Slides de Aula - Unidade II (Literatura e Língua)

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Unidade II

LITERATURA E LÍNGUA

Profa. Ma. Ana Lúcia Machado da Silva


Linguagem poética (literária)

 uma das primeiras formas de


manifestação linguística do ser humano
 não está presa à realidade absoluta e
objetiva
 utiliza recursos diversos com o objetivo
de transformar a realidade
Linguagem poética (literária)

 capacidade ou habilidade de recriar o


existente
 de registrar ou assumir o desejo de deter
sua passagem e fragilidade, provando a
liberdade da criação
 através dela, o homem examina sua
humanidade e põe em cheque a
superação de limites e da perenidade da
matéria física
 conhecimento se processa, é transmitido
e vivenciado
 permanente exercício de busca do
abstrato, do incerto, do imaterial
Linguagem poética (literária)

 presença de expressões subjetivas que


revelam emoções diversas;
 expressões e termos polissêmicos, que
deixam ao leitor a tarefa de atribuir-lhes
diferentes significados
 prima pelo uso de recursos que
envolvem sonoridade, ritmo e rimas.
Linguagem poética (literária)

 a poesia se identifica como a expressão


do ‘eu’ por meio da linguagem conotativa
ou de metáforas polivalentes
 Metáforas: três camadas imbricadas ou
inter-relacionadas: a emocional, a
sentimental e a conceptual
 metáforas organizam-se a partir de
palavras-chave, circundadas de palavras
secundárias que, por sua vez,
constituem-se em novas metáforas
Metáfora e análise poética

 para analisar um texto poético, é preciso


iniciar pela palavra-chave em busca de
desvendar-lhe o significado presente na
relação “emotivo-sentimental-
conceptual” (Moisés)
 Ao procurar a palavra-chave ou a
metáfora principal, o analista encontrará
o núcleo ao qual sua atenção deve fixar-
se, pois toda a compreensão do texto
estará relacionada a esse núcleo
Poema e seu núcleo

 um bom texto poético pode apresentar


mais de um núcleo
 sua análise não se esgota ao encontrar
esses núcleos
 busca por relações entre núcleos, entre
metáforas, entre suas palavras
circundantes, que a análise se torna
mais aprimorada e capaz de apreender o
interior da matéria poética.
Conteúdo poético

 O conteúdo do texto poético não se


insere no tempo.
 “As emoções, sentimentos e conceitos
que integram um poema ignoram
qualquer sucessividade análoga a do
tempo no relógio

 se arquitetam conforme um nexo


psicológico ou inerente à própria
substância da poesia (MOISÉS)
Poema e tempo

 A data de produção do poema apenas


determina o “nascimento” da obra.
 O que se depreende daí é que “o tempo
interno do poema foge das regras do
tempo histórico

 conhece o ‘tempo’ da emoção-


sentimento-conceito que neles se
corporifica” (Moisés)
Interatividade

Ao relacionar metáfora e literatura, temos como


exemplificações:
I. Vidas secas, de Graciliano Ramos, é a apresentação
da escassez da água no sertão nordestino, mas
também é a metáfora de uma vida dura, sofrida.
II. Os trabalhadores do mar”, de Victor Hugo, é a
apresentação do embate do homem com a natureza,
mas também é a metáfora do embate do homem
consigo próprio.
III. Amar, de Drummond, apresenta a água como
necessidade orgânica, mas também a água é
metáfora por ser recurso de riqueza para a alma.
a) Apenas I correta.
b) Apenas II correta.
c) I e II corretas.
d) I e III corretas.
e) Todas corretas.
Resposta

Ao relacionar metáfora e literatura, temos como


exemplificações:
I. Vidas secas, de Graciliano Ramos, é a apresentação
da escassez da água no sertão nordestino, mas
também é a metáfora de uma vida dura, sofrida.
II. Os trabalhadores do mar”, de Victor Hugo, é a
apresentação do embate do homem com a natureza,
mas também é a metáfora do embate do homem
consigo próprio.
III. Amar, de Drummond, apresenta a água como
necessidade orgânica, mas também a água é
metáfora por ser recurso de riqueza para a alma.
a) Apenas I correta.
b) Apenas II correta.
c) I e II corretas.
d) I e III corretas.
e) Todas corretas.
Análise do texto poético

Etapas:
 examinar a camada denotativa;
 examinar a camada conotativa, e que
podem ser cumpridas autônoma ou
simultaneamente, de acordo com o
poema ou/e as próprias tendências de
quem executa a tarefa;
 assinalar as ‘atmosferas’ poéticas e as
respectivas ‘palavra-chave’;
Análise do texto poético

Etapa:
 interpretar, ato que consiste em organizar as
‘atmosferas’ poéticas e as respectivas
‘palavras-chave’, segundo sua importância,
que pode acompanhar ou não a ordem das
estrofes, a ver qual a predominante no
poema; interpretar também significa
compreender, isto é, selecionar e aglutinar
as ‘atmosferas’ poéticas no intuito de saber
como se conciliam numa unidade, ou seja,
como se agrupam harmonicamente apesar
do relativo contraste entre elas, ou se
reduzem ao fim de contas a uma só, tendo
em mira o ulterior enquadramento da força-
motriz subjacente na cosmovisão
do escritor, dada por idêntica
prospecção em toda a sua obra.
Eu lírico

 eu lírico: é o eu que fala na poesia


 os sentimentos e emoções
representados pela voz desse “eu” não
correspondem ao que sente o autor do
texto. Não correspondem, sequer, a uma
voz humana, mas sim a um ente
destacado no texto.
 eu lírico tem liberdade no texto para
expressar sentimentos e emoções,
pluralizando os sentidos. Ele é fictício,
produzido pela situação enunciativa.
Simula o autor, mas não pode ser
confundido com ele.
Poema canção

1. Nunca eu tivera querido


2. Dizer palavra tão louca:
3. bateu-me o vento na boca,
4. e depois no teu ouvido.
5. Levou somente a palavra,
6. Deixou ficar o sentido.
7. O sentido está guardado
8. no rosto com que te miro,
9. neste perdido suspiro
10.que te segue alucinado,
11.no meu sorriso suspenso
12.como um beijo malogrado.
Continuação

13. Nunca ninguém viu ninguém


14. que o amor pusesse tão triste.
15. Essa tristeza não viste,
16. e eu sei que ela se vê bem...
17. Só se aquele mesmo vento
18. fechou teus olhos, também.
Cecília Meireles
 Questão 14 – ENADE 2008
Questão 14 – ENADE 2008

Assinale a opção correta no que diz respeito à


especificidade da linguagem literária.
a) Embora o texto seja poema, sua linguagem
não revela transfiguração artística nem
opacidade.
b) Da linguagem denotativa do texto depreende-
se que o poema é uma declaração de amor à
pessoa amada.
c) A palavra, de acordo com o poema, não
revela toda a força do sentimento que habita
o eu lírico.
d) Sem os versos de sete sílabas e as rimas, a
literariedade estaria ausente do poema.
e) Versos como “neste perdido suspiro que te
segue alucinado” revelam a dimensão literal
das palavras no contexto do poema.
Análise das respostas a) e b)

a) Embora o texto seja poema, sua


linguagem não revela transfiguração
artística nem opacidade.
b) Da linguagem denotativa do texto
depreende-se que o poema é uma
declaração de amor à pessoa amada.
 Incorretas: A linguagem utilizada no
poema não é denotativa, mas conotativa
(os sentidos atribuídos ao texto vão além
dos literais, dicionarizados); os
sentimentos expressos revelam tristeza
e melancolia, porém não de uma
declaração de amor, mas apenas uma
reflexão sobre um amor.
Análise da resposta c)

c) A palavra, de acordo com o poema, não


revela toda a força do sentimento que
habita o eu lírico.
 Correta: eu lírico não estabelece um
diálogo com um tu, que representa
aquele a quem os sentimentos estão
dirigidos, pois esse tu já está
distanciado do eu (levou somente a
palavra...) no momento enunciativo. Os
dois versos iniciais (Nunca eu tivera
querido / Dizer palavra tão louca)
revelam o que significa para o eu lírico a
palavra, mas não revelam que palavra é
essa.
Análise das respostas a) e b)

d) Sem os versos de sete sílabas e as


rimas, a literariedade estaria ausente do
poema.
e) Versos como “neste perdido suspiro que
te segue alucinado” revelam a dimensão
literal das palavras no contexto do
poema.
 Incorretas: dentre outros aspectos,
linguagem conotativa marca a
literariedade. Ex: “perdido suspiro que te
segue alucinado” – a escolha lexical
remete a sentidos que expressam
impressões do eu lírico e não ao sentido
literal.
Interatividade

Sobre a linguagem literária, consideramos


que ela:
a) despreza os “silêncios”, o “não-dito” ou
as “entrelinhas”.
b) é autônoma semanticamente, podendo
estruturar e organizar seu próprio
mundo.
c) representa a realidade em um único
sentido.
d) serve as linguagens históricas,
filosóficas e científicas.
e) é um mero utensílio que serve para
comunicar ideias e pensamentos.
Resposta

Sobre a linguagem literária, consideramos


que ela:
a) despreza os “silêncios”, o “não-dito” ou
as “entrelinhas”.
b) é autônoma semanticamente, podendo
estruturar e organizar seu próprio
mundo.
c) representa a realidade em um único
sentido.
d) serve as linguagens históricas,
filosóficas e científicas.
e) é um mero utensílio que serve para
comunicar idéias e pensamentos.
Análise do discurso

Tipos de discurso:
 jurídico; jornalístico; publicitário
 pedagógico; literário etc.
Discurso:
 apoia-se na gramática da língua (o
fonema, a palavra, a frase)
+
 apoia-se nos interlocutores (com suas
crenças, valores) e na situação (lugar e
tempo geográfico, histórico) em que o
discurso é produzido
Nível discursivo

Sujeitos:
 devem ter conhecimentos não só do
ponto de vista linguístico: dominar a
língua, as regras de organização de uma
narrativa, de uma argumentação etc.
 ter conhecimentos extralinguísticos: de
assuntos, temas que circulam na
sociedade; das finalidades da troca
verbal e para isso são importantes a
imagem que faço de mim, da minha
posição, a imagem que tenho das
pessoas com quem falo, imagens que
vão determinar a maneira como devo
falar com essas pessoas.
Poema canção

1. Nunca eu tivera querido


2. Dizer palavra tão louca:
3. bateu-me o vento na boca,
4. e depois no teu ouvido.
5. Levou somente a palavra,
6. Deixou ficar o sentido.
7. O sentido está guardado
8. no rosto com que te miro,
9. neste perdido suspiro
10. que te segue alucinado,
11. no meu sorriso suspenso
12. como um beijo malogrado.
Continuação

13. Nunca ninguém viu ninguém


14. que o amor pusesse tão triste.
15. Essa tristeza não viste,
16. e eu sei que ela se vê bem...
17. Só se aquele mesmo vento
18. fechou teus olhos, também.
Cecília Meireles
 Questão 15 – ENADE 2008
Questão 15 – ENADE 2008

De acordo com abordagens da análise do


discurso, a significação não se restringe
apenas ao código linguístico. Que versos
evidenciam essa noção?
a) “Nunca eu tivera querido Dizer palavra
tão louca” (v.1-2).
b) “bateu-me o vento na boca, e depois no
teu ouvido” (v.3-4).
c) “Levou somente a palavra, deixou ficar o
sentido” (v.5-6).
d) “Nunca ninguém viu ninguém que o
amor pusesse tão triste” (v.13-14).
e) “Só se aquele mesmo vento fechou teus
olhos, também” (v.17-18).
Análise da resposta c)

c) “Levou somente a palavra, deixou ficar o


sentido” (v.5-6).
 Correta: Para atribuir sentido ao texto, o
leitor mobiliza conhecimento de mundo,
declarativo, episódico, intuitivo;
interacional; linguístico-textual.
 Nos versos acima, palavra corresponde à
estrutura da língua (léxico), enquanto
sentido corresponde ao valor semântico
Análise da resposta

a) “Nunca eu tivera querido Dizer palavra


tão louca” (v.1-2).
b) “bateu-me o vento na boca, e depois no
teu ouvido” (v.3-4).
d) “Nunca ninguém viu ninguém que o
amor pusesse tão triste” (v.13-14).
e) “Só se aquele mesmo vento fechou teus
olhos, também” (v.17-18).
 Alternativas incorretas: em todas essas
alternativas, a significação está restrita
ao código linguístico.
Interatividade

Para entender o trecho d’A rosa de Hiroshima, de


Vinicius de Moraes, o leitor sabe que:
Mas só não se esqueçam
da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima
a rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
a) a palavra rosa refere-se a um tipo de flor.
b) Hiroshima é nome próprio de cidade.
c) existe metáfora na relação rosa/Hiroshima.
d) os adjetivos relativos à rosa são estranhos.
e) rosa é a bomba atômica que deu fim à
Segunda Guerra Mundial.
Resposta

Para entender o trecho d’A rosa de Hiroshima, de


Vinicius de Moraes, o leitor saber que:
Mas só não se esqueçam
da rosa, da rosa
Da rosa de Hiroshima
a rosa hereditária
A rosa radioativa
Estúpida e inválida
a) a palavra rosa refere-se a um tipo de flor.
b) Hiroshima é nome próprio de cidade.
c) existe metáfora na relação rosa/Hiroshima.
d) os adjetivos relativos à rosa são estranhos.
e) rosa é a bomba atômica que deu fim à
Segunda Guerra Mundial.
Morfologia

 morfema entendemos as unidades


mínimas de significação na língua
Classificação dos morfemas:
 Radical: é o elemento irredutível, que
indica que determinadas palavras
pertencem à uma mesma família. Ex.:
considerando-se a série ferro, ferradura,
ferramenta, ferreiro, o elemento
irredutível, que indica a família dessas
palavras, é ferr-, denominado radical.
Morfema: classificação

 Afixos (prefixos e sufixos): são os


morfemas anexados ao radical, com a
função de modificar-lhe o sentido. Ex.:
crítico / acrítico (prefixo a); feliz /
felizmente (sufixo mente).
 Acréscimo de prefixos ou sufixos a uma
palavra pode mudar de classe gramatical
(no caso do exemplo: feliz – adjetivo;
felizmente – advérbio).
Morfema: classificação

 Desinências (gênero, número e verbal):


morfemas flexionais indicam gênero e
número dos substantivos, modo e
tempo, número e pessoa dos verbos.
Ex.: menino / menina – desinência a
indicativa de gênero; menino / meninos –
desinência s indicativa de número.
 desinências verbais: modo-temporais e
número-pessoais. Ex.: brincavam –
verbo brincar; radical brinc-; desinência
número-pessoal m – indica a pessoa do
verbo; desinência modo-temporal va –
indica o modo e o tempo do verbo –
indicativo pretérito imperfeito.
Morfema: classificação

 Vogais temáticas (nominais e verbais):


são os morfemas (vogais) anexados ao
radical, formando uma base à qual serão
anexadas as desinências. Ex.: meninos –
o é vogal temática nominal e nela é
anexada a desinência s, de número. No
caso do exemplo apresentado acima,
brincavam, temos a vogal temática
verbal a (brinc a vam), indicativa de 1a
conjugação.
Morfema: classificação

 Vogais e consoantes de ligação: são os


morfemas inseridos entre o radical e o
sufixo, modificando e facilitando a
pronúncia de determinadas palavras.
Ex.: lindo / lind i ssimo; pau / gás / gás ô
metro.
Trecho literário

 Eram cinco horas da manhã e o cortiço


acordava, abrindo, não os olhos, mas
uma infinidade de portas e janelas
alinhadas. (...) Sentia-se naquela
fermentação sanguínea, naquela gula
viçosa de plantas rasteiras que
mergulham o pé na lama preta e
nutriente da vida, o prazer animal de
existir, a triunfante sensação de respirar
sobre a terra. Da porta da venda que
dava para o cortiço iam e vinham como
formigas, fazendo compras.
 Aluísio Azevedo. O cortiço.
Questão 31 – ENADE 2008

Considerando as palavras linha e alinhar,


que opção apresenta a correta
segmentação morfológica da palavra
“alinhadas”, no fragmento de O Cortiço, de
Aluísio Azevedo?
a) a-li-nha-da-s.
b) a-linh-a-d-a-s.
c) alinh-a-d-as.
d) ali-nhad-a-s.
e) a-lin-nha-das.
Análise da resposta correta

Considerando-se as palavras linha e


alinhada:
 linha – substantivo
 alinhar – verbo
 alinhadas – adjetivo (janelas alinhadas)
Assim, temos a seguinte segmentação:
 a-prefixo
linh - radical
 a-vogal temática
 d-desinência verbo-nominal de particípio
 a-desinência de gênero - feminino
 s-desinência de número - plural
Análise da resposta

a) a-li-nha-da-s.
b) a-linh-a-d-a-s.
c) alinh-a-d-as.
d) ali-nhad-a-s.
e) a-lin-nha-das.
A. incorreta: o radical subdividido, a vogal
temática não considerada, assim como não
consideradas as desinências verbal, de gênero
e de número.
B. correta: segmentação adequada.
C. incorreta: não foram segmentados o prefixo e
as desinências de gênero e número.
D. incorreta: Prefixo e radical segmentados
inadequado.
E. incorreta: inadequadas as segmentações do
radical, da vogal temática e das desinências.
Interatividade

Indique o elemento morfológico formador da


poesia concreta de José Lino Grunewald:
forma
reforma
disforma
transforma
conforma
informa
forma
a) Radical.
b) Afixo (sufixo).
c) Afixo (prefixo).
d) Desinência.
e) Vogal temática “a”.
Resposta

Indique o elemento morfológico formador da


poesia concreta de José Lino Grunewald:
forma
reforma
disforma
transforma
conforma
informa
forma
a) Radical.
b) Afixo (sufixo).
c) Afixo (prefixo).
d) Desinência.
e) Vogal temática “a”.
ATÉ A PRÓXIMA!

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