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SUMÁRIO
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Direito Administrativo – Alexandre Medeiros
Aula 7 | Órgãos Públicos
1. ÓRGÃOS PÚBLICOS
1.1. CONTEXTUALIZAÇÃO
Na aula anterior se estudou a diferença entre desconcentração e descentralização,
criação de órgão, que é uma repartição interna de competência e envolve hierarquia,
subordinação, órgãos inferiores, órgãos superiores. Na descentralização há a repartição de
uma pessoa para outra pessoa, sem hierarquia, sem subordinação. Logo, passo seguinte é
estudar a teoria dos órgãos públicos e depois se estudará cada uma das entidades. Quando se
fala em criação de uma autarquia, fundação pública, empresa pública e sociedade de
economia mista, pensa-se na descentralização. Quando se fala na criação de um órgão
público, tem-se a desconcentração.
Por exemplo, se em uma prova disser que "Foi criada a Escola Municipal São Judas
Tadeu (...)”, isso envolveria desconcentração ou descentralização? Quando a questão diz "Foi
criada uma escola na estrutura da Secretaria de Educação", por exemplo, já se sabe que está
sendo criada uma coisa dentro de outra coisa. E se uma coisa está dentro de outra, isso
configura um órgão, pois a entidade é a própria pessoa e, dentro dela, há órgãos. Quando se
fala "na estrutura de outra coisa", há de se saber que se está falando de desconcentração,
porque é um órgão público.
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Qual é a consequência de dizer que algo é pessoa, que algo tem personalidade jurídica?
É dizer que esse algo é sujeito de direitos e obrigações.
Por exemplo, se uma pessoa que está indo fazer uma prova e cai em um buraco que estava
em uma via municipal. Existe, nesse caso, responsabilidade do Estado? Caberia uma ação
contra a prefeitura, considerando que é uma via municipal?
A prefeitura faz parte da Administração Pública Direta, dentro do Município, de modo
que ela é um órgão. Logo, ajuizar uma ação contra a prefeitura, que é um órgão, não seria
cabível, devendo ser ajuizada contra o Município, que é uma pessoa. Essa possibilidade de
ingressar com uma ação judicial e ser parte em uma relação jurídico-processual é o que se
chama de capacidade processual, capacidade de ser parte no processo. Como o órgão público
não é uma pessoa, então, em regra, o órgão público não tem capacidade processual,
capacidade de ser parte. Excepcionalmente se reconhece a determinadas categorias de órgãos
públicos essa capacidade processual ou capacidade judiciária, mas isso não os transforma em
pessoas jurídicas. Eles continuam não sendo pessoas jurídicas, continuando entes ou unidades
despersonalizadas, mas excepcionalmente o órgão público pode ter capacidade processual ou
judiciária.
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também poderia ter essa capacidade processual) e que esteja na defesa de suas prerrogativas
constitucionais ou institucionais.
Não há que se confundir também CNPJ (Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica) com
personalidade jurídica. CNPJ é o que substitui o antigo CGC. Pode-se dizer que, em regra,
quem tem CNPJ tem personalidade jurídica, mas nem sempre. A própria legislação pertinente
ao CNPJ prevê que alguns entes, mesmo sem personalidade, podem ter o CNPJ. Por exemplo,
a Câmara dos Vereadores tem recursos recebidos do Poder Executivo e que serão colocados
no banco, de modo que é necessário ter CNPJ. Alguns órgãos independentes, então, podem ter
CNPJ, no caso de possuírem dotação orçamentária, mas isso não lhes confere personalidade
jurídica. No direito privado, por exemplo, condomínios não têm personalidade jurídica.
A doutrina, assim, estuda as relações entre o órgão público e o Estado.
Por que a conduta praticada pelo órgão público ou pelo agente deve ser imputada ao
Estado?
Quando se estuda o princípio da impessoalidade, tem-se que o ato praticado pelo agente
público deverá ser imputado ao órgão ou entidade do qual ele faça parte, mas por quê?
Algumas teorias surgiram para explicar essa relação entre o agente público, o órgão e o
Estado. Pode-se sintetizar em 3 teorias: teoria do mandato, teoria da representação e teoria do
órgão. Não são adotadas as duas primeiras. Adota-se, atualmente, a teoria do órgão.
Pela teoria do mandato, o agente público seria um mandatário da pessoa jurídica, do
órgão da pessoa jurídica do Estado. É como se houvesse entre o agente público e o Estado
uma relação de mandato, que é um contrato previsto na legislação civil, que se materializa por
meio de uma procuração.
A teoria do mandato não serve para explicar a relação jurídica entre o agente e o Estado,
porque quando o agente público age com excesso de poder, o Estado responde, mesmo que
pela teoria do mandato é entendido que o Estado não responderia, pois quando se passa uma
procuração para alguém, se essa pessoa extrapolar os limites da procuração que foi assinada,
quem responde pelo excesso é aquela pessoa, e não quem concedeu a procuração.
A aplicação da teoria do mandato para explicar a relação entre o agente público e o
Estado implicaria em isentar o Estado de responsabilidade quando o agente público agisse
com excesso de poder, mas não é assim que ocorre, então a teoria do mandato não serve para
explicar essa relação do agente público com o Estado. Além disso, o mandato é um ato de
vontade psicológica e o Estado não tem vontade própria para outorgar procuração a quem
quer que seja, de modo que essa teoria não se ajusta.
Em razão disso, surgiu a teoria da representação. Por exemplo, um analista de tribunal
que, em seu final de semana vai à praia, ele não está representando o poder público. Quando
estiver dentro do tribunal exercendo suas funções também não estará representando o poder
público.
Um menino de 4 anos de idade é pessoa, é sujeito de direitos e obrigações, ainda que
incapaz. Se esse menino der um chute em uma bola de futebol e essa bola quebrar uma
vidraça, será que há algum tipo de responsabilidade? Isso irá gerar alguma responsabilidade a
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alguém? Isso será cobrado ao responsável pela criança, ao representante por se tratar de um
incapaz.
Assim, quando um agente público diz que está representando o Estado, quer se dizer
que o Estado é incapaz. Portanto, como o Estado não é incapaz, ele não precisa de
representação e essa teoria não se adéqua.
O agente público presenteara o Estado. Ele será o próprio Estado. O agente é o Estado
presente na relação, não sendo assim um mero representante. A vontade do Estado vai se
materializar nas condutas e nos atos dos seus agentes públicos. É isso o que diz a teoria do
órgão.
A teoria do órgão diz que aquilo que o Estado quer ou faz é aquilo o que o agente
público faz. A ideia não é de representação ou mandato, mas de imputação volitiva, de
vontade.
1.2.2. CLASSIFICAÇÃO
São quatro os critérios:
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2. RESOLUÇÃO DE EXERCÍCIO
ANO: 2017 BANCA: FCC ÓRGÃO: 24ª R-MS PROVA: Analista Judiciário
Quanto à estrutura, os órgãos públicos podem ser classificados em simples, também denominados de
unitários, e compostos. Acerca do tema, considere:
I. São constituídos por um único centro de atribuições.
II. Possuem subdivisões internas.
III. São exemplos de tais órgãos, as Secretarias de Estado.
IV. São exemplos de tais órgãos, os Ministérios.
No que concerne às características e exemplos de órgãos simples ou unitários, está correto o que se afirma
APENAS em
a) I e IV.
b) I e II.
c) II e III.
d) IV.
e) I.
COMENTÁRIOS DA QUESTÃO:
I. Correto. Trata-se do simples ou unitário.
II. Errado. Quem possui subdivisões internas são os órgãos compostos.
III. Errado. As Secretarias de Estado são órgãos compostos.
IV. Errado. Os Ministérios são órgãos compostos.
Alternativa correta: E