Aula Tratamento Do Gas Parte 1

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Tratamento do

Gás Natural

Prof. José Luis Gomes Marinho


INTRODUÇÃO

O gás natural é, por definição, uma mistura de hidrocarbonetos leves


de origem fóssil que, sob temperatura ambiente e pressão atmosférica,
permanece no estado gasoso (Almeida, 2005). É um gás combustível
encontrado em rochas porosas no subsolo, podendo estar ou não associado ao
petróleo.
COMPOSIÇÃO
• além dos hidrocarbonetos fazem parte da composição do gás
natural bruto outros componentes, tais como:
– Dióxido de Carbono (CO2), o Nitrogênio (N2), Hidrogênio Sulfurado
(H2S), Água (H2O), Ácido Clorídrico (HCl), Metanol e impurezas;
• a composição típica do gás natural é:

(%) de Elementos Gás associado Não associado Gás processado

Metano 81,57 85,48 88,56


Etano 9,17 8,26 9,17
Propano 5,13 3,06 0,42
Butano 2,39 1,32 -
> C5 0,83 0,61 -
Nitrogênio 0,52 0,53 1,2
Dióxido de carbono 0,39 0,64 0,65
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COMPOSIÇÃO
Em termos de composição, o gás natural é considerado rico quando
a soma das porcentagens de todos os componentes mais pesados que o
propano (inclusive) é maior que 7%.

Inertes (N2): Não apresenta reatividade;


Gases ácidos: formam soluções ácidas em contato com a água (gás carbônico,
compostos de enxofre);
Vapor de água: causam corrosão, hidratos e deixam o gás fora das especificações
Densidade relativa (20ºC, 1 atm.) 0,65
Massa específica (20ºC, 1 atm.) 0,78 kg/m3
PCS (20ºC, 1 atm.) 9.400 kcal/m3 *
PCI (20ºC, 1 atm.) 8.500 kcal/m3 *
Fator de compressibilidade, K 0,9950
Viscosidade 0,010975 centipoise
Cp/Cv 1,2906
Classe de risco 2
Grupo de risco 3 (inflamável)
Limite inferior de explosividade 5%
Limite superior de explosividade 15%
Temperatura de auto-ignição 482 a 632ºC

* Um combustível é constituído, sobretudo de hidrogênio e carbono, tendo o hidrogênio o poder


calorífico de 28700Kcal/kg enquanto que o carbono é de 8140Kcal/kg, por isso, quanto mais rico
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em hidrogênio for o combustível maior será o seu poder calorífico.
O poder calorífico é a quantidade de energia por unidade de massa (ou de
volume, no caso dos gases) liberada na oxidação de um determinado
combustível (equipamento utilizado: calorímetro)

Poder calorífico superior: é aquele em que a combustão se efetua a volume


constante e no qual a água formada durante a combustão é condensada e o calor
que é derivado desta condensação é recuperado

Poder calorífico inferior: é a energia efetivamente disponível por unidade de massa


de combustível após deduzir as perdas com a evaporação da água

Índice de Wobbe (IW): quociente entre o poder calorífico superior e a raiz quadrada
da densidade relativa sob as mesmas condições de temperatura e pressão. ( IW mais
elevados corresponde maior quantidade de energia passível de ser gerada com um
dado volume fixo de gás)
Valores do Poder Calorífico de algumas substâncias
https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-250/topico-298/EPE,%202016%20-
%20Nota%20T%C3%A9cnica%20Metodologia%20G%C3%A1s%20Natural%20Seco%20e%20Derivado
s.pdf
Eua e Russia – 40%
Fonte: https://www.ibp.org.br/observatorio-do-setor/snapshots/maiores-produtores-mundias-de-gas-natural-
em-2020/
https://www.gov.br/anp/pt-br/canais_atendimento/imprensa/noticias-
comunicados/producao-media-nacional-de-petroleo-e-gas-bate-recorde-em-
2023#:~:text=Dados%20de%20dezembro%20de%202023,de%20petr%C3%B3leo%20e%2
Biogás
– É o metano produzido a partir da biodigestão do lixo
• É toda matéria orgânica, como restos agrícolas, esterco ou lixo, sofre
decomposição por bactérias microscópicas
• Durante o processo, as bactérias retiram dessa biomassa aquilo que necessitam
para sua sobrevivência, lançando gases e calor na atmosfera

– O biogás é resultante de:


• Decomposição controlada do lixo doméstico, feita em aterros sanitários
• Decomposição do esterco de gado em recipientes especiais conhecidos como
biodigestores

• Esgotos das cidades, recolhidos às estações de tratamento


– O biogás que pode ser utilizado para movimentar ônibus e caminhões, ou para
produzir eletricidade e calor em co-geradores.

- Vantagens do biogás:

– Uma política de geração e aproveitamento do biogás possibilitaria a regularização de


milhares de lixões que existem no País através de
Biodigestores.
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Gás de Xisto
O gás de xisto ou gás não-convencional é um gás natural encontrado no
interior de um tipo poroso de rocha sedimentar denominado xisto argiloso.
Basicamente, possui a mesma composição química do petróleo, porém seu
invólucro e modo de produção são diferentes.
A exploração do gás de xisto (ou gás de folhelho, rocha sedimentar) é feita
pelo processo de faturamento hidráulico, em que uma mistura de água e
químicos fragmentam as rochas.
Desvantagens: riscos ambientais como contaminação das águas
subterrâneas, contaminação do lençol freático e do solo, emissões de metano
que poderiam trazer danos à camada de ozônio e ativação de falhas geológicas,
o que pode provocar terremotos.

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https://www.redalyc.org/journal/3211/321165166005/html/
APLICAÇÕES DO GÁS NATURAL

• Setor industrial (cerâmica, siderúrgica, petroquímica, fertilizantes);


• Gás veicular (combustível para automóveis);
• Gás domiciliar (aquecimento ambiental);
• Termoelétrica (cogeração de energia).
• Outros.
https://www.epe.gov.br/sites-pt/publicacoes-dados-
abertos/publicacoes/PublicacoesArquivos/publicacao-250/topico-298/EPE,%202016%20-
%20Nota%20T%C3%A9cnica%20Metodologia%20G%C3%A1s%20Natural%20Seco%20e%20Derivado
s.pdf
APLICAÇÕES – SETOR PETROQUÍMICO

Quanto a sua utilização, o gás natural é prioritariamente consumido:

• Instalações de produção, para elevação artificial (gás lift);


• Recuperação secundária (injeção em poços);
• Geração de energia térmica, elétrica em equipamentos;
• Combustível em fornos e caldeiras.

Quando comercializado, seu uso predominantemente como combustível:

• Gás liquefeito de petróleo - GLP de uso doméstico;


• Líquido de gás natural - LGN de uso industrial;
• Gás natural veicular - GNV.

Obs.: Enquanto o GNV é composto basicamente por metano e algo de etano, o


GLP é composto por propano e butano e o LGN é a porção condensável do gás,
ou a gasolina natural (C5+).
CLASSIFICAÇÃO
É baseada de acordo com a sua ocorrência na
natureza:
Associado(a): o gás natural associado é aquele que, no
reservatório, está dissolvido no óleo ou sob a forma de
uma capa de gás (produção de gás é determinada
diretamente pela produção de óleo).

Obs.: Caso não haja condições econômicas ou técnicas


para a sua comercialização, o gás natural é reinjetado na
jazida ou mesmo queimado, a fim de evitar o acúmulo
de gases combustíveis próximo aos poços de petróleo.

Não-associado (b): é definido como aquele que, em seu


reservatório, está livre ou associado a pequenas
quantidades de óleo.

Obs.: Neste caso, só se justifica a exploração destas


jazidas se houver viabilidade comercial na produção do
gás.
TRATAMENTO (CONDICIONAMENTO) DO GÁS NATURAL

O gás é submetido para remover ou reduzir os teores de:

• Contaminantes (H2O, H2S, CO2);


• Água (vapor);
• Líquidos (condensados, produtos químicos).

Finalidade:

• Especificações de mercado;
• Segurança;
• Transporte;
• Processamento posterior.
Tratamento do Gás Natural

Tratamento do Processamento
Gás Natural do Gás Natural

Coleta/Transporte
Gás

Óleo
Prod. Petróleo Separação bifásica ETO

Injeção Água

Óleo Tratado
Reuso/Descarte/ Tratamento
Transporte da água

Processamento
do óleo
Tratamento do Gás Natural

Gás ácido e úmido


+líquidos Condensado:
Separação Depuração do
Gás/Líquido Óleo e
Gás Natural
água livre
Gás ácido e úmido
CO2, H2S,
Tratamento do
Compostos
Gás Ácido
sulfurosos
Óleo, Água e Sólidos
(ETO e ETAP) Gás úmido

Compressão

Gás úmido

Desidratação Água

Gás tratado
DEPURAÇÃO

Após a separação, o gás pode passar por um outro vaso, denominado de


purificador (“scrubber” ou Depurador)*, para que sejam retidas algumas gotículas de
líquido (principalmente óleo) que tenham sido arrastadas.

A eficiência deste processo evita uma série de problemas, tais com:

- contaminação de produtos químicos injetados na etapa de tratamento do gás;


- perda de eficiência na etapa de desidratação do gás;
- problemas em compressores, etc.

*equipamento mecânico responsável pela separação do líquido existente na fase gasosa.


DEPURAÇÃO
Para tal separação os mesmos possuem 4 seções principais:

• Seção de entrada: Separar a porção principal de líquido livre da corrente de


entrada através de uma placa defletora.

• Seção de precipitação: Ocorre a maior atuação da força gravitacional. Nesta


seção do vaso a velocidade com que o gás se desloca é relativamente baixa e
pouco turbulenta.

• Seção de crescimento: Utiliza-se nessa fase os eliminadores de névoas (“filtros”)


que são capazes de remover as partículas pequenas de líquido (névoas).

• Seção de drenagem: É a seção de fundo do vaso depurador responsável pela


drenagem do líquido retido nas seções anteriormente descritas.
DEPURADOR
SISTEMA DE SEGURANÇA DA ESTAÇÃO
Responsável por receber os hidrocarbonetos líquidos ou gasosos em
situações de descontrole operacional ou de emergência (ShutDown);

O sistema de segurança também recebem os HCs (hidrocarbonetos)


dos drenos ou vents em despressurização de sistemas ou equipamentos que
serão objeto de manutenção ou inspeção;

O sistema de segurança operacional recebe o descarte de HC quando


da abertura das Válvulas de Segurança de Pressão (PSV) e de alívio;

Em alguns processos o sistema de segurança também recebe o gás das


válvulas de controle de Pressão.

Principais equipamentos:

-Tochas: vertical e horizontal;


-Vaso blow down;
-Purga: remoção do ar contido na tubulação para a introdução do gás combustível.
SISTEMA DE TRATAMENTO DE GÁS: UTILIZAÇÃO

Se o gás não pode ser aproveitado: este será enviado para um sistema
de descarte de segurança – tocha;

Se o gás será utilizado: este deslocamento do gás até a planta de


processamento é realizada por máquinas denominadas de compressores.
TOCHA (FLARE OU QUEIMADOR)

Objetiva realizar a queima controlada e segura do Hidrocarbonetos


descartados da Estação, evitando que estes sejam liberados
descontroladamente para a atmosfera, aumentando a sua concentração e os
riscos de explosão.

Tocha horizontal

Ver: Resolução nº 806/2020 da ANP, ANP nº 249/2000 e Lei nº 9.478 de 06/08/1997


Tocha vertical

PORTARIA ANP Nº 249, DE 1º.11.2000


SISTEMA DE MEDIÇÃO DO GÁS QUEIMADO

Objetiva medir o gás descartado ou enviado para a queima na tocha. O


sistema de medição não pode ser intrusivo (instalado dentro da tubulação), pois
pode provocar obstrução no fluxo e risco de rompimento e acidente.
PAINEL DE ACENDIMENTO DA TOCHA

Permite acender os pilotos da tocha (responsáveis por acender o


queimador da tocha) de forma remota (a distância), possibilitando proporcionar
segurança à operação.
VASO BLOW DOWN

Objetiva reter gotículas do líquido da corrente de gás descartada pelas


PSVs ou drenos e vents de sistemas pressurizados, evitando que o líquido seja
carreado atéa tocha, podendo provocar incêndio nas imediações desta, por
queima de líquidos.
Tocha vertical e vaso
blow down.
COMPRESSÃO DO GÁS NATURAL

O propósito dos compressores é movimentar gases de um local a outro.

Importância: o gás é produzido a uma pressão inferior aquela


adequada ao uso.

Deve-se fornecer energia necessária ao gás para que ele possa ser
transferido:
- Às unidades de processamento de gás;
- A transferência do gás para o continente ou local de armazenamento ou
distribuição;
- Injetados em poços de gás lift (para aumentar a taxa de recuperação de
hidrocarbonetos do reservatório).
COMPRESSÃO DO GÁS NATURAL

Obs 1.: os compressores consomem mais energia do que uma bomba.

Compressor – contração do volume de gás – realização de trabalho – via


energia interna molecular. (redução do volume específico)

Bomba – fluido incompressível – aumento de pressão mas o volume não é


alterado – sem realização de trabalho.

Obs 2.: com o aumento da energia interna do gás, aumenta a sua temperatura
– efeito indesejável – reduz a resistência mecânica dos materiais metálicos nos
equipamentos – risco de corrosão. Solução: compressores em série, associados
a depuradores e resfriadores.
CLASSIFICAÇÃO DOS COMPRESSORES

Compressores de deslocamento positivo ou volumétricos: Baseiam-


se fundamentalmente na redução de volume.

Compressores Dinâmicos ou turbocompressores: Baseiam-se


fundamentalmente na transformação da energia cinética em ganho de
pressão.
Compressores de deslocamento positivo ou volumétricos:

Baseiam-se fundamentalmente na redução de volume. Volumes de gás


são admitidos sucessivamente pelo compressor, que são isoladas no interior do
compressor, que os comprime pela ação de suas partes móveis, aumentando a
pressão e liberando para a descarga. (compressão em três etapas)

São divididos de acordo com o movimento: alternativos e rotativos.


Compressores volumétricos efetuam a compressão de maneira
intermitente.
Compressores Dinâmicos ou turbocompressores:

Realizam a compressão em dois estágios: o gás é axpirado por um órgão


rotativo munido de pás (impelidor). Uma parte desta energia é recebida em forma
de entalpia, via aumento de pressão devido ao impelidor (parte rotativa). Outra
parte é transferida na forma de energia cinética, que ocorre em outro órgão fixo
(sem movimento) chamado de difusor (transformando a energia cinética em
entalpia).
Compressores dinâmicos efetuam a compressão de maneira contínua.

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