Neurociência e Aprendizagem 1 P
Neurociência e Aprendizagem 1 P
Neurociência e Aprendizagem 1 P
NOSSA HISTÓRIA
1
SUMÁRIO
Perspectivas .................................................................................................................... 23
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 24
2
APRENDIZAGEM, EDUCAÇÃO INCLUSIVA E NEUROCIÊNCIA
Este texto tem o intuito de discutir a aprendizagem, por meio de um estudo das
funções neurais no processamento das informações. Com isso, pretende-se abordar a
aprendizagem sob a óptica neuropsicológica. Não é intenção discutir especificamente os
distúrbios da aprendizagem, porém, é inevitável não efetuar tais correlações.
Para melhor compreender a aprendizagem, sob o ponto de vista da maturação
nervosa, é necessário saber como o comportamento acontece, a fim de investigar os
processos neurais de sua mudança.
A neuropsicologia é a ciência que tem por objeto o estudo das relações entre as
funções do sistema nervoso e o comportamento humano1.
A neuropsicologia pretende inter-relacionar os conhecimentos da psicologia
cognitiva com as neurociências, desvendar a fisiopatologia do transtorno e, sobre esta
base, encarar racionalmente a estratégia de tratamento2.
Entende-se como neuropsicologia o estudo dos distúrbios das funções superiores
produzidos por alterações cerebrais, investigando, especificamente, os distúrbios dos
comportamentos adquiridos, pelos quais cada homem mantém relações adaptadas com o
meio. Somente há pouco mais de cem anos é que se passou a conhecer o funcionamento
ao nível do córtex cerebral, por meio do estudo das lesões espontâneas localizadas e
ressecções parciais do cérebro, que permitiram demonstrar que as diversas partes
hemisféricas não possuem a mesma função e que existe uma organização cerebral
semelhante em todos os indivíduos3.
A neuropsicologia entende a participação do cérebro como um todo, no qual as
áreas são interdependentes e inter-relacionadas, funcionando comparativamente a uma
orquestra, que depende da integração de seus componentes para realizar um concerto.
Isso se denomina sistema funcional. Dessa maneira, sabe-se que, a partir do conhecimento
do desenvolvimento e funcionamento normal do cérebro, pode-se compreender alterações
cerebrais, como no caso de disfunções cognitivas e do comportamento resultante de
lesões, doenças ou desenvolvimento anormal do cérebro4.
É através da neuropsicologia que podemos compreender os processos mnêmicos,
perceptivos, de aprendizado e de solução de problemas, dentre outras atividades
cognitivas5.
3
Quando falamos de aprendizagem estamos nos referindo a um processo global de
crescimento, pois toda aprendizagem desencadeia, em algum sentido, crescimento
individual ou grupal6.
Às vezes, os termos aprendizagem e conhecimento são utilizados como
sinônimos, porém, é por meio do processo de aprendizagem que se adquire conhecimento,
no entanto, o conhecimento resultante do processo não pode ser confundido com
aprendizagem. Em alguns manuais de psicologia da aprendizagem, a aprendizagem é
definida como "uma mudança de comportamento resultante de prática ou experiência
anterior"7. Já, para outros autores, a aprendizagem é a mudança de comportamento
viabilizada pela plasticidade dos processos neurais cognitivos8.
A aprendizagem é um processo contínuo, que opera sobre todos os dados que
alcançam um umbral de significação, dependendo, essencialmente, da memória e da
atenção. A capacidade de especialização cerebral em armazenar dados ('engramas') para
a sua utilização posterior permite, mediante a memória, codificar e decodificar
informação; existem vários tipos de memória (sensorial, curto prazo ou de trabalho, e
longo prazo) que podem trabalhar, não só sequencialmente, mas também em paralelo,
dependente basicamente da plasticidade sináptica. Atenção permite focalizar atividades
conscientes dependentes de sistemas e subsistemas anátomo-funcionais, que trabalham
como redes em paralelo, permitindo uma atuação simultânea e interativa nas tarefas
cognitivas9.
Os transtornos de aprendizagem representam a consequência de um transtorno na
organização funcional do sistema nervoso central, em geral de caráter leve, mas com
consequências de considerável importância para o futuro social da criança, já que
perturbam a conduta pedagógica esperada de acordo com sua inteligência normal. Desde
o ponto de vista etiopatogênico, estes transtornos se inserem dentro das alterações
funcionais (disfunções), porém sua base é evidentemente orgânica9.
Dificuldades, transtornos, distúrbios e problemas de aprendizagem são expressões
muito usadas para se referir às alterações que muitas crianças apresentam na aquisição de
conhecimentos, de habilidades motoras e psicomotoras, no desenvolvimento afetivo e
outras10.
Há alunos com dificuldades para aprender, cuja afecção mais evidente é a
deficiência de aprendizagem, apesar de adequadas inteligência, visão, audição,
capacidade motora e equilíbrio emocional. Estudos sobre a neuropsicologia da
aprendizagem demonstram que, nesse grupo, a generalizada integridade orgânica convive
4
com a deficiência na aprendizagem. Esta pode se manifestar como dificuldades motoras
ou psicomotoras, de atenção, memorização, compreensão, desinteresse, escassa
participação e problemas de comportamento10.
MATURAÇÃO NERVOSA
5
específico por meio de analisadores visuais, auditivos e somestésicos do processamento
conceptual e ação, como pensamento e resposta (verbal ou não-verbal), a linguagem é um
dos componentes fundamentais na organização cognitiva e nos processos complexos da
aprendizagem. Os componentes cognitivos e as regiões cerebrais, que os processam,
constituem um todo interconexo3.
A aprendizagem resulta da recepção e da troca de informações entre o meio
ambiente e os diferentes centros nervosos. Desta forma, a aprendizagem inicia com um
estímulo de natureza físico-química advindo do ambiente que é transformado em impulso
nervoso pelos órgãos dos sentidos11.
Prestar atenção, compreender, aceitar, reter, transferir e agir são alguns dos
componentes principais da aprendizagem. Assim, a informação captada é submetida a
contínuo processamento e elaboração, que funciona em níveis cada vez mais complexos
e profundos, desde a extração das características sensoriais, a interpretação do significado
até, finalmente, a emissão da resposta13.
As áreas de projeção estão relacionadas com a sensibilidade, a motricidade, e as
áreas de associação e de sobreposição estão relacionadas com funções psíquicas
complexas: gnosias, linguagem, esquema corporal, memória, emoções, etc14.
O aprender implica em certas integridades básicas, que devem estar presentes,
quando oportunidades são oferecidas para a realização da aprendizagem. Essas
integridades são caracterizadas em três níveis:
• Funções psicodinâmicas - à medida que o organismo internaliza o observado ou
o experienciado, começa a assimilar hierarquicamente, pelos processos psíquicos,
devendo, portanto, existir controle e integridade psicoemocional para que ocorra
a aprendizagem;
• Funções do sistema nervoso periférico - responsáveis pelos receptores sensoriais,
que são canais principais para aprendizagem simbólica. Uma subcarga sensorial
implicaria em privação do cérebro de estimulação básica, para o crescimento e
amadurecimento dos processos psicológicos;
• Funções do sistema nervoso central - responsável pelo armazenamento,
elaboração e processamento da informação, resultante da resposta apropriada do
organismo15.
Considerando a aprendizagem humana como processamento de informações,
veremos que os processos "centrais" são modificações e combinações que ocorrem nas
estruturas cognitivas. Na verdade, o aprendiz é concebido como um manipulador
6
inteligente e flexível, que busca a informação e trata de organizá-la, integralizá-la,
armazená-la e recuperá-la, quando necessário, de forma ativa e ajustada às estruturas
cognitivas de que dispõem internamente16.
O modelo neuropsicológico aplicado aos transtornos de aprendizagem assume que
estes constituem a expressão de uma disfunção cerebral específica, causada por fatores
genéticos ou ambientais que alteram o neurodesenvolvimento17.
A investigação neuropsicológica permite conhecer a estrutura interna dos
processos psicológicos e da conexão interna que os une. Ela também nos possibilita
realizar um exame pormenorizado das alterações que surgem nos casos de lesões
cerebrais locais, assim como as maneiras pelas quais os processos psicológicos são
alterados por essas lesões. Esse exame também se estende ao processo ensino-
aprendizagem em geral, pois nos permite estabelecer algumas relações entre as funções
psicológicas superiores (linguagem, atenção, memória, etc.) e a aprendizagem simbólica
(conceitos, escrita, leitura, etc.), ou seja, o modelo neuropsicológico das dificuldades da
aprendizagem se preocupa em reunir uma amostra de funções mentais superiores
envolvidas na aprendizagem simbólica, as quais estão, obviamente, correlacionadas com
a organização funcional do cérebro. Sem essa condição "sine qua non", a aprendizagem
não se processa normalmente e, neste caso, podemos nos deparar com uma disfunção ou
lesão cerebral1.
Muitos procedimentos de aprendizagem se apoiam precisamente em um marco de
referência que inclui a noção clássica de psicomotricidade, o conhecimento implícito que
o sujeito possui de seu próprio corpo, estático e em movimento, e sua relação com os
objetos externos. O desenvolvimento da somatognosia, normalmente, se realiza posterior
ao uso dos diversos componentes corporais: assim, por exemplo, uma criança de cinco
anos possui uma notável capacidade manipulativa, entretanto, suas gnosias digitais se
mostram bastante imaturas18.
Em geral, os testes que seguem a orientação neuropsicológica apresentam algumas
diferenças com os que se utilizam habitualmente em psicopedagogia. A neuropsicologia
explora funções pontuais da mente que correspondem, por sua vez, a áreas e circuitos
bem identificados do cérebro. Mas, na realidade, a diferença na abordagem que propõe a
neuropsicologia não se apoia tanto no tipo de teste utilizado, mas, sim, no reconhecimento
das síndromes e quadros clínicos caracterizados sobre as bases anátomo-funcionais do
cérebro19.
7
No processo ensino-aprendizagem, a avaliação global das funções psicológicas
deve levar em conta todo o mecanismo cerebral, nos seus níveis sucessivos de evolução.
Sendo assim, a avaliação neuropsicológica é a única forma possível de se avaliar uma
determinada função, posto que somente quando a mesma é colocada à prova (mediante
testes específicos), podemos observar sua integridade ou comprometimento20.
A exploração neuropsicológica na infância pode ser dividida em dois grandes
grupos:
• A investigação mais rigidamente conduzida sob a forma de uma bateria
sistematizada, levando-se em conta, na inclusão de cada item, os mecanismos
subjacentes à função examinada;
• O exame menos sistemático decorrente da re-leitura neuropsicológica do próprio
psicodiagnóstico clássico e de toda produção escolar dos dados da anamnese, bem
como da observação do comportamento21.
NEUROPSICOLOGIA INFANTIL
8
aprendizagem simbólica, as quais estão, obviamente, correlacionadas com a organização
funcional do cérebro. Sem essa condição, a aprendizagem não se processa normalmente4.
As disfunções cerebrais, bem como as lesões, interferem no processamento das
informações: recepção (ocasiona problemas perceptuais); integração (surgem
dificuldades na retenção-memória e elaboração); e expressão (surgirão distúrbios na
ordenação, sequencialização, planificação e execução), sendo essas informações
envolvidas pelo aprendizado5.
As funções psicológicas e o funcionamento cerebral são descritos, considerando
o cérebro como um sistema inter-relacionado a partir de três unidades funcionais:
• Unidade para regular o tono, a vigília e os estados mentais (área de projeção que
abrange a formação reticular);
• Unidade para receber, analisar e armazenar informações (área de projeção que
abrange parietal, occipital e temporal primários; área de associação que abrange
parietal, occipital e temporal secundários);
• Unidade para programar, regular e verificar a atividade (área de sobreposição que
abrange as áreas pré-frontais e frontais)22.
Cada unidade funcional compreende, portanto, um conjunto de órgãos ou de áreas
corticais que, em termos interdependentes, constituem o grande sistema neuropsicológico
da aprendizagem humana23.
A maturação cognitiva e comportamental é consequente à estrutural e à fisiológica
e está se produz de maneira diferente, cronológica e qualitativamente, nas distintas
regiões cerebrais24.
De certa forma, a aprendizagem é fruto do desenvolvimento dessas unidades
funcionais que estão organizadas verticalmente e se estabelecem geneticamente da
primeira unidade (reflexos) à terceira unidade (intenções), passando pela segunda unidade
(experiências e ações multissensoriais). Assim, por exemplo, as aprendizagens
complexas, como a leitura, assentam sobre aprendizagens compostas, como a
discriminação e identificação perceptiva, que, por sua vez, decorrem de aprendizagens
simples, como a aquisição de postura bípede e das aquisições preensivas na primeira
idade1.
A leitura, um dos processos mais complexos da aprendizagem, compreende a
discriminação visual de símbolos gráficos (grafemas) por meio de um processo de
decodificação que se passa na segunda unidade, só possível com um processo de atenção
seletiva regulada pela primeira unidade. Posteriormente, e ainda na mesma unidade, há
9
que selecionar e identificar os equivalentes auditivos (fonemas) por meio de um processo
de análise e transdução, de síntese e comparação, a fim de edificar a busca da significação
(conjectura) e avaliar os níveis de compreensão latentes. A partir daqui, surgirá uma nova
operação de equivalência que compreende a codificação, ou seja, a rechamada dos
articulemas que são executados e verificados na área da Broca, isto é, na terceira unidade.
Dos motoneurônios superiores frontais, a linguagem interior se transformará em
linguagem expressiva, por meio da oralidade, ou seja, da produção de sons articulados. É
este o todo funcional que caracteriza a aprendizagem da leitura. É dentro desse conjunto
funcional que se pode verificar um distúrbio ou disfunção neuropsicológica que pode, por
consequência, redundar numa dificuldade de aprendizagem23.
No que se refere aos problemas de aprendizagem, tem sido assinalado que
reprovações escolares têm múltipla etiologia, justificando, portanto, múltiplo enfoque21.
A relevância da abordagem neuropsicológica da aprendizagem está no
reconhecimento dos quadros clínicos caracterizados sobre as bases anátomo-funcionais
do cérebro, e não no tipo de teste utilizado.
Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento
intelectual da criança, a neuropsicologia pode instrumentar diferentes profissionais, tais
como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, promovendo uma
intervenção terapêutica mais eficiente.
Somente dessa forma é que as dificuldades de aprendizagens serão melhor
compreendidas e, principalmente, tratadas.
10
cooperativo pode fazer avançar o conhecimento a respeito do cérebro e do
comportamento. O que se segue é uma tentativa de resumo de resultados obtidos nas
últimas duas ou três décadas num campo particular da neuropsicologia, a neuropsicologia
da memória humana, que neste período conheceu um crescimento espetacular.
11
em apresentar uma lista de palavras e subseqüentemente testar os sujeitos através de dois
testes. Um dos testes é de reconhecimento, no qual a tarefa é identificar no meio de várias
palavras quais foram apresentadas anteriormente. O outro teste é de completamente de
palavras, no qual são dadas as letras iniciais para que se forme a palavra completa. H.M.,
assim como outros amnésicos, tipicamente completava as palavras de acordo com a lista
apresentada previamente, mas não conseguia reconhecer as palavras que constavam desta
lista. O paciente H.M. foi exaustivamente estudado ao longo dos anos e muito se sabe
sobre as características de sua amnésia, mas o seu não é, de modo algum, o único caso
descrito na literatura. Em 1958 Penfield e Milner descreveram vários casos de cirurgia de
ablação unilateral do lobo temporal medial, que incluía a amígdala e boa parte do
hipocampo. Destes pacientes, dois desenvolveram um quadro amnésico semelhante ao
observado em H.M.. Estudos post-mortem mostraram que o hipocampo do hemisfério
cerebral não operado se apresentava necrótico e provavelmente inoperante (Penfield &
Mathieson, 1974). Portanto, a síndrome amnésica só aparecia quando havia
comprometimento bilateral desta estrutura. Estes achados mostraram um claro
envolvimento do hipocampo no processamento de informações mnemônicas, o que já
havia sido sugerido em 1900 por Bechterew, que descreveu alterações neuropatológicas
no lobo temporal medial de uma pessoa que havia apresentado problema de memória
durante a sua vida (citado por Zola-Morgan, Squire & Amaral, 1986). Síndrome amnésica
semelhante pode ser observada em pacientes pós-encefalíticos, nos quais há lesões
extensas do lobo temporal medial, incluindo hipocampo, amígdala e uncus (Damasio,
Eslinger, Damasio, Van Hoesen & Cornell, 1985). O hipocampo também tem sido
responsabilizado pela amnésia que se manifesta após oclusão da artéria cerebral posterior
(Benson, Marsden & Meadows, 1974) ou após isquemia cerebral (Volpe & Hirst, 1983).
12
giratório, de traçado bimanual, e de escrever ou ler palavras invertidas por um espelho,
ou como solucionar o jogo da Torre de Hanói e congêneres), ou seja, que não exijam a
lembrança de eventos específicos. Um bom exemplo para ilustrar esta dissociação
apresentada por pacientes amnésicos encontra-se no experimento realizado por Cohen e
Squire (1980), no qual os sujeitos liam tríades de palavras invertidas como num espelho,
durante três dias. Com o treino, o tempo de leitura, tanto de sujeitos normais como de
amnésicos, caía igualmente, revelando que a habilidade de ler palavras invertidas estava
sendo bem aprendida. Esta habilidade persistiu por três meses, pelo menos. Porém, testes
de reconhecimento revelaram que os amnésicos se esqueciam muito mais rapidamente
das palavras específicas que foram apresentadas durante o treino. A esta dissociação o os
autores chamaram sugestivamente de " saber como" e " saber o quê".
O condicionamento clássico da resposta de piscar o olho é outro exemplo de
aprendizagem e retenção de longo prazo preservados em pacientes amnésicos
(Weiskrantz & Warrington, 1979).
A memória de curto prazo, avaliada através do desempenho em testes de
capacidade (span) de memória ou através do efeito de recência em testes de recordação
livre de palavras, também não é afetada nestes pacientes (Baddeley & Warrington, 1970;
Brooks & Baddeley, 1976).
A síndrome amnésica não se restringe a uma modalidade sensorial específica, nem
à qualidade do material apresentado (verbal, seja escrito ou falado, e não-verbal), sendo,
por isso mesmo, também chamada de amnésia global (Cohen, 1984; Rozin, 1976; Squire,
1982b). No entanto, lesões focais do lobo temporal direito (não-dominante) e do esquerdo
revelaram, respectivamente, que o hipocampo direito desempenha papel crítico na
memorização do material difícil de verbalizar (como rostos e sons não-familiares, padrões
visuais abstratos) e de material disposto espacialmente, e que o hipocampo esquerdo está
mais relacionado com a memória de material verbal (Jones-Gotman, 1986; Jones-Gotman
& Milner, 1978; Smith & Milner, 1981).
A síndrome amnésica ou amnésia global é também conhecida como amnésia
orgânica. Este termo refere-se ao fato da amnésia provir de uma alteração orgânica
resultante de cirurgia, ruptura de aneurismas, anóxia, tumores cerebrais, infecções, lesões
cerebrais por penetração, traumatismo craniano, etc.
13
A estrutura crítica: o hipocampo?
14
hipocampal), e apontam uma provável contribuição destas áreas no prejuízo de memória.
E realmente a lesão conjunta bilateral do hipocampo e destas áreas corticais (poupando a
amígdala, porém) produziu um efeito deletério maior em testes de memória do que a lesão
apenas do hipocampo (Squire & Zola-Morgan, 1991).
Revendo as evidências disponíveis na literatura sobre casos de lesões na amígdala,
além de estudos de registro e estimulação desta estrutura em seres humanos, Sarter e
Markowitsch (1985) propuseram um papel mais restrito para a amígdala: ela seria
responsável pelos eventos mnemônicos que têm um significado emocional para o sujeito.
O caso do paciente R.B. foi o primeiro relatado no qual uma lesão restrita ao
hipocampo produziu amnésia anterógrada, sem sinais de outros déficits cognitivos ou de
amnésia retrógrada significativa. Este paciente ficou amnésico devido a um episódio
isquêmico, e após sua morte o exame histológico do cérebro mostrou que havia lesão
bilateral restrita ao campo CA1 do hipocampo (Zola-Morgan, Squire & Amaral, 1986).
É importante notar, entretanto, que o déficit observado no paciente R.B. não era tão severo
quanto o observado no paciente H.M.
Estes achados indicam que a formação hipocampal (entendida como o conjunto
que inclui o giro denteado, o corno de Amon, o subículo e o córtex entorrinal) e mais o
córtex perirrinal e para-hipocampal desempenham papel de fundamental importância na
memória, presumivelmente devido às conexões recíprocas entre estas estruturas e o
neocórtex associativo posterior. Em consonância com esta ideia está o relato de perda de
memória em primatas devida à desconexão entre o córtex intertemporal (área TE) e o
sistema límbico (Mishkin, 1982).
AMNÉSIA DIENCEFÁLICA
15
Pacientes de Korsakoff apresentam amnésia global anterógrada persistente,
semelhante à encontrada em pacientes com lesão bilateral do lobo temporal medial
(Butters, 1985; Mair et al., 1979; Parkin, 1984). Amnésia retrógrada também é uma
característica marcante, sendo mais difícil para os pacientes se lembrarem de eventos que
ocorreram logo antes do início da doença do que de eventos mais remotos, como por
exemplo da infância (Butters, 1985; Shimamura & Squire, 1986). Testes formais de
amnésia retrógrada, como o teste de personalidades famosas de Albert, comprovaram a
existência deste gradiente de dificuldade (Albert, Butters & Levin, 1979). Além da
amnésia anterógrada e retrógrada, os pacientes com Korsakoff apresentam alguns outros
déficits cognitivos, principalmente em tarefas que envolvam resolução de problemas,
atribuídos geralmente a atrofia de regiões neocorticais (Butters, 1985). Assim como a
amnésia do lobo temporal, a amnésia diencefálica também é de natureza seletiva, pois
estes pacientes são capazes de se beneficiarem do efeito de pré-exposição (Shimamura,
1986) e de aprenderem habilidades percepto-motoras (Brooks & Baddeley, 1976), apesar
da severa amnésia anterógrada.
Não existe consenso na literatura a respeito do comprometimento da memória de
curto prazo na síndrome de Korsakoff. Baddeley e Warrington (1970) e Brooks e
Baddeley (1976) notaram que, em vários testes de memória de curto prazo, estes pacientes
não apresentaram alteração. Entre estes testes estava a tarefa de memória de curto prazo
de Brown-Peterson, na qual Baddeley e Warrington (1970) observaram um esquecimento
normal em seus pacientes amnésicos. Cermak, Butters e Good-glass (1971) e Butters,
Lewis, Cermak e Goodglass (1973) obtiveram em tarefa semelhante resultados opostos
ao de Baddeley e Warrington (1970). Butters e Cermak (1974) atribuíram este resultado
conflitante principalmente ao fato de que os outros autores utilizaram pacientes de
diversas etiologias (não apenas com a doença de Korsakoff), e também ao fato de que a
metodologia por eles empregada permitia que os pacientes tivessem um tempo para
repetir mentalmente a informação apresentada, facilitando, assim, a execução da tarefa.
Pacientes com lesões penetrantes confirmam o envolvimento de estruturas do
diencéfalo na memória. O paciente N.A. ficou amnésico após sofrer um acidente com um
florete em miniatura que penetrou em sua narina e atingiu estruturas do diencéfalo.
Depois do acidente, ele não conseguia relembrar a maioria dos eventos correntes pouco
tempo após eles terem acontecido (amnésia anterógrada), e nem de eventos que ocorreram
logo antes da lesão (amnésia retrógrada). Sua amnésia não era acompanhada de qualquer
outro déficit intelectual ou perceptual (Teuber, Milner & Vaughan, 1968). Inicialmente
16
achava-se que a lesão se restringia ao núcleo medial dorsal esquerdo do tálamo (Squire
& Moore, 1979), porém, dez anos após, Squire, Amaral, Zola-Morgan, Kritchevsky e
Press (1989) verificaram, através de exames com ressonância magnética nuclear, que
outras estruturas como os corpos mamilares, o trato mamilotalâmico esquerdo, entre
outras, também foram atingidas.
Outro paciente (B.J.) tornou-se amnésico após um acidente com um taco de bilhar
que, à semelhança de N.A., penetrou por sua narina atingindo o cérebro. Ressonância
magnética nuclear mostrou que a lesão atingiu principalmente os corpos mamilares,
permanecendo o tálamo intacto. A amnésia apresentada por este paciente, entretanto,
restringia-se a materiais verbais (Dusoir, Kapur, Byrnes, Mackinstry & Hoare, 1990).
Embora seja comum atribuir o prejuízo de memória observado em pacientes com
a doença de Korsakoff a lesões de estruturas como o núcleo medial dorsal do tálamo e/ou
corpos mamilares (Mair, Warrington & Weiskrantz, 1979; Victor, Adams & Collins,
1971), outros autores sugerem que, mais importante que a destruição das massas
nucleares mencionadas, seria a lesão do trato mamilotalâmico e da lâmina medular interna
do tálamo (Cramon, Hebel & Schuri, 1985; Graff-Radford, Tranel, Van Hoesen & Brant,
1990; Markowitsch, 1988). O trato mamilotalâmico conecta os corpos mamilares aos
núcleos do grupo anterior do tálamo. Pela lâmina medular interna trafegam fibras que
conectam o núcleo medial dorsal do tálamo ao córtex prefrontal, córtex cíngulado anterior
e amígdala. A dificuldade em se chegar a uma conclusão definitiva a respeito de qual
estrutura diencefálica seria crítica no desenvolvimento da síndrome amnésica reside no
fato de que a maioria das lesões observadas não se restringe a um determinado grupo de
fibras ou núcleos (Markowitsh, 1988).
Em resumo, do ponto de vista neuroanatômico, dois grandes tipos de amnésia
global estão amplamente documentados: a amnésia temporal e a amnésia diencefálica.
Controvérsias a respeito das estruturas envolvidas no primeiro caso parecem
satisfatoriamente resolvidas; na amnésia diencefálica ainda não.
17
síndrome amnésica, que seria única em essência (Baddeley & Warrington, 1970;
Warrington & Weiskrantz, 1974; Weiskrantz, 1987).
A identidade entre a amnésia do lobo temporal medial e a amnésia diencefálica é
controversa, porém. Embora existam muitas semelhanças entre os dois quadros, algumas
diferenças também foram observadas. Por exemplo: ao contrário dos pacientes com lesão
de lobo temporal medial, pacientes com Korsakoff geralmente não percebem que têm
problemas de memória e confabulam; também a amnésia retrógrada apresentada por estes
últimos parece ser mais notável (Parkin, 1984). Diferença importante apontada por vários
autores (Lhermitte & Signoret, 1972; Parkin, 1984; Rozin, 1976; Squire, 1982a) é que
pacientes com a síndrome de Korsakoff freqüentemente apresentam sintomas que são
tópicos de danos ao lobo frontal. Estas diferenças, segundo Parkin (1984), sugerem que a
amnésia do lobo temporal e a amnésia diencefálica são entidades distintas. Advogando a
favor da identidade entre amnésia do lobo temporal e diencefálica, porém, Squire (1982a)
argumenta que os déficits cognitivos adicionais apresentados pelos pacientes com
Korsakoff não são essenciais para a caracterização da síndrome amnésica, mas,
influenciam a forma final do quadro apresentado. Em especial, este autor realça o
comprometimento do lobo frontal nestes pacientes. Alguns outros autores, porém,
acreditam na existência de mais uma diferença entre a amnésia temporal e a diencefálica,
diferença está que dificilmente poderia ser atribuída a outro déficit cognitivo que não ao
problema de memória. Mais especificamente estes dois tipos de amnésia difeririam
quanto à velocidade de esquecimento de materiais armazenados na memória de longo
prazo. A velocidade de esquecimento de pacientes com lesão de diencéfalo, como N.A. e
doentes de Korsakoff seria normal, enquanto que pacientes com lesão do lobo temporal
medial esqueceriam anormalmente rápido (Lhermitte & Signoret, 1972; Mayes &
Meudell, 1984; Parkin, 1982). Entretanto, em trabalho recente, Mckee e Squire (1992)
não observaram diferenças estatisticamente significativas nas curvas de esquecimento de
pacientes com lesão de lobo temporal medial e pacientes com lesão de diencéfalo.
18
beneficiarem do efeito de pré-exposição. Este fato levanta a questão fundamental a
respeito da existência de diferentes sistemas de memória. Existiria pelo menos um
segundo sistema de memória, independente de estruturas como o lobo temporal medial e
o diencéfalo, através do qual seriam processadas aquelas funções preservadas. Vários
pesquisadores, de fato, têm argumentado a favor da existência de múltiplos sistemas de
memória (Cohen, 1984; Poulos & Wilkinson, 1984; Squire, 1986; Squire & Zola-Morgan,
1988; Tulving, 1983).
A noção de que a memória poderia ser dividida em componentes é antiga. Ainda
no século passado William James1 (citado por Waugh & Norman, 1965) definiu, por
introspecção, os conceitos de memória primária e memória secundária. A memória
primária se estenderia por um curto prazo de tempo e dela fariam parte eventos
pertencentes ao "presente psicológico" que após serem percebidos ainda não deixaram a
consciência. A memória secundária pertenceria ao "passado psicológico" e já esteve
ausente da consciência. Posteriormente estes conceitos evoluíram em memória de curto
prazo (ou memória imediata) e memória de longo prazo, respectivamente. Atualmente
existe alguma evidência experimental que permite diferenciar memória de curto prazo
(retenção de itens por apenas alguns segundos) de memória de longo prazo (retenção de
itens por intervalos maiores) (Baddeley & Warrington, 1970). A memória de curto prazo
tem capacidade limitada (máximo de sete a nove itens) e o material nela armazenado
apresenta uma taxa de esquecimento bem rápida (em torno de segundos). Apesar desta
rápida taxa de esquecimento, a informação pode ser mantida por mais tempo na memória
através de reverberação (rehearsal) (Atkinson & Shiffrin, 1971). Estudos
neuropsicológicos têm confirmado e estendido a noção de memória de curto prazo, sob a
rubrica de memória operacional (working memory) (Baddeley, 1986). Na síndrome
amnésica, aparentemente, a memória de curto prazo encontra-se preservada, embora
alguma discussão ainda exista com relação ao possível déficit deste tipo de memória
apresentado por pacientes com Korsakoff.
Além da distinção tradicionalmente feita entre memória de curto e longo prazo,
os estudos com pacientes amnésicos, relatados acima, levaram à distinção entre memória
declarativa e memória de procedimento, dissociadas tanto funcionalmente como
anatomicamente (Cohen, 1984; Squire, 1986).
A memória declarativa é a habilidade de armazenar e recordar ou reconhecer
conscientemente fatos e acontecimentos; a lembrança pode ser declarada, isto é, trazida à
mente verbalmente como uma proposição, ou não verbalmente como uma imagem (Saint-
19
Cyr, Taylor & Lang, 1988; Squire, 1986). Seria este tipo de memória que estaria afetada
em pacientes amnésicos.
A memória de procedimento é a capacidade de adquirir gradualmente uma
habilidade percepto-motora ou cognitiva através da exposição repetida a uma atividade
específica que segue regras constantes. Esta capacidade é implícita e independe da
consciência, só podendo ser aferida através do desempenho do paciente (Saint-Cyr et al.,
1988; Squire, 1986). Pacientes amnésicos teriam este tipo de memória preservada.
A aprendizagem de novas habilidades é um exemplo do que Schacter (1987a,
1987b) denomina memória implícita, isto é, conhecimento que para ser demonstrado não
requer referência explícita a um episódio particular. A memória implícita contrapõe-se à
memória explícita, que implica na recordação consciente de experiências vividas. O
termo memória implícita, por ser mais genérico que memória de procedimento, permite
acomodar melhor, nesta categoria, o efeito de pré-ativação que se apresenta intacto em
pacientes amnésicos e pode ser observado após uma única exposição ao estímulo. Cohen
(1984) considera a memória declarativa e a de procedimento mais ou menos como
sinônimos de memória explícita e memória implícita, respectivamente.
Para Mishkin e Petri (1984) o produto do sistema de memória de procedimento é
um hábito, e não uma memória propriamente dita, produto, esta última, do sistema
declarativo. Com esta distinção entre hábito e memória pretendem estes autores remeter
o sistema de aprendizagem de procedimento aos estudos clássicos do behaviorismo
(aprendizagem de estímulo-resposta). Lembremo-nos de que no sistema de Hull o
conceito de hábito ocupa posição central em sua teoria da aprendizagem (Hilgard, 1975).
Tulving (1983) propôs ainda uma outra distinção conceituai entre o que ele chama
de memória episódica e memória semântica. O termo memória episódica refere-se ao
armazenamento de informações pessoais que permite ao indivíduo se lembrar de eventos
dos quais participou no passado. A memória semântica capacita o indivíduo a adquirir
conhecimento factual do mundo, ou seja, conhecimento impessoal de fatos relevantes.
Estas diversas variantes de conceituação e principalmente de terminologia têm
gerado certa confusão na literatura. Uma tentativa de estabelecer uma taxonomia para a
memória, tentando acomodar várias destas divisões em um sistema coerente levou ao
seguinte quadro, modificado de Squire (1986):
A memória declarativa ou explícita incluiria as memórias episódica e semântica.
A memória de procedimento ou implícita incluiria habilidades (motoras, perceptuais e
cognitivas), efeito de pré-ativação, condicionamento clássico, habituação, sensitização e
20
tudo que foi aprendido mas que só pode ser aferido através do desempenho (Squire,
1986). Estes diversos tipos de memória pertenceriam à memória de longo prazo. Este
quadro, entretanto, não é universalmente aceito. Mishkin e Petri (1984), por exemplo,
consideram que o seu sistema de memória estaria relacionado com memória episódica ou
declarativa e utilizam os termos memória semântica e de procedimento como
pertencentes a um mesmo sistema: ao sistema de hábito. Parte pelo menos das
dificuldades deste sistema de classificação deriva da ambiguidade dos conceitos de
memória episódica e memória semântica.
21
Algumas evidências diretas deste envolvimento já existem. Na tentativa de melhor
caracterizar demências de etiologias diversas, Martone, Butters e Payne (1984)
compararam o desempenho de pacientes portadores do mal de Huntington, de Korsakoff
e indivíduos normais no teste de leitura de palavras invertidas, no qual tríades de palavras
eram apresentadas de forma que parecessem projetadas em um espelho. O procedimento
foi determinado de forma que os indivíduos fossem submetidos a uma tarefa de
aprendizagem de habilidade perceptual (teste de memória de procedimento) e a uma
tarefa de reconhecimento de palavras já vistas (teste de memória declarativa). Na primeira
tarefa os experimentadores mediam o tempo que o indivíduo demorava para ler cada
tríade. Na segunda tarefa, os sujeitos deviam apontar, no meio de uma lista, as palavras
apresentadas anteriormente. Os resultados mostraram uma dupla dissociação no
desempenho de pacientes com Huntington e Korsakoff, ou seja, os pacientes com
Korsakoff tiveram um desempenho pobre na tarefa de reconhecimento mas aprenderam
tão eficientemente quanto indivíduos normais a tarefa de ler as palavras invertidas. O
desempenho dos indivíduos com Huntington foi inferior ao desempenho dos controles
normais nesta última tarefa. Na tarefa de reconhecimento, entretanto, seu desempenho foi
normal. O mal de Huntington é uma doença transmitida geneticamente que resulta em
uma atrofia progressiva dos gânglios da base. Os sintomas mais comuns são a presença
de movimentos coreiformes e de um processo de demenciação. Martone et al. (1984)
sugeriram então que pacientes cuja demência é resultado de atrofia nos gânglios da base,
têm problemas mais relacionados à aquisição de conhecimento procedimental.
Entretanto, a patologia apresentada por estes pacientes é complexa e os prejuízos
cognitivos não se restringem à memória de procedimento. Em verdade, estes pacientes
não apresentam desempenho normal em alguns testes de memória declarativa que
envolvem recordação livre, mas apresentam, se não desempenho normal, pelo menos
próximo ao normal, em tarefas de reconhecimento (Butters, 1985). É possível entretanto
que alguns prejuízos observados em pacientes com Huntington sejam devidos a alterações
corticais também presentes nestes indivíduos (Saint-Cyr, Taylor & Lang, 1988). Saint-
Cyr et al. (1988) encontraram em pacientes com a doença de Parkinson - portadores,
portanto, de disfunção dos gânglios basais - prejuízo seletivo numa tarefa cognitiva tida
como exemplo de aprendizagem de procedimento (torre de Hanoi simplificada), enquanto
que o desempenho em testes de memória declarativa permanecia intacto.
Segundo Squire (1986), o efeito de pré-ativação encontra-se reduzido em doentes
de Alzheimer, o que pode ser uma pista para envolver o córtex cerebral com este
22
fenômeno. Alguns outros estudos apontam para o córtex posterior como uma das
estruturas responsáveis pela pré-ativação, independentemente de regiões límbico-
diencefálicas essenciais para a memória declarativa (Cave & Squire, 1992).
O papel essencial do cerebelo no condicionamento clássico de respostas motoras
(piscar o olho) foi estabelecido claramente por Thompson e seus colaboradores,
trabalhando com coelhos (Thompson, 1986). Em seres humanos o cerebelo parece
desempenhar papel semelhante, pois uma lesão na circuitaria cerebelar de uma paciente
provocou um grande déficit na aquisição de condicionamento clássico da resposta de
piscar (Solomon, Stowe & Pendlbeury, 1989).
Perspectivas
23
REFERÊNCIAS
4. Costa DI, Azambuja LS, Portuguez MW, Costa JC. Avaliação neuropsicológica da
criança. J Pediatr 2004;80(2):111-6. Disponível em: http//www.scielo.br
7. Lomônaco JFB, Witter GP. Psicologia da aprendizagem. In: Rappaport CR, ed.
Temas básicos de Psicologia. São Paulo:Ed. Pedagógica e Universitária;1984.
10. http://www.geocities.com/HotSprigs/Oasis/2826/avaliacao.html
24
14. Machado A. Neuroanatomia funcional. São Paulo:Atheneu;2002.
16. Rapin I. Children with brain dysfunction: neurology, cognition, language and
behavior. International Review of Child Neurology Serie. New York:Raven Press;1982.
17. Denckla MB. Childhood learning disabilities. In: Clinical neuropsychology. New
York:Oxford University Press;1979. p.535-73.
18. Norbona J, Gabari I. Espectros de los transtornos del aprendizaje no verbal. Rev
Neurol Clin. 2001;2:24-8. Disponível em: http://www.revneurol.com/RNC/b010024.pdf
19. Posner MI, Petersen SE, Fox PT, Raichle ME. Localization of cognitive operations
in the human brain. Science. 1988;240(4859): 1627-31.
20. Lefèvre AB, Diament AJ. Neurologia infantil: semiologia, clínica e tratamento. São
Paulo: Sarvier;1980.
21. Tiosso LH. Contributo della neuropsicologia alla psicologia clinica e all'educazione.
Pesquisa do Programa do Pós-Doutorado. Università degli Studi di Roma "La
Sapienza". Roma;1993.
25