Revisão para Prova - Psicopatologia Geral Ii

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REVISÃO PARA PROVA - PSICOPATOLOGIA GERAL II

Texto 1 - “Dissecção da personalidade psíquica” (Freud)


Sigmund Freud propõe uma das mais importantes contribuições para a psicologia: a
teoria estrutural da mente, que introduz as instâncias do id, eu e supereu. Essa
divisão tripartite não apenas oferece um modelo para entender a dinâmica psíquica,
mas também lança luz sobre o funcionamento intrapsíquico e as bases dos
comportamentos humanos.Cada uma dessas instâncias desempenha um papel
específico na mediação entre os impulsos internos e a realidade externa.

O Id é a instância primitiva e instintiva da psique, composta por desejos


inconscientes e pulsões básicas, como fome, agressividade e sexualidade. Freud
caracteriza o id como regido pelo princípio do prazer, ou seja, ele busca a satisfação
imediata das necessidades, evitando o desprazer, sem considerar a realidade ou as
normas sociais. O Eu surge como o mediador entre as exigências do id, do supereu
e do mundo real. Freud atribui ao ego o papel de atuar sob o princípio da realidade,
onde o sujeito aprende a adiar a gratificação dos impulsos do id, a fim de adaptá-los
às condições impostas pela realidade externa. O Eu deve constantemente equilibrar
essas demandas em conflito, buscando soluções viáveis e menos prejudiciais.O
supereu representa a internalização das normas morais e sociais, e funciona como
a “consciência moral” da mente. Essa instância incorpora os valores e as proibições
internalizados durante o desenvolvimento, particularmente através da influência dos
pais e da cultura. Sua função é criticar e censurar o eu, impondo padrões éticos
elevados e punindo com sentimentos de culpa e vergonha quando esses não são
atendidos.

Um dos aspectos centrais da teoria de Freud é a ideia de que a mente humana é


um campo de batalhas constantes entre essas três instâncias. O id busca
gratificação imediata e ignora as consequências, enquanto o supereu exerce um
controle rígido, criticando os impulsos e orientando o comportamento de acordo com
valores morais. O eu, por sua vez, precisa lidar com a tensão gerada entre essas
forças opostas e a realidade externa, onde nem sempre é possível satisfazer todos
os desejos.
Freud identifica a ansiedade como um resultado direto desse conflito psíquico.
Quando o eu não consegue harmonizar as demandas do id, do supereu e da
realidade, a ansiedade emerge como uma resposta. Para lidar com essa tensão,
o eu lança mão de diversos mecanismos de defesa. Esses mecanismos (como
repressão, deslocamento, projeção, racionalização, entre outros) são estratégias
inconscientes que visam proteger o indivíduo dos conflitos internos e da ansiedade
insuportável.
Grande parte das interações entre id, eu e supereu acontece no nível do
inconsciente, um aspecto essencial na teoria freudiana. O inconsciente abriga
conteúdos reprimidos, principalmente os desejos e impulsos que o eu não consegue
conciliar com as normas impostas pelo supereu ou com as exigências da realidade.
Através do processo de recalque, o eu mantém essas pulsões fora da consciência,
mas elas continuam a influenciar pensamentos, sentimentos e comportamentos,
muitas vezes de maneira distorcida e sintomática. Freud também aborda o
desenvolvimento da personalidade e do supereu ao longo da vida. Durante o
complexo de édipo, a criança internaliza os valores dos pais e da sociedade, através
da identificação e o supereu começa a tomar forma. Nesse processo de
socialização, o eu aprende a regular os impulsos do id de acordo com as
expectativas e regras sociais. O equilíbrio entre as três instâncias molda, assim, a
personalidade e o comportamento do indivíduo ao longo da vida.

O desequilíbrio entre as forças do id, eu e supereu pode levar a diversas patologias


psíquicas. Freud sugere que, quando o eu é incapaz de gerenciar os conflitos
internos ou proteger o indivíduo da pressão exercida pelo id ou pelo superego,
sintomas como ansiedade, fobias, neuroses e até psicose podem emergir. Esses
distúrbios refletem as tentativas fracassadas do eu em lidar com os conflitos
inconscientes e as demandas externas.

Texto 2 - “Tipos libidinais” (Freud)


Freud parte de sua teoria básica da libido, que postula a existência de uma energia
psíquica de origem sexual que influencia profundamente o desenvolvimento e o
comportamento humano. No entanto, em “Tipos Libidinais”, ele vai além da
consideração dos estágios de desenvolvimento psicossexual e foca na maneira
como a distribuição e a expressão da libido podem gerar diferentes tipos de
personalidade. Freud classifica os indivíduos em três grandes categorias de tipos
libidinais, de acordo com a predominância de certas formas de expressão libidinal e
seus respectivos modos de lidar com o mundo interno e externo.
Tipo Erótico: Este tipo de personalidade é caracterizado pela forte ligação da libido
ao amor e ao afeto. Indivíduos com predominância erótica tendem a buscar
constantemente a segurança emocional através de relações amorosas e a depender
intensamente do amor dos outros para a realização psíquica. Para o tipo erótico, a
afetuosidade e o vínculo emocional são cruciais. Freud sugere que esse tipo de
personalidade pode estar vinculado a uma fixação nos estágios primários de
desenvolvimento psicossexual, como o estágio oral, onde o vínculo com o outro
(muitas vezes representado pela figura materna) é fundamental.
Tipo Narcísico: O segundo tipo libidinal descrito por Freud é o narcísico. Nesse
caso, a libido se volta principalmente para o próprio indivíduo, de forma que o foco é
a autossuficiência e o amor-próprio. Indivíduos narcísicos tendem a ser
independentes e autoconfiantes, muitas vezes mais interessados em si mesmos do
que em estabelecer relações profundas com os outros. Eles podem ser vistos como
carismáticos ou dominantes, mas também podem ser percebidos como egocêntricos
ou frios. A autoimagem e a autoestima desempenham um papel central em suas
vidas, e eles podem lutar para manter um sentido estável de grandiosidade e
superioridade.
Tipo Obsessivo: O tipo obsessivo é caracterizado pela necessidade de controle,
ordem e disciplina, refletindo uma forma de canalização da libido que enfatiza o
controle interno e a repressão dos impulsos. Freud associa esse tipo à fixação no
estágio anal, onde o controle sobre os processos corporais é uma questão central.
Indivíduos obsessivos tendem a ser perfeccionistas, rígidos em seu pensamento e
comportamentos, e muitas vezes apresentam uma forte necessidade de
autorregulação e de manter o controle sobre si e sobre o ambiente. Eles também
podem ser propensos à ansiedade e ao desenvolvimento de transtornos
obsessivo-compulsivos, como forma de lidar com a pressão interna da repressão
libidinal.
Freud destaca a sublimação como um processo central na adaptação saudável dos
impulsos libidinais. Cada tipo libidinal, se sublimado adequadamente, pode resultar
em comportamentos produtivos e criativos. Por exemplo, o tipo erótico pode
sublima sua necessidade de afeto em expressões artísticas ou relacionamentos
interpessoais saudáveis. O tipo narcísico pode canalizar seu amor-próprio em
realizações profissionais ou liderança, enquanto o tipo obsessivo pode
transformar seu controle em eficiência organizacional ou precisão intelectual.

Texto 3 - “Por que os organismos se comportam?” (Skinner)


B.F. Skinner, um dos fundadores do behaviorismo radical, oferece uma análise
sistemática do comportamento dos organismos, enfatizando a influência do
ambiente e o papel dos processos de reforço na modelagem do comportamento.
Através dessa obra, Skinner propõe uma compreensão mecanicista e
empiricamente verificável das ações dos seres vivos, questionando teorias
internalistas ou mentalistas e concentrando-se em fatores observáveis e
mensuráveis.. O foco é sobre o que o organismo faz, ou seja, a relação entre o
comportamento observável e os estímulos presentes no ambiente.

Segundo ele, os organismos se comportam em função das consequências de


suas ações e das contingências ambientais. Skinner rejeita a ideia de que o
comportamento seja governado por forças internas (como traços de personalidade,
motivações internas ou estados mentais). Em vez disso, defende que o ambiente
oferece estímulos e reforços que moldam e mantêm as respostas
comportamentais dos organismos. Reforço Positivo e Reforço Negativo.

Skinner argumenta que a punição, ao contrário do reforço, não é uma estratégia


eficaz para modificar o comportamento a longo prazo. A punição pode suprimir
temporariamente um comportamento, mas não ensina novos comportamentos ou
substitui comportamentos indesejados por outros mais adaptativos. Além disso,
pode gerar efeitos colaterais, como medo, ansiedade e agressão. Skinner defende
que o reforço, em particular o positivo, é uma abordagem mais eficaz e ética para
moldar o comportamento de maneira sustentável.

Diferente do condicionamento clássico de Pavlov, no qual um estímulo neutro é


associado a resposta reflexiva, o condicionamento operante envolve a associação
entre uma ação voluntária e suas consequências. São comportamentos que os
organismos realizam espontaneamente e que são influenciados por suas
consequências. Esses comportamentos são moldados ao longo do tempo pela
exposição repetida a reforços, criando uma relação direta entre ações e
consequências. Quando um comportamento que foi previamente reforçado não
recebe mais reforços, sua frequência tende a diminuir até desaparecer. Esse
processo de extinção é importante para entender como certos comportamentos
deixam de ocorrer quando as consequências favoráveis cessam.

As contingências determinam quais comportamentos serão reforçados ou punidos,


e assim influenciam a frequência futura desses comportamentos. As contingências
podem ser manipuladas para controlar o comportamento dos organismos, o que tem
implicações para a educação, o trabalho e a vida cotidiana.Isso significa que somos
produtos de nosso ambiente, e nossas ações são moldadas por reforços
passados e presentes, mesmo que estejamos inconscientes disso. Assim, Skinner
rejeita a ideia de que o comportamento humano é regido por uma força interna ou
livre-arbítrio, enfatizando uma visão determinista do comportamento.

Texto 4 - Psicoterapia (Skinner)

Subprodutos do controle: O controle exercido pelo grupo e pelas agências


religiosa e governamentais, bem como o exercido pelos pais, empregadores, sócios,
etc., restringe o comportamento egoísta primariamente reforçado no indivíduo. E é
exercido exatamente por essa razão. Entretanto, certos subprodutos não resultam
em vantagem para o controlador e muitas vezes são prejudiciais tanto para o
indivíduo quanto para o grupo. Fuga. O indivíduo pode simplesmente fugir do
controlador. Revolta. O indivíduo pode contra-atacar o agente controlador.
Resistência passiva. Outro resultado, muito menos facilmente descrito, consiste
em simplesmente não se comportar de conformidade com os procedimentos
controladores. Isso muitas vezes acontece quando o indivíduo extinguiu seus
esforços de fugir ou de se revoltar. A agência governamental geralmente lida com
esses produtos intensificando seus procedimentos. O fugitivo é capturado e mais
seguramente confinado. A revolta é abafada, e o revolucionário fuzilado. O apóstata
é excomungado.

Subprodutos emocionais do controle: Medo. O procedimento controlador que


leva o indivíduo a fugir também dá origem ao padrão emocional do medo.
Ansiedade. Um acompanhamento comum da evitação ou fuga é a ansiedade. A
ansiedade pode variar em intensidade de um ligeiro aborrecimento até um terror
extremo. Ira e raiva. O padrão emocional que acompanha a revolta inclui uma
elevada disposição para agir agressivamente contra o agente controlador e um
enfraquecimento de outros comportamentos. Depressão. As respostas ocasionais
associadas com a resistência passiva.

A Psicoterapia representa uma agência especial que se preocupa com esse


problema. Não é uma agência organizada, como o governo ou a religião, mas uma
profissão, cujos membros observam procedimentos mais ou menos padronizados. A
Psicoterapia já se tornou uma fonte de controle importante na vida de muitas
pessoas, e portanto alguma explicação se faz necessária. Muitas vezes se faz supor
que o diagnóstico, meramente como uma coleção de informações a respeito do
paciente, é o único ponto no qual uma ciência do comportamento pode ser útil na
terapia. É preciso entender as relações funcionais do indivíduo, ou seja, visualizar o
que mantém determinados comportamentos.

À medida que o terapeuta gradualmente se estabelece como uma audiência


não-punitiva, o comportamento que até então foi reprimido começa a aparecer no
repertório do paciente. Por exemplo, o paciente pode lembrar um episódio
previamente esquecido no qual foi punido. As experiências anteriores nas quais o
controle aversivo foi primeiro sentido, e que permaneceram reprimidas, muitas
vezes fornecem exemplos dramáticos. A principal técnica da Psicoterapia destina-se
assim a reverter as mudanças comportamentais que aconteceram como resultado
da punição. Com muita freqüência essa punição foi administrada por agências
religiosas ou governamentais.

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