3 - o Texto em Suas Linguagens Orais e Escritas
3 - o Texto em Suas Linguagens Orais e Escritas
3 - o Texto em Suas Linguagens Orais e Escritas
E LINGUAGEM
Unidade 3
O texto em suas modalidades
orais e escritas
CEO
DIRETORA EDITORIAL
ALESSANDRA FERREIRA
GERENTE EDITORIAL
PROJETO GRÁFICO
TIAGO DA ROCHA
AUTORIA
4 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
ÍCONES
Unidade 3
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 5
Princípio interacional do texto e as práticas sociais
SUMÁRIO
cotidianas ................................................................................. 10
A semântica e suas alterações......................................................................... 14
Em síntese............................................................................................................ 78
6 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Seja bem-vindo à disciplina de “Comunicação e
Linguagem”, Unidade 03. Nesta unidade, você dominará textos,
APRESENTAÇÃO
considerando o princípio interacional do texto aplicado às
práticas sociais cotidianas. Entenderá que variantes linguísticas
são as duas ou mais formas que veiculam um mesmo sentido e
compõem o conjunto de uma mesma variável linguística, bem
como os desdobramentos de se optar por uma ou outra variante
em determinada situação de comunicação. Isso porque não existe
uma divisão radical entre situações formais e informais, mas sim
um continuum de formalidade, que será de seu conhecimento.
Além disso, será capaz de identificar, no contexto da comunicação
verbal e não verbal, as marcas da situação de produção e
da relação dialógica de emissor e receptor na produção dos
textos e nas interações orais do cotidiano, bem como situar
Unidade 3
os elementos e o contexto da fala e da escrita, enfatizando
as marcas da situação de produção e da relação dialógica de
emissor e receptor nos processos de comunicação. Isso porque,
para compreender o mundo de forma plena e comunicar-se, o
ser humano usa duas formas de expressão: verbal e não verbal,
que são muitas vezes campos complementares e simultâneos.
Ademais, a comunicação não se dá apenas por palavras, mas por
toques, gestos, cheiros, gostos, sons, imagens visuais, que nada
mais são do que recursos comunicativos que aguçam nossos
sentidos. Aliás, como as palavras, os sentidos também adaptam
o ser humano ao meio socioambiental, constituindo fontes de
conhecimentos. Por fim, entenderá o papel das tecnologias da
informação no estabelecimento da comunicação em diferentes
contextos sociais, já que graças às tecnologias de informação e
comunicação passamos de um mundo, inegavelmente, em que
as interações eram concebidas como sendo sempre lineares,
para o mundo de interações não lineares. Essas interações se
caracterizam basicamente pelo fato de não ser possível prever
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 7
o resultado de um fenômeno apenas tendo como base a causa
APRESENTAÇÃO
8 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 03. Nosso objetivo
é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências
OBJETIVOS
profissionais até o término desta etapa de estudos:
Unidade 3
enfatizando as marcas da situação de produção e da
relação dialógica de emissor e receptor nos processos
de comunicação.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 9
Princípio interacional do
texto e as práticas sociais
cotidianas
Ao término desta unidade, você será levado
a dominar textos, considerando o princípio
interacional aplicado às práticas sociais cotidianas.
OBJETIVO Para tanto, acrescentaremos aos elementos
básicos da comunicação mais um componente:
o referente, que diz respeito ao contexto da
mensagem, ou seja, à informação ou ao objeto
da comunicação. Além disso, você será capaz de
identificar, no contexto da comunicação verbal
e não verbal, as marcas da situação de produção
e da relação dialógica de emissor e receptor na
Unidade 3
10 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Já discutimos que estão envolvidos em todo e qualquer
processo de comunicação, elementos como emissor, receptor,
canal, código e mensagem. Agora é hora de nos aprofundarmos
neles e acrescentarmos mais um componente a esse processo:
o referente, que diz respeito ao contexto da mensagem, ou seja,
à informação ou ao objeto da comunicação. Assim, tal qual um
quadro tem uma moldura, toda e qualquer mensagem tem um
contexto. Daí o fato de tratarmos de assuntos banais com nossos
amigos ou mesmo de assuntos mais complexos, variando-se a
forma de abordagem ou apresentação, ou seja, buscando uma
ou outra moldura ou referente.
Unidade 3
sempre o homem, esbarrando, portanto, qualquer tentativa de
traçar normas à sua efetividade, na individualidade de cada ser.
1º pilar: quem?
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 11
moderna o homem desempenha grande variedade de papéis,
e a comunicação será tanto mais inteligível, quanto mais claro
estiver definido em que capacidade o emissor se comunica”.
• Um objetivo em mente.
Unidade 3
3º pilar: a quem?
12 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
4º pilar: por que meio?
Unidade 3
Figura - Pilares
Com que
Por qual meio?
finalidade?
Meio
Efeito
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 13
• O que você quer dizer? A mensagem é clara em sua
própria mente? Você ainda tem pormenores para
verificar?
14 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Ainda segundo o autor, o significado da palavra
“é a relação recíproca e reversível entre o som
e o sentido” (1964, p. 117). Em outras palavras,
IMPORTANTE podemos afirmar que, se alguém ouvir uma
determinada palavra ou expressão, se remeterá,
de pronto, ao objeto que ela nomeia e, por
conseguinte, compreenderá seu significado.
Unidade 3
que se tem a respeito de significado em uma perspectiva
científica é insignificante. Entretanto, é inegável a importância do
significado no que tange à língua.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 15
determinação de seu objeto de estudo, haja vista uma não
determinação do que seja significado. Ademais, não há uma
distinção entre significado e sentido. Logo, proponho que
utilizemos, eu e você, neste curso, a adoção do termo significado
em vez de sentido. Isso porque entendo que o sentido está
relacionado às questões pragmáticas, ao passo que o significado
corresponde às questões semânticas.
16 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Figura - O sentido das palavras está intrinsecamente ligado ao contexto, o que pode
ocasionar mudanças no significado, sejam elas permanentes ou temporárias.
Fonte: Freepick
Unidade 3
Fica fácil, não é mesmo, você e eu deduzirmos que o
sentido dos vocábulos está associado ao contexto, de modo que
o significado também pode mudar, seja de forma permanente
ou temporária. Consoante Andrade (2011, p. 1), “assim como as
palavras mudam sua forma e sua sintaxe através dos tempos,
também seu significado vai se modificando com o passar dos
anos, em decorrência de uma série de fatores sociais e culturais”.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 17
Nesse sentido, ainda de acordo com Said Ali (1971),
diferentemente do que já apregoaram parte dos linguistas, é
falaciosa a tese de que as palavras possam ter seu significado
modificado de acordo com leis ou tendências. Nada se revela,
aliás, retomando Bréal (1992), mais quimérico do que consentir
com tendências para justificar alterações de significados de um
vocábulo. Isso porque, para GODOIS e DALPIAN (2010, p. 07):
Levando-se em consideração que a língua é
viva e sofre modificações como todo ser vivo,
é possível concluir que as palavras estão
em constante aperfeiçoamento de forma a
satisfazer as necessidades dos que dela fazem
uso. Nesse sentido, o significado das palavras
é móvel e pode restringir-se, expandir-se,
enfim, adaptar-se.
Unidade 3
18 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Ademais, a perda de motivação ou mesmo a
imprecisão do significado interferem no significado
dos vocábulos, revelando-se perfeitamente
VOCÊ SABIA? factível a possibilidade de uma palavra tomar um
significado novo sem perder seu significado inicial,
quer seja por um curto espaço de tempo ou ainda
permanentemente, quando o novo significado
substitui o significado original. Por fim, ainda
segundo Ullmann (1964), alterações semânticas
também podem ser decorrentes de contextos
ambíguos, isto é, um vocábulo é tomado em dois
sentidos distintos, e o significado da expressão no
conjunto, entretanto, permanece inalterado.
Unidade 3
importante no favorecimento da mudança semântica, pois é
“uma estrutura instável em que as palavras individuais podem
adquirir e perder significados” (ULLMANN, 1964, p. 390). A seguir,
você encontrará um quadro com as principais causas da mudança
semântica apontadas por Ullmann (1964):
Quadro – Causas da mudança semântica
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 19
Professor, as alterações semânticas acometem todos
os vocábulos? Sim, até mesmo nomes próprios podem sofrer
alterações, em especial relacionadas à extensão do significado.
Peguemos dois exemplos concretos, Amélia, cujo sentido original
na língua portuguesa do Brasil esteve associado a um nome
próprio feminino. Com o passar do tempo, entretanto, Amélia
passou a designar a mulher serviçal, amorosa, passiva, aquela
que é capaz de aceitar tudo (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2001),
bem como Manuel, empregado para designar um nome próprio
masculino, especialmente em Portugal. Entretanto, no Brasil,
Manuel passou a ter um significado pejorativo, mané, que por
sua vez significa “indivíduo sem capacidade, pouco inteligente,
bobo, paspalhão” (HOUAISS; VILLAR; FRANCO, 2009).
20 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
não daria conta da complexidade do assunto,
já que aí estão envolvidas questões históricas,
psicológicas, sociais, linguísticas, filosóficas,
entre tantas outras. Com essas afirmações,
é possível concluir que ainda falta um bom
caminho para se chegar a uma determinação
de todos os aspectos relacionados ao estudo
do significado das palavras.
Unidade 3
Na película, o carteiro queria compor poesias à
sua amada e busca o poeta para ensiná-lo a criá-
las. Este, por sua vez, com bastante má vontade,
IMPORTANTE diz ao carteiro que o primeiro passo para que tudo
fosse possível era ele aprender a criar metáforas.
Estas, por sua vez, não figuram apenas na poesia,
mas também na linguagem corriqueira. “O mar
está cheio de cavalos, de cães, de anêmonas, de
estrelas; o jardim está cheio de bocas-de-lobo, de
línguasdesogra, de bolas-de-neve; e muito mais
poderíamos citar, pésdecabra, criados-mudos,
amores-perfeitos [...]” (GUIRAUD, 1972, p. 65).
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 21
Figura - O termo ‘pé da mesa’ é um exemplo de catacrese, pois utilizamos a palavra ‘pé’
para descrever a parte da mesa que sustenta sua estrutura, mesmo não sendo uma parte
anatômica de um pé humano.
Fonte: Freepik
Unidade 3
22 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
os autores, “a metáfora consiste no emprego de uma palavra
concreta para exprimir uma noção abstrata, na ausência de todo
elemento que introduz formalmente uma comparação.”
Unidade 3
(2001) diverge de Ullmann (1964), ao afirmar que, de acordo com
GODOIS e DALPIAN (2010, p. 08-09),
aquela é muito mais comum como processo
propiciador da mudança de significado
do que esta. Isso porque a metáfora é um
processo que envolve uma similaridade de
significados, enquanto a metonímia envolve
uma contiguidade de significados.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 23
Por fim, caro(a) estudante, inegável é o fato de que esses
fatores e causas acabam por desencadear consequências da
mudança semântica. Essas consequências, por sua vez, acabam
por se relacionar à extensão e à restrição do significado e ao
desenvolvimento de significados “ameliorativos” (como vimos
nesta unidade) ou mesmo pejorativos.
Unidade 3
24 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que a semântica e as suas
alterações são elementos essenciais no princípio
interacional do texto e nas práticas sociais
cotidianas.
Durante a exploração deste capítulo, discutimos
como a semântica, que trata do estudo do
significado das palavras e de como elas se
relacionam, desempenha um papel crucial
na comunicação humana e na construção de
significados compartilhados. Constatamos que
a semântica está em constante evolução e é
Unidade 3
influenciada pelas práticas sociais e culturais de
uma comunidade.
As alterações semânticas ocorrem ao longo do
tempo, refletindo as mudanças nas atitudes,
crenças e nos valores das pessoas. Essas
mudanças são impulsionadas por diversos fatores,
como avanços tecnológicos, movimentos sociais
e influências culturais externas, além do uso
cotidiano da linguagem. Portanto, as palavras
e expressões adquirem novos significados, o
que afeta diretamente a maneira como nos
comunicamos e como interpretamos o mundo ao
nosso redor.
Nesse contexto, também enfatizamos a
importância da interação entre os indivíduos
na construção e negociação de significados.
Através das trocas comunicativas, as pessoas
compartilham interpretações e entendimentos
mútuos, contribuindo para a construção de normas
sociais e convenções linguísticas que moldam a
semântica das palavras.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 25
É fundamental estar ciente das alterações
semânticas em curso, pois elas podem gerar
ambiguidades e desafios na comunicação. À medida
que os significados das palavras se modificam,
diferentes interpretações podem surgir, levando a
mal-entendidos e conflitos. Portanto, é necessário
adaptar e contextualizar nossa linguagem de
acordo com as práticas sociais predominantes, a
fim de promover uma comunicação mais eficaz e
compreensão mútua.
Portanto, neste capítulo, aprendemos que a
semântica e suas alterações são fundamentais para
compreendermos o princípio interacional do texto
e as práticas sociais cotidianas. Entender como
a semântica evolui e como as interações sociais
moldam o significado das palavras nos permite
Unidade 3
26 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Linguagem verbal e não verbal
na comunicação do dia a dia
Podemos dizer que a comunicação verbal
externaliza aspectos psicofísicos e socioculturais
do ser humano, consistindo, pois, em um meio
OBJETIVO de comunicação e expressão de ideias, vindo-nos
a permitir a interpretação de intenções nas mais
variadas circunstâncias de produções culturais.
Unidade 3
que nos expressamos, estabelecemos relações interpessoais,
partilhamos nossa visão de mundo, agimos sobre o outro,
alteramos representações da realidade e produzimos cultura.
Figura – Linguagem
Fonte: Pexels
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 27
A linguagem verbal engloba o uso de palavras e estruturas
linguísticas que formam um sistema simbólico complexo,
permitindo-nos expressar uma ampla gama de pensamentos,
sentimentos, desejos e necessidades.
28 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
não verbais podem reforçar, complementar ou até mesmo
contradizer as palavras que utilizamos.
Unidade 3
A linguagem verbal permite-nos construir significados
compartilhados, uma vez que utilizamos palavras que têm um
entendimento comum dentro de determinada comunidade
linguística. É por meio desse entendimento mútuo que nos
comunicamos efetivamente e garantimos que nossas mensagens
sejam compreendidas pelos outros.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 29
elementos ao se comunicar verbalmente e estar aberto ao
diálogo para esclarecer mal-entendidos.
30 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
com que sejam evitados alguns sentidos ou
que se lhe acrescentem outros; tem, pois,
uma função elucidativa e seletiva.
Unidade 3
humana mais acessível, rica e passível de compreensão. Isso
porque, quando usamos a palavra, lançamos mão do raciocínio e
da compreensão, estruturando nossas mensagens ou explicações
verbais em uma sequência mediata e organizada. Por outro lado,
ao nos valermos da linguagem não verbal como mapa, nossa
apreensão é global e imediata.
Figura - A comunicação eficaz envolve não apenas a linguagem verbal, mas também
a linguagem gestual, expressões faciais e posturas corporais, que juntas transmitem
mensagens e significados mais completos.”
Fonte: Freepik
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 31
A linguagem não verbal desempenha um papel crucial
na comunicação do dia a dia, complementando e enriquecendo
a linguagem verbal. Ela engloba uma variedade de elementos,
como expressões faciais, gestos, postura corporal, tom de voz,
contato visual e proximidade física.
32 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
verbal e não verbal podem gerar confusão e falta de confiança
na comunicação.
Unidade 3
ideias e se encerra no enunciado da mensagem,
ou da involuntariedade do comportamento não
verbal, que nem sempre obedece a uma lógica
clarividente, já que podem estar associados
a aspectos culturais ou mesmo se realizarem
em determinadas circunstâncias. Imagine, por
exemplo, um grupo de adolescentes conversando
descontraidamente, sem a presença de adultos.
Naturalmente gesticularão muito e lançarão
mão de comportamentos que imediatamente
serão tolhidos ao perceberem, por exemplo, a
aproximação da mãe de um deles do grupo.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 33
Logo, não apenas as palavras permitem a interação
social, já que feições e gestos traduzem nossos comportamentos
enquanto falamos (ser expansivo ou retraído), quer seja em
um grupo de amigos, em um evento social ou mesmo em uma
reunião de trabalho. Nesse sentido, bastante claros revelamse os
requisitos para um processo de comunicação exitoso:
34 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
uma ideia positiva, mas nossas expressões faciais ou postura
corporal transmitem tensão ou desinteresse, a mensagem pode
ser interpretada de forma contraditória, causando confusão no
receptor.
Unidade 3
A falta de coerência entre a linguagem verbal e não
verbal pode gerar desconfiança e prejudicar a comunicação
interpessoal. Se as palavras e a linguagem não verbal não
estiverem alinhadas, pode haver uma sensação de falta de
autenticidade ou sinceridade na mensagem transmitida. Por
exemplo, se alguém elogia verbalmente, mas sua expressão
facial e tom de voz indicam desaprovação, a mensagem pode ser
percebida como falsa ou desonesta.
Figura - A coerência entre a linguagem verbal e não verbal é essencial para uma comunicação
clara e efetiva, garantindo que as palavras e expressões faciais estejam alinhadas,
transmitindo uma mensagem consistente e compreensível.
Fonte: Freepik
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 35
Portanto, para uma comunicação eficaz, é essencial estar
consciente da importância de alinhar a linguagem verbal com a
linguagem não verbal. Isso envolve estar atento à forma como
expressamos nossas palavras, bem como às expressões faciais,
gestos e postura corporal que acompanham nossa comunicação.
Ao fazê-lo, podemos transmitir nossas mensagens de forma clara,
coerente e autêntica, promovendo uma compreensão mútua e
fortalecendo os relacionamentos interpessoais.
36 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
O contexto também desempenha um papel
fundamental na interpretação da linguagem.
O ambiente físico, o relacionamento entre os
IMPORTANTE interlocutores, o propósito da comunicação e
outros elementos contextuais podem influenciar
a forma como usamos e compreendemos a
linguagem verbal e não verbal. Por exemplo, a
mesma palavra ou gesto pode ter significados
diferentes em diferentes contextos.
Unidade 3
outras pessoas, respeitando suas diferenças e ajustando nossa
comunicação de acordo. Ter consciência de nossos próprios
preconceitos e suposições também é importante para evitar
julgamentos precipitados e promover uma comunicação inclusiva
e respeitosa.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 37
e valorizar uma expressão facial neutra durante a comunicação,
como uma forma de demonstrar respeito e profissionalismo. Os
gestos podem ser menos frequentes ou mais sutis.
38 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que a linguagem verbal e
não verbal desempenham papéis complementares
e fundamentais na comunicação do dia a dia.
Durante a exploração deste capítulo, discutimos a
importância da linguagem verbal, que envolve o uso
de palavras e estruturas linguísticas, na transmissão
de informações e significados. A linguagem verbal
é um sistema simbólico complexo que nos permite
expressar pensamentos, sentimentos, desejos
e necessidades. Através dela, podemos articular
ideias de forma precisa e detalhada.
Unidade 3
No entanto, também destacamos a relevância da
linguagem não verbal, que inclui gestos, expressões
faciais, postura corporal, tom de voz e outras
formas de comunicação não baseadas em palavras.
A linguagem não verbal complementa e enriquece
a linguagem verbal, transmitindo nuances
emocionais, atitudes, intenções e contextos
sociais. Ela desempenha um papel fundamental
na expressão de emoções, na interpretação de
mensagens e na criação de conexões interpessoais.
Ao longo do capítulo, também exploramos como
a comunicação eficaz requer a harmonização e a
coerência entre a linguagem verbal e não verbal.
Inconsistências entre as duas podem levar a
mal-entendidos e interpretações equivocadas.
Portanto, é fundamental estar consciente da
importância de alinhar nossas palavras com nossas
expressões faciais, gestos e linguagem corporal
para transmitir nossas mensagens de forma clara
e coerente.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 39
Além disso, reconhecemos que a linguagem verbal
e não verbal são influenciadas por fatores culturais,
contextuais e individuais. Normas culturais,
crenças, valores e experiências pessoais podem
moldar a forma como usamos e interpretamos a
linguagem. Portanto, é essencial ter sensibilidade
cultural e adaptabilidade para garantir uma
comunicação efetiva em diferentes contextos e
com diversas pessoas.
Unidade 3
40 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
O contínuo na fala e na escrita
da língua: norma e variação
Ao término deste capítulo, você será capaz de entender
como funciona o contínuo na fala e na escrita da língua,
abordando a temática da norma e variação linguística.
OBJETIVO Essa compreensão será fundamental para o exercício
de sua profissão, permitindo uma comunicação mais
eficaz e apropriada em diferentes contextos.
E então? Motivado para desenvolver essa competência?
Vamos lá. Avante!
Unidade 3
entre norma e variação linguística. O contínuo na fala e na
escrita refere-se à variedade de formas linguísticas utilizadas
em diferentes contextos comunicativos, que variam desde a
linguagem coloquial e informal até a linguagem mais formal e
padronizada.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 41
Figura - A variação linguística é um fenômeno natural que reflete a diversidade cultural
e regional, manifestando-se por meio de diferentes sotaques, gírias e expressões,
enriquecendo a comunicação e promovendo a inclusão linguística.
Unidade 3
Fonte: Freepik.
42 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Você conhece o Localingual?
O Localingual disponível no QR-Code, é um mapa
interativo que apresenta a diversidade linguística
ACESSE ao redor do mundo. Através desse mapa, é possível
explorar as diferentes línguas faladas em cada região,
bem como obter informações sobre o número de
falantes e a distribuição geográfica dessas línguas. O
mapa interativo permite uma experiência imersiva,
permitindo que os usuários explorem e aprendam
sobre as línguas de diferentes países e regiões. É uma
ferramenta valiosa para compreender a riqueza e a
complexidade da diversidade linguística global.
Unidade 3
No estudo do contínuo na fala e na escrita, é essencial
compreender as normas estabelecidas e reconhecer as variações
presentes na língua. Isso nos permite adaptar nossa comunicação
de acordo com o contexto, levando em consideração fatores, como
o público-alvo, o propósito da comunicação e as expectativas
socioculturais.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 43
de uma mesma variável linguística. A variação pode ocorrer no
vocabulário ou léxico: imagine um brasileiro em uma situação
corriqueira, como fazendo um pedido em um restaurante. Se
ele estiver no Pernambuco, vai pedir macaxeira cozida. Mas, se
o cenário for o sul do país, o mesmo prato terá o nome de aipim
ou mandioca. A variação pode dar-se ainda na morfologia (como
o apagamento ou não da vogal indicando infinitivo) e na sintaxe
(estrutura das frases).
44 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
O continuum de formalidade é um aspecto fundamental
a ser abordado ao considerarmos a linguagem e suas variações.
Muitas vezes, é comum categorizar a linguagem em registro
formal e informal, como se fossem dois extremos opostos. No
entanto, uma análise mais aprofundada revela que as situações
comunicativas podem exigir diferentes graus de formalidade.
Unidade 3
documento formal, espera-se um registro mais padronizado e
adequado à norma padrão da língua.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 45
perceber uma mentira na fala de alguém, opte por dizer que ela
está “faltando com a verdade” em substituição da construção
“você está mentindo”.
46 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Ao compreender essa relação entre a variação de
estilo e os fatores da situação comunicativa, torna-
se possível utilizar a linguagem de forma adequada
IMPORTANTE e efetiva. É necessário adaptar o registro linguístico
e o estilo de acordo com as expectativas e as
normas do contexto em que nos encontramos.
Essa habilidade é essencial para estabelecer uma
comunicação clara, precisa e adequada, garantindo
uma interação bem-sucedida e satisfatória.
Unidade 3
que dos anos 1960, a descrição elaborada por Bowen, que
retrata o uso da linguagem como um continuum, indo do ponto
mais formal até o mais informal e variando também conforme a
modalidade de comunicação (oral ou escrita). Veja a seguir:
Figura – Continuum dos registros ou níveis de linguagem
Mais formal
Modalidade Oratório
ex.: sermão.
Oral
Formal (deliberativo)
ex.: conferência, palesta.
Hiperformal
ex.: sentença
Coloquial
judical.
ex.: conversa entre colegas
não muito íntimos.
Formal
ex.: correspondência
oficíal.
Casual
ex.: conversa entre amigos. Semiformal
ex.: carta comercial.
Familiar
ex.: conversa
familiar privada. Informal
ex.: carta a amigo ou parente.
Modalidade
Pessoal
ex.: bilhete na geladeira. Escrita
Menos formal
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 47
Retomando o que já foi estudado, as variações
de registro perpassam todas as outras variações,
ou seja, independentemente de qual variedade
IMPORTANTE linguística o falante domine, sempre poderá se
expressar de maneira mais ou menos formal, de
acordo com a situação comunicativa em que se
encontre.
A título de ilustração, imagine agora um lavrador
analfabeto que tenha sido convocado a comparecer
em um tribunal para dar um testemunho em
determinado caso. Mesmo sem ter jamais
frequentado a escola, o homem vai perceber que se
trata de uma situação formal e, em consequência,
vai se expressar de maneira mais cuidada, mais
monitorada que a habitual. Naturalmente ele
não conseguirá obedecer à norma culta tão bem
Unidade 3
48 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Figura - O registro formal e informal são variações linguísticas utilizadas em diferentes
contextos sociais.
Unidade 3
Fonte: Freepik
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 49
Na exposição oral ou na língua falada, é comum estabelecer
uma dinâmica bipolar entre os participantes envolvidos. Embora
estejam reunidos em uma espécie de “conversa”, o expositor
(ou grupo de expositores) e a audiência não ocupam posições
equivalentes.
50 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
podem enriquecer a experiência de exposição oral, permitindo
perguntas, comentários e a troca de ideias.
Unidade 3
por indivíduos — os debatedores — que defendem pontos de
vista conflitantes sobre o tema, enquanto o último é ocupado
pela plateia. A plateia, em geral, ocupa uma posição inferior à
dos debatedores, ou porque não conhece o tema o suficiente,
ou porque não tem autoridade para expor sua opinião ou tomar
decisões. Os debatedores, porém, estão em pé de igualdade:
pelo menos em tese, todos têm a mesma autoridade para opinar
e decidir. Observe agora a figura a seguir, que acredito elucidar
muito bem essa questão:
Figura – Diferenças entre exposição oral e debate
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 51
Uma outra prova dessa diferenciação é o tempo reservado
para os atores em cada evento comunicativo. Em uma exposição
oral, o palestrante ou enunciador geralmente fala muito mais do
que a plateia. Apenas no final abrese um espaço para que os
espectadores façam perguntas ou comentários. Já no debate, um
dos princípios é justamente conceder a todos os debatedores o
mesmo tempo de fala. A plateia do debate pode manifestarse,
mas, assim como ocorre na exposição, o espaço reservado a ela
é bem restrito.
52 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Essa diferenciação no tempo de fala entre a exposição
oral e o debate reflete a natureza mais unidirecional da
exposição, em que o palestrante domina a comunicação, e a
natureza mais interativa do debate, em que há uma distribuição
mais equilibrada do tempo de fala entre os participantes.
Unidade 3
pelo ambiente descontraído), a roupa deve ser formal, discreta
e em tons neutros. Deve ser evitado todo tipo de excesso, seja
no perfume, na maquiagem ou nas joias. Além disso, como você
manterá contato próximo com o entrevistador, é fundamental
estar atento ao asseio, inclusive da barba, das unhas e do cabelo.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 53
• Estude sua própria trajetória acadêmica e profissional:
o mínimo que se espera de um candidato é que ele seja
capaz de recontar a própria vida de maneira coerente.
Esteja preparado para explicar por que optou por sua
carreira e, também, por que deixou seu último emprego
ou pretende deixar o atual. Se foi demitido, seja franco
a respeito, sem se fazer de vítima nem dar importância
exagerada ao fato.
54 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Bem, em síntese, podemos dizer que:
Unidade 3
é caracterizado pela discussão e confronto direto de ideias,
permitindo a troca de argumentos, refutações e réplicas entre
os participantes. O objetivo do debate é avaliar diferentes
perspectivas e alcançar uma conclusão baseada em argumentos
lógicos e convincentes.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 55
Já no debate, o foco está na discussão dinâmica e
na confrontação de ideias. Os participantes têm a
oportunidade de expor seus argumentos, refutar
IMPORTANTE as posições adversárias e defender suas próprias
perspectivas. O público também desempenha um
papel ativo, observando o debate e avaliando os
argumentos apresentados para formar sua própria
opinião. Uma exposição oral é desenvolvida em sete
etapas: abertura, introdução, desenvolvimento,
recapitulação e síntese, conclusão, participação do
público (opcional) e encerramento.
56 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
E então? Gostou do que lhe mostramos? Aprendeu
mesmo tudinho? Agora, só para termos certeza de
que você realmente entendeu o tema de estudo
RESUMINDO deste capítulo, vamos resumir tudo o que vimos.
Você deve ter aprendido que o estudo do contínuo
na fala e na escrita da língua é essencial para
compreender as relações entre norma e variação
linguística.
Ao longo deste capítulo, exploramos como a
língua apresenta uma diversidade de formas e
estilos linguísticos, que variam desde a linguagem
coloquial e informal até a linguagem mais formal
e padronizada. Compreendemos que a norma
linguística estabelece as regras e convenções
consideradas “corretas” ou “padrão”, enquanto
Unidade 3
a variação linguística reflete a diversidade de
identidades, experiências e contextos sociais dos
falantes. Aprendemos a valorizar a importância
da norma padrão em determinados contextos,
como na comunicação formal ou escrita, ao
mesmo tempo em que reconhecemos a validade
e a riqueza das variações linguísticas presentes na
fala cotidiana e em diferentes regiões. Também
entendemos que a variação linguística não implica
em erro ou incorreção, mas sim em diferentes
formas de expressar-se que são válidas dentro
de seus contextos específicos. A valorização
da diversidade linguística nos permite ter uma
visão mais inclusiva e respeitosa da linguagem,
promovendo a compreensão e a valorização das
diferentes formas de comunicação. Portanto, ao
compreender o contínuo na fala e na escrita da
língua, ganhamos uma competência linguística
mais abrangente, capaz de adaptarmo-nos às
diferentes situações comunicativas.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 57
Aprendemos a utilizar a linguagem de forma eficaz,
respeitando a norma padrão quando necessário,
mas também apreciando e valorizando as variações
linguísticas que enriquecem nossa comunicação
e refletem a diversidade da nossa sociedade.
Esperamos que este capítulo tenha ampliado sua
compreensão sobre o tema e o incentivado a
explorar ainda mais a complexidade e a riqueza da
língua em suas diferentes manifestações. Agora,
é hora de aplicar esse conhecimento em suas
práticas comunicativas e continuar a desenvolver
sua competência linguística. Parabéns pelo
progresso e avante na jornada do conhecimento
linguístico!
Unidade 3
58 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Tecnologias da Informação na
comunicação
Ao término deste capítulo, você será capaz de
entender como funcionam as Tecnologias da
Informação na comunicação. Esse conhecimento
OBJETIVO será fundamental para o exercício de sua profissão,
independentemente da área em que você atua.
Então, pronto para adquirir esse conhecimento
e avançar na utilização das Tecnologias da
Informação na comunicação? Vamos lá, juntos,
explorar esse fascinante universo digital e
desenvolver competências que serão essenciais
para o seu sucesso profissional. Avante!
Unidade 3
Presencia-se, no momento, uma importante discussão
acerca de um novo projeto democrático, estabelecido por
uma sociedade em rede. Esta, por sua vez, estruturada por
assembleias, que são destituídas das tradicionais lideranças
institucionais, caracterizadas pelo descentramento e originárias
dos ditos movimentos de indignação. O combustível desse
projeto, conforme Castells (2013): a sensação de empoderamento,
nascida do desprezo por governos e pela classe política, sendo
essa sensação estimulada pela indignação provocada pela
cumplicidade percebida entre as elites financeira e política
e desencadeada pela sublevação emocional resultante de
algum evento insuportável. Forma de viabilizá-lo? Por meio de
movimentos sociais, verdadeiros atores de superação do medo,
mediante a proximidade construída nas redes do ciberespaço e
nas comunidades do espaço urbano.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 59
pequenas e as causas grandes geravam consequências grandes
— para o mundo de interações não lineares. Interações essas
que se caracterizam basicamente pelo fato de não ser possível
prever o resultado de um fenômeno apenas tendo como base
a causa a que este é submetido, como outrora se imaginou.
Essa potencialização desencadeia interações comunicacionais
por meio de encadeamentos, multiplicidades, singularidades,
incertezas, desordem e hipertextualidade.
Figura - No mundo de interações não lineares, a multiplicidade de conexões é constante e a
hiperconectividade ampliam a complexidade das relações entre os elementos.
Unidade 3
Fonte: Freepik
60 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
têm internalizada essa mudança, sendo a AnonymusBr4sil um
exemplo da vivência dessa transformação no Brasil.
Unidade 3
tentou nos fazer esquecer. E, ainda, insistiu na separação e na
purificação desses híbridos — sujeitos e objetos — ou saltando
da estrutura para a interação individual, sem dar atenção às
mediações, às redes que se formam antes de ir de um ponto a
outro. Pretende-se, amparado na Teoria Ator-Rede (TAR), Lemos
(2013), demonstrar, na AnonymousBr4sil, a Educação como ação
que se dá na troca entre consciências, de modo a derrubar o
dogma sujeito de um lado e mídias de outro, mergulhando na
impureza da mediação e contaminando a relação com o mundo,
que ainda é entendida como não mediada, demonstrando que a
educação não é assunto apenas de humanos, mas também de
seus inertes e desviantes ou impuros objetos.
A revolução contemporânea
em matéria de comunicação e
conhecimento
A sociedade urbana mundial explora, progressivamente,
um terceiro estado: o estado “móvel”. Essa nova condição
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 61
multiplica os contatos, contribui para o reencontro e a reconexão
da humanidade consigo mesma. Por conseguinte, o crescimento
demográfico não leva mais à separação e ao afastamento como
outrora, no tempo dos caçadores-coletores, mas, ao contrário,
conduz à intensificação dos contatos em escala planetária.
62 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
EXEMPLOS: praça Tahrir, no Cairo, 25 de janeiro de 2011,
“A Tunísia é a solução”, uma revolução da liberdade e da
dignidade; os indignados da Espanha, maio de 2011, que
ao começarem a acampar nas principais praças da cidade
em todo o país, proclamam “a Islândia é a solução!”; os
nova-iorquinos, 17 de setembro de 2011, ao ocuparem os
espaços públicos em torno do Wall Street nomeiam seu
primeiro acampamento de praça Tahrir, e, só pra constar,
o mesmo ocorre com os ocupantes da praça Catalunya,
em Barcelona; no Brasil, junho de 2013, “Não é por 20
centavos. É por Direitos” e “Desculpe o transtorno. Estamos
mudando o Brasil”.
Unidade 3
tipo de poder favorecido pela extensão do ciberespaço não é o
poder hierárquico, burocrático ou territorial à antiga. Trata-se
de um poder nascido na capacidade de aprender e de trabalhar
de maneira cooperativa, relacionado ao grau de confiança e de
reconhecimento recíprocos, reinantes em um contexto social.
Ainda segundo Lemos (2013, p. 15):
Excluindo o elemento formante e agregador
dos fluxos informativos, a representação
sociológica do social conseguiu narrar
apenas uma parte da complexidade do
conjunto de relações, perdendo, assim, o
dinamismo ecológico das agregações e não
conseguindo avançar na direção de uma
teoria ecossistêmica do ato que reunisse os
diversos atores humanos e não, envolvidos no
agir.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 63
Há ainda que se destacar o fato de o ciberespaço encarnar
um original dispositivo de comunicação, que bem o distingue
das outras formas de comunicação de suporte técnico. “O
Ciberespaço possibilita transbordamentos e reformatações do
espaço de significações, numa produção que acelera os tempos
das notícias e pluraliza sua topologia” (PORTO; BORTOLIERO,
2012, p. 15). Enquanto a imprensa, a edição, o rádio e a televisão
funcionam segundo um esquema em estrela, ou “um para
todos”, onde um centro emissor envia mensagens na direção
de receptores passivos e, sobretudo, isolados uns dos outros, o
ciberespaço permite reciprocidade e interação.
64 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
“todostodos” são condições favoráveis ao desenvolvimento de
processos de inteligência coletiva.
Unidade 3
circulação da ação entre eles, entendendo
as estabilizações, ou caixas-pretas que se
forma como algo momentâneo. Ela abandona
o pensar em macroestruturas já que essas
só aparecem, se aparecerem, a posteriori.
Essência estrutura não são aqui explicações
casuais.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 65
Figura - Na era da internet, a busca pela autenticidade das informações se torna essencial
para evitar a propagação de fake news e garantir a confiabilidade dos conteúdos online.
Fonte: Freepik
Unidade 3
66 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
forma parcial, mas significativa) o contexto vivo, mutante, em
inflação contínua da comunicação humana. Vale dizer da cultura,
da produção do conhecimento.
Unidade 3
e num modo imanente, uma mediação potencial entre o conjunto
das subjetividades.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 67
sua estabilização como caixa-preta. A rede constitui o
espaço e o tempo na mobilidade das traduções e na
fixação de estabilizações e pontuações.
As comunidades virtuais e os
movimentos sociais
No mundo contemporâneo, a noção de comunidade vem
Unidade 3
68 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Chega-se, então, a um importante ponto: é desses grupos
de discussão que surgem os movimentos sociais, espontâneos,
em sua origem, desencadeados por uma centelha de indignação,
seja por aversão a ações de governantes, ou ainda a um evento
específico. Como bem destaca Castells (2013), tratase de
movimentos sem liderança, não pela falta de líderes em potencial,
mas pela profunda e espontânea desconfiança da maioria dos
participantes do movimento em relação a qualquer forma de
delegação de poder e pela proposição de horizontalidade e
da autonomia. Para Castells (2013, p. 163), “a horizontalidade
das redes favorece a cooperação e a solidariedade, ao mesmo
tempo em que reduz a necessidade de liderança formal”. E mais
(CASTELLS, 2013, p. 165):
Unidade 3
São muito políticos num sentido fundamental.
Particularmente, quando propõem e praticam
a democracia deliberativa direta, baseada
na democracia em rede. Projetam uma nova
utopia de democracia em rede baseada em
comunidades locais e virtuais em interação.
[...] O que esses movimentos sociais em rede
estão propondo em sua prática é uma nova
utopia no cerne da cultura da sociedade em
rede: a utopia da autonomia do sujeito em
relação às instituições da sociedade.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 69
Esse cenário fica claro quando do reporte a junho de
2013 no Brasil. Nos noticiários, a categorização do perfil dos
manifestantes: com a manchete “Veja relatos de participantes de
protesto em SP”, o portal de notícias G1.com noticiou em 14 de
junho de 2013, de São Paulo, às 20h10 — “Multidão no ato de
quinta é diversa e não representa um só grupo. G1 conversou
com dezenas de manifestantes”. Vale aqui ressaltar que o dia 13
de junho foi o marco zero do movimento na capital paulistana.
Dentre os perfis apresentados, a que o G1 nomeia de “as
várias ‘caras’ do protesto em SP”, estudantes da rede pública e
privada (ensino médio, pré-vestibular, superior, pós-graduação),
presidente da União Municipal de Estudantes Secundaristas
(Umes) em São Paulo, integrantes de ONGs, jornalista, atendente
de telemarketing, auxiliar de enfermagem, advogado, poeta,
Unidade 3
70 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
#OGiganteFoiPraRua, #SemViolência, #Vdevinagre, #VemPraRua”,
saiu-se, como bem enunciou um dos cartazes presentes no
movimento fotografados pela imprensa e manifestantes, das
redes sociais para as ruas – “Saímos do Facebook”. Esse cartaz,
a propósito, foi parte de uma matéria postada na fanpage
MelhorQueBacon, por Samir Duarte, manifestante, em 19 de
junho de 2013, às 14h, que trazia por título “24 Momentos dos
protestos em São Paulo que você não verá na TV”. A referida
página conseguiu, nessa publicação, em poucas horas, 14.155
curtidas e teve 18.795 pessoas falando a respeito dela.
Unidade 3
precisam de acordos para a convivência e procedimentos sociais.
Como nas relações presenciais, as formadas nas comunidades
virtuais também precisam de determinados padrões normativos,
visando à organicidade do seu funcionamento. Isso faz com que
as pessoas otimizem seu tempo no estabelecimento de contatos
e interações de todos os tipos, de modo que esses pactos
normativos sejam efetivados.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 71
Ganhava destaque também o fato de o evento
ter reunido a maior quantidade de manifestantes
desde a mobilização dos “caras-pintadas” pelo
VOCÊ SABIA? impeachment do presidente Fernando Collor de
Mello, em 1992, com a ressalva de que, embora
tenha havido atos que concentraram mais
gente desde então pelo país, esses atos não
tiveram caráter de protesto. Dentre as bandeiras
dos manifestantes, o jornal noticiava (2013):
“As manifestações de ontem (17) carregaram
diversas bandeiras além de questionar as tarifas
do transporte coletivo — da ética na política a
investimentos em saúde e contra gastos da Copa
de 2014”.
Unidade 3
72 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
fenômenos dinâmicos de uma sociedade
em busca de novas formas de expressão e
organização.
Unidade 3
os une, na mente das pessoas, suas experiências de revolta, a
despeito de contextos amplamente diversos em termos culturais,
econômicos e instituições: a sensação de empoderamento. Esta
nasce do desprezo por seus governos e pela classe política,
sendo estimulada pela indignação provocada pela cumplicidade
percebida entre as elites financeira e política e desencadeada
pela sublevação emocional resultante de algum evento
insuportável. Como se torna possível? Pela superação do medo,
mediante a proximidade construída nas redes do ciberespaço e
nas comunidades do espaço urbano.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 73
Quadro – Aspectos das comunidades virtuais.
74 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
II. Granularidade, em que se atribui a menor expressão
realizada pelo participante, podendo ser um gesto ou
um murmúrio.
Unidade 3
permite inferir que a utilização da rede pelos internautas parte
de um conhecimento anterior, e esses sujeitos buscam outras
informações significativas, ou então vão obter conhecimentos
através de novas informações, que se relacionam com aspectos
relevantes da estrutura de conhecimento de cada pessoa.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 75
dentre elas 22 capitais e pequenas cidades, com horários e locais
das aglomerações para início das passeatas. Vale considerar o
alcance da publicação: apenas no momento da postagem 2.576
pessoas curtiram e 2.816 compartilharam.
76 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Permita-nos apresentar como Anonymous, e
Anonymous apenas. Nós somos uma ideia. Uma
ideia que não pode ser contida, perseguida nem
VOCÊ SABIA? aprisionada. Somos uma ideia que surgiu em 2004
e sempre seguiu uma linguagem de memética e
muitas sátiras. Hoje, Anonymous é uma ideia de
mudança, um desejo de renovação. Somos uma
ideia de um mundo onde a corrupção não exista,
onde a liberdade de expressão não seja apenas
uma promessa, e onde as pessoas não tenham
que morrer lutando por seus direitos. Não somos
um grupo. Somos uma ideia de revolução.
Acreditamos que cada geração encontra sua forma
de lutar contra as injustiças que encontra. Temos
em mãos pela primeira vez o poder de produzir,
Unidade 3
distribuir e trocar informações. Uma oportunidade
nunca vista antes na história para colaboração e
construção de um mundo onde a esperança, a
dignididade e a justiça sejam princípios a serem
respeitados.
Nós não somos uma organização e não temos
líderes. Oficialmente nós não existimos e não
queremos existir oficilamente. Nós não seguimos
partidos políticos, orientações religiosas, interesses
econômicos nem ideologias de quaisquer espécies.
Anonymous não pede dinheiro nem qualquer
favor ou benefício a ninguém. Mais uma vez:
Anonymous não tem líderes. Se alguém lhe disser
que representa ou lidera Anonymous, este alguém
não conhece a ideia Anonymous, porque nós não
podemos ser representados ou liderados, porque
isto é o que somos: uma ideia.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 77
Vamos agora ao dado mais importante da fanpage
AnonymousBr4sil, o alcance: 1.058.083 pessoas curtiram a
página, ao passo que 3.192.526 estavam falando sobre isso
(28jun2013, 13h54). Há ainda que se considerar que os protestos
tiveram início em 13 de junho — momento em que a fanpage já
havia conquistado 758 mil pessoas curtindo e 848.338 falando
sobre ela (13jun2013, 13h) — estendendo-se estes até 11jul2013.
Outro ponto: extrapolou-se também nesta data o número de
1.100.000 curtidas na fanpage.
Em síntese
“Nós saímos do Facebook”: esta foi a inscrição lida em
muitos dos cartazes que vimos durante as manifestações de
junho de 2013 no país. Poderíamos traduzi-la em “Somos as
Unidade 3
78 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
nova democracia, em rede, cuja base esteja em assembleias, que
sejam capazes de se questionarem a si mesmas, dissolvendo
as instituições, sem um líder. Um experimento de organização
de movimentos sociais, que desmente o arraigado pressuposto
de que nenhum processo sociopolítico pode funcionar sem
qualquer tipo de orientação estratégica e de autoridade vertical.
Uma nova utopia, e nessa empreita, há que se considerar que as
utopias animam as mentes das pessoas — o próprio liberalismo,
o socialismo e mesmo a democracia foram utopias para se iniciar.
Unidade 3
desde que a mensagem tenha receptividade, traz-se à tona
uma crise profunda da legitimidade das Instituições políticas a
que conhecemos nos últimos duzentos anos. E o mais precioso:
para esses movimentos, indivíduos são mais relevantes do
que partidos. Dada sua condição viral, independentemente de
institucionalizações, o que é importante não são eles, mas as
sementes que deixam. Ou seja, os movimentos sociais são os
atores da mudança histórica.
Figura – “Os movimentos sociais são os atores da mudança histórica.”
Fonte: Freepik
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 79
Portanto, o que parece irreversível, seja no Brasil ou
no mundo, e a AnonymousBr4sil o representa muito bem, é o
empoderamento dos cidadãos, sua autonomia comunicativa e a
consciência dos jovens de que tudo que se sabe do futuro é que eles
o farão. Ao retomarmos a AnonymousBr4sil, vale ressaltar que ela
se intitula uma ideia de revolução, que acredita que cada geração
encontra sua forma de lutar contra as injustiças e a encontra,
tendo o poder de produzir, distribuir e trocar informações.
Trata-se de uma oportunidade nunca vista antes na história para
colaboração e construção de um mundo onde a esperança, a
dignidade e a justiça sejam princípios a serem respeitados, não
sendo uma organização, não tendo líderes. Aliás, há ênfase no
fato de oficialmente não existir e não querer existir, não seguindo
partidos políticos, orientações religiosas, interesses econômicos
Unidade 3
80 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
professor e o aluno. Na verdade, a concepção de tecnologia versus
conhecimento foi evocada, embora no discurso, como instrumento
de gestão, de autonomia do aluno ou mesmo de facilitação de
materiais, ao passo que, na prática, atendeu e atende à condição
de objeto de empoderamento do professor. Por conseguinte, o
que se viu na AnonymousBr4sil, e que deve se estender às salas
de aula, é a tecnologia nos colocando como causa. É preciso sair
da ideia de objeto (o que está jogado) e passar a pensar em coisas
(aquilo que nos coloca em causa). Os objetos não são extensão
(algo externo adicionado), são, na verdade, parte da rede que
nos constituem. A AnonymousBr4sil, a exemplo de todas novas
mídias, transformou objetos separados dos sujeitos em coisas,
ocasionando uma simetria entre humanos e não humanos, via
uma postura analítica (reconhecimento da agência dos objetos
Unidade 3
sobre nós, humanos). Isso posto, o sujeito e os objetos não podem
ser pensados como fenômenos isolados, nem a ação como algo
bem determinado. Ela parte de algum lugar.
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 81
Ao longo deste capítulo, exploramos o impacto
das Tecnologias da Informação na comunicação e
como elas têm revolucionado a forma como nos
RESUMINDO conectamos e interagimos. Esperamos que você
tenha adquirido uma compreensão mais profunda
de como essas tecnologias funcionam e de como
podem ser aplicadas de forma eficaz em sua vida
pessoal e profissional.
Através do estudo das redes sociais, mensagens
instantâneas, e-mails, videoconferências e outras
ferramentas digitais, você aprendeu sobre as
diversas possibilidades e os benefícios que as
Tecnologias da Informação oferecem para facilitar
a comunicação em tempo real, superando barreiras
geográficas e promovendo a troca de informações
de maneira ágil e eficiente.
Unidade 3
82 COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM
Estamos confiantes de que, ao desenvolver
essa competência, você estará preparado para
enfrentar os desafios e tirar o máximo proveito das
oportunidades proporcionadas pelas Tecnologias
da Informação na comunicação. Avance com
confiança nesse universo digital e esteja pronto
para se adaptar às novas tecnologias e tendências
que surgirão.
Parabéns por ter concluído este capítulo! Continue
explorando e aprimorando suas habilidades no uso
das Tecnologias da Informação na comunicação,
pois isso certamente contribuirá para o seu
sucesso pessoal e profissional. Avante, rumo a um
futuro conectado e cheio de possibilidades!
Unidade 3
COMUNICAÇÃO E LINGUAGEM 83
ADORNO, T. Notas de Literatura I. Tradução: Jorge de Almeida. S.
Paulo. Lan Cidades. Ed. 34, 2003.
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