Trabalho de Português

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COLEGIO CIVICO MILITAR TANCREDO NEVES

Ensino médio 3°B MAT

FIGURAS DE LINGUAGEM

Medianeira
Outubro 2024
Figuras de linguagem.

Professor(a):
ROBERTA GUIMARÃES.

Disciplina: LINGUA PORTUGUESA.

Alunos:
DAYMAR ESTEFANY GONZALEZ QUINONES - #03
DERBYS JOSÉ GONZÁLEZ QUINONES - #04
JEANEYKER QUINONEZ DIAZ - #11
JOLEGNA CARRASQUERO RODRIGUEZ - #14
Medianeira
2024
Índice

Introdução.
_____________________________________________________________ 05.
Figuras de Linguagem.
___________________________________________________ 06.
1. Metáfora.
_____________________________________________________________ 06.
Usos da metáfora.
Metáfora pura. Exemplos.
Metáfora impura, exemplos
2. Comparação.
_________________________________________________________ 08.
exemplos de comparação.
Comparação e metáfora.
Símile hibrida.
3. catacrese.
____________________________________________________________ 10.
exemplos de catacrese
Curiosidades sobre a catacrese.
Exemplos na literatura
Exemplos na música.
4. Sinestesia.
_____________________________________________________________10.
exemplos de sinestesia.
5. personificação.
________________________________________________________12.
Exemplos de personificação.
Personificação na literatura.
Personificação na música.
6. metonímia.
____________________________________________________________14.
Exemplos de metonímia.
7. sinédoque.
_____________________________________________________________15.
Exemplos de sinédoque.
8. hipérbole.
____________________________________________________________16.
Exemplos da hipérbole.
9. eufemismo.
____________________________________________________________17.
exemplos de eufemismo.
10. Gradação.
____________________________________________________________18.
Tipos de gradação e exemplos.
11. Antítese.
______________________________________________________________20.
Diferenças entre antitese e paradoxo.
Exemplos de antitese.
12.
Paradoxo.____________________________________________________________
___20.
Tipos de paradoxo.
Exemplos de paradoxo.
13. Ironia.
________________________________________________________________22.
Exemplos de ironia.
14. Preterição.
____________________________________________________________22.
Exemplos de preterição.
15. Anáfora.
_______________________________________________________________23
Exemplos de anáfora.
16. Pleonasmo.
__________________________________________________________ 23.
Exemplos de pleonasmo.
17. Polissíndeto.
________________________________________________________ 24.
Exemplos de polissíndeto.
18. Quiasmo.
_____________________________________________________________25.
Estrutura do quiasmo.
Exemplos do quiasmo.
19. Aliteração.
___________________________________________________________25.
Exemplos de aliteração.
Aliteração e onomatopeia.
20. Assonância.
__________________________________________________________26.
Aliteração e assonância.
Exemplos de assonância.
21. Onomatopeia.
________________________________________________________27.
Exemplos de onomatopeia.
22. Paronomásia.
_________________________________________________________28.
Exemplos de paronomásia.
Conclusão.
______________________________________________________________ 30.
Referencias.
_____________________________________________________________ 31.
Introdução

Figuras de linguagem são artifícios literários usados para


aumentar a expressividade e a beleza da comunicação, tanto escrita
quanto oral. Elas aproximam o emissor da mensagem do público de
forma mais clara, muitas vezes usando a linguagem que sugere o que
está sendo falado em vez de dizê-lo diretamente.
O bom uso desses recursos é observado na literatura, na poesia,
na publicidade e em nosso cotidiano. Isso pode ser feito por meio da
criação de imagens mentais, da intensificação de sentimentos e da
indicação de características específicas de um objeto ou situação.

Neste trabalho, vamos analisar as suas caraterísticas, aplicações


na língua, como identificar e reconhecer os seus diferentes usos na
comunicação e na escrita.

Figuras de Linguagem.

As figuras de linguagem são recursos estilísticos muito utilizadas


nos textos literários, de modo que o enunciador (emissor, autor)
pretende dar mais ênfase ao seu discurso.
Assim, ele emprega as palavras no sentido conotativo, ou seja,
no sentido figurado, em detrimento do sentido real atribuído à palavra,
o sentido denotativo.

As figuras de linguagem são classificadas em:


 Figuras de Palavras: metáfora, metonímia, comparação,
catacrese, sinestesia e antonomásia.
 Figuras de Pensamento: ironia, antítese, paradoxo,
eufemismo, litote, hipérbole, gradação, personificação e
apóstrofe.
 Figuras de Sintaxe: elipse, zeugma, silepse, assíndeto,
polissíndeto, anáfora, pleonasmo, anacoluto e hipérbato.
 Figuras de Som: aliteração, assonância, onomatopeia e
paronomásia.

1. Metáfora.

Metáfora é uma figura de linguagem; mais particularmente, uma


figura de palavra, pois apresenta uma palavra (ou expressão) com
sentido figurado. Assim, podemos definir metáfora como sendo uma
espécie de comparação, porém uma comparação implícita, pois não
exige conjunção ou locução conjuntiva comparativa.

Usos da metáfora.

A metáfora pode ser pura ou impura. O que vai diferenciar uma


da outra é a presença ou não, na frase, de todos os termos de
comparação.

metáfora pura.

Na metáfora pura, um dos elementos de comparação não está


explicitado. Portanto, ela é indireta e necessita ainda mais do
conhecimento de mundo do leitor ou ouvinte para ser identificada.

Exemplo de Metáfora pura.


Trecho do soneto Amor é fogo que arde sem ver, de Luís de Camões.

Amor é fogo que arde sem ver,


é ferida que dói, e não se sente;

é um contentamento descontente,

é dor que desatina sem doer.

Nesse trecho verificamos metáforas impuras, pois há um


elemento comparativo representado pelo verbo ser. O amor é fogo, é
ferida, é dor. Porém, o caráter inusitado e reflexivo permanece
marcante. Isso arremata a ideia sobre o que é metáfora.

Trecho do poema Rosa de Hiroshima, de Vinicius de Moraes

…, mas, oh, não se esqueçam da rosa da rosa

Da rosa de Hiroshima

A rosa hereditária

A rosa radioativa…”

Aqui temos uma metáfora pura, pois não há nenhum elemento


comparativo. O poeta, em vez de utilizar a palavra bomba, insere a
palavra rosa.

metáfora impura.

Exemplo de metáfora impura.

Podemos visualizar esses fatores no trecho da música “Amor e


Sexo” de Rita Lee.

“Amor é um livro

Sexo é esporte

Sexo é escolha

Amor é sorte…”
Trecho do poema Coração de Pedra, de Cecília Meireles.
“Oh, quanto me pesa
este coração, que é de pedra!
Este coração que era de asas
de música e tempo de lágrimas.

2. Comparação.

A comparação (ou símile) é uma figura de linguagem que está na


categoria de figuras de palavras.

Ela é determinada por meio da relação de similaridade, ou seja,


pela comparação de dois termos ou ideias num enunciado.

Geralmente, é acompanhada de elementos comparativos


(conectivos): com, como, tal qual, tal como, assim, tão, quanto, parece
etc.

É muito comum o emprego da comparação na linguagem


informal (coloquial) e nos textos artísticos, por exemplo, na música, na
literatura e no teatro.

Exemplos de comparação.

Para compreender melhor a figura de linguagem comparação,


alguns exemplos na literatura e na música:

“É que teu riso penetra n'alma/Como a harmonia de uma


orquestra santa.” (Castro Alves)

“Meu amor me ensinou a ser simples como um largo de igreja.”


(Oswald de Andrade)

“Meu coração tombou na vida/tal qual uma estrela ferida/pela


flecha de um caçador”. (Cecília Meireles)

“Eu faço versos como quem chora/De desalento... de


desencanto...” (Manuel Bandeira)
“A vida vem em ondas, /como um mar/Num indo e
vindo/infinito.” (Música “Como uma onda” de Lulu Santos)

“Avião parece passarinho/Que não sabe bater asa/Passarinho


voando longe/Parece borboleta que fugiu de casa.” (Música “Sonho de
uma flauta” de Teatro Mágico)

Comparação e metáfora.

Comparação e metáfora são figuras distintas, devido à ausência


ou não de nexos comparativos, pois, enquanto na metáfora ocorrem
desvios de significação própria da palavra, na comparação ocorre o
confronto de pessoas ou coisas, a fim de destacar-se características,
semelhanças, traços comuns, visando a um efeito expressivo.

Exemplo: “O pavão é um arco-íris de plumas.”


A cauda armada do pavão forma um leque multicolorido, atribuindo a
ela as semelhanças e encantamentos de um arco-íris, configurando
assim um processo metafórico, pois não ocorrem nexos comparativos
dentro da frase. Perceba que o efeito comparativo ocorre
implicitamente ao ponto do sentido da palavra pavão ser desviado.

Exemplo com a inserção do elemento comparativo:

“O pavão é como um arco-íris de plumas.”

A força comparativa e expressiva ganhou destaque por conta da


partícula como. Perceba que o significado das palavras “pavão” e
“arco-íris” não sofreu nenhum desvio. Dessa forma, não temos uma
metáfora, mas uma figura de linguagem por símile ou comparação.

Símile híbrida.

Os estudos em torno da comparação e da metáfora descrevem


um fenômeno conhecido como símiles híbridas.

Exemplo: "A ponte para o infinito foi como um divisor de águas


em minha vida."

“ponte para o infinito” é uma metáfora que expressa os poderes


de um livro, que, por sua vez, é comparado, por meio da partícula
como, a um “divisor de águas…”. Sendo assim, identificamos a relação
entre metáfora e comparação em um mesmo texto, configurando
símile híbrida.

3. Catacrese.

A catacrese é uma figura de linguagem que resulta da ausência


de um termo específico para designar algo e, por consequência, usa
uma adaptação. Ela começa como um tipo de metáfora criada por
necessidade de comunicação. Porém, com o tempo, a expressão se
populariza e se cristaliza, tornando-se uma catacrese. Especificamente,
a catacrese é uma figura de palavra (ou semântica), pois está
relacionada ao sentido. Nos exemplos abaixo, há termos e frases que
foram criados dessa forma, a partir da adaptação de palavras já
existentes para, metaforicamente, passar um significado.

Exemplos de catacrese.

Alguns exemplos são:

 pernas/pés da mesa;

 cabeça do alfinete;

 cabeça/dente de alho;

 bico do bule/chaleira;

 céu da boca;

 embarcar em um trem;

 enterrar uma farpa;

 calçar luvas;

 braço do sofá.

Curiosidades sobre a catacrese.


A maioria das catacreses envolve alguma parte do corpo
humano.

Línguas diferentes costumam ter expressões parecidas. A


expressão “perna da mesa” em inglês é “table leg”, por exemplo, o
que seria uma tradução equivalente. A catacrese mostra o quanto a
língua pode ser versátil e criar expressões.
Exemplo na Literatura.

 “Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se


um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos.”
(Graciliano Ramos em Vidas Secas.)

A expressão “cotovelo da estrada” é um tipo de catacrese,


utilizada nos textos poéticos para oferecer maior expressividade ao
texto.

Exemplo na Música.

 “Usei a cara da lua/As asas do vento/Os braços do mar/O pé


da montanha” (MPB-4 em “Composição Estranha”)

As expressões “os braços do mar” e “o pé da montanha” são


exemplos de catacrese.

Já as expressões “cara da lua” e “asas do vento” são exemplos


de metáfora que ocorrem através de uma relação de similaridade.

4. Sinestesia.

A sinestesia é uma figura de linguagem que faz parte das figuras


de palavras. Ela está associada com a mistura de sensações
relacionadas aos sentidos: tato, audição, olfato, paladar e visão.

Sendo assim, essa figura de linguagem estabelece uma relação


entre planos sensoriais diferentes.

Ela é muito utilizada como recurso estilístico e, portanto, surge


em diversos textos poéticos e musicais. No movimento simbolista, a
sinestesia foi muito empregada pelos escritores.
Exemplos de sinestesia.

Exemplos de sinestesia na literatura:

 “E um doce vento, que se erguera, punha nas folhas alagadas


e lustrosas um frêmito alegre e doce.” (Eça De Queiros)

 “Por uma única janela envidraçada, (…) entravam claridades


cinzentas e surdas, sem sombras.” (Clarice Lispector)

 “Insônia roxa. A luz a virgular-se em medo. / O aroma


endoideceu, upou-se em cor, quebrou / Gritam-me sons de cor
e de perfumes.” (Mário de Sá-Carneiro)

 “As falas sentidas, que os olhos falavam/ Não quero, não


posso, não devo contar.” (Casimiro de Abreu)

 “Esta chuvinha de água viva esperneando luz e ainda com


gosto de mato longe, meio baunilha, meio manacá, meio
alfazema.” (Mário de Andrade)

 “O céu ia envolvendo-a até comunicar-lhe a sensação do azul,


acariciando-a como um esposo, deixando-lhe o odor e a
delícia da tarde.” (Gabriel Miró)

 “Que tristeza de odor a jasmim!” (Juan Ramón Jiménez).

Sinestesia na Medicina.

A sinestesia é um termo utilizado também na área da medicina.


Trata-se de uma condição neurológica (não é considerada doença),
geralmente de causa genética (hereditária).
Ela faz com que um estímulo neurológico cognitivo ou sensorial
provoque uma resposta numa outra via cognitiva ou sensorial. Trata-
se, portanto, de uma confusão mental.
Assim, um estímulo num determinado sentido provoca reações
em outro, criando uma combinação entre visão, audição, olfato,
paladar e tato.
Pessoas que tem essa condição neurológica, por exemplo, ouvem
cores e sentem sons.
5. Personificação.

A personificação, também chamada de prosopopeia ou


animismo, é uma figura de linguagem, mais precisamente, uma figura
de pensamento muito utilizada nos textos literários.

Ela está diretamente relacionada com o significado (campo


semântico) das palavras e corresponde ao efeito de “personificar”, ou
seja, dar vida aos seres inanimados.

A personificação é utilizada para atribuir sensações, sentimentos,


comportamentos, características e/ou qualidades essencialmente
humanas (seres animados) aos objetos inanimados ou seres
irracionais.

Exemplos da personificação.

alguns exemplos em que a personificação é empregada:

 O dia acordou feliz e o sol sorria para mim.

 O vento assobiava esta manhã em que o céu chorava.

 Naquela noite, a lua beijava o céu.

 Após a erupção do vulcão, o fogo dançava por entre as


casas.
Nos exemplos acima, nota-se a utilização da personificação, na
medida em que características de seres animados (que possuem alma,
vida) são atribuídas aos seres inanimados (sem vida).

Note que os verbos ligados os substantivos inanimados (dia, sol,


vento, fogo e lua) são características dos seres humanos: acordar,
sorrir, assobiar, chorar e beijar.

Personificação na Literatura.

O uso da personificação na literatura é muito comum. A poesia,


por exemplo, é um dos gêneros literários que utiliza bastante essa
figura de linguagem.
Um clássico da literatura brasileira que utiliza a personificação é
o autor Graciliano Ramos em sua obra intitulada “Vidas Secas”. No
capítulo chamado “Baleia”, em que ocorre a narração da morte da
cachorra, o autor deixa claro os traços tipicamente humanos atribuídos
ao animal. Baleia sofre como os donos, tem pensamentos e emoções.
Ela é caracterizada na trama como um membro da família.

“Não se lembrava de Fabiano. Tinha havido um desastre, mas


Baleia não atribuía a esse desastre a impotência em que se achava
nem percebia que estava livre de responsabilidades. Uma angústia
apertou-lhe o pequeno coração. Precisava vigiar as cabras: àquela
hora cheiros de suçuarana deviam andar pelas ribanceiras, rondar as
moitas afastadas.” (RAMOS, 1992, p. 89)

Personificação na Música.

A personificação é uma figura de linguagem muito encontrada


nas músicas.

“Olho para o céu

Tantas estrelas dizendo da imensidão

Do universo em nós
A força desse amor
Nos invadiu
Com ela veio a paz, toda beleza de sentir

Que para sempre uma estrela vai dizer

Simplesmente amo você (...)”

Na música “Céu de Santo Amaro”, do compositor Flávio


Venturini, ele dá às estrelas a característica humana de falar no trecho
“que para sempre uma estrela vai dizer”.
“(...)
Aprendi o segredo, o segredo
O segredo da vida
Vendo as pedras que choram sozinhas
No mesmo lugar ...”

Neste trecho da música Medo da Chuva de Raul Seixas, “vendo


as pedras que choram sozinhas” o artista humanizou a pedra,
atribuindo a sensação de choro, característica inerente ao ser humano.

6. Metonímia.

é uma figura de linguagem que consiste no emprego de uma


palavra fora do seu contexto semântico normal, dada a sua
contiguidade (e não a similaridade) material ou conceitual com outra
palavra. Trata-se de uma substituição lógica de um termo por outro,
mantendo-se, todavia, uma proximidade entre o sentido de um termo
e o sentido do termo que o substitui.

Na metonímia, um termo substitui outro não porque a nossa


sensibilidade estabeleça uma relação de semelhança entre os
elementos que esses termos designam (caso da metáfora), mas
porque existe, de fato, uma relação de contiguidade entre o sentido de
um termo e o sentido do termo que o substitui.

Exemplos de metonímia.

Na relação metonímica ocorre substituição de:

 parte pelo todo → "Enormes chaminés dominam os bairros


operários" (chaminés por fábricas).

 proprietário por propriedade → "Adorei ler Jorge Amado"


(Jorge Amado por seu livro).

 recipiente pelo conteúdo → "Comeu toda a caixa de


bombons" (toda a caixa de bombons por todos os bombons
contidos na caixa).

 consequência pela causa → "Respeite os meus cabelos


brancos" (meus cabelos brancos por minha idade).

 marca pelo produto → "Comprou um Honda" (Honda por


automóvel da marca Honda).
 símbolo pelo significado → "A coroa inglesa foi abalada por
recentes escândalos" (a coroa inglesa pelo governo
monárquico inglês).
 instrumento por quem o utiliza → "Ele é um bom pincel"
(pincel por pintor).

7.Sinedoque.

A sinédoque é uma figura de linguagem semelhante à


metonímia. Ela se caracteriza pela substituição de um termo por outro
e indica a parte mais restrita pela mais extensa, o todo, ou o todo pela
parte. Sendo assim, podemos dizer que a Sinédoque é uma figura de
inclusão em que ocorre substituição da parte pelo todo, ou vice-versa.
Em exemplos práticos, é o que acontece com: chaminé pela fábrica, o
telhado pela casa, o singular pelo plural, a substância pelo produto, a
nação pelo governo, o gênero pela espécie.

Muitos autores dizem que a Sinédoque é um tipo de


Metonímia. Alguns defendem a Sinédoque como uma relação
quantitativa entre o significado usual da palavra e seu conteúdo criado
na mente, ocasionando na redução ou ampliação. Já na metonímia,
dizem que acontece uma relação qualitativa entre os termos, havendo
assim, contiguidade entre eles. Para se tornar melhor a compreensão,
abaixo as metonímias mais comuns:
 Substituição do nome da obra pelo nome do autor, como
em ler Machado de Assis.
 Substituição do nome do produto pelo nome da marca do
produto, como em beber uma Brahma ou comprar uma Gillette.
 Substituição da causa pelo efeito, como em lançara morte
sobre o animal.

Substituição do concreto pelo abstrato ou vice-versa, como em


ele tem grande coração (tem grande bondade) ou ela o afagava com
sua mocidade (seus braços de mulher jovem).

7.1. Exemplos da Sinédoque

 Nunca tive um teto para me abrigar. – Teto como


representação da casa

 O aluno deverá manter o silêncio na biblioteca. – Aluno como


representação de todos os alunos.
 Quanto mais o Homem constrói, mais o Homem destrói. – O
homem como representação dos seres humanos

 O país é analfabeto. – O país como representação de todas as


pessoas do país

 O Brasil jogou bem nas olimpíadas. – O Brasil como


representação do time brasileiro

 Ao cair da tarde, o bronze soa triste. – O bronze como


representação do sino.

 Ele era o Judas da turma. – O Judas como representação do


traidor.

 A juventude é corajosa e destemida. – A juventude como


representação dos jovens.

 O maior fazendeiro de Goiás possui mais de 50 mil cabeças


de gado. – As cabeças de gado como representação de bois.

8. Hipérbole.

A hipérbole é uma figura de pensamento que se caracteriza


pelo exagero proposital em uma declaração. Ela pode ser identificada
em falas do cotidiano, em textos literários ou artísticos e na
propaganda. Essa figura de linguagem tem caráter emotivo e busca
enfatizar determinado fato ou situação por meio da deformação da
realidade, já que extrapola o sentido original do texto.

A hipérbole é uma figura de pensamento, já que o sentido


figurado reside na ideia sugerida. Assim, ela consiste no exagero
proposital em uma afirmação. Daí o adjetivo “hiperbólico”, isto é,
exagerado, excessivo. A hipérbole caracteriza-se pelo tom dramático
da declaração, portanto é emotiva e enfática, e pelo seu caráter de
distorção da realidade.

Dessa forma, ela pode ser usada nos discursos do cotidiano, para
maior expressividade da ideia do enunciador, como também na
propaganda, com propósitos mercantilistas ou ideológicos, além de ser
usada em textos literários ou artísticos em geral, fantásticos ou não,
para enfatizar, menosprezar, criticar ou encantar, entre outros
objetivos.

Exemplos da Hipérbole

No cotidiano, usamos hipérboles como:


 Faz uma hora que estou esperando esse ônibus. - Quando, na
verdade, o enunciador dessa frase está no ponto de ônibus há
apenas cinco minutos.
 Já falei um milhão de vezes que não quero que você faça isso,
meu filho! - Na realidade, é a segunda vez que a mãe ou pai
adverte o filho.
 Vou morrer de tanto estudar! - Assim, o enunciador quer
enfatizar o fato de que está estudando bastante.

Para ilustrar o uso da hipérbole em um texto literário, vamos ler


alguns trechos da letra da música “Exagerado”, de Cazuza, Leoni e
Ezequiel Neves, do álbum Exagerado, de 1985:

Exagerado

Amor da minha vida

Daqui até a eternidade

Nossos destinos

Foram traçados na maternidade

Paixão cruel, desenfreada

Te trago mil rosas roubadas

Pra desculpar minhas mentiras

Minhas mancadas

Eu nunca mais vou respirar


Se você não me notar

Eu posso até morrer de fome


Se você não me amar

Assim, podemos apontar as hipérboles: “mil rosas roubadas”,


“nunca mais vou respirar” e “morrer de fome”, que são expressões
exageradas condizentes com o título da canção, que descreve uma
pessoa exagerada quando o assunto é amor.

9. Eufemismo.

Eufemismo é uma figura de linguagem, ou de pensamento,


caracterizada por suavizar a informação de um enunciado. Portanto, é
usado, principalmente, em contextos formais ou nas situações em que
o enunciador pretende ser agradável, preocupado em não ofender
interlocutores ou ouvintes. Assim, por exemplo, ele prefere dizer que
determinada pessoa “passou desta vida para uma melhor”, em vez de
falar que ela morreu.

Portanto, quando um médico diz que o paciente tem um tumor


maligno em vez de câncer, ou uma repórter fala que determinada
pessoa pública faltou com a verdade, em vez de afirmar que ela
mentiu, ou, ainda, quando a morte de alguém é anunciada com
expressões tais como “deu o último suspiro”, “partiu”, “descansou”,
entre outras, estamos diante de eufemismos.

Exemplos do Eufemismo.

 Pessoas da terceira idade sofrem com a estrutura das grandes


cidades. (Pessoas velhas.)

 Reconheço que minha filha é estressada com as pessoas. (É


grosseira.)

 João sempre foi “cheinho”, puxou ao pai. (João sempre foi


gordo.)

 Alejandro é limitado, mas não me importo com isso.


(Alejandro é burro.)
 Giovanna recusou-se a assinar a carteira de sua secretária do
lar e, por isso, perdeu uma funcionária competente. (A
carteira de sua empregada doméstica.)

 O advogado foi acusado de subtrair bens alheios. (Acusado de


roubar.)

 Depois de gritar e quebrar copos e garrafas, o engenheiro foi


convidado a retirar-se da festa. (O engenheiro foi expulso.)

 Não fui feliz no exame da OAB. (Fui reprovado.)

10. Gradação.

A gradação é uma figura de linguagem, sendo classificada


mais especificamente como uma figura de pensamento por criar efeito
de sentido no texto por meio de um conceito, uma ideia expressa por
determinadas palavras.

Tipos de Gradação e exemplos.


Clímax (ou gradação ascendente/crescente).
O clímax, também chamado gradação ascendente/crescente,
dispõe as palavras em sentido de mais brando para mais intenso,
tornando o sentido do enunciado mais forte.
Exemplo:

 O primeiro milhão possuído excita, acirra, assanha a gula do


milionário. (Olavo Bilac — 1865-1918)

Nesse caso, vemos a intensificação da ideia de como o primeiro


milhão pode instigar a gula do milionário: a sequência entre os verbos
“excita”, “acirra” e “assanha”, tornando esse sentimento muito mais
acentuado.
 Ó não guardes, que a madura idade / te converta essa flor, essa
beleza / em terra, em cinzas, em pó, em sombra, em nada.
(Gregório de Matos — 1636 -1696)
Nesse trecho, vemos como a gradação intensifica a ideia de
decomposição e desmaterialização do ser, passando de “terra” para
“cinzas” e “pó”, seguido de “sombra” e, por fim, “nada”.

Anticlímax (ou gradação descendente/decrescente).

O anticlímax, também chamado gradação


descendente/decrescente, dispõe as palavras em sentido de mais
intenso para mais brando, atenuando o sentido do enunciado, fazendo
com que fique mais suave.

Exemplo:

 Vangloriava-se por aí, mas mal conseguia estabelecer ordem


em seu bairro, sua casa, seu quarto. - Nesse exemplo, nota-se
uma gradação descendente por meio das palavras “bairro”,
“casa”, “quarto”.

 Se soubesse, não teria falado, mas falei pela veneração, pela


estima, pelo afeto, para cumprir um dever amargo […].
(Machado de Assis — 1839-1908). - Aqui, nota-se um anticlímax
nas motivações para se falar algo, decaindo da “veneração” para
a “estima”, passando pelo “afeto” e finalizando em “cumprir um
dever amargo”, que é uma motivação menos forte do que as
outras.

Concatenação (ou epíploce).

A concatenação, também chamada epíploce, é um tipo específico


de gradação em que ocorre um tipo de entrelaçamento. Nela, logo
após um enunciado, vem outro para intensificar o sentido do anterior,
mas repetindo um elemento do anterior para reforçar a ligação entre
esses enunciados. Veja no exemplo a seguir:

Das intemperanças do comer, por mais que o tempere a gula,


nascem as cruezas; das cruezas, a confusão e discórdia dos humores;
dos humores discordes e descompostos, as doenças; e das doenças, a
morte. (Padre Antônio Vieira — 1608-1697).

Nesse sermão de Padre Antônio Vieira, nota-se como a gradação


é feita intensificando a gravidade e a impureza dos conceitos:
intemperanças do comer – cruezas – discórdia dos humores – doenças
– morte. Porém, em cada novo enunciado, retoma-se o elemento
anterior, repetindo-o. Aí, tem-se o efeito da concatenação.

11. Antítese.

A antítese é uma figura de linguagem usada para realçar e


intensificar o sentido daquilo que se fala por meio do uso de termos
com sentidos opostos no discurso. Trata-se, portanto de uma figura de
pensamento, ou seja, aquela cujo efeito dá-se pelo sentido das
palavras.

A oposição de sentidos pode ser entre palavras, entre


expressões ou mesmo entre orações. Quando os termos usados
aparecem próximos no enunciado, cria-se uma relação que intensifica
o sentido do discurso. A antítese também ocorre na linguagem não
verbal.

Diferenças entre antítese e paradoxo

O paradoxo, ou oximoro, também é uma figura que usa sentidos


opostos para passar uma mensagem de modo mais intenso. No
entanto, enquanto a antítese consiste no mero uso de termos opostos
no enunciado, o paradoxo constrói uma relação entre esses termos de
modo a criar uma mensagem aparentemente contraditória.
Exemplos da Antítese.
 “Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” (Ditado
popular).
 “O que o berço dá só a cova tira.” (Esaú e Jacó, de Machado de
Assis)
 “Sua alma subiu ao céu, seu corpo desceu ao mar” (Ismália, de
Alphonsus de Guimaraens).

A antítese também é comum na linguagem não verbal: ao


aproximar elementos contrastantes, gera um efeito de destaque.

12. Paradoxo

O paradoxo é uma figura de linguagem ou figura de pensamento.


É chamado também de oximoro ou oxímoro, e consiste na expressão
de uma ideia contrastante, isto é, em que há oposição, além de conter
em si uma contradição, uma incoerência, por apresentar elementos
que se contradizem. Portanto, não basta haver oposição na ideia
expressa, os elementos contrastantes precisam também ser
contraditórios.

No entanto, a característica do contraditório não invalida o


enunciado, pelo contrário, dá a ele a possibilidade de plurissignificar,
ou seja, significar mais do que o óbvio, ir além do sentido denotativo.
Trata-se, por conseguinte, de uma forma elaborada de expressão, que
exige do enunciador e do interlocutor ou receptor um maior
conhecimento linguístico e de mundo.

Tipos de Paradoxo

 Paradoxo verídico é aquele que, com base em um


raciocínio lógico correto, leva a resultados improváveis.
Como exemplo, citamos o paradoxo do hotel de Hilbert,
que afirma: “Mesmo que um hotel com infinitos quartos
esteja completamente cheio, ele ainda pode receber mais
hóspedes”. A princípio, é paradoxal, contraditória essa
afirmação, não é mesmo?

 Paradoxo falsifico é aquele que, com base em um


raciocínio falso, leva a resultados incorretos. Como
exemplo, citamos o paradoxo do enforcamento inesperado,
que ocorre na seguinte situação. Imagine que, no sábado,
é decretado que determinado prisioneiro será enforcado na
semana seguinte, ao meio-dia, e que o enforcamento
acontecerá em um dia inesperado.

 Paradoxo condicional é aquele que depende da relação


entre causa e consequência e gera, muitas vezes, um
problema de difícil resolução, pois um fato originaria outro,
que, por sua vez, originaria aquele, como se pode ver na
pergunta: “O que surgiu primeiro, o ovo ou a galinha?”. Se
o ovo depende da galinha para existir, e a galinha depende
do ovo para existir, o que surgiu primeiro?

Exemplos do Paradoxo

 Estamos vivendo uma guerra pacífica.


 O prazer é doloroso para aqueles que amam.

 Estou cansado de ouvir essas verdades mentirosas.

 A sua sinceridade falsa enganava muita gente.

 Não me esquecerei do ódio amoroso que ele sentia por mim.

 Ela demonstrava sua humildade arrogante em palavras de


suposta sabedoria.

 A covardia do herói nunca mais foi esquecida.

 A confiança dos céticos é inabalável.

 O som do silêncio, para algumas pessoas, é perturbador.

 Ela acreditava na vida após a morte.

13.Ironía

A ironia é uma figura de linguagem que expressa o oposto do


que se quer dizer, geralmente com um tom sarcástico.

Exemplos de ironia.

 Situação de chuva: “Que dia lindo para um piquenique!”


(quando está chovendo).

 Nota baixa: “Parabéns pela sua excelente nota, você


realmente se superou!” (ao se referir a uma nota muito
baixa).

 Trânsito pesado: “Ótimo, mais uma hora presa no trânsito.


Adoro perder meu tempo assim!”
Esses exemplos mostram como a ironia pode ser usada para
criticar ou fazer humor, dependendo do contexto.

14.Preterição

Trata-se de uma figura de retórica, uma figura de pensamento


denominada preterição. Consiste em tratar um determinado assunto
ao mesmo tempo que afirma que ele será evitado, fingindo que não se
quer falar dele. É conhecido o seguinte exemplo traduzido de Cícero:

Exemplos:
«Não vos direi, pois, senhores, quão grandes e quão afortunados
foram seus feitos na paz e na guerra, por terra e por mar; não só os
cidadãos consentiram sempre nos seus quereres, os aliados lhe
obedeceram, os inimigos se lhe sujeitaram, como os próprios ventos e
tempestades lhe foram favoráveis.»

A preterição é uma figura de linguagem que consiste em fazer uma


alusão a algo, mas de forma que parece ignorá-lo ou deixá-lo de lado.
Aqui estão alguns exemplos:

 “Não quero entrar em detalhes sobre como foi difícil, mas posso
dizer que conseguimos o que
 “Sem falar nas suas falhas, você fez um ótimo trabalho.”
 “É desnecessário falar sobre as críticas que recebemos, mas
nossa equipe se saiu muito bem.”

15. Anáfora.

A anáfora é uma figura de linguagem poderosa que utiliza a


repetição de palavras ou frases no início de versos ou orações. Essa
técnica não apenas cria um ritmo envolvente, mas também serve para
enfatizar ideias centrais e fortalecer a mensagem. Abaixo, apresento
um texto que ilustra bem o uso da anáfora.

Exemplos de anáfora.

"Todos sonham com um futuro melhor. Todos desejam um mundo


mais justo. Todos buscam a felicidade em pequenas coisas. Todos
acreditam que, juntos, podem fazer a diferença.
Todos enfrentam desafios e superam obstáculos. Todos têm
histórias de luta e perseverança. Todos conhecem o gosto amargo da
derrota e a alegria da vitória. Todos aprendem com os erros e crescem
com as experiências.

Todos buscam amor, amizade e compreensão. Todos querem ser


ouvidos e valorizados. Todos anseiam por um lugar onde possam ser
livres. Todos desejam um amanhã repleto de esperança.

E, ao final, todos entendem que, apesar das dificuldades, a força


da união é capaz de transformar realidades. Todos podem contribuir,
cada um à sua maneira. Todos têm um papel a desempenhar nesta
jornada chamada vida."

Nesse texto, a repetição de "todos" no início das frases reforça a ideia


de coletividade e a experiência compartilhada, criando um forte
impacto emocional. A anáfora, assim, se torna um recurso eficaz para
transmitir uma mensagem de esperança e união. Se precisar de mais
informações ou de outros exemplos, é só avisar!

16.Pleonasmo

O pleonasmo é uma figura de linguagem que consiste na


repetição de uma ideia através de palavras sinônimas ou que têm um
significado redundante. Essa técnica é frequentemente utilizada para
enfatizar uma ideia, embora, em muitos casos, possa ser considerada
um vício de linguagem.

Exemplos de pleonasmo.

Na vida cotidiana, encontramos diversas situações que revelam o


uso do pleonasmo. Por exemplo:

 ao dizer que alguém “subiu para cima” estamos reforçando a


ideia de que a pessoa está se elevando.

 É comum ouvir expressões como “entrar para dentro” ou


“sair para fora”, que, embora sejam redundantes, trazem uma
ênfase que pode ser intencional.
 Quando falamos do “futuro que está por vir”, a expressão
reforça a ideia de que o futuro é algo que sempre está à
frente, aguardando para ser vivido.

 Além disso, ao afirmar que alguém “viu com os próprios


olhos”, estamos reiterando a certeza da testemunha,
enfatizando a experiência pessoal e direta.

 Outro exemplo claro é a frase “eu ouvi com meus próprios


ouvidos”. Aqui, a repetição da ideia de ouvir é utilizada para
realçar a autenticidade do relato.

 Em situações de emoção, como em um discurso, o uso de


pleonasmos pode aumentar a dramaticidade: “ele morreu de
morte matada”, onde a redundância expressa a intensidade
da perda.

 Em publicidade, o pleonasmo também pode ser uma


estratégia. Frases como “grátis e de graça” ressaltam a oferta
sem custo, tornando a mensagem mais impactante.

 Da mesma forma, “todas as pessoas, em geral, gostam de se


divertir” destaca a universalidade da afirmação, mesmo que
seja redundante.

 “Subir para cima” - A expressão “subir” já implica movimento


para cima.

 “Entrar para dentro” - “Entrar” já sugere o ato de ir para


dentro.

 “Sair para fora” - O verbo “sair” indica que a pessoa está indo
para fora.

 “Vi com meus próprios olhos” - A expressão “com meus


próprios olhos” é redundante, pois a visão é sempre pessoal.

17.Polissíndeto.

O polissíndeto é uma figura de linguagem que consiste na


repetição de conjunções em uma série de elementos, com o objetivo
de dar ênfase e ritmo à frase. É o oposto do assíndeto, que omite as
conjunções.

Exemplos de Polissíndeto:
 “Eu comprei pão e leite e queijo e frutas.” - A repetição da
conjunção “e” enfatiza a quantidade dos itens.
 “Ele gosta de correr e nadar e andar de bicicleta.” - A
repetição reforça as atividades que ele aprecia.
 “E quando chegou à noite e as estrelas apareceram e a lua
brilhou, tudo ficou mais bonito.” - O uso das conjunções dá
um ritmo poético à descrição.
 “Na festa, havia música e dança e alegria.”

18. Quiasmo.

Quiasmo é uma noção que vem de um conceito grego, referindo-


se a algo cuja disposição é cruzada. O termo é usado para designar
uma figura literária que envolve a troca da ordem dos elementos de
duas sequências.

O quiasmo, portanto, é conseguido através da repetição das


mesmas frases ou termos, mas de forma cruzada e preservando a
simetria. Isso cria um significado particular na expressão e reforça uma
ideia, pois a repetição cruzada causa surpresa e leva à reflexão sobre o
que foi dito.

Esta figura está presente na obra de muitos dos grandes autores


da literatura e é utilizada para jogar com diferentes aspectos da
linguagem e produzir diferentes efeitos no leitor, como momentos de
humor ou de tragédia, sempre acessíveis após uma reflexão. Vale a
pena referir que esta figura também aparece no cinema, embora não
com tanta frequência.
Estrutura do quiasmo.
A estruturação do quiasmo pode ser entendida sob a forma de
uma enumeração, na qual os elementos se repetem em ordem
invertida: 1-2-3-3-2-1.
Exemplos do quiasmo.
1: Acordei / 2. peguei num livro / 3. comecei a ler / 3. acabei de
ler / 2. pousei o livro / 1. adormeci.
O quiasmo seria expresso da seguinte forma: “Acordei, peguei
num livro e comecei a ler. Quando acabei de ler, pousei o livro e
adormeci.
Outro exemplo de quiasmo é o seguinte: “Quando tento lembrar-
me não me lembro, mas às vezes lembro-me sem tentar lembrar-me”.
Como se pode ver, há uma troca de ordem: o que o quiasmo evidencia
é que, se a pessoa faz um esforço para se lembrar de algo, não
consegue lembrar-se. Mas, no entanto, por vezes, as recordações
aparecem na sua mente, apesar de não estar a fazer um esforço para
o fazer.

19. Aliteração.

A aliteração é uma figura literária que consiste na repetição ou


reiteração de determinados sons no texto escrito, com o objetivo de
obter maior expressividade ou impacto sonoro.

Trata-se de uma figura de estilo não sujeita a regras métricas,


que utiliza estratégias sonoras diferentes consoante a língua em
questão. Por exemplo, entre os estudiosos do latim clássico, era
popular compor frases e versos cujas palavras começavam todas com
a mesma letra.

A aliteração é quase exclusiva da linguagem literária, mas é


possível encontrá-la em dísticos populares, rimas infantis e até em
certas frases da linguagem quotidiana. Mas caracteriza-se pela sua
capacidade de chamar a atenção do falante para os próprios sons que
está a proferir.

Exemplos de aliteração.

 “Vozes veladas, veludosas vozes, /Volúpias dos violões, vozes


veladas/Vagam nos velhos vórtices velozes/Dos ventos, vivas,
vãs, vulcanizadas.” (Cruz e Souza) – repetição da consoante
“v”.

 “Leva-lhe o vento a voz, que ao vento se deita.” (Luís de


Camões) – repetição da consoante “v”.

 “O rato roeu a roupa do rei de Roma.” (provérbio popular) –


repetição da consoante “r”.
 “Quem com ferro fere com ferro será ferido.” (provérbio
popular) – repetição da consoante “f”.
 “O sabiá não sabia que o sábio sabia que o sabiá não sabia
assobiar.” (provérbio popular) – repetição da consoante “s”.

Aliteração e onomatopeia

Além de tudo o que foi dito acima, é preciso ressaltar que, em


muitas ocasiões, a aliteração tende a ser confundida com outro recurso
chamado onomatopeia. No entanto, a diferença é muito clara:
enquanto o primeiro termo consiste na repetição de fonemas com o
objetivo de “evocar” um som específico, o segundo conceito descreve
a ação de imitar ou recriar o som de algo através da formação de uma
palavra específica.

Assim, entre os exemplos mais frequentes de palavras formadas


para recriar este som e que são consideradas onomatopeias estão:
“Ring” como o toque de um telefone, “woof” como o ladrar de um cão,
“meow” como o miar de um gato ou “pum” como um tiro.

20. Assonância

A assonância é uma figura de linguagem de som. Ela é


caracterizada pela repetição vocálica em uma frase, texto ou
enunciado. A aliteração é muito utilizada na literatura e na música, por
exemplo, pois ela atribui muita expressividade e ênfase ao texto. Isso
acontece devido à intensificação da musicalidade e do ritmo.

A repetição vocálica (vogais) pode acontecer nas sílabas tônicas


das palavras ou pode se destacar por meio da regularidade em uma
sentença. A assonância pode compor (ou ajudar a compor) rimas em
poemas e letras de músicas.

Aliteração e Assonância

A assonância pode ser confundida com a aliteração. No entanto,


estas apresentam diferenças: enquanto a aliteração consiste na
repetição consonantal (consoantes), a assonância é a repetição de
sons vocálicos (vogais).
Exemplos de aliteração e assonância.

 Aliteração: “O pato pateta pintou” – repetição das


consoantes “p” e “t”.
 Assonância: “Minha foz do Iguaçu/Polo Sul, meu azul/Luz do
sentimento nu (Djavan) – repetição da vogal “u”.

Exemplos de Assonância

 “Jurei, mas não acreditei. Não fiquei quando eu pensei: “nunca


hesitei, então irei”.

 “A ponte aponta e não desaponta”.

Trata-se de um recurso linguístico muito utilizado em poemas ou


letras de música, mas também pode ocorrer em textos em prosa.

21. Onomatopeia

Onomatopeia é uma palavra que vem do latim tardio


onomatopeia, embora a sua origem remonte a uma palavra grega. É a
imitação ou recriação do som de algo no termo utilizado para o
significar. Pode também referir-se a fenómenos visuais.

Por exemplo: “O carro dele andava em ziguezague até embater


numa árvore”. Neste caso, a onomatopeia “ziguezague” refere-se a
uma marcha oscilante que é percepcionada com o sentido da visão.

Um exemplo clássico de onomatopeia é o som do relógio,


representado por "tic-tac". Da mesma forma, o som da batida de um
tambor pode ser descrito como "bum", e o latido de um cachorro como
"au-au".

A onomatopeia pertence ao grupo das figuras de som ou


harmonia. Esses recursos linguísticos utilizam a sonoridade das
palavras para enriquecer a expressividade e a musicalidade dos textos.

Linguisticamente, a onomatopeia varia de país para país,


refletindo as diferentes formas como as pessoas percebem e
interpretam os sons ao seu redor.
Por exemplo, o som que descrevemos como "cocoricó" para o
canto do galo em português é "cock-a-doodle-doo" em inglês e
"cocorico" em francês. Essa variação ilustra como a onomatopeia é
influenciada pelos sistemas fonológicos e pelas convenções culturais
de cada idioma.

Exemplos de Onomatopeia.
Sons de animais:
 Miau: som do gato
 Au-au: som do cachorro
 Cocoricó: som do galo
 Bzzz: som de abelha
 Piu-piu: som do passarinho
 Cri-cri: som de grilo
 Croac-croac: som de sapo
 Muuu: som de boi, vaca
 Mééé, bééé: som de ovelha
 Oinc-oinc: som doporco
 Quack, quá-quá, quac: som de pato
 Ssssss: som de cobra

22. Paronomásia.

Paronomásia ou paronomásia é uma figura literária de tipo fônico


(ou seja, que trabalha com o som das palavras), e que consiste no uso
de parônimos na frase, ou seja, palavras com significados diferentes,
mas com pronúncias muito semelhantes. É um recurso muito utilizado
na escrita poética, com fins recreativos e satíricos, bem como em
provérbios e ditados populares.

O termo paronomásia vem do latim paronomásia e este do grego


παρονομασία, por se tratar de um recurso muito antigo, sobre o qual
falaram gramáticos romanos como Diomedes e Carísio (ambos do
século IV), e antes deles o próprio Cícero (106-43 a.C). Já no mundo
moderno era comum entre os conceptistas do século XV e no barroco
espanhol do século XVII, como parte dos seus jogos de palavras para
fins burlescos.

Exemplos de paronomásia.

A paronomásia consiste no jogo de sons entre palavras


semelhantes, que aparecem sucessivamente na frase, dando a
impressão de que algo está se repetindo. Então, basta trocar uma
vogal e/ou consoante na mesma palavra para obter um parônimo o
desafio é utilizá-los de tal forma que não só façam sentido, mas
também tenham humor: que introduzam uma piada ou uma zombaria
em relação ao que foi dito.

Por exemplo, se pegarmos a palavra “passo”, podemos encontrar


seus parônimos “peso” e “bem”, que embora soem semelhantes têm
significados totalmente diferentes, e construir uma frase como a
seguinte:

 “Pedro dá um passo ruim para um peso e cai num poço”,


significando de forma oculta que Pedro sofre de um apego
excessivo ao dinheiro.

 “Na boa república o padre nãoO fazendeiro Compramos e o


cavaleiro luta” (Fray Antônio de Guevara)

 “Pouca coisa vai jogo a fogo / brincando acho que vou me


queimar” e “De marido a tonto sem chance?” (Tirso de
Molina)

 “A mão branca e bela, / belo e branco oficial de justiça / da


liberdade e da bolsa, / é de neve e de não é legal” (Góngora)

 “Ele ouriça do mar com írisse ouriçose riza de risa” (Otávio


Paz)

 “É parede é mero parede está mudo Mira morra” (Alejandra


Pizarnik)

 “E homem a ombros do medo” (Blas de Otero)


Conclusão.

As figuras de linguagem desempenham um papel fundamental


na comunicação, enriquecendo o discurso e ampliando as
possibilidades de expressão. Elas permitem que as ideias sejam
apresentadas de maneira mais criativa, emocionante e envolvente,
transformando a linguagem comum em algo poético e impactante.

Um dos aspectos mais notáveis das figuras de linguagem é sua


capacidade de evocar emoções. Por meio de metáforas, símiles e
hipérboles, por exemplo, os autores conseguem transmitir sentimentos
complexos de forma mais direta e intensa. Ao dizer que “a vida é uma
montanha-russa”, o autor não apenas descreve a inconstância da vida,
mas também instiga uma conexão emocional com o leitor, que pode
sentir a adrenalina e a vulnerabilidade dessa experiência.

Além disso, as figuras de linguagem contribuem para a clareza e


a concisão. O uso de metonímias e sinestesias, por exemplo, pode
simplificar descrições complexas, tornando-as mais acessíveis. Uma
frase como “ele é um leão no trabalho” não só transmite força e
coragem, mas o faz de maneira sucinta, evitando explicações longas e
complicadas.

As figuras de linguagem também desempenham um papel


crucial na persuasão. Em discursos políticos, publicidades e textos
argumentativos, a escolha cuidadosa de figuras como a anáfora e o
pleonasmo pode reforçar a mensagem e torná-la mais memorável.
Frases repetidas, como em um slogan publicitário, permanecem na
mente do público, aumentando o impacto da mensagem.

Por outro lado, o uso excessivo ou inadequado de figuras de


linguagem pode levar a ambiguidades ou a uma comunicação ineficaz.
É fundamental que o autor conheça bem as figuras que está utilizando,
assim como o contexto e o público-alvo. O equilíbrio é essencial: uma
obra literária rica em figuras de linguagem pode ser um deleite para o
leitor, mas um texto técnico repleto de metáforas pode acabar
confuso.

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