,
áreas de grande circulação de pessoas e materiais, proximidade a portas e pass-
throughs, e locais que sejam representativos de toda a área. A definição dos pontos
críticos e a frequência de amostragem devem ser feitas, preferencialmente, mediante
uma análise de risco4,20.
Limite de alerta
Pontos de Grau de classificação do
Área de amostragem
amostragem local de amostragem Ar (ativa) Superfície
(UFC/mᶟ) (UFC/placa)
parenteral
Sala de manipulação C 20
Nutrição
7
Antecâmara C 25
Quimioterapia
Sala de manipulação C 45
7
Antecâmara C 25
BCG
Sala de manipulação D 55 7
Nesse estudo, os limites de alerta para a amostragem passiva do ar não foram estabelecidos,
pois esse tipo de amostragem não fazia parte da rotina de monitoramento.
4,5,7
Amostragem do ar
Grau de classificação da área
limpa
Ativa (UFC/m³) Passiva (UFC< 4 horas)
A <1 <1
C 100 50
D 200 100
145
7.1. OBJETIVO
*
Período de recuperação - tempo (15 a 20 minutos) para a área limpa restabelecer as condições de repouso após a
conclusão das operações. Período de recuperação realizado nos ensaios de requalificação da área limpa. Detalhes
do ensaio no Apêndice G.
146
O ponto escolhido para ser amostrado em repouso na sala de manipulação deve ser o
mesmo ponto medido em operação e, de preferência, o mais crítico para o processo de
manipulação32.
Limite de alerta
Pontos de Grau de classificação do
Área de amostragem Ar (ativa) Superfície
amostragem local de amostragem
(UFC/mᶟ) (UFC/placa)
parenteral
Sala de manipulação C 20
Nutrição
7
Antecâmara C 25
Quimioterapia
Sala de manipulação C 45
7
Antecâmara C 25
BCG
Sala de manipulação D 55 7
Nesse estudo, os limites de alerta para a amostragem passiva do ar não foram estabelecidos,
pois esse tipo de amostragem não fazia parte da rotina de monitoramento.
147
4,5,7
Amostragem do ar
4,5,7
Grau de classificação da área Superfície
limpa Passiva (UFC/placa)
Ativa (UFC/m³)
(UFC< 4 horas)
C 100 50 25
D 200 100 50
148
8.1. OBJETIVO
A amostragem deve ser realizada nas superfícies dos EFU/CSB, nas salas de
manipulação e nas antecâmaras, conforme Apêndice D.
C 7 UFC/placa 25 UFC/placa
D 7 UFC/placa 50 UFC/placa
150
9.1. OBJETIVO
*
Período de recuperação - tempo (15 a 20 minutos) para área limpa restabelecer a classificação do ar para a
condição em repouso após a conclusão das operações. Detalhes do ensaio no Apêndice I.
152
Limites máximos
Diâmetro da 4 4
Ensaios Em repouso Em operação
partícula
Grau A Grau C Grau D Grau A Grau C Grau D
Diferencial de Não há um valor específico. A diferença de pressão entre duas áreas pode variar de
7
pressão 5-20 Pa
Temperatura e 1
Temperatura entre 21-24 °C e umidade relativa entre 40-60%
umidade
ND – não Definido
Nesse estudo, os limites de alerta para partícula total em operação não foram estabelecidos, pois esse tipo
de amostragem não fazia parte da rotina de monitoramento.
153
Interditar o EFU/CSB;
*
Ensaios - contagem de partícula total, velocidade e uniformidade do fluxo de ar (downflow, inflow,
20,21
airflow), pressão de saturação dos filtros e integridade dos filtros absolutos .
**
Requalificação – contagem de partícula total, velocidade e uniformidade do fluxo de ar (downflow,
inflow, airflow), vazamento do filtro instalado, visualização do sentido do fluxo de ar, temperatura e
2
umidade .
160
Interditar a sala;
*
Requalificação dos equipamentos – testes necessários para assegurar que o equipamento tenha sido
projetado, construído e opere dentro dos limites de aceitação de acordo com as regras de Boas Práticas
de Fabricação. A qualificação deve ser executada em operação e em repouso (ANVISA). Os ensaios de
requalificação estão descritos nos Apêndices H e I.
161
*
Parâmetros do sistema HVAC – contagem das partículas totais, diferencial de pressão, temperatura,
2,
umidade, volume de ar, número de trocas de ar da área, integridade dos filtros absolutos da área limpa
20
.
*
Requalificação da área limpa- ensaios realizados para a certificação do desempenho do sistema HVAC.
Ver ensaios Apêndice I e H.
162
Interromper as atividades;
Reiniciar a amostragem;
*
Ensaios para a requalificação da área limpa – Contagem de partícula total, velocidade e uniformidade
do fluxo de ar, diferencial de pressão, vazamento do filtro instalado, visualização do sentido do fluxo de
2
ar, teste de recuperação, integridade da contenção da área limpa, temperatura e umidade .
164
12. REFERÊNCIAS
3. ANDON, B.M. Active Air vs. Passive Air (Settle Plate) Monitoring in Routine
Environmental Monitoring Programs. PDA J Sci and Tech., v. 60, n. 6, p. 350-
355, 2006.
12. ISO. ISO 14644 – Cleanrooms and Associated Controlled Environments – Part:
1: Classification of air cleanliness. Dec. 2015a
13. ISO. ISO 14644 – Cleanrooms and Associated Controlled Environments – Part 2:
Monitoring to provide evidence of cleanroom performance related to air
cleanliness by particle concentration. Dec. 2015b.
14. ISO. ISO 14644 – Cleanrooms and Associated Controlled Environments – Part 2:
Specifications for testing and monitoring to prove continued compliance with ISO
14644-1. Sep. 2000.
17. LOPOLITO, P.; BARTNETT, C.; POLARINE, J. Control Strategies for Fungal
Contamination in Cleanrooms, 2007. Disponível em:
<http://www.cemag.us/article/2007/09/control-strategies-fungal-contamination-
cleanrooms. Acesso em: 15 jan. 2017
18. PACHECO, F.L.C.; PINTO, T.J.A. The bacterial diversity of Pharmaceutical clean
rooms analyzed by the fatty acid metyl ester technique. PDA J Sci and Tech., v.
64, p. 156-166, 2010.
19. PASQUARELLA, C.; PITZURRA, O.; SAVINO, A. The index of microbial air
contamination. J Hosp Infect., v. 46, p. 241-256, 2000.
21. PINTO, T.S. A; KANEKO, T.M; PINTO, A.F. Controle de Produtos Estéreis:
Ênfase nos Processos Assépticos. In: ________. Controle Biológico de
qualidade de Produtos Farmacêuticos, Correlatos e Cosméticos. São Paulo. 4
ed., 2015. Cap. VII. p. 385-446.
166
22. SANDLE, T. A review of cleanroom microflora: Types, trends and patterns. PDA
J Sci and Tech., v. 65, p. 392-403, 2011.
APÊNDICE A
APÊNDICE B
Ar (Amostragem
1 ponto dentro do
Passiva) Placas com Durante a Uma vez por
EFU/CSB A EFU/CSB ao lado da área
meio de cultura manipulação semana
de trabalho
(90 mm)
2 pontos na sala de
C/D* manipulação (próximos ao
EFU/CSB)
Sala de Ar (Amostragem C/D*
manipulação Passiva) Placas com 1 ponto próximo a porta Durante a Uma vez por
meio de cultura ou pass-though manipulação semana
(90 mm)
C/D* 1 ponto na direção oposta
à porta
Antecâmara C 1 ponto
*Para sala de manipulação Grau D, foi considerada a mesma frequência de amostragem realizada para sala Grau
C.
Não há definição do número de pontos e locais de amostragem para cada área. A determinação do número de
pontos e a localização desses devem ser feitos, preferencialmente, após uma avaliação de risco dos processos.
A quantidade de pontos e os locais para amostragem nesse plano atendem à necessidade da área limpa do estudo.
Os pontos selecionados para a amostragem não podem ser modificados sem justificativa ou aviso prévio a fim de
13
permitir a comparação dos resultados .
170
APÊNDICE C
Ar
Uma vez por
EFU/CSB (Amostragem A 1 ponto dentro do EFU/CSB Repouso
semana
ativa)
1 ponto na sala de
Ar
Sala de manipulação (escolher o Uma vez por
(Amostragem C/D* Repouso
manipulação ponto mais crítico semana
ativa)
amostrado em operação)
Ar
Sala de Pontos próximos a portas e
(Amostragem D Repouso Uma vez por mês
Higienização pass-throughs
ativa)
Ar
Uma vez por
EFU/CSB (Amostragem A 1 ponto dentro do EFU/CSB Repouso
semana
passiva)
1 ponto na sala de
Ar
Sala de manipulação (escolher o Uma vez por
(Amostragem C/D* Repouso
manipulação ponto mais crítico semana
passiva)
amostrado em operação)
APÊNDICE D
Monitoramento de partículas viáveis das superfícies após a limpeza e desinfecção da área limpa
Frequência
Tipo de Local de Grau da Momento da
Ponto de amostragem mínima de
amostragem amostragem área amostragem
amostragem
2 pontos na bancada Após a Uma vez por
Superfície EFU/CSB A
interna desinfecção semana
1 ponto na bancada
Superfície Sala de manipulação C/D*
próxima ao EFU/CSB
APÊNDICE E
Tabela com o número de pontos para amostragem de partículas totais em área
limpa
APÊNDICE F
Ensaios para comissionamento, qualificação e requalificação de uma área limpa de produtos estéreis farmacêuticos.
Intervalo máximo
Estado de
Classificação da sugerido para a
Ensaios Objetivo Descrição do Ensaio ocupação da
área realização dos ensaios
área
(ISO 14644-2 de 2000)
Grau A e B Amostrar com contador de partículas discretas (CPD) o volume mínimo de 2 Litros de ar em um tempo mínimo de 1
6 meses
Contagem de
Especificar a concentração de (≤ ISO classe 5) minuto por ponto. O ponto de amostragem deve ser a 30 cm da área do trabalho. Posicionar a abertura da sonda do Repouso,
partículas de diâmetro no intervalo CPD no sentido do fluxo de ar (fluxo unidirecional) ou na posição vertical (fluxo não unidirecional). Ajustar a vazão do construído e
partícula total Grau C e D
de 0,5µm a 5 µm. 12 meses ar do CPD e selecionar os limites de diâmetro da partícula a ser medido. O tubo de ligação entre a sonda e o sensor em operação
(> ISO classe 5) do CPD deve ser o mais curto possível.
Realizado em áreas limpas de fluxo
de ar não unidirecional a fim de Utilizado para calcular o número de trocas de ar por tempo. A medição é realizada próximo à face dos filtros terminais Repouso,
Volume de ar Grau B, C e D
verificar o volume de ar (vazão de 12 meses ou nos dutos de insuflamento. A vazão é medida utilizando uma coifa com medidor de fluxo. A abertura da coifa deve construído e
(nº de trocas de ar) (> ISO classe 5)
insuflamento) insuflado por unidade cobrir totalmente o filtro ou difusor e a face da coifa deve ser apoiada em uma superfície plana. em operação
de tempo.
Realizado em áreas limpas de fluxo A medição da velocidade é realizada próximo à face dos filtros terminais. A área deve ser dividida em uma grade de
Velocidade e Repouso,
de ar unidirecional a fim de verificar Grau A (≤ ISO áreas iguais e a velocidade medida em um plano perpendicular ao fluxo de ar. A medição da uniformidade da
uniformidade do fluxo 12 meses construído e
a velocidade e a uniformidade do classe 5) velocidade do ar não deve ser realizada próxima à obstáculos (equipamentos e bancadas) a fim de evitar variações do
de ar em operação
fluxo de ar. fluxo de ar.
Realizado com um micromanômetro ou manômetro. O ensaio deve ser realizado após a área ter atendido os critérios
Verificar a capacidade da instalação de aceitação para velocidade ou volume do fluxo de ar e balanceamento da instalação. O procedimento deve ser
Todas as Repouso,
Diferencial de em manter as diferenças de pressão realizado com as portas fechadas e a partir da área mais interna em direção as adjacentes. Em seguida, deve-se abrir
classificações de 12 meses construído e
pressão especificadas entre as instalações e todas as portas e verificar o diferencial de pressão. Fechar a porta e confirmar se o diferencial de pressão retorna ao
área em operação
seus arredores. valor original. A medição deve ser feita sempre nos mesmos pontos e próxima ao centro da área a ser medida e
distante das portas e pass-throughs, para não sofrer influência da pressão local no ponto da medição.
fonte: elaborado pela autora a partir da ABNT (2009), ISO (2000), ISO (2015a) e ANVISA (2013)
Resultados aceitáveis
Diferencial de pressão Não há um valor específico. A diferença de pressão entre duas áreas pode variar de 5-20 Pa.
fonte: elaborado pela autora a partir da ABNT (2009), ISO (2015a) e ANVISA (2013).
180
174
APÊNDICE G
Ensaios para comissionamento, qualificação e requalificação de uma área limpa de produtos estéreis farmacêuticos.
Intervalo máximo sugerido
Estado de
Classificação para a realização do Intervalo estabelecido
Ensaios Objetivo Descrição do Ensaio ocupação
da área ensaio (ISO 14644-2 de nos GBP fabricação*
da área
2000)
Verificar se o sistema de
filtragem final com filtro absoluto Grau A e B 24 meses 6 meses Introdução de uma concentração de aerossol de desafio (10-100 mg/m³) antes dos filtros e
está instalado corretamente.
verificação desse aerossol imediatamente após os filtros, dutos e estrutura de sustentação. Não é
Vazamento do filtro Verificar se há furos e danos no Repouso e
um ensaio de eficiência do filtro individual. O ensaio de velocidade do fluxo de ar deve ser realizado
instalado meio filtrante, selante, moldura construído.
antes É utilizado para medição um fotômetro de aerossol ou um CPD. Deve ser realizado para
do filtro, vedação, quadros de Grau C e D 24 meses Não definido comissionamento, ensaio de qualificação e requalificação ou substituição dos filtros finais.
fixação e estrutura de
sustentação.
Verificar se o sentido do fluxo de Realizado através do uso de filamento, partículas indicadoras, técnicas de processamento de
Visualização do sentido ar e sua uniformidade estão em Todas as 12 meses ou sempre imagem ou distribuição das velocidades medidas. O procedimento não pode ter interferência dos Repouso e
24 meses
do fluxo de ar conformidade com o projeto e as classes que for necessário operadores no padrão do fluxo de ar. O fluxo de ar pode ser influenciado pelo diferencial de construído
especificações de desempenho. pressão, velocidade do ar e temperatura.
Determinar se a instalação é
capaz de retornar a uma Não
classificação de ar, dentro de um recomendado É utilizado aerossol artificial para gerar uma concentração inicial de partículas 100 vezes maior que
12 meses ou sempre Repouso e
Recuperação tempo estabelecido, após para fluxo 24 meses a classificação da área limpa. A medição é feita a cada 1 min. Quando a concentração de partículas
que for necessário construído.
exposição a uma geração de unidirecional alcançar o nível esperado da classificação da área, registrar o tempo de recuperação.
partículas em suspensão no ar, e área Grau D
como desafio.
Determinar se há penetração na
É utilizado aerossol para gerar uma concentração de partículas 103 vezes maior que a
área limpa de ar não filtrado
Integridade da concentração da área limpa e no mínimo 3,5 x 10⁶partículas/mᶟ, no tamanho da partícula a ser
proveniente de áreas adjacentes Todas as Repouso e
contenção (vazamento) 24 meses Não definido medida. Verificar o vazamento por varredura no interior da área, a uma distancia não maior que 5
não controladas através das classes construído.
da área limpa cm das juntas de construção, trincas ou frestas, com velocidade de varredura de 5 cm/s. Deve ser
juntas, passagem de portas e
realizado após qualquer atividade que possa danificar o filtro de alta eficiência.
forros pressurizados.
Demonstrar a capacidade do
Realizado após a conclusão do ensaio de uniformidade da vazão do ar e do ajuste dos controles do Repouso e
sistema de tratamento de ar da Todas as
Temperatura e sistema de ar condicionado. A temperatura deve ser medida no mínimo em um ponto de medição construído e
instalação em manter os níveis classificações Não especificado Diariamente
umidade para cada área de temperatura controlada. O sensor deve ser posicionado na altura do trabalho e o em
de temperatura e de umidade do de área
tempo de medição deve ser de no mínimo 5 min. com valor registrado pelo menos a cada minuto. . operação.
ar dentro dos limites de controle.
fonte: elaborado pela autora a partir da ABNT (2009), ISO (2000) e ANVISA (2013)
Vazamento do filtro instalado Leitura da medição deve ser menor que 0,01% da concentração inicial de aerossol introduzida no filtro.
Integridade da contenção Método utilizando o equipamento fotômetro - leitura menor que 0,01% com fotômetro ajustado em 0,1% não indica vazamento.
Método utilizando o equipamento CPD - leitura com concentração menor que 0,01 vezes da concentração de aerossol medida ao redor da área limpa
Temperatura e umidade A temperatura deve estar entre 21-24 ° C e umidade relativa entre 40-60%.
fonte: elaborado pela autora a partir da ABNT (2005), ABNT (2009), European Comission (2008) e WHO (2011)
175
APÊNDICE H
EFU/CSB A EF/CSB
Diferencial de Três vezes por
Manômetro Entre a sala de Todos os dias
pressão Sala de dia
C manipulação e a
manipulação
antecâmara
Em todas as
Temperatura e Termo- A, C e Três vezes por
áreas ------ Todos os dias
umidade higrômetro D dia
classificadas
Escolher 1 ponto
Amostrador Sala de realizado em operação Uma vez por
Partículas totais C Repouso
ativo manipulação e considerado o mais semana
crítico para o processo
Os pontos selecionados para a amostragem não podem ser modificados sem justificativa ou aviso prévio a
13
fim de permitir a comparação dos resultados .
*
Requalificação semestral – Ensaios realizados para a certificação do desempenho do sistema HVAC.
Ver ensaios Apêndice H e I.
176
APÊNDICE I
Monitoramento ambiental
em operação
Período de recuperação
da área limpa
Monitoramento ambiental
em repouso
Limpeza e desinfecção da
infraestrutura da área limpa
Monitoramento de
Monitoramento da limpeza e
partículas viáveis da
desinfecção
superfície