Livro Linguagem e Comunicação

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Linguagens e Comunicação

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ESPRO - ENSINO SOCIAL PROFISSIONALIZANTE


Rua Maria Borba, 15 – CEP 01221-040 – Vila Buarque – São Paulo/SP
Tel. (11) 2504-1174 – http://www.espro.org.br
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Fernanda Dobashi de Oliveira, Gustavo Schleder, Lauzenir Fragoso,
Marli Glenda Souza da Silva e Patrícia Sant’Ana

Coordenação Editorial
Kelly Cotosck e Barbara Monteiro G. de Campos

Autores
Maíra Moraes
Vera Bomfim

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Moraes, Maíra
Linguagens e comunicação / Maíra Moraes, Vera Bomfim. -- 1. ed. -- São Paulo:
Espro, 2018.

ISBN 978-85-64987-42-5

1. Comunicação 2. Educação 3. Educação profissionalizante - Brasil 4.


Formação profissional 5. Inclusão social 6. Linguagem 7. Linguagem e línguas
8. Textos - Interpretação I. Bomfim, Vera. II. Título.
18-16256 CDD-370.113

ASSOCIAÇÃO DE ENSINO SOCIAL Índices para catálogo sistemático:


PROFISSIONALIZANTE 1. Ensino social profissionalizante:
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Jovem, bem-vindo ao Espro!

Sobre o Espro
O Espro – Ensino Social Profissionalizante – é uma organização sem
fins lucrativos, fundada em 1979 por iniciativa do Rotary Club, que atua na
capacitação profissional e inclusão de jovens no mundo do trabalho. Tem como
missão promover essa inclusão por meio de ações socioeducativas e, por
essência, viabilizar a transformação social não só dos jovens, mas também das
suas famílias e comunidades, que é o grande diferencial do Espro em relação às
outras entidades certificadoras no Programa de Aprendizagem.

Este material — Linguagens e Comunicação


A comunicação faz parte da vida das pessoas de diversas formas. Mui-
tas vezes, sequer percebemos que estamos nos comunicando com algum
tipo de linguagem, como a linguagem corporal. Hoje em dia, com a tecnolo-
gia e a velocidade da informação, ultrapassamos barreiras físicas de comu-
nicação. As mídias sociais e as mensagens instantâneas são as formas mais
utilizadas pelos jovens para contar as coisas e interagir no mundo moderno.
Este livro aborda conceitos de linguagem, língua e discurso. Partindo des-
ses elementos básicos, mostramos como a boa escrita, a leitura e a correta
interpretação de texto são habilidades essenciais para o seu desenvolvimento
pessoal e profissional.
Com este material, queremos incentivá-lo a se comunicar de maneira clara
e eficaz, utilizando os recursos mais eficientes e adequados para o ambiente
corporativo, de forma que as relações interpessoais sejam valorizadas por meio
do uso dos diversos tipos de linguagens.

O Jovem e o Espro
Acreditamos que a capacitação é o melhor caminho para transformar vidas
e que você, Jovem, é protagonista da sua história! Investir no desenvolvimento
das suas competências, habilidades, valores e atitudes será o grande diferencial
na sua evolução profissional e pessoal.

Conte Conosco!
Equipe Espro
Sumário

Capítulo 1 ........................................................................... 06
Capítulo 2 ........................................................................... 26
Capítulo 3 ........................................................................... 40
Capítulo 4 ........................................................................... 56
Capítulo 5 ........................................................................... 72
Capítulo 6 ........................................................................... 90
Capítulo 7 ........................................................................... 106
Capítulo 8 ........................................................................... 120
Capítulo 9 ........................................................................... 138
Capítulo 10 ......................................................................... 150
1
Linguagens e Comunicação

Linguagem, língua e variação linguística


Você já parou para observar como as pessoas se comunicam nas
atividades do cotidiano? O contato com o ambiente em que vivemos, com
as pessoas, acontece pela linguagem. É por meio dela que traduzimos
a realidade externa para o mundo das palavras, em um processo de
diálogo constante entre emissor e interlocutor. Ou seja, é preciso que
haja interação para a significação. A linguagem é, pois, social, histórica
e coletiva. Como falante da língua portuguesa, você participa de
diferentes situações de comunicação, que exigem a escolha de formas
adequadas ao grau de formalidade da ocasião. Assim, você diz alguma
coisa a alguém, de uma forma específica, em determinada situação de
interlocução, em um contexto específico.

Diante dessa realidade, torna-se fun-


//Interlocutor > cada uma das damental o conhecimento das variantes
pessoas que participa de uma linguísticas. O estudo das característi-
conversa, de um diálogo. cas dessas variantes, proposto neste
//Contexto > circunstância em capítulo, permite reconhecer linguajares
que ocorre o ato de comunica- típicos de uma região, de conjuntos de
ção. É formado por elementos profissionais e de grupos sociais diver-
linguísticos e elementos não sos. Você analisará ainda como ocor-
linguísticos (o local, a época, o rem a comunicação formal e a informal
assunto, os interlocutores, as no mundo do trabalho e conhecerá al-
relações sociais ou profissio- guns desvios da língua padrão que po-
nais envolvidos). dem comprometer a comunicação.

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Linguagem, língua e variação linguística

Como consequência, você poderá criar seus textos orais e escritos


com maior produtividade, consciência linguística e respeito ao contexto,
aspectos essenciais na comunicação.

objetivos do capítulo

Neste capítulo, você irá:


desenvolver a capacidade de empregar, na produção de textos orais e
escritos, recursos que promovam e comprovem a competência leitora
e de produção de textos adequados às interações comunicativas;
utilizar a língua na escuta, na produção de textos orais, na leitura
e na produção de textos escritos, de modo a atender a múltiplas
demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos
e expressivos, e considerar as diferentes condições de produção do
discurso no mundo do trabalho;
associar o uso de registros linguísticos formais e/ou informais
a situações comunicativas orais e/ou escritas, notadamente as
relacionadas ao mundo do trabalho;
inferir características históricas, geográficas, sociais, culturais e
técnicas a partir da variedade linguística empregada;
identificar as marcas linguísticas que singularizam as variedades
linguísticas sociais, em especial as relativas ao mundo do trabalho,
regionais e de registro;
relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de
uso social;
reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas
diferentes situações de comunicação por meio da adequação ao nível
de formalidade;
observar os diversos vícios de linguagem, próprios da oralidade, e
analisar a sua adequação a diferentes contextos.

8
1
1. Linguagem, língua e variação linguística

Capítulo 1
1.1 LÍNGUA E LINGUAGEM

Para se pensar sobre variações linguísticas, é preciso estabelecer os


conceitos de língua e linguagem.
Linguagem é a capacidade que a espécie humana tem de se
comunicar por meio de um sistema de códigos capaz de representar,
através de signos diversos (som, cor, imagem, gesto), uma interpretação
da realidade. Confira na Figura 1.1 alguns exemplos de signos que
podemos ver no nosso dia a dia.

Figura 1.1: Signos do cotidiano

Fonte: Bomfim (2018).

O uso da linguagem na comunicação distingue o homem dos animais.


A linguagem é uma faculdade muito antiga do ser humano, anterior
à confecção de roupas, ferramentas, armas e utensílios. Calcula-se
que a linguagem falada do homem tenha surgido há aproximadamente
100.000 anos, formando um vocabulário elementar, ligado à necessidade
de preservação da vida. A partir desse vocabulário, gradativamente,
formaram-se as línguas.
No sentido mais corrente, língua é um instrumento de comunicação
composto por um conjunto organizado de elementos (sons e gestos) que
possibilitam a comunicação. Ela surge em sociedade e todos os grupos
humanos desenvolvem sistemas com esse fim, como é o caso das línguas
portuguesa, inglesa, italiana, francesa e muitas outras.

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Linguagem, língua e variação linguística

Você sabia que, no Brasil, não se fala só português?


Embora a língua oficial do Brasil seja o português,
existem cerca de 270 línguas indígenas faladas no país, "sem
contar as de índios isolados que por estarem sem contato com a
sociedade não puderam ainda ser conhecidas e estudadas."
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco. Pesquisa Escolar. Disponível
em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em:
12 nov. 2017.

Denomina-se língua materna a língua usada no país de origem de


um falante, adquirida por ele desde a infância, no convívio com a família.
Assim, a língua possui um caráter social porque está presente nas diversas
interações sociais de que o ser humano participa. A maneira de você se
expressar sobre as coisas influi diretamente no modo como as concebe
porque você é um ser social. Nesse sentido, o modo como cada falante
utiliza a língua depende do meio social e cultural em que vive, de forma que
se estabelece uma influência mútua entre o sujeito social e o uso da língua.

1.2 VARIAÇÃO LINGUÍSTICA

O português, língua oficial de oito países em quatro continentes


(confira na Figura 1.2), é falado, somente no Brasil, por mais de 210 milhões
de pessoas. Os falantes da língua portuguesa distribuem-se em 26
estados, além do Distrito Federal, ocupando uma área de 8.514.876 km²,
equivalente a 1.033 campos de futebol. Nesse universo de proporções
gigantescas, a língua portuguesa não é uniforme, o que significa que
é falada diferentemente por pessoas das diversas regiões, visto que
os falantes de uma comunidade linguística são pessoas distintas, com
vivências particulares e únicas.

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Figura 1.2: Países onde a língua oficial é o português

Capítulo 1
PORTUGAL

cabo-verde

Guiné-bissau

SÃO TOMÉ E PRINCIPE


TIMOR LESTE

moçambique Angola
Brasil

Fonte: Bomfim (2018).

Como falante do português, você já reparou que a língua se apresenta


de formas diferentes nas diversas situações de comunicação do dia a
dia? Uma conversa em família difere da maneira como as pessoas se
comunicam no mundo do trabalho ou nos meios de comunicação.
Certamente, seus avós utilizavam a língua portuguesa de modo bastante
diferente das pessoas do século XXI.
Como entender esse fenômeno peculiar às línguas em todo o mundo?
Inicialmente, é importante entender que as línguas são sistemas
dinâmicos e muito sensíveis a fatores como região geográfica, classe
social, sexo, idade, profissão e grau de formalidade do contexto, dentre
outros. Assim, a variação é inerente às línguas, isto é, existe em seu próprio
interior, podendo ser encontrada sob os níveis de linguagem familiar,
técnica, erudita, popular, própria a grupos sociais, incluindo grupos
profissionais, além de variações geográficas e diferentes tipo de gírias.

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Linguagem, língua e variação linguística

Diante de tamanha variedade, por qual motivo frequentemente acredita-


se que a língua deve seguir uma forma fixa, imutável, considerada correta? Tal
equívoco decorre da crença de que é certa apenas a norma culta da língua
portuguesa, pois é a variedade de maior prestígio, usada em documentos
públicos, em situações formais de interlocução, em textos acadêmicos,
livros, revistas e jornais. Contrariamente a isso, sabe-se que, do ponto de
vista linguístico, as variedades da língua não apresentam características
que permitam hierarquizá-las ou as considerar boas ou ruins, certas ou
erradas, melhores ou piores umas do que as outras. Ao se hierarquizar as
variedades de uma língua e se julgar uma forma melhor do que a outra,
constrói-se um juízo de valor que se estende aos falantes de determinada
variedade, não raro provocando a discriminação social desses indivíduos.

//Linguagem técnica > trata-se da modalidade científica da linguagem.


Objetiva normatizar o texto de modo que leitores de determinada área
de atuação possam compreendê-lo. Exemplos: linguagem médica,
jurídica, da informática e outras.
//Linguagem erudita > caracteriza-se por exigir do leitor profundo
conhecimento da língua. Hoje, seu uso restringe-se a pesquisadores
da linguagem e linguistas.
//Norma culta > é o conjunto de padrões linguísticos que determinam o
uso correto da língua. É a variedade mais prestigiada da língua, usada
principalmente em textos escritos.

Pode-se sistematizar, assim, os principais tipos de variações linguísticas:

•• variações situacionais: são as variações que se dão em função do


contexto comunicativo, ou seja, a ocasião é que determina a maneira
como se dirigir ao interlocutor, se formal ou informalmente. Por
exemplo, em um ambiente de trabalho, você é mais formal do que em
uma roda com amigos;

12
••

Capítulo 1
variações geográficas: são as variações decorrentes das diferenças
regionais. Um exemplo desse tipo de variação é a palavra mandioca, que
recebe outras denominações, como macaxeira, aipim, castelinha e uaipi.
Nesse tipo também se incluem os sotaques, que você estudará adiante;

Em algumas regiões do Brasil, principalmente em


São Paulo, os empregados recebem holerites; no
Rio de Janeiro, por exemplo, recebem contracheque,
documento em que são especificados o salário bruto e as respectivas
deduções. O termo holerite originou-se do nome do inventor de
uma máquina que perfurava cartões. Observe a sequência: Herman
Hollerith (inventor) – hollerith – (máquina) – holerite (contracheque).

•• variações sociais: são aquelas que se referem aos grupos sociais.


Fatores como faixa etária, profissão, camada social e outros são
determinantes no modo de os falantes se expressarem. Cita-se,
por exemplo, a linguagem dos advogados, dos surfistas, da classe
médica, entre outras.

Figura 1.3: Uso do internetês Veja a Figura 1.3 e pense sobre o uso do
no meio virtual
internetês. Se você já leu ou escreveu uma
mensagem como essa, certamente sabe o
Vc sabe o q que é o internetês, a linguagem simplificada
eh internetês?
Naum? Entaum surgida lá nos anos 1990, no ambiente da
tá na hra de
aprender + sobre internet. No internetês, palavras são abrevia-
esse assunto!
das, letras e sílabas eliminadas e até a acen-
tuação gráfica de palavras pode ser descon-
siderada. Tais procedimentos servem para
deixar a comunicação mais dinâmica e rápi-
da, além de mais aproximada da conversa-
ção oral. Veja algumas formas utilizadas nos
Fonte: Bomfim (2018). textos das redes sociais.

13
Linguagem, língua e variação linguística
Quadro 1.1: Exemplos de internetês

Emojis (emoticons) Acrônimos Abreviações Ortografia adaptada

Rs (risos) Qdo (quando) Kdê (cadê)


:)
Lol (laughing out Axo (acho)
Tbm (também)
;) loud ou rindo muito)
Naum (não)
Tks (thanks ou Vc (você)
Eh (é)
:/ obrigado)
Td (tudo)

// Blz (beleza)
//

Fonte: Bomfim (2018).

O uso de símbolos nas redes sociais tornou-se tão comum, que


algumas pessoas passaram a usá-los em textos de maior grau de
formalidade, o que constitui uma inadequação linguística. Uma abreviatura
como vc (você) não é apropriada a um e-mail ou a outro texto formal
produzido em ambiente de trabalho. Assim, precisamos limitar o uso do
internetês às mensagens da internet.

//Emoji (emoticon) > palavra de origem japonesa que transmite a ideia


de uma palavra ou de uma frase.
//Acrônimo > palavra formada pela inicial ou por mais de uma letra de
cada um dos segmentos sucessivos de uma locução, ou pela maioria
dessas partes.

14
Capítulo 1
Figura 1.4: Os desafios do internetês na comunicação

Pictorama (2018).

••variações históricas: são as que ocorrem ao longo do tempo. Aparecem


quando se comparam textos escritos em épocas diferentes, constatando-
se mudanças no vocabulário, na
Figura 1.5: Exemplos de anúncios ortografia e na gramática. No início do
do final do século XIX
século XX, escrevia-se "pharmácia"
(com ph); hoje, usamos a forma farmácia.
Outro exemplo é a palavra você, que no
passado foi "vosmicê" e, na linguagem
reduzida dos meios eletrônicos, é
representada por vc.
Observe a linguagem utilizada nos
anúncios classificados do final do
século XIX .

Fonte: Bomfim (2018).

15
Linguagem, língua e variação linguística

1.3 ADEQUAÇÃO DA LINGUAGEM

Agora que você já sabe os conceitos de linguagem, língua e variação


linguística, questões ligadas à adequação da linguagem serão abordadas.
Para começar, reflita sobre esta questão: seu vocabulário e a sua forma
de falar são os mesmos na escola, no seu trabalho ou nas redes sociais?
Alguns aspectos relativos à adequação linguística são interessantes para
análise. Observe a imagem:

Pictorama (2018).

O efeito de humor da ilustração é construído a partir da inadequação


na fala do personagem em dois ambientes diferentes. Trata-se de uma
situação de comunicação prejudicada pelo emprego de linguagem
formal em uma conversa informal e pelo emprego de linguagem informal
em ambiente mais formal. Essa ilustração leva à conclusão de que, na
comunicação, os interlocutores precisam se reconhecer mutuamente.
Diante da existência de tantas variações da língua, você deve estar
se perguntando como é possível adequar a forma de falar e escrever às
diversas situações de comunicação do cotidiano.
Existem alguns fatores que podem auxiliar nessa tarefa. Veja:

•• interlocutor (emissor e receptor): são parceiros na comunicação,


por isso, são determinantes para a adequação linguística. Como o
objetivo de toda comunicação é a produção de sentido, é essencial
que ocorra entendimento entre os interlocutores. Assim, conhecer

16
Capítulo 1
o interlocutor possibilita ao falante adequar sua linguagem, evitando
problemas na comunicação, como visto na Figura 1.4;
•• contexto: grande parte do sucesso de uma comunicação entre
pessoas depende do conhecimento do ambiente – o contexto – em
que ocorre a interlocução. Em um ambiente de trabalho, costuma-se
usar a língua com um nível maior de formalidade, enquanto em uma
partida de futebol a conversa se caracteriza pela informalidade;
•• assunto: a escolha do tipo de linguagem mais ou menos formal tem
relação direta com o assunto a ser abordado. Uma carta de inscrição
para um congresso no meio acadêmico certamente terá linguagem
mais formal do que a de um convite para um chá de bebê;
•• intencionalidade discursiva (efeito pretendido): todo texto, oral
ou escrito, é produto da intenção de seu autor. Não existe texto
despretensioso, sem objetivo, ainda que apreender a intenção exija
uma leitura mais atenta e aprofundada. A intencionalidade do autor
definirá o grau de formalidade do texto.

2
2. Comunicação formal e informal

Os diversos usos da língua, até agora abordados nesse capítulo, desta-


cam a importância da adequação do grau de formalidade aos textos orais
e escritos produzidos pelos falantes do português. Essas considerações
envolvem o mundo do trabalho, em que são muitas as exigências quanto à
comunicação entre as pessoas nos diversos níveis da hierarquia funcional.
A comunicação entre os funcionários costuma ser prioridade em uma
empresa, principalmente a partir do uso da tecnologia da computação em
qualquer tipo de ambiente de trabalho, que modificou o próprio processo
de comunicação. Os avanços tecnológicos provocam a redefinição dos
papéis e dos relacionamentos das pessoas que atuam na empresa. Assim,
o importante torna-se a forma como se dá a circulação da informação, de
modo a atender às necessidades da empresa.
Em um ambiente de trabalho, o sistema de comunicação envolve dois
diferentes tipos de esquema: o formal e o informal.

17
Linguagem, língua e variação linguística

Compreende-se por comunicação formal o fluxo de informações


que segue a corrente de comando em uma escala hierárquica. Nesse
esquema, a informação utiliza os canais de comunicação definidos pela
alta administração. Podem ser, por exemplo, mensagens de um gerente
para seus funcionários, em movimento descendente, com orientações
a respeito do trabalho ou de condutas esperadas, como, em um fluxo
ascendente, o encaminhamento pelos funcionários de críticas, sugestões
e relatórios ao chefe.
A comunicação informal ocorre em todas as empresas. Nesse tipo
de comunicação, os membros da empresa trocam pensamentos, o
que possibilita o surgimento de novas e criativas ideias a partir de suas
necessidades. Mesmo sendo uma rede não oficial, deve ser valorizada
pelos gestores, já que exerce influência entre os membros do grupo e
disponibiliza informações que não circulam na comunicação formal. Um
exemplo de momento de comunicação informal é a famosa hora do café.
Fique atento, portanto, aos dois tipos de comunicação no ambiente
em que você atue no mundo do trabalho. É por meio deles que
você estabelecerá interlocução com pessoas de todos os níveis da
hierarquia funcional.

3
3. Regionalismo

Entendida a importância das variações na dinâmica de usos da língua,


merecem destaque, no caso do Brasil, os regionalismos, ou variantes
geográficas, já mencionadas aqui.
Como você já viu, o português falado em todo território brasileiro
apresenta variações no interior das regiões geográficas. Veja a Figura
1.6. As variedades faladas nos estados do Nordeste diferem daquelas
faladas nos estados do Sul, sendo observadas diferenças entre os
estados, entre regiões de um mesmo estado e até entre cidades de
um município.

18
Figura 1.6: Variações geográficas da língua portuguesa

Capítulo 1
Fonte: Bomfim, adaptado de UFRN (2018).

Cada variedade do português “Lá tem vatapá


caracteriza-se por determinadas Então vá!
peculiaridades fonéticas (relativas à Lá tem caruru,
fala), gramaticais ou lexicais (relativas Então vá!
Lá tem munguzá,
ao vocabulário). Essa variedade é
Então vá!
retratada, por exemplo, na música
Se quiser sambar
“Você já foi à Bahia?”, de Dorival
Então vá!”
Caymmi. Observe uma parte da letra:

Na música, são utilizados os nomes de pratos típicos da Bahia,


retratando um dos traços mais importantes da identidade do estado.
Outros exemplos de regionalismo que merecem destaque são: o falar
chiado dos cariocas, a abertura dos sons das vogais no modo de falar dos
nordestinos e a entonação característica da pronúncia dos gaúchos.

19
Linguagem, língua e variação linguística

3.1 ESTRANGEIRISMO

O que são estrangeirismos? Como ao vocabulário estrangeiro agregado à


surgem? Eles enriquecem ou prejudi- língua portuguesa, uma pessoa que já
cam a língua portuguesa? foi a um restaurante japonês provavel-
Ao longo dos séculos, desde a che- mente provou sushi, sashimi, tempura,
gada dos portugueses ao Brasil, o por- shoyu ou shiitake. Mas, se tiver ido a
tuguês, língua materna dos colonizado- uma cantina italiana, certamente sabo-
res, vem recebendo influência de outras reou uma pizza ou um cannelloni com
línguas, desde os dialetos indígenas, queijo muzzarela!
passando pelos falares africanos dos A presença de estrangeirismos na
escravizados até as línguas trazidas língua portuguesa tem provocado mui-
por imigrantes italianos, alemães, fran- tas discussões nos meios acadêmi-
ceses, árabes, chineses, holandeses e cos e políticos, envolvendo críticas ao
japoneses, dentre outros. Como se dá seu emprego e tentativas de proibição
esse processo? de seu uso. Em que se baseiam tais
A influência das línguas estrangei- controvérsias?
ras ocorre porque o imigrante, ao se Justifica-se a preocupação em pre-
integrar à vida no Brasil, torna-se um servar a integridade da língua portugue-
interlocutor dos brasileiros. Assim, sa, considerada o mais importante meio
ocorre uma influência mútua, visto que de preservação da unidade do povo
as duas línguas se enriquecem com o brasileiro. Como diz Caetano Veloso,
contato entre seus usuários. Quanto “minha pátria é minha língua”. Nesse
sentido, o compositor incentiva a valori-
zação e a defesa do português nos ver-
sos “Vamos atentar para a sintaxe dos
paulistas/E o falso inglês relax dos sur-
fistas/Sejamos imperialistas! Cadê?/Se-
jamos imperialistas!”, diante do emprego
de estrangeirismos.
Outro compositor que fala sobre o
estrangeirismo de forma bem-humora-
da é o Zeca Baleiro, na música “Samba
Pictorama (2018). do Approach”.

20
É fato que termos em inglês inva- e política dos Estados Unidos sobre ou-

Capítulo 1
diram o cotidiano do brasileiro, que tros países. Argumenta-se, ainda, que
passeia no shopping, usa o serviço de muitos estrangeirismos se incorpora-
delivery (entrega em domicílio) e leva o ram ao português devido aos avanços
filho para brincar no play. Muitos desses da tecnologia. Observa-se, no entan-
termos têm equivalentes no português, to, que o mouse, como se denomina o
como show, cuja palavra portuguesa periférico de computador no Brasil, em
espetáculo nem sempre é apreciada Portugal é conhecido como rato.
pelo marketing. Nesse aspecto, merece destaque a
Mas por que isso ocorre? introdução de vocabulário técnico oriun-
Para muitos, o fenômeno da inva- do de outras línguas a partir da década
são do inglês decorre do processo de de 1990, com o crescimento da internet.
globalização; para outros, é fruto do Nessa época, o termo startup populari-
imperialismo norte-americano, expres- zou-se e, com ele, um numeroso voca-
são que se refere ao comportamento bulário em inglês. Somente citando al-
autoritário de influência militar, cultural guns termos iniciados pela letra B:

Bouce rate – taxa percentual de visitantes que entram em um site e


saem imediatamente.
Bootstrapping – processo no qual o empreendedor financia o projeto
criado por ele mesmo.
Break even – momento em que o negócio alcança o ponto de equilíbrio.
Business plan – plano de negócio da empresa.

Trata-se de uma discussão em curso e, como tal, deve envolver os vários


segmentos da sociedade.

//Startup > significa o ato de começar algo, normalmente relacionado


com companhias e empresas que estão no início de suas atividades e
buscam explorar atividades inovadoras no mercado.
Fonte: Significados.com. Startup. Disponível em: <http://www.significados.com.br/
startup/>. Acesso em: 28 nov. 2017.

21
4
4. Os vícios de linguagem
Linguagem, língua e variação linguística

No início desse capítulo, mencionou-se a chamada língua padrão (ou


norma padrão), variedade usada nos documentos oficiais e ensinada nas
escolas. Trata-se de uma convenção que tem um modelo a ser seguido
pelos brasileiros de todo o país, a fim de garantir a unidade da língua.
A norma culta da língua constitui-se de regras e padrões que são
respeitados em textos com alto grau de formalidade. No uso coloquial,
nas situações informais de comunicação, é comum ocorrerem desvios
dessa norma, os chamados vícios de linguagem. Veja:

•• barbarismo: é o erro no emprego de uma palavra, podendo ocorrer


no posicionamento da sílaba tônica da palavra, na ortografia e na
definição de gênero, entre outros. Assim, a pessoa usa:

rúbrica ao invés de rubrica


largato ao invés de lagarto
a telefonema ao invés de o telefonema

•• solecismo: trata-se de inadequação na estrutura sintática da frase.


Algumas pessoas falam:

Vou no banheiro ao invés de Vou ao banheiro


Queremos fazermos Queremos fazer
ao invés de
tudo certo tudo certo

•• preciosismo: é o emprego desnecessário de termos pouco conhecidos,


fora de uso ou de estrangeirismos. Prejudica a clareza e a espontanei-
dade da fala;

Falar-lhe-ei a seu respeito.


À noite, vou estar falando com você.

22
••

Capítulo 1
cacófato: caracteriza-se pelo encontro ou repetição de fonemas ou
sílabas que produzem um som desagradável;

Tem uma mão machucada.


Ela tinha poucos materiais.

•• eco: é uma espécie de cacofonia em que ocorre uma sequência de


sons vocálicos idênticos ou de palavras com a mesma terminação;

É possível a aprovação da transação sem permissão ou negação.


Vicente mente constantemente.

•• pleonasmo vicioso: ocorre quando há a repetição desnecessária de


uma informação na frase;

O filho foi o elo de ligação entre os pais.


Entrei para dentro de casa quando começou a ventar.

•• Ambiguidade: imagine a seguinte situação: Pedro é gerente de uma


loja de roupas femininas.
Um dia, ao chegar ao trabalho, abriu a caixa de e-mails e encontrou
a seguinte mensagem:

Senhor Pedro,
O João telefonou dizendo que não
vem trabalhar porque vai levar
sua mãe ao médico.
Luís

O gerente ficou confuso e assustado com o conteúdo do e-mail. Afinal,


quem está doente: a mãe do João ou do Pedro?

23
Linguagem, língua e variação linguística

Mensagens como essa podem causar problemas no mundo do


trabalho. A precisão e a clareza são qualidades essenciais a qualquer
texto produzido em uma instituição, de modo a garantir o eficiente fluxo
de informações entre as pessoas.
No caso do e-mail, o funcionário Luís falhou no uso do pronome pos-
sessivo sua, provocando uma ambiguidade, porque a mensagem admite
mais de um sentido. A ambiguidade do texto de Pedro poderia ser corri-
gida para garantir a comunicação.

Senhor Pedro,
O João telefonou dizendo que não
vem trabalhar. Ele precisará levar
a mãe ao médico.
Luís

Há outros tipos de ambiguidade. Em alguns textos, ocorre pelo uso de


uma palavra que possui mais de um sentido. Assim, na frase “Ele estava
em minha companhia”, há pelo menos dois sentidos porque, companhia
pode significar empresa ou uma pessoa que está junto a alguém. Já
na frase “O diretor encontrou seu funcionário tranquilo”, não é possível
definir quem estava tranquilo, se o diretor ou o funcionário. São exemplos
de como a ambiguidade pode prejudicar a clareza de um texto.
Existem ambiguidades, no entanto, que são propositais, principalmente
na propaganda.
Neste capítulo, você estudou vários aspectos que envolvem os usos da
língua portuguesa no cotidiano dos brasileiros. Principalmente, entendeu
que a adequação do texto falado ou escrito ao contexto é a base de toda
interlocução de que as pessoas participam. Só assim fica garantida a
eficiência na comunicação, objetivo maior do falante de uma língua.

24
Em resumo...

A língua portuguesa é a língua mater-


na dos brasileiros.

Mas ela não é uniforme, desdobra-se


em várias outras em nosso território, to-
das igualmente importantes.

Delivery

Os estrangerismos, os níveis formal


e informal da língua e os vícios de lin-
guagem são manifestações importantes
da língua.

O segredo da comunicação está, so-


bretudo, no respeito ao interlocutor, no
ambiente da troca de informação e nos
objetivos do falante.
Empreendedoorismo

26
2
Linguagens e Comunicação

Língua e discurso
Você já parou para pensar que, dependendo da sua intenção, o seu
modo de falar muda? Já reparou que discursos podem provocar em você
diversos sentimentos como indignação, comoção ou engajamento? Neste
capítulo, conceituaremos discurso e vamos analisar suas condições
de produção. A intencionalidade discursiva ganhará destaque, ou seja,
você verá que todo discurso tem origem no objetivo comunicacional de
um falante.
Além disso, você conhecerá as características formais e a função
dos tipos e gêneros textuais mais utilizados na comunicação oral e
escrita. Em seguida, fechando o capítulo, o estudo dos gêneros literários
possibilitará que você tenha contato com textos literários e suas marcas,
em um percurso que certamente provocará o prazer da leitura.

objetivos do capítulo

Neste capítulo, você irá:


desenvolver a capacidade discursiva, possibilitando selecionar o
gênero adequado à situação comunicativa; escolher os tipos de
discurso e os tipos de sequência que vão integrar o texto.
reconhecer diferentes formas de tratar uma informação;
identificar gêneros textuais diversos, reconhecendo o gênero e suas
tipologias, o objetivo comunicativo e as intenções dos interlocutores;
reconhecer as características e elementos de vários gêneros e tipos
de literatura.

27
1
1. Discurso e suas condições de produção
língua e discurso

e recepção

A língua pode ser definida como um instrumento formado por um


conjunto organizado de elementos que possibilitam a comunicação. A
língua surge em sociedade e todos os grupos humanos desenvolvem
sistemas com esse fim, como é o caso das línguas usadas em todo o
mundo. Assim, você pode entender que a língua é um fenômeno social,
realizado por meio de interação verbal, isto é, por meio de palavras. Tal
interação constitui a realidade fundamental da língua. A tarefa agora é
estabelecer a distinção entre língua e discurso.
O termo discurso admite alguns significados distintos. Normalmente
associa-se discurso a uma fala solene, com ideias organizadas de modo
a atingir um ouvinte. Nesse caso, visualiza-se um orador discursando
em formaturas ou um político falando na tribuna. Existe, no entanto, a
abordagem linguística do termo discurso, segundo a qual discurso refere-
se a qualquer situação de comunicação em um determinado contexto.
Diz respeito a quem fala, para quem se fala e o que se fala, envolvendo
a linguagem escrita (texto) ou falada (conversação social). Enquanto
estrutura verbal, o discurso constitui-se de sequência coerente de
orações ligadas pela unidade de tema.
De acordo com esse entendimento, analisar um discurso significa
estudar a estrutura de um texto com a finalidade de compreender a intenção
comunicativa do falante, determinada pelo contexto social em que ocorre a
comunicação. Como exemplo de discurso atrelado ao contexto, observe o
e-mail recebido pela funcionária de uma empresa.

Joana,
Você acha possível ter força de vontade para se afastar do café e
acelerar a produção do relatório sobre a produção de seu setor?
Estou reavaliando sua atuação na empresa.
Paulo

28
Capítulo 2
Passada a surpresa quanto ao conteúdo do texto, Joana reflete e
responde com o seguinte e-mail:

Caro Paulo,
Obrigada por sua mensagem.
Refleti bastante sobre o teor de seu e-mail e senti que meu trabalho
não está sendo reconhecido. Tenho ciência do prazo estabelecido
para a entrega do relatório, e estou empenhada em cumpri-lo.
Caso haja preocupação quanto ao cumprimento de prazos, coloco-
me à disposição para conversar a respeito dos progressos de meu
trabalho e o andamento da tarefa.
Atenciosamente, Joana

Destacam-se, nessa troca de mensagens, a educação e o


profissionalismo predominantes no e-mail da funcionária, em
contraposição à falta de cordialidade presente no texto do chefe. É
importante observar a relação entre o texto de cada um dos e-mails e as
condições em que ambos foram produzidos.
A intencionalidade discursiva está presente em todos os textos orais e
escritos. Só se pode considerar que há comunicação quando o receptor
consegue construir um sentido para o texto que ouviu ou leu.
©Shutterstock

29
Algumas formas discursivas distintas foram consolidadas ao longo
língua e discurso

do tempo.

•• Discursos relativos a campos do conhecimento: discursos do


Jornalismo, da Física, do Direito, entre outros. Usados em palestras e
em meios acadêmicos, por exemplo.
•• Discursos demarcados por ideologias: discursos usados em
comícios de políticos, por exemplo.
•• Discursos usados para defender movimentos culturais: discursos
que representam determinado período da história.

Em todos os tipos de textos e discursos a construção de sentido é o


objetivo maior, para que a comunicação efetiva entre falantes seja garantida.
Veja a seguir as formas consagradas de estruturar os textos: os
gêneros textuais.

2
2. Gêneros textuais e suas particularidades de uso
Existem diversos gêneros textuais, como o literário e o de propagandas.
Antes de abordá-los, porém, você vai entender a diferença entre os tipos
e gêneros textuais.

2.1 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS

O tipo textual é definido a partir da finalidade do seu texto e


caracterizado por propriedades linguísticas (tempos verbais, construções
de frases etc.). Para definir o tipo textual, você deve se perguntar o que
pretende com o seu texto.
O gênero textual é definido pelas propriedades sociocomunicativas.
É escolhido pelo autor de acordo com o contexto cultural em que será
inserido e com a sua função comunicativa. Ou seja, de que forma você
deseja comunicar o seu texto.
Assim, para contar uma história, deve-se utilizar o tipo textual narrativo,
que pode gerar diferentes gêneros textuais: uma crônica, um conto ou
um romance.

30
Para entender melhor a diferença, leia o quadro a seguir, que apresenta

Capítulo 2
a relação entre tipos textuais, função e gêneros textuais.

Quadro 2.1: Tipos, funções e gêneros textuais

>
TIPO FUNÇÃO GÊNEROS TEXTUAIS
Cardápio, folheto turístico,
Transmitir impressões sobre
DESCRITIVO seres, lugares e espaços.
propaganda, anúncio classificado,
anúncio publicitário etc.

Conto, fábula, piada, crônica,


romance, relato, narrativa
Contar acontecimentos e fatos
NARRATIVO situados no tempo.
de ficção científica, novela,
depoimento, lenda, biografia,
autobiografia etc.

Carta de solicitação, carta


de reclamação, dissertação,
Procurar convencer, persuadir. sermão, ensaio, monografia, tese,
ARGUMENTATIVO Apresentar e defender teses. manifesto, editorial de jornais e
revistas, carta de leitor, ensaio,
resenhas críticas etc.

Ata, relatório, aula, textos


científicos, enciclopédia, resumo,
textos expositivos de revistas
EXPOSITIVO Analisar fenômeno ou teoria. e jornais, palestra, seminário,
conferência, entrevista de
especialista, texto explicativo etc.

Manual de instrução,
Descrever processos.
regulamento, bulas, regimento,
INJUNTIVO Propor ações.
Saber fazer.
receitas, regras de jogo,
procedimento etc.

Fonte: Bomfim (2018).

31
língua e discurso

Há outros exemplos de tipos e gêneros textuais.

Texto injuntivo/gênero manual de instrução

Manual de uso de meios eletrônicos na empresa.


•• É proibido utilizar os meios eletrônicos da empresa para envio ou
recebimento de conteúdos de natureza particular.
•• É expressamente proibido fazer alterações na configuração de
computadores ou notebooks da empresa.
•• É proibido armazenar conteúdo particular, efetuar downloads
de programas e utilizar softwares não licenciados sem autoriza-
ção prévia.
•• É necessária a autorização formal da Administração para a
divulgação de qualquer informação interna em redes sociais,
órgãos acadêmicos, visitantes ou terceiros.
•• É expressamente proibido o envio de informações sigilosas da
empresa para terceiros.

O manual tem como finalidade orientar os empregados sobre


os cuidados necessários quanto ao uso adequado dos meios de
comunicação na empresa.
Veja agora um exemplo de outro gênero textual.

Texto narrativo/gênero piada


O presidente de uma empresa
– Quantos funcionários
faz uma visita de rotina à linha trabalham neste setor?
de produção. Pergunta a Depois de pensar,
um empregado: o empregado responde:
– Olha... mais ou menos
a metade!

32
Capítulo 2
A piada ou anedota é um gênero textual que se enquadra no tipo narrativo,
caracterizando-se pelo humor decorrente de um enredo geralmente curto, com
linguagem coloquial e exploração de duplo sentido de palavras. No caso da piada,
o presidente utilizou a forma verbal trabalham com um sentido, mas o empregado
entendeu de outra forma, gerando o humor.

Texto expositivo/gênero notícia

O setor de empreendedorismo e inovação vai ganhar um reforço


extra neste fim de ano. O Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) lançou nesta quarta-feira (14/11/2017)
uma chamada pública para apoiar projetos de startups nas áreas de
Agronegócio, Biotecnologia, Tecnologia, Economia Criativa, Saúde
e Comunicação.
Os selecionados terão acesso, ao longo de dez anos, a R$100
milhões do Fundo de Coinvestimento Anjo. O Fundo terá apoio de
empresas aceleradoras, que impulsionam as propostas das startups e
de investidores.

Fonte: Brasil (2017).

A notícia, texto de natureza jornalística, tem por finalidade informar


o leitor sobre um determinado fato. Utiliza linguagem necessariamente
clara, objetiva e precisa para evitar qualquer possibilidade de múltiplas
interpretações por parte do leitor.
Cabe ressaltar que a competência linguística e comunicacional do
falante de uma língua é tanto maior quanto mais numerosa for a variedade
de gêneros textuais que ele domine. Assim, o falante escolhe o gênero
textual mais adequado à intenção comunicativa e ao tema do texto
escrito ou oral que irá produzir.

33
3
3.Gêneros literários e suas particularidades de uso
língua e discurso

“Arte literária é mimese (imitação); é a arte


que imita pela palavra”.
(Aristóteles, filósofo grego, séc. IV a.C.).

O estudo da literatura e dos gêneros literários remonta à Antiguidade


greco-romana. Desde a antiga conceituação de imitação da vida de
Aristóteles aos estudos mais recentes, a literatura é considerada a arte
que utiliza a palavra como matéria-prima.
Já dizia Carlos Drummond de Andrade, em alguns de seus versos
mais famosos: “Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os
poemas que esperam ser escritos”.
Diante desse conceito, uma pergunta é inevitável: como identificar um
texto literário de um não literário se ambos são construídos por palavras?
O diferencial está na função poética que as palavras assumem no
texto literário.
A musicalidade, os tons poéticos e artísticos, a criatividade, a
organização das palavras e a linguagem com muita expressividade são
algumas características encontradas em um texto literário.
Nos últimos séculos, foram criados novos gêneros e novos meios
de circulação de textos. Principalmente após a internet, a concepção
clássica de literatura foi modificada. Atualmente, os textos literários são
organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.
Os gêneros literários são categorias ou grupos de classificação de
textos, considerando suas semelhanças em relação a determinados cri-
térios semânticos, contextuais, discursivos, sintáticos, entre outros.
Ainda hoje se utilizam os três gêneros literários definidos por Aristóteles:

•• lírico;
•• épico;
•• dramático.

Cada um desses gêneros são analisados mais detidamente a seguir.

34
Capítulo 2
3.1 GÊNERO LÍRICO

O termo lírico origina-se de lira, instrumento musical usado na


Antiguidade clássica para acompanhar a recitação em voz alta das
composições poéticas.
As principais características deste gênero são:

•• destaque à subjetividade do eu lírico ou eu poético;


•• exploração de recursos melódicos e rítmicos;
•• utilização da primeira pessoa na escrita;
•• expressão de sentimentos e emoções;
•• exteriorização do mundo interior (de caráter subjetivo);
•• uso de palavras em sentido figurado;
•• manifestação também nos textos em prosa.

O gênero lírico é bastante usado em letras de músicas, principalmente


por compositores considerados românticos, como é o caso de Chico
Buarque. Você conhece alguma música que apresente as características
de um gênero lírico ou já se arriscou a escrever textos que expressem
seus sentimentos?
Dificilmente você encontrará ou usará esse gênero em seu ambiente
de trabalho. No entanto, ao reconhecer e desenvolver a habilidade de
escrever textos líricos, você amplia seu repertório e seu modo de se
expressar no mundo, competências que podem fazer diferença no
ambiente profissional.

3.2 GÊNERO ÉPICO

O gênero épico, origem dos textos narrativos, surgiu por volta do


século VII a.C. com as epopeias, longos poemas que ressaltam as
qualidades excepcionais de um herói, protagonista de fatos históricos ou
maravilhosos. Fica fácil identificar essas características ao observar um
personagem como o da imagem a seguir.

35
©Shutterstock
língua e discurso

Alguns aspectos caracterizam o gênero épico:

•• presença de um herói, ser superior capaz de vencer obstáculos


considerados intransponíveis. Para os gregos, era um semideus;
•• presença de deuses que geralmente agem em favor do herói;
•• presença dos elementos essenciais da narrativa: enredo, narrador,
personagens, espaço e tempo;
•• estrutura em versos de tamanhos regulares, em estrofes grandes,
normalmente com oito ou 10 versos.

Três obras antigas deram origem às epopeias


ocidentais: “Ilíada” e “Odisseia”, de autoria do poeta
grego Homero (século VII a.C.), e “Eneida”, do poeta romano
Virgílio (século I a.C.). Escrito em língua portuguesa, o poema
“Os Lusíadas”, epopeia do lusitano Luís Vaz de Camões, relata as
importantes conquistas do navegador português Vasco da Gama,
símbolo do domínio dos mares pelo povo português no século XV.

Você já viu ou ouviu falar em “Game of Thrones”? Nessa série, o per-


sonagem John Snow apresenta algumas características do herói clássico:
é bondoso, honrado e direciona suas ações de acordo com os princípios
de lealdade da família Stark. Vence batalhas, chegando a morrer e voltar ao
mundo para vingar a família Stark. É um exemplo de herói do século XXI.

36
Capítulo 2
3.3. GÊNERO DRAMÁTICO

Este gênero textual compõe-se de textos escritos para serem


representados. O enredo desenvolve-se pela apresentação em cenas.
Dessa forma, elementos extraverbais fazem parte do espetáculo, tais
como cenário, figurino, iluminação, sonoplastia, entre outros.

©Shutterstock
As características do texto dramático são listadas:

•• é feito para ser encenado;


•• divide-se em atos e cenas;
•• conta uma história por meio das falas das personagens;
•• apresenta indicações cênicas (rubricas) para auxiliar a representação.

Assim, o gênero dramático pode estar presente em peças de teatro,


filmes e novelas, por exemplo. Também pode ser drama ou comédia. Que
tipo de texto dramático você prefere? Você costuma reparar em elementos
como figurino e cenário?
Importantes textos dramáticos fazem parte da literatura brasileira. A
peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, escrita em 1955, é um
clássico da literatura e do teatro brasileiros. A história enfoca, com humor
e sarcasmo, as fraquezas humanas, como a hipocrisia da moral católica,
fazendo uma crítica à relativização dos valores da sociedade. Exalta os
pobres e satiriza poderosos e religiosos que só se preocupam com os
valores materiais.

37
língua e discurso

Leia a passagem em que João Grilo propõe que o padre dê a


bênção a um cachorro moribundo, propriedade de figura importante
da cidade.

João Grilo: – Padre João! Padre João!


Padre, aparecendo na igreja: – Que há? Que gritaria é essa?
Chicó: – Mandaram avisar para o senhor não sair, porque vem
uma pessoa aqui trazer um cachorro que está se ultimando para o
senhor benzer.
Padre: – Para eu benzer?
Chicó: – Sim.
Padre, com desprezo: – Um cachorro?
Chicó: – Sim.

Padre: – Que maluquice! Que besteira!


João Grilo: – Cansei de dizer a ele que o senhor benzia. Benze porque
benze, vim com ele.
Padre: – Não benzo de jeito nenhum.

Em seguida, João Grilo convence o padre a benzer o cachorro,


argumentando que poderiam ganhar dinheiro com a farsa. No final da
peça, a Compadecida (Nossa Senhora), heroína da história, salva do
inferno João Grilo e seus companheiros, utilizando argumentos cheios de
misericórdia. Vale a pena ler a peça inteira!
Este exemplo talvez não faça parte de suas referências atuais, mas é
importante que você conheça os clássicos e os autores mais reconhecidos
da literatura brasileira, para que possa ter o seu repertório ampliado.
Neste sentido, o gênero dramático oferece muitas possibilidades para o
enriquecimento cultural.
E você, costuma ir ao teatro, ao cinema? Já leu alguma peça? Invista
nessa formação, você vai ver que muitos empregadores e recrutadores
de Recursos Humanos valorizam essa busca por conhecimento
e cultura nos profissionais.

38
Em resumo...

Capítulo 2
Discurso pode ser qualquer tipo de
comunicação oral ou escrita que en-
volve três elementos essenciais: emis-
são, recepção e compreensão.
relativos a
campos do
conhecimento

Os discursos demarcados por


podem ser: ideologias

marcados pela
Para que a mensagem transmitida dimensão histórica

seja compreendida, é preciso que ela


faça sentido. Isso é alcançado com a es-
colha certa do tipo e do gênero textual.

FN
O gênero textual é escolhido por
você de acordo com o contexto cultu-
ral em que será inserido e com a sua
O tipo textual é definido a partir da função comunicativa.
finalidade do seu texto.
LÍRICO

O texto literário explora recursos


sonoros e semânticos e pode ser: ÉPICO

DRAMÁTICO

39
Empreendedoorismo

3
Linguagens e Comunicação

Capítulo 3
A importância da leitura
A leitura está presente em diversos lugares e momentos do seu dia. O
nome da rua, a mensagem instantânea no aplicativo, as sinalizações nas
ruas, a postagem dos amigos e das amigas nas redes sociais, todo o seu
dia a dia é feito de práticas de leitura. Ler é interpretar, extrair significados.
Por isso, você lê mais do que aquilo que está limitado ao significado das
palavras, frases e textos. Você lê imagens, sons e sensações.
Neste capítulo, buscou-se avançar na compreensão de que a lei-
tura é uma competência essencial no mundo contemporâneo e que
desenvolvê-la pode ser um grande diferencial na realização dos seus ob-
jetivos pessoais e profissionais.
Você verá a importância da leitura nos meios social e corporativo
e como sua experiência também contribui para a sua formação como
leitor ao desenvolver o raciocínio, o senso crítico e a capacidade de
interpretação de documentos empresariais. Fique atento às estratégias
e dicas de leitura instrumental, uma técnica de leitura cujo objetivo é
fazer compreender o que está escrito no texto, encontrando pistas como
palavras-chave, imagens, linguagem e os outros recursos presentes.

objetivos do capítulo
Neste capítulo, você irá:
compreender que a leitura e a interpretação de textos são compe-
tências essenciais no mundo contemporâneo, seja nas experiências
presenciais ou virtuais;
conhecer o conceito de analfabetismo funcional e de que forma o mundo
do trabalho contribui para o desenvolvimento da competência leitora;
conhecer as estratégias e práticas de leitura que podem ser utilizadas
em diversas situações profissionais e pessoais.
41
1
1. Ler é estar no mundo
A IMPORTANCIA DA LEITURA

A leitura é a maneira mais antiga de construir conhecimento. É a forma


como se acessa e se interpreta as informações que são disponibilizadas
<
por diversos meios, seja na escola, na igreja, na família, no trabalho e nos
demais ambientes em que se socializa. Compreender essas informações
permite que você seja autônomo nas escolhas de sua vida, das mais
simples, como ler a bula de um remédio, às mais complexas, como ler
um contrato e tomar a decisão de aceitar ou não cláusulas de direitos e
obrigações às quais você pode estar sujeito.
Com o advento da internet, da cultura digital e do uso cada vez mais
intensivo de formatos como fotos, vídeos e ícones, muitos acreditavam
que a competência da leitura não seria tão valorizada no chamado mundo
da imagem. Mas a leitura é a origem da produção de conhecimentos e o
mundo digital tem exigido cada vez mais leitores e escritores competentes,
pois a internet é um meio de convergência midiática, isto é, local onde
vários formatos como imagem, som e texto se complementam. Veja uma
ilustração desse processo.

42
22. O analfabetismo funcional e o mundo do trabalho

Capítulo 3
Algumas pessoas reconhecem um A experiência no mundo do trabalho
texto, leem, mas não compreendem. Esse pode melhorar sua relação com a
fenômeno é chamado de analfabetismo leitura e ampliar sua capacidade
funcional, que é incapacidade de pes- de interpretação de dados, o que,
soas já alfabetizadas compreenderem consequentemente, amplia também sua
e interpretarem textos simples, frases, competência de produzir conteúdos em
sentenças ou números. Ou seja, apesar diversos formatos, inclusive oral, nas
de reconhecerem o alfabeto e as pon- conversas diárias com seus colegas
tuações, não desenvolveram habilida- e familiares.
des de interpretação de textos. Isso traz Em que situações você precisou
obstáculos para suas conquistas inte- realizar a leitura e interpretação de
lectuais e sociais, tornando mais difícil o informações para o desempenho do
alcance de seus objetivos tanto pessoais seu trabalho?
quanto profissionais.

3
3. A importância da leitura nos meios social e corporativo

Se a leitura é a forma como você se inteirado dos fatos do dia por meio
interpreta pessoalmente um conjunto da leitura.
de informações, é por meio desta ação Se você ainda tem dúvidas sobre a
que você se localiza e age no mundo. importância de ser um bom leitor, então
Quando você acorda e confere a pense no ambiente de trabalho, onde
hora, está em um processo de leitura e saber ler (e ler muito bem) é uma com-
interpretação. O mesmo ocorre quando petência valorizada. A vida corporativa
lê os letreiros na estação de metrô e no é mediada por textos/arquivos que se
ônibus ou quando passa pelas bancas apresentam em formas e linguagens di-
de jornal e identifica as principais no- versas e que são produzidos com o ob-
tícias. Só nesse trajeto é provável que jetivo de compartilhar informações com
você já tenha acessado as mensagens colaboradores da empresa, clientes e
que foram enviadas pelos seus colegas demais públicos de interesse, conforme
em aplicativos ou nas redes sociais e a Figura 3.1.

43
A IMPORTANCIA DA LEITURA
Figura 3.1: Os diferentes tipos de documentos corporativos

Arquivo Impresso
Impresso Digital
Digital
Arquivo

<
Documentos
DOCUMENTOS Formato
Formato TextoI
Texto magem
Imagem Som
Som Video
Vídeo
Coorporativos
CORPORATIVOS

Linguagem
Linguagem Formal
Formal Informal
Informal

Fonte: Moraes (2018).

3.1 ARQUIVOS

Informações empresariais são dis-


ponibilizadas aos funcionários, clientes //Público de interesse ou
e demais públicos de interesse em stakeholder > termos uti-
meios impressos e digitais. O impresso lizados na gestão de em-
apresenta-se fisicamente, pode ser um presas e projetos para
panfleto, cartaz e principalmente folhas identificar pessoa ou gru-
em formato A4 que exigem espaço para po que a empresa impac-
armazenamento. Hoje, os mesmos do- ta (ou tem interesse em
cumentos impressos possuem uma ver- impactar) direta ou indire-
são digital que pode ser circulada por tamente, de acordo com
e-mail e armazenada em servidores di- seus objetivos.
gitais com mais segurança.

Você sabia que o tamanho dos papéis utilizados para


impressão é resultado de uma matemática acordada
entre diversos países? O padrão internacional ISO 216, do ano
de 1975, define os tamanhos de papel utilizados em quase todos
os países.

44
Capítulo 3
3.2 FORMATOS

Existem também variedades de arquivos. Por exemplo, quando você


formatos de arquivos para diferentes acessa um arquivo com extensões
tipos de dados. A divisão de formato em MP3, WMA, AAC ou WAV, você está
texto, imagem, som e vídeo contribui acessando arquivos em formato áudio,
para a compreensão das inúmeras que podem ser músicas, gravações
possibilidades que um documento pode de reuniões etc. Se você trabalha com
apresentar. Um vídeo, normalmente, um programa de edição de texto, as
nada mais é do que a combinação de extensões que esse programa terá para
texto, imagem e som na produção de salvar um arquivo serão TXT ou DOC.
um conteúdo a ser comunicado. Que programas você utiliza com
Para a elaboração dos documentos mais frequência na escola ou no
são utilizados programas e cada um trabalho? Que tipos de arquivo são
deles tem um formato para atribuir aos criados nesses programas?

3.3 LINGUAGEM

Muitos documentos são escritos em informal, que denota uma aproximação


linguagem formal, isto é, quando são entre os interlocutores.
respeitadas rigorosamente as normas Compreender as possibilidades de
gramaticais (norma culta), produzindo combinação entre tipo de arquivo, for-
um efeito de afastamento entre o leitor matos e linguagem possibilita melhor
e o produtor da informação. Usa-se desempenho na leitura e interpretação
esse tipo de linguagem em documentos dessas peças na dinâmica do trabalho.
que exigem maior seriedade, como leis, No Quadro 3.1, foram listados alguns
regulamentos e contratos. documentos empresariais e destacados
Mas o que domina o cotidiano e os motivos pelos quais é importante
as relações pessoais (até mesmo com não apenas lê-los, mas compreendê-los
colegas na empresa) é a linguagem e interpretá-los.

45
Quadro 3.1: Documentos empresariais

Tipos de Documentos Por que é importante a leitura


Contrato é um vínculo jurídico entre dois ou mais sujeitos de
direito, pessoas físicas ou jurídicas. É instrumento indispen-
sável para a realização de compras, contratações e outras
formas de negócios e regula as relações de direitos e deve-
Contrato
res entre as partes envolvidas.

Provavelmente será o primeiro documento que você assinará na


sua contratação de trabalho.

Estes documentos podem se apresentar em diversos formatos,


como um livro, um folheto, ou mesmo um vídeo. O importante
Normas ou
é compreender as regras que farão parte do seu dia a dia,
regimento
como horários de trabalho, responsabilidade dos cargos,
da empresa
normas de segurança e outras regras que devem ser
seguidas no ambiente de trabalho.

São um conjunto de informações detalhadas sobre o funciona-


mento de máquinas, programas e até da própria empresa.
Manuais Para a realização de um trabalho com qualidade e seguran-
ça é importante conhecer seu conteúdo para compreender
os procedimentos.

Disponibilizam informações detalhadas de um processo ou re-


sultado de um trabalho. Muitos relatórios são gerados em
empresas, como o relatório de vendas, que detalha os re-
Relatórios
sultados da área em determinado período. Ler, entender e
produzir relatórios são competências essenciais para quem
deseja atuar em cargos gerenciais.

Muitas empresas possuem sua rede interna de informação,


chamada intranet. Nela é possível acessar diversas
Intranet da informações e documentos de circulação interna, como
empresa normas e manuais. Conhecer as informações disponibilizadas
na intranet ajuda o profissional nas negociações internas e
também na realização do seu trabalho.

Os infográficos têm sido cada vez mais utilizados na comunica-


ção empresarial. São um tipo de representação visual gráfica
que ajuda a apresentar dados e explicar questões comple-
Infográficos
xas, conduzindo à sua melhor compreensão. A leitura desse
recurso exige não apenas a interpretação do texto, mas tam-
bém dos gráficos e imagens utilizados.

Mesmo com o uso cada vez mais frequente dos aplicativos de


mensagens instantâneas, os e-mails continuam sendo o prin-
E-mails e cipal recurso empresarial para troca e registro de informações.
mensagens É necessário ler e compreender as informações que che-
eletrônicas gam por estas mensagens (que também incluem registros
e documentos empresariais) para que não haja enganos na
execução dos trabalhos.

Fonte: Moraes (2018).


Capítulo 3
Nem todos esses documentos são produzidos em linguagem formal
de texto. As informações podem ser apresentadas em histórias em
quadrinhos, filmes, imagens, músicas e até objetos interativos.
Muitas empresas também têm o cuidado de produzir materiais
acessíveis às pessoas com deficiência visual. Para esse público, é utilizado
o sistema Braille de impressão de materiais, sistema de leitura e escrita
por meio do tato, destinado a pessoas cegas.
Outras alternativas são o livro falado e o livro digital, acessíveis no
formato Daisy, que facilita a navegação pelo texto, permitindo a reprodução
sincronizada de trechos selecionados, o recuo e o avanço de parágrafos e
a busca de seções ou capítulos, além de exportar o texto para impressão
em Braille.

Em janeiro de 2016, entrou em vigor a Lei Brasileira


de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou Estatuto da
Pessoa com Deficiência. Entre as diversas normas e recomendações,
o texto postula a obrigatoriedade de garantir a acessibilidade das
pessoas com deficiência às páginas da internet. Ou seja, os textos
dos sites devem ser acessíveis por meio de leitores de tela para
navegação de pessoas com deficiência visual, por interpretação
em Libras para pessoas com deficiência auditiva, além de conter
opções de contraste, aumento de fontes, legendas nas imagens,
audiodescrição em vídeos, entre outros recursos assistivos.

Que outros documentos empresariais você conhece? Pense em todos


os documentos mencionados e reflita por que a leitura e a interpretação
de cada um deles são importantes. Troque ideias com seus colegas e
amplie seu repertório.

47
4
A IMPORTANCIA DA LEITURA

4 . Estratégias para se consolidar como leitor fluente


Assim como ser um atleta de alto desempenho exige treino, ser um bom
leitor exige prática de leitura e dedicação. Ler não precisa ser o momento
chato do dia. Para traçar uma rotina de leitura que lhe dê vontade e prazer
<
de cumprir é importante identificar alguns hábitos que você já possui e, a
partir deles, montar uma agenda.
Conheça algumas estratégias para aprimorar sua leitura.

1 Liste pelo menos três opções de leitura que mais lhe agradam.
Pense em gêneros literários (romance, ficção, comédia) e assun-
tos diversos.
2 Com base nessa lista, selecione os textos que você lerá. Além de ser
sincero, seja também crítico. Preocupe-se também com a qualidade
e credibilidade da fonte de informação escolhida.
3 Escolha um local para você fazer o seu ritual de leitura. Pode ser um
espaço na casa, no transporte público, em um parque público.
4 Mantenha a concentração na leitura. Se no começo forem apenas
dez minutos, esforce-se para nas próximas semanas aumentar para
quinze e assim por diante.
5 Estabeleça uma rotina. Quantas vezes por dia ou por semana você
se dedicará ao exercício da leitura? Com o tempo, tente aumentar
a frequência.

4.1 ESTRATÉGIAS PARA LEITURA INSTRUMENTAL

O caminho construído neste capítulo até agora mostrou que a leitura é


uma competência essencial no mundo contemporâneo e que desenvolver
esta competência pode ser um grande diferencial na realização de seus
objetivos pessoais e profissionais.
Mas se isso, na prática, ainda parece ser um grande desafio, pense na
experiência de leitura como um jogo de inferências, de descobrimento,
em que você vai aos poucos acessando e reconhecendo inúmeras
informações que você já tem, resultado de sua vivência cotidiana.
Essa é a proposta da leitura instrumental, técnica que permite a você
compreender o que está escrito no texto por meio da interpretação de
pistas, como palavras-chave, imagens, linguagem e os outros recursos
presentes no conteúdo.

48
Capítulo 3
//Inferência > processo pelo qual se chega, por meio de determinados
dados, a alguma conclusão. É uma avaliação mental que relaciona
dados abstratos para se chegar a alguma conclusão. Os filmes de
investigação, como o do personagem Sherlock Holmes, são um bom
material para se compreender na prática o processo de inferência.
Juntando informações e fatos, o detetive chega à solução do crime.

#PRECONCEITONÃO!

todos e tod
as
contra o
racismo

Todo texto contém pistas sobre o contexto em que foi produzido e


seus objetivos. Ao mergulhar em seus elementos, que vão muito além de
palavras, tem-se a capacidade de construir mentalmente o contexto e co-
meçar, intuitivamente, a construir o sentido da mensagem.
Por exemplo, observe o cartaz.
Normalmente, as imagens, fotos, desenhos, são os primeiros ele-
mentos que são identificados em material publicitário. No cartaz,
identificam-se imagens de cinco pessoas, no total.
Até então, o que se tem é um conjunto de imagens.
Pode-se em seguida passar para a leitura dos elementos textuais,
começando pelo título Preconceito Não! e em seguida para o destaque

49
A IMPORTANCIA DA LEITURA

todos e todas contra o racismo. Ao ler o texto, o conjunto de elementos


começa a ter novos sentidos.
Agregando novos elementos à sua leitura, é possível que você se
lembre de uma aula, um filme ou conversa sobre racismo de que já
<
participou. Pode vir à lembrança uma experiência pessoal sua ou de
alguém próximo a você. Você pode lembrar-se de uma reportagem em
um jornal ou revista relatando que no Brasil sete em cada 10 pessoas
assassinadas são negras.
Quando você traz essas informações, a expressão “preconceito
não!” adquire um novo sentido. Então, você percebe que o conjunto
de mensagens no cartaz refere-se a uma campanha contra o racismo.
Reconhecer significa acessar um arquivo de conhecimentos que se
adquiriu anteriormente.
Mas ainda tem novas descobertas.
No conjunto de elementos, você identifica a expressão #preconceitonão!
Imediatamente reconhece o símbolo # (hashtag) e já pensa em acessar
sua rede social favorita procurando outras imagens e informações da
campanha que foram compartilhadas por outras pessoas no ambiente
virtual, complementando as informações disponíveis no cartaz.

Tags são palavras-chave (relevantes) ou termos


associados a uma informação, tópico ou discussão que
se deseja indexar de forma explícita em redes sociais.
Hashtags são compostas pela palavra-chave do assunto antecedida
pelo símbolo cerquilha (#). As hashtags viram hiperlinks dentro da
rede, indexáveis pelos mecanismos de busca.
Por exemplo, quando um usuário marca seu texto e compartilha na
rede algo com a hashtag #VidasNegras denota aos seus leitores que há
outros conteúdos que podem ser encontrados na rede sobre o tema.
As hashtags devem ser curtas, isoladas e descrever a publicação da
melhor forma possível.

50
Capítulo 3
Todo esse movimento feito em uma leitura, indo e vindo, inferindo e
desvendando é automático e quase inconsciente. Toda a informação que
se acessou foi a partir de contatos e experiências anteriores com outros
textos similares.
Se você conseguiu ler as palavras é porque em algum momento de
sua vida você foi alfabetizado na língua portuguesa. A todo momento
você buscou elementos do seu conhecimento de mundo, buscou
informações que não estão no texto, mas que são compreendidas por
suas competências.
A leitura é um processo complexo, mas você está preparado para arti-
cular diferentes tipos de informação e trabalhar com eles simultaneamente.

51
A IMPORTANCIA DA LEITURA

4.2 PRATICANDO A LEITURA INSTRUMENTAL NO AMBIENTE DE TRABALHO

O jogo de descobertas textuais pode ser usado em qualquer tipo de


texto e contexto.
<
Veja o e-mail que chegou em sua caixa de mensagens:

Para: você@aprendizlegal.com.br
De: [email protected]
Enviado: 14:16

Boa tarde.
Amanhã, às 15h, faremos uma apresentação sobre o programa para a diretoria.
Por favor, prepare um resumo com os principais destaques do texto abaixo:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5598.htm
Qualquer dúvida, me avise para que eu possa ajudá-lo.
Marcelo L.
Analista do Programa Aprendiz

Antes mesmo de ler a mensagem, você identifica que foi enviada por
um profissional da área de Recursos Humanos, pois você lembra que nas
empresas é comum utilizar a abreviação RH para a área.

52
Capítulo 3
Ao ler o texto, observe que há um link. Antes de clicar e acessá-lo,
você observa as pistas que revelam o contexto da informação:

a informação .gov.br indica que o site não é de uma


empresa, mas sim do governo federal.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5598.htm

essa informação indica que o conteúdo


do link está ligado ao Código Civil.

no Brasil, o Presidente da República trabalha no


Palácio do Planalto, então este site refere-se a
informações no âmbito da Presidência da República,
e não de ministérios.

Não é preciso desvendar todos os elementos do link, pois você já tem


elementos suficientes para saber que quando o acessar vai ler uma lei,
um decreto ou outro tipo de documento legislativo.
Ao acessar o link disponível no e-mail, tem-se:

origem do documento é o Palácio do Planalto.

DECRETO Nº 5.598, DE 1º DE DEZEMBRO DE 2005.


Regulamenta a contratação de aprendizes e dá providências.

confirma que é
um decreto. agora sabe do que se
trata o documento.

Para continuar praticando em outra oportunidade, escolha um novo


texto e mergulhe no jogo, identificando cada pista, fazendo inferências
e organizando conscientemente as informações que vêm à sua
lembrança. Registre cada passo e analise o conjunto de informações
que você coletou.

53
A IMPORTANCIA DA LEITURA

4.3 DICAS PARA A LEITURA INSTRUMENTAL

1 Entender um texto é abrir-se a conexões de ideias, informações e situações


já vivenciadas, mas é importante estar atento às inferências que são
<
realizadas nesse processo. No jogo da leitura e das possibilidades de
significados, há sempre o risco de se equivocar. A prática melhora as
habilidades e reduz a chance de erro.

2 A leitura e compreensão de um texto devem ser entendidas como um


processo complexo de construção de sentido. Quando as frases começam
a fazer sentido é sinal de que você mergulhou nas palavras, identificou as
pistas e compreendeu a mensagem.

3 Identifique e utilize os elementos oferecidos para além das palavras.


Pergunte-se: é um artigo de jornal? Um e-mail? Um relatório de vendas? Se
tem imagens, o que indicam?

4 Esteja atento e permita-se acessar outras áreas de conhecimento.


O ato de ler não é exclusivo de uma área, faz parte do seu cotidiano
pessoal e profissional. Um texto pode conter elementos da Literatura,
da Matemática, da Química e outros temas. Identificá-los facilita a
interpretação da mensagem.

5 Inferir é uma operação de raciocínio que articula várias informações de


maneira complexa. Não é um processo de adivinhação, pois é baseada
nos conhecimentos que você adquiriu e acumulou em sua história de
vida. Valorize suas experiências. Cada uma delas conta no processo de
compreensão do texto.

Quanto mais você lê e valoriza seu processo de aprendizagem, mais


amplia seu conhecimento de mundo e mais fácil será a próxima leitura. O
hábito de leitura é uma prática extremamente importante para desenvolver
o raciocínio, o senso crítico e a capacidade de interpretação.

54
Em resumo...

Ler e interpretar o que está lendo é


uma habilidade fundamental para sua vida
social, seja na dimensão pessoal ou seja
na profissional.
O hábito da leitura é uma prática que
desenvolve o raciocínio, o senso crítico e a
capacidade de interpretação.

Atuar no mundo do trabalho também


é uma oportunidade para o aprimoramen-
to da leitura, pois a dinâmica corporativa
possibilita o contato com diversos tipos de
documentos, textos e linguagens.

A leitura instrumental é uma estratégia


que pode ser utilizada para identificar as
pistas de significados e facilitar a interpre-
tação das mensagens.
S

56
56
Leitura e compreensão
Empreendedoorismo
de textos

4
Linguagens e Comunicação

Leitura e compreensão de textos


Você já reparou que vive cercado por textos e que eles estão em
diversos lugares e em variadas situações de comunicação?
De tipos e gêneros diversos, curtos ou longos, escritos, falados ou
gestuais, os textos podem ser observados por toda parte, proporcionando
interação entre pessoas e construindo sentidos para o mundo.
Ler é muito mais do que decodificar palavras. É preciso interpretá-las
e identificar, além das informações explícitas, as sugeridas e as
subentendidas pelo contexto em questão. Apenas assim o texto pode ser
de fato usufruído, atingindo sua função comunicativa.
Neste capítulo, você lerá sobre a noção de texto, a identificação dos
sentidos explícitos e implícitos de um texto, a importância do vocabulário
e das estratégias de leitura, em diálogo com a importância dos textos,
para o mundo do trabalho.

objetivos do capítulo

Neste capítulo, você irá:


compreender o sentido global de diferentes textos em língua
portuguesa a partir de sentidos explícitos, implícitos e de inferências;
perceber o conhecimento do vocabulário como fator essencial para a
construção de significados do texto;
entender o raciocínio lógico verbal como a capacidade de raciocinar
por meio de conteúdos verbais;
identificar a depreensão de ideias-chave e palavras-chave como
pistas para a construção de significados do texto.

57
1
1. Noções de texto
Leitura e compreensão de textos

É possível que você já tenha escutado ou lido frases como: “que texto
interessante!”, “seu texto está confuso!”, “escreva um texto sobre seu
S
trabalho”. Muito se fala sobre texto, mas pouco se conhece sobre a noção
de texto e as condições de sua produção.
Texto é uma unidade de significação de qualquer extensão: pode ser
desde uma simples palavra até um conjunto de frases. O que o define não
é sua extensão, mas o fato de ele ser uma unidade de significação em
relação a determinada situação. É o lugar em que se faz o processo de
interação entre falante e ouvinte, autor e leitor.
Você está constantemente em contato com textos, inclusive nos
ambientes de trabalho. Provavelmente já deve ter lido, em suas atividades
profissionais, placas com variadas mensagens que, mesmo curtas,
atingem plenamente o objetivo de orientar empregados e visitantes em
uma empresa. São, portanto, textos, conforme os exemplos na Figura 4.1.

Figura 4.1: Mensagens de placas em locais de trabalho

Silêncio! É proibida a entrada de


pessoas estranhas.
s

atenção! Não circule pelas


s

áreas de produção sem


s

equipamentos de proteção.

Fonte: Bomfim (2018).

De uma simples placa até um romance tudo é texto, desde que


respeitados alguns critérios que definem uma frase ou um conjunto
de frases como um texto. Um deles é a organização das palavras e
expressões, que precisam atender às relações estabelecidas pela própria
língua. Ou seja, a coerência.

58
Capítulo 4
Assim, se você se deparar com o segmento:

sabemos gaivota jamais escritório marítimo difícil não O!estudo

não reconhecerá nele um texto, visto que as palavras não foram


organizadas de modo a fazer sentido. Em decorrência disso, não se
construiu a coerência, requisito fundamental para a existência de um texto.
O conto “Circuito fechado”, do escritor Ricardo Ramos, mostra que,
mesmo sem a utilização de verbos ou adjetivos, é possível garantir a
coerência ao se construir um texto. No conto, o autor utiliza somente
substantivos que se articulam para compor a rotina de um profissional.
Observe um fragmento do conto:

“Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, vales, cheques,


memorandos, bilhetes, telefone, papéis. Mesa, cavalete, cinzeiros,
cadeiras, esboços de anúncio, fotos...”

Os movimentos do profissional em seu ambiente de trabalho são


minuciosamente construídos, embora Ricardo Ramos não tenha usado
verbos, pela sequência de substantivos que remetem ao universo
profissional da personagem. Durante a leitura, é possível criar uma
imagem mental daquilo que está sendo contado no texto e até mesmo
sentir identificação com o cenário descrito.
A intenção do autor é outro fator essencial à produção de um texto.
O enunciador, ao criar um texto de qualquer natureza, pretende que o
interlocutor compreenda o sentido do que escreveu. O interlocutor, por
sua vez, precisa aceitar o texto, que necessita ter significado no mundo
do leitor.
No trabalho, por exemplo, você recebe um artigo, escrito por seu
chefe, sobre liderança na empresa. Ao incentivar a leitura desse texto, o
chefe revela a intenção de que o empregado reflita sobre a importância
da liderança para o crescimento da empresa. O empregado, por sua vez,
lê e analisa o texto, cujo conteúdo está intimamente ligado a seu trabalho.
Com isso, garante-se a eficácia da comunicação.

59
Leitura e compreensão de textos

Em resumo, o texto caracteriza-se por ser um ato produzido de


acordo com a gramática de uma língua, orientado para influenciar o
comportamento do leitor e responsável pelo efeito causado nesse
S
mesmo leitor.
A partir do conceito de texto, é possível organizar os textos em dois
grandes grupos: os textos literários e os textos não literários. Em que se
baseia tal distinção?

2
2. Texto literário e não literário

O texto literário tem como principais objetivos provocar o prazer da


leitura e se destinar ao entretenimento, ao belo, à arte e à ficção. Para
isso, recorre à função emotiva da linguagem, isto é, busca despertar
sentimentos e emoções no leitor com o uso de recursos expressivos.
A linguagem do texto literário possibilita mais de uma interpretação por
meio de palavras e expressões que indicam possibilidades de leitura.
Exemplos marcantes da literatura voltada ao público jovem são a trilogia
de “Senhor dos Anéis” e toda a saga de Harry Potter.
No texto literário, o autor reflete sobre o contexto com o objetivo
de fazer a recriação pessoal e subjetiva da realidade. Explora figuras
de linguagem e outros recursos que somam beleza, musicalidade e
harmonia ao texto. O conto “Circuito fechado”, mencionado anteriormente,
é um exemplo de texto literário.

//Figuras de linguagem > são recursos da língua usados para tornar


as mensagens mais ricas e expressivas. São exemplos de figuras de
linguagem: metáfora, metonímia, hipérbole etc.

60
Capítulo 4
São textos literários: poemas, romances, contos, novelas, lendas,
fábulas, crônicas, peças de teatro, letras de música etc.
O texto não literário, diferentemente, tem como principal objetivo
informar, explicar, ordernar e/ou convencer. Utiliza linguagem objetiva,
clara e referencial, já que o autor tem a intenção de falar objetivamente
sobre situações, fatos e informações relacionadas ao cotidiano concreto
dos indivíduos.
Os documentos escritos em empresas são exemplos de textos não
literários: e-mails, relatórios, memorandos, ofícios, artigos científicos,
manuais de instruções, dicionários, cartas comerciais etc.
Sintetizando as características do texto literário e não literário, tem-se:

Quadro 4.1: Texto literário versus texto não literário

Texto Literário Texto não literário


Linguagem conotativa (sentido figurado) Linguagem denotativa (sentido concreto)

Presença da função poética (centrada na Predomínio da função referencial (linguagem


mensagem, nos recursos utilizados) direta centrada na informação)

Presença de figuras de linguagem Linguagem impessoal

Possibilidade de desrespeito intencional às


Adoção da gramática normativa
regras gramaticais

Uso de fatos e informações objetivas

Fonte: Bomfim (2018).

É importante que você compreenda como e quando se usa um texto


literário e um não literário, de modo a aprimorar a qualidade de sua
comunicação, aproveitando a variedade de textos que tem a seu dispor.

61
3
3. Raciocínio lógico verbal
Leitura e compreensão de textos

No cotidiano do trabalho, são vivenciadas inúmeras situações em


que é preciso expressar ideias de forma coerente e organizada. São
S
conversas, palestras, seminários e entrevistas. Esse tipo de atividade
exige que você utilize, de forma consciente ou inconsciente, uma série de
elementos e estruturas próprias da linguagem. É o emprego do chamado
raciocínio lógico verbal.
O raciocínio compõe-se de um conjunto de atividades mentais que
consiste na associação de ideias, de acordo com determinadas regras. O
raciocínio verbal, especificamente, refere-se à capacidade de raciocinar
por meio de conteúdos verbais, estabelecendo princípios de classificação,
ordenação e relação de significados. Por fim, a ordem lógica diz respeito
às relações de causa e consequência a partir de dados e do uso de
indução e dedução, estruturas lógicas que precisam ser expressas
adequadamente pela linguagem.

//Indução e dedução > há dois processos principais com os quais


organizamos nosso raciocínio: a dedução e a indução. A dedução
consiste em chegar a uma verdade específica a partir de outra mais
geral e abrangente. Já na indução, observam-se casos particulares,
isolados, que orientam a construção de um padrão e a definição de
uma lei geral aplicável a todos os casos observados.

Assim, quando você constrói um raciocínio lógico verbal, o primeiro


requisito é utilizar o vocabulário adequado, formado por termos dos quais
conheça o significado. É difícil haver raciocínio válido se forem usadas
palavras imprecisas ou inadequadas. Além desse aspecto, cabe destacar
o princípio da não contradição, segundo o qual em duas proposições
contraditórias só uma será verdadeira.

62
Capítulo 4
Compare os enunciados 1 e 2.

•1 • O cansaço é um dos principais causadores de acidentes de trabalho.


Por esse motivo, as empresas precisam respeitar os horários de
trabalho e de descanso de seus empregados.

•2 • O cansaço é um dos principais causadores de acidentes de trabalho.


No entanto, a imprudência é o principal motivo de acidentes, e não o
cansaço.

O exemplo 1 compõe-se de duas frases, sendo que a segunda reforça,


de forma coerente, o que foi dito na primeira. No segundo exemplo,
porém, não se esclarece para o leitor a real importância do cansaço nos
acidentes de trabalho.
No mundo do trabalho, o raciocínio lógico verbal costuma estar
presente nas questões dos testes realizados por empregadores para
definir se um profissional é a pessoa indicada a ocupar determinada
vaga. Esses exames geralmente testam vocabulário, compreensão verbal
e lógica.
Questões que avaliam o raciocínio lógico verbal geralmente propõem a
leitura de uma passagem de um texto para que, em seguida, responda-se
se ela é verdadeira ou falsa e se há insuficiência de dados. Assim, a
resposta correta dependerá de compreensão e análise do texto.

4
4. Interpretação subjetiva e objetiva

Inicialmente, é necessário entender a diferença entre compreender e


interpretar um texto. A compreensão diz respeito a frases e ideias escritas
no texto, ou seja, a aspectos visíveis do texto, por meio da análise de
dados coletados. Já a interpretação consiste em tirar conclusões (inferir)
a partir do material lido. Isso quer dizer que, enquanto a compreensão
trabalha com o concreto do texto, a interpretação depende da
subjetividade do leitor.

63
Leitura e compreensão de textos
Figura 4.2: Compreensão e interpretação

Frases e ideias no texto


S

s
Compreensão
Análise de dados concretos
do texto

Conclusões, inferências
s

Interpretação
Subjetividade do leitor

Fonte: Bomfim (2018).

Quando se interpreta um texto, analisam-se informações que podem


estar nele ou fora dele, essas últimas em conexão com as primeiras.
Nesse caso, o leitor consegue inferir, concluir a partir de informações que
estão no texto ou atreladas a ele.
Assim, um texto é formado por informações explícitas e implícitas.
Observe o enunciado seguinte:

– Paulo felizmente parou de fumar.

A informação explícita é Paulo parou de fumar. A informação implícita


é Paulo fumava. A palavra felizmente indica que o falante tem uma opinião
positiva sobre o fato, o que é outra informação implícita.

64
Capítulo 4
Os textos apresentam informações explícitas e
implícitas. As primeiras dizem respeito ao que o
autor expõe no próprio texto. Já as informações implícitas estão
subentendidas e, por isso, exigem uma leitura eficiente: a leitura
nas entrelinhas.

Nas atividades relacionadas ao mundo do trabalho, as pessoas


leem e interpretam textos de vários tipos e gêneros. Você mesmo
está lendo agora este texto, mas também lê mensagens no celular e
documentos institucionais. Indo além das diferenças entre compreensão
e interpretação, em suas leituras pode ocorrer dois tipos de análise do
texto: a interpretação objetiva e a interpretação subjetiva.
A interpretação objetiva caracteriza-se, em um primeiro momento, por
limitar-se ao entendimento do texto, situando as ideias nele expostas e
os recursos utilizados pelo autor em sua produção textual. Entende-se
o texto de forma global, isto é, quando foi escrito, por quem foi escrito
e em qual situação foi produzido. Textos como artigo científico, ensaio,
relatório, notícia ou reportagem exigem uma interpretação objetiva, já que
a leitura se apoia em informações ali contidas, como na notícia:

Segundo pesquisa publicada pelos principais jornais do país, o brasileiro


jovem muda de emprego com o objetivo de encontrar oportunidade
de crescimento na profissão. De acordo com o estudo, os empregados
buscam novos desafios às suas carreiras, além de salário maior, melhores
condições de trabalho e reconhecimento pela competência na realização
de tarefas. O estudo envolveu 2000 entrevistas com trabalhadores do
setor de informática, com idades entre 20 e 25 anos, moradores de
capitais das regiões sudeste e sul.

65
Leitura e compreensão de textos

Na interpretação subjetiva, por sua vez, constrói-se um juízo crítico


sobre o texto, com a tomada de posição a respeito das ideias ali
enunciadas. Supera-se a leitura estrita da mensagem e desenvolvem-se
S
reflexões sobre o ponto a que o autor conseguiu chegar, a fim de que se
estabeleça um diálogo entre autor e leitor.
No caso da notícia, pode ser feita uma leitura subjetiva do texto,
tirando conclusões pessoais a respeito dos motivos que levam o jovem a
querer mudar de emprego. Nesse caso, ganharia destaque o fato de os
empregados serem do setor de informática e não terem seu empenho no
trabalho reconhecido
Textos como crônica, conto, romance e poema permitem a
interpretação subjetiva porque oferecem diversas possibilidades de
leitura. A Figura 4.3 traz as principais características da interpretação
objetiva e da subjetiva.

Figura 4.3: Interpretação objetiva e interpretação subjetiva

s
s

Interpretação objetiva Interpretação subjetiva


Situa as ideias expostas Juízo crítico sobre o texto;
no texto e os recursos tomada de posição a respeito
utilizados pelo autor em sua das ideias enunciadas.
produção textual.

Entendimento global do texto: Reflexões sobre o ponto a


quando foi escrito, por quem foi que o autor conseguiu chegar;
escrito e em qual situação foi estabelecimento de diálogo
produzido. entre autor e leitor.

Fonte: Bomfim (2018).

66
5
5. A importância de conhecer o vocabulário

Capítulo 4
Imagine que você recebeu, no ambiente de trabalho, um e-mail com o
seguinte texto:

“O convescote de final de ano será realizado em espaço próximo ao


estacionamento principal da empresa. Você está convidado!”

Surpreso, talvez você não seja capaz de compreender o convite.


Será possível identificar que algum evento acontecerá próximo ao
estacionamento. Além disso, a expressão de final de ano sugere
uma comemoração comum nessa época do ano. Merece destaque
o procedimento do leitor ao tirar conclusões a partir das palavras
conhecidas, o que permite aproximar-se do sentido do texto. Mas fica a
dúvida: que significa a palavra convescote? Que tipo de evento ocorrerá?
O uso da palavra convescote, sinônimo em desuso de piquenique,
se desconhecida pelo leitor, certamente comprometeria o entendimento
do convite por impedir a leitura compreensiva do texto. Nesse caso, a
inadequação no emprego de vocabulário prejudica a comunicação, visto
que o termo provavelmente não faz parte do repertório do leitor do convite.

67
Leitura e compreensão de textos

Este exemplo ilustra a importância do conhecimento do vocabulário


(léxico) como a primeira etapa do processo de leitura de textos. Tal
conhecimento é um dos fatores linguísticos, mas não o único, que podem
S
dificultar a compreensão do texto. Além dele, o tipo de organização de
palavras na frase, a desarticulação de frases em períodos e a ausência de
termos que estabeleçam essa articulação podem também comprometer
a compreensão. Isso ocorre porque a leitura não se limita a colecionar
significados de palavras, mas exige o estabelecimento de relações dos
termos em unidades mais amplas, com sentido completo.

//Período > é o conjunto de uma ou mais orações ligadas pelo


sentido. Pode ser simples, quando formado por uma só oração
(frase com verbo) ou composto, se possuir duas ou mais orações.

Concluindo, a análise do texto do convite permite definir as seguintes


etapas iniciais da leitura:

•• reconhecimento com rapidez e precisão das palavras escritas,


incluindo o conhecimento do vocabulário, o que permite alcançar o
significado das palavras no texto;
•• construção, com os significados das palavras, de unidades mais
complexas denominadas ideias ou proposições.

No caso do convite, a interpretação objetiva da mensagem está


comprometida pela dificuldade de vencer com sucesso a etapa de
conhecimento do vocabulário.

68
6
6. As ideias-chave e as palavras-chave de um texto

Capítulo 4
Uma das habilidades exigidas do leitor é a capacidade de reconhecer
a ideia principal de um texto, ou seja, a ideia-chave. Os textos, em
sua maioria, apresentam várias ideias-chave que, juntas, sintetizam o
seu conteúdo.
Num texto em prosa, a unidade de composição é o parágrafo,
composto por um ou mais períodos, em que se desenvolve uma ideia
central a que se juntam ideias secundárias. O parágrafo facilita ao
escritor a tarefa de organizar as ideias principais de sua composição
textual. Assim, para compreender e interpretar um texto, é fundamental
depreender a ideia-chave e as ideias secundárias de um parágrafo.
Considere receber, na empresa em que trabalha, um texto sobre
compromisso no trabalho, do qual se extraiu o parágrafo abaixo:

O compromisso do profissional compreende dois aspectos fundamentais


que afetam a estrutura de uma empresa. Em primeiro lugar, o profissional
precisa comprometer-se com seu próprio desenvolvimento na empresa e
agir de acordo com suas metas e objetivos, de modo a alcançar os resultados
estabelecidos para seu trabalho. Em segundo lugar, deve colaborar com
seus colegas de trabalho e com os gestores da empresa. Dessa forma,
desempenhará sua função com eficiência e, como consequência, contribuirá
com o sucesso da empresa.

//Prosa > é o nome dado aos textos estruturados em parágrafos.

69
Leitura e compreensão de textos

Qual é a ideia-chave desse parágrafo?


O parágrafo inicia-se com a ideia principal, ou seja, a afirmação de
que o compromisso de um empregado interfere na estrutura da empresa.
S
Após a apresentação da ideia-chave, o parágrafo prossegue com o
detalhamento dos dois aspectos anunciados anteriormente, as ideias
secundárias, para ser concluído na última frase, que funciona como um
fecho de ideias.
No percurso de leitura e análise do texto, outra estratégia produtiva
é buscar as palavras-chave de cada parágrafo, em torno das quais se
organizam as ideias e se criam os significados. No caso do parágrafo em
foco, a expressão compromisso do profissional constitui a chave para a
leitura do parágrafo, sendo retomada em comprometer-se e colaborar,
fornecendo pistas para a leitura e compreensão do texto.
A definição da ideia-chave e das palavras-chave dos parágrafos,
portanto, permite a elaboração de um itinerário de leitura por meio do
qual o leitor constrói suas hipóteses de compreensão e interpretação do
texto. Esse processo é representado na Figura 4.4.

Figura 4.4: Itinerário de leitura

Leitura e análise de Palavras-chave dos


textos parágrafos Ideias-chave

Criação de Construção de hipóteses


significados de compreensão e
interpretação

Fonte: Bomfim (2018).

Em pesquisas na internet, recebem o nome de


palavras-chave os termos usados pelo usuário para
buscar uma informação na rede. Elas são o primeiro contato entre
marca e público e vão decidir se o usuário prossegue em sua
busca ou se vai continuar em um site.

70
Em resumo...

O texto é uma unidade de significação


resultante da interação entre autor e leitor.

Há dois tipos de texto: literário e não


literário.

O raciocínio lógico verbal é responsável


pelo emprego de conteúdos verbais para
raciocinar.

Compreensão e interpretação são


conceitos distintos. A interpretação pode

a b c também ser objetiva e subjetiva.

Vocabulário, palavras-chave e ideias-


chave são essenciais na construção de
significados do texto.
72
72
Instrumentos
Empreendedoorismo
para a escrita

5
Linguagens e Comunicação

Instrumentos para a escrita

Antes de seguir com a leitura deste capítulo, reflita: como será que
você, como falante da língua portuguesa, é capaz de distinguir uma
frase de um aglomerado de palavras? Toda palavra (ou conjunto de
palavras), para tornar-se uma frase, precisa atender à finalidade primeira
da comunicação: a produção de sentido. E quais são os mecanismos
utilizados na língua para que a produção de sentido se efetive?
Além de trazer essas questões, este capítulo convida também
à reflexão quanto à importância de estruturar o parágrafo de forma
adequada, de acordo com o modelo consagrado, de modo a garantir
clareza e concisão, qualidades essenciais ao texto. O capítulo analisa,
ainda, os elementos responsáveis pela construção da coesão e da
coerência textuais, fatores essenciais à legibilidade do texto.

objetivos do capítulo
Neste capítulo, você irá:
refletir sobre o uso da língua na escuta, na produção de textos orais, na
leitura e na produção de textos escritos, de modo a atender a múltiplas
demandas sociais, responder a diferentes propósitos comunicativos
e expressivos e considerar as diferentes condições da produção
do discurso;
estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições
ou substituições que contribuem para a sua continuidade;
reconhecer o efeito de sentido, decorrente da escolha de uma
determinada palavra ou expressão.

73
1
Instrumentos para a escrita

1. Noção de frase

A escrita está sempre presente na vida das pessoas. No trabalho,


constantemente é preciso escrever e-mails, relatórios, atas, notícias,
bilhetes, artigos etc. Escrever exige mais do que ter boas ideias: é preciso
articulá-las de tal forma que se estabeleça a relação entre escritor e leitor,
que é essencial para a construção do sentido do texto. Nesse processo
de escrita, é fundamental a produção de frases claras, coerentes e
articuladas pelo sentido.

1.1 CONCEITO DE FRASE

Frase é todo enunciado com sentido suficiente para estabelecer


comunicação. O importante é perceber que uma frase é formada por
palavras reunidas pelo sentido. A frase pode transmitir uma ordem ou um
apelo, exteriorizar emoções, indicar uma ação, estado ou fenômeno. Veja
os exemplos.

1 Não vá embora!
2 Quanto trabalho...
3 Tenho muito a fazer hoje no trabalho.
4 Que bagunça!

Pode ainda ser formada por uma só palavra ou por várias, podendo ter
verbos ou não.

5 Atenção!
6 Que frio!
7 Por favor, silêncio!
8 Peço a todos que façam silêncio.

74
Capítulo 5
Observe que o exemplo 5 apresenta uma frase formada por uma
palavra, diferentemente de 6 e 7, em que duas ou mais palavras formam a
frase. Quando a frase não tem verbo, como ocorre nos exemplos 5, 6 e 7,
é chamada de frase nominal.
Nos exemplo 3 e 8, têm-se frases com verbo. A frase com verbo é
chamada de oração. Observe que toda oração é uma frase, mas nem toda
frase é uma oração. A frase define-se por seu propósito comunicativo,
ou seja, por transmitir um conteúdo satisfatório a uma situação
de comunicação.
Na língua falada, a frase é marcada por entonação específica, que
permite ao ouvinte perceber facilmente seu início e seu fim. Isso porque
as frases podem ser acompanhadas por gestos, expressões do rosto, do
olhar, além de participarem de um contexto que facilita a compreensão
do sentido.

//Entonação > é a variação de altura com que são pronunciadas


palavras e expressões em uma frase.

A frase “Fogo!” pode adquirir diversos sentidos, de acordo com o


contexto em que seja falada: poderá ser, entre outros, um alerta a respeito
de um incêndio, uma ordem para atirar ou um grito festivo da torcida de
um time (no caso, do Botafogo).
Na língua escrita, os sinais de pontuação marcam pausas e sugerem
entonações específicas. Nesse caso, o contexto é definido pelo próprio
texto, de tal modo que as frases precisam ser mais completas, ordenadas
de acordo com as regras gerais da língua.
Observe na Figura 5.1 a importância dos sinais de pontuação na
definição de diferentes entonações para a mesma frase.

75
Instrumentos para a escrita
Figura 5.1: Sinais de pontuação na definição de entonações na língua escrita

é ele!!! é ele... é ele? é ele?!

Fonte: Bomfim (2018).

Como se vê, cada frase transmite uma ideia diferente, embora todas
elas sejam formadas pelas mesmas palavras.

1.2 FATORES ESSENCIAIS A UMA FRASE

A formulação de frases obedece a limites gramaticais, o que não


significa apenas correção. São frequentes frases com problemas
gramaticais ou seja, frases consideradas erradas, mas que estabelecem
plenamente a comunicação. Por exemplo:

O pessoal de T.I. fizeram um ótimo trabalho.

No entanto, a desarticulação dos termos pode impedir o entendimento


do leitor por ser somente um ajuntamento de palavras. Observe:

Empregados precisa empregadores entendimento haver entre bom e

Nesse exemplo, é possível reorganizar os termos de modo a construir


um sentido. Mesmo assim, a sequência de palavras não pode ser
considerada uma frase porque fere o princípio da legibilidade, isto é, não
permite a leitura compreensiva do segmento de palavras.

76
Capítulo 5
//Legibilidade > qualidade que determina a facilidade de leitura de
um texto.

Na literatura, a desestruturação da frase atende a finalidades


expressivas do autor, conforme visto no exemplo de Oswald de Andrade:

“Horasescadais de horas bureausassinadores do conhecimento


tomado e lavrado dos vencimentos invencíveis”.

Parece impossível compreender a frase. Só se consegue entender


usando a sensibilidade. O entendimento dessa frase depende quase que
exclusivamente da interpretação do leitor.
A estruturação gramatical da frase e a possibilidade de leitura
compreensiva são, portanto, fatores essenciais à constituição das frases.

1.3 TIPOS DE FRASES

Existem alguns tipos de frases cuja entonação, marcada por sinais


de pontuação, está de acordo com a intenção do enunciador. Veja na
Figura 5.2 como a frase pode ser.
Figura 5.2: Tipos de frases

77
“A qualificação
e a capacitação
tornaram-se requisitos
essenciais para
Informa ou declara algo. Pode qualquer tipo de
emprego, além da
DECLATRATIVa ser afirmativa ou negativa. Costuma busca por excelência,
conhecimento e
ser utilizada em textos científicos e habilidades adequadas
em documentos. ao trabalho”.

Pe rgunta a fim
“Onde posso
Interrogativa de obter informação. encontrar a relação
direta de fornecedores?”
Dividida em interrogação
direta ou indireta.
indireta
“Preciso saber onde
encontrar a relação
de fornecedores”.

Exclamativa Utilizada quando se deseja


“Estou muito
expor sentimentos e emoções. preocupado com
a entrega das
planilhas!”

“Não dê
informações
Ordem, pedido ou conselho. Frequentemente sigilosas a
Imperativa estranhos”.
utilizada em propagandas, com a finalidade de
influenciar o leitor.

“Sucesso em seu novo


optativa Utilizada para exprimir um desejo. trabalho! Quem me dera
conseguir um novo
emprego também!”

Fonte: Bomfim (2018).


Capítulo 5
O objetivo comunicacional do emissor, portanto, define a escolha de um
determinado tipo de frase, o que aumenta a produtividade do texto.

//Emissor > no ato da comunicação, é o elemento que emite uma


mensagem para um destinatário ou receptor.

2
2. Paragrafação
Você sabe que escrever faz parte da rotina de trabalho das pessoas.
De e-mails a cartas, de atas a relatórios, produzir textos é um desafio a
ser vencido com organização e objetividade. Para construir textos, você
precisa encadear ideias de forma coerente, procedimento muito facilitado
pela estruturação do texto em parágrafos. Um texto sem parágrafos
torna-se confuso, desorganizado e cansativo de ler.

2.1 O PARÁGRAFO NA ESTRUTURAÇÃO DO TEXTO

Os textos em prosa — sejam eles descritivos, narrativos ou


dissertativos — são organizados em parágrafos, unidades menores
identificadas por um afastamento da primeira linha em relação à margem
esquerda da folha. É uma estrutura superior à frase, geralmente organizada
em torno de uma ideia-chave a que se juntam ideias secundárias.

//Descrição > é o tipo de texto que tem a finalidade de apresentar as


características de um objeto, de um ser, de um lugar etc.
//Narração > é o tipo de texto que relata acontecimentos em sucessão,
reais ou imaginários. Pode utilizar tanto palavras como imagens.
//Dissertação > é o tipo de texto usado com o objetivo de expor uma
ideia, um conceito, um questionamento. É chamada de dissertação
argumentativa quando defende uma tese por meio de argumentos.

79
Instrumentos para a escrita

O parágrafo pode ser curto ou longo, dependendo do aspecto nele


abordado, já que a cada nova ideia costuma corresponder um parágrafo.
O tipo de texto determina a estrutura do parágrafo. Assim, um texto
narrativo é construído predominantemente por parágrafos narrativos
enquanto textos descritivos, por parágrafos descritivos. No mundo do
trabalho, geralmente são produzidos textos formados por parágrafos do
tipo dissertativo, voltados à transmissão de informações. Como esses
textos exigem maior rigor e objetividade na composição, costuma-se
utilizar o parágrafo padrão.

2.2 ESTRUTURA DO PARÁGRAFO PADRÃO

O parágrafo padrão costuma apresentar a seguinte estrutura.

•• Introdução: também chamada de tópico frasal, constitui-se de uma


ou duas frases que contêm a ideia principal do parágrafo, definindo
seu objetivo.
•• Desenvolvimento: consiste na ampliação do tópico frasal,
com apresentação de ideias secundárias que o esclarecem ou
fundamentam.
•• Conclusão: retoma a ideia principal, considerando os aspectos
trabalhados no desenvolvimento. Não costuma estar presente em
parágrafos curtos.

//Tópico frasal > é a frase que contém a ideia principal de um parágrafo.

80
Capítulo 5
A estrutura do parágrafo padrão sofre alterações de acordo com o
objetivo do texto escrito. O fundamental é perceber que a divisão do texto
em parágrafos facilita, para quem escreve, a estruturação coerente do
texto e, para o leitor, a compreensão do texto. Observe um exemplo de
parágrafo padrão.

(1) Um dos grandes desafios das empresas hoje é aprimorar a


capacidade dos funcionários no uso adequado da linguagem. (2)
Uma dificuldade para isso está na distância entre a linguagem
formal, exigida nos documentos empresariais, e a informal,
predominante no cotidiano da maioria dos empregados, que
reproduzem formas da linguagem oral no texto escrito. (3) Assim,
cabe às empresas proporcionar oportunidades de os empregados
terem contato com textos escritos em português formal, de
modo que sejam esclarecidos sobre a necessidade de adequar a
linguagem ao tipo de texto e ao objetivo de quem o produz.

•• No trecho 1, destaca-se o tópico frasal, contendo a ideia principal


do parágrafo.
•• Em seguida, no trecho 2, segue o desenvolvimento, observando
a dificuldade em relação à distância entre a linguagem formal e a
informal, ou seja, identificando que as pessoas têm dificuldades
em adequar a linguagem informal, usada na oralidade cotidiana, ao
contexto do ambiente de trabalho.
•• No trecho 3, tem-se a conclusão do parágrafo, com uma proposta
de ação para as empresas que precisam solucionar o problema abordado.

A unidade desse parágrafo decorre, principalmente, da estrutura iniciada


pela declaração contida no tópico frasal, justificada no desenvolvimento e
concluída com a proposta da conclusão. Não é obrigatório o tópico frasal
iniciar o parágrafo, mas é aconselhável, principalmente para escritores
menos experientes. Além desse aspecto, é importante ressaltar que
um parágrafo eficiente precisa ter clareza, objetividade e unidade na
abordagem do assunto, qualidades essenciais à sua compreensão.

81
3
3. Coesão e coerência textuais
Instrumentos para a escrita

Quando você produz textos em seu trabalho, certamente se


preocupa com a organização do produto escrito, sem a qual não ocorre
a comunicação de suas ideias. Não é uma tarefa simples, pois exige o
emprego de mecanismos de estruturação de textos, como a coerência
e a coesão, que constituem dois fatores essenciais na definição de um
grupo de frases que formam um texto (textualidade).

3.1 CONCEITUAÇÃO

A coerência e a coesão, mecanismos de leitura e compreensão


de textos, contribuem para conferir textualidade a um conjunto de
enunciados, tornando-o realmente um texto.
A coerência é o resultado da possibilidade de se estabelecer alguma
forma de unidade ou relação entre os elementos do texto, de modo
que possa ser compreendido. Já a coesão refere-se ao modo como os
vocábulos se associam dentro de uma sequência. Enquanto a coerência
promove a ligação entre situações, elementos e ideias em relação
a determinado contexto externo, a coesão volta-se para o texto em si
mesmo, garantido a união dos elementos textuais.
Coesão e coerência são fenômenos distintos, já que pode haver uma
sequência de elementos que, embora bem estruturados, não formam um
texto. Assim, a coesão não é suficiente para garantir a coerência de um
texto. Observe o exemplo:

Aquele rapaz trabalha em uma startup de informática.


Ele não conhece a primeira startup fundada na cidade onde trabalha.
No jardim da startup plantaram lindas flores.
Na startup funciona um restaurante a quilo.

82
Capítulo 5
Observe que a palavra startup foi repetida em todas as frases.
No entanto, isso não garante coerência, pois o leitor não consegue
estabelecer sentido a esse grupo de frases. No caso, não se tem um
texto, apesar do uso do mecanismo da repetição de palavra.

Fique atento! A reiteração, ou a repetição de expressões


linguísticas, é um recurso de coesão muito utilizado nas
propagandas com o objetivo de fazer o ouvinte/leitor reter o nome
e as qualidades do produto anunciado. Funciona, portanto, como
estratégia de convencimento do consumidor.

Diferentemente desse exemplo, existem textos cuja coerência se dá


sem que haja emprego de mecanismos de coesão. Observe:

Paulo faz estágio no setor de TI de uma empresa.


Luísa estuda espanhol durante o horário de almoço.
Maria foi aprovada em concurso público.
Todos são jovens dedicados ao estudo.

A última frase consegue estabelecer a coerência das quatro frases. Até


a terceira frase não se havia estabelecido a relação coerente das ideias.
Para você, que fala e escreve em diversas situações do cotidiano,
o importante é perceber que coerência e coesão, ainda que distintas,
podem se complementar, em interação que possibilita a produção e a
leitura de textos.

83
Instrumentos para a escrita

3.2 COERÊNCIA TEXTUAL

Imagine que os empregados de uma empresa tenham encontrado um


cartaz com a seguinte mensagem:

Durante o mês de fevereiro, os empregados deverão utilizar a


entrada lateral do prédio. A entrada principal estará interditada
para obras a partir de 1o de março.

Por que essa mensagem é estranha? A resposta é clara: o texto da


mensagem é incoerente. Se a reforma da entrada principal só começaria
em março, por que fazer a interdição no mês anterior? Como há uma
contradição, o texto não pode fazer sentido para os que o leem.
Qualquer texto precisa estabelecer comunicação e permitir a leitura
compreensiva. Carta, e-mail, relatório, artigo científico ou jornalístico,
obra literária, conversa, discurso político, enfim, qualquer comunicação,
independentemente de sua natureza e extensão, precisa fazer sentido,
isto é, ser coerente.
Quando se diz que um texto é incoerente, é preciso esclarecer as
razões para tal julgamento. Muitas vezes quem produziu o texto não o
adequou ao receptor, criou contradições, não obedeceu ao código
linguístico ou desconsiderou a necessidade de instituir um sentido para
o texto.
Assim, alguns fatores são determinantes para o estabelecimento da
coerência textual:

•• o conhecimento de mundo precisa ser compartilhado pelos


interlocutores, ou seja, pelo produtor do texto e o leitor. Um balancete
só terá significado para aqueles que participam da empresa e
conhecem os dados a ela referentes;
•• os próprios interlocutores, suas intenções comunicativas e o objetivo
do texto;
•• o domínio das estruturas básicas da língua, possibilitando variadas
combinações dos elementos linguísticos.

84
Capítulo 5
//Balancete > levantamento da contabilidade de uma empresa, relativo
a período inferior a um ano.

Como cada tipo de texto tem sua estrutura própria, os mecanismos


de coerência e coesão também se efetuarão de formas diferenciadas,
dependendo da natureza do texto, narrativa, descritiva ou dissertativa. Nos
textos dissertativos, a coerência depende principalmente da ordenação
lógica das ideias, estabelecida pelos mecanismos de construção da
coesão textual.

3.3 COESÃO TEXTUAL

A coesão refere-se aos modos como as palavras estão ligadas entre


si dentro de uma sequência. Trata-se, portanto, da ligação gramatical
ou lexical (relativa ao vocabulário) entre os elementos de uma frase,
entre frases de um parágrafo e entre parágrafos, nos textos em prosa.
Segue um parágrafo em que será analisado o emprego de mecanismos
de coesão.

Startup é o nome dado a pequenas empresas montadas, muitas


vezes, em faculdades ou em casas de família, com baixos
investimentos. Elas costumam explorar áreas inovadoras de
algum setor, principalmente de tecnologia, caracterizando-se pelo
crescimento acelerado logo nos primeiros meses de sua existência.
Assim, essas empresas vêm quebrando paradigmas no campo do
empreendedorismo.

//Paradigma > aquilo que serve como modelo; padrão.

85
Instrumentos para a escrita

Veja a seguir os recursos utilizados para a construção da coesão textual


nesse parágrafo.

•1 •No segundo período do texto, o termo elas (pronome pessoal reto) faz
referência a pequenas empresas, concordando em gênero (feminino) e
número (plural).

••
2 Nesse mesmo período, o artigo definido o refere-se à palavra setor, com
a qual concorda em gênero (masculino) e em número (singular).

••
3 Ainda no segundo período, a expressão sua existência faz referência
ao tempo de funcionamento das startups.

••
4 No último período, o termo assim introduz um segmento conclusivo em
relação às ideias expostas anteriormente.

••
5 Finalmente, a expressão essas empresas retoma, por substituição, o
termo pequenas empresas.

A análise do parágrafo permite constatar a importância da escolha


adequada de elementos de coesão para a construção da coerência textual.
Por meio desses elementos, o texto vai sendo “tecido” e construído.
O emprego inadequado de elemento coesivo, como uma conjunção,
pode alterar o sentido de uma frase, chegando a criar uma contradição.

João foi considerado o funcionário padrão do ano, porém foi promovido.

O que está inadequado na frase? Pela lógica, se João foi reconhecido


como excelente funcionário, o normal seria sua promoção. A conjunção
porém, ao estabelecer uma relação de oposição entre as partes do
período, provoca uma incoerência que impede a leitura compreensiva do
período. No caso, seria adequado o emprego dos termos logo, portanto,
então, elementos introdutores de conclusão.
Os mecanismos de coesão analisados são fundamentais à construção
de textos coesos e coerentes, qualidades exigidas em todos os textos,
especialmente nos documentos produzidos no mundo do trabalho.

86
Capítulo 5
Textos como bilhetes, e-mails, relatórios, avisos, atestados,
memorandos e comunicações internas, entre outros, são formas
específicas de textos usados no trabalho. Observe um exemplo de
memorando apresentado no Manual de Redação da Presidência da
República do Brasil.

As conjunções são palavras que servem para conectar


palavras e, principalmente, orações, estabelecendo entre elas
relações de sentido essenciais à construção da coesão e da
coerência textuais. Podem ser classificadas como subordinativas
ou coordenativas, dependendo do tipo de relação estabelecida
entre termos ou orações.

Mem. 118/DJ
Em 12 de abril de 1991
Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
1. Nos termos do Plano Geral de informatização, solicito a vossa senhoria verificar
a possibilidade de que sejam instalados três microcomputadores neste
Departamento.
2. Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas, que o ideal seria que
o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor padrão EGA. Quanto aos
programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos e outro
gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo da Seção
de Treinamento do Departamento de Modernização, cuja chefia já manifestou seu
acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste Departamento
ensejará racional distribuição de tarefas entre os servidores e, sobretudo, uma
melhoria na qualidade dos serviços prestados.
Atenciosamente,
[Nome do signatário]
[Cargo do signatário]

Fonte: Brasil (2002).

87
Instrumentos para a escrita

O memorando segue um modelo formado pelas seguintes partes:

•• tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede;


•• local e data;
•• assunto;
•• texto;
•• fecho;
•• assinatura;
•• identificação do signatário (remetente).

O texto do memorando apresenta como características essenciais a


toda comunicação formal: clareza na exposição e articulação de ideias;
precisão no emprego de linguagem técnica; coerência na ordenação das
ideias e concisão, com emprego do mínimo necessário à apresentação
de ideias.
Finalizando, ressalte-se que, apesar de a coesão não ser fator
suficiente para que enunciados formem textos, os elementos coesivos
garantem a legibilidade e evidenciam as relações entre os termos de
um texto. A coerência em textos didáticos, expositivos ou jornalísticos
depende da utilização explícita de elementos coesivos.
O texto é coerente não porque as frases que o tecem guardam entre
si determinadas relações, mas antes porque essas relações existem
precisamente por força da coerência do texto. Desse fato, pode-se
concluir a coesão ser efeito da coerência (GUIMARÃES, 2007).

88
Em resumo...

Frase é todo enunciado com sentido


suficiente para estabelecer comunicação.
faça Silêncio!
Silêncio!

As frases podem ser nominais, quan-


do não possuem verbos, ou orações, se
possuem.

Parágrafos bem estruturados garantem


a clareza e a legibilidade do texto.

A coesão é um mecanismo necessário


para assegurar a coerência textual.
Elementos básicos
Empreendedoorismo
para a escrita

90
6
Linguagens e Comunicação

Elementos básicos para a escrita


A correção é um aspecto essencial aos textos escritos, principalmente
aqueles mais formais, como os produzidos no mundo do trabalho. Visando
à clareza e coerência, um texto precisa considerar a norma padrão da
língua, com suas múltiplas exigências. Para quem escreve em português,
as regras gramaticais podem causar dificuldade, principalmente porque
há uma diferença importante entre as modalidades oral e escrita de
uma língua.
Diante desse panorama, conhecer aspectos como pontuação,
acentuação e concordância facilita a produção de textos escritos,
funcionando esses aspectos como instrumentos de articulação eficiente
de ideias. Assim, o falante da língua portuguesa e o conhecedor de sua
variedade coloquial saberão produzir textos em situações de trabalho
com a eficiência necessária à transmissão de informações.

objetivos do capítulo

Neste capítulo, você irá:


reconhecer os usos dos diversos elementos sintáticos próprios da
variedade padrão da língua;
apropriar-se dos conceitos relativos à concordância e à regência;
identificar os usos da concordância e da regência próprios da
variedade padrão da língua;
relacionar o estudo da concordância e da regência a situações de uso
da língua, principalmente no que diz respeito à produção de efeitos
de sentido específicos, em textos variados;
analisar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação, de outras
notações e da escolha de uma determinada palavra ou expressão.
91
1
Elementos básicos para a escrita
1. Pontuação

Por que se usam sinais de pontuação quando se escreve? Para


responder a essa pergunta, algumas diferenças devem ser observadas
essenciais entre a modalidade oral e a modalidade escrita da língua.
Quando falam, as pessoas podem usar o ritmo dos enunciados e as
pausas em determinados momentos do discurso para indicar limites na
estrutura sintática e no sentido. O falante marca esses limites de sentido e
quando a conversa ocorre face a face ainda associa gestos que garantem
a clareza do que está falando.
Na escrita, como não ocorre relação direta entre os interlocutores,
deve-se garantir o entendimento dos textos sem a utilização dos recursos
da modalidade oral da língua. É aí que entram os sinais de pontuação,
que servem para marcar as unidades de sentido e sinalizar os limites da
estrutura das frases.
Compare as respostas escritas por um empregado a seu chefe a
propósito de convocação no trabalho.

Não posso comparecer à reunião.


Não, posso comparecer à reunião.

O emprego ou não da vírgula provoca muita diferença de sentido. Na


primeira resposta, o empregado diz ao chefe que não estará na reunião;
na segunda, ao contrário da primeira, a convocação é aceita. Trata-se de
um exemplo de como o emprego dos sinais de pontuação pode alterar o
sentido de um enunciado.
Para facilitar, os sinais de pontuação são organizados em dois
grupos, de acordo com a função que exercem no texto. Veja esse
tema a seguir.

92
Capítulo 6
1.1 SINAIS DE PONTUAÇÃO QUE INDICAM PAUSA

A vírgula, o ponto e o ponto e vírgula destinam-se a marcar as pausas


na frase.
A vírgula deixa a leitura em suspenso, à espera da continuação da frase.
Para usar a vírgula corretamente, é preciso observar não só o sentido que
se quer imprimir à frase, mas também à estrutura do enunciado. Existem
casos em que a vírgula é obrigatória. Observe o texto de e-mail a seguir,
escrito por um jovem a seu chefe.

João,

Na próxima quarta-feira, participarei da


reunião que será realizada, no auditório
do 4o andar, com o pessoal da TI.
Agradeço a indicação de meu nome para
participar do treinamento.

Atenciosamente,
Pedro

O nome do destinatário, João, vem seguido de vírgula, de uso


bastante comum nesse caso. No primeiro parágrafo do texto, a primeira
vírgula isola uma expressão de tempo (na próxima quarta-feira) que inicia
o período, enquanto as outras duas vírgulas separam uma expressão
de lugar inserida no meio do período (no auditório do 4o andar). No final
do e-mail, o remetente, Pedro, despede-se do chefe, utilizando o termo
atenciosamente, palavra seguida de vírgula.
A vírgula também é usada nos casos a seguir.

A Nas datas, para separar o nome da localidade.


Exemplo: Brasília, 30 de dezembro de 2017.

B Para separar expressões explicativas.


Exemplo: o treinamento incluirá, por exemplo, a visita às instalações
da fábrica.

93
Elementos básicos para a escrita

C Para isolar um vocativo (chamamento).


Exemplo: vamos mais rápido, Pedro, para não perdermos o início
da reunião.

D Para isolar aposto (expressão explicativa).


Exemplo: João, o mais eficiente empregado da empresa, foi
promovido a gerente.

E Para separar orações de alguns tipos.


Exemplos: o funcionário chegou, e imediatamente o chefe o chamou.
O rapaz correu, mas perdeu o início da palestra.
Estudou bastante, portanto foi aprovado.

F Para substituir um termo já mencionado na frase.


Exemplo: a funcionária estava satisfeita e o rapaz, ansioso.

O ponto representa a maior pausa no texto e faz a melodia da frase


decrescer. O ponto pode fechar uma oração, um período ou um parágrafo.
Chama-se ponto final quando encerra um enunciado.
Veja o uso do ponto no exemplo a seguir.

Começaremos a reunião pontualmente às nove horas. Os participantes


deverão apanhar seus crachás na antessala do auditório.

O ponto e vírgula é um sinal intermediário entre o ponto e a vírgula.


Indica um tom descendente, mostrando que a frase não terminou. Usa-se
o ponto e vírgula principalmente:

•• para separar termos de uma enumeração;


•• para separar orações independentes, mas que guardem relação entre si.

94
Capítulo 6
1.2 SINAIS DE PONTUAÇÃO QUE INDICAM A ENTONAÇÃO DA FRASE

Observe no Quadro 6.1 os sinais de pontuação e seus exemplos de uso.

Quadro 6.1: Sinais de pontuação e seus usos

Sinais de Exemplo de uso Emprego


pontuação
DOIS PONTOS (:) A reunião terá como temas: as Introduzem citação,
relações interpessoais, a troca de esclarecimento, enumeração,
informações e a empatia. fala de personagem, hesitações
na fala etc.

PONTO DE Em que horário será realizada a Marca entonação ascendente.


INTERROGAÇÃO (?) reunião? Usado no final de interrogação
direta.

PONTO DE Ele venceu o concurso! Exprime surpresa, indignação,


EXCLAMAÇÃO (!) ordem, súplica, em frases
exclamativas e imperativas.

RETICÊNCIAS (...) Não ficou clara a proposta do Deixam a frase em aberto, em


diretor... suspenso. Muito usadas em
textos subjetivos e literários.

ASPAS (“ ”) Como afirmou o diretor: “todos Servem para destacar uma


os empregados devem atuar com parte do texto ou citações.
responsabilidade”. Para assinalar estrangeirismos,
A funcionária pesquisou o sentido neologismos, gírias, expressões
de uma palavra no “Dicionário populares, ironia.
Eletrônico Houaiss”.

PARÊNTESES ( ) Prezado(a) senhor(a) Servem para intercalar indicação


“O prazer no trabalho aperfeiçoa a que não pertence ao texto, mas
obra” (Aristóteles). é esclarecedora, explicativa
Vamos confiar (por que não?) no ou reflexiva.
sucesso de nossa proposta.

COLCHETES [ ] Trabalho – do latim [tripalium ou Têm a mesma finalidade dos


tripalus]– ferramenta de três pernas parênteses, sendo usado em
que imobilizava cavalos. textos didáticos, científicos etc.
Em dicionários, indicam a
origem da palavra.

TRAVESSÃO (–) A jovem – destaque do RH da Indica a fala de personagem


empresa – foi homenageada pela ou a troca de personagem.
diretoria. Para separar expressões ou
O homem falou: frases explicativas, intercaladas;
– Você foi o escolhido para o para destacar termos no interior
cargo. da frase.

ASTERISCO (*) As pessoas não sabem usar o Usado para referenciar


asterisco *. * Asterisco é um sinal observações que vêm no rodapé
gráfico em forma de estrela. da página.

Fonte: Bomfim (2018).

95
2
2. Acentuação
Elementos básicos para a escrita

A escrita do português é de base alfabética, isto é, são usados


símbolos – as letras – para representar os sons da fala. São usadas vinte
e seis letras para escrever o vocabulário do português e as palavras que
serão criadas com a constante evolução da língua. Utilizam-se também
o cê cedilha (ç) antes das vogais a, o e u, o til (~) para indicar os fonemas
vocálicos nasais.

Os termos vogal e consoante são usados para


classificar as letras do alfabeto, de acordo com o
fonema que representam. Fonema é a menor unidade de som
de uma língua, capaz de diferenciar o sentido de uma palavra
(faca – vaca).

Vogais são fonemas em que, quando emitidos, o ar passa livremente


pela boca, sem obstruções. Consoantes são fonemas em cuja emissão
ocorre a obstrução do ar por algum(ns) órgão(s) da cavidade bucal (boca).
As palavras no português são formadas por sílabas que contêm,
obrigatoriamente, pelo menos uma vogal. Não existe sílaba constituída
somente por consoante, mas existe sílaba com apenas uma vogal.
Observe: sa-í-da; a-ba-ca-te.

2.1 REGRAS DE ACENTUAÇÃO

O Quadro 6.2 resume as regras de acentuação do português do Brasil,


incluindo as alterações promovidas pelo Novo Acordo Ortográfico.

96
Quadro 6.2: Regras de acentuação da língua portuguesa do Brasil

Capítulo 6
Caso Quando acentuar Observações
Proparoxítonas: SEMPRE
ônibus, lúcido, sólido
lâmpada, cômodo

Paroxítonas: Não terminadas em: 1) Paroxítona com terminação (ens)


caráter, látex, hífen, fácil, a(s), e(s), o(s), em, ens, não recebe acento:
bíceps am, ou seja, terminadas • hífen = acentuada;
táxi, vírus, álbum(ns) em: r, x, n, l, os, i(s), • hifens = não acentuada.
rádom, ímã, órfãos u(s), um, uns, om,
árduos on(s),ã(s), ão(s).
Terminadas em
ditongo.

Oxítonas: Terminadas em: 1) Terminadas em (i(s)) ou (u(s)) não


cajá, café, avô, avó, refém, a(s), e(s), o(s), em, ens. possuem acentuação gráfica: caqui
parabéns Bangu, pirarucu.
2) Acentuam-se formas verbais
oxítonas, acrescidas acrescidas de
pronome oblíquo: lembrá-lo, colocá-
lo, fazê-lo.

Monossílabos tônicos: Terminados em:


vá, pás, pé, mês, pó, pôs a(s), e(s), o(s).

Ditongos abertos: Palavras oxítonas Exceções: em paroxítonas, não se


papéis, herói, céu éi(s), ói(s), éu(s). usa mais acento: paranoia, boia,
ideia.

OO, EE – voo, enjoo, leem, Acentuação abolida em


veem tais casos.

Acento diferencial A acentuação Exceções:


diferencial foi abolida, PODER – para diferenciar passado
exceto os casos de e presente: Ele não pôde fazer o
poder e por. trabalho antes, mas pode fazê-lo
agora.
PÔR – para diferenciar o verbo da
preposição por: Precisamos pôr o pé
na estrada e caminhar por este Brasil.

Segunda vogal tônica i e u Vogal tônica seguida Sa-ú-de, sa-í-da.


de hiato ou não de s. Não acentuar se a sílaba começar por
nh: ra-i-nha.

Acento nos verbos Na terceira pessoa do Ele: tem, vem, detém, intervém.
ter, vir e derivações plural recebem acento Eles: têm, vêm, detêm, intervêm.
diferencial circunflexo.

Trema Não mais ocorre. Ainda é válido para palavras de língua


estrangeira: Dülsseldorf, Müler.

Fonte: Bomfim (2018).

97
Elementos básicos para a escrita
ATENÇÃO!

Acento tônico e acento gráfico das palavras são diferentes.


Acento tônico refere-se à intensidade dos fonemas que formam as sílabas
das palavras, como nas seguintes palavras: tra-ba-lho; lâm-pa-da; ca-ju. Já o
acento gráfico tem por objetivo: registrar o timbre aberto ou fechado de uma
vogal (avô – avó), a posição do acento tônico de uma palavra (sabiá – sábia) e
a crase da preposição a e o artigo a(as) e a vogal inicial de alguns pronomes.
O emprego do acento grave será abordado adiante.

//Ditongo > encontro de vogal e semivogal em uma sílaba: cai-xa,


ba-lão.
//Hiato > encontro de duas vogais em uma palavra, em sílabas
separadas: e-go-ís-ta, ba-ú.

3
3. O fenômeno da crase

Observe o texto do memorando a seguir.

A partir da próxima semana, o sr. Z comparecerá às reuniões de treinamento


do Departamento de Marketing, durante uma semana. Informo que o
colaborador de meu setor foi orientado a chegar às oito horas da manhã,
dirigindo-se à senhora N, conforme combinado.
Solicito que seja dada a ele uma atenção especial, semelhante àquela
oferecida a uma colaboradora que participou do último treinamento.

O texto permite definir algumas regras de emprego do acento


indicativo da crase.

98
Capítulo 6
A Comparecerá às reuniões: fusão da preposição a, exigida pelo
verbo comparecer, e o artigo definido as, que antecede reuniões,
substantivo feminino.

B Foi orientado a chegar: não ocorre crase antes de verbo, palavra


que não é antecedida por artigo definido. No exemplo, tem-se
uma preposição.

C Às oito horas: as expressões que indicam horas são introduzidas


por às (às treze horas, às cinco horas).

D À senhora N: o verbo dirigir-se exige preposição a e o pronome


senhora admite o artigo definido feminino a.

E Seja dada a ele: não ocorre crase antes de palavra masculina


nem de pronome pessoal.

F Semelhante àquela oferecida: tem-se um caso de crase


da preposição a, exigida por semelhante e, aquela, pronome
iniciado pela letra a.

G Oferecida a uma funcionária: não ocorre crase de preposição


com artigo indefinido – uma.

Acrescente-se que, para ter certeza da ocorrência da crase, pode-se


substituir a palavra feminina por uma masculina. Se nessa substituição
ficar evidente a presença da preposição, tem-se um caso de crase.

Paula precisa entregar a correspondência à gerente da loja.


Paula precisa entregar a correspondência ao gerente da loja.

Além dessas regras, destacam-se ainda:

•• ocorre crase em expressões de diversas naturezas: às pressas, à


direita, às claras, à exceção de, à proporção de;

99
••
Elementos básicos para a escrita

o uso do acento grave antes de nomes de lugares depende da


ocorrência ou não do artigo definido feminino: “Irei a Belo Horizonte”,
mas “irei à Bahia”. A palavra Bahia admite o artigo definido feminino, o
que não ocorre com Belo Horizonte.

Enfim, não ocorre crase antes de palavra masculina!

4
4. Concordâncias nominal e verbal

Observe o trecho de um e-mail.

Informamos que todas as mercadorias


encomendadas chegaram em perfeitas
condições, acompanhadas de fatura
discriminada dos produtos.

Os destaques no trecho exemplificam a maneira como ocorre na


língua portuguesa o mecanismo de concordância nominal para marcar
as relações de dependência entre nomes. Repare que, nas expressões,
os substantivos mercadorias, condições e fatura são acompanhados
por adjetivos que concordam em gênero (feminino: encomendadas,
perfeitas e discriminadas) e número (singular: discriminada; plural:
encomendadas, perfeitas). Ainda a palavra mercadorias é antecedida pelo
pronome indefinido todas, que concorda com ela em gênero (feminino)
e número (plural).
Além desse tipo de concordância, existe também na língua portuguesa
o mecanismo de concordância verbal, que se estabelece entre o
verbo e o sujeito de uma oração. Observe que, no período analisado
anteriormente, a forma verbal chegaram está flexionada na terceira
pessoa do plural (número e pessoa), concordando com o sujeito todas as
mercadorias encomendadas.

100
Capítulo 6
Na modalidade padrão da língua portuguesa, as relações de
concordância verbal e concordância nominal são formalmente marcadas,
o que nem sempre ocorre na modalidade coloquial da língua.

4.1 ERROS FREQUENTES NO COTIDIANO

De acordo com a regra geral de concordância nominal, os termos


que determinam o elemento substantivo (adjetivos, pronomes adjetivos,
artigos, numerais e particípios) devem acompanhar as flexões de gênero
e número do elemento a que se referem.

O computador quebrado será substituído.


Os computadores quebrados serão substituídos.
A impressora quebrada será substituída.
As impressoras quebradas serão substituídas.

Na modalidade coloquial da língua, principalmente na oralidade,


muitas vezes não se respeitam as regras de concordância nominal, com a
supressão do s indicativo de plural. Repare:

Os computadores quebrado(s) serão substituído(s).

Também são frequentes as fugas à norma padrão da língua com


referência à concordância verbal. Nesse caso, a frase acima teria o
seguinte perfil.

Os computadores quebrados será (serão) substituídos.

O Quadro 6.3 sistematiza algumas dúvidas frequentes com relação à


concordância nominal.

101
Quadro 6.3: Dúvidas sobre concordância nominal
Elementos básicos para a escrita

Caso Regra de concordância Exemplos


nominal
Expressões: é proibido, é Concordam com o substantivo É proibido entrada de
bom, é necessário que modificam. Verificar estranhos ao serviço./
presença de artigo definido. É proibida a entrada de
estranhos ao serviço.
Expressão muito obrigado Obrigado concorda em gênero Homem: O cliente disse
e número com o referente do “muito obrigado” ao
pronome. empregado.
Mulher: A cliente disse “muito
obrigada” ao empregado.
Adjetivos anexo e incluso Concordam com o substantivo A cópia anexa do documento
que modificam. deve ser enviada ao diretor./
Os documentos inclusos
devem ser assinados pelo
diretor.
Palavra menos Nunca varia. Depois das explicações do
diretor, os colaboradores
ficaram com menos dúvidas.
Assim, sentiram-se menos
preocupados.
Palavras de reforço mesmo Concordam em gênero e As colaboradoras foram
e próprio número com a pessoa a quem chamadas ao RH. Elas
se referem. mesmas conversaram
sobre suas reivindicações.
Os colaboradores foram
chamados ao RH. Eles
próprios conversaram sobre
suas reivindicações.
Palavras meio e bastante Concordam ou não com a O colaborador gastou meia
palavra que modificam. resma de papel. (quantidade)
A colaboradora parecia meio
preocupada com o trabalho.
O colaborador gastou
bastantes folhas de papel
ofício. (bastantes = muitas)

Fonte: Bomfim (2018).

Quanto à concordância verbal, veja no Quadro 6.4 as dúvidas


mais frequentes.

Quadro 6.4: Dúvidas sobre concordância verbal

Caso Regra de concordância Exemplos


verbal – o verbo...
Expressões: uma, grande, a ...concorda no singular ou A maioria dos colaboradores
maior parte de, grande número no plural. gostou do treinamento.
de, a maioria de, uma porção de, A maioria dos funcionários
seguidas de adjetivo ou pronome gostaram do treinamento.
no plural.

102
Capítulo 6
Expressão numérica de ...poderá concordar com Vinte e dois por cento dos
porcentagem o numeral ou com o colaboradores não foram ao
substantivo. treinamento.
Um por cento dos colaboradores ...concorda com o Cerca de quinhentos
não foi/foram ao treinamento. substantivo que segue a colaboradores participaram
Expressão indicativa de expressão. do treinamento./Mais de um
quantidade aproximada seguida colaborador participou do
de numeral treinamento.
Pronome de tratamento ...vai para a terceira pessoa Esperamos que vossas
do singular ou plural, senhorias entendam
dependendo do número do os motivos de nossa
pronome. reivindicação.
Substantivo próprio de forma ...concorda no singular, Minas Gerais é um estado
plural se o substantivo não brasileiro.
vier antecedido por Os Estados Unidos situam-se
determinante; com na América do Norte.
determinante, vai para
o plural.
Verbo na voz passiva com se ...concorda com o sujeito. Alugam-se computadores.
Conserta-se computador
Verbo haver indicando tempo ou ...permanece na terceira Há muitas maneiras de
com sentido de existir pessoa do singular. se crescer no trabalho./
Houve dúvidas durante o
treinamento./Pode haver
perguntas na reunião.
Verbo fazer indicando tempo ...permanece no singular. Faz dez meses que começou
o curso.
Verbo ser indicando tempo ...concorda com o numeral. São três horas da tarde./
Já é uma hora./Hoje são
dezesseis de março./Hoje é
dia dezesseis de março.

Fonte: Bomfim (2018).

5
5. Parônimo e homônimo
A grafia de algumas palavras pode causar dificuldades à clareza de um
texto. É o caso dos parônimos e homônimos. É preciso ter muita atenção
a esses pares de palavras!
Parônimos são palavras que têm grafia e pronúncia parecidas,
embora apresentem significados diferentes, o que muitas vezes provoca
incoerências no texto.

O juiz deferiu (concedeu) o pedido.


O parecer do juiz diferiu (foi diferente) da opinião do advogado.

103
Elementos básicos para a escrita

Observe as frases com alguns pares de palavras que costumam


confundir o falante do português.

•• O diretor fez um cumprimento (saudação) ao visitante.


•• O diretor solicitou a medida (extensão) do comprimento da sala.
•• O juiz expediu (ordem judicial) um mandado de busca e apreensão.
•• Encerrou-se o mandato (poder conferido) do presidente da empresa.

Já os homônimos são palavras que possuem a mesma pronúncia,


mas significados diferentes.

•• O diretor propôs um censo (recenseamento) com os fornecedores.


•• O diretor mostrou senso (entendimento, juízo) de justiça em
suas ações.

//Recenseamento > ação de listar pessoas de um determinado grupo.

Existem os homônimos perfeitos, aqueles que têm grafia e pronúncia


idênticas, mas significados diferentes.

•• Eu cedo meu livro ao aluno.


•• Acordo cedo todos os dias.

Os homônimos homógrafos apresentam a mesma grafia, mas a


pronúncia e o significado são diferentes.

•• Gosto muito de ler. — verbo


•• Tenho gosto pela leitura. — substantivo

Em todos os casos de parônimos e homônimos, é necessário estar


atento ao contexto em que a palavra está inserida, como estratégia para
uma leitura eficiente do texto.

104
Em resumo...

Acreditar que conhecer as regras gra-


maticais é suficiente para escrever bem
parece ser uma ilusão.

Contudo, a gramática oferece uma


série de informações mínimas para es-
crever bem.

:;!
Pontuação, acentuação e concor-
dância são aspectos essenciais para um
bom texto.

lorem
ipsum
Saber diferenciar os significados das
palavras ajuda a produzir bons textos.
os processos
Empreendedoorismo
da comunicação

106
7
Linguagens e Comunicação

Os processos de comunicação
Imagine dois momentos do seu dia a dia. Em um você está escrevendo
e enviando uma mensagem pelo aplicativo do seu celular. No outro você
vê de longe um grupo conversando na fila de um supermercado. O que
cada um desses momentos tem em comum?
Em primeiro lugar, eles estão inseridos em um contexto social e
comunicacional. É possível afirmar também que os dois possuem
os mesmos elementos para que haja comunicação, isto é, troca de
informações e interpretação das mesmas, seja presencialmente ou a
distância, verbal ou não verbal.
Neste capítulo você irá conhecer melhor esses elementos, identificados
como emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto.
Mas é importante estar atento ao fato de que nem sempre a troca
de mensagens é bem-sucedida. Por isso, você irá refletir ainda sobre
as barreiras que podem afetar a compreensão da mensagem e como o
feedback contribui para o diálogo entre os envolvidos numa conversação.

objetivos do capítulo
Neste capítulo você irá:
conhecer as características e os códigos das comunicações verbal e
não verbal;
entender os elementos de comunicação e de que forma podem ser
identificados nas dimensões profissional e pessoal;
identificar barreiras de comunicação presentes no dia a dia;
compreender o conceito de feedback como meio de informar ao
emissor como foi a recepção da mensagem.

107
1
1. Elementos da comunicação
os processos da comunicação

Meios de comunicação, canais de comunicação, tecnologias de co-


municação, comunicação de massa e comunicação segmentada são
apenas algumas expressões que mostram que a comunicação se faz pre-
sente no dia a dia. Compreende-se com isso que a sociedade não pode
ser pensada sem a comunicação e a própria comunicação não pode ser
pensada sem a sociedade: é por meio dela que são partilhadas informa-
ções e adquiridos conhecimentos.
Dependendo de como a mensagem será transmitida, a comunicação
pode ser classificada como: verbal (com uso da palavra) e não verbal (sem
o uso da palavra). Veja a seguir as características de cada uma delas.

1.1 COMUNICAÇÃO VERBAL

Dentre as inúmeras formas de se trocar informações, a comunicação


verbal é a predominante, inclusive no ambiente de trabalho, podendo ser
oral ou escrita.
Seja um momento formal, como uma reunião, ou informal, como uma
conversa entre colegas de trabalho sobre um projeto em andamento, as
trocas de informação orais são formas de comunicação verbal presentes
no ambiente de trabalho. Trata-se de um meio rápido e muitas vezes o
mais importante de transmitir ideias, orientações e demandas. Ainda
conta com a vantagem de oportunizar o esclarecimento de dúvidas
sobre informações não compreendidas no todo, contribuindo para que a
mensagem seja construída de forma clara, concisa e completa.
A comunicação verbal pode também ser escrita. A leitura da notícia em
um jornal, os documentos empresariais, e-mails pessoais e profissionais
são exemplos nesse sentido. Diferente do recurso da oralidade, a
comunicação escrita tem força documental na dinâmica das empresas,
isto é, normas, procedimentos e acordos têm maior validade quando
escritos em atas de reunião, por exemplo.

108
Capítulo 7
Atas são documentos formais em que são registradas
opiniões e decisões tomadas em uma reunião. A
ata é uma fonte de informação escrita importante para que os
profissionais executem suas atividades em alinhamento com os
objetivos do negócio.
Na elaboração desse tipo de documento, recomenda-se incluir a
natureza da reunião, o nome dos participantes, a duração do en-
contro, a pauta a ser discutida, a descrição das decisões tomadas,
além de um plano de ação ou próximos passos para a equipe.

1.2 COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL

A expressão de ideias e comportamentos por meio de elementos


comunicativos sem o uso de palavras constitui a dimensão não verbal
da comunicação. Gestos, olhares, expressões faciais, posturas, imagens,
sons, a relação de distância entre os indivíduos e também a organização
dos objetos no espaço transmitem uma mensagem.
Imagine que você está participando de um evento de integração de
novos funcionários na sua nova empresa. Ao entrar na sala de treinamento,
percebe que há dez cadeiras em formato de círculo. Você escolhe uma
para sentar-se e aguardar o início do evento. Veja que não foi necessário
alguém dizer para você se sentar tampouco a existência de um aviso
escrito na parede com os dizeres: “escolha uma cadeira e sente-se”.
O ambiente e a organização do espaço é que forneceram indicações
precisas para que você tomasse a iniciativa de sentar-se.
Essa situação hipotética revela que a mensagem pode ser interpretada,
ainda que toda a comunicação tenha sido realizada sem o uso da
palavra. Os gestos, por exemplo, podem antecipar ou complementar a
comunicação verbal. É comum, ao dizer oralmente “não”, que seu corpo
acompanhe a negativa, seja com um balanço da cabeça, seja com o
movimento do dedo indicador de um lado para o outro ou até mesmo
cruzando os braços.

109
os processos da comunicação

Em uma entrevista de emprego, a sua postura corporal


durante o diálogo pode ser observada e também servir
de base para avaliar se você preenche os requisitos para o cargo.
O conjunto cabeça inclinada, contato visual na escuta e na fala
e acenos com a cabeça indica que você está participando da
conversa e sendo um bom ouvinte. Por outro lado, o afastamento
do corpo, braços ou pernas cruzados e um olhar voltado para o
chão são indicações de desconforto e de rejeição à conversa.
Observar seu corpo e ter consciência de seus gestos pode ajudá-
lo no desempenho profissional.

2
2. Elementos da comunicação: emissor, receptor,
mensagem, código, canal e contexto
O processo comunicacional, seja ele verbal ou não verbal, faz parte de
um contexto social. Isso significa que você está sempre estabelecendo
conexões, diálogos com o outro, por meio de mensagens a serem
transmitidas e objetivos a serem alcançados. Para o estabelecimento
desse diálogo, alguns elementos são necessários, tais como: emissor,
receptor, mensagem, código, canal e contexto.
Mas o que são esses elementos? Observe a Figura 7.1. Ela descreve
outra situação hipotética que pode contribuir significativamente para a
compreensão dos elementos da comunicação.

Figura 7.1: Elementos da comunicação


“Analisando essas
informações, que mensagem
decisões podemos
emissor tomar?”
SALA DE REUNIÃO
código
canal
contexto
receptor

Fonte: Moraes (2018).


110
Capítulo 7
No momento retratado, Amanda, diretora de marketing, conversa
com sua equipe sobre os resultados de venda dos produtos da empresa
na qual todos trabalham. No momento da fala, Amanda é o emissor (ou
destinador) da mensagem e cada membro da equipe, o receptor (ou
destinatário). Mas quando Caio, seu assistente, com dúvidas, questiona
algumas análises de Amanda, Caio passa a emissor e os demais
participantes da reunião, a receptores.
A mensagem é construída por meio de códigos, um conjunto de si-
nais organizados. Para que a equipe de Amanda compreenda os códigos
utilizados, eles devem ser conhecidos por todos os envolvidos e então
compartilhados. O principal código utilizado na reunião foi a linguagem
verbal (língua portuguesa oral) sendo complementado pela linguagem
não verbal, constituída por gestos e olhares entre os participantes.
O canal de comunicação deve garantir o contato entre emissor e
receptor da mensagem. Ao apresentar oralmente os dados durante
a reunião, as ondas sonoras, a voz de Amanda e também dos outros
participantes da equipe foram o canal de transmissão da mensagem, que
é o conteúdo da informação a ser compartilhada.
Já o elemento da comunicação identificado como contexto (ou
referente) pode ser descrito como a situação em que a mensagem é
elaborada, considerando-se o espaço e tempo em que ela ocorre. A
sala de reunião e a própria reunião em si são dados de contexto para
compreensão da mensagem. Da mesma forma, quando a diretora de
marketing pergunta para sua equipe “quais decisões podemos tomar?”,
ela parte de um contexto relacionado às informações que foram
compartilhadas anteriormente com o grupo.
Veja agora a troca de mensagens instantâneas entre amigos.

Figura 7.2: Troca de mensagens instantâneas entre amigos

Rodrigo:
amiiiigaaaaa!!! vc vai no cine Marcela:
hj mesmo?

111
os processos da comunicação
Rodrigo:
Sete e meia.
tá preparada para o drama? Marcela:
drama? sério?

Marcela:
vou só pq é vc...

Rodrigo:
best friend forever!!

Fonte: Moraes (2018).

É possível entender a troca de mensagens entre Rodrigo e Marcela


como verbal ou não verbal? Tem palavras, certo? Então você está no
domínio do verbal. Mas, e os emojis? Eles complementaram a transmissão
da mensagem, certo? Ou seja, foram utilizados como recursos não verbais.

//Emojis > são desenhos oferecidos por sistemas operacionais de


celulares e redes sociais para serem utilizados nas comunicações não
verbais de aplicativos. Enquanto os emoticons são uma combinação de
caracteres comuns usados no dia a dia, como “:-)”, “(=^u^=)”, os emojis
são desenhos adicionais, próprios, disponibilizados pelo aplicativo.

E quanto aos elementos da comunicação na situação apresentada?


Veja o Quadro 7.1.

112
Quadro 7.1: Elementos da comunicação no diálogo entre Rodrigo e Marcela

Capítulo 7
Quem emite a mensagem, produz Rodrigo e Marcela enviam mensagens um
Emissor o texto, comunica, expressa seu para o outro e dessa forma ambos são
sentimento de forma escrita, emissores.
verbal ou não verbal.
A mensagem é emitida para Quando Rodrigo envia um texto para Marcela,
Receptor alguém ou para um grupo, ela é a receptora. Quando Marcela emite a
também chamado de interlocutor mensagem, Rodrigo é o receptor.
ou ouvinte.
A mensagem é o conjunto de No caso analisado, consiste no próprio texto
Mensagem informações transmitidas pelo junto com os emojis enviados.
emissor.
Consiste em elementos e regras O código mais utilizado nas mensagens
Código comuns tanto ao emissor quanto instantâneas é a língua portuguesa. Mas
ao receptor e contribui para a no contexto focado, os amigos também
interpretação da mensagem. compartilham outros códigos como
abreviações (“pq”, “vc”, “hj”, “cine”), língua
inglesa (best friend forever) e emojis.
Por onde a mensagem é Rodrigo e Marcela trocam mensagens
Canal transmitida, isto é, o meio de por meio de um aplicativo de mensagens
distribuição da informação. instantâneas, sendo este o canal utilizado
para a comunicação entre ambos.
Situação que envolve emissor e Os amigos trocam mensagens para
Contexto receptor, chamada também de confirmarem um encontro no cinema. Com
referente. a mensagem enviada a Marcela, Rodrigo
busca confirmar se ela o acompanhará em
uma sessão. Marcela, por sua vez, informa
que não gosta do gênero drama, mas que
acompanhará o amigo pela amizade.

Fonte: Moraes (2018).

Até o momento, foram analisadas


situações em que uma ou mais
De: University of Santa Fe
pessoas estavam envolvidas no ato Para: CLEBER PRESCOTTI/PRISCILA
MACIEL
comunicativo, seja presencialmente Assunto: Article accepted
Dear Researchers:
ou a distância. Mas, e se uma pessoa
The article entitled THE USE OF EMOJI
estiver só, por exemplo, envolvida em IN NON-VERBAL COMMUNICATION,
by CLEBER PRESCOTTI and PRISCILA
uma leitura? Ainda será possível afirmar MACIEL, was accepted for presentation in
que os elementos de comunicação X International Seminar on Communication,
to be held from 21 to 24 September 2018,
estão presentes nessa nova situação? at the University of Santa Fe, New Mexico,
USA.
Observe a mensagem que dois
Santa Fe, January 9, 2018.
pesquisadores brasileiros receberam:
Best regards
Coordination of International Seminar on
Communication

113
os processos da comunicação

Na mensagem acima, a Coordenação do Seminário Internacional


em Comunicação (Coordination of International Seminar on Commu-
nication) é o emissor do ato comunicativo e os pesquisadores brasilei-
ros Cleber Prescotti e Priscila Maciel são os destinatários, os recepto-
res da informação verbal escrita, enviada pelo canal e-mail. O uso da
língua inglesa como código dá pistas sobre o contexto da mensagem,
que se refere à aceitação do artigo
de Cleber e Priscilla para apresenta-
De: Universidade de Santa Fé
ção em evento internacional, organiza-
Para: CLEBER PRESCOTTI/PRISCILA
MACIEL do por uma instituição localizada em
Assunto: Artigo aceito
um país de língua inglesa, no caso, os
Caros pesquisadores:
O artigo intitulado O USO DE EMOJI Estados Unidos.
NA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL, Lembre-se de que, para a compreen-
por CLEBER PRESCOTTI e PRISCILA
MACIEL, foi aceito para apresentação no X são da mensagem, o código deve ser de
Seminário Internacional de Comunicação,
que se realizará de 21 a 24 de setembro conhecimento de ambos os envolvidos:
de 2018, na Universidade de Santa Fé, no
emissor e receptor. Caso Cleber e Pris-
Novo México, EUA.
Santa Fé, 9 de janeiro de 2018. cila não compartilhem do código, isto é,
Cumprimentos
a língua inglesa, precisarão da ajuda de
Coordenação do Seminário Internacional
de Comunicação um tradutor que decodifique a mensa-
gem para a sua compreensão, conforme
a imagem ao lado.

Nem sempre a troca de informações é bem-sucedida, podendo


ocorrer ruídos no processo comunicativo. E quais seriam esses ruídos?

3
3. Barreiras na comunicação

Muitos podem ser os motivos pelos quais uma mensagem deixa de


ser compreendida pelo seu público-alvo, impedindo que a comunicação
se estabeleça. Existem barreiras de ordem técnica, organizacional, se-
mântica ou associadas a atitudes e comportamentos (TOMASI e MEDEI-
ROS, 2010). Veja a seguir o que cada uma delas significa.

114
Capítulo 7
Imagine que a troca de mensagens entre Rodrigo e Marcela fosse
realizada por áudio e que o ambiente de gravação da mensagem de
Rodrigo tivesse tantos ruídos (de carros na rua, de pessoas falando) que
impossibilitassem Marcela de compreender a mensagem. Encontra-se
aqui um exemplo de barreira de ordem técnica.
As barreiras organizacionais, por sua vez, referem-se às redes
disponíveis para a emissão da mensagem. Uma empresa pode ter canais
digitais e analógicos, e cada um deles exige um tipo de linguagem para
que haja fluidez e eficácia na transmissão do conteúdo. Mensagens de
texto em aplicativos de celular, por exemplo, devem ser curtas e objetivas
sob o risco de não serem completamente lidas.
Já no campo da semântica, as barreiras referem-se ao significado das
palavras, frases e textos de uma língua. Na comunicação pessoal e também
na organizacional é necessário que a língua e o vocabulário utilizados
sejam adequados e compreensíveis ao interlocutor. Observe um exemplo
de diálogo entre dois profissionais que trabalham na mesma empresa.

Figura 7.3: Conversa entre dois profissionais da mesma empresa


s

situação 1
Mande uma mensagem
ASAP para o CFO e
avise que precisamos de ?????
budget para conversão
de lead.
s

situação 2
Mande uma mensagem
assim que você puder para o
diretor financeiro e avise que É pra já!
precisamos de orçamento
para a conversão de clientes
potenciais.

Fonte: Moraes (2018).

115
os processos da comunicação

Anglicismos, isto é, o uso de palavras da língua inglesa no cotidiano,


são muito comuns em ambientes empresariais. Além disso, muitas
expressões são utilizadas na sua forma abreviativa, como foi visto na
Figura 7.3: ASAP (as soon as possible, assim que possível) e CFO (Chief
Financial Officer, Diretor Financeiro).
Durante sua experiência profissional, você vai descobrir novas palavras
e expressões que enriquecerão o seu vocabulário. Busque o significado
em diversas fontes, como dicionários on-line e off-line, colegas,
professores, supervisores, entre outras. Quanto maior o vocabulário sob
seu domínio, menos barreiras de comunicação você enfrenta.
Por último, mas não menos importantes, estão as barreiras de atitude
e comportamento que derivam de crenças, valores e ideologias que são
construídos a partir da cultura e contexto social em que você vive.
Uma característica da internet é o fato das redes sociais e dos
mecanismos de busca apresentarem como resultado de pesquisas ou
visualização apenas o que é relevante para o usuário, ou melhor, para seu
comportamento conectado. Esse resultado é produzido por algoritmos
que ajudam a reduzir a diversidade de opiniões às quais as pessoas
têm acesso nas redes virtuais. Esse tipo de barreira têm preocupado e
deixado em alerta muitos pesquisadores sobre o impacto da criação de
“bolhas de opinião”.

//Algoritmo > pode ser entendido como uma receita, uma sequência
finita de instruções bem definidas, sendo a base de programação
em computadores. Todos os programas utilizados, desde o sistema
operacional até o editor de texto e jogos, são uma série de instruções
seguidas pela máquina.

116
Capítulo 7
Quando as pessoas se restringem a viver em contextos limitados,
não conhecendo e experimentando diferenças culturais e de opiniões,
reduzem seu repertório de conhecimentos construídos no contato com as
diferenças. Quando as trocas de informação são limitadas às “bolhas de
opinião”, a tendência é que o grupo compartilhe não apenas as mesmas
ideias, mas também os mesmos vocabulários.
A internet e as redes sociais deixam de ser uma barreira de
comunicação quando seus usuários buscam ler e escutar opiniões
distintas, que além de enriquecer o discurso, desafiam o indivíduo ao
aprendizado e elaboração de novos conceitos cotidianamente.

4
4. Feedback na comunicação

Feedback é uma palavra inglesa que significa comentário ou dar res-


posta. No processo comunicacional, o feedback tem como objetivo infor-
mar o emissor sobre a compreensão da mensagem por parte do receptor.
Nesse sentido, há um intercâmbio e influência que cada um (emissor
e receptor) exerce sobre o outro em um ato comunicativo, cujo fim
é indeterminado, pois tanto emissor como receptor são capazes de
codificar e decodificar. Ou seja, ambos conseguem emitir e interpretar as
mensagens com o objetivo ou não de compartilharem suas interpretações
após a sua recepção.
O conceito de feedback equipara-se ao de reação. As reações dos
participantes do ato comunicativo partem de experiências individuais que
podem ser facilitadores ou barreiras para a compreensão da mensagem.
Dessa maneira, a interpretação da mensagem depende de um campo de
compartilhamento de valores e semânticas. Os participantes influenciam-
-se mutuamente na troca de informações, conhecida aqui por feedback.

117
os processos da comunicação
Figura 7.4: Feedback – troca de informações

Vocês
receberam o
recado que
mandei ontem?

Onde será que


foi parar?

Fonte – Experiência pessoal – codificação da mensagem

Onde será Destino – Experiência pessoal - decodificação


que foi
parar?

Destino – Experiência pessoal - decodificação


Fonte: Moraes (2018).

Algumas empresas fazem uso de práticas de feedback


para o desenvolvimento profissional de sua equipe.
Reuniões de feedback são estruturadas de forma que os profissionais,
independentemente da hierarquia, recebam críticas, elogios ou
orientações de posturas e práticas diárias. Esse procedimento
permite que as relações dentro da empresa sejam mais transparentes
no que se refere às expectativas de resultados individuais. Relatório
de desempenho, resultado de pesquisa de clima organizacional,
índice de reputação em redes sociais também são utilizados para
identificar informações na dimensão do feedback organizacional.

118
Em resumo...

Uma mensagem pode ser dissemina-


da de maneira verbal ou não verbal.

Os elementos necessários para o


ato comunicativo são: emissor,
receptor, mensagem, código, canal
e contexto.

A emissão de uma mensagem não


é garantia de compreensão: há ruídos e
barreiras que podem comprometer sua
interpretação.

Uma forma de garantir a efetivação


da mensagem é estar atento às reações
do receptor ao seu feedback.
S

120
120
Comunicação
Empreendedoorismo
Empresarial

8
Linguagens e Comunicação

Capítulo 8
Comunicação empresarial
Quando você vai ao mercado em busca de um produto, consegue
imaginar quantas ações de comunicação foram realizadas para que ele
fosse visto naquela prateleira? Quantas pessoas dentro da empresa e
fora dela participaram desse processo?
Neste capítulo, você vai conhecer a dimensão da comunicação
empresarial e como suas técnicas são implementadas tanto na construção
da imagem de um produto ou serviço quanto no dia a dia da organização.
Para trilhar esse caminho, temas como comunicação na empresa,
fluxo de comunicação, atendimento ao público e comunicação formal e
informal serão apresentados e discutidos por meio de exemplos práticos
e comuns em empresas de diversos setores.

objetivos do capítulo
Neste capítulo, você irá:
entender como ocorre a comunicação nas empresas;
compreender o conceito de comunicação empresarial e como seus
métodos e técnicas são implementados no contexto organizacional;
identificar os tipos de fluxos de comunicação em uma empresa;
conhecer os diversos canais de comunicação internos e externos à
empresa e como eles são utilizados para o atendimento ao público;
diferenciar comunicação formal e informal nas empresas.

121
1
1. Comunicação na empresa
Comunicação Empresarial

Também chamada de comunicação corporativa ou organizacional, a


comunicação empresarial reúne atividades estratégicas, principalmente
S realizadas com o objetivo de fortalecer positivamente a percepção dos
públicos sobre a imagem da empresa e, consequentemente, melhorar
seus resultados.
Segundo Tomasi e Medeiros (2010, p. 56), a comunicação empresarial
é “[...] um conjunto de métodos e técnicas de comunicação dentro da
empresa dirigida ao público interno e ao público externo. Ela é o somatório
de todas as atividades de comunicação da empresa”.
Na prática, como isso funciona? Veja o exemplo.
Ao analisar o relatório financeiro de seus produtos, o proprietário de
uma fábrica de sucos identificou que no último ano as vendas caíram mês
a mês. Preocupado, ele contratou uma empresa para identificar a origem
do problema.
A empresa contratada identificou a existência de um novo produto no
mercado que apresentava um diferencial: menos açúcar em sua fórmula.
Assim, indicou que a fábrica de sucos desenvolvesse uma nova fórmula
para continuar tendo competitividade, sugestão prontamente aceita pelo
dono, que investiu no lançamento de uma nova linha de sucos.
Nesse contexto, foram preparadas diversas ações de comunicação
para informar o lançamento da nova linha de sucos, como relacionamento
com a imprensa, eventos e publicidade off-line e on-line.
Os assessores de imprensa enviaram um release sobre os novos
produtos para os principais jornais, revistas e blogs. No dia do lançamento,
um grande evento foi organizado com a presença de jornalistas e
personalidades. Brindes foram enviados aos fornecedores e distribuídos
aos colaboradores da fábrica. Junto a isso, uma campanha publicitária
começou a ser veiculada na televisão e também nas redes sociais.

122
Capítulo 8
//Release > conjunto de informações elaborado por uma empresa para
ser distribuído por assessores de imprensa a veículos de comunicação.
Tem o objetivo de divulgar os dados específicos de lançamentos ou
outros acontecimentos, facilitando o trabalho jornalístico e dando
visibilidade a produtos ou marcas.

Nesse exemplo, é possível verificar de maneira simplificada algumas


ações que fazem parte de um planejamento de comunicação para o
desenvolvimento e lançamento de um novo produto no mercado. A Figura
8.1 mostra esse processo.

Figura 8.1: Fluxograma de ações do planejamento de comunicação

1 2 3 4 5

Envio de
Publicação de Distribuição de Veiculação de
informações
informações Realização brindes. anúncios em
para imprensa.
em sites e de eventos. mídias on-line e
blogs. off-line.

Fonte: Moraes (2018).

Ainda há outros objetivos da comunicação nas empresas, como


a criação de uma imagem positiva perante a opinião pública e o
reconhecimento por investimentos em projetos de educação (de jovens,
adultos etc). O reposicionamento da empresa ou da marca, objetivando
que os consumidores as vejam de outra forma, também é outro exemplo
nesse sentido.

123
2
2. Fluxos de comunicação
Comunicação Empresarial

As empresas movimentam um grande volume de informações


diariamente, e a fluidez com que essas informações transitam entre
S pessoas, setores ou áreas é um dos fatores que determinam o grau de
eficiência de suas ações.

Dados são registros sem análise que, ao serem


contextualizados, adquirem sentido e tornam-se
informações. Ao acessar uma informação a partir de experiências
individuais, constrói-se o conhecimento. Imagine que você
teve acesso ao resultado de uma pesquisa sobre a opinião de
consumidores a respeito de determinada marca. Ao ler uma
tabela constante na pesquisa, você identifica números (dados)
que passam a fazer sentido (informação) quando na coluna
seguinte você identifica a que esses dados se referem. Com base
nesses resultados, você consegue compreender a opinião dos
clientes (conhecimento) e inicia um planejamento de ações de
comunicação. A Figura 8.2 ilustra esse processo.

Figura 8.2: Dinâmica do conhecimento

~
Dados informação conhecimento
Fonte: Moraes (2018).

124
Capítulo 8
Nesse sentido, deve-se desenvolver canais adequados para a distribui-
ção da informação, além de contar com profissionais comprometidos com a
produção e o compartilhamento da informação, de acordo com o fluxo definido
pela empresa.
Os fluxos, isto é, as direções em que a informação flui, são definidos
pelos gestores de acordo com o perfil do negócio, podendo ser:
ascendente, descendente, horizontal, transversal e circular.
Veja, a seguir, cada um desses fluxos.

2.1 FLUXO DE COMUNICAÇÃO ASCENDENTE

Ascendente indica algo que se move para cima. Esse fluxo de


comunicação é identificado quando a informação parte de uma equipe e
chega a seu líder.
Fluxo de comunicação ascendente é comum em empresas
preocupadas com a qualidade do ambiente de trabalho; que
periodicamente realizam pesquisas de clima organizacional com o objetivo
de conhecer a opinião dos colaboradores; com o nível salarial; benefícios;
programas de qualidade de vida; entre outros aspectos. O resultado da
pesquisa corresponde a um processo de feedback, ou seja, o retorno da
equipe sobre o modelo de gestão adotado.
O fluxo ascendente de comunicação contribui para que gestores
tenham conhecimento da opinião das equipes sobre o ambiente, produtos
e serviços desenvolvidos pela empresa.

125
Comunicação Empresarial

Pesquisas de clima organizacional buscam identificar


S
a percepção e opinião dos colaboradores sobre
diversos aspectos da empresa, como ambiente físico (iluminação,
ventilação, limpeza etc.) e social (relações entre colaboradores,
perfil dos líderes etc.).
A partir dos resultados da pesquisa, a empresa pode desenvolver
programas que contribuam para melhoria do clima organizacional
quando for o caso. Um bom ambiente tem reflexos importantes na
qualidade do trabalho.

2.2 FLUXO DE COMUNICAÇÃO DESCENDENTE

A comunicação descendente parte do gestor para sua equipe. Nesse


fluxo, há um movimento de informação oficial da empresa com o objetivo
de alinhar práticas, como regras institucionais, atribuições e responsabili-
dade de cargos e funções, estratégias, objetivos e metas.
Antes de lançar uma nova linha, por exemplo, uma fábrica de chocolate
pede para que seus colaboradores experimentem e registrem sua
opinião sobre os novos produtos. Para isso, os convites são enviados
por e-mail, do presidente da empresa os diretores, dos diretores para os
gerentes e, por fim, dos gerentes para as suas equipes. Essa distribuição
descendente abrange todos os colaboradores em cascata, isto é, de
forma hierarquizada.
Mas nem toda comunicação descendente chega necessariamente a
todos os colaboradores. Alguns documentos são classificados como de
circulação restrita por conter informações sigilosas ou confidenciais, por
exemplo, a fórmula de produtos.

126
Capítulo 8
2.3 FLUXO DE COMUNICAÇÃO HORIZONTAL

O fluxo de comunicação horizontal é o que ocorre entre pares e áreas


na empresa. Organizações que buscam um ambiente mais colaborativo
desenvolvem canais de comunicação horizontal para estimular a troca de
ideias entre pessoas e equipes.
Em um grupo de trabalho, que pode ser composto por profissionais
de diferentes setores e hierarquias, o fluxo de informação horizontal
proporciona melhor ambiente e rápida cooperação e coordenação.

//Grupo de trabalho > todo conjunto de profissionais que de


alguma forma participam de um mesmo projeto e/ou contexto
organizacional, desenvolvendo suas tarefas em busca de objetivos
previamente definidos.

2.4 FLUXO DE COMUNICAÇÃO TRANSVERSAL

Uma comunicação transversal é aquela que atravessa todas as direções,


sem distinção entre níveis hierárquicos, isto é, sem um centro único difusor
de informação.
Essa descentralização é comumente identificada em startups, que
possuem gestão mais participativa. Essas iniciativas colaboram para a
criação de um ambiente de trabalho integrado, pois a informação flui da
mesma maneira e ao mesmo tempo para todos.
Além das startups, a comunicação transversal também é característica
das redes sociais corporativas. Apesar de restritos aos colaboradores da
empresa, esses canais mantêm troca de informações, compartilhamento
e relacionamento entre os participantes.

127
Comunicação Empresarial

S //Startup > a expressão em inglês significa o ato de começar algo.


No mundo empresarial, está relacionada a empresas que estão no
início de suas atividades, buscando desenvolver produtos e serviços
inovadores que sejam escaláveis em um ambiente de incertezas, isto
é, sem a garantia de resultados.

2.5 FLUXO DE COMUNICAÇÃO CIRCULAR

Presente em empresas de pequeno porte, a comunicação circular flui entre todos


os colaboradores, sem normas definidas sobre sua produção ou distribuição. Sua
principal característica é o fato de estabelecer-se nas relações pessoais. Assim,
melhor é o fluxo quanto maior for o grau de aproximação da equipe de trabalho.
Veja na Figura 8.3 um resumo de cada fluxo.

Figura 8.3: Fluxos de comunicação

Ascendente Descendente Horizontal Transversal Circular

De uma equipe Do gestor para Entre os pares. Não há distinção Descentalizada.


ao seu líder. sua equipe. de níveis
hierárquicos.

Fonte: Moraes (2018).

128
3
3. Canais de comunicação

Capítulo 8
Qualquer mensagem, para chegar ao seu destinatário, depende de
um canal de distribuição. Inúmeros são os canais disponíveis para uso
da empresa e, com os avanços tecnológicos, novas possibilidades são
oferecidas com frequência.
A escolha do canal depende do perfil do público a ser atingido, que
também orientará a linguagem da mensagem, se formal ou informal.
Veja alguns canais que as empresas utilizam na comunicação com seus
colaboradores e suas características.

Figura 8.4: Canais de comunicação interna

Mural Telefone fixo, celular e VoiP (voz


pela internet)

É o canal mais utilizado nas empresas Possibilitam a comunicação por voz entre
para a comunicação direta com seus pares da empresa ou pessoas externas,
colaboradores. Alguns deixaram de ser como clientes e fornecedores.
um quadro onde folhas são fixadas,
transformando-se em telas digitais.

jornal ou revista impressos Mensagens instantâneas ou chats

Distribuídos periodicamente, os canais Canais para envio de mensagens em


impressos trazem histórias, informações tempo real.
e notícias sobre a empresa e sobre seus
colaboradores. Com o aumento do uso
dos canais digitais, jornais e revistas
impressos têm sido menos utilizados.

129
NEWSLETTER POR E-MAIL E-MAIL
Comunicação Empresarial

Newsletter é um boletim informativo. Canal de comunicação que permite


Enviada periodicamente por e-mail, tem a troca de informações com públicos
substituído jornais e revistas impressos externos como clientes e fornecedores.
junto a alguns públicos.

Rede social corporativa Webconferência

Formada apenas pelos profissionais da Utilizada para a realização de reuniões e


empresa, permite rápida distribuição de encontros virtuais. Os participantes podem
informação e também o compartilhamento assistir e interagir durante a reunião,
de opiniões entre as equipes. acessando um endereço na internet ou
por meio de aplicativos instalados no
computador, celular e tablet.

INTRANET WebINAR

Espaço virtual que disponibiliza, Um tipo de webconferência em


além de informações institucionais, que apenas uma pessoa realiza a
ferramentas, orientações de processos apresentação e as demais assistem.
e modelos de documentos.

Fonte: Moraes (2018).

Existem outras ferramentas que são desenvolvidas de acordo com o


perfil da empresa, de seus colaboradores e também a disponibilidade de
recursos humanos e financeiros.
Agora, que você já leu sobre os fluxos e canais de comunicação
internos de uma empresa, veja como ela se relaciona com seus clientes e
outros públicos de interesse.

130
4 4. Atendimento ao público
De pequenas a grandes corporações, todas as empresas relacionam-se
com diversos públicos para a manutenção de seus negócios. Além de
seus colaboradores internos, empresas dialogam com fornecedores,
clientes, imprensa e comunidades onde atuam.
Para estabelecer a comunicação e o atendimento desses públicos,
diversos canais são criados. A Figura 8.5 explora alguns dos principais
canais de comunicação externa utilizados pelas empresas.

Figura 8.5: Canais de comunicação externa

SAC (Serviço de oUVIDORIA FAQ (Frequently Asked)


atendimento ao cliente) Questions)

Também conhecidos Canal disponibilizado FAQ é um acrônimo para a


como call centers, os SACs para o atendimento de expressão inglesa Frequently
são canais dedicados ao solicitações não resolvidas Asked Questions (em português
atendimento de dúvidas, pelo SAC. Busca a solução significa perguntas mais
reclamações e sugestões de conflitos e atua na frequentes). O FAQ é muito
de clientes sobre a defesa dos direitos dos utilizado para esclarecer as
empresa, seus produtos e consumidores e usuários de dúvidas mais frequentes sobre
serviços. E-mails, telefone e produtos e serviços. produtos ou serviços. O serviço
formulários são os formatos fornece informações detalhadas
mais comuns. para os clientes.

REDES SOCIAIS SITE


Site é um endereço eletrônico
As empresas e hoje é considerado o
possuem perfis principal endereço de
em redes sociais uma empresa. É no site
não apenas para que os clientes e demais
a divulgação de públicos encontram desde
produtos/serviços, conteúdos institucionais
mas também para até detalhes de produtos.
o atendimento ao Integra também diversos
cliente por meio canais de atendimento, como
de comentários e mensagem instantânea,
mensagens diretas. e-mails e formulários de
contato, entre outros.

Fonte: Moraes (2018).

131
Comunicação Empresarial

A escolha inapropriada de um canal compromete a qualidade da


comunicação. No caso de atendimento ao público, por exemplo, é
necessário disponibilizar diferentes opções de canais para atingir diversos
S perfis de públicos. Há quem prefira o contato telefônico, outros o envio de
mensagens por redes sociais.
Na Figura 8.6, uma companhia indica a seus clientes, em sua página
na internet, quais são os canais de atendimento disponíveis.

Figura 8.6: Página de contato de uma empresa

Contatos
Estamos sempre aqui para ajudá-lo. Consulte as várias formas de falar conosco.

fale conosco
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s
reclamação
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sugestão ou elogio
Partilhe as suas sugestões ou as Você tem alguma questão que
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Diga-nos como podemos
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suporte on-line telefone/skype outras formas de atendimento


000 000 00 00 000 000 00 00 – Atendimento
f Deficiente Auditivo
2 a Domingo: 24h
a

0000 000 0000 – SAC

2a a Domingo: 24h

Fonte: Moraes (2018).

Anualmente, o Instituto Ibero-Brasileiro de Relaciona-


mento com o Cliente, em parceria com a Revista Exa-
me, divulga a lista das melhores e piores empresas no atendimen-
to ao cliente. A pesquisa avalia a qualidade de diversos canais de
atendimento no que se refere a agilidade, cortesia, respeito às leis
e eficiência. Os resultados têm sido usados pelas empresas para a
melhoria de seus processos internos.

132
Capítulo 8
A linguagem utilizada pela empresa também deve ser planejada
e refletir como ela quer ser percebida pelos seus clientes. Veja dois
exemplos de linguagem utilizada na comunicação por e-mail com clientes.

Prezada Sra. Ana Carvalho,


Acusamos o recebimento de sua insatisfação quanto aos serviços
prestados pelo nosso departamento de manutenção.
Demos prosseguimento ao caso internamente e no prazo máximo de 20
dias retornaremos com uma posição sobre a solução.
Atenciosamente,
Serviço de Atendimento ao Cliente

Oi Ana, como vai?


Vimos aqui que você não ficou muito feliz com nossos serviços.
Lamentamos muito, pois o que queremos mesmo é ver todos os nossos
clientes satisfeitos.
Por isso, estamos encaminhando seu caso internamente em busca de
uma solução. Em até 20 dias teremos novidades.
Estamos com você.
SAC

Observe que um mesmo canal de comunicação, o e-mail, foi utilizado


para o envio das duas mensagens. O objetivo de ambas também foi o
mesmo: responder à reclamação de uma cliente quanto aos serviços
fornecidos pela empresa.

133
Comunicação Empresarial

Mas a forma de construção do texto foi muito diferente em uma e


outra mensagem, talvez refletindo o perfil da marca ou da empresa. Se
você fosse o cliente insatisfeito, qual das mensagens gostaria de receber
S para se considerar bem atendido?
Lembre-se de que qualidade no atendimento ao cliente resulta de
um conjunto de ações que começa na qualidade do produto ou serviço
oferecido ao cliente. Conheça dois exemplos nesse sentido.

•1 • Problema resolvido com agilidade: um homem prestes a se casar


compra em uma loja virtual um par de sapatos para seu amigo e
padrinho, mas a compra foi entregue no endereço errado. Ao reportar
o problema, o cliente teve sua questão resolvida imediatamente: a
loja não apenas enviou outro par em menos de um dia sem custos,
como também ofereceu outros benefícios ao cliente, como descontos
exclusivos em futuras compras.

•2 • Café em braille: a gerente de uma rede internacional de cafeteria,


reconhecida pela qualidade de seus produtos e atendimento, percebeu
que um dos seus clientes com deficiência visual só pedia um tipo
de café. Ao perguntar se ele gostaria de experimentar outra coisa, o
cliente informou que não saberia o que pedir. A gerente, buscou uma
solução fazendo à mão um cardápio em braille. Hoje, todas as lojas da
rede possuem um cardápio em braille.

134
5
5. Comunicação formal e informal

Capítulo 8
Partindo do conhecimento sobre os fluxos de comunicação, a relação
dos canais com o público-alvo e o correto atendimento ao cliente, é
possível perceber a diferenciação entre a comunicação formal e a informal.
A comunicação formal é a mensagem que flui por meio dos canais
de comunicação oficiais da empresa, sendo caracterizada principalmente
pelo fluxo descendente de comunicação.
Já a comunicação informal é aquela disseminada espontaneamente
por meio de uma rede não oficial.
Imagine que você tenha recebido esta mensagem de um colega
de trabalho:

Aê, ouvi no café o pessoal do RH dizer que segunda-feira não vai


ter expediente. Feriado de não sei de quê. Despertador desligado!

Será que a informação está correta? Com base nessa mensagem você
deixaria de trabalhar na segunda-feira?
Esse é um exemplo de comunicação informal, pois não foi gerada a
partir de fonte oficial da empresa, tampouco disseminada em um canal
formal de comunicação interna dela.
No exemplo mencionado, antes de se programar, é melhor você
verificar se existe um comunicado oficial enviado por e-mail, publicado no
mural ou em outros canais oficiais da empresa.

135
Comunicação Empresarial

5.1 CANAL E LINGUAGEM

É importante não confundir comunicação formal e informal com


S linguagem formal e informal. Uma comunicação formal não exige
necessariamente uma linguagem formal.
Canais da empresa podem fazer uso de linguagem informal na
elaboração da sua mensagem como forma de aproximar o leitor e
contribuir para a compreensão da mensagem.
Veja este exemplo de recado publicado na página de uma rede social
de uma empresa.

O trimestre está acabando!


Fique ligado na agenda de reuniões de
resultados de sua área!
E como sempre...
antes das apresentações tem aquele café
da manhã caprichado!

Nesse exemplo, a linguagem informal (identificada pelo uso das


expressões “fique ligado” e “tem aquele café da manhã caprichado”)
foi utilizada para divulgar um evento por meio de um canal formal de
comunicação interna da empresa. A escolha da linguagem reflete, apesar
da seriedade do tema a ser tratado (reunião de resultados), a informalidade
da reunião. A linguagem buscou também dar leveza à mensagem,
facilitando a compreensão do leitor.

136
Em resumo...

A comunicação empresarial é estratégi-


ca e realizada principalmente com o objeti-
vo de fortalecer positivamente a percepção
dos públicos.

Uma informação pode fluir de maneira


ascendente, descendente, horizontal, trans-
versal ou circular.

Há diversos canais de comunicação uti-


lizados para o relacionamento interno e ex-
terno à empresa, como e-mails, sites, ser-
viço de atendimento ao cliente, webinars e
outros.

Na comunicação formal, a mensagem


flui por meio dos canais de comunicação
oficiais da empresa. Na comunicação infor-
prezado mal, a mensagem é disseminada esponta-
cliente neamente por meio de uma rede não oficial.
Olá, Flávio

É importante conhecer o público-alvo


para definir tanto o canal quanto a lingua-
gem a serem utilizados.
138
Práticas de comunicação
Empreendedoorismo
presenciais

9
Linguagens e Comunicação

Práticas de comunicação presenciais


Imagine que você vai fazer uma apresentação em público, para um
grupo pequeno ou uma multidão. Todas as pessoas que vão ouvi-lo
podem ser seus colegas ou desconhecidos. Pode ser a primeira vez ou
a centésima que você se apresenta. Apesar da diversidade, o que essas
situações têm em comum é a sensação de “frio na barriga” provocada
pela insegurança na hora de falar na frente do público.
Mas é possível superar a insegurança conhecendo o contexto da
apresentação, o público-alvo, a dinâmica adequada, e praticando, o que
significa treino, muito treino.
Este capítulo trata das práticas de comunicação presenciais nas
empresas e da importância de se preparar com segurança, escolhendo as
melhores dinâmicas e criando os melhores recursos de apoio, sobretudo,
tendo consciência do potencial de comunicação do corpo e dos gestos.

objetivos do capítulo

Neste capítulo, você irá:


compreender a importância e abrangência das práticas de comunicação
presenciais nas empresas;
reconhecer os desafios para a construção da comunicação presencial
eficaz e explorar caminhos para superá-los;
relacionar as dinâmicas de apresentação e tecnologias disponíveis com
os objetivos da comunicação;
entender que o corpo tem importante papel no processo de comunicação;
compreender a importância da oralidade e do uso da Língua Brasileira de
Sinais em apresentações.

139
1
1. Apresentações orais no ambiente empresarial
Práticas de comunicação presenciais

Realizar apresentações é uma atividade comum tanto na vida


acadêmica quanto na profissional. Durante os estudos, apresentam-se
trabalhos individuais e em grupo das disciplinas cursadas em seminários,
congressos e outros encontros. Nas empresas, as apresentações
contribuem para que a mensagem a ser transmitida seja melhor
comunicada, pois permitem o uso de diversas linguagens para facilitar
a compreensão dos ouvintes. Por isso mesmo, constituem prática
fundamental em diversos processos gerenciais e de tomadas de decisões,
como ilustra o Quadro 9.1.

Quadro 9.1: Importância das apresentações em processos gerenciais e de tomada


de decisão

Prospecção de clientes Planejamento estratégico Início e fim de projetos


Para a equipe de vendas, As apresentações de Projetos são iniciativas que têm
a prospecção é um planejamento estratégico data para iniciar e para finalizar.
processo estruturado buscam estruturar o Nos encontros de início de
na busca de novos pensamento da empresa projeto, também conhecidos
compradores para no que diz respeito a seus por kick-off (pontapé inicial),
produtos e serviços objetivos, metas, descrição de a apresentação tem como
da empresa. A área projetos e cronograma, que objetivo compartilhar com
comercial deve ter um serão o foco empresarial em a equipe envolvida as
conjunto de materiais determinado período (anual, informações fundamentais para
sobre empresa a ser bianual, decenal etc.). O o desenvolvimento do trabalho.
utilizado de acordo com objetivo aqui é pautar e manter Até o fim do projeto, outros
a ocasião e perfil do o foco das reuniões para a encontros podem ser realizados
público-alvo. O objetivo construção do planejamento para avaliação do andamento
da apresentação aqui é pelos dirigentes do negócio. do cronograma e, no término,
construir uma dinâmica é realizada a apresentação de
favorável à conquista de entrega do projeto.
novos clientes.

Fonte: Moraes (2018).

//Prospecção > conjunto de métodos usados para pesquisar. No caso


de clientes, busca identificar os públicos potenciais para a aquisição
de produtos e serviços de uma empresa. A prospecção pode ser
realizada de diversas maneiras, por exemplo, por meio de visitas
pessoais, pesquisas em banco de dados e uso de ferramentas on-line.

140
Capítulo 9
A lista de reuniões, objetivos e formatos de apresentações pode ser
extensa porque cada área da empresa, momento e gestor terão um perfil
próprio no uso desse recurso comunicacional.
Quantas apresentações você já assistiu (e quem sabe, realizou) durante
seus estudos e trabalho? É possível que tenha perdido a conta. Também
é possível que parte delas não tenha resultado em boas experiências,
tenha sido você um ouvinte ou o apresentador. Surge, então, a pergunta:
o que é preciso, para realizar uma apresentação com qualidade?

1.1. SUPERANDO O MEDO DE FALAR EM PÚBLICO

Fala-se aqui de comunicações presenciais (apresentações) no


ambiente de trabalho. Isso significa que o corpo faz parte dessa ação,
sobretudo a voz (ou gestos, como será visto mais adiante com a análise
do uso da Língua Brasileira de Sinais, Libras) que será um dos recursos
mais importantes nesse momento. Nas apresentações, é possível utilizar
diversos acessórios de apoio, como softwares específicos, que oferecem
opções em termos de efeitos visuais e sonoros. No entanto, o elemento
principal continua sendo aquele que apresenta.
Essa variável costuma ser o grande desafio para as pessoas que
sentem medo ao pensar que terão de falar em público. Medo provocado
por pensamentos de fracasso e humilhação na eventualidade de esquecer
a fala, de ser avaliado negativamente por colegas ou professores. Mesmo
profissionais com experiência (diretores de empresa, palestrantes,
músicos, atores, entre outros) podem sentir o coração acelerado e aquele
“frio na barriga” antes de estarem frente a frente com o público.
Mas com boas técnicas e treino é possível superar ou pelo menos
reduzir o medo, pois esses aspectos contribuem para que o apresentador
se sinta mais confortável e atinja seus objetivos de comunicação. Antes
disso, deve-se refletir sobre alguns pontos importantes, indicados
na Figura 9.1.

141
Figura 9.1: Pontos para refletir antes de uma apresentação
Práticas de comunicação presenciais

Relembre momentos no seu


Pense em situações que você cotidiano em que assistiu a
precisou falar em público, mesmo apresentações em público de outras
que para um grupo pequeno. Pense pessoas e reflita: quais foram as
nos momentos antes, durante e qualidades e dificuldades? Foram as
depois da apresentação. Como você mesmas que as suas? O que você
se sentiu? Reconhecer o medo de pode aprender com elas?
falar em público é o primeiro passo
para encontrar soluções.

Conte com recursos


visuais, mas tenha sempre
um outro plano, o “plano
Reconheça que, no momento B”, no caso desses
da apresentação, você é a recursos não funcionarem.
pessoa que melhor conhece
o roteiro, pois se preparou Enfrente a realidade de que
para isso. Dessa forma, não se muitas vezes a apresentação
preocupe se faltou algo a dizer é inevitável. Quanto mais
ou se o seu planejamento não tempo você dedicar-se
foi seguido à risca. à preparação, menos
Afaste o receio sobre a insegurança você terá.
avaliação do professor ou
dos próprios colegas. Todos
poderão ter inseguranças
similares às suas.
Fonte: Moraes (2018).

Tome essas orientações como práticas frequentes na dinâmica


pessoal e profissional relacionada a apresentações em público. Com
treino, dedicação e um bom planejamento, a tendência é que você se
sinta mais confortável e confiante ao participar de situações que exijam
argumentação e exposição.

1.2 PREPARANDO-SE PARA A APRESENTAÇÃO

Um bom resultado, ou melhor, o resultado esperado, só é alcançado


quando se tem clareza de onde se quer chegar. Para isso, é requerido
um tempo que seja adequado para planejamento e treino. Atletas de alto
rendimento afirmam que para atingir a excelência nos esportes é preciso
repetir e treinar até que a técnica se torne intuitiva, isto é, se torne parte
da rotina a ponto ser realizada sem que se pense no seu passo a passo.
O mesmo vale para as apresentações em público. Veja na Figura 9.2 um
roteiro de planejamento e execução de apresentações em público.

142
Figura 9.2: Passo a passo para planejar e executar uma apresentação

Capítulo 9
Pré-planejamento

1 Colete informações sobre:


• o perfil do público e o que ele espera da apresentação: aprender um
assunto, tomar decisões, conhecer um processo, iniciar um debate;
• o tempo disponível para a apresentação;
• a infraestrutura do local: equipamentos de projeção, som etc.;
• número de pessoas esperadas.

planejamento

2 •


Construa o roteiro de sua apresentação: escreva seus argumentos, dê
exemplos com base nas informações coletadas no pré-planejamento;
Decida a melhor dinâmica. Considere a infraestrutura, o tempo e
também o formato de apresentação que deixa você mais à vontade.
s

Produção do material

3 • Com seu roteiro pronto, inicie a produção do material de apoio, caso


for utilizar.

treinamento, ajustes e mais treinamento

4 • Treine sua apresentação. Você pode pedir a ajuda de amigos para que
eles assistam e proponham melhorias. Pode também gravar com um
celular ou webcam para assistir e registrar conteúdos e posturas que
você gostaria de melhorar;
• Se necessário, reveja o conteúdo e a ordem das informações;
• Faça a revisão ortográfica do material a ser utilizado.
s

apresentação

5 • Chegue um pouco antes do horário marcado, conheça o local que você se


apresentará. Se utilizar recursos audiovisuais, faça testes do material com
antecedência. Problemas técnicos acontecem, e é sempre bom que você
tenha um tempo reserva para acionar outro plano com tranquilidade.

Fonte: Moraes (2018).

1.3 DINÂMICAS DE APRESENTAÇÕES E ESTRATÉGIAS

A decisão sobre a dinâmica da apresentação vai depender do perfil


do apresentador, do contexto e dos objetivos a serem alcançados. Veja
alguns modelos muito utilizados nas empresas atualmente.

143
A Pitch
Práticas de comunicação presenciais

O pitch, também conhecido como “apresentação relâmpago”, é uma


apresentação oral que dura entre três e cinco minutos. Seu objetivo é
despertar o interesse de clientes ou investidores sobre um produto ou
serviço. Esse modelo é utilizado com frequência por empreendedores
e startups. O pitch deve ser objetivo e conter apenas informações
fundamentais que despertem o interesse da outra parte. Por isso,
costuma ser usado para ilustrar de três a cinco slides que respondem a
questões como:

•• oportunidade de negócio e o mercado de atuação;


•• solução desenvolvida e diferenciais;
•• o que está buscando.

B TED Talks
O formato de 18 minutos de apresentação foi desenvolvido pela TED,
uma organização norte-americana sem fins lucrativos que se dedica à
divulgação de ideias. A instituição chegou a esse modelo com base em
estudos científicos indicando que o poder de concentração do cérebro
humano dura entre 10 e 18 minutos. Dessa forma, para a TED, esse é o
tempo adequado para que as pessoas mantenham a atenção no que está
sendo apresentado.
Há muitas palestras TED publicadas na internet. Assisti-las é um ótimo
caminho para aprender a técnica e também inspirar-se.

C Ignite Talks
Nessa dinâmica, o material visual é configurado para trocas automáticas
de slides, fazendo com que o apresentador mantenha o foco e controle
do conteúdo nos objetivos e conceitos principais da apresentação.
Nos eventos de Ignite Talks, utilizam-se 20 slides para a apresentação
do tema durante 5 minutos, isto é, para cada slide você tem 15 segundos
de fala antes da transição automática.
Sugerem-se duas estratégias para que sua apresentação fique ainda
mais interessante.

144
Capítulo 9
11 Usar a regra 10, 20, 30
Os estudos de Guy Kawasaki (2016) sobre apresentações de sucesso
são conhecidos mundialmente. Buscando simplificar seus resultados ele
criou a regra 10, 20, 30:
•• utilize 10 slides para uma apresentação de 20 minutos tendo o número
30 como tamanho de fonte;
•• estruture a sua apresentação para que o público preste atenção em
você, e não na quantidade de informações presentes nos slides;
•• tenha slides e outros recursos apenas como apoio visual para que
você apresente suas ideias, e não descrições detalhadas sobre o
assunto.

22 Contar histórias
Contar histórias tem sido uma estratégia cada vez mais utilizada
durante as apresentações. Quem usa esse recurso busca humanizar
a comunicação, construindo identificação entre o público ouvinte e os
objetivos. Por que você está realizando a apresentação? Como começou
um projeto? Qual é sua inspiração para superar o desafio? Quais erros
você cometeu e como eles lhe ajudaram a avançar? As pessoas gostam
de ouvir histórias reais, então seja sincero com o seu público.

1.4 TECNOLOGIAS DE APOIO

Escolhida a melhor dinâmica para realizar a apresentação, é preciso


decidir se serão utilizados recursos audiovisuais para complementar
a atividade. O Quadro 9.2 traz uma lista de softwares e de serviços
on-line que podem servir a esse objetivo.

Quadro 9.2: Opções em softwares e serviços on-line

Recurso O que é?
Apresentações Uma das melhores alternativas on-line para elaboração de apresentações.
do Google Fácil de ser usada em qualquer dispositivo (desktop, mobile, tablet),
possibilita edição colaborativa, isto é, vários usuários com permissão de
alteração em um documento. Tudo é salvo e registrado automaticamente,
sendo possível acessar a apresentação de diferentes locais.

145
Práticas de comunicação presenciais
PowerPoint O software mais conhecido para criação de apresentações. É fácil de ser
utilizado e oferece diversas opções de templates prontos. Ao optar por
esse recurso, é sempre recomendável realizar testes depois de salvar o
arquivo, principalmente havendo áudio, vídeo e fontes especiais.
Impress Alternativa gratuita ao PowerPoint, integrante do LibreOffice, pacote de
escritório livre e gratuito para o sistema operacional Linux.
Keynote Similar ao PowerPoint, este recurso é exclusivo para usuários da Apple.
Seu diferencial está na compatibilidade com iPads e iPhones, permitindo a
transição dos slides remotamente.
Prezi Recurso com grande disponibilidade de interação e movimentos diferentes
na transição das informações. Bom para conteúdos com links externos
como vídeos e músicas. Permite também a criação de apresentações não
lineares, isto é, quando a narrativa exige ir e voltar às informações.
Canva Serviço on-line gratuito que oferece diversos modelos para criação rápida
de apresentações. É fácil de ser usado e permite que o material seja salvo
em diversos tamanhos e formatos. Há opções de imagens e ícones para
complementação.
Fonte: Moraes (2018).

2
2. Comunicação corporal
Imagine que um amigo lhe responda uma pergunta dizendo oralmente
“não” e balançando a cabeça de um lado para outro. Ao mesmo tempo,
ele utiliza um gesto com as mãos, com o polegar para cima, conhecido
no Brasil como ok ou sim. Você vai ficar um pouco confuso e com
dúvidas, não?
Nas apresentações em público, mesmo que se faça uso de recursos
audiovisuais, a presença, expressões faciais, gestos e posturas são
observados pelo espectador e fazem parte da mensagem que se está
buscando comunicar. Esses elementos precisam estar alinhados. É
preciso manter a coerência entre o que está sendo dito e o que o corpo
demonstra para que o público compreenda com clareza a mensagem.
Para isso, é possível contar com algumas estratégias.

A Estabeleça contato visual com o ouvinte enquanto fala.


b Lembre-se de que material de apoio é apenas um auxílio. Evite ler o
slide ou virar as costas para as pessoas.
c Busque conhecer seu corpo. Estabeleça uma posição neutra, isto é,
que não incomode o espectador e ao mesmo tempo o deixe confortável.
Filmar ou fotografar a si mesmo pode lhe ajudar nessa tarefa.

146
Capítulo 9
d Mão na cintura ou nos bolsos, punhos fechados, braços cruzados,
mãos se batendo são posturas que comunicam tensão, nervosismo
e desconforto.
e Mexer nos cabelos constantemente, batucar dedos na mesa ou no
microfone podem incomodar quem está atento à mensagem.

3
3. A oralidade em diversas situações de comunicação
Imagine-se em dois momentos: o primeiro, em uma conversa
espontânea entre colegas de turma e o segundo, durante entrevista
de processo seletivo de determinada empresa. As duas situações são
eventos de comunicação oral. Entre colegas, o contexto da informalidade
vai permitir o uso de recursos informais de linguagem como gírias,
interjeições e abreviações de palavras.
Já na entrevista, seguindo outras regras, é recomendado o uso de
linguagem mais formal, demonstrando competências na elaboração do
sentido da mensagem, na forma de falar e também na compreensão
do contexto.
Veja na Figura 9.3 alguns pontos importantes no aprimoramento da
sua apresentação:

Figura 9.3: Pontos importantes para aprimorar a apresentação oral

a Reconheça seu interlocutor b COMPREENDA as regras sociais


Toda comunicação oral conta com um Cada ambiente pode distinguir-se por
público-alvo específico. Assim, para regras sociais distintas. Em algumas
se comunicar oralmente, é preciso reuniões, por exemplo, para expressar
reconhecer o outro a fim de que possa opiniões é necessário levantar a mão, em
decidir o estilo mais adequado. outras, inscrever-se com a secretaria
à mesa.

c conheça a sua voz d


S

exercite a dicção
Projeção da voz, alteração do volume, A maneira como você pronuncia as
articulação de sons, entonação em certas palavras é uma das dimensões da fala
palavras, falar rápido e falar devagar mais sujeitas a avaliações e pode tornar-
são algumas das habilidades que um -se um ruído na comunicação. Uma boa
bom orador desenvolve para lidar com dicção relaciona-se com a pronúncia
as diferentes situações que exigem clara e entonação adequada de palavras
comunicação oral. durante a fala, permitindo uma escuta
fluida por parte do interlocutor.

e expanda seu voCabulário


O uso do vocabulário adequado ao público e à situação também deve ser planejado. Algumas
palavras podem ter mais força comunicativa dependendo do momento. Amplie o vocabulário
por meio da leitura de diferentes gêneros e diferentes línguas.

Fonte: Moraes (2018). 147


Práticas de comunicação presenciais

//Fluida > propriedade de algo que flui de forma corrente, fácil, fluente.

4
4. Língua Brasileira de Sinais (Libras)

Além do português, o Brasil tem capacitado para realizar a tradução


mais uma língua oficial: a Libras, Língua e interpretação de Libras. Pensando
Brasileira de Sinais. nisso, conheça algumas dicas que
Sancionada no ano de 2002, a Lei podem lhe ajudar durante uma
de Libras reconhece a Língua Brasileira apresentação com a participação de
de Sinais como forma de comunicação pessoas com deficiência auditiva.
e expressão legitimada, buscando ga-
rantir às pessoas com deficiência audi- •• Falar mais alto não adianta. Use tom
tiva o acesso aos direitos básicos como de voz normal, buscando uma boa
saúde, educação e trabalho. dicção das palavras.
Ao contrário do que à primeira vis- •• Mantenha sempre o contato visual e
ta possa parecer, a Libras não se trata deixe em destaque sua boca e ex-
apenas de uma linguagem com mímicas pressões faciais.
e gestos. O sistema é uma língua com •• Gestos, mímicas e escrita colabo-
composição gramatical própria, po- ram para a comunicação.
dendo expressar conceitos concretos
e abstratos, características e compor- Além disso, você pode contar com
tamentos próprios do contexto em que tecnologias gratuitas para a tradução de
a pessoa com deficiência auditiva vive. Libras para português e de português
Iniciativas de inclusão e acessibili- para Libras como o Hand Talk, que
dade desenvolvidas por empresas pú- traduz automaticamente texto e áudio
blicas e privadas têm possibilitado cada para Língua Brasileira de Sinais; o
vez mais que profissionais com defici- Vlibras, para tradução de conteúdos
ência auditiva façam parte do mundo digitais (texto, áudio e vídeo); e o Uni
do trabalho. LIBRAS, um dicionário digital. No site
Nesse contexto, é importante do Instituto Nacional de Educação de
ter em eventos ou apresentações, Surdos (INES) é possível encontrar uma
a presença de um colaborador lista mais completa de aplicativos.

148
Em resumo...

Apresentações são práticas cada vez


mais utilizadas no mundo do trabalho.

Enfrentar o medo de falar em públi-


co e se preparar para a apresentação
são os primeiros passos para tornar-se
um bom apresentador.

Conhecer o contexto da apresentação


e o público-alvo é imprescindível para de-
cidir sobre a dinâmica, a tecnologia e as
linguagens a serem utilizadas.

O objetivo de toda a apresentação é


comunicar de maneira eficiente e coeren-
te um conjunto de mensagens. Lembre-
-se de que para além da voz, o corpo e
gestos também comunicam.
150
150
Práticas de Empreendedoorismo
comunicação digital

10
Linguagens e Comunicação

Práticas de comunicação digital

Redes sociais, blogs, agregadores multimídia e comunicadores


instantâneos já fazem parte dos hábitos de comunicação de grande parcela
da população mundial. Por meio dessas ferramentas, é possível ter acesso
às notícias em tempo real e se comunicar por meio de texto, áudio, imagens e
vídeo com pessoas de praticamente qualquer lugar. E quanto às empresas?
Como e com quais finalidades elas fazem uso da comunicação digital? Que
diferenciais as ferramentas desse tipo possibilitam às organizações?
Neste capítulo, será abordado o que se entende por ciberespaço e os
principais argumentos das empresas que investem mais nas estratégias
de comunicação digital. Você compreenderá conceitos como indexação,
segmentação, mensurabilidade, disseminação e engajamento e estudará
a comunicação digital e as vantagens e desvantagens das principais
ferramentas disponíveis. Por fim, você verá dicas para a produção de textos
objetivos e claros com foco na comunicação empresarial.

objetivos do capítulo
Neste capítulo, você irá:
relacionar as características da comunicação digital com os interesses
das empresas no uso de ferramentas on-line;
identificar os principais canais de comunicação digital e as vantagens
e desvantagens de cada ferramenta;
compreender o perfil empresarial do e-mail e seu modo de utiliza-
ção profissional;
analisar estratégias para a produção de textos objetivos e claros com
foco na comunicação empresarial.

151
1
Práticas de comunicação digital

1. Comunicação digital

Boa parte da população brasileira passa mais tempo utilizando a


internet do que qualquer outro meio de comunicação. Ano após ano
esse fato tem sido observado em pesquisas que buscam compreender o
comportamento dos usuários nessa rede, também conhecida como
rede mundial de computadores – em inglês World Wide Web (www) ou
simplesmente web. A democratização do acesso à internet levou a popu-
lação a se entusiasmar com as redes sociais que, além de estimularem o
relacionamento entre usuários, são ambientes férteis para a disseminação
de conteúdo de todos os tipos, tanto verdadeiros quanto falsos.
Fazemos uso do ciberespaço e de suas ferramentas pelos mais di-
versos motivos pessoais e profissionais. Análises sobre o comportamen-
to dos usuários na internet indicam que entretenimento e recreação são
os conteúdos mais acessados pelos brasileiros, seguidos dos acessos a
pesquisas escolares e estudo. Trocas de mensagens ou o uso da internet
para conhecer pessoas, buscar oportunidades de trabalho, realizar pes-
quisas em geral, atualizar-se profissionalmente, fazer downloads ou ler
livros são outras motivações identificadas.

//Ciberespaço > o termo ciberespaço foi criado pelo escritor


norte-americano William Gibson em seu livro de ficção científica
“Neuromancer”, lançado em 1984. No entanto, o conceito foi difundido
por tunisiano Pierre Lévy, pesquisador das tecnologias da inteligência,
que definiu ciberespaço como o novo meio de comunicação que surge
da interconexão mundial dos computadores e de suas memórias. “O
termo especifica não apenas a infraestrutura material da comunicação
digital, mas também o universo oceânico de informações que ela
abriga, assim como os seres humanos que navegam e alimentam esse
universo”. (LÉVY, 1999, p. 17)

152
Capítulo 10
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística indicam que a cada ano aumenta o número
de cidadãos com acesso à internet no país. Esse aumento se deve
em grande parte à ampliação da conexão por meio de celulares
e outros dispositivos móveis. Mas a aquisição de aparelhos e
o acesso à rede ainda é uma realidade distante para boa parte
da população no Brasil e no mundo, considerada excluída
digitalmente (IBGE, 2015).

No ambiente empresarial, a comunicação digital é considerada


estratégica e vem recebendo cada vez mais investimentos devido às
facilidades que proporciona. Veja a seguir os principais argumentos das
empresas para isso.

Figura 10.1: Argumentos das empresas para investir em comunicação digital

indexação
O conteúdo produzido e publicado on-line pode ser
indexado, ou seja, classificado e ordenado com a ajuda
de diversos mecanismos, facilitando a organização da
informação e sua recuperação rápida com o uso de tags e
hashtags, por exemplo.

segmentação
Redes sociais e canais digitais permitem que a mensagem
chegue a um perfil de público específico, reduzindo os custos
de distribuição. Na televisão, por exemplo, um comercial é
veiculado em horário que possui assistência diversificada.
Nos canais digitais, um anúncio pode ser dirigido apenas
a determinado público definido pelo cliente, ou seja, um
público segmentado, e não ser veiculado para outros, o que
também reduz os custos de publicidade.

153
Práticas de comunicação digital
mensurabilidade
Os canais digitais são mais eficazes para medir os
resultados do impacto de uma mensagem, fornecendo
os dados necessários para a análise com velocidade
e qualidade, sobretudo tendo em vista o processo de
segmentação de mercado.

disseminação
“Aconteceu, está na rede”. Essa afirmação é muito utilizada
pelos profissionais de comunicação digital e representa a
capacidade de rapidez da disseminação de informações,
característica dos canais digitais.

engajamento
Um dos maiores benefícios obtidos no uso de ferramentas
digitais é o engajamento dos públicos, que participam
ativamente das ações empresariais, seja via comentários
ou hashtags. Outras mídias não têm o mesmo poder
de mobilização e persuasão porque não contam com a
vantagem da segmentação do conteúdo. Através da web é
possível montar conteúdos específicos para cada tipo de
público e obter feedbacks de forma rápida e eficaz.

Fonte: Moraes (2018).

1.1. FERRAMENTAS DE COMUNICAÇÃO DIGITAL

O uso crescente da internet está causando mudanças na sociedade


e na forma como as pessoas se relacionam. Um exemplo é o desejo de
maior interação com as empresas utilizando canais digitais, resultado
principalmente na melhoria das condições de acesso à internet com a
popularização dos smartphones.
Ao mesmo tempo, novos canais são desenvolvidos com o objetivo
de atender à demanda crescente por novas formas e tecnologias de
comunicação. Com tanta oferta, compreender o que cada canal pode
oferecer é o primeiro passo para uma comunicação eficaz.

154
Capítulo 10
Veja alguns exemplos.

•• Blogs: sites que permitem a atualização rápida de informações. Muito


comuns para uso pessoal, também são utilizados por empresas,
pois, além da atualização rápida, permitem que conteúdos sejam
publicados de forma completa e organizados de acordo com os
objetivos do plano de comunicação. A ferramenta permite que leitores
manifestem suas opiniões sobre o tema publicado e que o autor
responda, criando interação.
•• Redes sociais: redes sociais são espaços específicos na internet que
permitem aos grupos de usuários o compartilhamento de dados e
informações de interesse nas mais diversas formas: textos, arquivos,
imagens, fotos, vídeos etc. As redes sociais virtuais são um fenômeno
do ciberespaço. Há vários meios de uma empresa atuar em uma
rede social, por exemplo, criando páginas da marca ou de produtos,
inserindo anúncios segmentados, criando eventos que mobilizem as
pessoas, entre outras possibilidades, dependendo da rede social.
•• Microblogs: consistem em um tipo de blog que possui menos
recursos e opções de interface. Possibilitam a publicação de textos
com poucos caracteres (180 a 240), reduzindo custos com produção
de conteúdo. Há atualmente uma grande variedade serviços de
microblogging disponíveis na internet.
•• Redes sociais profissionais: dedicadas a assuntos profissionais.
Nas redes sociais profissionais é possível criar e inserir currículos e
disponibilizá-los para que outros usuários visualizem publicações e
tenham um acompanhamento da carreira do indivíduo. Diversas em-
presas buscam profissionais nessas redes e também anunciam seus
produtos e serviços para um público segmentado.
•• Agregadores multimídia: plataformas destinadas à hospedagem
de conteúdo multimídia, como arquivos de áudio, vídeos, fotos,
entre outros.
•• Comunicadores instantâneos: programas e aplicativos para enviar
e receber mensagens. Basta adicionar os dados (e-mail, número
de telefone ou nome, por exemplo) de pessoas que usem a mesma

155
Práticas de comunicação digital

ferramenta para se comunicar em tempo real por meio de texto, voz


ou vídeo. Alguns serviços permitem também o envio de imagens e
documentos.
•• Plataformas de streaming: permitem a distribuição de material
digital (áudio, vídeo, animação etc.) sem a necessidade de download
do conteúdo completo. A transmissão do conteúdo acontece de
forma contínua enquanto o usuário assiste a um vídeo ou escuta um
podcast, por exemplo.

//Podcast > palavra formada da junção de iPod (tocadores de áudio


digital fabricados pela empresa Apple) e broadcast (fazer transmissão).
Assim, podcasts são arquivos de áudio transmitidos pela internet que
podem conter músicas ou conteúdo de opinião sobre diversos temas.

Há inúmeras possibilidades quando o assunto é comunicação digital.


Uma mesma solução tecnológica pode oferecer mais de uma ferramenta
agregada. Em uma rede social, por exemplo, há também a possibilidade
de transmissão streaming e envio de mensagens instantâneas. A escolha
pelo melhor canal deve se basear nos objetivos da comunicação e também
no perfil do público-alvo ao qual a mensagem se destina. Cada ferramenta
tem vantagens e desvantagens de uso. Observe o Quadro 10.1.

156
Capítulo 10
Quadro 10.1: Canais digitais: vantagens e desvantagens

Canal Exemplos Vantagem desvantagem


Blog Wordpress Facilita a Exige
Webnode indexação de conhecimento
Blogger conteúdo tecnológico
para seu
desenvolvimento

Rede Social Facebook Permite a Não indexa


Google+ interação entre conteúdo
usuários

Microblog Twitter Textos rápidos Limitação de


Mastodon que facilitam caracteres
a leitura e
replicação

Rede social LinkedIn Focada no Permite que


profissional Bayt conteúdo alguns usuários
Xing profissional utilizem como
das pessoas uma rede
social de
entretenimento

Agregador You Tube Conteúdo fácil O conteúdo


multimídia Vimeo de acessar e tem que ser
realizar buscas produzido no
formato do
agregador

Comunicadores WhatsApp Facilita a Não permite


Instantâneos Telegram disseminação mensuração de
Snapchat da mensagem dados

Plataformas de Periscope Focada em Baixa adesão de


streamings Instagram Stories transmissão ao usuários limita
Google Hangouts vivo o impacto da
mensagem

Fonte: Moraes (2018).

157
2
2. O e-mail no ambiente de trabalho
Práticas de comunicação digital

Mesmo com o aumento de usuários nas redes sociais, quando o


assunto é comunicação corporativa, o e-mail continua sendo a escolha
mais comum no ambiente de trabalho. Conheça as principais vantagens
no uso do e-mail nas empresas.

•• Credibilidade: muitas empresas utilizam domínios próprios para criar


contas de e-mail de seus colaboradores, por exemplo: nomeprofis-
[email protected]. O uso desse tipo de endereço de e-
-mail contribui para a credibilidade da mensagem, pois o destinatário
identifica a fonte de origem e tem a garantia de que a informação está
sendo trocada por meio do canal oficial da empresa.
•• Facilidade de acesso e uso: as caixas de e-mail podem ser
acessadas fora da empresa, bastando acesso à internet, login e
senha. Isso facilita o trabalho de profissionais que atuam externamente
e permite o acesso a informações importantes para a realização do
trabalho com rapidez.
•• Envio de arquivos e arquivamento de informações: e-mails
permitem o envio de arquivos anexados à mensagem, deixando-a mais
completa. Permitem ainda o arquivamento de informações.
•• Classificação de mensagens: serviços de e-mail permitem que
o usuário classifique o tipo de mensagem recebida e/ou enviada.
Por exemplo, uma mensagem pode ser classificada como normal,
particular, pessoal, confidencial ou novas categorias podem ser criadas
pelo usuário, de acordo com seu hábito de troca de informações.

158
Capítulo 10
2.1. E-MAIL COMO DOCUMENTO

Como potencial usuário de e-mails no mundo do trabalho, é importante


você saber que esse tipo de mensagem é considerada um documento
empresarial, afinal, informação é um dos principais ativos de qualquer
empresa. Do início de uma negociação à assinatura de um contrato, todo
esse processo, que pode durar anos, ocorre com frequência por meio
de mensagens eletrônicas. A importância desses documentos é tamanha
que podem ser utilizados como provas em processos jurídicos.
É relevante destacar também que todo conteúdo transmitido por
e-mails corporativos pode ser monitorado e acessado pela empresa,
mesmo quando o e-mail é usado para tratar de questões particulares.
Por isso, o colaborador não deve utilizar este canal de maneira
indevida e negligente.

Conheça algumas dicas para o bom uso do e-mail corporativo.

Figura 10.2: Dicas para bom uso do e-mail corporativo

E-mail profissional é para uso profissional


Utilize o e-mail da empresa apenas para os assuntos
relativos ao seu trabalho. Assuntos pessoais devem ser
tratados na sua conta pessoal de e-mail, que pode ser
criada em diversos serviços gratuitos disponíveis. Com a
mesma lógica, não se recomenda o uso de e-mail pessoal
para tratar de questões da empresa.

O assunto da mensagem deve ser objetivo


As primeiras informações da pessoa que recebe um e-mail
são: o nome do remetente e o assunto do e-mail. O campo
assunto deve conter o tema da mensagem e ser escrito de
forma sucinta. Alteração de pauta da reunião, solicitação de
dados jurídicos são alguns exemplos.

159
Práticas de comunicação digital

Fique atento a quem vai responder


Algumas mensagens são enviadas com cópia para várias
pessoas. Avalie bem a necessidade de responder a todos,
pois talvez seja necessário ou melhor responder apenas ao
remetente. Na mesma linha, antes de copiar várias pessoas
em sua mensagem, certifique-se de que há realmente
necessidade de que todos recebam a mesma mensagem.

Se receber mensagem por engano, avise


Como uma ligação telefônica, há possibilidade de recebermos
uma mensagem de e-mail por engano. Nesse caso, avise ao
remetente para que ele possa fazer o encaminhamento correto.

Conheça o ambiente e utilize a linguagem adequada


Empresas têm culturas diferentes e isso inclui o tipo de
linguagem utilizada nos canais de comunicação. Tenha
cuidado na escolha das palavras, pois algumas expressões
que podem ser bem compreendidas presencialmente também
podem causar mal-estar quando escritas no e-mail.

Fonte: Moraes (2018).

Em caso de dúvidas, verifique se a empresa disponibiliza um manual


de uso de e-mails descrevendo as boas práticas no uso deste canal. Você
também pode recorrer à orientação do seu gestor ou a um colega de
trabalho com mais tempo na empresa. As trocas e aprendizados entre os
pares também contribui para sua formação profissional.

160
3
3. Produção de textos objetivos e claros, com foco

Capítulo 10
na comunicação empresarial
Um texto claro e objetivo é fundamental no processo de comunicação
empresarial. Essas características contribuem para a compreensão da
mensagem por parte do receptor e para que os objetivos da empresa
sejam alcançados.
Muitas empresas contam com um manual de redação ou livro de
estilo em que são detalhadas as regras de linguagem e padronização de
termos que refletem a cultura da empresa, também conhecida por cultura
organizacional, ou seja, o conjunto de valores, percepções e símbolos
que compõem sua imagem corporativa.
Qual a importância desses aspectos na hora de escrever um texto
de e-mail, por exemplo? Trata-se de compreender o que é adequado ou
inadequado no contexto do seu ambiente de trabalho.
Veja três tipos de e-mails sobre o mesmo tema.

Exemplo 1

De: Gina Lourenço – Secretária Executiva


Para: Ana Maria Palhares – Analista de Impacto Social
Assunto: Processo A-876

Prezada Sra. Ana Maria Palhares:

Na data de hoje (24 de fevereiro de 2018), o Conselho Diretor desta


empresa, composto pelos senhores Antônio Carlos Moreira, Fernando Santos,
Daniel Mendonça e Marcelo Branches, e pelas senhoras Natália Alencar, Mariana
Saad e Ludmila Patrezzi, decidiu, em ata registrada no sistema interno de
documentos, que um novo Relatório de Impacto Social deve ser apresentado ao
mesmo na próxima reunião, previamente agendada para o dia 27 de março de
2018.
As alterações solicitadas e necessidade de inclusão de dados e análises
foram registrados no sistema interno de documentos sob o número de processo
A-876, cujo acesso e forma de uso é de conhecimento da Sra.
Sem mais para o momento, aguardamos a nova versão do documento.

Gina Lourenço
Secretária Executiva

161
Exemplo 2
Práticas de comunicação digital

De: Gina Lourenço – Secretária Executiva


Para: Ana Maria Palhares – Analista de Impacto Social
Assunto: Melhorando nosso Relatório de Impacto Social

Ana, querida, como você está?

Hoje tivemos uma reunião maravilhosa do nosso querido Conselho Diretor.


O Relatório de Impacto Social é um importante documento para nossa
empresa e foi muito bem recebido pela diretoria. Como os resultados são
extremamente importantes para a empresa como um todo, o grupo pediu que
você se dedicasse mais no detalhamento de algumas informações.
Nesse sentido, registramos no nosso sistema de documentação todos os
pontos que gostaríamos que fossem revisados e complementados para que o
Relatório seja novamente apresentado na próxima reunião do dia 27/03/18.
Agradecemos muito o cuidado que você está tendo com nossa área de
impacto social. Certamente estamos fazendo a diferença!
Abraços calorosos,
Gina Lourenço
Secretária Executiva

Exemplo 3

De: Gina Lourenço – Secretária Executiva


Para: Ana Maria Palhares – Analista de Impacto Social
Assunto: Pedido de alteração no Processo A-876

Ana, tudo bem?

Hoje o Conselho se reuniu para a apresentação do seu último Relatório de


Impacto Social e algumas mudanças foram solicitadas.
As solicitações foram registradas no sistema de documentação. O número
do processo é A-876.
A próxima reunião para sua apresentação está confirmada para o dia 27/03.
Atenciosamente;
Gina Lourenço
Secretária Executiva

162
Capítulo 10
Embora com redações bastante distintas, o objetivo das três
mensagens é o mesmo: solicitar a alteração de um documento para
apresentação em uma reunião.
O primeiro e-mail reflete uma estrutura utilizada em correspondências
oficiais, documentos jurídicos, por exemplo. Você pode encontrar esse
tipo de texto trabalhando na administração pública.
O segundo e-mail não economiza em adjetivos e argumentos de
convencimento para transmitir a mesma mensagem. Esses recursos de
linguagem podem ser utilizados em negócios (empresas, Ongs, startups,
entre outros modelos) que atuam na área social, bem-estar e qualidade
de vida, por exemplo.
Já no último exemplo, podemos dizer que a escrita privilegiou a
objetividade e clareza na elaboração da mensagem.
Observe a seguir as características recomendadas para a produção
de textos objetivos e claros.

A Adequação
Uma boa forma de construir um texto adequado é observar as
mensagens que circulam na empresa. Assim, você pode identificar se é
necessário o uso de pronomes de tratamento como “Prezado Senhor” ou
se a empresa faz uso de saudações de caráter pessoal como “Olá” ou
“Tudo bem?”.
De maneira geral, utilize o padrão culto de linguagem. Evite gírias, pois
podem ser expressões cujo significado não é compartilhado, causando
ruído na comunicação.
O uso de metáforas e de ironia nem sempre são compreensíveis no
texto escrito, confundindo o leitor. Seja direto e claro quando expressar
suas ideias.

163
Práticas de comunicação digital

b Clareza
Alguns manuais defendem que concisão e clareza são qualidades
necessárias para uma boa mensagem empresarial. Um texto claro, que
facilite a interpretação, é uma qualidade fundamental. Conheça algumas
dicas a seguir.

•• Utilize frases curtas e formas simples para transmitir sua ideia.


•• Faça uso de vocabulários compartilhados com o grupo. Se utilizar
abreviações, esclareça o significado.
•• Revise o texto atentamente cuidando da utilização correta das regras
de pontuação. Elas organizam e dão sentido ao texto.
•• Evite abreviaturas que habitualmente utilizamos na comunicação
interpessoal e instantânea como vc (você), q (que), pq (por que), qq
(qualquer), cmg (comigo), entre outras.
•• Não escreva seu texto utilizando letras maiúsculas (caixa alta). Na
linguagem digital isso significa que você está gritando com o leitor.

c Gentileza e Respeito
Em toda empresa, independentemente de suas regras de produção de
texto ou cultura, valores como gentileza e respeito devem estar presentes.
Uma forma de demonstrar essas qualidades está na finalização de uma
mensagem, por exemplo.
Nesse momento, obrigado(a) e atenciosamente são as expressões
mais indicadas pela sua neutralidade. Mandar beijos pode ser interpretado
como uma intimidade não existente no ambiente de trabalho.

164
Em resumo...

Comunicação digital é a comunicação


on-line através da internet.

Blog, rede social, microblog, agregador


multimídia, comunicadores instantâneos
e plataformas de streaming são alguns
exemplos de canais.

Nas empresas, destaca-se o uso do


e-mail pela facilidade de uso e acesso, além
servir como documento empresarial.

Na produção de textos para a comuni-


cação empresarial é importante estar atento
à adequação e clareza da mensagem, além
dos valores de gentileza e respeito.
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nov. 2017.
Práticas de comunicação digital

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