Introdução À Literatura

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Introdução à literatura

Literatura é a arte de compor escritos artísticos, em prosa ou em verso, de


acordo com princípios teóricos e práticos, o exercício dessa arte ou da expressividade
e poesia.
A palavra Literatura vem do latim "litteris" que significa "Letras", e
possivelmente uma tradução do grego "grammatikee". Em latim, literatura significa
uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se
relaciona com as artes da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere
especificamente à arte ou ofício de escrever de forma artística.

Estudo das funções da literatura e a técnica poética

As funções da literatura são as reflexões que incidem sobre a literatura num dado
momento da sociedade:

1. Imitação ou mimese: representa o mundo que nos rodeia, Aristóteles


considerou a poética como arte de imitação da acção da vida.
2. Expressiva (compreender): fase do romantismo, literatura de interioridade do
autor.
3. Catarse: função na literatura que era usada (Grécia) para limpar o que era mal.
4. Literatura de invasão: fugir da realidade social.
5. Literatura engajada: comprometida para uma causa.
6. Literatura arte pela arte: cultivar o valor estético.
7. Limite do conhecimento: permite ao leitor progredir no conhecimento do
mundo.
A poética

A poética é o conjunto de regras e preceitos que ensinam a fazer o poema. A


palavra poesia é de origem latina (poēsis verbo poein, que significa “fazer fabricar”)
que, por sua vez, deriva de um conceito grego. Trata-se da manifestação da beleza ou do
sentimento estético através da palavra, podendo ser sob a forma de versos ou de prosas.
Em todo o caso, o seu emprego mais usual está relacionado com os poemas e com as
composições em verso.
Foi a partir do século XIX que o formalista russo Roman Jakobson e
estruturalista checo Boris Schnaiderman, implementaram com frequência a técnica no
campo da ciência literária do qual, a utilização da poética faz uma mensagem verbal a
obra de arte.
Classificação das rimas

Rima é uma homofonia externa, constante da repetição da última vogal tônica


do verso e dos fonemas que eventualmente a seguem (coincidência de sons finais
rasamente com a palavra do interior do verso).

O que diz respeito a sua riqueza (valores) as rimas podem ser:

a) Rimas ricas: Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais


diferentes.
Ex: Cantando/bando, mar/navegar, vagos/lagos e quem/tem.
b) Rimas pobres: Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe
gramatical.
Ex: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito.
c) Raras: Quando a rima acontece entre palavras de difícil combinação melódica.
Exemplo: Cisne/tisne.
d) Preciosas: Rimas entre verbos na forma verbo-pronome com outras palavras.
Exemplo: Estrela/tê-la, Tranquilo/segui-lo, Amar/Aramar.

Posição no verso

a) Externa - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de


rima.
b) Interna - Quando a semelhança fonética aparece no interior do verso.

Trazendo uma borboleta,

Volta Alfredo para casa.

Como é linda! é toda preta,

Com listas douradas na asa.

Tonta, nas mãos de criança,

“Borboleta”

Olavo Bilac.
Posição na estrofe

1. Cruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com


o quarto (os versos rimam alternadamente).

Se as tormentas desta vida


Teima em lhe incomodar
Não temas há uma saída
Basta em Deus acreditar.

“A fé é pelo ouvir”

Luiz Carlos Rodriguez Dos Santos

2. Interpolada ou intercalada: Frequentemente usada em sonetos, o primeiro


verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro (os versos que rimam
estão separados por dois ou mais de rimas diferentes).

Nasce o Verbo em Belém, pobre, humilhado,


Sendo supremo rei de toda a Terra,
E no corpo pequeno e breve encerra
Do seu divino ser, o imenso estado.

“Ao nascimento de Cristo ”

Manuel Botelho De Oliveira


(1636-1711)

3. Emparelhada: O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto


(os versos rimam dois a dois).

Medo, sentimento sofrido,


sentimento dolorido
uma dor incomparável,
uma dor inigualável.

“Medo”

Marcinha Girola

4. Encadeada ou internas: Quando rimam palavras que estão no fim do verso e


no interior do verso (quando um verso cujo ultimo som rima com o do meio).

Nas asas do vento,


Meu pensamento foi te buscar,
Foi buscar o sabor do teu beijo,
O carinho e o encanto do teu olhar.

“Amor que ainda almejo” Luiz Carlos Rodriguez Dos Santos.


5. Misturadas: Não tem ordem determinada entre as rimas.

Sou sozinha,
sem destino.
Minha vida não tem amor,
apenas restos de ilusão.
Quem sabe uma faísca de esperança,
um dia, acenda meu coração.

“Um dia”

Marcinha Girola

6. Versos brancos ou soltos: São os versos que não têm rimas.

O esplendor do sol
Transforma em ouro
As espigas do trigal
As pétalas dos girassóis
E as meninas dos olhos
Do poeta.

“Pílulas”

Hernando Feitosa.

Tonicidade
a) Agudas ou masculinas: Quando a rima acontece entre palavras oxítonas ou
monossilábicas.

Exemplo: Valor/Amor, és/viés.

b) Graves ou femininas: Quando a rima acontece entre palavras paroxítonas.

Exemplo: Santa/planta, mala/sala, toque/choque.

c) Esdrúxulas: Quando a rima acontece entre palavras proparoxítonas.

Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula.

Sonoridade
a) Perfeitas (consoantes, soantes, totais): Há uma perfeita identidade dos sons
finais, assim como uma semelhança entre as últimas vogais e consoantes.
Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa.
b) Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais): Quando, ou há identidade apenas
entre as vogais finais, não havendo necessariamente identidade entre os sons
finais, ou quando a sonoridade é semelhante, mas a grafia das palavras é
diferente.
Exemplo: Mais/faz, seis/fez, boca/foca, viu/funil.

Estrutura métrica das sílabas

Chamamos de sílabas métricas ou sílabas poéticas cada uma das sílabas que
compõem os versos de um poema. As sílabas de um poema não são contadas da mesma
maneira que contamos as sílabas gramaticais. A contagem delas ocorre auditivamente.
Quando fazemos isso, dizemos que estamos escandindo os versos. A partir dessa
escansão é que podemos classificá-los.
Para contarmos corretamente as sílabas poéticas, devemos seguir os seguintes
preceitos:

1. Não contamos as sílabas poéticas que estão após a última sílaba tônica do verso.
2. Ditongos têm valor de uma só sílaba poética.
3. Duas ou mais vogais, átonas ou até mesmo tônicas, podem fundir-se entre uma
palavra e outra, formando uma só sílaba poética.

Ex: Havia uma velhinha.

1 2 3 4 5 6

Ha/vi/a u/ma/ ve/lhinha.(a ultima sílaba não conta).

Junção das vogais Sílaba tônica

1 2 3 4 5 6

Que an/da/va a/bo/rre/cida

1 2 3 4 5 6

Pois/da/va a/su/a/vida.

Características do texto poético

Estudo do texto poético:

O texto poético normalmente é estruturado em versos, agrupados em


estâncias ou estrofes, exprime as emoções, os sentimentos ou pensamentos.

Por incentivo é um texto tipicamente transmitido em primeira pessoa


(sujeito poético).

Características

 Centrado na primeira pessoa (eu ou nós).


 Predomínio das funções poéticas e emotiva.
 Expressão do mundo interior.
 Linguagem plurissignificativa.
 Escrito em verso.
 O tempo é estático.
 O texto com muito ritmo e musicalidade.
 Geralmente não tem personagem.
 Não tem narrador (sujeito poético).

Análise da estrutura externa do poema.

Estrofe é cada uma das seções que constituem um poema, ou seja cada
agrupamento de versos, rimados ou não, com unidade de conteúdo e de ritmo. Na
mancha do poema, aparecem separadas por espaços em branco. Tal configuração retrata
a pausa rítmica e lógica.

Classificação da estrofe quanto ao número de versos:

1 Verso – Monóstico

2 Versos - Dístico

3 Versos - Terceto

5 Versos - Quintilha

6 Versos - Sextilha

7 Versos - Septilha

8 Versos – Oitava

9 Versos – Nona

10 Versos - Décima

Mais de dez versos: estrofe irregular.

Quando um verso se repete no início de todas as estrofes de um poema, é


designado de antecanto. Se essa repetição ocorrer no final, é designado por bordão. Ao
conjunto de versos repetidos no decorrer do poema chama-se estribilho ou refrão.

Leitura literária

A leitura literária obedece algumas condições semióticas indispensáveis.

1. O domínio da língua.
2. Descodificar o sistema linguístico.
3. Conhecimento prévio sobre o sistema linguístico.
4. Ter o conhecimento da diferenciação e da organização (romance, poesia,
drama).
Autor empírico, textual e narrador

Quando falamos do autor empírico estamos a falar do de autor real existente


historicamente, ao passo que o autor textual e narrador são entidades ficcionais,
imaginários e inventados pelo autor.

Tema e assunto

O tema tem a ver com a ideia chave ao passo que o assunto é o


desenvolvimento do texto ou do tema.

Géneros literários

A questão do género literário, remota com o Platão com o seu livro IIIª
republica quando definiu que os géneros literários são as narrativas do passado, presente
e do futuro; mas é com Aristóteles que a classificação tripartida dos géneros literários
ficou conhecida geralmente.

1) Géneros líricos: soneto, sátira, poesia hino, ode, prosa.

 Soneto – De origem italiana, surgido no século XIII, é um poema


composto por quatro estrofes, sendo as duas primeiras com quatro versos
(quartetos) e as duas últimas com três (tercetos).
 Sátira — é um texto de caráter ridicularizador, podendo ser também
uma crítica indireta a algum fato ou a alguém. Uma piada é um bom
exemplo de sátira.
 Poesia: Sua essência é a harmonização da palavra.
 Hino: Criação que louva ou engrandece algo. Por exemplo, uma nação
ou uma divindade.
 Ode - É um poema originário da Grécia, exaltando valores nobres sob
um tom entusiástico.
 Prosa é o nome que se dá à forma de um texto escrito em parágrafos.

2) Géneros narrativos: romance, fábula, novela, conto, crônica.

 O romance – Trata-se de uma narrativa longa, geralmente estruturada


em capítulos, compondo-se por vários personagens, onde vários conflitos
estão ligados a um conflito principal, formando desta forma o que
chamamos de enredo. Suas origens remontam à Idade Média, mas a
forma atual desenvolveu-se desde o século XVIII.

 Fábula: é um texto de carácter fantástico que busca ser inverossímil (não


tem nenhuma semelhança com a realidade). As personagens principais
são animais ou objetos, e a finalidade é transmitir alguma lição de moral.

 Novela: é um texto caracterizado por ser intermediário entre a


longevidade do romance e a brevidade do conto. O personagem se
caracteriza existencialmente em poucas situações. Como exemplos de
novelas, podem ser citadas as obras O Alienista, de Machado de Assis,
e A Metamorfose, de Kafka.
 Conto: é um texto narrativo breve, e de ficção, geralmente em prosa, que
conta situações rotineiras, curta, engraçada e até folclores (conto
popular) por personagens previamente retratados.

 Crônica: é uma narrativa informal, ligada à vida cotidiana,


com linguagem coloquial, breve, com um toque de humor e crítica.
 Poesia Épica ou Epopeia: Poemas narrativos mais ou menos breves, os
quais retratam quase sempre ações heroicas. Exemplo: Poesias de
Agostinho Neto.
3) Géneros dramáticos: tragédia, elegia, comédias.

 Tragédia — representa um fato trágico e tende a provocar compaixão e


terror.

 Elegia — é um texto de exaltação à morte de alguém, sendo que a morte


é elevada como o ponto máximo do texto. Um bom exemplo é a
peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.

 Comédia: De caráter cômico, tinha o cotidiano como temática,


satirizando os defeitos humanos e a sociedade como um todo,
representada por personagens estereótipos das debilidades humanas,
como o rabugento, o avaro, o apaixonado e o mesquinho. Sua estrutura
consiste em uma situação complicada inicial, mas no final tudo acaba
bem.

Anexos

Momaegamba Negro da cor do contratado!

Perguntem às aves que cantam,


aos regatos de alegre serpentear
Naquela roça grande não tem chuva e ao vento forte do sertão:
é o suor do meu rosto que rega as
plantações: Quem se levanta cedo? quem vai à
tonga?
Naquela roça grande tem café Quem traz pela estrada longa
maduro a tipóia ou o cacho de dendém?
e aquele vermelho-cereja Quem capina e em paga recebe
são gotas do meu sangue feitas desdém
seiva. fuba podre, peixe podre,
panos ruins, cinqüenta angolares
O café vai ser torrado "porrada se refilares"?
pisado, torturado,
vai ficar negro, negro da cor do Quem?
contratado.
Quem faz o milho crescer
e os laranjais florescer
- Quem? e o vento forte do sertão
responderão:
Quem dá dinheiro para o patrão - "Monangambééé..."
comprar
máquinas, carros, senhoras Ah! Deixem-me ao menos subir às
e cabeças de pretos para os palmeiras
motores? Deixem-me beber maruvo
e esquecer diluído nas minhas
Quem faz o branco prosperar, bebedeiras
ter barriga grande - ter dinheiro?
- Quem? - "Monangambééé..."

E as aves que cantam, Antônio Jacinto


os regatos de alegre serpentear

“Aquela triste e leda madrugada”

Aquela triste e leda madrugada,

Cheia toda de mágoa e de piedade,

Enquanto houver no mundo saudade

Quero que seja sempre celebrada.

Ela só quando, amena e marchetada,

Saía, dando ao mundo claridade,

Viu apartar-se d’ua outra vontade,

Que nunca poderá ver-se apartada.

Ela só viu as lágrimas em fio,


que duns e doutros olhos derivadas,
s'acrescentaram em grande e largo rio.

Ela viu as palavras magoadas,


que puderam tornar o fogo frio,
e dar descanso às almas condenadas.

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